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DIREITO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO UNIDADE 1 – INTRODUÇA� O AO DIREITO DO TRABALHO Pedro Henrique Nascimento Zanon 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 1/24 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 2/24 Introdução As relações de trabalho existem desde o inı́cio da civilização, mas foi no perı́odo da Revolução Industrial que a necessidade de regulação dessas relações se tornou imprescindı́vel. Surgiu como resposta aos problemas sociais ocasionados pelo capitalismo liberal. Ao iniciar os estudos de Direito do Trabalho é essencial conhecer os aspectos históricos deste ramo do direito no Brasil, bem como reconhecer os sujeitos que atuam nos contratos de trabalho, identi�icar as fontes do Direito do Trabalho e os princı́pios. Na atualidade as relações de trabalho têm se apresentado sob as mais diferentes formas, a exemplo da terceirização, impondo a compreensão do que é relação de trabalho e do que é relação de emprego, para diferenciá-las no caso concreto. Um pouco sobre a história do Direito do Trabalho e alguns dos seus pontos de partida já remeterão re�lexões e dúvidas bastante comuns no dia-a-dia: por que as mudanças nos cenários polı́ticos e econômicos alteram as relações trabalhistas de forma tão signi�icativa? Por que a Reforma Trabalhista e a �lexibilização das normas foram necessárias? Por qual razão a lei que implementou a Reforma Trabalhista foi alvo de tantos protestos e debates? Em que medidas os direitos dos trabalhadores foram afetados pela Reforma Trabalhista? Como os direitos constitucionalmente previstos direcionam a interpretação do Direito do Trabalho? Qual a diferença entre relação de emprego e relação de trabalho? Estes e outros questionamentos serão respondidos e esclarecidos no decorrer desta unidade. Vamos começar! 1.1 Breve histórico sobre o Direito do Trabalho A partir dos valores do Estado Democrático de Direito, a Constituição Federal de 1988 destacou os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa como princı́pios fundamentais (Art.1º¸IV, CF/88). Sem dúvidas, a Constituição Federal de 1988 é uma importante fronteira para o Direito do Trabalho, bem como, para diversos outros Direitos Sociais. Mas muitos dos direitos ali garantidos com status constitucional já estão na legislação brasileira há vários anos, tendo sido modi�icado paulatinamente pelos movimentos polı́ticos, culturais e principalmente econômicos. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 3/24 Conhecer as fases da história do Direito do Trabalho é um importante passo para perceber por que as alterações polı́ticas e econômicas impactam tanto nas relações de trabalho. 1.1.1 Fases do Direito do Trabalho no Brasil Como descrita por Leite (2018), a história do Direito do Trabalho no Brasil inicia-se bem antes e é marcada por diversas fases: a primeira delas compreende o perı́odo do descobrimento até o inı́cio da vigência da Lei A� urea, em 13 de maio de 1888. VOCÊ QUER LER? Com certeza você já ouviu falar que a maior parte dos direitos dos trabalhadores surgiu no perıódo da ditadura. Mas por que isso aconteceu? Em qual contexto foram garantidos aos trabalhadores direitos importantes até os dias de hoje, como a isonomia salarial, a jornada de oito horas de trabalho e as férias anuais remuneradas? A historiadora Claudiane Torres da Silva apresenta um interessante trabalho sobre esse assunto e você pode ler em <http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_Adita duracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf (http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_Aditad uracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf )>. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 4/24 http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_AditaduracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_AditaduracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_AditaduracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_AditaduracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf Da abolição da escravatura inicia-se a segunda fase, que perdura até a Revolução de 1930, que culminou com a deposição do então presidente da República, Washington Luı́s, e com assunção de Getúlio Vargas como ‘Governo Provisório’. Esse perı́odo, frise-se, é caracterizado por forte recessão econômica, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, que impactou seriamente no Brasil, que tinha na exportação do café uma importante âncora da economia. Figura 1 - A escravidão no Brasil teve inı́cio no começo do Século XVI. Os escravos no Brasil eram predominantemente negros africanos que trabalhavam em engenhos e minas de ouro. Fonte: Joseph Sohm, Shutterstock, 2019. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 5/24 Embora a segunda fase não tenha trazido tanto re�lexo para o Direito do Trabalho brasileiro, foi nesse perı́odo que foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), organismo internacional que tem função de universalizar as normas trabalhistas, e do qual o Brasil é Estado-Membro fundador. VOCÊ O CONHECE? Getúlio Vargas foi lıd́er da Revolução de 1930. Foi presidente do Brasil em dois perıódos (1930-1945 e de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando se suicidou). Seus simpatizantes e amigos o aclamaram como ‘pai dos pobres’, por seu governo ter sido marcado pelas polıt́icas sociais e pelo fortalecimento da legislação trabalhista, antigas reinvindicações das classes populares brasileiras. Vale a pena fazer leituras sobre a história de Getúlio Vargas. 1930 Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. 1934 Previsão constitucional aos seguintes direitos: liberdade sindical, isonomia. salarial, salário mı́nimo, jornada de oito horas de trabalho, proteção do trabalho das mulheres e menores, repouso semanal e férias anuais remuneradas. 1939 Criação da Justiça do Trabalho. 1943 Instituı́da a Consolidação das Leis do Trabalho. 1946 Reconhecimento do direito de greve. 1966 Instituição do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). 1988 Os valores sociais do trabalho são inseridos entre os valores que norteiam o Estado Democrático Brasileiro e os direitos dos trabalhadores recebem o status de direitos humanos e fundamentais. 2004 Emenda constitucional nº 45 ampliou a competência da Justiça do Trabalho, passando a abranger todas as ações oriundas das relações de trabalho, não apenas as relações de emprego. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 6/24 A fase contemporânea do Direito do Trabalho, de fato, só tem inı́cio após 1930, sendo este perı́odo assinalado por importantes normatizações, muitas delas in�luenciadas por uma maior intervenção do Estado voltada para o Bem-Estar Social. 1.1.2 Fase contemporânea do Direito do Trabalho brasileiro Protegidos pelos valores da ordem constitucional vigente, os direitos dos trabalhadores estão constitucionalmente previstos e suas principais regras consolidadas na CLT. Recentemente, sofreram alterações instituı́das pela Lei n.º 13467/2017. Segundo Nascimento (2015) este perı́odo é marcado por um ‘abrandamento do garantismo’, próprio de um movimentode retomada do liberalismo econômico. Apesar das várias divergências em torno da Lei n.º 13467/2017, acredita-se que as novas regras trabalhistas se adequam melhor às demandas atuais dos empregadores e tomadores de serviço, bem como, podem ampliar o mercado de trabalho. Em breve, será possı́vel fazer análises sobre os frutos positivos e negativos da Reforma Trabalhista. VOCÊ SABIA? Após uma série de polêmicas, muitas das regras trabalhistas foram modi�icadas pela Reforma Trabalhista. Entre as principais mudanças destacam-se: a contribuição sindical que deixa de ser obrigatória; as férias que podem ser fracionadas em até três períodos, quando antes o limite era de dois fracionamentos; os prêmios e gratificações que deixam de integrar a remuneração para os efeitos legais e não se incorporam ao Contrato de Trabalho; a supremacia dos termos negociados sobre o que está na legislação; e tempo gasto pelo empregado para ir ao trabalho que deixa de ser computado à jornada de trabalho. • • • • • 1.2 Fontes e Princípios do Direito do Trabalho 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 7/24 O estudo das fontes e dos princı́pios de Direito do Trabalho está diretamente ligado à forma como suas normas deverão ser interpretadas, integradas e aplicadas. O Art. 8º da CLT dispõe sobre as fontes de Direito do Trabalho: As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princı́pios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. § 2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. § 3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurı́dico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princı́pio da intervenção mı́nima na autonomia da vontade coletiva. Nota-se que a previsão legal da Consolidação das Leis do Trabalho traz as fontes formais do Direito do Trabalho, ou seja, as fontes que “instrumentalizam as fontes materiais, conferindo-lhe o caráter de direito positivo.” (LEITE, 2018, p. 79.) Leite (2018) divide as fontes do Direito do Trabalho em fontes materiais e fontes formais. Destaca os fatos polı́ticos, econômicos, sociais e culturais como fontes materiais. Entre as fontes formais Leite (2018) apresenta: [...] uma subdivisão entre fontes formais heterônomas (normas de�inidas por um terceiro, em regra o Estado: Constituição Federal de 1988, Tratados Internacionais, Consolidação das Leis do Trabalho, sentença, regulamento da empresa, súmula vinculante, jurisprudência) e fontes formais autônomas (acordos coletivos, convenções coletivas de trabalho, contrato individual do trabalho – normas de�inidas pelos próprios interlocutores). (LEITE, 2018, p. 79-84.) O Direito do Trabalho possui princı́pios próprios. Tais princı́pios são especı́�icos das relações de trabalho e são denominados princı́pios infraconstitucionais do Direito do Trabalho por constituı́rem o fundamento do sistema jurı́dico do trabalho. São eles: princıṕio da proteção, que visa equilibrar juridicamente empregador e empregado, levando-se em consideração que o empregado é a parte mais frágil da relação. Este princıṕio se estende em outros: o princıṕio da aplicação da norma mais favorável, nos casos em que existam mais de uma norma disciplinado a mesma situação; o princıṕio da condição ou da cláusula mais bené�ica, para os casos de haver uma nova • 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 8/24 norma para regular a mesma matéria será utilizada, a despeito do critério cronológico, prevalecerá a mais bené�ica para o trabalhador; e o princıṕio in dubio pro operário, talvez o mais conhecido dentre estes, que também em o viés protetivo da parte hipossu�iciente da relação, que prevê que na dúvida sobre qual norma deve prevalecer, deve ser utilizada como referência na interpretação aquela que seja a mais favorável para o empregado. princıṕio da primazia da realidade, que estabelece que os fatos prevalecem sobre o que está formalizado, pois muitas vezes o contrato estabelece uma avença bem distante do que se opera na prática; princıṕio da continuidade da relação de emprego, que decorre do direito ao trabalho digno, com direito fundamental. Aplica-se no caso de não haver sido de�inido a duração do contrato de trabalho. Muitas vezes, a pessoa contrata e não deixa claro o tempo de duração do contrato. Em momento posterior dispensa o empregado, sem pagar as verbas corretamente, alegando que era apenas um contrato de experiência. Nesse caso, o princıṕio é aplicado levando a interpretação que é melhor para o empregado que é o reconhecimento do contrato por tempo indeterminado; • • • 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 9/24 princıṕio da irrenunciabilidade, que proıb́e o trabalhador de renunciar os direitos que lhe protegem. Uma grávida por exemplo não pode renunciar ao seu direito à estabilidade; princıṕio das garantias mıńimas ao trabalhador, que visa resguardar condições de trabalhado dignas e que não afrontem os valores da ordem constitucional; princıṕio da substituição automática das cláusulas contratuais, o qual assegura que as normas que visam proteger o trabalhador têm aplicabilidade imediata. Além desses princı́pios especı́�icos, o Direito do Trabalho é regido por princı́pios gerais do direito como o Princı́pio da Razoabilidade e da boa-fé, bem como rege-se pelos princı́pios constitucionais – que �iguram no cume da hierarquia normativa. A aplicação dos princı́pios constitucionais do Direito do Trabalho permitirá uma melhor organização da estrutura normativa, garantindo a coerência e a harmonização do ordenamento jurı́dico como um todo. Entre os princı́pios constitucionais fundamentais e gerais do Direito do Trabalho destaca-se o Princı́pio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88), de modo a assegurar que o trabalho seja digno e que as condições de trabalho sejam saudáveis. Neste contexto está a proteção aos direitos da personalidade que inclui não somente a integridade fı́sica, como a psı́quica, intelectual e moral. • • 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 10/24 O princı́pio do valor social do trabalho também visa resguardar a dignidade do trabalhador, não sendo admitidos trabalhos degradantes, trabalhos análogos à escravidão, assédio moral e jornadas exaustivas. Outros princı́pios constitucionais e gerais podem ser associados ao Direito do Trabalho: o princı́pio do valor social da iniciativa privada, o princı́pio da liberdade de trabalho, princı́pios de acesso à justiça, respeito ao direito adquirido e à coisa julgada, princı́pio de liberdade de manifestação do pensamento, liberdade de reunião e da inviolabilidade do domicı́lio. VOCÊ QUER VER? A Organização Internacional do Trabalho (OIT) possui 187 Estados-membros e sua missão é promover oportunidadespara que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. Para a OIT, o trabalho decente é condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. Para saber mais veja o vıd́eo da OIT, com legenda em português, no qual explica as razões de sua criação e seus objetivos <https://www.youtube.com/watch? v=DMhhNXB5QEg (https://www.youtube.com/watch?v=DMhhNXB5QEg)>. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 11/24 https://www.youtube.com/watch?v=DMhhNXB5QEg https://www.youtube.com/watch?v=DMhhNXB5QEg https://www.youtube.com/watch?v=DMhhNXB5QEg Além dos princı́pios constitucionais gerais, o Direito do Trabalho conta com princı́pios constitucionais especı́�icos, entre os quais é possı́vel listar: princípio da proteção da relação de emprego; esse princípio possui respaldo no art. º, I, da Constituição Federal, no art. 10 do ADCT e na Convenção nº 158 da OIT. O escopo principal desse princípio é proteger o trabalhador da dispensa arbitrária e injustificada. princípio da fonte normativa mais favorável; a fonte normativa mais favorável está prevista no caput do art. 7º, da Constituição Federal, e propõe a melhoria das condições mínimas de trabalho já estipuladas pela norma constitucional. princípio de reconhecimento das convenções e acordos coletivos; o reconhecimento das negociações coletivas deve estar em consonância com as diretrizes constitucionais e, em especial, com o art. 7º da Constituição Federal. princípio da proteção do salário; a proteção do salário possui quatro características a ele vinculados: garantia do salário mínimo; reajustes periódicos; irredutibilidade salarial; e isonomia salarial. princípio da proibição de discriminação; VAMOS PRATICAR? Observamos as fontes que regulam o direito das relações de trabalho e c princıṕios desta seara do direito são importantes para uma interpreta normas trabalhistas. Como atividade prática, pesquise alguma jurisprudê Tribunal Superior do Trabalho que aplique os princıṕios estudados. A p poder ser feita pelo próprio portal do Tribunal Superior do Trabalho (TST) • • • • • • • • • 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 12/24 princípio da proteção ao meio ambiente de trabalho; a proteção ao meio ambiente possui respaldo no art. 225 c/c art. 200, VIII, da Constituição Federal, e possui o objetivo de fomentar um ambiente de trabalho digno ao trabalhador. princípio da proibição ao trabalho infantil e da exploração do trabalho adolescente; o art. 7º, inc. XXXIII, da Constituição Federal, veda qualquer tipo de trabalho para menores de dezesseis anos, salvo se for na condição de aprendiz. princípio da proteção ao mercado de trabalho da mulher. Este princípio possui previsão normativa no art. 7 inc. XX, da Constituição Federal, e propõe combater as desigualdades e discriminações de gênero nas relações trabalhistas. Apesar da proteção constitucional e dos vários princı́pios de proteção, muitos problemas existem e são bem claros. Como exemplo, apesar de haver na legislação amparo especial às crianças e adolescentes e proibição expressa do trabalho infantil, ainda não foi possı́vel a erradicação completa, sendo comum em ambientes rurais e urbanos. Também é bastante comum que a remuneração de mulheres seja inferior à dos homens exercendo a mesma função. • • • • • • Figura 2 - Trabalhadores de diversas áreas utilizam o capacete amarelo como metáfora para os princı́pios de proteção do trabalho. Fonte: kurhan, Shutterstock, 2019. 1.3 A relação de trabalhos e seus sujeitos A primeira e mais importante lição deste tópico pode ser resumida em uma única frase: relação de trabalho é gênero da qual a relação de emprego é espécie. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 13/24 Essa diferença é de considerável importância, especialmente em um contexto de �lexibilização das normas trabalhistas, pois é bastante corriqueiro que o tomador do serviço contrate o trabalho de uma forma, um advogado autônomo por exemplo, e exija dele conduta própria de um advogado empregado, como a subordinação hierárquica, habitualidade e pontualidade. E� bastante comum que o trabalhador seja contratado formalmente como autônomo e as particularidades do contrato sejam tı́picas de relação de emprego, levando ao reconhecimento do vı́nculo empregatı́cio na Justiça. O estudo deste tópico permitirá compreender com mais facilidade a diferença entre relação de trabalho e relação de emprego, especialmente a partir das caracterı́sticas que são próprias da relação empregatı́cia. 1.3.1 Relação de Trabalho O contrato de trabalho é um negócio jurı́dico que pode criar uma relação de emprego ou uma relação de prestação de serviços não subordinada. A relação de trabalho em sentido amplo, além dos contratos de emprego regidos pelas regras da CLT, compreende os chamados contratos de atividade. Os contratos de atividade são objetos sujeitos, na sua maioria, às regras previstas no Código Civil. Conheça um pouco mais sobre estes contratos lendo os Artigos que o regulam no Código Civil, sendo eles: Figura 3 - No Direito do Trabalho tanto é importante o que está escrito no Contrato de Trabalho quanto a forma como a relação se desenvolve, pois nem sempre o documento formal está de acordo com a realidade do trabalho exercido. Fonte: Ralf Kleemann, Shutterstock, 2019. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 14/24 Importante destacar que não existe a necessidade de haver previsão legal do contrato de atividade, desde que o objeto seja lı́cito, possı́vel. Mas, de fato, muitos desses contratos possuem as caracterı́sticas próprias da Prestação de Serviços. As relações de trabalho que não são regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho passaram a ser de competência da Justiça do Trabalho após a Emenda Constitucional nº 45/2004, que ampliou a competência da justiça juslaboral conferindo nova redação ao art. 114 da Constituição Federal de 1988, ampliando seus incisos entre os quais cita-se, os incisos I, VI e IX, por serem especı́�icos da matéria em estudo: “ I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municı́pios; VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.” Importa considerar que, na contemporaneidade, há uma constante tentativa de descaracterizar as relações de emprego, por serem mais onerosas para o tomador do serviço. Essas situações são fraudes e são costumeiramente corrigidas pelo Poder Judiciário que, em regra, reconhece o vı́nculo e impõe o pagamento de todos os valores que eram devidos na relação empregatı́cia. VOCÊ QUER LER? Os contratos de atividade são objetos sujeitos, na sua maioria, às regras previstas no Código Civil. Conheça um pouco mais sobre estes contratos lendo os Artigos que o regulam no Código Civil, sendo eles: contrato de Empreitada (art. 610); contrato de Mandato (art. 653); contrato de Corretagem (art.722); contrato de Agência e Distribuição – antiga representação comercial, a exemplo dos agentes de seguros e agentes propagandistas de laboratórios farmacêuticos (art. 710); contratos de prestação de serviços de Advogadoou de Contabilista (art. 593), entre outros, estariam abarcados neste tipo de relação. Você pode acessá-los com mais facilidade no link <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm)>. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 15/24 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm A Reforma Trabalhista, balizada por caracterı́sticas próprias do liberalismo, traz para o cenário trabalhista uma maior necessidade de atenção para que, mesmo no predomı́nio do Princı́pio da Autonomia da Vontade, que é próprio das relações contratuais, não sejam suprimidos princı́pios e valores norteadores do Direito do Trabalho. O sistema jurı́dico deve estar integrado e deve ser mantida a coerência e a harmonização com os princı́pios constitucionais. 1.3.2 Relação de emprego São caracterı́sticas da relação de emprego os arts. 2º e 3º da Consolidação das Leis do Trabalho deixam claras as caracterı́sticas de (clique para ler): VAMOS PRATICAR? Você aprendeu que a caracterização de um contrato de trabalho d obrigatoriamente, quatro elementos fundamentais: onerosidade eventualidade ou habitualidade, subordinação e pessoalidade. Correlacio esse conteúdo, a lei 9608/1998 dispõe sobre a regulamentação do t voluntário. Para aprender na prática, faça uma pesquisa que conste qual elementos obrigatórios do contrato de trabalho não compõe o trabalho vol depois compartilhe com a turma. Pessoalidade Não eventualidade o empregado é sempre pessoa fı́sica e a sua contratação é intuito personae. O empregado deve prestar pessoalmente o serviço pois sua contratação foi decorrente de caracterı́sticas pessoais, ligadas não somente à sua formação técnica, mas também à aspectos subjetivos; 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 16/24 Subordinação hierárquica ou jurı́dica Onerosidade a habitualidade é caracterı́stica essencial da relação de emprego, pois, do contrário, poderá ser confundida com outros tipos de contratação como trabalhador eventual, por exemplo; tem ligação com a submissão do empregado às regras de horários, o cumprimento de determinadas rotinas; a relação de emprego deve ter obrigatoriamente uma contraprestação. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 17/24 A alteridade, embora não conste na redação o texto celetista, implica em caracterı́stica própria da relação de emprego, na qual um trabalha, de forma remunerada, mas o benefı́cio é do empregador. A alteridade como caracterı́stica da relação de emprego está estritamente ligada a ideia de “mais-valia” divulgada amplamente por Karl Marx. Figura 4 - A relação de subordinação é um dos principais elementos de diferenciação entre o empregado e o trabalhador autônomo. Fonte: goodluz, Shutterstock, 2019. 1.4 Sujeitos do contrato de trabalho 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 18/24 Como já foi visto, a relação de trabalho é mais ampla e vai abranger o trabalho autônomo e o trabalho subordinado. Via de regra, ao tratar dos sujeitos da relação de trabalho, a doutrina remete à relação de emprego, apresentando as caracterı́sticas do empregador e do empregado. Neste tópico serão apresentados os dois principais sujeitos da relação de trabalho, empregado e empregador, bem como suas variações, que podem, na prática, gerar inúmeras dúvidas sobre o tipo de relação que ali se estabeleceu. Isto ocorre não só como consequência de inúmeras relações informais, mas também como consequência de práticas ilegais que visam ‘mascarar’ a realidade da relação contratual. 1.4.1 Empregado O empregado é aquele que exerce o trabalho subordinado tı́pico. Para Nascimento (2015, p. 667) “empregado é a pessoa fı́sica que com pessoalidade e ânimo de emprego trabalha subordinadamente e de modo não eventual para outrem, de quem recebe salário.” Estas caracterı́sticas já foram destacadas no tópico sobre a relação de emprego, mas é importante reforçar um aspecto não ali mencionado: a intencionalidade ou animus contrahendi. Deve haver um intento claro de que o contrato está sendo feito com um caráter de emprego, com suas caracterı́sticas, e que naquela relação não há proposito de cortesia, amizade ou assistencialismo. Na de�inição de empregado formulada por Leite (2018) o ânimo ou intenção em relação ao modo de contratação é destacado, até mesmo para que disso se diferencie da contratação do autônomo. Modestamente, conceituamos o empregado como uma espécie de trabalhador subordinado que, com tal ânimo, de forma não eventual e mediante remuneração, coloca pessoalmente a sua força de trabalho à disposição de uma outra pessoa fı́sica ou jurı́dica, em decorrência de um contrato de trabalho. (LEITE, 2018, p.184.) O autor cita o art. 442-B da CLT, cuja redação foi alterada pela Lei n.º 13467/17, para reforçar a interpretação em conformidade com os princı́pios constitucionais, bem como os princı́pios do Direito do Trabalho, entre os quais destaca o valor social do trabalho e o princı́pio da primazia da realidade. No tópico seguinte, o trabalho autônomo será analisado e será melhor percebida a constante preocupação em identi�icar o tipo de contrato, que muitas vezes são dissimuladas no intuito de descaracterizar as relações de emprego tı́pica para burlar as normas que imperam sobre essas contratações. 1.4.2 Trabalhador eventual, trabalhador avulso, trabalhador temporário, trabalhador doméstico, trabalhador rural, servidor público investido em cargo público e estagiário Os trabalhadores deste tópico são subordinados, assim como os acima referidos. Entretanto, por contarem com caracterı́sticas ou legislações especı́�icas, são classi�icados pela doutrina como trabalhadores subordinados atı́picos (clique nas abas para ler): Trabalhador eventual Se enquadra perfeitamente a diarista doméstica. Durante a semana, ela trabalha para diferentes pessoas, em locais diferentes, ganhando por dia. Outros exemplos são o “boia-fria” que é o trabalhador rural que transita em diversas fazendas e que se ocupa em tarefas temporárias sem vı́nculo empregatı́cio; e o “chapa”, pessoas que fazem carga e descarga de caminhões, de modo eventual, sem pessoalidade nem subordinação. Trabalhador avulso 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 19/24 Ainda sobre o trabalhador avulso, vale ressaltar que, para Leite (2018, p. 193), ele “é um trabalhador – rural ou urbano – subordinado, cuja prestação do serviço é obrigatoriamente intercedida pelo sindicato de sua categoria pro�issional seja ele associado ou não.” 1.4.3 Trabalhador Autônomo O trabalho autônomo não é subordinado. Essa compreensão é essencial. Os riscos e vantagens do serviço pertencem ao próprio trabalhador, mesmo que este trabalhe de forma pessoal e não eventual e naturalmente, onerosa. O advogado que atua no seu próprio escritório é um ótimo exemplo. Existe um contrato de trabalho, no qual são de�inidas as cláusulas próprias da atividade advocatı́cia e outras especı́�icas da relação de trabalho ali estabelecidas. Entretanto, o advogado trabalha de modo discricionário e ele próprio organiza a sua atividade e sua rotina. Neste caso, o contrato é regido pelas normas do Código Civil e pela Lei nº 8906/1994, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil,não se aplicando os dispositivos da Consolidação das Leis Trabalhistas. Cita-se os trabalhos da orla marı́timas, zonas portuárias. Trabalham de forma não contı́nua, com remuneração compatı́vel com a de um empregado comum, exerce atividade essencial à empresa, mas não está inserido na organização da empresa. Trabalhador temporário Regido pela Lei n.º 6019/1974. Trabalhador doméstico Regido pela Lei Complementar n.º 150/2015. Trabalhador rural Regido pela Lei n.º 5889/1973. Servidor público investido em cargo público Regido pelo regime jurı́dico único regulado no âmbito na União pela Lei n.º 8112/90. Estagiário Regido pela Lei n.º 11788/2008. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 20/24 Sobre o Trabalho do Autônomo, tem-se o disposto no Art. 442-B da CLT, incluı́do pela Lei nº 13467, de 2017: “a contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contı́nua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação.” Considerando o que já foi mencionado sobre a Reforma Trabalhista, sobre a prevalência do negociado sobre o legislado, deduz-se que houve uma intenção de di�icultar o reconhecimento do vı́nculo de emprego daqueles que foram contratados como autônomos, mas de fato são empregados. Neste tópico abrange ainda conhecer dois temas correlatos e da maior relevância, por serem também parte desse mesmo processo de descaraterização da relação de emprego (clique para ler): CASO O pro�issional que atua como corretor de seguros possui regulamentação de sua atividade na Lei nº 494/1964. O art. 1º desse diploma normativo de�ine essa pro�issão como “o intermediário legalmente autorizado a angariar e a promover contratos de seguros, admitidos pela legislação vigente, entre as Sociedades de Seguros e as pessoas fıśicas ou jurıd́icas, de direito público ou privado”. A Justiça do Trabalho considerou nıt́ida e ostensiva a fraude ao contrato de emprego perpetrada pelas empresas contratantes e reconheceu o vıńculo do trabalhador com respaldo no princıṕio da primazia da realidade do contrato de trabalho. (Acórdão. Processo: 0001639-59.2017.5.07.0027. Redator(a): Albuquerque, Fernanda Maria Uchoa de. O� rgão Julgador: 3ª Turma. Incluıd́o/Julgado em 30 de maio de 2019. Publicado em 11/09/2019. Parassubo rdinação Também denominado trabalho coordenado, o trabalho parassubordinado se assemelha ao trabalho autônomo, entretanto tem discricionariedade reduzida pois há uma limitação na discricionariedade. A parassubordinação não está regulada pela legislação brasileira e aparece como uma zona cinzenta entre o trabalho autônomo e o empregado. Pejotizaçã o Tal expressão deriva do instituto da Pessoa Jurı́dica, costumeiramente cunhada pela sigla P.J. Assim, “pejotizar” é substituir um empregado protegido pela CLT por um trabalhador constituı́do sob a forma de pessoa jurı́dica ou prestador de serviços sem vı́nculo empregatı́cio. Essas pessoas jurı́dicas normalmente são de composição unitária: Microempreendedor Individual- MEI, Empresário Individual ou Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 21/24 Mesmo que esta expressão seja um neologismo, em recentes julgados já é possı́vel encontrar decisões mencionando a ‘Pejotização. Ela não se confunde com a terceirização, tema este que cresceu de importância com a Reforma Trabalhista e que será tema do tópico que dá sequência ao estudo dos sujeitos da relação de trabalho. 1.4.4 Trabalhador terceirizado Tem-se a terceirização quando uma empresa contrata outra para executar uma atividade ou prestar algum tipo de serviço especı́�ico. Nessa relação, os trabalhadores terceirizados são empregados da empresa prestadora de serviço e são regidos pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Contudo, os serviços são prestados no âmbito da empresa tomadora do serviço. Daı́ serem adotadas outras denominações como subcontratação ou prestação de serviço por empresa interposta. A terceirização traz vantagens para a empresa tomadora dos serviços, pois reduz os custos e os problemas decorrentes da relação empregatı́cia direta. Visa, se utilizada de forma correta e não como meio de camu�lar relações de emprego, manter o foco no objetivo da empresa aumentando a competitividade da empresa no mercado de trabalho e mais e�iciência. Na forma como foi concebida, a terceirização só era permitida para atividade-meio da empresa. Desse entendimento original tem-se muitas empresas que se especializaram em prestar serviços de vigilância e de limpeza, serviços da maior importância para todas as empresas, mas que não fazem parte da atividade-�im de quase nenhuma. Recentemente, no entanto, mudou-se esse entendimento, passando a ser admitida a terceirização também na atividade-�im. Este entendimento está expresso não só no contexto da Reforma Trabalhista, que ampliou as hipóteses de terceirização, mas também em recente decisão do Supremo Tribunal Federal. Deve-se frisar, entretanto que, mesmo com o alargamento das hipóteses de terceirização, �ica mantida a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos serviços no caso de descumprimento das normas trabalhistas e previdenciárias. Além disto, em casos de acidente de trabalho, a boa doutrina orienta para a responsabilidade solidária entre as empresas tomadoras e prestadoras dos serviços terceirizado (Enunciado n.º 44 da Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho). 1.4.5 Empregador Para concluir este tópico dos sujeitos da Relação de trabalho, retomamos o conceito de empregador constante do Art. 2º da CLT. Deste dispositivo, já transcrito no item 1.4.2, o empregador pode ser a empresa, individual ou coletiva, que admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço, bem como assume os riscos do empreendimento. O artigo da CLT ainda dispõe que os pro�issionais liberais, as instituições de bene�icência, as associações recreativas ou outras instituições sem �ins lucrativos também são considerados empregadores para �ins de caracterização da relação de emprego. “O poder de direção do empregador confere ao mesmo o poder de organização, o poder de controle e o poder disciplinar” (NASCIMENTO, 2015, p. 717.). No artigo sobre o empregador a CLT traz ainda para este polo da relação de trabalho a �igura do grupo econômico, grupo de empresas. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 22/24 Sobre essa forma de organização é necessário que haja um grupo de empresas, cada uma delas com personalidade jurı́dica própria, mas unidas por uma relação de dominação ou hierarquia de uma empresa sobre as demais. O controle desta empresa sobre as demais é de�inido especialmente pela maior participação nas ações das empresas que traz para a empresa hierarquicamente superior (empresa mãe) o poder de administração e direção. A Reforma Trabalhista acrescentou ao art. 2º da CLT que diz quem é considerado empregador, o §3º: “Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a con�iguração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes”. Nestes casos, �ica prevista a responsabilidade solidária entre as empresas componentes do grupo pelas obrigações decorrentes da relação de emprego, conforme previsto no §2º do art. 2º da CLT. Figura 5 - Os grupos de empresas também são denominadas holding company, pool ou consórcios. Fonte: Lightspring, Shutterstock, 2019. Síntese Você está encerrando a primeiraunidade sobre o Direito das Relações de Trabalho. Nela, você teve a oportunidade de distinguir as relações de emprego e de trabalho, além de responder algumas perguntas sobre a terceirização como organização de trabalho. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: compreender a relação entre os acontecimentos históricos (econômicos, políticos e culturais) e a história evolutiva do Direito • 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 23/24 do Trabalho; distinguir a relação de emprego e a relação de trabalho; reconhecer os trabalhadores nas suas mais diversas características, inclusive o empregado terceirizado; listar os princípios do Direito do Trabalho e os princípios constitucionais aplicáveis ao Direito do Trabalho. • • • Bibliografia BRASIL. Lei n.º 10406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil. Disponı́vel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm)>. Acesso em: 26/08/2019. CONHEÇA A OIT. Direção: OIT - Organização Internacional do Trabalho. Plataforma digital Youtube, publicado em 15 de novembro de 2017. 3:30 min. Disponı́vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=DMhhNXB5QEg (https://www.youtube.com/watch?v=DMhhNXB5QEg)>. Acesso em: 26/08/2019. LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. NASCIMENTO, A. M. Curso de direito do Trabalho - História e Teoria. 29. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2015. SILVA, C. T. da. A Ditadura Civil-militar e o Direito do Trabalho no Brasil. Disponı́vel em: <http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_Aditaduracivilmilitareodireito dotrabalhonoBrasil.pdf (http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_Aditaduracivilmilitareodireitod otrabalhonoBrasil.pdf)>. Acesso em: 26/08/2019. 15/05/2024, 14:49 Direito das Relações de Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_DINDIV_19/unidade_1/ebook/index.html# 24/24 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm https://www.youtube.com/watch?v=DMhhNXB5QEg https://www.youtube.com/watch?v=DMhhNXB5QEg http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_AditaduracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_AditaduracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_AditaduracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300658529_ARQUIVO_AditaduracivilmilitareodireitodotrabalhonoBrasil.pdf