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VET 446 – Avaliação Unidade 1 Aula 19/08/2020 O sistema imune das aves possui a mesma categorização do sistema imune dos mamíferos, ou seja, presença de resposta imune adaptativa e resposta imune inata. Resposta Imune Humoral Resposta inata: inicial, inespecífica (responde a todo agente lesivo), não produz memória. Barreiras físicas/mecânicas: pele, pelos, cabelos, penas, muco – exemplo: animal que sofreu corte na pele (primeira barreira ultrapassada) apresenta os sinais da inflamação, como o edema/aumento da perfusão sanguínea, que facilita o recrutamento das células da primeira linha de defesa; Barreiras químicas: enzimas, ácidos graxos, pH, defensivas e agentes surfactantes (opsoninas e fibronectina) – exemplo: animal que ingere alimento com toxinas enzimas e pH sofrem alterações para auxiliar a eliminação do agente tóxico; Barreiras biológicas: microbiota natural – importante: ação dos antibióticos sobre a microbiota natural/comensal precisa ser analisada utilização de probióticos e prebioticos em conjunto para manutenção da saúde intestinal do animal. Células Arcabouço teórico do sistema imune. Heterofilos o Primeiras células a chegar no local da infecção, inflamação ou lesão; o Possuem a mesma função dos neutrófilos; o São as células mais populosas dentro da corrente sanguínea; o Formato circular, arredondado, esférico; citoplasma de aspecto mais incolor com grânulos eosinofílicos. Basófilos o Granulócitos; o Núcleo mais picnótico, arredondado e basofílicos; o Também funcionam como primeira forma de defesa do sistema imune. Monócitos o Maiores células da corrente sanguínea das aves; o Arredondados, com citoplasma incolor e muito maior do que o dos linfócitos; o Não são granulócitos. Linfócitos o Agranulóticos; o Mais esférico, núcleo mais centralizado, citoplasma azul com contorno ao redor; o Pode possuir projeções irregulares no citoplasma quando é imaturo; o Participa da resposta imune adaptativa. Trombócitos o Função semelhante à das plaquetas nos mamíferos, participando na coagulação. Porém, também é uma célula nucleada e fagocítica (diferente dos mamíferos). Eritrócitos o Nucleados. Observações: Para o hemograma, a contagem manual é preferencial, já que a contagem diferencial é muito atrapalhada quando feito de forma automatizada devido a presença de células nucleadas eritrócitos e trombócitos. Origem das células Medula óssea Leucócitos, trombóticos e eritrócitos o Produzidos, maturados e liberados na corrente sanguínea, de onde são encaminhados para tecidos e órgãos linfoides secundários. Granulócitos: heterofilos, basófilos e eosinófilos; Agranulóticos: monócitos e linfócitos. A maturação e diferenciação dos linfócitos ocorrem nos órgãos linfoides primários Timo (linfócitos T) – involui com a idade e não é mais encontrado na maturidade sexual da ave, pois se transforma em um tecido conjuntivo posicionado ao longo da traqueia; Bursa de fabricios (linfócitos B) – também involui com a idade; iniciou os estudos relacionados a imunidade, pois foi o órgão onde se identificou os linfócitos B pela 1ª vez. Observações: Ao longo do sistema respiratório e digestório as mucosas estão relacionadas ao sistema imune; As tonsilas cecais são locais de predileção de alguns vírus. Relembrando... Agente patogênico inflige uma barreira anatômica e causa inflamação aguda (dor, calor, rubor, tumor e perda de função) O edema facilita o recrutamento e entrada das células fagocitárias/de defesa para o local devido ao aumento da permeabilidade vascular. Os heterofilos chegam primeiro e depois os basófilos eosinófilos, linfócitos e monócitos. Resposta Imune Adaptativa Humoral Moléculas efetoras produzidas pelos plasmócitos Subpopulação de linfócitos T auxiliares CD4+ (Th2), responsáveis por eliminar os organismos extracelulares. Celular Linfócitos T CD4+ (Th1), linfócitos T CD8+ (citotóxico) e células natural killer (NK’s). Imunidade de mucosa Muito estudada, pois muitas vacinas e medicamentos possuem via de administração mucosa e são focadas na imunidade das mesmas. Tecido linfoide associado ao nariz (NALT)*; Tecido linfoide associado a conjuntiva (CALT)*; Tecido linfoide associado a mucosa (MALT) – presente ao longo de todo organismo, mas principalmente associado a mucosa da boca; Tecido linfoide associado aos brônquios (BALT) – presente ao longo de todo sistema respiratório, mas principalmente nos pulmões; Tecido linfoide associado ao intestino (GALT) – possui 6 placas de Peyer. (*)Possuem associação direta através do forame oculonasal Vacinas oculares agem sobre os dois. Além destes, contém ainda células dendríticas apresentadoras de antígenos (APCs), linfócitos T e B e microbiota comensal. O que diverge entre aves e mamíferos? Não possuem linfonodos, mas sim nódulos linfoides e tecido linfoide ao longo de todo o sistema imune; Bursa de fabricius (Bolsa de Fabricio, Fabricius) – maturação dos linfócitos B; Têm 3ª classe de moléculas de histocompatibilidade (MHC-III ou B-G). Importante: O MHC são moléculas expressas nas células que auxiliam a interação entre o sistema imune inato e o adaptativo. As aves possuem o MHC-I ou B-F, que é expresso por células nucleadas; o MHC-II ou B-L, que é expresso por células apresentadoras de antígeno, principalmente as dendríticas; e o MHC-III ou B-G, que possui função específica, pois auxilia na escolha/seleção dos linfócitos B maduros ou imaturos no estroma da Bursa. Imunoglobulinas produzidas (IgY, IgM e IgA); Citocinas interleucinas produzidas: IL-6 (presente nas células B dos plasmócitos secretores) e IL-5 e 15 (correspondem a maior população de células B no GALT). Imunidade Passiva em Aves Representada por: o 30% de IgY - correspondente fisiologicamente ao IgG de mamíferos e também são passados diretamente da mãe para o pintinho através da gema (absorvida pelo pintinho durante seu desenvolvimento) e duram cerca de 20 dias após a eclosão do ovo, principalmente quando a fêmea teve um maior número de exposição a agentes patogênicos (maior desafio) e vacinação mais completa; o 1% de IgM e IgA – correspondem a clara. Vacinação via mucosa Imunidade adquirida; Via óculo-nasal, spray ou água (rota: cavidade oral > esôfago > S.D. > GALTs) Depende da resposta imune local e sistêmica; Se a mucosa estiver inflamada a vacina não irá fazer efeito. Spray Especificidades: o As moléculas precisam ser >3,7 µm para induzir imunidade; o Acúmulo nos brônquios superiores (primário e secundário); o Células apresentadoras de antígeno. Substâncias estimulantes do sistema imune Probióticos (Saccharomyces boulardii, Bacillus subtilis e Lactobacillus acidophilus) – facilitam e melhoram a digestão do alimento e absorção de nutrientes, protegem a mucosa e auxiliam na imunocompetência de mucosa (ppt GALT); Suplementação de L-arginina – muito interessante por diminuir a proliferação de E. coli patogênica e auxilia na suplementação de animais com Salmonelose presentes no plantel. Tecnologias com IgY Fácil utilização; Absorção da gema – imunidade passiva (animal ingere imunoglobulina pronta já sensibilizada com o antígeno de interesse); Não ativa o sistema complemento (via clássica.), considerado fator reumatoide, pois causa inflamação em articulações; Mais barato – só há a necessidade aves SPF (livres que patógenos, que produzem em média um ovo a cada 26 horas) sendo imunizadas com antígeno de interesse; Aves imunizadas previamente para produção de anticorpos que serão introduzidos nos ovos; Utilização principalmente na medicina de pequenos animais, com auxílio na saúde dental (limpeza de tártaro) e intestinal. Modelos de estudo O sistema imune de aves é utilizadocomo modelos de estudo para doenças em seres humanos e animais. Aves com defeitos congênitos são estudadas visando entender o funcionamento de doenças em outras espécies. Linha Smyth – hipomelanose adquirida (similar ao vitiligo); Linha UCD-200 – linha de aves que possuem leve inflamação no início da crista que pode formar mini necrose, mas não interfere diretamente no sistema imune das aves e permite o estudo do escleroderma (inflamação de articulações em seres humanos); Galinha tipo Obesen – pode servir como modelo de estudo para doença de Hashimoto; Sarcoma Rous aviários – o vírus endógeno foi obtido de uma ave modelo de estudo. 04/09/2020 8h-10h O conceito de biosseguridade está relacionado a todas a práticas que são promovidas para prevenção ou controle de algum agente patogênico entre dentro do plantel. Estas práticas serão repetidas ao longo de toda linha produtiva, desde o pintinho até as aves de corte ou postura. A biosseguridade será muito mais forte e rígida quando relacionada a matrizes, de avozeiros ou até mesmo das aves originais. Já quando relacionada as matrizes de produção (postura ou corte) está mais ligada a prevenção para se manter o potencial genético máximo que se pode esperar destas aves, ou seja, para obtenção de índices produtivos adequados. Potencial produtivo x Realidade Observação: Todos esses fatores contribuem para a obtenção ou não do máximo potencial produtivo das aves, seja maior deposição de carne na carcaça (peso) ou maior produção de ovos: Manejo – tratamento das aves; Sanidade – qualidade da água e do alimento; Nutrição – fornecimento de ração, qualidade do alimento e de ingredientes presentes na ração (teor de MS de proteína e lipídeos). Fatores relacionados com a segurança alimentar, principalmente quando se trabalha com produtos para exportação, pois a normas a serem seguidas por cada país – exemplo: grande preocupação da União Europeia com Salmonelose e outros agentes patogênicos. Medidas de profilaxia Isolamento – IN nº 56 de 12/2007 estabelece distâncias mínimas entre estabelecimentos (3 km), planteis e galpões que devem ser seguidas como normas; além disso, evita a entrada de agentes patogênicos de outros tipos de produção e de aves como psitacídeos, pombos etc.; Livro de ocorrências – livro numerado e pautado que fica dentro da granja (só deve ser retirado se houver alguma auditoria) e serve para descrever as intercorrências e visitas, permitindo o controle do acesso e favorecendo a rastreabilidade no caso de ocorrência de alguma patologia; Controle de acesso – de pessoas, mesmo aquelas que trabalham na granja caso tenham viajado ou tido contato com outras produções; Animais de procedência confiável; Densidade populacional correta – galpões com pressão positiva: 10-14 aves/m2 x galpões com pressão negativa e tecnologia: até 18 aves/m2 ponto importante para a qualidade de vida das aves, já que quanto mais aves maior o risco de transmissão de doenças e o potencial de morbidade e mortalidade; Limpeza e desinfecção – processos diferentes que devem ocorrer de forma seguida; Vazio sanitário – avicultura industrial: all in/all out após a retirada das aves, as instalações (ppt as de aves de corte) devem ser limpas e desinfectados de forma correta para depois passar por período de vazio sanitário (3-10 dias a depender da produção e do procedimento realizado como norma); Pedilúvio, rodilúvio e arco de desinfecção – interessante ter pedilúvio separado para cada galpão, principalmente se não houver troca de calçados; Vacinação – o protocolo vacinal padrão dependerá da procedência das aves da granja, pois algumas são vacinadas já no primeiro dia, antes mesmo da saída do incubatório. A vacina de Marek é obrigatória, já a vacina de New Castle é obrigatória a depender do local (SC é livre sem vacinação); Alimentação de procedência confiável – ração ou ingredientes de ótima procedência sem nenhum tipo de proliferação fúngica ou bacteriana; Armazenamento correto. Desinfecção Desinfetantes x germicidas Desinfetante ou sanitizante é aquele produto que permite que determinada estrutura esteja em níveis seguros para colocar um alimento em cima da mesma. Já o germicida ou esterilizante é um produto que mata desde os microrganismos até esporos (estruturas de resistência). Fumigação É um tipo de desinfecção em uma substância é colocada dentro de um equipamento e espalhada na instalação em forma de gás. Nestes casos é extremamente importante o uso de equipamentos de proteção individuais e coletivos (exaustores e ventiladores). Importante: Os produtos devem ter capacidade de ação sob agentes vegetativos (formas mais fáceis para o desinfetante cessar a multiplicação) e esporulados. Agentes gram positivos, como Bacillus sp. e Clostridium sp. e algumas bactérias gram negativas entram em esporulação em condições de estresse, como falta de alimento e umidade. E, como estas estruturas podem resistir no ambiente por anos, é extremamente importante que seja aplicado um produto de amplo espectro, que seja capaz de destruir qualquer tipo de microrganismo. Substâncias surfactantes (detergentes e sabões) Classes: Catiônicos (+): ação condicionante, polaridade positiva, agem sobre substâncias de polaridade negativa; Aniônicos (-): agem sobre substâncias de polaridade positiva; promovem boa limpeza, porém, podem produzir muita espuma, o que pode promover o contato com algum tipo de terra, poeira ou dejetos que atrapalham a limpeza e desinfecção; Anfotéricos (+/-): polaridade positiva ou negativa de acordo com o pH; normalmente não são muito utilizados na limpeza, mas sim na medicina de cosméticos Não-iônicos: possuem polaridade neutra. Geralmente se usa detergentes aniônicos com não-iônicos (menor incompatibilidade), as substâncias catiônicas não são utilizadas na avicultura. pH: Alcalino: excelentes para retirada de biofilme (camadas bacterianas que se formam sobre superfícies e possuem capa de lipopolissacarídeos que as protegem); Ácidos: melhores para retirada de depósitos minerais. Importante: o Enxágue (tirar resquícios das substâncias) e secagem (muito importante, pois alguns desinfetantes são parcial ou totalmente inativados quando em contato com outras substâncias, como as aniônicas ou não-iônicas) são imprescindíveis; o Incompatibilidade de agentes aniônicos e catiônicos! - atenção no momento da compra. Etapas 1. 1ª limpeza: mecânica – retirada de crostas de ração e fezes com bucha e vassoura; 2. Secagem; 3. 2ª limpeza: úmida sob pressão (ideal). Importante conferir a compatibilidade do detergente com o desinfetante! Na escolha e aplicação do produto: o Conferir concentração (volume/m2) e tempo de ação Utilizar produto menos concentrado aplicado sobre mais tempo (economia) ou produto mais concentrado para acelerar o processo; o pH – do produto em relação a água; o Temperatura da água – pode acelerar ou atrapalhar o processo; o Dureza da água – qualidade: água com muitos sais minerais pode inativar desinfetantes; o PRESENÇA DE MATÉRIA ORGÂNICA. Métodos de desinfecção Formas de aplicação dos desinfetantes sobre as instalações. Químicos o Pedilúvio/Rodilúvio – desinfecção mais individual; o Pulverização (gotículas menores) e aspersão (em forma de jatos) – substâncias pulverizadas nas instalações por meio de equipamentos, como os arcos de desinfecção; o Fumigação – gases pulverizados nas instalações por meio de equipamentos; Físicos o Radiação – ação da luz UV; o Calor – aquecimento ou vassoura de fogo (mais utilizadas para produção menores, que não realizam exportação). Principais desinfetantes 1. Amônia quaternária Bastante utilizada; Surfactante catiônico – não pode ser utilizadacom detergente aniônico, ppt se o enxágue e secagem não forem bem feitos; Ação: destruição do citoplasma bacteriano, precipitação e desnaturação proteica. o Vantagens: amplo espectro, não corrosivo para metais, pele (mas pode causar alergia, ppt em pessoas com pele mais sensível) ou peças de couro, inodoros (alguns produtos colocam odor por questões de biossegurança); o Desvantagens: ação limitada sob matéria orgânica (fezes, restos de cama ou ração etc.) ou resto de detergentes/sabões aniônicos, não são eficazes contra esporos, pouca ação em água dura, toxicidade. 2. Hidróxido de sódio Soda caustica, hidróxido ou óxido de cálcio; Uso em instalações abertas e carros – ação mesmo sob presença de matéria orgânica; Ação: degradação proteica e lipídica de diversos microrganismos (vírus, bactérias, fungos). o Vantagem: amplo espectro, inclusive contra esporos; o Desvantagem: corrosivo para pele e mucosas, e lesivo para o meio ambiente (importante ter o controle do descarte do produto). 3. Compostos de cloro (substâncias básicas) Hipoclorito de sódio, cálcio ou dióxido de cloro (bastante utilizado para tratamento da água devido a ser menos prejudicial para o meio ambiente); Devido a serem substância básicas (ppt hipoclorito de sódio), se foram despejadas de forma concentrada no meio ambiente podem destruir o microbioma, especialmente o aquático, matando diversos peixes e algas; Ação aumentada em água quente; Agem melhor na faixa de pH de ácido a neutro; Dióxido de cloro: desinfecção de água para consumo de humanos e animais; Ação: oxidação dos grupos sulfídricos dos aa’s sulfurados (essenciais) e inibe enzimas importantes para o metabolismo bacteriano. o Vantagem: econômicos, ampla ação; o Desvantagens: não são efetivos contra esporos, odor forte (quando entra em contato com a água libera a substância do cloro que é bastante corrosivo para mucosas), perdem a ação na presença de matéria orgânica (não pode ser utilizado em pedilúvios) e possuem ação corrosiva em metais; 4. Derivados de fenol Clorofeno, Ortofenilfenol, Timol e Triclosan (um dos mais utilizados); Ação: precipitação de proteínas. o Vantagens: amplo espectro de ação, podem ser utilizados em pedilúvio, possuem ação residual (mesmo se a secagem não for feita de maneira correta após o enxágue e possa agir inativando outra substância, o produto continuará agindo sobre os microrganismos, impedindo sua multiplicação e instalação), não corrosivos em metais; o Desvantagens: irritantes, corrosivos para pele e mucosas, possuem odor forte e são tóxicos para o meio ambiente (não indicado, principalmente para locais onde não há uma boa gestão do descarte de resíduos). 5. Compostos peroxigênicos Peróxido de hidrogênio, permanganato de potássio, ácido peracético; Ação: degrada proteínas e lipídeos. o Vantagens: não são poluentes ambientais, ação contra biofilmes (ácido peracético); o Desvantagens: corrosivo em metais, sensível a luz e calor, não funciona sob presença de matéria orgânica, exceto ácido peracético (percentual baixo). 6. Aldeídos Formaldeído Composições: gasosa (formol) ou líquida (formalina); Ação: precipita proteínas. o Vantagem: resistentes a mudanças de pH (interessante quando não se tem informações sobre a água utilizada) e matéria orgânica, não corrosivos para equipamentos; o Desvantagem: tóxicos, irritantes para pele e mucosas, carcinogênicos e causadores de morte embrionários em ovos incubados (não indicados para esse tipo de produção). A aplicação deve ser feita em ambiente ventilado! 7. Glutaraldeído Amplo espectro; Ação: degradação de DNA e RNA, proteínas de membrana e citoplasma; Melhor ação em pH básico – água com pH básico intensifica a ação. o Vantagens: não é corrosivo para os equipamentos, menos irritante que o formol e possui menor odor; o Desvantagens: causa morte embrionária em ovos incubados (não indicada para esse tipo de produção) e é tóxico. Importante utilizar máscara de gás, óculos, luvas e botas ao entrar em contato com qualquer uma dessas substância! Cuidados com a equipe Treinamento contínuo; Uso de equipamentos de segurança individual e coletivo. 04/09/2020 14h-16h Práticas de biosseguridade: Isolamento da granja – deve ficar totalmente distante de outras produções/animais (1 km) e cidades para evitar a transmissão de doenças por vetores como moscas; Distanciamento entre galpões – animais de diferentes idades são alojados em diferentes galpões; All in/ All out – todos os animais entram e saem juntos dos respectivos galpões para reduzir a manutenção de patógenos no ambiente; Vazio sanitário (7-15 dias) – a perda de animais por patógenos presentes no galpão/plantel anterior ultrapassa os gastos com a técnica; Limpeza e desinfecção: limpeza seca limpeza úmida utilização de desinfetantes (ação prologada reduz a quantidade de dias do vazio sanitário); Troca de cama quando se muda os animais de um galpão para outro. Anotações de todos os procedimentos e visitas em livro de registro – interessante que sejam feitas no papel também, para evitar possíveis alterações que podem ser realizadas em documentos no computador; Desinfecção (pedilúvio) ou fornecimento de materiais utilizados pelos visitantes (macacões e botas) e desinfecção (rodilúvio) veículos que chegam à fazenda; Plano de contingência – conjunto de regras/protocolo de ações a serem seguidas quando ocorre algum problema na fazenda, como suspeita de doença de notificação obrigatória, como a doença de New Castle; Importante: o O ideal seria realizar o teste de alguns pontos do galpão com vassoura de arraste ou swab, formando pool, para saber se ainda há a presença de agentes infecciosos, principalmente os de recorrência na granja. Porém, quando a condição do produtor não permite o envio de material para testagem em laboratório, deve-se realizar uma desinfecção mais intensa, com a utilização, por exemplo, de vassoura de fogo; o Deve-se instituir protocolo de acompanhamento e anotações (livro de registros) dos animais desde o primeiro dia/entrada na granja para avaliar possíveis problemas trazidos da granja de matrizes, como a transmissão vertical de doenças; o O treinamento rotineiro da equipe é importante para manter a realização adequada das práticas de biosseguridade. Protocolos vacinais: Vacina contra a doença de Newcastle: aplicada em áreas endêmicas; Vacina contra a Bronquite Infecciosa: depende do interesse do produtor; Vacina contra Importante: o Normalmente são aplicadas apenas em aves de postura; o O protocolo vacinal vai depender da produção/tamanho e região da granja; o Existem protocolos padronizados que podem ser instituídos nas granjas (a depender da condição econômica do produtor). Idoneidade das granjas x Biosseguridade: A hiper imunização das matrizes de postura para passagem de maior [ ] de imunoglobulinas para o ovo e pintinho favorece a biosseguridade Biosseguridade x Sistema Imune: As práticas de biosseguridade, quando realizadas adequadamente, permitem que o animal alcancem os resultados permitidos pela sua genética. Cuidados com os pintinhos na incubadora: Cama limpa e aquecida; Pesagem inicial – feita em pool (exemplo: caixa com 100 pintinhos); Fornecimento de água limpa; Altura dos comedouros e bebedouros; Vacinação (nasal ou ocular/conjuntiva) – cuidado especial com as vacinas administradas via água, pois não se tem controle de quanto cada animal bebeu. Importante: Aves com inflamação/infecção na mucosa nasal ou conjuntiva não podem ser vacinadas e são descartadas, porém, a causa destes processos devem ser investigadas para prevenção. Próxima aula sobre Doenças Ocupacionais Trazer discussão sobreProdução Industrial x Produção Agroecológica/Orgânica: qual é mais produtivo/rentável? Qual é mais biosseguro para os humanos? Qual possui maior biosseguridade para os animais (procedimentos realizados)? Aula 11/09/2020 Contextualizando... São doenças que diminuem a produtividade e podem também reduzir as respostas vacinais aos protocolos aplicados. Promovem alta morbidade, pois são muito infecciosos, e maior predisposição a doenças secundárias, o que pode aumentar também a mortalidade. É muito interessante que a prevenção para evitar a entrada dos mesmos dentro dos plantéis seja realizada, pois controlá-los é difícil, já que são extremamente resistentes a uma variedade de desinfetantes. Seus alvos virais são tecidos linfoides e órgãos linfoide primário. No caso do Gumboro, o alvo é a Bursa de Fabrício, já para Anemia Infecciosa são o timo (timócitos) e, principalmente, a medula óssea (ppt). Por isso, causam uma diminuição na proliferação de todas as células sanguíneas, mas principalmente dos eritrócitos. A sintomatologia, apresentação dos sinais clínicos e gravidade da doença variam de acordo com: Virulência da cepa; Dose infectante ou rota de infecção; Idade; Imunidade materna – matriz sem carga imunitária anterior a postura não passa imunidade passiva para progênie. Doença Infeciosa da Bursa de Fabrício Nomes: Doença de Gumboro; Doença Infecciosa da Bursa (IBD). Breve histórico: Em 1962, Gosgrove encontrou plantéis em Delaware, EUA que não estavam respondendo a protocolos vacinais. Após estudo com necropsias, encontraram lesões específicas na Bursa de Fabrício dos animais. No Brasil: primeiro caso em 1997; Atualmente ocorre de forma cosmopolita em todas os estados e países com alta produtividade avícola. Variantes clássicas e variáveis: Suave, intermediária, intermediária-plus (hemorrágica) e “quentes”. Etiologia Vírus RNA fita dupla; Família Birnaviridae – ocorre mais em aves e peixes (salmão); Gênero Avibirnavirus; Espécie Vírus da doença infecciosa da bursa Vírus de conformação icosaédrica com 5 proteínas estruturais. As mais importantes são a VP2 (proteína de capsídeo sorotipo- específica) e a VP3 (grupo-específica). Além disso, ainda possui a VP1 (auxílio na replicação viral), VP4 (atua na replicação, mais especificamente na constituição do capsídeo viral) e VP5 (auxilia o vírus a infectar outras células após sua replicação). Dentre estas, a proteína VP2 é a mais importante, pois é nela onde estão os fragmentos conhecidos como regiões de hipervariabilidade, ou seja, regiões onde podem ocorrer pequenas trocas de aminoácidos que irão gerar mudanças conformacionais nas estruturas de ligação antígeno-anticorpo. Muitas vezes são essas mutações fazem com que o animal vacinado não possua resposta imunológica suficiente para lidar com a infecção por uma nova cepa. Patogenia A via de infecção sempre será oral e geralmente é orofecal: O vírus entra pela cavidade oral e vai para o TGI No intestino, os fagócitos (macrófagos) responsáveis pela imunidade de mucosa pegam o vírus e levam até o tecido e órgãos linfoides primários (principalmente a Bursa de Fabrício devido a predileção do vírus) Redução de IgM e outras imunoglobulinas séricas da imunidade de mucosa (GALT) devido a destruição que ocorre no tecido. Sinais clínicos Diarreia profusa, às vezes mucoide; Desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico; Dificuldade de regulação de temperatura (presença de penas arrepiadas); Predisposição a infecções secundárias – infecções de pele, fúngicas, respiratórias; Redução do consumo de ração e água; Menor GMD e maior conversão alimentar – grande impacto econômico. Pode ocorrer morte súbita devido a resposta exacerbada e liberação de citocinas pelo sistema imunológico, o que causa aumento de temperatura e choque séptico (varia de acordo com a virulência do agente). Epidemiologia Galinhas, perus, patos e avestruzes (predispostos a desenvolver sinais clínicos) Infecção em aves de 3 a 6 semanas Doença clínica – aves mais velhas podem não apresentar sinais clínicos, nem mesmo redução da imunidade (dependendo da ave), pois a Bursa já involui; Infecção em aves abaixo de 3 semanas Doença subclínica (reservatórios que funcionam como fontes de infecção para o resto do plantel) – muita das vezes, principalmente se a ave não for oriunda de matriz hiperimunizada, esta terá pequena resposta de imunidade passiva, incapaz de impedir a entrada do vírus no organismo. Porém, apesar de não apresentarem sinais clínicos, esses animais não atingirão o máximo potencial genético e produtivo. Período de incubação: 2 a 3 dias (rápida apresentação dos sinais clínicos); Alterações histopatológicas: em 24 horas já é possível perceber proliferação de heterofilos e destruição de linfócitos B em baço e Bursa na necropsia. Transmissão Indireta (principalmente através de fômites) e direta – em granjas maiores é interessante determinar funcionários específicos para cada galpão, já em granjas pequenas deve-se instituir o funcionário a entrar primeiro nos galpões dos animais mais jovens e depois nos dos mais velhos, sempre limpando as botas. Alphitobius diaperinus (utilizado em produções mais rústicas): importante vetor de transmissão indireta, pois pode carrear o vírus no corpo de um galpão a outro – além dele, moscas domesticas, outras aves e ratos também pode funcionar como vetores (TER CONTROLE DE QUALQUER TIPO DE PRAGA!) Lesões macroscópicas Observações: Imagem 1: ave apresenta dificuldade na liberação e crescimento das penas devido a redução do calibre do canhão; Imagem 2: ave bem prostrada devido as dores causadas pela edemaciação dos órgãos linfoides, não se alimenta direito e apresenta- se desidratada; Imagem 3: a esquerda, Bursa com diminuição do estroma e hemorragia; a direita, os rins; Imagem 4: a esquerda, Bursa menos infectada, porém com pequenos pontos hemorrágicos; a direita, Bursa necrótica. Observações: Imagem 1: Bursa aberta com os folículos a mostra; Imagem 2: hemorragia nas asas e coxa (pode ocorrer também em musculatura esquelética); Imagem 3: Bursa aberta com pus devido a proliferação de bactérias oportunistas; Imagem 4: Bursa fechada e edemaciada. Observações: Imagem 1: nefrite; Imagem 2: Bursa hemorrágica (causada por cepas mais virulentas); Imagem 3: rins hemorrágicos e com nefrite. Histopatologia Necrose linfoide (proliferação de heterofilos no lugar dos linfócitos B destruídos) o Reposição de heterofilos e células reticuloendoteliais. Controle e prevenção Extremamente resistentes a uma variedade de desinfetantes Realizar a limpeza seca seguida de limpeza úmida com sabões, é muito interessante utilizar a formalina e, se possível, temperaturas acima de 70ºC durante alguns minutos, pois promovem a destruição; Práticas de biosseguridade – isolamento, vacinação do plantel e das reprodutoras, utilização de pedilúvio, utilização de lavagem e desinfetantes corretos, não reutilizar a cama dos animais (vírus podem sobreviver durante muito tempo); Vacinação Diferentes protocolos: o Vacinar com 14 dias e revacinar na 10º semana (produtores menores) – para pintinhos oriundos de matrizes vacinadas e bem imunizadas, que possuem imunidade passiva até os 14 dias (a vacina não terá resposta e o gasto será); o Vacinação de matrizes com vacinas autógenas (mais demorada e cara) – cultivo da cepa vacinal selvagem (a campo) coletada de aves infectadas e cultivada para produção de vacinas atenuadas específicas para o vírus que ocorre na granja; o Vacinação in ovo (mais cara) – geralmente são utilizadas vacinas recombinantes (para outras doenças também, como Marek). Anemia Infecciosa das Galinhas Nomes Chicken anemia vírus(CAV); Chicken Infectious anemia vírus (CIAV). Características Devido a predileção pelo timo e, principalmente, pela medula óssea, causa redução da população de células sanguíneas, especialmente na de eritrócitos, levando o animal a um quadro de anemia aplástica (sem resposta), onde o animal pode ter hemorragia em diversos tecidos. Em aves de corte causa descarte e grandes perdas devido a Dermatite Necrótica (animais com aspecto esverdeado e musculatura hemorrágica). Além disso, a menor produção de células imunológicas leva a redução da resposta a protocolos vacinais. Breve histórico Primeiro caso em 1979, Japão (Yuasa et al.); No Brasil: 1991; Atualmente possui característica cosmopolita e é controlado através de vacinação – para Gumboro existem alguns tratamentos antipiréticos e imunoestimuladores, porém, estes não valem a pena para produção, apenas para animais pets. Já no caso da Anemia Infecciosa não há nenhum tipo de tratamento. Etiologia Vírus DNA fita circular; Família Circoviridae; Gênero Circovirus – causa outras duas doenças muito importantes em porcos (PCV2) e psitacídeos, papagaios e cacatuas (doença de bicos e penas); Gênero Gyrovirus – causador da Anemia Infeciosa das galinhas. O vírus possui conformação icosaédrica e 3 proteínas de maior importância: a VP1 (proteína do capsídeo), a VP2 (possui relação com capsídeo) e a VP3 (desempenha o papel de apoptina, ou seja, causa a destruição das células linfoides dentro da medula óssea com formação de necrose focal). Não possui envelope, por isso, é bastante resistente no ambiente e a desinfetantes (agem na camada lipídica). Possui menor mutabilidade se comparado a vírus RNA, por isso, não há tantas cepas reconhecidas para vacinação, que acaba sendo mais equilibrada e estável, permitindo protocolos bem feitos se foram aplicados os níveis corretos de biosseguridade. Patogenia Transmissão Horizontal direta (principalmente via orofecal) e indireta (vetores e fômites); Vertical – ocorre principalmente em granjas onde há reprodução natural com galos (transmissão via sêmen), pois não ocorre um controle adequado. A infecção se dá até os 14 dias de maturação do embrião e a ave já nasce com deficiência imunológica devido a destruição das células da medula óssea, por isso, muitas vezes os embriões nem se desenvolvem, os pintinhos de 1 dia morrem, ou já na primeira semana de vida as aves na demonstram sinais clínicos mais graves. Sinais clínicos Prostração – troca gasosa insuficiente; Debilidade; Penas eriçadas; Redução do GMD; Aumento da CA; Problemas respiratórios; Baixa resposta imunológica – predisposição a infecções secundárias por agentes oportunistas (bactérias, fungos e até mesmo o vírus do Gumboro); Diversos focos hemorrágicos – baixa produção de trombócitos. Epidemiologia Galinhas – patos e perus não produzem a doença; Idade mais susceptível: do ovo até 3 semanas de idade Animais apresentam doença clínica; Quanto mais velha a ave, menor a sintomatologia, servindo como fonte de infecção para os outros animais. Período de incubação: 10 a 14 dias. Histopatologia Observações: o Completa destruição da medula óssea fazendo com que o comportamento de todas as células do sistema imune, tanto as de defesa inata quanto as de resposta adaptativa, estejam comprometidas. Controle e prevenção Práticas de biosseguridade; Vacinação (ponto chave) o Vacinação das matrizes reprodutoras (hiperimunização) – vacinas recombinantes ou outras para que os pintinhos possuam resposta imune passiva até as 3 primeiras semanas de vida e isso impeça a infecção e permita seu desenvolvimento normal. PREVENIR = ECONOMIA! Aula 18/09/2020 Alta importância, principalmente para a avicultura industrial, tanto de postura quanto de corte, e cada uma terá sua importância nas perdas econômicas de formas distintas dentro dos tipos de produção. O diagnóstico diferencial através da histopatologia é possível em alguns casos, a depender das lesões e do órgão acometido. O vírus foi diagnosticado a partir dos sinais clínicos, que se iniciaram na forma de inflamação grave em nervos periféricos, principalmente em nervo ciático, que levava a uma característica de “pé de bailarina” nas aves (patas abertas, como espacate), braquial (animais não conseguem abrir as asas) e vago (reduz a deglutição: animais não conseguem se alimentar). Porém, houve uma evolução importante do vírus, com surgimento de novas cepas e acometimento de órgãos parenquimatosos (timo, baço) com neoplasias e sistema neurológico, o que agravou o quadro e gerou dificuldade de controle da doença mesmo com a utilização de vacinas. Não é um vírus zoonótico e só acomete diversas espécies de aves. Introdução Doença neurológica, linfoproliferativa, neoplásica (questão mais importante, ppt para o descarte de carne) e inflamatória; Pode infectar aves jovens, porém, o aparecimento dos sinais clínicos ocorre entre 6 a 20 semanas – diferente do Gumboro; 1ª vacina criada para o controle de uma doença neoplásica, se tornando modelo de estudo para neoplasias em outros animais (ppt mamíferos) e seres humanos Proteínas neoplásicas são utilizadas para detectar a capacidade neoplásica de diversos tumores em variadas espécies. Epidemiologia Observações: o Presente em praticamente todos os países – onde está ausente, pode não ter sido descrita ou publicada ainda; o É endêmico na China e no Egito, onde o perfil epidemiológico é extremamente grave – locais de alta produtividade). Importante: Por não ser uma doença de notificação obrigatória e apresentar vacina, os dados de ocorrência da doença não são divulgados, seja por restrição de publicações/descrição pela OIE ou visando não comprometer as empresas produtoras de vacina. Por isso, não é exposta como a Doença de New Castle e Influenza aviária Porém, causa ~2 bilhões de dólares de prejuízo por ano (últimas atualizações) devido ao abate dos animais. Etiologia Alphaherpesvirinae (DNA vírus) – Herpesvirus simples (humanos) também possui potencial oncogênico, principalmente em pessoas imunossuprimidos; Gênero Mardivirus; Espécie Gallid herpesvirus 2 (GaHV- 2) – agente extremamente oncogênico que acomete todos os animais, ppt as galinhas; Sorotipos: o Sorotipo 1: MDV-1 (GaHV-2) (RB-1B, Md5 e CVI988/RISPENS) Oncogênico e bastante patogênico para todas as galinhas, gansos, perus, patos, canários etc.; o Sorotipo 2: MDV-2 (GaHV-3) (SB-1 e HPRS24) Não é patogênico no sentido de oncogenicidade nas aves e não causa alta morbidade Utilizado na formulação de vacinas; Sorotipo 3: Meleagrid herpesvirus (MeHV-1) (HVT; FC-126) Não é patogênico no sentido de oncogenicidade nas aves e não causa alta morbidade Utilizado na formulação de vacinas; Espécies em outras aves (problemas neoplásicos): o Anatidae (Anatid alphaherpesvirus 1 – AnHV-1) – família dos gansos, patos e cisnes Causa tumor no pico de patos, chamado de Peste do Pato; o Columbidae (Columbid alphaherpesvirus 1 – CoHV-1) – pombos; o Spheniscidae (Spheniscid alphaherpesvirus 1 – SpAHV1) – pinguins. Estrutura do MD: Observações: o Cosmopolita; o Vírus DNA fita dupla – apesar de ser um vírus de DNA, passou por evolução que permitiu a emergência de muitas cepas pelo mundo; o Grande capacidade mutagênica/deleção/“drift gênico” muito grande – exceção: a maioria destes vírus são RNA Consegue fazer pequenas deleções ou recombinações em alguns pontos de hipervariabilidade, fazendo com que surjam novos patotipo nesses locais; o Vírus envelopado com camada lipídica – proteção no meio ambiente; o Capacidade de proliferação sem estar associado necessariamente a célula (apesar de ser dependente do maquinariada mesma para sua replicação), pois consegue se proliferar dentro da raque da pena, onde perde o envelope (vírion – partícula de disseminação viral altamente infectiva) Extremamente grave para a disseminação e manutenção no meio. Patotipos: Relacionados a características/genes de virulência similares dentro de um mesmo grupo (muitas vezes molecularmente descritas, como sequência de aminoácidos no PCR) que estão relacionadas a mesma capacidade tumoral e de imunossupressão: Baixa – mild (mMDV) Cepa CU-2 (mais característica do patotipo); Alta – virulent (vMDV) Cepas HPRS-16 e JM; Muito alta – very virulent (vvMDV) Cepas RB-1B, Md5 e Md11; Altíssima virulência – very virulent + (vv+MDV) Cepas RK-1, 584ª, 648ª. Importante: Os patotipos de muito alta e altíssima virulência estão tendo emergência em artigos de diversos países, pois conseguem causar sinais clínicos mesmo nos animais vacinados quando a vacina não possui composição que consiga suscitar resposta efetiva para promover a proteção total dos animais contra estas cepas ou quando há imunossupressão (aves expostas a agentes patogênicos oportunistas) Aves descartadas (prejuízo duplo: gasto com vacina e perda dos animais). Genes relacionados: Latência: gene Mec (patogenicidade: responsável pelo acometimento dos linfócitos TCD4+/T-helper) Marcador molecular presente ppt no GaHV-2 que pode ser encontrado em algumas neoplasias animais o A reativação após a latência depende da expressão dos marcadores pp38 (dependente de fosfolipídios), Hep e Mys em quadros de imunossupressão. ECORI-Q – expresso em diversos tumores, principalmente em sua base (Punch); Outros genes importantes para outros animais: vil-8, RB1BD4-5lac. Os genes não são específicos da galinha, mas dos tumores. Observações: o Primeiro foi chamado de Leucose aviária; o Mesmo com a vacinação com cepa atenuada de HVT (perus), que não causava sinais clínicos em galinhas, várias cepas emergiram causando diferentes sintomatologias clínicas (paralisia temporária, edema cerebral agudo e eczema agudo); o A pressão positiva causada pela vacinação (alguns autores) e seleção genética para maior produção e reprodução permitiu que o vírus realizasse drifts gênicos (mudanças conformacionais) frente a barreiras e reemergisse com novas cepas; o Alta mortalidade (máximo 60%, ppt se houver doença bacteriana concomitante) e morbidade (até 100%) Consegue infectar até mesmo aves vacinadas, que não vão apresentar sinais clínicos, permitindo sua disseminação no ambiente; o Quadro clínico clássico: pés de bailarina (não é o único sinal clínico e pode não ser o primeiro, a ave pode apresentar quadro neurológico ou ocular, e além disso, o acometimento das patas pode estar associado a outras questões de manejo) Ave morre por inanição, pois não consegue se movimentar até o comedouro ou bebedouro Animais com esse tipo de sinal são coletados e descartados por incineração (diminui a proliferação) Cuidado, pois a infecção ocorre por via aerógena pelo pó presente nas penas e pele descamada; o Nas granjas acometidas, é importante realizar o diagnóstico sorológico, histopatológico (necropsia) ou PCR nos animais descartados; o Geralmente as granjas vacinam aves mais caras (reprodutoras e de postura) são vacinadas com a cepa Rispens (virulenta e atenuada), que é a única que protege contra as cepas extremamente patogênicas, fazendo com que a ave infectada não desenvolva nenhum tipo de neoplasia ou apresentação clínica. Patogenia Observações: Inalação (forma de transmissão) de pó (partículas virais em pele descamada) e penas (vírions) presentes no meio Primeira replicação nas células pulmonares (vírus utiliza todo o arcabouço celular) Estabelecimento da infecção Macrófago fagocita o vírus para apresentar as células linfoides As células B presentes no ambiente promovem leve proteção e também são atingidas pelo vírus, sofrendo apoptose Vírus entra em equilíbrio com o sistema imune (infecção do TC4+) Entra em latência (ppt quando há aumento da imunidade da ave) após já ter sido enviado para todos as células e órgãos linfoides, além do folículo da pena (alta replicabilidade celular) Utiliza o maquinário (ppt das células foliculares da pena raque) para realizar replicação quando precisa se reativar. Importante: apesar de ficar “guardado” na raque da pena e utilizar suas células para replicação e reativação, o vírus não causa nenhuma lesão ao folículo da pena. Fases: 1. 1ª fase ou fase citolítica (2-7 dias pós infecção) Replicação viral nos linfócitos com deflagração de destruição celular (linfócitos B) Detecção molecular em órgãos linfoides a. APC’s – fagocitam e apresentam o vírus no timo, Bursa de Fabricios e baço. 2. 2ª fase ou fase latente (7-10 dias depois da infecção) Replicação em células TCD4+; 3. Infecção cutânea: 4 dias pós infecção podendo ser completa – células linfoides ficam circulando pela corrente sanguínea Detecções moleculares no folículo da pena; 4. 3ª fase ou citolítica tardia: ocorre em episódios de imunossupressão, como pico de postura para aves de postura e reprodutoras Reativação em TCD4+ (18 dias depois da infecção); 5. 4ª fase ou proliferativa (28 dias pós infecção) Linfomas originários de células TCD4+ (algumas aves possuem tendência/susceptibilidade a formação de tumores, o que foi observado a partir do melhoramento genético). Formas de apresentação: Nervosa – animais com problemas de pata (locomoção) e podem vir a ter convulsão se houver grande acometimento/inflamação de nervos; Visceral – formações neoplásicas (grande prejuízo econômico); Cutânea – formações tumorais em pena e/ou próximas ao folículo da pena (susceptibilidade da ave a tumores); Ocular – acometimento principalmente de íris (“olho cinza” – despigmentação) e deformação da retina. Alterações macroscópicas Observação: o Foto 1: nervo vago edemaciado (com espessura de barbante) sem estrias transversais (aparência de tecido conjuntivo) – ideal: espessura de fio dental; o Foto 2: inflamação do nervo vago próxima a veia jugular e timo. Observações: Primeira descrição em pavão de zoológico, feita no Brasil: o Histologia de tecido muscular Conformação muscular completamente perdida; o Neoplasia no coração; o Formação e infiltração de linfócitos pleomórficos nos rins. Forma visceral aguda Observações: o Foto 1: fígado com pontinhos brancos (sinais de inflamação); o Foto 2: neoplasia em baço; o Foto 3: neoplasia em coração (pericárdio extremamente aumentado); o Foto 4: formações acinzentadas mais líquidas ao corte em lesões agudas e mais rígidas (faca risca) em lesões crônicas; o Foto 5: aumento do pulmão dentro da cavidade torácica Como as costelas são extremamente rígidas, os pulmões não conseguem se expandir de forma adequada, causando dificuldade respiratória Provavelmente o animal foi a óbito muito cedo devido a parada respiratória; o Foto 6: rins são aderidos a carcaça, por isso, devido a inflamação, ocorre abaulamento na cavidade celomática (abdominal). Forma visceral aguda: edemas em diversas partes, peritonite (se houver extravasamento ou ruptura de órgão), dificuldade respiratória, inapetência, perda de peso e diminuição da produção de ovos. Observações: o Foto 1: ovário acometido (perdido) causando edema na cavidade celomática e impedindo a postura de ovos; o Foto 2: testículos com neoplasias; o Foto 3: pâncreas totalmente deformado (perda da característica lobulada); o Foto 4: pró-ventrículo edemaciado – animal não consegue fazer a digestão e para de se alimentar; o Foto 5: músculo peitoral com vários pequenos edemas Grande perda produtiva devido ao aspecto das vísceras e músculo. Forma clássica e ocularObservações: o Fotos 1 e 2: forma clássica (aspecto de bailarina) com espacate das pernas para lados opostos ou mesmo lado; o Fotos 2 e 3: nervos edemaciados e sem estriação; o Foto 4: forma ocular com deformação da retina e íris inflamada e despigmentada; o Foto 5: acometimento de linfócitos (B e principalmente T) com pleomorfismo celular (citoplasma e núcleo – cromatina). Observações: o Foto 1: nervo periférico; o Foto 2: músculo ciliar do olho (contração e relaxamento da retina de acordo com a entrada de luz) com infiltrados linfocitários; o Foto 3: paralisia transitória de todos os nervos (animal deixa de se movimentar, alimentar e beber água) com retorno a movimentação normal e observação ou não de lesões neoplásicas após determinado período Pode ocorrer nos quadros de imunossupressão. Importante: Muito produtores deixam as aves em jejum alimentar quando estão chegando no pico produtivo com a finalidade de reduzir o gasto energética das células do sistema digestório e permitir que as células do sistema reprodutivo se adaptem, se regenerem e comecem um novo ciclo (como se fosse uma TPM para a menstruação). Este protocolo não é indicado, pois é extremamente prejudicial para as aves devido a promover queda de imunidade. Deve-se fazer uma mudança nutricional (menor quantidade de ração e nutrientes). Vacinas Vacinas vivas bivalente/polivalentes: HVT (FC-126 +SB-1 +301B/1) – a bivalente é a mais utilizada atualmente; Mais efetiva: GaHV-2 (CVI988/RUSPENS) – não é esterilizante (utilizada para aves adultas reprodutoras e de postura – mais caras) Ave não apresenta nenhum sinal clínico caso seja infectada por cepa altamente virulenta presente no ambiente, porém, em quadros de imunossupressão a 3ª fase (replicação) irá ocorrer, mantendo a disseminação viral para outras aves presentes no ambiente que não receberam vacinação ou receberam de forma errada; Vacinação em ovo no 18º dia de incubação ou atenuada no 1º dia de vida (OBRIGATÓRIA: geralmente SC no dorso da ave) Não ocorre transmissão vertical, a ave se infecta nos primeiros dias de vida, mas só apresenta sinais clínicos a partir de 5 semanas. Vacinação obrigatória Aves de primeiro dia precisam receber a vacinação, até mesmo aves de corte devido a doença ter alta disseminação. Porque não é conhecido e é difícil conhecer o perfil de ocorrência (principalmente dentro do Brasil)? Pois não é uma doença de notificação obrigatória e, como existe vacina, nos planteis onde começa a ocorrer formações neoplásicas ou a forma clássica, os produtores não realizam a descrição da doença para que as empresas produtoras de vacina não sejam responsabilizadas. Diagnóstico tradicional Polineurite e paralisias totais/bilaterais (relacionado a doença nutricional) ou unilaterais (para Doença de Marek – sempre) das patas, asas e pescoço; Lesões macroscópicas em órgãos como os linfomas nos nervos, pele e vísceras Não fecha diagnóstico, é interessante realizar o PCR para diferenciar doenças nutricionais. Genes de resistência e susceptibilidade: o MHC-B: susceptibilidade ou resistência; o B-21: resistência; o B-19: susceptibilidade. o Microssatélites – Estudo de Locus para características quantitativas (QLT) Empresas especializadas. Importante: As características moleculares podem ser utilizadas para acompanhar as linhagens de aves caras utilizadas dentro de planteis (poedeiras ou matrizes). o Cromossomo 1 2, 4, 7 e 8. Doenças que ainda acontecem de forma não tão grave como a doença de Marek, porém, são importantes diagnósticos diferenciais Doença linfoproliferativa – leucemia (tumores líquidos, pois ocorrem na corrente sanguínea) Leucose linfoide (linfócitos B e T); Leucose mieloide; Eritroblastose (vírus da eritroblastose aviária – AEV) – bem rara; Mieloblastose (cepas AMV-BAI-A e E26) – bem rara; Mielocitomatose (MC29, MH2, CMII e OK10) – descrita em alguns artigos, mas não apresentável dentro da avicultura. Retroviridae Todo esse complexo é composto por retrovírus endógenos ou exógenos que podem ser transmitidos de forma vertical, além de horizontal: Alpharetrovirus; Vírus da leucose aviaria (ALV) o A, B, C, D, E (único exógeno) e J. Provírus DNA: Observações: o Vírus RNA bastante simples que possui 3 proteínas, dentre essas uma polimerase que permite sua transformação em provirus DNA após sua entrada na célula hospedeira, onde mantém sua replicação. Linfócitos B o ALV – A, B, C, D – A e B mais vistas a campo, enquanto C e D são mais experimentais. Etiologia Transmissão vertical e horizontal; Eliminação viral: albúmen (transmissão vertical), saliva e fezes (transmissão horizontal); Idade mais susceptível: acima de 14 semanas – diferente da Doença de Marek (diagnóstico diferencial); Susceptibilidade em fêmeas de linhagem leve (Leghorn e Minorca) – principalmente aves de postura; Forma difusa ou mais centralizada. Forma difusa Observações: o Foto 1: Bursa de Fabrício; o Fotos 2 e 3: fígado sem lobulações e com acometimento difuso – parece bastante com a doença de Marek, por isso, nem sempre a macroscopia é suficiente; o Foto 4: baço rompido devido a edema – animal morreu de peritonite; o Foto 5: rins com focos neoplásicos acinzentados para o branco (na Doença de Marek são mais acinzentados). Observações: o Foto 1: ovário com inclusão de leucócitos; o Formas celulares: leucocitose com conformidade maior (similaridade maior entre as células) – diagnóstico histopatológico diferencial é possível algumas vezes de acordo com a presença (Doença de Marek) ou ausência de pleomorfismo. Mielócitos (primeiras células primitivas que vão se diferenciar em leucócitos) o ALV – J (todos os outros são da Leucose linfoide); o Linhagens de aves pesadas acima de 14 semanas (aves mais velhas) – sintomas clínicos mais próximos da idade reprodutiva (18 semanas). Proliferação de células imaturas: mielócitos e prómielóticos Observação: o Fotos 1 e 2: proliferação e deformação óssea Tumores ósseos (mais grave); o Fotos 3, 4 e 5: fígados acometidos com formações não tão acinzentadas (parece normal, podendo passar como intoxicação por micotoxinas, por exemplo); o Foto 6: baço com formações mais claras, não há protuberância, formação neoplásica ou nódulo (mais delicado). Sarcoma Observações: o Foto 1: início da mucosa do pró- ventrículo e ventrículo totalmente deformada, com edema muscular; o Foto 2: músculo com formação neoplásica próxima a artéria; o Foto 3: formação neoplásica em osso; o Foto 4: formação neoplásica em tecido conjuntivo; o Foto 5 e 6: formações neoplásicas em artérias. Leiomielosarcoma Observações: o Foto 1: ovário com aspecto de bola homogênea; o Foto 2: TGI cheio de pequenos nódulos; o Foto 3: pode ser diagnóstico de “cara inchada” (Pneumovirose); o Foto 4: formações no rosto; o Foto 5: diversos tipos celulares picnóticos (formas de linfócitos e leucócitos primitivos); células jovens com tendência a corar mais em roxo (núcleo). Pontos de diferenciação Observações: o Nódulos distintos podem ocorrer na Doença de Marek, porém, geralmente ocorre paralisia; o Bursa atrofiada ou neoplásica de acordo com a cepa virulenta e imunocompetência do animal; o Ambas promovem imunossupressão e o nível depende da cepa de infecção. Diagnóstico diferencial histopatológico de MD/Leucose Na histopatologia para Doença de Marek são observados infiltrados de células linfoblásticas pleomórficas, diagnóstico diferencial em relação a Leucose linfoide, com células linfoblásticas monomórficas. Na forma inflamatória, pequenos linfócitos e plasmócitos também estão presentes. Epidemiologia Possível escapelaboratorial; Caracterizado como os das famílias da Leucose aviária, porém é mais similar aos retrovírus de mamíferos; Não é cosmopolita – diferente de Leucose aviária e Doença de Marek; Também causa tumor, não chega a matar aves mais velhas, mas acomete aves jovens; Não é tão descrito no Brasil (já foi detectado no Pará) como nos EUA, alguns locais da Europa e China. Principais síndromes causadas: Síndrome da doença de refugagem; Linfomatoses crônicas; Reticuloendoteliose (neoplasia aguda). Etiologia Retroviridae: o Ordem: Orthoretrovirinae; o Gênero: Gammaretrovirus; o Espécie: vírus da Reticuloendoteliose aviária (VRE). Estrutura viral: Genes gag, pol e env – utilizam a polimerase para fazer provirus (replicação como DNA); 3 subtipos antigênicos – defectivos ou não defectivos; Cepa T (oncogênica mais agressiva) – mortalidade alta em até 6 dias; Ativação do gene c-myc – relacionada a formação tumoral (também descrito na Doença de Marek); Não possui vacina! o Transmissão e sinais clínicos Vertical e horizontal Culex anuulirostris – pode ser responsável pela transmissão vetorial (não existe no Brasil); Iatrogênica (pouco descrita no Brasil) – contaminação do retrovírus em vacinas devido a contaminação no laboratório durante a integração com Doença de Marek e Bouba Aviária animais apresentam mortalidade em até 6 dias ou até mesmo neoplasias (a depender da fase de infecção) após a aplicação. Principal sinal clínico: Acomete a pena principalmente na comunicação entre a raqui e a bárbula: O defeito de empenamento na fase de emergência dos folículos é um sinal clínico bastante específico! Observações: o Vírion da Doença de Marek se aloja na raqui; o O vírus da Reticuloendoteliose se loja entre a raqui e a bárbula, causando inflamação com hipertrofia e edemaciação, impedindo que o bulbo saia para formar a pena. Observação: o Edemaciação experimental do baço. Observação: o Vírus atinge também células mais jovens, que passam a ter coloração mais basofílica e formação mais uniforme Mais semelhante histopatologicamente a Leucose aviária Importante ter informações como idade das aves do plantel para facilitar a diferenciação! Importância econômica das doenças neoplásicas Perdas diretas (descarte – principalmente em abatedouro ou postura para aves que não estão produzindo ovos) e indiretas (gasto com vacinas para cepas que não ocorrem no ambiente, medicamentos e desinfetantes); Vírus envelopados: sensíveis a clorofórmio e fenol Medidas de biosseguridade precisam ser intensas, principalmente o vazio sanitário (utilizar técnicas para caracterização infecciosa do ambiente, como swab; ou técnicas moleculares, como metagenômica, para saber todos os organismos que estão presentes no ambiente); Doença de Marek: prejuízos de cerca de 1 a 2 bi $/ano. 09/10/2020 - 8h Introdução São doenças confusórias na maioria das vezes, pois quando uma galinha é identificada tossindo, espirrando, com secreção nasal e com dificuldade respiratória (bico aberto) etc. pode-se pensar em diversas doenças. Estão listadas na lista B da OIE, sendo doenças importantes por desempenharem um papel extremamente grave em produções avícolas de todos os países (podem quebrar a produção). Causam muitos prejuízos econômicos, principalmente para a avicultura de postura. O diagnóstico diferencial é indispensável, pois, apesar da Bronquite Infecciosa não ser tão grave quanto a Laringotraqueite em relação aos problemas respiratórios, permitindo uma certa diferenciação, as duas podem ser confundidas com Influenza aviária, New Castle e Mycoplasmose. A Laringotraqueite é uma doença de notificação obrigatória no Brasil (MAPA), já a Bronquite Infecciosa não. Não são restritas as galinhas e podem infectar outras aves, por exemplo, a Laringotraqueite pode afetar psitacídeos causando a Doença de Pacheco. Depois da Influenza Aviária, que possui grande importância devido à alta patogenicidade, a Bronquite Infecciosa é a segunda doença de maiores prejuízos econômicos para a avicultura. Etiologia Ordem Nidovirales 1. Coronaviridae a) Alphacoronavirus o Coronavirus respiratório canino (CRVoV); o Vírus da Gastroenterite transmissível dos suínos (TGEv) e vírus Respiratório (PRCv); o Coronavirus entérico felino e vírus causador da Peritonite Felina (PIF); o Humanos (não é o SARS). b) Betacoronavirus Coronavirus: o bovino (quadro respiratório); o equino (quadro entérico); o suíno (quando neurológico: Encefalomielite Suína); o em girafas (Giraffe coronavirus – geralmente quadro mais entérico); o em humanos (SARSCOV-2 quadro respiratório e entérico). c) Gamma e Deltacoronavirus São as únicas consideradas infectantes para as aves; o Delta: subfamília mais nova que pode acontecer tanto em aves quanto em animais aquáticos (algumas descrições); o Variabilidade genética do vírus da Bronquite Infecciosa das Galinhas O Coronavirus de gansos e patos causa problemas intestinais nas aves anseriformes (aquáticas), onde sua transmissibilidade via orofecal é muito grande; o Bronquite Infecciosa comprovada em perus, faisões (redução da produção de ovos) e Gallus gallus. Importante: Os coronavirus evoluem muito rápido a partir de diversos mecanismos de mutação, como recombinação, drifts e shifts gênicos, que podem ocorrer em epítopos de ligação imunogênicos, ou seja, na ligação que favorece o reconhecimento e desenvolvimento de imunidade pelo organismo Promove grande variabilidade, o que dificulta a formulação de vacinas para a família. Introdução A princípio, era uma doença de quadro respiratório; Sistema geniturinário (rins e órgãos reprodutivos) Os problemas reprodutivos (ex: acometimento de epidídimo, que impede a ejaculação) são os que mais causam prejuízos econômicos para a avicultura; No sistema intestinal acomete principalmente as tonsilas cecais, onde se albergam. Além disso, promovem pequenas lesões (local do SI) que podem levar a hiperplasia/hipertrofia do local, reduzindo a absorção de alimentos. Evolução 1930 (EUA) Queda de postura associada a quadro respiratório (aves com bico aberto e bastante secreção); 1936 Vírus identificado em cultivo de ovo embrionado (saco alantoide); 1956 Descrição de 2 estirpes sem proteção cruzada a partir de testes antigênicos e imunogênicos, após inoculação do vírus atenuado como forma vacinal: Mass (1941) e Conn (1951) o Cepa Mass estava ocorrendo em muitos países avícolas, enquanto a Conn era restrita a algumas localidades do EUA. 1957 (Brasil – MG) Hipólito (UFMG) identificou o vírus em surto causado pela cepa Mass; 1979 Brasil aprovou a vacinação com a cepa Mass – sem proteção cruzada! Etiologia Agente Características: o Grande; o Envelopado; o RNA – sentido +; o Nucleocapsídeo helicoidal (lembra o formato de DNA fita circular na microscopia eletrônica); o 2 proteínas não estruturais (3 a/b e 5 a/b) que auxiliam na funcionalidade das estruturais; o 5 proteínas estruturais: o N (nucleocapsídeo) – contato entre núcleo e nucleocapsídeo; o M (lipoproteína de membrana); o E (envelope); o S (mais importante): subdividida em S1 (mais encontrado) e S2 (suporte para a S1; auxilia a formação de S1); o ssRNA (RNA polimerase do núcleo). o 1/3 + 2/3 de janelas de abertura de leitura (ORFs) Estrutura Observação: o Janelas de abertura: pontos da sequência do vírus onde vão ocorrer troca de aminoácidos Importantes para a variabilidade. Valastro (2016) Realizou estudo filogenético e verificou: 6 genótipos o No Brasil, só ocorre 1; o Os países Asiáticos possuem o maior número de genótipos ocorrendo ao mesmo tempo (maior parte da variabilidade). 32 linhagenso Início: 2 linhagens (1956); o No Brasil, está ocorrendo variabilidade bastante rápida e, além da cepa Mass, também ocorrem a BR- I, BR-II, BR-III (descrição recente) e BR-IV (descrição mais recente). A cepa BR é considerada selvagem, ou seja, possui variabilidade em relação a cepa vacinal (mais conhecida). Importante: as estirpes selvagens favorecem problemas de queda de produção de ovos ou respiratório mesmo em plantéis vacinados. Mestrado professora Árvore filogenética baseada nos trabalhos de Valastro utilizando cerca de 200 cepas para comparação com amostras de frangos de corte e aves de postura doentes demonstrou que no Brasil estamos apenas no genótipo 1 dos vírus. Foram encontradas muitas cepas associadas ao BR-1 e outras a cepa Mass. Em muitas aves havia associação da cepa Mass e variantes da mesma, que poderia já estar causando problemas. Lista B (OIE) Notificação obrigatória (IN 50/2013); Quadro respiratório muito mais grave do que na BIG (Gammacoronavirus e problemas relacionados a reprodução/produção de ovos) Mortalidade pode chegar a 50% (ppt quando há associação com doenças bacterianas secundárias); Causada por Gallid herpesvirus 1 (GaHV) – Gallid herpesvirus 2 (Doença de Marek). Evolução 1925 (EUA) Primeira descrição; 1974 Hipólito verificou doenças de quadro respiratório e descobriu um vírus diferente do causador da Bronquite Infecciosa; 1º surto (muita morbidade e mortalidade devido a quadro respiratório – RJ) 1981-82; Outros surtos 2002-2009 em SP, 2008 em RS, 2010 em MG o Atualmente não há muitos surtos, pois o MAPA permitiu a vacinação (antes utilizava-se a atenuada, atualmente utiliza- se a recombinante) em todo o território nacional. Etiologia Agente Características: o Gênero Iltovirus; o DNA fita dupla; o Envelopado – vírus muito mais resistente as condições de meio ambiente, permanece durante muito tempo nas instalações (até meses) se não houver limpeza e desinfecção correta Consegue fazer latência (herpesvirus) em aves que não possuem doença concomitante ou queda de imunidade importante Doença que não tem cura! o Icosaédrico; o Glicoproteínas gB, gD, gX e gK (relação com a imunidade animal). Epidemiologia Hospedeiros susceptíveis: galinhas, perus e faisões Gallid herpesvirus 1; Idade variável – animais jovens costumam ser mais sensíveis; Transmissão horizontal Infecção oronasal ou conjuntival – contato entre as aves e suas secreções. Sinais clínicos Laringotraqueite Todas as aves podem ser acometidas, porém o quadro clínico é observado apenas em aves adultas; Bronquite Infecciosa Os sinais respiratórios (secreção, dificuldade respiratória) podem ser observados em animais jovens, já o quadro reprodutivo é observado apenas em aves adultas, após a maturidade sexual; O quadro clínico sempre vai se agravar se houverem infecções secundárias por outras doenças (bacterianas ou fúngicas, como Pasteurella, E. coli patogênica, Salmonelose e coccidiose) no plantel, pois estas podem promover a reemergência da laringotraqueite em latência devido a imunossupressão; Período de incubação (PI) 6-12 para Laringotraqueite e 15-21 dias para Bronquite Infecciosa (a depender da competência imunitária do animal). Laringotraqueite Forma epizoótica x enzoótica Epizoótica Mais grave (surtos); Ocorre em aves não vacinadas quando tem contato com o vírus gerando quadro clínico muito grave que pode levar a alta mortalidade; Mais grave quando ocorre a forma diftérica (acometimento de mucosas com formações de massas fibrinosas). Enzoótica Ocorre em aves vacinadas, com competência imunológica, quando passam por algum desafio imunitário que faz com que o vírus em latência reemerja; A vacinação com vacina atenuada promovia a latência de forma iatrogênica, fazendo com que as aves imunossuprimidas desenvolvessem a doença Por isso, as vacinas atenuadas foram substituídas pelas recombinantes (vírus dentro de um vetor). Prevenção Vacinação por spray ocular e nasal (aves jovens), água (aves adultas – reforço vacinal), intraocular/nasal (aves jovens) e IM (poedeiras ou matrizes, não utilizadas em aves de corte devido a aplicação feita em peito e coxa poder reduzir a qualidade do corte); Recombinantes – ex: laringotraqueite com Pasteurella, Coriza Geralmente é vendida sozinha. Importante: verificar a epidemiologia das estirpes presentes região e, se possível, testes para identificar as estirpes presentes na propriedade. A cepa BR (desde 2016) é indicada para locais onde a mesma ocorre mais. Porque não usar as vacinas atenuadas? Pois permitiam a reversão viral quando ocorria redução da imunocompetência das aves, causando prejuízos econômicos. Sinais clínicos Estertores respiratórios – podem estar associados também a alergias, principalmente devido a granulação baixa/fina da ração, que é inalada; Descargas nasais (geralmente ocorre na BIG) – nos casos de LT, ocorre descarga nasal sanguinolenta (grave); Conjuntivite e inchaço nos seios infraorbitários – “cara inchada”; Tosse; Redução da produtividade e do GMD. Observações: o Bico aberto (dificuldade respiratória e respiração com estertor) e inflamação infraorbitária com secreção ocular Quadro mais grave (“cara inchada”) geralmente indica Laringotraqueite Infeciosa; o Com (oclusão do ducto nasolacrimal) ou sem secreção nasal; o Outras doenças que podem estar associadas a “cara inchada” (diagnósticos diferenciais): Coriza Infeciosa das Galinhas (mais relacionada) e outras doenças bacterianas em geral, como Mycoplasmose; ou virais, como a Metapneumovirose (quadro mais característico dessa doença); o Dificuldade respiratória associada a Bronquite Infecciosa, Laringotraqueite e Pneumovirose Quando se chega na granja, o ideal é esperar em silêncio as aves se acostumarem com sua presença para conseguir ouvir certos espirros, observar bicos abertos e perceber estertores traqueais. Alterações macroscópicas (BIG): Observações: o Foto 1: quando a infecção da BIG ocorre no sistema reprodutivo, algumas partes do oviduto (glândulas do istmo, útero e magno) responsáveis pela formação da casca e albúmen são infectadas e reduzem suas secreções Aspecto de incrustação ou falta de cálcio: casca fina ou liquefeita; o Foto 2: quadro renal nefrotóxico, pode cursar com urolitíase por acúmulo de cristais de urato. Não se sabe porque, mas diversos estudos mostram que ocorre variações nas sequências, fazendo com que algumas possuam predileção pelo sistema renal (geniturinário), mesmo que a infecção ocorra por via respiratória Além da diminuição da produção do ovo, redução do tamanho do ovo e má formação da casca, causam problema renal. Importante: nesses casos, a ave pode nem apresentar quadro respiratório. É importante pensar que, se esses agentes entram pelo sistema respiratório (via oronasal), as principais células de acometimento inicial serão as células ciliares, responsáveis pela proteção do sistema respiratório, e que, após essa infecção inicial, nos casos de LT ocorre destruição destas células; já na BIG essa destruição pode ocorrer ou não a depender da cepa de infecção (outros locais podem ser afetados). Alterações macroscópicas (LT): Observação: o Hemorragia traqueal intensa (sangue em todos os anéis traqueais – pode acontecer na BIG, foto 1) com bastante secreção mucoide (LT, foto 2), que na forma diftérica (geralmente associada a infecção bacteriana secundária) se acumulam ao longo do lúmen traqueal (foto 3) Impede a passagem de ar e a expansão do pulmão Ave morre por insuficiência respiratória aguda. Alterações microscópicas – Traqueia: Observações: A diferenciação por histopatologia só consegue ser feita se houvercorpúsculos de inclusão, característicos da Laringotraqueite BIG não tem (apesar de poder estar acontecendo junto); Além da histopatologia, realizar exame diferencial como PCR, sorologia, imunoaglutinação etc. Alterações microscópicas – Rins: Observação: o Os rins das aves estavam gigantescos devido a infiltração intensa de células mononucleares e nefropatia Permitiu sua retirada sem promover danos a carcaça das aves. Alterações microscópicas – Tonsilas cecais: Observação: o Sinais indicativos de hiperplasia! Diagnóstico Isolamento do agente – ovos SPF (nanismo por BIG – quadro clássico) e anéis traqueais o Desvantagem: ambos os vírus demoram para crescer em cultura celular e possuem dificuldade de isolamento (Alphaherpesvirus) Técnicas mais utilizadas para pesquisa e fabricação de vacina; Sorologia – dependendo do tempo de infecção e da soroconversão das aves pode não haver detecção, pois as aves podem não possuir anticorpos para fazer a ligação com os antígenos (ainda não soroconverteram) ou estão com carga viral tão baixa que ainda não apresentaram o limiar mínimo para ligação e detecção; PCR – várias técnicas: convencional, real time, etc. Diagnóstico diferencial o Coriza infecciosa das galinhas – bactéria Haemophilus paragalinarum; o Mycoplasma synoviae; o Metapneumovirus; Importante: Para Laringotraqueite a histopatologia serve como diagnóstico diferencial (corpúsculos de inclusão intranucleares), porém, não é fácil observá-los e, por isso, geralmente realiza-se o PCR. Tratamento LT Abater as aves acometidas e testar o resto do plantel (n amostral compatível: 10-25% do galpão) antes de vacinar para não gastar com aves já infectadas em situação de latência, no caso de poedeiras. Para frangos de corte geralmente nem se observa o quadro clínico devido a idade de abate; BIG Geralmente os produtores não notificam nem abatem as aves para evitar prejuízos econômicos.