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GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA CIVIL TRABALHO FINAL: AVALIAÇÃO GEOLÓGICA DE UMA REGIÃO COM VISTAS A UMA APLICAÇÃO ESPECÍFICA NA ENGENHARIA CIVIL 2 RESUMO Túneis são passagens que atravessam obstáculos. Geralmente subterrâneos, encontram-se isolados da superfície, sendo propício seu emprego para atividades indesejadas nessa esfera. Pode ser empregado para transporte de líquidos, como se faz desde os sistemas de saneamento da Roma Antiga, de gases, de minérios ou mesmo de passageiros, na forma de rodovias e ferrovias. Por constituir um sistema isolado e selado, está menos sujeito aos desastres naturais que operam à superfície, apresenta maior isolamento acústico, além de temperatura mais constante. No processo de construção de túneis, deve-se analisar qual o melhor método construtivo a ser empregado. A escolha depende das dimensões do túnel a ser escavado, da necessidade de conhecer a estabilidade das rochas a serem perfuradas, da uniformidade da formação rochosa, dos recursos hídricos da região, da possibilidade de interferência na superfície, da seção de escavação, entre outros. Como retratado anteriormente, várias são as vantagens com a utilização de túneis. No entanto, anteriormente a realização de uma obra dessa natureza, deve-se analisar sua viabilidade tanto do ponto de vista econômico, quanto social e estrutural. Para tanto, são vários os estudos prévios realizados. Subdivide-se tais estudos em investigação prévia (levantamento de informações relativas à área), realização do planejamento e dos projetos, estudo de impacto ambiental da obra, mapeamentos geológico-geotécnico e levantamento da realidade socioeconômica da região e o impacto da obra sobre as mesmas. São empregados varados métodos investigativos para classificação geotécnica da área de implantação da obra, para tanto emprega-se algumas técnicas de prospecção como interpretação fotogeológica, cartografia da superfície, estudo hidrogeológico, classificação geomecânica e estudos de fraturação. Existe também a prospecção de informações em campo e deve-se optar pelo método mais adequado, tendo em vista o aspecto econômico, a formação geológica, precisão necessária, entre outros. À partir de um estudo breve relativamente aos tópicos anteriores, que envolvem as fases de projeto e análise de obras de túneis, foi analisada a possibilidade de realização de um projeto dessa natureza na região de Poços de Caldas, em Minas Gerais. Esse município encontra-se em uma região de intrusão alcalina, conhecida como intrusão alcalina de Poços de Caldas ou Maciço Alcalino. Tais intrusões provocaram a alteração e reorganização do embasamento cristalino, inicialmente composto por graníticas, gnáissicas e migmatíticas. Houve contato também com antigas formações sedimentares. Identificou-se três importantes sistemas de falhas, que atuam no sistema de drenagem local. Na região ocorrem latossolos, característica capacidade de infiltração e permeabilidade. Porém, no Complexo Alcalino, o solo é, em geral argiloso com ocorrência de arenito, bauxita e argilas refratárias. Como visto, o sistema de fraturas controla fortemente a hidrografia da região, composta predominantemente por rochas vulcânicas e plutônicas, a possibilidade de armazenar e transmitir água varia com seu grau de meteorização. Há, ainda, aquíferos granulares na região. A água subterrânea apresenta ainda algumas fontes pontuais de águas frias ou termais o que permite a identificação de zonas aquíferas rasas, intermediárias e de circulação profunda. Com base na literatura levantada e no caso estudado relativo a cidade de Poços de Caldas, estudou-se a viabilidade de realização de uma obra de túneis na região. No caso, determinou-se que não seria viável. 3 INTRODUÇÃO Segundo Harris (2014), de forma bastante simplificada “um túnel é simplesmente um tubo que atravessa o solo ou uma montanha”, sendo assim uma passagem horizontal localizada sob o solo. De acordo com Marangon 2006, os túneis têm por objetivo permitir a passagem direta através de obstáculos, podendo estes serem rios, canais, elevações, áreas povoadas ou outros. À exceção dos túneis utilizados em mineração, são elementos de transporte, podendo ser túneis rodoviários, ferroviários, de transporte de fluídos, de metrôs, entre outros Túneis de mineração são aqueles utilizados para extração de minérios, eles permitem que os operários e equipamentos tenham acesso aos depósitos de minérios e metais que ficam em camadas profundas do solo. As técnicas utilizadas para este tipo de túnel são semelhantes as empregadas em outros, porém são mais baratas e possuem menor segurança quando comparado aos túneis projetados para ocupação permanente (HARRIS, 2014). Túneis de serviços públicos servem para o transporte de fluidos como água, esgoto ou gás. Os primeiros túneis eram utilizados para levar água e retirar o esgoto de regiões densamente povoadas. Os engenheiros romanos usavam uma extensa rede de túneis para ajudar a transportar água das fontes, nas montanhas, para cidades e vilas (HARRIS, 2014). Túneis de transporte, foram inspirados nos canais e já no século XX os canais haviam sido substituídos por trens e carros como principais meios de transporte. O que levou à construção de túneis maiores e mais longos. O túnel Holland, terminado em 1927, foi um dos primeiros túneis feitos para estradas e ainda é um dos maiores projetos de engenharia já realizados no mundo, recebendo aproximadamente 100 mil veículos por dia entre Nova Iorque e Nova Jérsei (HARRIS, 2014). De acordo com SOUZA (2012), o espaço subterrâneo é maciço e encontra-se isolado da superfície, sendo assim um local que fornece bastante interesse para instalação de atividades indesejáveis na superfície. Além disso, a temperatura nos interiores dos maciços rochosos ou terrosos é mais uniforme quando comparada com a variação da temperatura que ocorre na superfície, e o espaço subterrâneo fornece, também, isolamento de climas adversos e pode fornecer quantidades substanciais de economia de energia. Ainda segundo SOUZA (2012), as estruturas subterrâneas são naturalmente protegidas contra fenômenos naturais como furacões, tornados, tempestades e até mesmo terremotos. São também ambientes que preservam produtos armazenados no seu interior, devido à relativa constância de temperatura, por ser um ambiente selado e fechado. Sendo também eficazes na proteção contra a transmissão de ruído aéreo e outras fontes de vibração. Os túneis rodoviários são considerados também, mais seguros que as rodovias, têm menor impacto visual que as rodovias em superfície, ajudam a preservar a vegetação natural, melhora o transporte em áreas montanhosas além de fornecer diversos benefícios sociais. 4 MÉTODOS CONSTRUTIVOS Segundo HARRIS (2014), foi Marc Isambard Brunel, um engenheiro francês, quem inventou o primeiro shield para túneis, em 1825, para que pudesse escavar o túnel Tâmisa, em Londres, na Inglaterra. O shield de Brunel era composto, por “12 armações conectadas e protegidas nas partes superior e lateral por placas pesadas chamadas de aduelas. Ele dividiu cada armação em três áreas de trabalho, ou células, nas quais os escavadores podiam trabalhar com segurança. Uma parede de peças de madeira curtas, ou tábuas de contenção, separava cada célula da face do túnel. Um escavador removia uma tábua, tirava de 7,5 cm a 10 cm de argila e recolocava a tábua. Quando todos os escavadores de todas as células tivessem completado este processo em uma seção, potentes macacos de rosca empurravam o shield adiante. ” Tal método Veio a fundamentar o atual método mecanizado (TBM - Tunnel Boring Machines). Para cavar um túnel, os operários geralmente usavam duas técnicas básicas, o método de escavação plena, no qual é escavado todo o diâmetro do túnel ao mesmo tempo (apropriadapara túneis menores ou de solos resistentes). E uma também chamada “top- heading-and-bench”, onde os operários cavam um túnel direcionador, menor e posteriormente começam a escavar abaixo da margem do direcionador superior. Uma das vantagens é que antes de prosseguir com a execução, os engenheiros podem utilizar o túnel direcionador para medir a estabilidade da rocha (HARRIS, 2014). Outros três dos métodos construtivos empregados na construção de túneis são: Trincheiras ou Vca (Valas A Céu Aberto), Túneis Mineiros (NATM - New Austrian Tunnelling Method) e Mecanizado (TBM - Tunnel Boring Machines). Trincheiras Ou Vca (Valas A Céu Aberto), este método é utilizado em condições geológicas variadas, sendo conhecido por ser um método destrutivo e que tem grande intervenção na superfície possui baixo recobrimento, chegando a 20m de profundidade e é aplicável onde seja possível a intervenção sem grandes transtornos. Também é conhecido como cut-and-cover. Uma variação desse processo, conhecido como "método invertido" ou cover-and-cut, é utilizada quando a ocupação temporária da superfície precisa ser abreviada devido às condições locais (CPTM, 2014). De acordo com HARRIS (2014), tal método também pode ser utilizado em túneis construídos sob leitos de rios, baías e outros locais com água . O método de Túneis Mineiros (NATM - New Austrian Tunnelling Method) é um bom método para construir túneis e estações subterrâneas de grandes dimensões. Possui vantagem de se adaptar a seção de escavação, pois esta pode ser mudada a qualquer ponto a depender da necessidade. Há casos, em que outras medidas associadas à aplicação desse método são necessárias como rebaixamento do lençol freático, revestimento prévio e/ou injeções químicas ou de cimento (CPTM, 2014). “O NATM consiste na escavação sequencial do maciço utilizando concreto projetado como suporte, associado a outros elementos como cambotas metálicas, chumbadores e fibras no concreto, em função da capacidade autoportante do maciço” (CPTM, 2014). No caso de mezaninos próximos à superfície, entre 1 e 4 metros de profundidade, bem como de áreas onde há tráfego intenso, o NATM pode não ser a solução mais adequada devido à baixa cobertura de solo, a menos que sejam utilizados sistemas auxiliares (CPTM, 2014). 5 O método mecanizado (TBM - Tunnel Boring Machines) foi um grande avanço na técnica de construção de túneis, com a utilização de máquinas para a escavação de rochas duras substituindo a escavação por meio de explosivos (CPTM, 2014). O Metrô de São Paulo foi o primeiro a utilizar no Brasil, uma máquina tuneladora de grande diâmetro que a população paulistana logo apelidou de "tatuzão". Esse método construtivo foi aplicado desde a Linha 1-Azul, executada nos anos 70, até o novo projeto da Linha 4-Amarela, que previa a utilização de uma grande máquina para a escavação dos túneis de via (CPTM, 2014). A escavação é efetuada por equipamento mecanizado, com frente aberta ou fechada, sob a proteção da couraça. Imediatamente atrás, ainda dentro da couraça (eventualmente fora dela, quando o maciço permitir), é montado o revestimento segmentado pré-moldado de concreto (ou metálico). O avanço da máquina se dá pela reação de macacos contra os anéis de revestimento já montados. No caso de TBM para rocha, sem couraça, o avanço se dá mediante sapatas ancoradas nas paredes laterais do túnel (CPTM, 2014). FATORES QUE INFLUENCIAM A CONSTRUÇÃO DE TÚNEIS A utilização do espaço subterrâneo é realizada em virtude de diversos fatores positivos que o mesmo acarreta. Segundo SOUZA (2012), alguns aspectos favoráveis para o uso são: • Isolamento da superfície: a condição subterrânea é favorável climaticamente, uma vez que ele propicia um ambiente térmico moderado e uniforme em comparação à superfície. Também verificamos benefícios quanto a proteção, tanto aos desastres naturais, quanto a contenções de atividades indesejáveis a população, além de segurança de trafegabilidade e fiscalização; • Preservação ambiental: O tipo de construção provoca menos impactos ambientais que as tradicionais, sejam estéticos (visuais), sejam ecológicos (preservação de vegetação e fauna presente no local), uma vez que se criam rotas alternativas de intervenção ambiental; • Topografia do ambiente: a utilização de túneis melhora ou possibilita o transporte de outros modais, principalmente em terrenos acidentados, irregulares ou montanhosos; • Benefícios Sociais: A utilização de túneis permite um desenvolvimento econômico-social amigável com o meio ambiente. Seja como transporte de produtos, pessoas, corpos hídricos, drenos, auxílio na dispersão do tráfego, baixo impacto ambiental, diminuição do custo energético e poluição; Apesar de todas as qualidades inerentes a este tipo de construção, assim como outras obras, também oferece impactos negativos, dos quais destacamos os riscos associados, impacto permanente sobre a natureza, acidentes mais graves e resistência cultural. Devido a sua importância e magnitude, observamos a influência de muitos fatores sobre o planejamento e execução desse tipo de obra, implicando em um estudo rigoroso e multidisciplinar sobre vários aspectos da região. Dentre os estudos realizados, podemos citar investigações de dados geológicos, topográficos, hidrogeológicos, estruturais, do subsolo, sociais, ambientais, econômicos, dentre outros. Como ressalva SOUZA, 6 “Um programa de investigação geotécnica para um projeto tuneleiro deve utilizar os meios e métodos adequados para obter as informações necessárias para o planejamento, projeto e construção do túnel e de suas instalações auxiliares, para identificar os riscos potenciais da construção e para estabelecer uma realista estimativa de custo e cronograma. A extensão da investigação deve ser coerente com o escopo do projeto (localização, dimensão e orçamento), os objetivos do projeto (tolerância ao risco e desempenho a longo prazo), e as restrições do projeto (geometria, construção, os impactos de terceiros, estética e impacto ambiental). ” De acordo com FHWA (2009), um programa de investigação prévia para o planejamento e concepção de um projeto desse tipo, deve seguir: • Coleta das informações existentes; • Pesquisas e reconhecimento do local das obras; • Mapeamento geológico; • Investigações do subsolo; • Estudos ambientais; • Pesquisas sobre atividades tectônicas da região; • Gestão de dados geoespaciais. As etapas típicas, concisamente, de um projeto tuneleiro podem ser explicitadas como: • Planejamento; • Estudos de alternativas e viabilidade dos diversos traçados; • Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e desenvolvimento do anteprojeto; • Projeto Preliminar; • Projeto Básico; • Projeto Executivo; • Construção A coleta e análise de informações permitem uma visão global dos fatores da região a ser implantada a obra. É necessário a consulta a publicações topográficas, hidrológicas, geológicas, geotécnicas, ambientais, de zoneamento e de registros de deslizamentos e problemas da região, para o alinhamento e prévio conhecimento do local. Alguns aspectos geológicos que influenciam nestas obras são: • Estabilidade dos maciços rochosos; • Identificação da litoestratigrafia do local; • Falhas geológicas; • Canais de drenagem; • Erosão; • Terraplenagem; • Cavernas; • Intrusões; • Fraturas; • Afloramentos Rochosos; • Nível da água subterrânea. 7 Com as informações em mãos, é realizado um mapeamento geológico-geotécnico, caracterizando a condição do maciço, principalmente quanto ao • Tipo de descontinuidade; • Orientação da descontinuidade; • Preenchimento da descontinuidade; • Espaçamento da descontinuidade; • Persistência da descontinuidade; • Intemperismo. Outros fatores também devem ser atentados. Quanto a parte ambiental: •Estudos de impacto ambiental; • Análise das áreas de influência afetadas; • Impactos nos ecossistemas; • Contaminação do solo e/ou das águas subterrâneas; • Impacto, a longo prazo, nos lençóis freáticos, aquíferos e na qualidade da água; • Impacto sonoro durante a execução; • Material inaproveitável; • Alteração do uso e ocupação do solo. Quanto aos impactos Socioeconômicos: • Construções locais existentes, tipo de construção, alturas, elevações, o estado da construção etc; • Traçado do túnel proposto e informações do perfil; • Alteração do uso e ocupação do solo; • Desapropriações; • Geração de empregos; • Melhoria do tráfego; • Revitalização urbana; Uma vez analisadas todas as variáveis envolvidas, em caso de viabilização da obra, dão-se continuidade ao projeto. Para o andamento do mesmo, utilizamos da geotecnia durante todo o planejamento e acompanhamento da construção. Como informa SOUZA, a instrumentação geotécnica é utilizada durante a construção para acompanhar as respostas do terreno e da estrutura, na superfície e próximo ao túnel, a deformação do suporte inicial e final do túnel, níveis das águas subterrâneas, o carregamento de elementos estruturais dos sistemas de suporte de escavação e vibrações da estrutura e do solo, entre outros. Essa instrumentação é um elemento fundamental de qualquer programa de manutenção e proteção das estruturas e instalações existentes. Além disso, fornece informação quantitativa para avaliar os procedimentos de escavação durante a construção, e pode ser utilizada ajustes no ciclo de trabalho em tempo hábil, de forma a reduzir os impactos da construção. A instrumentação é também utilizada para monitorar a deformação e a estabilidade da abertura do túnel, para avaliar a adequação dos sistemas de suporte inicial do túnel e os métodos e sequência de escavação, em especial para os túneis construídos pelo Método de Escavação Sequencial (SEM) e túneis em zonas de cisalhamento ou em solos compressíveis. 8 MÉTODOS INVESTIGATIVOS Antes de dar início ao projeto de construção do Túnel deve-se fazer a verificação da viabilidade da obra e levantamento da estimativa de custos. No caso desse estudo atender a ambições e limitações financeiras inicia-se o Projeto Básico. Nessa etapa utilizamos como referência apenas os itens mais significativos como escavação, revestimento, tratamento e emboque. Os primeiros trabalhos a serem feitos são os levantamentos topográficos, planialtimetria, prospecções geológicas e geotécnicas além do projeto geométrico. Devemos fazer a caracterização geotécnica para dar início ao projeto básico com algumas técnicas de prospecção: • Interpretação fotogeológica; • Cartografia da Superfície; • Estudo hidrogeológico; • Classificação geomecânicas; • Estudos de fraturação. Com os estudos acima citados podemos obter parâmetros como grau de alteração e posição do lençol freático, densidade e orientação das diáclases e índices de RME (Bienawski) e Q (de Barton). A Prospecção de campo é uma das etapas mais importantes e temos diversos métodos para chegarmos ao objetivo final: Método Sísmico de Refração: Utilizado para detecção de espessura de solos de cobertura e em maciços brandos para detectar o nível do lençol freático, possui como vantagem o baixo custo, porém seus resultados são confiáveis até profundidades de 20m. Método Elétrico: Tem como função avaliar a resistividade aparente do terreno, tem um alcance de 100m e localiza falhas e o nível freático. Método Eletromagnético: Tem a mesma função do anterior, porém com maior precisão, utiliza georadares com ondas eletromagnéticas. Prospecção Mecânica: Trata-se de retirar, utilizando uma sonda, amostras reais do terreno em diversos pontos da obra, possui como desvantagem o alto custo para aplicá-lo. 9 Figura: Métodos Investigativos Com a sondagens é possível descobrir a heterogeneidade do maciço, carga pontual, tilt-test e esclerômetro para determinar a resistência ao corte e ao deslizamento. Ainda durante a sondagem é possível fazer o método de injeção d`água para identificar as características de permeabilidade, deformabilidade e resistência (método de Lugeon) Existe ainda os ensaios de rochas em laboratório, abaixo uma breve lista: • Compressão Uniaxial Módulo de elasticidade, • Coeficiente de Poisson • Compressão Triaxial Deformabilidade em meio confinado lateralmente, • Resistência ao corte, • Corte Direto Resistência ao corte, • Deslizamento de diáclase Resistência ao deslizamento, • Compressão diametral Resistência a tração, CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO Localização O município de Poços de Caldas localiza-se ao sul do Estado de Minas Gerais, na divisa com o Estado de São Paulo. A área total do município é de 544,42 Km², porém faremos análise de um recorte da área do município, que abrange grande parcela da cidade e as principais áreas de expansão urbana. Assim, área de estudo abrange 84,45437 km². 10 Figura: Localização da área de estudo - Geologia A referida área de estudo se encontra numa região de intrusão alcalina, conhecida como intrusão alcalina de Poços de Caldas, que constituí uma das maiores estruturas do gênero conhecidas, ocupando uma área de cerca de 800 km². Também denominada como Maciço Alcalino, possui diâmetro médio de 30 km, abrangendo partes dos municípios nos arredores, como Andradas e Águas da Prata. No planalto ocorrem inúmeros tipos litológicos de filiação alcalina, sendo predominantemente rochas alcalinas efusivas e intrusivas de idade mesozoica/cenozoica. Por ser uma área bastante diferenciada quanto às características geológicas e geomorfológicas, a região tem sido objeto de estudos desde o século XIX com Derby (1887) e Machado (1888), que realizaram os primeiros trabalhos de cunho geológico interpretativo, descrevendo os principais tipos litológicos, até os trabalhos de mapeamento geológico realizados pela Comissão de Energia Nuclear (CNEN) nos anos sessenta e pelas Empresas Nucleares Brasileiras S.A. – NUCLEBRÁS (NUCLEBRÁS, 1975). Dois modelos geológicos propostos explicam a origem e a evolução geológica do Maciço alcalino de Poços de Caldas, o Modelo de Corpo Intrusivo Erodido e o Modelo de Caldeira. O Modelo de Corpo Intrusivo Erodido foi proposto por Motoki e Oliveira (1987), Motoki et al.(1988) e Motoki e Vargas (1991). Os autores afirmam que o Maciço Alcalino é resultado de uma intrusão rasa submetida à erosão. Já o Modelo de Cratera é o mais aceito e foi proposto Ellert (1959). 11 O processo iniciou-se quando ocorreu a formação de caldeiras vulcânicas na região durante o período Mesozóico. Segundo ULBRICH (1984), o vulcanismo no complexo de Poços de Caldas teve longa duração (cerca de 30 Ma.), assim, são visíveis alguns diques menores e estruturas circulares formadas após a subsidência da caldeira principal pela continuada intrusão de nefelina sienitos. O modelo evolutivo do complexo de Poços de Caldas proposto por ELLERT (1959) é composto de seis etapas principais como é descrito a seguir e ilustrado na figura: a) Início do processo de intrusão causando elevação do nível de base, distensão, fraturamento e erosão; b) Atuação do vulcanismo (extrusivo) com a formação de fonolitos e vulcanoclásticas; c) Subsidência da caldeira; d) Intrusões de nefelínicas: tinguaítos, fonolitos, nefelina-sienitos, formando estruturas circulares menores e diques anelares; e) Continuação do processo de intrusão e fraturamento; f) Intrusão de lujauritos, chibinitos e foiaítos. Figura- Sequência de eventos geológicos conforme modelo de cratera proposto por Ellert (1959). Em adição a ELLERT (1959), de acordo com MORAES (2007), a intrusão de rochas alcalinas rompeu e reorganizou antigas litologias, havendo o contato de rochasalcalinas com o embasamento composto por rochas graníticas, gnáissicas e migmatíticas. Por vezes, há o contato das alcalinas com materiais da antiga cobertura sedimentar da Bacia do Paraná (ELLERT, 1959; BJORNBERG, 1959). Em 1991, Chapman et al identificou três sistemas principais de falhas dentro da caldeira, os quais são importantes controles no sistema de drenagem local. O primeiro tem direção N60ºW, estende-se através da caldeira e foi ativado durante o soerguimento do complexo. O segundo tem direção N40ºE, e está relacionado ao colapso da caldeira. O terceiro é um conjunto de falhas radiais e subcirculares relacionado a várias intrusões. A figura a seguir nos mostra que a área de estudos se situa numa região de arenito (rocha sedimentar), em sua porção NO e, em predominância, foiaíto ( rocha intrusiva ) na parte central L e S. 12 Figura - Mapa de Substrato Rochoso do município de Poços de Caldas - Geomorfologia Dentro das divisões geomorfológicas da região Sudeste do Brasil, a região de Poços de Caldas situa-se a província geomorfológica denominada Planalto Sul de Minas. Como ilustra a figura, essa província é subdividida em três zonas morfológicas: a superfície do alto rio Grande, o planalto de São Pedro de Caldas e o planalto de Poços de Caldas. No contexto geral, as zonas que abrangem o município são três: o Planalto de Poços de Caldas, que engloba a área de estudo deste trabalho, o Planalto de São Pedro de Caldas, e a subzona de São José do Rio Pardo. Figura 4 – Mapa de compartimentos geomorfológicos 13 - Solos De acordo com Calvalcante et al. (1979), na área ocorrem latossolos, caracterizado pela grande capacidade de infiltração e permeabilidade. No Complexo Alcalino, em geral, o solo é argiloso, com pequenas ocorrências de arenito, e intercalado com jazidas consideráveis de bauxita e argila refratárias, os produtos minerais mais importantes no Município. - Hidrografia Por ser uma região vulcânica e devido ao condicionamento estrutural da região, a feição marcante da litologia é o intenso fraturamento, seja em pequena escala como em grande extensão, o que contribui para que o Planalto de Poços de Caldas tenha sua hidrografia fortemente controlada por este sistema de fraturas. Tanto as rochas plutônicas quanto as vulcânicas são densas, compactas, não- porosas, pouco permeáveis, com capacidade aquífera muito reduzida. Portanto, ao se falar de águas subterrâneas, as possibilidades de armazenar e transmitir a água dessas rochas variam com seu grau de meteorização e de fraturamento. Na área, há aquíferos granulares superficiais de importância, predominando os aquíferos em meio fraturado (CRUZ e PEIXOTO,1991). Segundo trabalho realizado pela Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais -CETEC (1987): • As fraturas de pequena extensão (até 2Km.) predominam com uma frequência de 75% em relação às grandes fraturas e, embora muito dispersas, • As fraturas de grande extensão mostram direções predominantes Figura- Principais sub-bacias de recarga de aquíferos em Poços de Caldas 14 O trabalho mostrou ainda que a contribuição da água subterrânea para a descarga dos rios é bastante elevada. Isto deve-se ao fato da bacia hidrográfica ser constituída por rochas ígneas fraturadas, permitindo assim uma grande circulação de água abaixo da superfície. Dessa maneira, surgem fontes nas cabeceiras de drenagem, a maioria de caráter permanente, cuja origem está relacionada com fraturas. Além das nascentes difusas, as águas subterrâneas ocorrem ainda através de certo número de fontes pontuais frias ou termais, a maioria localizada nas áreas mais baixas do município de Poços de Caldas, o que permite identificar: 1. uma zona aquífera rasa de pequena profundidade; 2. uma zona aquífera intermediária; e 3. uma zona aquífera de circulação profunda. Às duas primeiras zonas estão relacionadas a maior parte das fontes frias e as águas exploradas através de poços tubulares; à última zona estão associadas as fontes termais. 15 CONCLUSÃO Após concluídos os estudos iniciais para a construção de um túnel, como coleta de Informações, mapeamento geológico-geotécnico e investigações do subsolo, avalia-se a viabilidade de implantação da obra. As informações tipicamente observadas durante as investigações do subsolo para a análise de implantação de um túnel, são a presença de falhas ou zonas de cisalhamento; presença de material intrusivo (materiais vulcânicos); presença de vazios; o nível da água subterrânea e as evidências de permeabilidade no maciço rochoso. Visto que a área de estudos é composta predominantemente por rochas intrusivas (foiaítos) e que, como descrito anteriormente, embora rochas ígneas sejam compactas e pouco permeáveis, a armazenagem e transmissão da água nessas rochas variam com seu grau de fraturamento, fazendo com que o território repleto de falhas possibilite que a consequente rede de água subterrânea, e o próprio faturamento, afetem bastante o andamento da obra. Ademais, com as dificuldades de construção, a obra geraria muitos gastos dispendiosos. Conclui-se então, que para área em questão, a implantação de um túnel não é viável. 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HARRIS, B. Como Funcionam os Túneis. Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/tunel.htm> Acesso em Junho de 2014. CPTM (Companhia do Metropolitano de São Paulo). SUBTERRÂNEO. Disponível em: <http://www.metro.sp.gov.br/tecnologia/construcao/subterraneo.aspx> Acesso em Junho de 2014. BASTOS, M.J.N. (1998) - A Geotecnia na concepção, projecto e execução de túneis em maciços rochosos. Tese de Mestrado. IST/UTL. 166p. LAMAS, P. C. (1993) - “Estudos geotécnicos para obras de engenharia – Ensaios de rochas em laboratório”. Curso de sensibilização. CEGSA, Santo André. 29 e 30 de Março de 1993. p. 17. SOUZA, Jean C. Proposta de diretrizes gerais para projetos de túneis rodoviários. Disponível em: <http://www.geotecnia.unb.br/downloads/dissertacoes/203-2012.pdf> Acesso em Junho de 2014. ABGE- Associação Brasileira de Geologia de Engenharia. Geologia de Engenharia. Editores Antônio M. dos S.Oliveira e Sergio N.A. de Brito - São Paulo: ABGE,1998. 586p. http://ciencia.hsw.uol.com.br/tunel.htm http://www.metro.sp.gov.br/tecnologia/construcao/subterraneo.aspx