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GABARITO PORTUGUES INSTRUMENTAL AD2 2018.2

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Nome: 
Matrícula: Polo: 
 
Curso: 
 
AD2 – Português Instrumental – 2018.2 
 
Leia os textos. 
Texto I 
O CAÇADOR DE PALAVRAS 
[...] Foi por causa de minha mania de ir ao cinema que tudo aconteceu. 
Naquela noite, eu estava cansado. E o filme era bem aborrecido, para dizer a verdade. Só 
fiquei para a segunda sessão porque estava chovendo, e não queria molhar os sapatos. Nos primeiros 
dez minutos de filme, adormeci. Meu corpo escorregou da cadeira, e dormi tão confortavelmente como 
em minha cama. 
Acordei em plena escuridão e silêncio. No início, nem sabia onde estava. Aos poucos, meus 
olhos foram se acostumando com a falta de luz. Vi a tela branca, o letreiro de saída apagado. Não 
entendi, imediatamente, o que estava acontecendo. Levantei atordoado. Com dificuldade, empurrei a 
porta de entrada. Pesada. Saí do saguão. Só então percebi o que havia acontecido: haviam esquecido 
de mim no cinema. Completamente. Talvez não tivessem me visto. Olhei o relógio, estava no meio da 
noite. 
Quis telefonar. Fui até o escritório, estava trancado. Pensei em quebrar o vidro. Nunca senti 
tamanho desespero. 
É incrível como um cinema vazio, à noite, pode ser tétrico. Olhava para as paredes, via 
sombras. Ouvia ruídos. Ao mesmo tempo, tentei raciocinar. Arrombar a porta, ou qualquer coisa do tipo, 
poderia terminar em confusão. Chamar a polícia também: como explicar minha presença, se todos 
pensariam, no primeiro instante, que eu era um ladrão? O ideal, sem dúvida, era aguardar algumas 
horas, e esperar, pacificamente, que alguém viesse abrir o cinema. Poderia, então, sair calmamente. 
Como passar aquelas horas difíceis? Foi quando vi, no canto do balcão da doceria, ajudando a 
apoiar uma lata, um livro grosso. Fui até ele. Peguei. Era bem pesado. 
Saí do saguão, onde só entrava a luz do luar, e fui ao banheiro. Acendi a luz. No hall de 
entrada que levava aos dois toaletes, havia um sofazinho velho. Sentei e abri o livro. Era um dicionário 
com a origem e o significado das palavras. No primeiro instante, pensei: 
– Bem que eu preferia um livro policial! 
Puro engano. Só para me distrair, comecei a folheá-lo. Pouco a pouco, fui sendo envolvido pelo 
universo fascinante das palavras. Elas começaram a brilhar para mim como estrelas no céu. Da mesma 
forma que todas as pessoas, sempre vivi cercado por verbos, substantivos, adjetivos. Com eles, dei 
forma a sentimentos, expressei vontades, descobri risos, comuniquei emoções. Mas, assim como não 
se pensa conscientemente nos dedos cada vez que se pega um garfo, também não me detinha nas 
palavras. Elas faziam parte de mim como os olhos, os cabelos e as unhas. Eram tão enredadas no 
cotidiano como o elevador do prédio, o ônibus, o cartão de ponto. Apesar de fluírem através da vida 
com tanta facilidade quanto o ar que respirava, as palavras eram um instrumento que eu usava 
mecanicamente. 
De repente, tudo mudou. 
Naquela noite, descobri que as palavras guardam histórias. Percorrem os tempos, registrando 
emoções, atravessam vidas. Entendi, pela primeira vez, o fascínio dos poetas ao brincar com elas, 
criando versos e rimas que trazem os sons das marés, a cadência dos sentimentos, o colorido das 
primaveras. A paixão de quem faz letras de músicas, sonoras por si sós, onde as palavras remetem 
umas às outras, dançam entre si. Senti o encanto dos escritores, que as usam para criar mundos e 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
vidas, como se fossem bilhetes para viagens fulgurantes. E, então, eu também me apaixonei, porque 
descobri, mais que tudo, o quanto as palavras são vivas. 
Deixei de ouvir os ruídos, de olhar as sombras daquele cinema vazio. Era como se eu 
estivesse lendo um romance que falava de todas as pessoas, de toda a humanidade. Quis seguir a 
trilha das palavras. [...] 
CARRASCO, Walcyr. O caçador de palavras. São Paulo: Ática, 1994. p. 8-11. (fragmento) 
Vocabulário: 
- atordoado: abalado, confundido, perturbado. 
- tétrico: desagradável, muito triste, fúnebre, 
medonho. 
- hall: saguão, entrada. 
- enredado: envolvido. 
- fluir: correr, transcorrer. 
- cadência: ritmo, compasso. 
- fulgurante: brilhante, reluzente. 
- trilha: vestígio deixado por pessoa ou animal. 
 
 
 
Texto II 
O lutador 
1 
Lutar com palavras 
é a luta mais vã. 
Entanto lutamos 
mal rompe a manhã. 
São muitas, eu pouco. 
Algumas, tão fortes 
como o javali. 
Não me julgo louco. 
Se o fosse, teria 
poder de encantá-las. 
Mas lúcido e frio, 
apareço e tento 
apanhar algumas 
para meu sustento 
num dia de vida. 
Deixam-se enlaçar, 
tontas à carícia 
e súbito fogem 
e não há ameaça 
e nem há sevícia 
que as traga de novo 
ao centro da praça. 
 
2 
Insisto, solerte. 
Busco persuadi-las. 
Ser-lhes-ei escravo 
de rara humildade. 
Guardarei sigilo 
de nosso comércio. 
Na voz, nenhum travo 
de zanga ou desgosto. 
Sem me ouvir deslizam, 
perpassam levíssimas 
e viram-me o rosto. 
Lutar com palavras 
parece sem fruto. 
Não têm carne e sangue… 
Entretanto, luto. 
 
3 
Palavra, palavra 
(digo exasperado), 
se me desafias, 
aceito o combate. 
Quisera possuir-te 
neste descampado, 
sem roteiro de unha 
ou marca de dente 
nessa pele clara. 
Preferes o amor 
de uma posse impura 
e que venha o gozo 
da maior tortura. 
 
4 
Luto corpo a corpo, 
luto todo o tempo, 
sem maior proveito 
que o da caça ao vento. 
Não encontro vestes, 
não seguro formas, 
é fluido inimigo 
que me dobra os músculos 
e ri-se das normas 
da boa peleja. 
 
 
 
 
 
5 
Iludo-me às vezes, 
pressinto que a entrega 
se consumará. 
Já vejo palavras 
em coro submisso, 
esta me ofertando 
seu velho calor, 
aquela sua glória 
feita de mistério, 
outra seu desdém, 
outra seu ciúme, 
e um sapiente amor 
me ensina a fruir 
de cada palavra 
a essência captada, 
o sutil queixume. 
Mas ai! é o instante 
de entreabrir os olhos: 
entre beijo e boca, 
tudo se evapora. 
6 
6 
O ciclo do dia 
ora se conclui 
e o inútil duelo 
jamais se resolve. 
O teu rosto belo, 
ó palavra, esplende 
na curva da noite 
que toda me envolve. 
Tamanha paixão 
e nenhum pecúlio. 
Cerradas as portas, 
a luta prossegue 
nas ruas do sono. 
 
 
Carlos Drummond de Andrade 
 
Disponível em: <http://editora.cosacnaify.com.br/blog/?tag=poesia-traduzida>. Acesso em 5/4/18. 
 
 
Vocabulário 
- vão – sem valor; ilusório, sem fundamento real. 
- entanto - entretanto, neste meio tempo. 
- sevícia – castigo; crueldade. 
- solerte - astuto, sagaz, muito inteligente. 
- persuadir - convencer pela insistência. 
- sigilo - segredo, mistério. 
- travo - amargor, sabor amargo. 
- descampado – terreno extenso, plano, aberto, 
terreno baldio. 
- peleja - combate, briga. 
- pressentir - prever, pressagiar. 
- desdém – desprezo profundo. 
- sapiente - sábio. 
- fruir – desfrutar. 
- queixume – lamento; suspiro. 
- esplender - brilhar intensamente. 
- pecúlio – bens; reserva de dinheiro. 
- cerrar - fechar. 
 
 
 
 
Texto III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: <http://www.aprendaavalorizar.com.br/2015/07/enxergando-o-mundo-por-palavras.html>. Acesso em 5/4/18. 
 
1. (1,0) Logo no início do texto I, o narrador diz que sua mania de ir ao cinema foi a causa de um 
acontecimento inesperado. Marque a opção que indique o que aconteceu de inusitado com o 
personagem naquela noite. 
 
a) Ficou preso no cinema 
b) Deixou de ouvir ruídos 
c) Descobriu que as palavras guardavam histórias 
d) Acordou em plena escuridão 
e) Ficou atordoado com as palavras 
 
2. (1,0) A descoberta das palavras e de seus significados faz com que o narrador do texto I reveja a 
relação que tinha com as palavras. Aponte qual era, para o narrador, até aquele momento, a utilidade 
das palavras. 
 
a) Era puro engano 
b) Era como estrelas no céu 
c)Era um instrumento usado mecanicamente 
d) Era apenas um conjunto de palavras 
e) Era um dicionário 
 
 
3. (1,0) Sem saber o que fazer, o narrador do texto I pensa em diversas formas de sair dali. No entanto, 
ele abandona quase todas as ideias que teve. Assinale o trecho do texto I que apresente o exato 
momento em que ele desistiu dessas ideias. 
 
a) “Como explicar minha presença, se todos pensariam, no primeiro instante, que eu era um ladrão?” 
b) “Como passar aquelas horas difíceis? Foi quando vi, no canto do balcão da doceria, ajudando a 
apoiar uma lata, um livro grosso. Fui até ele. Peguei. Era bem pesado.” 
c) “Só para me distrair, comecei a folheá-lo. Pouco a pouco, fui sendo envolvido pelo universo 
fascinante das palavras”. 
d) “Saí do saguão, onde só entrava a luz do luar, e fui ao banheiro. Acendi a luz”. 
e) “Era um dicionário com a origem e o significado das palavras.” 
 
 
4. (1,0) Os poemas, geralmente, apresentam títulos bastante expressivos. Sendo assim, a partir da 
leitura do texto II, assinale a opção que explique o título do poema, relacionando-o com o seu 
conteúdo. 
 
a) O eu lírico luta com as palavras porque não sabe usá-las 
b) As palavras são inimigas, por isso, o eu lírico luta com elas 
c) O eu lírico se sente desafiado pelas palavras. 
d) Há luta porque as palavras sempre fogem 
e) As palavras envolvem o eu lírico com paixão e ele luta para que isso não ocorra 
 
5. (1,0) No penúltimo parágrafo do texto I, há um trecho que remete ao que é descrito no texto II. 
Marque esse trecho. 
 
a) “Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem.” 
b) “Tamanha paixão e nenhum pecúlio. Cerradas as portas, a luta prossegue nas ruas do sono.” 
c) “Quisera possuir-te neste descampado, sem roteiro de unha ou marca de dente nessa pele clara.” 
d) “Busco persuadi-las. Ser-lhes-ei escravo de rara humildade.” 
e) “Não têm carne e sangue… Entretanto, luto.” 
 
 
6. (1,0) As imagens podem ser fundamentais para o entendimento de um texto. Dessa forma, assinale 
a opção que melhor relacione a imagem, texto III, aos textos I e II desta prova. 
 
a) Fascínio 
b) Persuasão 
c) Desafio 
d) Luta 
e) Paixão 
 
7. Assinale, nas opções abaixo, retiradas do texto I, a ocorrência em que a vírgula não tem o mesmo 
valor das demais : 
 
a) Não entendi, imediatamente, o que estava acontecendo. 
b) O ideal, sem dúvida, era aguardar algumas horas. 
c) É incrível como um cinema vazio, à noite, pode ser tétrico. 
 d) Deixei de ouvir os ruídos, de olhar as sombras daquele cinema vazio. 
 e) Entendi, pela primeira vez, o fascínio dos poetas ao brincar com elas. 
 
8. “A coesão textual diz respeito a um conjunto de mecanismos linguísticos que estabelecem nexos 
semânticos capazes de encadear as partes do texto de forma coerente e organizada. (HAWAD e 
ABREU, 2013, p. 167). 
 
A palavra QUE, além de pertencer a várias classes gramaticais, exerce diversas funções sintáticas 
estabelecendo ligações semânticas entre palavras e/ou orações. 
Nas opções abaixo, assinale aquelas nas quais a palavra QUE apresenta o mesmo valor que em : 
 
 “ descobri que as palavras guardam histórias”. (Texto I) 
 
 
a) Iludo-me às vezes, 
pressinto que a entrega 
se consumará. (Texto II) 
 
b) e não há ameaça 
e nem há sevícia 
que as traga de novo 
ao centro da praça. (Texto II) 
 
c) Senti o encanto dos escritores, que as usam para criar mundos. (Texto II) 
 
d) Só então percebi o que havia acontecido: (Texto I) 
 
e)...as palavras eram um instrumento que eu usava mecanicamente. (Texto I) 
 
 
9. Em todas as opções o termo destacado se refere a “palavra”, exceto em: 
 
a) Palavra, palavra 
(digo exasperado), 
se me desafias 
 
b) Quisera possuir-te 
neste descampado 
 
c) Deixam-se enlaçar, 
tontas à carícia... 
 
d) sem roteiro de unha 
ou marca de dente 
nessa pele clara. 
 
e) Preferes o amor 
de uma posse impura. 
 
 
10.Em que opção o elemento de ligação (coesão – pronome relativo) está 
 adequado? 
 
 a) Ler pode ser uma fonte de inteligência, *onde* muitos encontram conforto. 
 
 b) O feitiço da leitura faz milagres com o nosso ser, *onde* viajamos sem 
 sair do lugar. 
 
 c) Na saleta, *onde* lia os clássicos, chegou à conclusão de que ler é 
 fundamental. (locativo - noção de lugar) 
 
 d) As escolas produzem, anualmente, pessoas com a habilidade de ler, *onde* 
 muitos não lerão um livro vida afora após a saída da escola. 
 
 e) “Ler é uma virtude gastronômica”, *onde* devoramos os livros dos quais 
 gostamos.

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