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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS SÓCIO-HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO DOCENTE: PROF. MS. OSVALDO BARBOSA MAIA RESUMO O PIONEIRISMO INGLÊS Letícia Bicalho Canêdo Discente: Adriana Pimenta Barbosa Pessoa. João Pessoa – PB 2017 RESUMO Texto: O Pioneirismo Inglês. Autor(a): Letícia Bicalho Canêdo. O sucesso da Revolução Industrial dependeu de vários tipo de expansão (econômica, técnica e científica), ademais a criação das fábricas e seu maquinário com rápida produção, em larga escala e baixo custo operacional, dentro de um modelo econômico liberal, adotado com o comércio ultramarino. A Exploração da Força de Trabalho Os antigos camponeses e artesãos que migraram da zona rural para a zona urbana, em busca de trabalho e qualidade de vida, depararam-se com sofrimentos e privações em graus inimagináveis. Segundo relatos do juiz do condado de Broughton, crianças de 9 a 10 anos eram acordadas cedo na madrugada e eram obrigadas a trabalhar até o final da noite, para ganhar apenas o necessário para sobreviverem. Ainda, para Valpy, configurava-se como uma escravidão no sentido social, físico, moral e intelectual. Para ele, os escravos viviam em condições mais humanas. A situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra Pior que o advento da fábrica, as condições humanas desencadeadas por esta instituição eram abusivas, exploratórias, com carga horária excessiva, trabalho infantil e sujeitos a acidentes por exaustão. As condições de habitação desses trabalhadores representavam perigo extremo para a saúde dos mesmos. Cubículos mínimos, sujos e superlotados, sem saneamento ou água. As Manufaturas A primeira forma de produção capitalista foram as manufaturas, com métodos artesanais especializados e divididos. Onde dezenas e centenas de pessoas produziam separadamente, apenas uma parte do produto final. Com essa inovação na divisão do trabalho, os capitalistas modificaram as relações sociais de trabalho ao criarem o salário. O trabalhador antes artesão, passou a vender sua força de trabalho, tornando-se mercadoria. A Revolução Industrial piorou a vida da maioria dos trabalhadores ingleses que passaram enfrentar longa jornada de trabalho, sob duras condições de produção, sujeitos a acidentes nas máquinas, além de receberem salários ínfimos. Os órfãos e as mulheres eram submetidos às piores condições e com salários ainda menores. O processo de Industrialização no Brasil, que se instaurou nas grandes capitais também trouxe fascínio para muitos moradores da zona rural, que migraram para as zonas urbanas em busca de melhorias e qualidade de vida. Em seu relato de experiência, a autora aponta as inúmeras tecnologias disponíveis na capital, a grandiosidade na arquitetura e o luxo das lojas, mas se exaspera com as atitudes e relações humanas construídas naquele contexto social, que para ela foram cruéis, injustas e desumanas. Desenvolvendo uma certa aversão ao mecanismo social gerado. Canêdo afirma que as centenas de milhares de homens e mulheres expulsos do campo e transformados em proletários, passaram a viver em condições degradantes, em aglomerados sem higiene, sem saúde e sujeitos à fome, prostituição e ao alcoolismo. Ela sustenta ainda que não há base para afirmar que o processo de industrialização trouxe melhorias de qualidade de vida para a classe trabalhadora. A Revolução Industrial foi antes de tudo uma mudança social que transformou de forma irreversível a vida dos homens e mulheres, sobretudo dos pobres, estimulando um enorme processo de segregação de classes, onde é possível perceber que o bem-estar da burguesia se sustenta do pesar do proletariado. Contudo, a Revolução Industrial promoveu enormes mudanças no destino da mulher, posto que a produção capitalista substituiu os velhos costumes e os direitos históricos de compra e venda, pelo contrato livre; sendo necessário que as pessoas para serem contratadas, precisavam dispor livremente de sua pessoa, suas ações, seus bens e que gozem dos mesmos direitos. Consequentemente, a Revolução Industrial contribuiu para a emancipação das mulheres, mesmo que essa "liberdade" e "igualdade" tenham ficado subordinadas à antiga divisão de trabalho, na qual mulheres e crianças foram utilizadas em massa, nas novas indústrias. No Brasil, os avanços industriais chegaram em forma de importação, pois o processo de industrialização demanda de um conjunto de exigências econômicas e históricas, internas e externas à sociedade dada. Embora a técnica não fosse complicada e pudesse ser facilmente copiada, com a ajuda dos mestres de ofício, enquanto a Europa se ocupava com os avanços industriais, o Brasil insistia em manter a instituição da escravidão. Quando a escravidão foi abolida em 1888, muitos imigrantes pobres vieram para o Brasil; alfabetizados e com hábitos urbanos, dotados de habilidades técnicas desconhecidas no país. Enquanto isso, na Europa, as técnicas já tinham sido aperfeiçoadas, criando-se assim um enorme fosso, com diferença entre as técnicas tradicionais, conhecidas pelos imigrantes e as técnicas e conhecimentos científicos refinados, desenvolvidos em alguns países europeus. Diante da falta do conhecimento técnico-científico educacional, o Brasil teve de importar o maquinário e as técnicas, para poder iniciar o processo de industrialização brasileira. Uma grande transformação O mito do Titã Prometeu, que roubou o fogo (propriedade dos deuses do Olimpo), e entregou aos homens, que passaram a dominar a técnica de sua obtenção e conservação. E por isso foi castigado por Zeus, que o puniu severamente, acorrentando-o a um rochedo e condenando-o ao suplício eterno. O professor David Lanes escreveu um célebre livro sobre a Revolução Industrial, intitulado Prometeu desacorrentado, fazendo uma comparação entre o mito do Titã Prometeu e o complexo processo de inovações tecnológicas ocorridas na Inglaterra, no século XVIII, que libertou das correntes da ignorância o poder produtivo das sociedades humanas, favorecendo a rápida, constante e ilimitada multiplicação da produção de homens, mercadorias e serviços. São inúmeras as inovações tecnológicas produzidas durante o século XVIII, no entanto na tentativa de agrupar esses feitos, eles serão resumidos em três principais: 1. O surgimento de máquinas modernas, dotadas de mecanismos autômatos, que antes eram realizados por ferramentas movidas pela ação humana; 2. A utilização do vapor, como fonte de energia; 3. A melhoria na obtenção e trabalho de novas matérias primas, como os minerais, que impulsionaram a metalúrgica e a indústria química. Essas mudanças evidenciam a passagem da economia agrária artesanal, para a indústria e o maquinismo, que se consolidou com as novas formas de organização do trabalho produtivo. Saindo da produção domiciliar com mercado pequeno, para a existência de fábricas providas de máquinas à vapor, com centenas de trabalhadores, ocupados na produção em série, para um mercado desconhecido e cada vez maior. De um lado o empresário,dono do aparelho, do material e do produto final do trabalho e do outro o antigo artesão, transformado em vendedor de sua única propriedade, sua força de trabalho. O lucro ficará com o proprietário e ao trabalhador restará o salário. Portanto, o capitalismo propriamente dito, ganhou forma e vigor com a grande indústria. A Revolução Industrial trouxe também junto com suas chaminés, um crescente aumento na poluição atmosférica, casas empilhadas, a substituição do trabalho do homem, o abandono das aldeias e superpopulação das cidades, bem como construção de amplas estradas, os primeiros trilhos de ferro, rápidas locomotivas e navios a vapor. Essas informações se estenderam de forma desigual pela Europa e além-mar. Acreditava-se que tudo teria começado em 1769, quando James Watt aperfeiçoou a máquina a vapor e em seguida foi aperfeiçoada por um escocês, o tear hidráulico para indústria têxtil. Porém, não há como estabelecer uma data inicial para esse processo tão complexo. Antes da sociedade inglesa, outras sociedades obtiveram desenvolvimento tecnológico razoável, mas todos voltados para auxiliar no trabalho dos homens. Nenhuma sociedade anterior conseguiu substituir o trabalho humano por máquinas e durante muitos séculos, a ciência esteve separada da técnica. Civilizações como a grega, tiveram avanços expressivos no comércio, na indústria, na arte e na ciência, com conhecimentos sobre o método científico, mas não realizaram nenhum avanço na mecânica, pois eles utilizavam a força servil ou escrava. Apesar disso, nomes como Arquimedes e depois Leonardo Da Vinci, na renascença, que era um sábio engenheiro preocupado em elevar a mecânica ao nível de uma ciência aplicada, existiram, mas não houve continuidade desse processo, até o século XVIII. A sistematização e a combinação da ciência com a técnica ocorreram em resposta aos descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI. O comércio ultramarino requeria objetos fabricados em grandes quantidades, forçando a indústria artesanal a se modificar, transformando-se em manufatura, sob a égide efetiva do capitalismo que impunha a divisão do trabalho. O sucesso das invenções na Inglaterra se deu pelo interesse científico, que visava o lucro, dentro da expansão do mercado marítimo, tornando possível e necessária a aplicação na indústria, de tecnologias derivadas da conquista científica. Essas aplicações dependiam da sucessiva inter-relação de eventos. A própria máquina a vapor só foi possível depois dos estudos des gases de Boyle, das investigações sobre a física do calor de Blach e Carnet, dos trabalhos sobre conservação de energia de Helmholtz, das experiências de Faraday sobre a eletricidade e o magnetismo, criando o dînamo ou o motor elétrico. E da química, precursora da indústria do ferro, aço e petróleo. Porém, não se explica a Revolução Industrial, apenas pela aceleração do crescimento tecnológico, houve também um crescimento econômico, em virtude de transformações socioeconômicas, êxodo rural contribuindo para aumento da mão de obra industrial, substituição da manufatura pela fábrica e transferência de capitais do campo para a cidade. Mas essas modificações só começaram a ser visíveis por volta de 1780, com os elevados índices estatísticos, ligados a produção a vapor, tecelagem, cerâmica, mineração e metalúrgica. Já a expressão Revolução Industrial, só foi criada no século XIX, por socialistas franceses, em analogia a Revolução Política na França. A primeira obra dedicada especificamente ao tema, foi de um inglês, mas foi Marx o primeiro a captar o sentido real das transformações da Revolução Industrial, com o primeiro volume chamado O Capital, em 1867. Atualmente existe vasta bibliografia sobre o assunto, dada a vasta importância das transformações derivadas da Revolução Industrial. O Desenvolvimento Científico no começo do século XIX A Revolução Industrial incentivou e foi incentivada pelas inovações na ciência e na tecnologia. O capitalismo transformou o conhecimento em mercadoria valiosa e numa fonte de lucros. Houveram descobertas no campo da astronomia e matemática. No início do século XX, com o alemão Einstein, tivemos avanços novamente na matemática e posteriormente na física e na mecânica quântica. Na química com Dalton, Berzelius, Orted e Wöhler. Na biologia com Brown, Dutrochet, Schleiden, Schwan e o holandês Mulder. Ainda no século XIX, os transportes melhoraram com as estradas pavimentadas e avanços na engenharia civil, com McAdam e Aspdin. Criação da locomotiva, barcos a vapor, o gerador e o motor elétrico, e a comunicação passou a ser efetuada em segundos, com a criação do telégrafo. As máquinas agrícolas foram aperfeiçoadas, criação de fertilizantes químicos. A invenção da fotografia, modificação do látex que passou a ser mais resistente após ser vulcanizado, invenção da bicicleta, padronização das peças e por fim, na medicina, a criação do estetoscópio.