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1/4 CBEB 2008 UM SISTEMA DE MONITORAMENTO SEM FIO PARA CAPTURA DE SINAIS VITAIS DE GRUPOS Alessandro Brawerman e Maurício Perretto Departamento de Engenharia da Computação Universidade Positivo Av. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 CEP 81280-330 {brawerman, mperretto}@up.edu.br, Abstract: Body Area Network (BAN) é uma tecnologia de rede de sensores para monitorar e registrar sinais vitais de uma pessoa. Um sistema de monitoramento em grupo é apresentado neste artigo. Este trabalho se diferencia de outros porque a idéia é monitorar um grupo de pacientes em um hospital ou clínica ao mesmo tempo, tendo apenas um receptor para até 32 pessoas. Não há necessidade de ter um par de transmissor/receptor para cada paciente, tornando o sistema economicamente acessível. A solução apresentada também involve transmissão sem fio, ou seja, os sinais capturados são transferidos do dispositivo do paciente para um outro dispositivo conectado a um servirdo através de rádio freqüência. Experimentos práticos são apresentados para demonstrar a viabilidade do sistema. Keywords: Monitoramento de sinais vitais, BAN, Redes de Sensores, RF. 1. Introdução Com o avanço da tecnologia, se tornou possível a aproximação de duas áreas distintas, medicina e engenharia, em benefício do ser humano. Entre os projetos e pesquisas realizados até hoje, há a possibilidade de monitorar os sinais vitais de um ser através de redes de sensores conhecidas como Body Area Network BAN. Normalmente, um conjunto de unidades móveis e compactas que capacitam a transferência de parâmetros vitais entre a localização do paciente e a clínica ou médico responsável é usado. O fluxo de dados de sinais vitais passa por uma corrente de módulos conectados formando uma rede BAN. A informação transmitida por cada sensor chega a um dispositivo corporal principal, que consolida as informações recebidas de todos os módulos de sensores conectados. Ele, então, transmite os dados para um servidor que analisa os dados e, se necessário, alarma os médicos. Este trabalho apresenta uma abordagem de monitoramento nova, capaz de monitorar simultaneamente um grupo de até 32 pessoas, usando apenas um receptor ao invés de um par de transmissor/receptor para cada paciente, reduzindo drasticamente os custos. O sistema é implementado em dois módulos distintos, mas conectados. O primeiro módulo é responsável por monitorar informações cardíacas e transmití-las de forma sem fio, através de rádio freqüência, para o segundo módulo. Este, recebe a informação, descobre qual dos 32 aparelhos possíveis é a origem e a analisa. Como parte da análise, o sistema pode checar, por exemplo, se a freqüência cardíaca e a pressão sangüínea estão dentro de uma variação compatível para aquele paciente específico. O sistema também mantém um registro completo para cada um dos 32 pacientes do grupo, disponibilizando, desta forma, relatórios de acompanhamento de pacientes em fisioterapia ou iniciantes em uma academia. 2. Trabalhos Relacionados Esta seção apresenta alguns trabalhos relacionados, que lidam com modos diferentes de aproximar a engenharia biomédica e as redes de computadores. O objetivo em comum é executar monitoramento pessoal em um ambiente remoto. Em [1], os autores apresentam uma platforma para aplicações de monitoramento de sinais vitais. São utilizadas características gerais de aplicações de monitoramento médico e monitoramento de movimento físico como a aplicação piloto. São apresentados resultados preliminares sobre a aplicação de monitoramento de movimentos e demonstrada a viabilidade das técnicas propostas. Este sistema, no entanto, é para uso individual, o que faz com que o custo final seja elevado. O autor de [2] propõe a implementação de uma rede de sensores pessoais para o monitoramento de sinais vitais. Ela é composta por vários sensores inteligentes e um controlador central organizados em uma rede piconet Bluetooth. Usuários remotos podem acessar a rede e consultar e controlar os sensores pela rede GPRS. Este trabalho se diferencia pelo fato de poder realizar monitoramento em tempo real, fato a ser acrescentado em nosso trabalho futuramente. Em [3], uma rede de sensores sem fio é construída e usada para monitorar pacientes. Os dados capturados são transmitidos para um computador e analisados por profissionais. O objetivo é capturar e transmitir informções sobre um único paciente. 2/4 CBEB 2008 Finalmente, em [4], os autores apresentam um sistema sem fio para monitoramento abreviado como WHAM-BioS. Os autores propõem uma arquitetura em rede de sensors para aplicações de telemedicina. A maioria das funções de rede são concentradas em um aparelho de propósito especial, chamado gateway do corpo humano (HBG). Os sensores focam em detectar e relatar os resultados para seus HBG. O consumo de energia é uma preocupação. O ambiente livre de contenção reduz o consumo de energia na retransmissão de dados e um mecanismo para economizar energia é proposto para reduzir o consumo em estado parado. Nosso trabalho se difere destes pelo fato do sistema ser capaz de capturar informações sobre até 32 indivíduos simultaneamente, barateando drasticamento o custo. Além disso, o dispositivo remoto usado pelo paciente é projetado para consumir muito pouca energia, uma bateria interna pequena de 1,5V é suficiente para fazê-lo funcionar. Quanto aos sinais vitais, diferentemente dos trabalhos citados acima, o protótipo aqui desenvolvido captura não só freqüência cardíaca, mas também pressão arterial. Por fim, o software no servidor é capaz de gerar relatórios de acompanhamento diários e possibilita ao médico ou professor da academia acompanhar a evolução do paciente. Para a preparação do artigo devem ser rigorosamente respeitados os padrões estabelecidos nos próximos parágrafos. 3. Métodos O sistema apresentado é composto por dois blocos distintos e interconectados. Uma cinta é responsável por monitorar os sinais vitais e por mandar as informações para o bloco remoto, o primeiro bloco. Este empacota os dados e os manda para o bloco base, o segundo bloco. O bloco base recebe os dados, descobre a que paciente eles pertencem e, finalmente, os armazena e os mostra em um monitor de computador. A comunicação entre os dois blocos é desempenhada através de um circuito RF, que opera em 858MHz. A comunicação entre o bloco base e o computador é feita através de uma conexão USB. A figura 1 apresenta uma visão geral do processo. Figura 1 Interconexão dos módulos. 3.1. A Cinta Uma cinta totalmente nova foi desenvolvida durante esse projeto. Ela pode ser colocada em qualquer parte do corpo, preferencialmente nos membros, permetindo o monitoramento da pressão arterial. O propósito da nova cinta é se comportar como um aparelho de baixo consumo, tendo uma bateria interna de 1,5V e consumo de no máximo 500uA. A cinta obtém os sinais do batimento cardíaco através de dois eletrodos posicionados no seu interior. Sendo obtida a pressão arterial pela amplitude dos picos do sinal e a freqüência cardíaca pelo tempo entre os dois picos [5]. A partir do sinal produzido pelo batimento cardíaco é gerado um trem de pulso com freqüência de 5KHz, acionado a cada batimento do usuário, o tempo de duração deste pulso é definido pela amplitude do sinal, sendo equivalente a pressão arterial do indivíduo monitorado. 3.2. O Módulo Remoto A central de captação remota é um dispositivo preso ao corpo do paciente e tem o intuito de monitorar os sinais transmitidos pela cinta, fazer a conversão da informação, armazená-la e retransmití-la a estação base quando esta requisitá-la. O sinal da cinta é capturado por um circuito RLC (Resistor, Coil and Capacitor) e vai para um estágio de ganho e filtragem. No terceiro passo, um comparador de nível é utilizado para obter-se a pressão sangüínea. A informação vai, então, para um controlador que a armazenae espera um sinal do módulo base para transmitir. A figura 2 ilustra o diagrama em blocos do módulo remoto. Figura 2 - Diagrama em blocos do módulo remoto. Os quatro primeiros módulos são circuitos analógicos simples para captação e tratamento do sinal. O controlador do receptor local tem o intuito de prover um pré-processamento da informação antes desta ser enviada a base. Além disso, ele monitora o consumo de energia e o transceiver de RF permitindo um aumento da autonomia do equipamento. Um transmissor RF comercial [6] é usado neste projeto. Os dados transmitidos têm um endereço específico para cada paciente, permitindo o máximo de 32 pacientes. O controlador também liga e desliga o RF transceiver. Esta solução aumenta a autonomia, diminuindo o consumo de energia. Finalmente, a distância de transmissão entre os módulos remotos e base pode alcançar até 100 metros em lugares abertos. 3.3. O Módulo Base O módulo base é responsável por receber os dados de cada módulo remoto, interpretá-los, relacionando os dados com o seu paciente respectivo e ilustrando a Block 2 (base)RF Communication 3/4 CBEB 2008 informação no programa de computador. Um alarme é programado se qualquer dado alcançar um limite perigoso. A comunicação com os módulos remotos é controlada utilizando uma estratégia de token. Cada módulo remoto possui um slot de tempo para transmitir a informação para a base. O módulo base agrupa as informações pedidas pelos módulos remotos e as envia para o software do computador, que analisa os dados, exibe-os para um usuário e aciona um alarme, se for o caso. A cada três transmissões, o módulo base também verifica quais dos módulos remotos estão ativos ou desativados e envia esta informação para o programa de computador que alerta o usuário sobre módulos remotos ativos que não estão monitorando. A figura 3 descreve o algoritmo para o módulo base. Figura 3 Fluxograma do módulo base. A comunicação entre os módulos remotos e o módulo base utiliza uma modulação FSK (Frequency Shift Keying) e os dados transmitidos usam um protocolo para prevenir erros. Na tabela 1, é apresentado o protocolo desenvolvido para controlar a comunicação. Dado Transmissor Receptor Descrição 0xAA Base Remoto Sincroniza os módulos transmissor e receptor. Base Remoto Primeiro caracter. Reconhecimento de início de comunicação. Base Remoto Segundo caracter. Indica que o primeiro caracter não é trem de pulso. Address Base Remoto Endereço de modulo remote que terá permissão para enviar dados. 0xAA Remoto Base Sincroniza os módulos transmissor e receptor. Remoto Base Primeiro caracter. Reconhecimento de início de comunicação. Dados Remoto Base Envia dados de sinais vitais. Remoto Base Final de transmissão. Tabela 1 Remote/Base module communication Protocol. 4. Resultados Uma grande variedade de análises foi feita no equipamento desenvolvido. Estes experimentos tiveram o propósito de verificar algumas características do equipamento e analisar os seguintes requisitos: consumo de energia, distância da transmissão e tempo da transmissão. 4.1. Consumo de Energia Foram feitos testes de consumo de energia com o objetivo de analisar o consumo atual e o tempo de funcionamento esperado do equipamento, i.e., a autonomia dos módulos remotos. O consumo de energia tem grandes mudanças em três situações: recepção, transmissão e stand-by. Por causa disso, os testes cobriram todas estas situações. Foram executados testes de consumo de energia na cinta e nos módulos remotos. Não há necessidade de se preocupar com o gasto de energia do módulo base, pois ele recebe energia pela conexão USB do computador. 4.1.1. Cinta Quando a cinta é conectada na pessoa, ela está no modo de transmissão. Caso contrário, se a mesma não receber nenhum sinal vital em três segundos, vai para o modo stand-by automaticamente. Três testes foram executados para analisar o consumo atual da cinta. Estes testes cobrem as situações em que ela é usada em tempo integral e com distância máxima, meio período em distância máxima e quando a cinta não é utilizada, i.e., é mantida em modo stand-by. Nos testes, a cinta foi monitorada desde a hora que começou a funcionar, até o momento em que não transmitiu mais dados. Na tabela 2, são apresentados os valores de tempo mínimos, médios e máximos. A partir desses valores, o consumo atual foi estimado pelos valores médios. Teste Mínimo (horas) Média (horas) Máximo (horas) Consumo (uA) 100% em modo de transmissão 383 437 456 458 50% em modo de transmissão 457 753 812 266 100% em stand-by 1015 1042 1057 192 Tabela 2 Autonomia da cinta e consume atual (estimado). 4.1.2. Módulo Remoto Para o módulo remoto têm-se as três situações possíveis em modo recepção, transmissão e stand-by. Por este motivo, optou-se por realizar a avaliação em laboratório, medindo a corrente consumida diretamente pelo equipamento em cada instante. Para este teste foram realizadas trinta amostras, sendo apresentados na tabela 3 os valores de mínimo, máximo e médio novamente. Considerando-se que a tensão de alimentação da placa é de 3,3V a potência é razoavelmente baixa. 4.2. Distância de Transmissão 4/4 CBEB 2008 O sistema tem dois conjuntos de comunicação sem fio: primeiro, a comunicação entre a cinta e o módulo remoto e segundo, a comunicação entre os módulos remotos e a base. Todas as distâncias foram analisadas em ambientes abertos e fechados. Teste Mínimo (mA) Média (mA) Máximo (mA) Consumo (mW) Transmissão 3,2 4,1 5,1 13,53 Recepção 7,6 8,1 8,5 26,73 Stand-by 0,06 0,08 0,15 0,264 Tabela 3 Consumo atual do modulo remoto. 4.2.1. Cinta/Módulo Remoto O objetivo do teste de transmissão entre a cinta e o módulo remoto foi encontrar a distância máxima alcançada sem nenhuma perda de trem de pulso. Já que a distância de transmissão entre esses módulos é pequena, não há diferença entre ambientes abertos e fechados. Trinta amostras foram realizadas. A distância máxima obtida foi 110 centímetros no melhor caso, em que a cinta e o módulo remoto estavam perpendiculares, e 80 centímetros no pior caso, em que a cinta e o módulo estavam paralelos um ao outro. 4.2.2. Módulo Remoto e Base A comunicação entre os módulos remoto e base é mais crítica. Isto acontece porque os dois módulos não reconhecem a perda de transmissão. Esse teste também avaliou a distância máxima entre módulos sem nenhuma perda ou corrupção de dados. Para esse teste, os módulos se comunicam por cinco minutos com dados previamente conhecidos e no final, os dados recebidos e esperados foram comparados a procura de erros. Novamente, 30 amostras foram realizadas. A tabela 4 mostra as distâncias mínima, média e máxima para ambientes abertos e fechados. Ambiente Mínimo (metros) Média (metros) Máximo (metros) Fechado 53 62 67 Aberto 92 101 110 Tabela 4 Distância entre módulo remote e base. 4.3. Tempo de Transmissão O tempo de transmissão é tão crítico quanto a distância de transmisão. Se o tempo for longo entre as amostras, os médicos não têm como avaliar o paciente e descobrir algum problema antecipadamente. Os pacotes de dados são pequenos, 16 bytes. O tempo de transmissão cresce na proporção em que o número de usuários aumenta. Na tabela 5, o tempo de transmissão para 1, 2, 8 e 32 usuários é apresentado. Usuários 1 2 8 32 Tempo (ms) 53 106 416 1507 Tabela 5 Tempo de transmissão X usuários conectados. 5. Conclusão O objetivo principal do BAN é possibilitar o monitoramento remoto. Este artigo apresentou uma abordagem de monitoramento de grupo. Ele se diferencia de outros trabalhos porque a idéia é monitorar um grupo de pacientes em um hospital ou clínica ao mesmo tempo, possuindo apenas um receptor para até 32 indivíduos. Não há necessidade de ter um par de transmissor/receptor para cada paciente,tornando o sistema economicamente acessível. A solução apresentada também involve transmissão sem fio, i.e., os sinais capturados são transferidos do módulo remoto do paciente para um módulo base via rádio freqüência. Os resultados obtidos mostraram que os módulos remotos, consumem muito pouca energia. A distância média para a comunicação bem sucedida entre o módulo remoto e o módulo base é de 62 metros em lugares fechados e 101 metros ao ar livre. O tempo de transmissão varia entre 53 milisegundos, quando há apenas um paciente, e 1507 milisegundos, quando há 32 pacientes. Trabalhos futuros incluem estudos que façam a soluçao viável em um ambiente remoto, como a casa do paciente. Neste caso, o plano é ter os módulos base e remoto se comunicando de uma forma regular, mas o módulo base também estaria conectado à Internet e transmitiria os dados captados em tempo real para uma clínica ou software de monitoramento em um servidor de hospital. References [1] Jafari R., Bajcsy R., Glaser S., Gnade S., Sgro M., Sastry -care Monitoring Confidence Medical Devices, Software, and Systems and Medical Device Plug-and-Play Interoperability, 2007. Proceedings of the 4th Annual IEEE Conference on Information Technology Applications in Biomedical, 2003. -Nursing International Conference On Robotics & Automation, 1998. [4] Jini Ming- Implementation for Health Telecare and Diagnosis Assistance Conference on Parallel and Distributed Systems, 2005. : J. Wiley & Sons, 1998. -500 MHz Low- http://www.semtech.com/pc/downloadDocument.do?navId=H 0,C1,C193,C194,C196,P2612&id=773. Last viewed: 04/07/2008.
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