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Casos Clínicos 
Carlos é um menino de 11 anos. Os pais procuraram terapia para a criança porque ele apresenta, com freqüência, comportamentos agressivos e opositores (agride verbal e fisicamente a irmã e mãe; entra em conflitos com o pai, que frequentemente revida; arranja confusões na escola, brigando com colegas). A terapeuta perguntou aos pais em que situações o filho apresentava esses comportamentos. Os pais disseram que o filho sempre agia dessa forma quando era contrariado (não recebia o que havia pedido) ou quando era exigido dele que cumprisse suas tarefas. Algumas vezes os pais se irritavam muito com esse comportamento e o agrediam de volta, infligindo-lhe punições físicas e castigos. Outras vezes, cansados, deixavam esse comportamento “passar em branco”. Após punições físicas, que ocorriam com alguma freqüência, os pais se sentiam profundamente culpados. Então eles tentavam se aproximar do filho, ser mais compreensivos e afetivos. A terapeuta recebeu a criança em algumas sessões para avaliar seus comportamentos agressivos. Sempre que muitas exigências eram feitas ou regras das brincadeiras eram colocadas, Carlos se comportava agressivamente. Assim, ele tentava não cumprir as exigências ou burlar as regras. A terapeuta também observou que Carlos não sabia fazer pedidos sem que comportamentos agressivos estivessem envolvidos. 
Margarida é uma moça bastante tímida e sem amigos. Diante de situações nas quais tem que interagir socialmente, ela se sente ansiosa (seu coração dispara, treme, sente o suor escorrendo pelas têmporas) e fica paralisada, não consegue pronunciar mais do que alguns monossílabos. Sente-se tão mal nessas situações que começou a evitar interações com as pessoas e quando isso é inevitável, assume uma postura bastante passiva, acatando ordens, assumindo as responsabilidades dos demais. Assim, Margarida, que era muito hábil em contas, começou a ser sobrecarregada no emprego pelo excesso de trabalho. Agora ela se sente bastante estressada, gostaria de poder dar um fim aos seus medos e assumir uma postura mais assertiva na vida. Por esse motivo ela decidiu procurar terapia. Durante as sessões, Margarida olhou para baixo o tempo todo, tendo dificuldade em estabelecer contato visual com a terapeuta. Além disso, mostrou pouca habilidade verbal (pouco vocabulário para descrever como se sente, baixa fluência na conversa, fala sem emoção) para alguém que possuía nível superior. Sua fala era um tanto quanto monótona e o terapeuta começou a perceber um dos motivos pelos quais Margarida não era uma das pessoas mais queridas. Investigando a história de vida de Margarida, o terapeuta descobriu que muito cedo na infância, ela tinha descoberto os números, ou melhor, a matemática. Gostava de brincar com a idéia de contar, operar matematicamente. Contudo, seus coleguinhas a ridicularizavam por esse comportamento e ameaçavam não deixá-la participar do grupo, mesmo que de forma passiva, se ela não atendesse suas exigências. Ela, então, fazia as tarefas de matemática para poder participar de algumas atividades junto com os colegas e para evitar as brincadeiras de mau gosto e ameaças. Esse padrão de interação parece ter se mantido até a vida adulta. Margarida não sabia conquistar as pessoas, apenas sabia atender aos seus pedidos para não ser totalmente rejeitada.
Maurício tem 23 anos e desde a adolescência descobriu que sente atração por pessoas do mesmo sexo. Ele tentou namorar diversas meninas, mas não conseguia se sentir feliz. Assumir um comportamento homossexual era impensável para ele, pois ele tinha verdadeiro horror a “gays”. Para ele, ser “gay” significava ser sujo, pervertido, amoral, ter um comportamento estereotipado afeminado. Ser gay e ser másculo pareciam comportamentos incompatíveis para Maurício. Sua família era religiosa e o homossexualismo sempre foi considerado pecaminoso, vergonhoso. De tanto ouvir sua família falar mal de homossexuais, Maurício desenvolveu uma imagem negativa de gays e, conseqüentemente, se sentia sujo e pervertido por sentir esse tipo de atração sexual. Maurício não aceitava ser gay, ele desejava ser como “todo mundo”. Ele procurou a terapia comportamental porque ouviu alguém dizer que ela servia para mudar comportamentos. Ele queria mudar seu comportamento e passar a ser heterossexual. Chegou à terapia com esse firme objetivo. 
Júlia é uma menina de dez anos, estudante do nível fundamental, filha única de pais separados. A mãe procurou terapia porque a menina tem apresentado nos últimos meses um comportamento de estresse. Está constantemente irritada, hostil com o irmão, se desentende na escola com os colegas, se isola em casa. A criança relata que se acha feia, embora seja uma menina linda, morena, de estatura mediana. Acha, por exemplo, que sua pele é muito escura e acredita que pessoas negras são feias. Ela é muito crítica em tudo que faz e também com o comportamento dos demais. Júlia se considerava “burra” porque nunca conseguia tirar 10 nas provas. Para ela um desempenho menor do que 10 era impensável, simplesmente queria ser a melhor. A mãe havia incentivado o comportamento de estudo da filha, pois queria que ela entrasse no colégio militar. A mãe sempre gostou de desempenhar tudo da melhor forma possível, se acha perfeccionista e trabalhava excessivamente desde a separação para conseguir manter um bom nível para os filhos. Júlia não gosta de brincar porque brincar é coisa de criança boba. Diz preferir ficar estudando no quarto, pois brincar é perda de tempo. Estudando intensivamente (algumas vezes acordava seis horas da manhã para estudar um pouco antes de ir para a aula), tirava notas entre 7,5 e 9,5. Ficava muito chateada e agressiva quando recebia esse tipo de feedback. Dizia que não tinha jeito precisava acordar ainda mais cedo e se esforçar mais, ter menos lazer (o único que tinha no momento era ver um seriado de TV no fim da tarde), se distrair menos. Júlia só se apoiava nos estudos para dizer se era boa ou não, um auto-conceito muito limitado, na idéia da terapeuta, além de ter um critério de sucesso muito rigoroso. A terapeuta avaliou que Júlia estava deixando de lado as atividades normais de uma criança muito cedo e se sobrecarregando demasiadamente. Ela não estava se permitindo relaxar e aprender também com as brincadeiras e com a amizade dos colegas e irmão. 
Viviana tem 15 anos e descobriu recentemente que tem epilepsia. Ela começou a ter crises recorrentes nas quais repentinamente desmaia. Ela passa alguns momentos inconsciente e depois acorda sem saber ao certo o que aconteceu. Fica desorientada por algum tempo. Os pais de Viviana ficaram com muito medo de que ela tivesse crises em locais públicos e não a deixam sair mais sozinha. Ela tem que andar sempre com supervisão. Viviana acha que não precisa de toda essa supervisão, quer poder sair um pouco sozinha, fazer suas atividades. A imprevisibilidade das crises deixa os pais aterrorizados e Viviana e os pais vivem em conflito sobre a necessidade dessa vigilância constante. Viviana chora com freqüência agora e os pais acham que ela está revoltada e precisa aceitar sua condição de pessoa doente. Eles decidiram levar a menina para terapia. Durante as primeiras sessões, a terapeuta conversou com Viviana e quis saber como havia sido o histórico de desenvolvimento dessas crises, em que situações ela acontecia, o que ela sentia antes, durante e após cada crise. Viviana não sabia dizer ao certo como eram as crises, nem quando elas aconteciam. 
Jonas apresentava uma dependência grave de álcool. Ele foi ao terapeuta para pedir ajuda em relação ao seu problema. O terapeuta decidiu que iria adotar a seguinte estratégia: ao mesmo tempo em que o cliente visse, experimentasse e pensasse em álcool, ele receberia uma dose de emetina (droga que induz náuseas e vômitos). Para tanto, o cliente se internou em uma clínica de reabilitação. Durante o período de terapia, o cliente parou de beber, mas um mês após o término do tratamento, tornou a procurar terapia, de novo com um quadrograve de alcoolismo. O novo terapeuta procurou avaliar em que contextos Jonas abusava do álcool. O terapeuta descobriu que sempre que eventos aversivos ocorriam, Jonas se apoiava no álcool. O casamento de Jonas já estava bem debilitado e sua situação no emprego também era delicada. Jonas não sabia lidar com a insatisfação da mulher no relacionamento, nem com a ausência de promoções após longos anos na firma. Ele sempre foi um homem inteligente e o não reconhecimento no emprego e de sua dedicação à família tinha lhe deixado amargurado. Coisas boas dificilmente aconteciam e Jonas já não sabia mais onde procurar satisfação para sua vida. 
Eduardo está com 4 anos e já desempenha de forma independente diversas atividades de alimentação e cuidados pessoais. Tem treino de toilete e controle esfincteriano. Após a separação de seus pais, quando foi morar na casa dos avós com sua mãe, passou a apresentar distúrbios relacionados à prisão de ventre (encoprese retentiva), chegando a ficar vários dias sem defecar. Na mesma época, seu avô sofreu um grave acidente, o que mobilizou bastante a família. Doenças sempre movimentam todos os parentes, sendo que a rotina de toda família passa a girar em torno disso. No caso de Eduardo, já foram tentados diversos tratamentos médicos visando aumentar a freqüência das defecações: medicamentos que geraram um padrão de defecação durante o sono, além de algumas lavagens intestinais que provocaram diarréias e vômitos, sem produzir alterações posteriores no padrão de encoprese. Após essas lavagens, foram realizados alguns exames nos quais não se observou aspectos orgânicos relacionados à encoprese, sendo solicitada pelo médico uma avaliação psicológica da criança. A mãe fica apreensiva e tensa com o padrão de defecação do filho (ele já chegou a passar 10 dias sem defecar), sendo insistente e dando diversas dicas de sua tensão. Além disso, o pai de Eduardo ficava preocupado com o filho e, por muita insistência da mãe, começou a visitar com muito mais freqüência a criança do que no início da separação.

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