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Teoria Geral da Pena Princípios da Pena (Aula 03 - Parte 2) Dignidade da pessoa humana estabelece limite na atuação intersubjetiva e na atuação entre o Estado e o ser humano. Na CF encontramos os limites impostos pelo Estado. Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana. Princípio da anterioridade reserva legal + anterioridade = princípioda legalidade Princípio da pessoalidade ou intransmissibilidade da pena art.5º, XLV, CF – nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Trata-se de princípio de caráter absoluto ou relativo? 1ª corrente: o princípio da pessoalidade é relativo, admitindo exceção prevista na própria CF, qual seja, a pena de CONFISCO (Flávio Monteiro de Barros) – “...podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. 2ª corrente – prevalece: diz que o princípio da pessoalidade é absoluto. O que se transmite aos sucessores é efeito da sentença (e não pena. Confisco não é pena, mas sim efeito da condenação). A segunda corrente é a que prevalece e é adotada, por exemplo, por Mirabete. Princípio da individualização da pena art.5º, XLVI, CF. A pena deve ser individualizada considerando o fato e o agente, em três momentos: Na cominação abstrata da pena (legislador) Na aplicação (juiz sentenciante) Art. 59 CP Na execução (juiz da execução – supervisionando o trabalho da comissão técnica de classificação) Art.5º, XLVI CF a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos. O juiz tem certa liberdade para fixar a pena, que deve ser condizente com as características do sujeito e as circunstâncias do delito (Art. 59 CP). O princípio da individualização da pena se desenvolve em 3 níveis legislativo; judicial (aplicação da pena no caso concreto); administrativo (execução penal). Com base no princípio da individualização da pena o STF declarou a inconstitucionalidade do regime integralmente fechado nos hediondos e assemelhados. Pergunta de concurso o sistema adotado pelo CP permite ao juizindividualizar a pena? R- O CP segue o sistema das penas relativamente indeterminadas, possibilitando o magistrado individualizar a pena. (Art. 59 CP) Quadro Sistema da absoluta determinação Pelo sistema da absoluta determinação, o juiz não tem nenhuma liberdade p/ fixar a pena, pois fica completamente atrelado ao texto da lei. Sistema de penas relativamente indeterminadas Pelo sistema de penas relativamente indeterminadas, o legislador fixa limites (mínimo e máximo) da pena e o juiz é livre para individualizá-la. O legislador diz a espécie de pena cabível (PPL, PRD, multa), o regime inicial de cumprimento, os limites e a possibilidade de cumular, substituir ou alternar a PPL com multa. O juiz determina a pena aplicável ao caso concreto dentro dos limites estabelecidos pelo legislador (sistema trifásico: art.59 e 68). Princípio da proporcionalidade a doutrina alega que se trata de princípio constitucional implícito no princípio da individualização da pena. A pena deve ser proporcional à gravidade da infração (meio proporcional ao fim perseguido com a aplicação da pena). A pena deve ser proporcional à prevenção e retribuição. Obs. Como vetor do princípio da proporcionalidade, temos o princípio da suficiência da pena alternativa. Este princípio deve ser analisado sob dois aspectos proibição de excessos (hipertrofia da punição); proibição de proteção insuficiente do Estado (que poderia gerar impunidade). Art.319-A CP: Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. A pena ínfima fixada pelo legislador configura evidente proteção insuficiente do Estado. O STF, na ADI 3112, decidiu: “os direitos fundamentais não podem ser considerados como proibições de intervenção, expressando também um postulado de proteção. Pode-se dizer que os direitos fundamentais expressam não apenas uma proibição de excessos, mas também proibições de proteção insuficiente ou interativos de tutela.” Princípio da inderrogabilidade ou inevitabilidade da pena desde que presentes seus pressupostos, a pena deve ser aplicada e fielmente cumprida. Exceções perdão judicial (caso em que, apesar de presentes os pressupostos, a pena não deverá ser aplicada). sursis (suspensão condicional da pena e está disciplinado nos artigos 77 a 82 do CP) Princípio da bagatela própria vs. imprópria Quadro Princípio da humanização das penas estão proibidas as penas de caráter cruel, desumano e degradante. Trata-se de desdobramento lógico do princípio da dignidade da pessoa humana. “Se, por um lado, o crime jamais deixará de existir no estágio atual da Humanidade, por outro, há formas humanizadas de garantir a eficiência do Estado para punir o infrator, corrigindo-o sem humilhação”. Subprincípios individualização da pena, CF Art. 5 XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; Obs. Reza o princípio da individualização da pena, que a punição deve ser ajustada segundo as características do criminoso e as circunstâncias do delito. Inconstitucionalidade da lei dos crimes hediondos: o Ministro Marco Aurélio de Melo, julgando HC 82.959-7/SP-2006 impetrado pelo próprio réu no STF, decidiu que a lei dos crimes hediondos, no referente à impossibilidade da progressão e, com isso, necessidade do cumprimento da pena em regime integralmente fechado, era inconstitucional, por ferir o princípio da individualização das penas (5º XLVI CF). impossibilidade de penas cruéis, de banimento ou de guerra (salvo os casos especificados em lei), CF Art. 5 XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; classificação dos presos (gênero e idade), CF Art. 5 XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; direito de amamentar (presas), CF Art. 5 L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. respeito à integridade física e moral do preso. CF Art. 5 XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; princípio da legalidade CF Art. 5 XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; Reza o princípio da legalidade que deve haver lei e pena anterior ao delito, salvo se a pena posterior ao delito cometido for mais benéfica ao réu (retroage <-). Obs. O princípio da legalidade (1º CP e 5º XXXIX CF) abrange os subprincípios da reserva legal (exige “lei” regulamentadora), o da "taxatividade" ou "mandado de certeza" (pelo qual o legislador fica obrigado a ser claro, dizendo qual o crime em questão/conduta proibida, de forma clara, sem ambigüidade ou contradições), e da anterioridade (1º deve haver lei dizendo que determinada conduta é crime). Princípio da reserva legal da reserva legal (exige “lei”regulamentadora),