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1 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 1 2 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 2 Aula 1: Teoria geral dos recursos ...................................................................................... 11 Introdução ........................................................................................................................... 11 Conteúdo .............................................................................................................................. 12 Conceito de recurso ........................................................................................................ 12 Voluntário .......................................................................................................................... 12 Voluntário e o reexame .................................................................................................. 14 No curso do processo ..................................................................................................... 15 Princípios que constituem a base do direito processual civil que regula a matéria recursal ............................................................................................................... 20 Duplo grau de jurisdição ................................................................................................ 21 Proibição à reformatio in pejus ..................................................................................... 23 Princípio da taxatividade recursal ................................................................................. 24 Singularidade (unicidade ou unirrecorribilidade) ...................................................... 25 Fungibilidade .................................................................................................................... 29 Novo processo civil ......................................................................................................... 33 Referências........................................................................................................................... 35 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 36 Chaves de resposta ................................................................................................................ 41 Aula 1 ..................................................................................................................................... 41 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 41 Aula 2: Técnica de repetição de teses .............................................................................. 43 Introdução ........................................................................................................................... 43 Conteúdo .............................................................................................................................. 44 A força dos precedentes jurisdicionais: breve histórico .......................................... 44 Unidade do direito ........................................................................................................... 45 Fortalecimento dos precedentes .................................................................................. 45 Revolução no sistema de precedentes ........................................................................ 49 Certidão de intimação da decisão agravada .............................................................. 50 Força jurisprudencial ....................................................................................................... 52 A aplicação de precedentes no novo CPC ................................................................. 53 Precedentes/fontes regulares de direitos .................................................................... 57 Aplicação do sistema de precedentes ......................................................................... 58 Referências........................................................................................................................... 59 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 61 3 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 3 Chaves de resposta ................................................................................................................ 67 Aula 2 ..................................................................................................................................... 67 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 67 Aula 3: Incidente de res. de demanda repetitiva ........................................................... 67 Introdução ........................................................................................................................... 68 Conteúdo .............................................................................................................................. 69 Natureza e cabimento do incidente de resolução de demandas repetitivas ...... 69 Do Artigo 976 .................................................................................................................... 71 Procedimento-modelo ................................................................................................... 72 Novo CPC .......................................................................................................................... 72 Procedimento e julgamento do incidente .................................................................. 74 Caso-piloto ....................................................................................................................... 76 Do objetivo do pilot-judgment procedure ................................................................. 77 Referências........................................................................................................................... 81 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 83 Chaves de resposta ................................................................................................................ 86 Aula 3 ..................................................................................................................................... 86 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 86 Aula 4: Recurso de apelação ............................................................................................... 89 Introdução ........................................................................................................................... 89 Conteúdo .............................................................................................................................. 90 Devolutividade do recurso de apelação ...................................................................... 90 Critérios do recurso de apelação .................................................................................. 91 Efeitos do recurso de apelação ..................................................................................... 92 Devolutividade do recurso de apelação ...................................................................... 93 Extensão do recurso de apelação ................................................................................. 93 Profundidade e translatividade do recurso de apelação ..........................................94 Mudanças quanto à devolutividade no CPC/2015 .................................................... 94 Ausência de preclusão em relação às decisões interlocutórias, em geral, e a recorribilidade por meio da apelação ........................................................................ 100 Admissibilidade do recurso de apelação e os efeitos deste recurso ................... 102 Inexistência de admissibilidade................................................................................... 102 Referências......................................................................................................................... 106 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 107 Chaves de resposta .............................................................................................................. 111 Aula 4 ................................................................................................................................... 111 4 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 4 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 111 Aula 5: Rec. das decisões interloc. de 1ª inst................................................................ 114 Introdução ......................................................................................................................... 114 Conteúdo ............................................................................................................................ 115 Considerações históricas iniciais ................................................................................ 115 Mudanças advindas da reforma no sistema ............................................................. 116 Cabimento dos recursos de agravo contra decisões de 1ª instância (no CPC/1973) ........................................................................................................................ 118 Aspectos preliminares em relação à recorribilidade contra decisões de 1ª instância no CPC/2015.................................................................................................. 120 Reformas legislativas ..................................................................................................... 128 Cabimento do agravo de instrumento no novo CPC e outros aspectos ........... 130 Recomendação nº 5 no âmbito da União Europeia ............................................... 131 Lei Processual Portuguesa ........................................................................................... 132 Aspectos procedimentais relativos ao agravo de instrumento no novo CPC ... 133 CPC/2015 ......................................................................................................................... 135 Referências......................................................................................................................... 136 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 138 Chaves de resposta .............................................................................................................. 142 Aula 5 ................................................................................................................................... 142 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 142 Aula 6: Embargos de declaração...................................................................................... 145 Introdução ......................................................................................................................... 145 Conteúdo ............................................................................................................................ 146 Cabimento do recurso .................................................................................................. 146 Curiosidade ..................................................................................................................... 147 Conceito de cabimento ................................................................................................ 147 Embargos ........................................................................................................................ 148 Obscuridade, omissão ou contradição ...................................................................... 149 Contradição conceito ................................................................................................... 150 Omissão - conceito ....................................................................................................... 151 Fundamento ................................................................................................................... 152 Efeito interruptivo dos embargos e embargos protelatórios ................................ 152 Relação causa-efeito ..................................................................................................... 153 Os embargos de declaração ........................................................................................ 153 Apresentação dos embargos de declaração ............................................................ 154 5 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 5 Segundo o Artigo 1.039 ................................................................................................ 154 Encerramento ................................................................................................................. 155 Referências......................................................................................................................... 155 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 156 Chaves de resposta .............................................................................................................. 161 Aula 6 ................................................................................................................................... 161 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 161 Aula 7: Carac. comuns aos rec. exc. e reun. de rep. ................................................... 162 Introdução ......................................................................................................................... 162 Conteúdo ............................................................................................................................ 163 Questões comuns aos recursos excepcionais ......................................................... 163 Recurso extraordinário e recurso especial................................................................ 138 Pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial ............................................................................................................................ 141 O direito à espécie ......................................................................................................... 146 Procedimento de identificação e encaminhamento dos recursos repetitivos.. 153 Estatuto de 2015 ............................................................................................................ 155 Referências......................................................................................................................... 156 Exercícios de fixação .......................................................................................................157 Chaves de resposta .............................................................................................................. 160 Aula 7 ................................................................................................................................... 160 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 160 Aula 8: Recursos excepcionais: prosseguimento ........................................................ 163 Introdução ......................................................................................................................... 163 Conteúdo ............................................................................................................................ 164 Recurso especial ............................................................................................................ 164 Situações em que se admite o controle por recurso excepcional ....................... 165 Recurso extraordinário ................................................................................................. 166 Requisito de admissibilidade do recurso extraordinário ........................................ 169 A transcendência da controvérsia constitucional ................................................... 170 Poderes do presidente ou vice-presidente dos tribunais de “origem” quanto aos recursos excepcionais ................................................................................................... 172 O Agravo normatizado pelo Artigo 1.042 ................................................................. 174 Referências......................................................................................................................... 176 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 177 Chaves de resposta .............................................................................................................. 180 6 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 6 Aula 8 ................................................................................................................................... 180 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 180 Conteudista ........................................................................................................................... 184 7 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 7 Esta disciplina contempla o estudo de determinados recursos e dos instrumentos que reforçam a aplicação (ou mesmo repetição) dos precedentes jurisdicionais, sempre segundo o novo Código de Processo Civil (2015). Abordaremos a Teoria geral dos recursos, essencial a melhor compreensão de todo o restante, tratado nas sete aulas seguintes. Neste aspecto, especialmente dois pontos fundamentais são abordados: o conceito adequado de recursos, com todas as suas características fundamentais e, em seguida, os princípios considerados essenciais à regulação de boa parte do direito processual aplicado à matéria. Como consta do próprio título da Disciplina, essencial tratarmos (e assim o faremos) da força dos precedentes jurisdicionais, por meio dos instrumentos criados e fortalecidos nas últimas 2 (duas) décadas como a sentença liminar, a súmula impeditiva de recurso, os julgamentos monocráticos com base em jurisprudencia dominante e os recursos especiais repetitivos. Instrumentos como esse caracterizam uma demanda legislativa clara por aglutinar, o máximo possível, as teses e questões repetitivas, de maneira a julgá-las sempre no mesmo sentido, em busca de eventual maior segurança jurídica, como se tem proclamado entre juristas renomados. Nessa esteira, portanto, tem-se a previsão, no novo CPC, do Incidente de resolução de demandas repetitivas, o qual você estudará com profundidade nesta disciplina. 8 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 8 Em continuação, esta Disciplina aborda alguns dos recursos mais (talvez, os mais) importantes, quais sejam, o recurso de apelação, os recursos de agravo, os embargos de declaração e os recursos excepcionais: especial e extraordinário, sempre segundo o CPC de 2015. Quanto a eles, veremos os respectivos cabimentos, características mais importantes, dentre outros aspectos necessários. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 1. O conhecimento do que seja, precisamente, um recurso e o que o diferencia, por exemplo, de ações autonomas cujo objetivo é, igualmente, impugnar atos, inclusive judiciais, assim como diferenciá-lo de outros institutos como o reexame necessário cuja função lhe é, também, bastante próxima; 2. O estudo dos princípios recursais como necessário à compreensão da regulamentação de toda a matéria recursal, cujo conteúdo, evidentemente, segue a base por eles (princípios) instituída; 3. A devida percepção da relevância dos precedentes e como se tem construído um modelo de julgamentos por amostragem (por casos pilotos), que vem sendo construído nas últimas 2 (duas) décadas no direito processual civil brasileiro. Para tanto, será necessário conhecer os principais fundamentos dos instrumentos caracterizadores desses modelos (já existentes no direito brasileiro); 4. Com o mesmo propósito, demonstraremos que o Código de Processo Civil não só mantém os instrumentos anteriores, mas ainda os fortalece, tornando-os mais objetivos, criando, por exemplo, o incidente de resolução de demanda repetitivas, objeto de Aula própria; 5. O cabimento do incidente de resolução de demandas repetitivas, absoluta novidade prevista pelo Novo Código de Processo Civil, cujo conhecimento faz-se inteiramente necessária por refletir, em seu mais alto grau, o modelo de julgamento por meio CASOS-PILOTOS; 6. O procedimento e julgamento deste Incidente, cujo teor vinculará todos os processos cujas lides versem sobre a mesma questão jurídica, elevando-se, 9 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 9 talvez, como o instrumento de construção de precedentes de maior força dentre os existentes, após a súmula vinculante; 7. Conhecimento aprofundado da devolutividade do Recurso de Apelação, certamente a maior presente dentre todos os demais recursos e mais relevante, considerando-se que, por meio deste recurso, o Tribunal pode se ver obrigado a rever não apenas a sentença recorrida como todos (ou boa parte) dos atos processuais praticados no referido processo; 8. O Recurso contra sentença no Novo Código de Processo Civil, apresentando- se os respectivos dispositivos; 9. Conhecimento aprofundado da recorribilidade das decisões interlocutórias proferidas em 1ª instância, sistema constantemente alterado nas últimas décadas e que levou à quase extinção do agravo retido; 10. Também é essencial a este Curso tratarmos do efeito interruptivo em relação a outros recursos e a ilícita prática de utilização dos embargos com fins procrastinatórios; 11. O conhecimento, por parte do profissional-leitor, das questões comuns aos 2 recursos excepcionais que compõem a ordem jurídica processual, tais como a necessidade de prequestionamento e vedação ao reexame de prova; 12. Tratar, especificamente, dos recursos em questão, abordando as características próprias de cada um deles, como a relevância da proteção à constituição, função precípua do recurso extraordinário, e o combate à eventual violação à Lei/Tratado federal, o que se faz por meio do recurso especial; 13. O necessário aprofundamento nas questõesrelativas ao cabimento do recurso, incluindo aspectos históricos relevantes à construção da ordem jurídica atualmente aplicável; 14. Também é essencial a este Curso tratarmos do efeito interruptivo em relação a outros recursos e a ilícita prática de utilização dos embargos com fins procrastinatórios; 15. O conhecimento, por parte do profissional-leitor, das questões comuns aos 2 recursos excepcionais que compõem a ordem jurídica processual, tais como a necessidade de prequestionamento e vedação ao reexame de prova; 1 0 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 10 16. Tratar, especificamente, dos recursos em questão, abordando as características próprias de cada um deles, como a relevância da proteção à constituição, função precípua do recurso extraordinário, e o combate à eventual violação à Lei/Tratado federal, o que se faz por meio do recurso especial. 1 1 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 11 Introdução Meu caro profissional, pós-graduando, nesta primeira aula você aprofundará seus conhecimentos na teoria geral dos recursos, essencial a melhor compreensão de todo o restante a ser tratado nas sete aulas seguintes. Abordaremos dois pontos fundamentais, quais sejam, o conceito adequado de recursos, com todas as suas características fundamentais e, em seguida, os princípios considerados essenciais à regulação de boa parte do direito processual aplicado à matéria. Objetivo: 1. O conhecimento do que seja, precisamente, um recurso e o que o diferencia, por exemplo, de ações autônomas cujo objetivo é, igualmente, impugnar atos, inclusive judiciais, assim como diferenciá-lo de outros institutos como o reexame necessário cuja função lhe é, também, bastante próxima; 2. O estudo dos princípios recursais como necessário à compreensão da regulamentação de toda a matéria recursal, cujo conteúdo, evidentemente, segue a base por eles (princípios) instituída. 1 2 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 12 Conteúdo Conceito de recurso O principal conceito de recurso, no direito brasileiro, ou seja, o admitido por boa parte da doutrina e, por conseguinte, o mais repetido, é aquele adotado por José Carlos Barbosa Moreira: “Remédio voluntário idôneo a ensejar, no mesmo processo, a reforma, invalidação, integração ou esclarecimento da decisão que se impugna”. Este conceito tornou-se tão repetido porque resume, em poucas palavras, as características fundamentais de um recurso, que ora se inicia a desenvolver, na ordem exposta pelo próprio jurista carioca: • Voluntariedade; • Dá-se no curso do processo; • Nele, traz-se, sempre, uma das seguintes pretensões: reforma, invalidação, integração ou esclarecimento; • Trata-se de um instrumento de impugnação. Avance para entender melhor cada uma das palavras. Voluntário Por que voluntário? O reexame necessário, por exemplo, que gera efeitos praticamente idênticos ao de um recurso, não pode ser considerado como tal justamente por quê? Ora, o recurso precisa ser objeto de manifestação expressa da parte, atendendo aos requisitos dos quais vamos tratar oportunamente, com um dos pedidos (pretensão) mencionados no referido conceito (reformar-invalidar-esclarecer- integrar), consistindo, pois, em um instrumento de provocação-pretensão da parte, sem o qual ele (recurso) não subsiste de forma alguma. 1 3 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 13 Para seu melhor entendimento, na sequência a seguir, veja no julgado a relevância da provocação. Observe que, em razão da inércia da parte, justamente em não ter recorrido no momento oportuno, a matéria foi entendia como PRECLUSA, ainda sob vigência do CPC/73: Primeira Seção DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRECLUSÃO DA FACULDADE DE REQUERER HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS EM PROCESSO EXECUTIVO. RECURSO REPETITIVO (Artigo. 543-C DO CPC/73 E RES. 8/2008-STJ). Há preclusão lógica (Artigo 503 do CPC/73) em relação à faculdade de requerer o arbitramento dos honorários sucumbenciais relativos à execução na hipótese em que a parte exequente, mesmo diante de despacho citatório que desconsidera o pedido de fixação da verba feito na petição inicial, limita-se a peticionar a retenção do valor correspondente aos honorários contratuais, voltando a reiterar o pleito de fixação de honorários sucumbenciais apenas após o pagamento da execução e o consequente arquivamento do feito. Inicialmente, cumpre destacar que o STJ tem entendimento firme no sentido de que inexiste preclusão para o arbitramento de verba honorária, no curso da execução, ainda que sobre ela tenha sido silente a inicial do processo executivo e já tenha ocorrido o pagamento do ofício requisitório. Todavia, a hipótese em foco é diversa. Após ter sido cumprido o requisitório de pagamento expedido nos autos e ocorrido o arquivamento do feito, com baixa na distribuição, a parte exequente reitera pedido formulado na inicial da execução, para que sejam arbitrados honorários advocatícios sucumbenciais. Ocorre que o despacho inicial determinou a citação do órgão executado, não arbitrando a verba honorária. Em seguida, foram interpostos embargos à execução, os quais foram definitivamente julgados. 1 4 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 14 Posteriormente, a parte exequente peticionou nos autos, postulando a retenção dos honorários contratuais no requisitório de pagamento a ser expedido, nada mencionando acerca do arbitramento de honorários sucumbenciais. De acordo com essa moldura fática, a parte exequente deveria ter se insurgido, por meio da via processual adequada, contra a ausência de fixação dos honorários sucumbenciais. Ao não agir dessa forma, consolidou-se o fato de não incidência dos honorários sucumbenciais, configurando-se, dessa forma, o instituto da preclusão, pelo qual não mais cabe discutir dentro do processo situação jurídica já consolidada. Ademais, ainda que não se trate propriamente de ação autônoma, por compreensão extensiva, incide a Súmula 453 do STJ: “Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria.” REsp 1.252.412-RN, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 6/11/2013 (Informativo nº 543). Voluntário e o reexame O reexame necessário acima lembrado leva, assim como o recurso, à reforma (por um erro de julgamento) ou invalidação (por um erro de procedimento) de determinada decisão (sentença), atendida determinadas condições do art. 496 do CPC/2015). Trata-se de uma imposição legal (tratada como condição) por meio da qual a sentença (em sentido estrito, isto é, de 1ª instância) cujo conteúdo leve à sucumbência da fazenda pública (em determinadas condições, por exemplo, em valor superior a sessenta salários mínimos) deva, obrigatoriamente, ser reexaminada em 2º grau de jurisdição. 1 5 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 15 Seu julgamento (em 2ª instância) equivale, precisamente, ao julgamento de um recurso de apelação (por exemplo) em que se mantém, reforma ou invalida a decisão de 1ª instância. E por que não pode ser considerado como recurso? Em primeiro lugar, porque a própria ordem jurídica assim não o considerada e essa também é uma característica de que precisamos tratar – o princípio da legalidade e taxatividade aplicado aos recursos; Mas também porque, atendidas as premissas conceituais a que se chega pelas diversasfontes de direito que servem à ordem processual e das quais acima tratamos, vemos que somente se considera recurso o instrumento voluntário, tudo o que o reexame não é. No curso do processo Barbosa Moreira, como antes dito, advogou o recurso como um instrumento de impugnação “no próprio processo”, exatamente para diferenciá-lo de outras formas de impugnação que se fazem presentes por meio uma nova ação ou inaugurando um novo processo. Por exemplo, o mandado de segurança (Lei 12.016/09) e a ação rescisória são considerados, assim como os recursos, instrumentos de impugnação, inclusive contra decisões judiciais (atendidos certos limites), porém inauguram novos processos, distintos, portanto dos anteriores em que as decisões impugnadas foram proferidas. Mais uma vez, dizemos que o legislador é quem define o que é recurso, e poderíamos repetir, neste curso, que, por exemplo, ação rescisória não é recurso porque não é enquadrada como tal pela ordem jurídica. Mas a questão é maior: existe espaço, princípio lógico para justificar o conceito. A razão do 1 6 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 16 legislador (ratio legis) foi tratar o recurso como o prolongamento do direito de ação e não gerar, por ele, uma ação (ou processo) nova(o). Os instrumentos, portanto, assemelham-se. Veja: Por meio de uma ação rescisória em que se alega que um juiz IMPEDIDO proferiu determinada sentença, haverá, em caso de procedência (da rescisória), rescisão da coisa julgada e consequente anulação da referida sentença para que outra seja proferida (desta vez, por um juiz NÃO impedido); (ii) Contra aquela mesma sentença (do item “i”), poderia a parte interessada ter oferecido recurso de apelação cuja consequência (se provido) qual seria? Praticamente a mesma: seria invalidada, com prolação de nova decisão por um outro juiz. Existe, porém, uma distinção fundamental: enquanto a ação rescisória é proposta após o trânsito em julgado e, portanto, caracteriza um instrumento altamente repressivo, o recurso tenta evitar justamente aquele trânsito “viciado”, caracterizando o mencionado prolongamento da mesma ação (e não de uma nova). É lembrado, por exemplo, por Didier, que o recurso prolonga o estado de litispendência, frisando, como já se disse, que não se instaura um novo processo, exatamente porque estão fora do conceito de recurso as ações autônomas de impugnação, “que dão origem a processo novo para impugnar uma decisão judicial (ação rescisória, mandado de segurança contra ato judicial, reclamação constitucional, embargos de terceiro etc.)”. Já o próprio Barbosa Moreira ressalta, igualmente como acima defendido, ser o recurso “simples aspecto, elemento, modalidade ou extensão do próprio direito de ação exercido no processo”. 1 7 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 17 Por fim, para melhor ilustrar e concluir o ponto aprecie o quadro a seguir. Ação rescisória e Recursos: • 2 (dois) dos instrumentos, em última análise, de impugnação de decisões judiciais. Há outros. • Desfaz a coisa julgada material; • Busca Sua desconstituição; • Ação autônoma. • Evita a coisa julgada material; • Busca a reforma ou invalidação da decisão; • Incidente ou prolongamento do direito de ação. Como vimos, pretende-se, necessariamente, em um recurso, alguma (ou algumas, em relação de subsidiariedade) das seguintes pretensões: reforma invalidação, esclarecimento ou integração da decisão impugnada. Quando se pede cada uma dessas pretensões? Por que um recorrente pediria a reforma ao invés de pedir a invalidação, por exemplo? Em primeiro lugar, devemos separar 2 grupos de 2 cada, pela notória distinção de cabimento entre eles. ESCLARECIMENTO e INTEGRAÇÃO – esses pleitos são específicos do Recurso de Embargos de Declaração, objeto também deste Curso. Não se faz nenhum desses pedidos para qualquer outro recurso. Leia o quadro abaixo, sabedor, contudo, de que o conceito, de forma aprofundada, será visto em capítulo próprio, oportunamente. 1 8 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 18 ESCLARECIMENTO INTEGRAÇÃO CONCEITO: Quando se alega obscuridade ou, contradição. Quando se deseja sanar eventual omissão. EXEMPLO: Seria obscura uma sentença cuja redação não esteja suficientemente inteligível. Seria contraditória uma sentença em que haja textos com sentidos opostos na fundamentação e/ou dispositivo. Seria omissa uma sentençaque deixasse de julgar (apreciar) um dos pedidos apresentados pelo Autor da ação. Por que BARBOSA MOREIRA os incluiu no conceito de recurso? Porque desejou fazer um conceito que atendesse a todas as hipóteses (de recurso) previstas na ordem jurídica, mesmo que as pretensões referissem-se a apenas um dos recursos, especificamente. É verdade, portanto, que as pretensões de todos os demais recursos inserem-se no contexto de “reforma” ou “invalidação”, de que ora passamos a tratar. (ii) REFORMA e INVALIDAÇÃO – são as pretensões apresentadas em todos os demais recursos, mas cada qual com sua função. 1 9 PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 19 REFORMA INVALIDAÇÃO CONCEITO: Havendo “erro de julgamento”, pede-se a REFORMA, o que significa, em última análise, que se está pedindo ao juízo “ad quem” que revise a decisão e que se efetue um julgamento (pelo próprio Tribunal) correto para a questão suscitada. Havendo “erro de procedimento”, pede-se a INVALIDAÇÃO, o que significa, em última análise, que se está pedindo ao juízo “ad quem” que anule um ato decisório em dissonância com alguma determinação processual, o que, em regra, faz com que se pratique novamente, no juízo a quo, o ato processual invalidado. EXEMPLO: Julgar improcedente um pedido de indenização por danos morais que fora acolhido indevidamente (ou arbitrar esta indenização de forma adequada). É o que ocorreria se alguém, em violação, por exemplo, aos Artigos 186 e 927 do Código Civil, apreciasse inadequadamente um pleito de indenização. Anular uma sentença mal fundamentada ou determinados atos do processo por nulidade de citação ou por ausência de intimação do Ministério Público. Como se percebe, em todo recurso, é necessário pedir, assim como seu pleito, necessariamente, refere-se a ato decisório, razão pela qual Moreira menciona que se trata de instrumento voluntário em que se faz o pedido de reforma (entre os outros pedidos) da decisão que se impugna. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 20 Trata-se, portanto, de mais um dos instrumentos de impugnação que existem no direito brasileiro, como também o são o mandado de segurança e a ação rescisória. Princípios que constituem a base do direito processual civil que regula a matéria recursal Vimos anteriormente algumas características fundamentais dos recursos, as quais, no entanto, estão diretamente vinculadas (e até regulamentadas) por outros elementos tidos como de relevância máxima à ordem jurídica aplicável aos instrumentos ora sob estudo, ora derivando da Constituição, ora derivando de normas infraconstitucionais. Assim, podemos dizer que: Os recursos existem por conta do direito (que, em regra, faz-se presente) à revisão das decisões por outros órgãos (que, normalmente, fazem parte, inclusive, de outras instâncias), ampliando-se os graus dejurisdição – a este direito, dá-se o nome de duplo grau de jurisdição. Justamente porque é o recorrente quem toma a iniciativa de apresentar o recurso, em instrumento no qual serão apurados eventuais erros “de julgamento” ou “de procedimento” que o teriam prejudicado, a apreciação pelo juízo “ad quem” dá-se para manter ou alterar em favor do recorrente – é o que se costuma denominar de proibição à reformatio in pejus. Em matéria recursal, a legalidade incide fortemente, também porque se confunde com a competência que será dada aos órgãos jurisdicionais (nas revisões por que forem responsáveis), de maneira a conferir maior estabilidade e segurança jurídica aos instrumentos a serem utilizados, cujo cabimento (e demais características) não poderiam ficar à mercê de subjetividades e eventuais arbitrariedades dos magistrados – assim, a lei prevê, detalhadamente, os recursos cabíveis, bem como suas respectivas PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 21 características, tratando-se do que se denomina de princípio da taxatividade recursal. Como corolário da taxatividade, cada recurso tem uma função e cabimento específicos, a partir do que se costuma defender, em doutrina, que, salvo raras exceções, “para cada decisão, existe um (e apenas um) recurso cabível” – é o que se chama de singularidade (unicidade ou unirrecorribilidade). Atenção Na realidade, é um não princípio, isto é, em matéria recursal, em regra, não se admite que um recurso apresentado erroneamente seja admitido como se fosse o recurso correto – no entanto, excepcionalmente, admite-se o que se costuma denominar de fungibilidade, isto é, receber o instrumento equivocado como se o correto fosse. Duplo grau de jurisdição Segundo o Artigo 5º, LV, da CRFB/88, a todos os litigantes em processo administrativo ou judicial, assegura-se o direito ao contraditório e à ampla defesa, com todos os meios e recursos a ele inerentes. Ainda que haja a expressão “recursos”, não se está falando, necessariamente, do instrumento de impugnação a que se referia Barbosa Moreira no conceito acima estudado. Mas sim, de forma mais genérica, como uma garantia de se valer dos instrumentos teoricamente previstos na ordem jurídica. Há, realmente, o direito de recorrer, porém apenas nos limites expressos em lei e na própria Constituição. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 22 Não como uma garantia constitucional fundamental pertencente à base do Direito Processual. Não podemos deixar de mencionar, porém, a visão constitucional que é dada pela família Wambier, segundo a qual o referido princípio é considerado de caráter constitucional em virtude de estar umbilicalmente ligado à moderna noção de Estado de Direito o qual, por sua vez, exige o controle, em sentido duplo, das atividades do Estado pela sociedade. Repita-se, contudo, o que é dito, de uma forma geral, pelos processualistas no Brasil (e tende a ser majoritário): a referência a “recurso” do mencionado inciso não se refere ao sentido estrito do termo, ao sistema recursal processual, mas à possibilidade, em tese, de que toda decisão comporte impugnação por vias autônomas, de que os atos de poder, praticados pelo Judiciário, possam ser submetidos a controle das partes. O direito ao recurso, enfim, existe, mas respeitada a taxatividade antes citada (e mais abaixo mais bem esclarecida), e não simplesmente como consequência lógica de uma garantia fundamental prevista na Carta de 1988. A propósito, podemos demonstrar isso a você, isto é, que não há, necessariamente o direito ao duplo grau. Veja por meio de 2 (dois) exemplos: Não há, necessariamente, o direito ao duplo grau. Veja por meio de alguns exemplos: Nos Juizados especiais, não é cabível recurso contra sentença, que seja direcionado ao Tribunal, ou seja, cabe recurso, porém a ser julgado dentro da mesma instância (a 1ª instância) (artigos 41 e seguintes da Lei 9.099/95); Não é cabível, em regra, recurso contra acórdãos proferidas em 1º grau de jurisdição, na competência originária dos Tribunais: por exemplo, Mandado de Segurança de competência originária da Câmara Cível do Tribunal de Justiça do PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 23 Estado do Rio de Janeiro. É cabível, como já se disse acima, somente nos limites do que a Lei e.ou a Constituição permitir: Proibição à reformatio in pejus Neste momento, reflita sobre a seguinte situação: Em ação de indenização por danos morais, o juiz acolhe o pleito e o arbitra em X reais, com o que (somente) o autor não concorda e recorre (da sentença). Em 2ª instância, o Tribunal percebe que não havia qualquer prova do fato que teria gerado os referidos danos morais, verificando que, verdadeiramente, o pedido deveria ter sido julgado improcedente no 1º grau de jurisdição. Por justiça e atendendo a todo o direito material (Código Civil ou Código de Defesa do Consumidor, por exemplo) aplicável ao caso, o Tribunal deveria reformar a decisão e julgar improcedente o pedido? Veja a seguir. A resposta que se impõe é negativa exatamente por conta do princípio ora sob estudo. Por esse princípio, a alteração na decisão recorrida faz-se nos limites do recurso interposto, e não contra o próprio recorrente – salvo quando, por conta da aplicação da devolutividade recursal (e autorizado pela ordem jurídica aplicável), impõe-se uma reforma que agrave, na prática, a situação do recorrente (como quando se anula todo o processo por uma matéria processual de ordem pública – por exemplo, por incompetência absoluta). Não se trata, porém, de uma exceção à proibição à reformatio in pejus, mas sim de simples aplicação da profundidade da devolutividade. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 24 Pelo princípio em questão, portanto, se um Réu, único recorrente, pede, em seu recurso, a redução da indenização imposta, não é admitido ao Tribunal que ela (indenização) seja elevada como resultado do recurso de quem requereu sua redução. Temos, por exemplo, a Súmula 45 do STJ, segundo a qual é vedado ao tribunal agravar a situação da Fazenda Pública em julgamento de reexame necessário (cujos efeitos, como já se disse neste Curso, são praticamente idênticos aos de um recurso). Veja a seguir alguns argumentos utilizados por José Carlos Barbosa Moreira, em favor do princípio em questão: Se o interesse recursal é pressuposto de admissibilidade recursal, seria evidente contradição imaginar que para o recorrente possa advir qualquer utilidade de pronunciamento que lhe seja desfavorável; Se nem mesmo por provocação do apelante poderia o tribunal reformar a decisão para pior, menos ainda se concebe que pudesse fazê-lo sem tal provocação. Princípio da taxatividade recursal Como esclarecido por Didier, consiste na exigência de que a enumeração dos recursos seja taxativamente prevista em Lei. Somente existem recursos legalmente previstos, considerada a Lei, em seu sentido mais amplo (isto é, desde regimentos internos até a constituição, nos limites gerais por esta estabelecidos). Estamos falando, portanto, não apenas do artigo art. 994 do CPC/2015, como de inúmeros outros dispositivos legais como os artigos 41 e seguintes da Lei 9.099/99 e a Lei 6830/80 (Lei de execução fiscal), que trazem recursos específicos à matéria que regulam. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 25 Falamos ainda de diversos regimentos internos de tribunais estaduais e federais, que fazem previsões de determinadosrecursos comumente denominados de agravos internos, isto é, recurso contra decisão monocrática de desembargador relator, provocando a revisão da matéria pelo colegiado de que este (julgador) faça parte. Singularidade (unicidade ou unirrecorribilidade Faça-se a seguinte indagação: É possível interpor 2 (dois) recursos, simultaneamente, contra a mesma decisão? Em regra, não. Justamente pelo princípio em questão (também denominado de unirrecorribilidade), segundo o qual contra cada decisão cabe apenas um recurso. Assim ocorre, porém, nos limites da Lei, o que significa dizer que, excepcionalmente, justamente porque por ela (Lei) admitido, pode-se interpor mais de um recurso contra a mesma decisão. Por este princípio, por exemplo, contra decisão interlocutória em 1ª instância, cabe (somente) recurso de agravo, enquanto, contra sentença, cabe apenas recurso de apelação. Caberiam ainda contra estas mesmas decisões o recurso de embargos de declaração, mas não (segundo entendimento majoritário) simultaneamente com outros recursos e, ainda assim, com função diferente. Neste momento você terá a oportunidade de uma autoavaliação. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 26 DECISÃO RECURSO? PRAZO? A QUEM DIRECIONA? QUEM JULGA? OBSERVAÇÃO (eventual) Sentença em sentido estrito Decisões interlocutórias em geral, como indeferimento de prova. Decisões interlocutórias expressamente especificadas (e destacadas) por Lei, como decisões relativas ao mérito (como a que rejeita decadência) ou que inverte o ônus da prova. Decisões monocráticas, em sede de Tribunal. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 27 Decisão de única ou última instância, em que haja violações específicas, como à Lei federal e/ou à Constituição (1988). Atos decisórios em geral em que se alegue haver omissão, contradição ou obscuridade. Vejamos: PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 28 DECISÃO RECURSO? PRAZO? A QUEM DIRECIONA ? QUEM JULGA? OBSERVAÇÃ O (eventual) Sentença em sentido estrito Apelação art. 1009, CPC/2015) 15 dias art. 1003, CPC/2015 Ao juízo de 1ª instância Art. 1010, CPC/2015 Tribunal de Justiça ou TRF (2ª instância) Decisões interlocutórias em geral, como indeferimento de prova, não mencionadas, expressamente, no art. 1015 do CPC/2015 ou em qualquer outro, a respeito de agravo de instrumento Recurso de Apelação ou por meio de contrarrazões (Art. 1009, CPC/2015) Ao final, por ocasião da prolação da sentença/inter posição da apelação (arts. 1009 e seguintes, CPC/2015) Ao juízo de 1ª instância Art. 1010, CPC/2015. Tribunal de Justiça ou TRF (2ª instância) Não há mais a preclusão outrora existente no CPC/73, de maneira que a parte interessada calar-se-á, podendo, oportunamente , recorrer. Decisões interlocutórias expressamente especificadas (e destacadas) por Lei, como decisões relativas ao mérito (como a que rejeita decadência) ou que inverte o ônus da prova. Recurso de Agravo de Instrumento (Art. 1015, CPC/2015) 15 dias (PRAZO DOS RECURSOS, EM GERAL, SEGUNDO O CPC/2015) Tribunal de Justiça ou TRF (2ª instância) Tribunal de Justiça ou TRF (2ª instância) Forma-se por meio de instrumento, obtido por cópia de peças dos autos originais (não sendo eletrônicos, os autos) Decisões monocráticas, em sede de Tribunal. Agravo interno (ou Regimental) Ex.: 1021, CPC/2015 15 dias Colegiado responsável pela decisão recorrida. Colegiado responsável pela decisão recorrida. Decisão de única ou última instância, em que haja violações específicas, como à Lei federal e.ou à Constituição (1988). Recurso Especial (art. 105, III, CRFB/88) e.ou Recurso Ex traordinário (art. 102, III, CRFB/88) 15 dias (PRAZO DOS RECURSOS, EM GERAL, SEGUNDO O CPC/2015) Tribunal (Presidência ou Vice- presidência) do qual emanou a decisão recorrida. STJ (Recurso especial) e.ou STF (Recurso extraordinr io) Somente cabe recurso especial contra decisões de Tribunal, enquanto, ao extraordinário, cabe de qualquer instancia. Atos decisórios em geral em que se alegue haver omissão, contradição ou obscuridade. Embargos de declaração (art. 1022, CPC/2015) 15 dias Próprio juízo a quo Próprio juízo que proferiu a decisão recorrida Se os embargos forem considerados protelatórios, a parte será multada (art.1026, CPC/2015) PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 29 Com isso, propõe-se a melhor compreensão de como cada recurso tem não apenas o seu cabimento como características bem próprias. Com isso, propõe-se a melhor compreensão de como cada recurso tem não apenas o seu cabimento como características bem próprias. Fungibilidade Um dos requisitos de admissibilidade dos recursos é o CABIMENTO, o que significa dizer que a apresentação do recurso inadequado (que não atenda, por exemplo, aos cabimentos acima especificados) gera, em regra, sua inadmissibilidade. Excepcionalmente, porém, admite-se a FUNGIBILIDADE, isto é, aceitar um recurso não correto como se o adequado fosse. Em outras palavras, significa admitir, por exemplo, um Recurso de Agravo de Instrumento mesmo tendo ele sido interposto contra Sentença, desde que respeitados determinados requisitos construídos, ao longo das últimas décadas. O Código anterior (de 1939) previa a fungibilidade recursal em seu artigo 810: “Salvo a hipótese de má-fé ou erro grosseiro, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro, devendo os autos ser enviados à Câmara, ou Turma, a que competir o julgamento.” Os próprios requisitos do referido artigo, apesar de não repetido pelos Códigos seguintes, serviram de base à jurisprudência para fixar o que seria necessário à aplicação da fungibilidade nos dias atuais: i) DÚVIDA OBJETIVA e INEXISTENCIA DE ERRO GROSSEIRO – uma dúvida que seja do homem médio em determinada situação, isto é, boa parte dos profissionais do Direito, analisando-a, teria dúvida em qual recurso interpor. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 30 Atualmente, considerando que se tem buscado cada vez mais clareza nas normas (principalmente em recursos, alvo constante das últimas reformas do Direito Processual), assim como a técnica de julgamentos de questões repetitivas tem tornado os entendimentos jurisprudenciais mais estáveis, tem sido difícil a aplicação da fungibilidade. Diga-se ainda que, se uma dúvida é considerada como não-objetiva, consequentemente, tornar-se-á um errogrosseiro do recorrente, que deveria saber o recurso correto a interpor. A doutrina, porém, destaca esses 2 fatores como se fossem distintos (erro grosseiro e dúvida objetiva). Veja, caro profissional, o julgado abaixo, que reflete o entendimento do STJ a respeito da matéria (ainda sob a vigência do CPC/73): DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. É inviável o conhecimento de apelação interposta contra decisão que resolva incidentalmente a questão da alienação parental. O referido equívoco, na hipótese, impede a aplicação do princípio da fungibilidade recursal, o qual se norteia pela ausência de erro grosseiro e de má-fé do recorrente, desde que respeitada a tempestividade do recurso cabível. Por sua vez, pode-se dizer que haverá erro grosseiro sempre que não houver dúvida objetiva, ou, em outras palavras, quando (i) a lei for expressa ou suficientemente clara quanto ao cabimento de determinado recurso e (ii) inexistirem dúvidas ou posições divergentes na doutrina e na jurisprudência sobre qual o recurso cabível para impugnar determinada decisão. Assim, não se admite a interposição de um recurso por outro se a dúvida decorre única e exclusivamente da interpretação feita pelo próprio recorrente do texto legal, ou seja, se se tratar de uma dúvida de caráter subjetivo. Nesse contexto, não obstante o fato de a Lei 12.318/2010 não indicar, expressamente, o recurso cabível contra a decisão proferida em incidente de alienação parental, os arts. 162, §2º, e 522, do CPC o fazem, revelando-se, por todo o exposto, subjetiva PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 31 – e não objetiva – eventual dúvida do recorrente. Por fim, no caso de fundada dúvida – até mesmo para afastar qualquer indício de má-fé – a opção deverá ser pelo agravo, cujo prazo para interposição é menor que o da apelação, e que não tem, em regra, efeito suspensivo. REsp 1.330.172-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11.03.2014, Informativo nº 538). ii) OBSERVAÇÃO DO PRAZO – seria preciso interpor o recurso escolhido no prazo do recurso correto. Portanto, independente daquele recurso que se tenha escolhido, se, de fato, não foi adequado, somente será admitida a fungibilidade se, além do requisito anterior, houver sido apresentado o recurso (errado) no prazo do (recurso) correto ou, como é dito em diversos julgados do STJ, no prazo daquele no qual seria o “errado” transformado. O CPC/15 trouxe novidades relevantes sobre o tema, na medida em que, expressamente, autoriza EMENDAS típicas da fungibilidade, como frisado, por exemplo, por DIDIER JUNIOR (2016, vol. 3, p. 109): Art. 932, parágrafo único: Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível; Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional. Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça; Art. 1024, § 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 32 complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1o. Diante de tal realidade, não temos dúvidas de que, muito mais do que no CPC/73, o atual passa a admitir, expressamente, a fungibilidade, ainda que não de forma tão generalizada (como no CPC/39), porém de forma um tanto sistematizada, principalmente do supracitado art. 932 (parágrafo único). Por fim, não podemos deixar de chamar a atenção do profissional-leitor, neste capítulo de PRINCÍPIOS, para um novo processo civil que vem se consolidando nas últimas décadas, no direito brasileiro, principalmente com as reformas efetivadas a partir de 1998. A parte recursal, em especial, sofreu notáveis alterações, dentre as quais: (a) Simplificação da fase recursal, inclusive por limitações ao direito de recorrer influenciando até mesmo o duplo grau de jurisdição – por essas razões, recomendamos a leitura dos seguintes artigos: Súmulas e inadmissibilidade da apelação. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim e, in: FREIRA, Rodrigo da Cunha Lima (Coord.). Salvador: Juspodivm, 2007, p. 321-325 e A impugnação das decisões interlocutórias no processo civil, SOKAL, Guilherme Jales, in: FUX, Luiz (Coord.). Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 365-435. Por meio dessas leituras, concluir-se-á que se tem admitido no Brasil o que vem sendo chamado de contraditório e ampla defesa mitigadas, mitigadas pela força quase intransponível da obediência à tempestividade (como garantia igualmente constitucional), de maneira que o duplo grau de jurisdição, por exemplo, pode ser limitado na medida em que se perceba a desnecessidade de se ampliar o debate processual, pela estabilidade que se tenha formado sobre a questão sob análise. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 33 Também será percebido que o modelo de recorribilidade das decisões interlocutórias vem se transformando nas últimas décadas, exatamente pelas mesmas razões acima citadas, ou seja, respeitar um modelo processual em que aquilo que seja considerado desnecessário seja eliminado da atividade jurisdicional. Dessa forma, vem se buscando a máxima reunião das impugnações por ocasião do julgamento do recurso contra sentença, como, por exemplo, ocorre nos Juizados Especiais e, em parte, no processo do trabalho. Por esta razão, recomenda-se a leitura do artigo de Guilherme Gales. Concluímos o capítulo, portanto, frisando que o conceito de recurso e os princípios que formam sua base estão sendo interpretados e reconstruídos sob a influência dessa nova visão do processo, para a qual a regulamentação recurso é essencial, uma vez que, ninguém duvida, a inadequada mensuração dos recursos gera inexorável alongamento da atividade jurisdicional ou, se o enxugamento for exacerbado, atingirá como uma flecha fatal as garantias processuais por que tanto lutamos ao longo e imediatamente após o obscuro e indesejado período ditatorial por que passamos. Novo processo civil Queremos chamar a atenção, neste capítulo de princípios, para um novo processo civil que vem se consolidando nas últimas décadas, no direito brasileiro, principalmente com as reformas efetivadas a partir de 1998. A parte recursal, em especial, sofreu notáveis alterações, entre as quais: Simplificação da fase recursal, inclusive por limitações ao direito de recorrer influenciando até mesmo o duplo grau de jurisdição. Por meio dessas leituras, concluir-se-á que se tem admitido no Brasil o que vem sendo chamado de contraditório e ampla defesa mitigadas, e mitigadas pela força quase intransponível da obediência à tempestividade (como garantia PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 34 igualmente constitucional), de maneira que o duplo grau de jurisdição, por exemplo, pode ser limitado na medida em que se perceba a desnecessidade de se ampliar o debate processual, pela estabilidade que se tenha formado sobre a questão sob análise. Assim, chegou-se aos parágrafosdo Artigo 518 do CPC/73 (sem correspondente no NCPC), que autorizam o não recebimento da Apelação, já em 1ª instancia por estar a sentença fundada em Súmula do STJ ou STF (respeitados determinados limites, também sobre o que Teresa Wambier disserta em seu artigo cuja leitura se recomenda). Também será percebido que o modelo de recorribilidade das decisões interlocutórias vem se transformando nas últimas décadas, exatamente pelas mesmas razões acima citadas, ou seja, respeitar um modelo processual em que aquilo que seja considerado desnecessário seja eliminado da atividade jurisdicional. Dessa forma, vem se buscando a máxima reunião das impugnações por ocasião do julgamento do recurso contra sentença, como ocorre nos Juizados Especiais e, em parte, no processo do trabalho. Por essa razão, recomenda-se a leitura do artigo de Guilherme Gales. Atenção É importante frisar que o conceito de recurso e os princípios que formam sua base estão sendo interpretados e reconstruídos sob a influência dessa nova visão do processo, para a qual a regulamentação do recurso é essencial, uma vez que, ninguém duvida, a inadequada mensuração dos recursos gera inexorável alongamento da atividade jurisdicional ou, se o enxugamento for exacerbado, atingirá como uma flecha fatal as garantias PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 35 processuais por que tanto lutamos ao longo e imediatamente após o obscuro e indesejado período ditatorial por que passamos. Referências DIDIER JUNIOR, Fred e CUNHA, Leonardo José Carneiro, Curso de Direito Processual Civil, 8 ed. v.3. Salvador: Jus Podium, 2010, p. 19. CAMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015. DIDIER JUNIOR, Fred. Curso de Direito Processual Civil, 17 ed. v.1. Salvador: Jus Podium, 2015. DIDIER JUNIOR, Fred, BRAGA, Paula Sarmo, OLIVEIRA, Rafael Alexandria. Curso de Direito Processual Civil, 11 ed. v.2. Salvador: Jus Podium, 2016. DIDIER JUNIOR, Fred, CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil, 13 ed. v.3. Salvador: Jus Podium, 2016. DONIZETTI, Elpidio. Curso didático de direito processual civil. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2016. FLEXA, Alexandre, MACEDO, Daniel, BASTOS, Fabrício. Novo Código de Processo Civil – temas inéditos, mudanças e supressões.2 ed. Salvador: Jus Podium, 2016. MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2003. v. 5. p. 233. SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de direito constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. SOKAL, Guilherme Jales. A impugnação das decisões interlocutórias no processo civil. In: FUX, Luiz (Coord.). O novo processo civil brasileiro – direito em expectativa. Rio de Janeiro: Forense, 2011. PINHO. Humberto Dalla Bernadina de Pinho. Direito processual civil contemporâneo – teoria geral do processo. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2016. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 56 ed. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2015. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 36 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 50 ed. Vol. II. Rio de Janeiro: Forense, 2016. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil – teoria geral do direito processual civil e o processo de conhecimento. 52. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. v. 1. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Súmulas e inadmissibilidade da apelação. In: FREIRA, Rodrigo da Cunha Lima (Coord.). Salvador: JusPodivm, 2007. WAMBIER, Luiz Rodrigues; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Breves comentários à 2ª fase da Reforma do Código de Processo Civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Revista de processo - REPRO. Ano 36 – 192. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. Exercícios de fixação Questão 1 Opte pela alternativa em que não há uma característica elementar ao “recurso”. a) É voluntário. b) Dá-se no curso do processo. c) Nele, traz-se, sempre, uma das seguintes pretensões: reforma, invalidação ou rescisão da coisa julgada. d) Trata-se de um instrumento de impugnação. Questão 2 Analise o julgado abaixo e especifique a característica ausente, ou seja, aquele que fez com a impugnação não fosse admitida, e marque a alternativa que corresponde a reposta correta. “DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRECLUSÃO DA FACULDADE DE REQUERER HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS EM PROCESSO EXECUTIVO. Há preclusão lógica em relação à faculdade de requerer o arbitramento dos honorários sucumbenciais relativos à execução na hipótese em que a parte exequente, mesmo diante de despacho citatório que desconsidera o pedido de PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 37 fixação da verba feito na petição inicial, limita-se a peticionar a retenção do valor correspondente aos honorários contratuais, voltando a reiterar o pleito de fixação de honorários sucumbenciais apenas após o pagamento da execução e o consequente arquivamento do feito. (...) De acordo com essa moldura fática, a parte exequente deveria ter se insurgido, por meio da via processual adequada, contra a ausência de fixação dos honorários sucumbenciais. Ao não agir dessa forma, consolidou-se o fato de não incidência dos honorários sucumbenciais”. a) Necessidade de provocação. b) Julgamento em 2ª instância. c) Pedido de reforma. d) Devolutividade. Questão 3 Analise as assertivas abaixo para, em seguida, optar pela alternativa correta. I. Por meio de uma ação rescisória em que se alega que um juiz IMPEDIDO proferiu determinada sentença, haverá, em caso de procedência (da rescisória), rescisão da coisa julgada e consequente anulação da referida sentença para que outra seja proferida (desta vez, por um juiz NÃO impedido). II. Contra a mesma sentença (do item “i” acima), poderia a parte interessada ter oferecido recurso de apelação cuja consequência (se provido) seria praticamente a mesma: seria invalidada, com prolação de nova decisão por um outro juiz. III. Existe uma distinção fundamental entre ação rescisória e recurso: enquanto a ação rescisória é proposta após o transito em julgado e, portanto, caracteriza um instrumento altamente repressivo, o recurso tenta evitar justamente aquele trânsito “viciado”, caracterizando o mencionado prolongamento da mesma ação (e não de uma nova). a) Apenas a I está correta. b) Apenas a II está correta. c) Apenas a III está correta. d) Todas estão corretas. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 38 Questão 4 Algumas formas de qualificar ou mesmo conceituar recurso são difundidas na doutrina. Qual das opções abaixo não pode ser considerada como uma delas? a) O recurso prolonga o estado de litispendência. b) Dependendo do recurso, ele pode dar origem a processo novo ao impugnar determinada decisão judicial. c) O recurso é simples aspecto, elemento, modalidade ou extensão do próprio direito de ação exercido no processo. d) O recurso é um prolongamento do direito de ação. Questão 5 Em determinado processo, foi determinada a citação do réu na fase de conhecimento. Contra este “cite-se”, é cabível: I. Embargos de declaração, considerando-se caber esta espécie de recurso mesmo contra despacho. II. Agravo retido, considerando-se tratar-se de decisão interlocutória; III. Não é cabível recurso algum, nem mesmo embargos de declaração, por se tratar de mero despacho, no qual não se enxerga vício, nem mesmo falta de clareza ou omissão. a) Apenas a I está correta. b) Apenas a II está correta.c) Apenas a III está correta. d) Todas estão corretas. Questão 6 Podemos afirmar, exceto: I – Os recursos existem por conta do direito (que, em regra, faz-se presente) à revisão das decisões por outros órgãos (que, normalmente, fazem parte, inclusive, de outras instâncias), ampliando-se os graus de jurisdição – a este direito, dá-se o nome de duplo grau de jurisdição. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 39 II – Justamente porque é o recorrente quem toma a iniciativa de apresentar o recurso, em instrumento no qual serão apurados eventuais erros “de julgamento” ou “de procedimento” que o teriam prejudicado, a apreciação pelo juízo “ad quem” dá-se para manter ou alterar em favor do recorrente – é o que se costuma denominar de proibição à reformatio in pejus. III – Em matéria recursal, a legalidade incide fortemente, também porque se confunde com a competência que será dada aos órgãos jurisdicionais (nas revisões por que forem responsáveis), de maneira a conferir maior estabilidade e segurança jurídica aos instrumentos a serem utilizados, cujo cabimento (e demais características) não poderiam ficar à mercê de subjetividades e eventuais arbitrariedades dos magistrados – assim, a Lei prevê, detalhadamente, os recursos cabíveis, bem como suas respectivas características, tratando-se do que se denomina de princípio da taxatividade recursal. a) Apenas a I está correta. b) Apenas a II está correta. c) Apenas a III está correta. d) Todas estão corretas. Questão 7 Aprecie o texto abaixo, que está de acordo com a ordem jurídica para, em seguida, optar pela assertiva correta. “Como corolário da taxatividade, cada recurso tem uma função e cabimento específicos, a partir do que se costuma defender, em doutrina, que, salvo raras exceções, “para cada decisão, existe um (e apenas um) recurso cabível” – é o que se chama de SINGULARIDADE (UNICIDADE ou UNIRRECORRIBILIDADE)". a) Podemos concluir, portanto, que contra uma sentença, não seria possível apresentação simultânea de embargos de declaração e apelação, ainda que por partes distintas. b) Podemos concluir, portanto, que contra uma decisão interlocutória, não poderia a mesma parte interpor agravos de instrumento e agravo retido. PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 40 c) Podemos concluir, portanto, que, contra um acórdão de apelação, não poderiam ser apresentados recurso especial e recurso extraordinário pela mesma parte. d) Podemos concluir, portanto, que contra um acórdão, não seria possível apresentação simultânea de embargos de declaração e embargos infringentes, ainda que por partes distintas. Questão 8 A aplicação da fungibilidade, em caráter excepcional, depende de: I – Dúvida objetiva. II – Interposição do recurso no prazo daquele no qual ele poderia ser convolado. III – Inexistência de erro grosseiro. a) Apenas a I está correta. b) Apenas a II está correta. c) Apenas a III está correta. d) Todas as alternativas estão corretas. Questão 9 A respeito do duplo grau de jurisdição, pode-se dizer, exceto: a) Trata-se de princípio com garantia constitucional expressa, tal como se defende pela maioria da doutrina e jurisprudência. b) Há, de fato, o direito de recorrer, porém apenas nos limites expressos em Lei e na própria Constituição; não como uma garantia constitucional fundamental pertencente à base do Direito Processual. c) Existe, é verdade, determinada visão constitucional, dada, por exemplo, pela família WAMBIER, segundo a qual o referido princípio é considerado de caráter constitucional em virtude de estar umbilicalmente ligado à moderna noção de Estado de Direito, o qual, por sua vez, exige o controle, em sentido duplo, das atividades do Estado pela sociedade. d) A referência a “recurso”, no Artigo 5º da Constituição (inciso LV), não se refere ao sentido estrito do termo, ao sistema recursal processual, mas à PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 41 possibilidade, em tese, de que toda decisão comporte impugnação por vias autônomas, de que os atos de poder, praticados pelo Judiciário, possam ser submetidos a controle das partes. Questão 10 Podemos mencionar como limitações ao duplo grau de jurisdição: I – O revogado art. 518, com seus parágrafos, do CPC/73 já demonstrava, mesmo antes do novo CPC, o ímpeto de limitar o direito de recorrer: caso a sentença estivesse fundada em súmula do STJ ou STF, eventual recurso sequer deveria ser recebido. Naturalmente, esta decisão estava sujeita ao recurso de agravo, mas, de qualquer forma, tratava-se de uma autorização legal para NÃO RECEBER a apelação, mitigando, naturalmente, o chamado duplo grau de jurisdição; II – Nos Juizados especiais, não é cabível recurso contra sentença, que seja direcionado ao Tribunal, ou seja, cabe recurso porém a ser julgado dentro da mesma instância (a 1ª instância) (artigos 41 e seguintes da Lei 9.099/95); III – Não é cabível, em regra, recurso contra acórdãos proferidas em 1º grau de jurisdição, na competência originária dos Tribunais: por exemplo, Mandado de Segurança de competência originária da Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. É cabível, como já se disse acima, somente nos limites do que a Lei e.ou a Constituição permitir: Neste caso, por exemplo, é cabível somente se a decisão for denegatória. a) Apenas a I está correta. b) Apenas a II está correta. c) Apenas a III está correta. d) Todas as alternativas estão corretas. Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 42 Justificativa: Questão 2 - B Justificativa: Questão 3 - D Justificativa: Questão 4 - B Justificativa: Questão 5 - C Justificativa: Questão 6 - B Justificativa: Questão 7 - B Justificativa: Questão 8 - B Justificativa: Questão 9 - A Justificativa: Questão 10 - D Justificativa: PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES 43 Introdução Meu caro profissional, pós-graduando, nesta segunda aula, trataremos da força dos precedentes jurisdicionais, por meio dos instrumentos criados e fortalecidos nas últimas 2 (duas) décadas. Instrumentos como a sentença liminar (ou improcedência liminar), as súmulas impeditivas de recursos (mecanismo muito ampliado no CPC/2015, inclusive), os julgamentos monocráticos com base em jurisprudência dominante e os recursos excepcionais repetitivos foram se fortalecendo até surgirem quase intransponíveis no NCPC, como veremos nesta Aula. Instrumentos como esse, demonstram uma demanda legislativa clara por aglutinar, o máximo possível, as teses e questões repetitivas, de maneira a julgá-las sempre no mesmo sentido, o que se atingiria, segundo que se tem pensado dentre boa parte dos juristas brasileiros, uma maior estabilidade jurisdicional, respeito à isonomia e, consequentemente, elevaria a segurança jurídica. Será que você conhece bem esses instrumentos? Vamos a eles. Objetivo: 1. A devida percepção da relevância dos precedentes e como se tem construído um modelo de julgamentos por amostragem (por casos-pilotos), que vem sendo construído nas últimas 2 (duas) décadas no direito processual civil brasileiro. Para tanto, será necessário conhecer os principais fundamentos dos instrumentos caracterizadores desse modelo (já existentes no direito brasileiro); 2. Com o mesmo propósito, demonstraremos que o atual Código de Processo Civil mantém os instrumentos já existentes, porém os fortalece,
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