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Micoses Sistêmicas Aula: 06 - Professora: Nélio Introdução Os fungos são microorganismos eucariotas, desprovidos de clorofila, e que se reproduzem por esporos. Distinguem-se dos outros eucariotas por terem uma parede celular rígida com quitina e glucano, e uma membrana celular em que o ergosterol é o principal componente de esterol. Encontram-se amplamente distribuídos pela natureza. A classificação clássica destes microorganismos baseia-se na sua morfologia e a forma como se reproduzem. Assim, existem fungos unicelulares que são chamados de leveduras e, fungos pluricelulares ou filamentosos ou bolores. Existem fungos que são patogénicos para o Homem ou animais que são chamados de fungos dimorfos. Estes apresentam-se na forma pluricelular, ou filamentosa, no ambiente, e alteram esta forma quando atingem o hospedeiro, tornando-se unicelular ou leveduriforme. São estes fungos que causam a maioria das micoses sistémicas. Os fungos surgiram como uma das principais causas de doenças no homem, principalmente em indivíduos imunocomprometidos ou hospitalizados, em que existem doenças subjacentes. Estes organismos causam mortalidade e morbilidade consideráveis, pois atuam como agentes patogénicos oportunistas. O aumento das infeções fúngicas pode dever-se ao número crescente de pacientes imunocomprometidos, inclusive transplantados, indivíduos com Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), doentes com cancro ou submetidos a tratamento com quimioterapia. Os fungos possuem uma constituição diferente da bactéria, são seres multicelulares com uma parede celular e membrana de constituição diferente. A membrana dos fungos é formada pelo ergosterol, que é formado através da transformação de lanosterol em ergosterol pela enzima 14-alfa-dimetilase, que é muito parecida com o citocromo P450. Então, quando usamos um antifúngico, como por exemplo a Anfotericina, há a inibição da formação do ergosterol, e a membrana fúngica formada é defeituosa e não compatível com a sobrevivência do fungo. Como a enzima é muito parecida com a humana, ao fazer uso desses antifúngicos há inibição da enzima humana também, e diminuição de formação de esteroides pela suprarrenal. Como esse trem entra no nosso organismo? As micoses sistémicas são infeções em que a infecção primária é nos pulmões e, posteriormente, difunde-se pela corrente sanguínea. - O propágulo é o “filhote” que pode ser esporo ou conídio, e é a forma que adquirimos por aspiração. Ana Carolina Picanço - A característica da maioria desses fungos é o dimorfismo. Isso significa dizer que ele existe na natureza em duas formas: levedura e hifa. - Na fase saprofítica temos o fungo que vive na natureza, na forma de hifa, devido a condições ambientais, principalmente temperatura. De modo geral, os fungos são saprófitas, uma vez que se desenvolvem a partir de matéria orgânica morta ou à superfície de células vivas, sem lhe causarem quaisquer danos. - Quando entra no corpo humano, a temperatura em torno de 37º faz com que esse fungo cresça na forma de lêvedo, denominada fase parasitária. Os fungos parasitas desenvolvem-se “à custa” de outro organismo vivo, no qual produzem lesões. Os fungos podem ser unicelulares ou pluricelulares. Em relação à morfologia, os fungos são classificados como leveduras ou bolores, em que as leveduras, fungos unicelulares, podem ser definidas, em relação à sua morfologia, como células que se reproduzem, por gemulação ou fissão. Por outro lado, os fungos filamentosos ou pluricelulares são vulgarmente conhecidos por bolores. -Unicelular ⇒ São as Leveduras ⇒ Reproduzem por gemulação ou fissão. -Pluricelular ⇒ São os Filamentosos ⇒ Vulgarmente os Bolores. Entendendo melhor sobre a estrutura dessa bicharada doida. A estrutura vegetativa ou somática de um fungo define-se como talo. Nos fungos filamentosos, pluricelulares, o talo é constituído por filamentos, hifas, que originam os micélios, enquanto, que nos fungos unicelulares o soma é formado por uma única célula. Tanto nos fungos pluricelulares como nos unicelulares, o talo é envolvido por uma parede celular rígida que lhe confere a forma. E a reprodução? Os fungos podem reproduzir-se por gemulação, por alongamento da hifa ou por formação de esporos. Os fungos podem utilizar, simultaneamente, os dois modos de reprodução, ou cada um deles isoladamente. Formas de infecção: - Inalatória; - Trans Tegumentar; - Contato direto (ex.: candidíase). Classificação das Micoses Humanas As infeções fúngicas ou micoses podem ser classificadas de acordo com os tecidos infectados, assim como pelas características específicas do grupo dos organismos. Micose é uma infeção causada por fungos. Estas podem classificar-se como: micoses superficiais, cutâneas, subcutâneas, sistêmicas e oportunistas. Micoses Oportunistas ➔ CRIPTOCOCOSE- C.neoformans; ➔ CANDIDÍASE- C.albicans; ➔ ASPERGILOSE- A.fumigatus ● A.nidulans ● A.niger ➔ PNEUMOCISTOSE- P.jiroveci; ➔ MUCORMICOSE- R.arrhizus(oryzae). Ana Carolina Picanço Micoses Sistêmicas ➔ PARACOCCIDIOIDOMICOSE- P.brasiliensis; ➔ HISTOPLASMOSE- H.capsulatum; ➔ BLASTOMICOSE- B.dermatidis; ➔ CRIPTOCOCOSE- C.neoformans; ➔ COCCIDIOIDOMICOSE- C.immitis. Os agentes etiológicos, mais comuns, deste tipo de infeção sistêmicos são fungos dimórficos, considerados patogénicos sistémicos primários, uma vez que causam infecção em hospedeiros imunocompetentes e imunocomprometidos, e também devido ao facto de envolverem as vísceras após a disseminação a partir dos pulmões. Os dimórficos patogénicos são: Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis, Coccidioides posadasii, Histoplasma capsulatum var capsulatum, H. capsulatum var duboisii, Paracoccidioides brasiliensis e Penicillium marneffei. Estes fungos são, também, conhecidos como patogénicos endémicos, uma vez que o seu habitat natural são regiões geográficas específicas em que, a infecção gerada por estes é adquirida pela inalação de esporos naquele ambiente específico e naquela localização geográfica. A deteção destas micoses endémicas pode ser dificultado pelo fato de estas poderem apenas manifestar-se após o doente ter abandonado a área endémica. Paracoccidioidomicose A paracoccidioidomicose é uma infecção sistêmica causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis. Esta infecção, conhecida também como blastomicose sul americana, é a principal infecção fúngica dimórfica nos países da América Latina. É uma doença que está relacionada com a agropecuária. Esses fungos vivem na natureza, na parte vegetal. Tem como característica ser uma levedura com múltiplos propágulos (filhotes) em volta, aspecto de Roda de Leme. Abaixo de 37º esse microorganismo se transforma em hifa, evidenciando seu dimorfismo. As condições adequadas ao crescimento do fungo são a alta humidade, muita vegetação, temperaturas moderadas e solo ácido. Estas condições são predominantes nas zonas junto aos rios. Apesar destas condições serem favoráveis ao desenvolvimento de P. brasiliensis, este não tem o seu habitat ainda bem definido. A porta de entrada é a inalação ou inoculação traumática. Acreditava-se que o ato de “mascar graveto” e utilizar folhas para limpeza pós evacuação eram as formas de contaminação porque essa patologia apresentava lesões orais e perianais. Mas hoje se sabe que a contaminação é via inalatória e essas lesões são metastáticas. Muito comum nas áreas de plantação de lavoura ou rural, onde há maior concentração desses microrganismos. Hoje, houve diminuição dos Ana Carolina Picanço casos por queimadas nas áreas de plantações como de cana, que destrói o solo e o “paracoco”. INALAÇÃO DE CONÍDEO FORMAS CLÍNICAS A paracoccidioidomicose pode apresentar-se como subclínica ou progressiva, com formas pulmonares agudas ou crónicas ou com formas disseminadas agudas, subagudas ou crônicas. Regressiva Verifica-se que muitas das infecções primárias são auto-limitadas, não havendo progressão da doença pulmonar. O organismo pode tornar-se inativo por um longo período de tempo, no entanto se se verificar uma evoluçãopara imunossupressão do hospedeiro, este pode reativar-se e causar patologia clínica. Progressiva: - Pulmonares agudas ou crônicas; - Disseminadas agudas, subagudas ou crônicas Tipo Infanto Juvenil A forma disseminada subaguda é observada em indivíduos mais jovens e em doentes imunocomprometidos. A disseminação e as lesões cutâneas frequentes originam a passagem para a corrente sanguínea. Nesta forma de doença, não se verificam lesões pulmonares ou da mucosa. Tipo Adulto A forma pulmonar crônica da doença afeta, maioritariamente, os adultos e apresenta-se com problemas respiratórios, muitas vezes como manifestação única. A doença vai avançando lentamente durante meses ou até mesmo anos, com sintomas de tosse persistente, expectoração purulenta, dor torácica, perda de peso, dispneia e febre. As lesões pulmonares são nodulares, infiltrativas e fibróticas. Fases da doença Nem todos os indivíduos apresentam manifestações pulmonares da doença, a infecção pode disseminar-se para locais extrapulmonares, como pele e mucosa, linfonodos, glândulas adrenais, fígado, baço, Ana Carolina Picanço quando esta não é diagnosticada nem tratada. Esta doença afeta na grande maioria pessoas do sexo masculino. O estrogênio é um fator protetor contra essa infecção, porque ele impede que, dentro do organismo, a hifa se transforme em levedura (dimorfismo). É por isso que mulher não tem paracoccidioidomicose, ou só tem na menopausa. Diagnóstico O diagnóstico da infeção é realizado por observação de leveduras características no exame microscópico das amostras biológicas. Este organismo pode ser ainda visualizado por vários métodos de coloração, e a presença de múltiplas gêmulas permite a distinção de P. brasiliensis de Cryptococcus neoformans e de B. dermatitidis. ➔ Exame direto → ex.: escarro; ➔ Cultura → leva mais de um mês para crescer; ➔ Sorologia → imunodifusão; ➔ Intradermorreação; ➔ Histopatológico → fungo argentofílico (que tem atração pela prata) → fica com coloração escura/preta - hiperplasia pseudoepiteliomatosa, microabcessos, células gigantes, granulomas. Tratamento POLIÊNICOS: Anfotericina B → nas formas mais graves ou múltiplas lesões; AZÓIS: Cetoconazol (oral); TRIAZÓIS: Itraconazol (oral) → 6 meses a 1 ano ou Voriconazol ou Isavuconazol; SULFAS: Sulfametoxazol + trimetoprim → 2 anos. Saber que usar somente o itraconazol já é suficiente, não associar. Paracoccidioides brasiliensis em forma de levedura; múltipla gemulação. Criptococose A criptococose é uma infeção causada pelo Cryptococcus neoformans, que é uma levedura (somente nessa forma sempre), e apresenta uma elevada predisposição para o SNC. Este agente afeta principalmente os indivíduos imunocomprometidos. Ana Carolina Picanço Existem duas variedades de C. neoformans, C. Var grubbi (sorotipo A), neoformans var. neoformans (sorotipo D) e C. neoformans var. gattii ( sorotipo B e C ) que podem causar infecção. A variante gattii encontra-se com maior frequência nas zonas tropicais ou subtropicais, tendo sido isolada em eucaliptos. Enquanto, que a C. neoformans var neoformans habita em pombos e aves, e no solo contaminado por excrementos destes, frutas. FORMAS CLÍNICAS - Pulmonar; - Disseminada. A infecção dá-se através da inalação dos esporos, que originam uma infeção pulmonar assintomática após penetração nos alvéolos pulmonares. As manifestações clínicas variam desde uma simples colonização pulmonar até uma infecção disseminada e invasiva. A disseminação é por via hematogênica, e pode provocar lesões no SNC, cérebro e meninges (meningite criptocócica), e ainda lesões cutâneas, ósseas e viscerais. Como essa patologia pode causar meningite de base de crânio, pode haver obstrução dos forames e aquedutos que drenam o líquor, causando hidrocefalia, que é bastante comum. O fungo apresenta características biológicas ou fatores de virulência que demonstram a sua capacidade de desencadear infecção, independentemente do estado imunológico do hospedeiro. Estas características consistem no fato do Cryptococcus neoformans ser um fungo encapsulado, em que a cápsula é de natureza polissacarídica e impede a fagocitose, tornando-o mais virulento. E quais são os fatores predisponentes? AIDS, sarcoidose, linfoma Hodgkin, leucemia linfocítica crônica (LLC), diabetes, colagenoses, corticoterapia, imunossupressores. Os grupos de risco para a criptococose são doentes com HIV, transplantados e grupos heterogéneos sem HIV ou transplantes. No caso do sistema imunitário apresentar alterações, como a contagem de linfócitos CD4+ inferior a 200/mm3, significa que existe risco de contrair uma infecção com C. neoformans e desta atingir o SNC e ser disseminada. DIAGNÓSTICO A infeção causada pelo Cryptococcus neoformans pode ser diagnosticada através de vários métodos, como observação de preparações microscópicas, teste serológico, cultura de sangue ou líquido cefalorraquidiano. As células de C. neoformans são redondas ou ovais e têm uma cápsula polissacarídica, o que permite a sua observação em preparações microscópicas com tinta-da-china, uma vez que esta não penetra no interior das células. “céu estrelado” Cultura (escarro, LCR, urina, secreção prostata) → três dias para crescer; Pesquisa do antígeno → LCR, soro, urina, ELISA. TRATAMENTO POLIÊNICOS: Anfotericina B + Fluocitosina (não tem no Brasil); AZÓIS: Cetoconazol → não ultrapassa BHE, mas posso usar p/ lesão pulmonar; TRIAZÓIS: Fluconazol e Voriconazol → excelentes; Itraconazol → não ultrapassa muito bem a BHE, não tem IV. Histoplasmose A histoplasmose é uma micose sistêmica causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, mais precisamente por duas variedades deste - H. capsulatum var. capsulatum e H. capsulatum var. duboisii. Histoplasma capsulatum: Apesar do nome, não possui cápsula. Fungo dimórfico que cresce muito bem em fezes de morcegos e possui disseminação rápida. Na natureza, ele é facilmente identificado na forma de hifa e, Ana Carolina Picanço quando aspirado, o indivíduo adoece rapidamente devido a grande concentração de propágulos existentes. A contaminação pode ocorrer pela entrada em lugares fechados que contenham fezes de morcego (ex: sótão, cavernas) pela aspiração. Os morcegos não adoecem da histoplasmose. EPIDEMIOLOGIA A forma miceliar do H. capsulatum habita no solo com elevado teor em azoto, como aquele que contém as fezes das aves. Os surtos de histoplasmose são associados à exposição a habitats de aves e locais onde existem morcegos, CLIMAS ÚMIDOS . Os aerossóis dos microconídios e fragmentos de hifas no solo e posterior inalação por pessoas expostas é o principal fator para a existência de um surto. Apesar de a infecção ocorrer na maioria das exposições, verifica-se que existem casos em que não surgem sintomas e que apenas se detecta a infecção por testes cutâneos. - Ciclo de vida do Histoplasma capsulatum. Legenda: 1- O H. capsulatum, no ambiente, existe como um molde com hifas aéreas; 2- As hifas produzem aerossóis de micro e macroconídios que estão dispersos no ambiente; 3- Os microconídios são inalados, por um hospedeiro suscetível, para dentro dos pulmões; 4- A temperatura mais elevada dentro do hospedeiro permite a sua transformação em forma oval, em levedura de gemulação; 5- As leveduras são fagocitadas por células do sistema imunitário e transportadas para os linfonodos; 6- A partir daí eles circulam no sangue para outras partes do organismo. FORMAS CLÍNICAS ASSINTOMÁTICA 50-90% SINTOMÁTICA 10-50% Síndromes auto-limitadas * Pulmonar aguda 60% * Pericardite 10% * Reumatológica 10% Pulmonar crônica 10% Disseminada 10% Mediastinite <1% fibrosante A forma pulmonar é tão grave que em menos de 7 dias leva a insuficiência respiratória e a SARA. Alguns pacientes podem apresentar pericardite, alterações articulares e quem tem predisposição pode crescer gânglios mediastinais e fazer fibrose, que comprime os vasos próximos, porém, é mais raro. O mais comum é o paciente com quadro pulmonar que refere dor, mal estar, tosse, febre e que evolui parainsuficiência respiratória. A lesão pulmonar característica é a micronodular difuso, sempre bilateral. Alguns pacientes podem apresentar calcificações dessas micronodulações. DIAGNÓSTICO EXAME DIRETO; CULTURA; SOROLOGIA; INTRADERMORREAÇÃO; HISTOPATOLÓGICO. TRATAMENTO POLIÊNICOS: Anfotericina B AZÓIS: Cetoconazol TRIAZÓIS: Itraconazol Ana Carolina Picanço Micoses Oportunistas As micoses oportunistas são infecções causadas por fungos que são normalmente comensais humanos ou ambientais, e que em indivíduos com o sistema imunitário comprometido causam infeção. QUANDO OCORREM: Somente em situações que houver quebra da defesa, como: o uso de corticóide e citostáticos; o neoplasias; o obesidade; o colagenoses; o diabetes mellitus; o sarcoidose; o AIDS; o acidose metabólica; o hipotermia. É preciso ter em mente que a característica tecidual das micoses oportunistas é a presença de hifas no tecido, ou seja, invasão por hifas. SÃO ELES: -CRIPTOCOCOSE- C.neoformans -CANDIDÍASE- C.albicans -ASPERGILOSE- A.fumigatus A.nidulans A.niger -PNEUMOCISTOSE- P.carinii -MUCORMICOSE- R.arrhizus(oryzae) Candidíase Tipos: o Candida albicans → A Cândida Albicans é a mais comum e está envolvida em infecções leves e também oportunistas. Por fazer parte da microbiota humana, ela está em diversos lugares do corpo e por isso causa infecções em diversos sítios. o C.tropicalis o C.glabrata o C.parapsilosis o C.guilliermondii o C.krusei o C.lusitaniae Fatores predisponentes o Neutropenia o AIDS o Cirurgia abdominal o Transplante de órgãos o Neoplasias o Diabetes Mellitus o Queimaduras o Corticoterapia o Síndromes de Imunodeficiência Congênita o Antibioticoterapia de largo espectro o Cateter venoso ou vesical o Mucosite por radioterapia Formas clínicas: o Mucocutâneas: oral → o surgimento de candidíase oral é um bom marcador para paciente com AIDS, mas não só. Em pacientes com DM descompensado e em uso de corticoide sistêmico prolongado pode aparecer também. Há aftas na boca e também pode ter disfagia. esofágica → a esofagite por cândida é comum em pacientes com AIDS, onde há placas esbranquiçadas no esôfago e o paciente vai se queixar de disfagia e/ou odinofagia. vaginal → decorrente de alteração do pH, umidade e etc.. o Onicomicose que é a cândida na unha. o Sistêmica: Candidemia → é um quadro muito parecido com septicemia por gram (-). Desconfia-se quando diversos esquemas de ATB com amplo espectro são usados e os pacientes não melhora. É um Ana Carolina Picanço quadro que simula muito bem uma infecção bacteriana grave, por isso o alerta para fungos precisa estar sempre ligado. O paciente com sepse fúngica é muito grave, ele fica chocado e pouco responsivo, pode até apresentar eritema cutâneo. Candidose hepatoesplênica Disseminada é uma infecção normalmente hospitalar, nesse caso o fungo atinge a corrente sanguínea em direção a órgãos como: rins (ITU), olhos (endoftalmite), valvas cardíacas, cérebro, baço, pulmão. Toda e qualquer infecção sistêmica disseminada é grave. Sítio profundo localizado o Candidúria → presença de fungos na urina. DIAGNÓSTICO o Exame direto: é um bom método; o Cultura: aqui também cresce facilmente; o SOROLOGIA; o INTRADERMORREAÇÃO → Não se faz. o HISTOPATOLÓGICO → faz diagnóstico, mesmo não dando para saber qual é tipo de fungo dá pra saber que é um fungo oportunista. TRATAMENTO Anfotericina B TRIAZÓIS Itraconazol Fluconazol Posiconazol Acetato de caspofungina Micafungina Anidulafungina Aspergillus Causa a Aspergilose pela forma disseminada. Tipos: (disse que todos são importantes). o Aspergillus fumigatus o Aspergillus flavus o Aspergillus niger o Aspergillus nidulans o Aspergillus sydowii o Aspergillus glaucus o Aspergillus restrictus Fontes de infecção: o SOLO o ÁGUA o MATÉRIA ORGÂNICA o VEGETAÇÃO DO CHÃO o MATERIAIS A PROVA DE FOGO o SISTEMA DE VENTILAÇÃO E AR CONDICIONADO o MACONHA → na própria maconha pode ter o fungo, o paciente com AIDS ao usar essa droga contaminada pode desenvolver a doença. Formas clínicas: o ASPERGILOSE ALÉRGICA o ASPERGILOMA que também é chamado de Fungus balls. o ASPERGILOSE INVASIVA: Pulmonar → 95% Extrapulmonar → 25% o ASPERGILOSE PULMONAR NECROTIZANTE CRÔNICA. o ASPERGILOSE SUPERFICIAL acomete pele, olhos,ouvidos. Fatores predisponentes: o Neutropenia. o Transplante de órgãos, principalmente de Medula Óssea. o Neoplasias. o Corticoterapia. o AIDS. o Doença granulomatosa crônica. Ana Carolina Picanço *abpa: aspergilose broncopulmonar alérgica. ASPERGILOSE ALÉRGICA: É causada principalmente pelo A. fumigatus. O paciente tem um quadro de reação alérgica ao entrar em contato com o fungo, que se apresenta como a forma broncopulmonar alérgica (ABPA) e/ou alveolite alérgica extrínseca (AAE). A ABPA é uma forma clínica que o paciente desenvolve uma asma que não melhora com o protocolo básico. Ele vai ter o IgG aumentado. A fisiopatologia compreende na inalação de substâncias do aspergillus e reação atópica à presença do fungo. Então como não é o fungo que está fazendo a doença e sim uma resposta de hipersensibilidade à determinada substância do mesmo, usa-se Corticóide no tto. Porém, quando o paciente apresenta infiltrado pulmonar, esse quadro deixa de ser apenas uma asma por reação de hipersensibilidade, pois o fungo que antes não foi virulento o suficiente para causar doença, agora já se comporta de forma mais virulenta e foi capaz de desenvolver o que chamamos de AAE (inflamação dos alvéolos). ASPERGILOSE Ocorre pelo acúmulo de aspergillus que vão colonizar cicatrizes pulmonares, resultantes de abscessos pulmonares de doenças passadas. O paciente que possui uma cavitação pulmonar ou uma “caverna” no pulmão, ao aspirar ou fumar maconha entrará em contato com esse fungo, que vão crescer tanto a ponto de formar uma bola fúngica que irá preencher a região cavitária. Na imagem acima é possível ver que ao redor da mancha branca que é o fungus balls, percebe-se um sombreado escuro sugerindo uma cavitação. Esse é o sinal de Monod, que significa lua invertida. Essa bola fúngica é composta por um conjunto de hifas (micélio), de fibrina, de muco, e dos restos celulares encontrados dentro de uma cavidade pulmonar. A bola fúngica preenche a cavitação, mas é pedunculada, ou seja, é móvel, faz o movimento de “vai e vem” podendo danificar capilares ao redor e quando isso ocorre o paciente cursa com hemoptise. Ana Carolina Picanço Quadro Clínico: paciente com histórico de tuberculose que chega ao médico com hemoptise, muitos médicos pensam que é recidiva da tuberculose, mas diante do RX encontra-se uma mancha esbranquiçada. Não é fácil a visualização, porém, nesses quadros deve-se pensar em aspergiloma ou fungos balls. Cuidado com hemoptises intensas pois pode levar a morte. Tratamento: Lobectomia. Tem médicos que tentam fazer broncoscopia para tentar jogar antifúngico, mas é muito complicado e normalmente sem sucesso. ASPERGILOSE INVASIVA PULMONAR É um quadro mais agressivo e normalmente está associado à imunodepressão. É muito comum em pacientes que fizeram transplante de medula óssea devido ao estado de desequilíbrio imunológico. Quadro clínico: o Lesão pulmonar progressiva que começa de um lado e vai para o outro. Em determinado momento ambos os pulmões estão tomados. Parece até estafilococos. o Paciente por vezes, após o transplante inicia um quadro de febre, pensa-se em rejeição no primeiro momento, mas durante a investigação pede raio-x, tomografia e ainda assim nada de alteração. Então, pode-se usar uma substância chamada de galactomanana que é uma substância da ptn da parede celular do aspergillus. Quando o fungo está se multiplicando no organismo humano essa substância aumenta na corrente sanguínea, então se pede exame de sangue com a presença desse marcador que estará aumentado em quadros de infecção por esse microrganismo. IMPORTANTE. Diagnóstico: o EXAME DIRETO o CULTURA o SOROLOGIA o PESQUISA DE GALACTOMANANA o PCR (reação em cadeia da polimerase) para tentar achar o RNA/DNA do fungo. o HISTOPATOLÓGICO.Tratamento: POLIÊNICOS: Anfotericina B. TRIAZÓIS: Itraconazol, Fluconazol, Posiconazol. EQUINOCANDINAS: Acetato de caspofungina, Micafungina, Anidulafungina. o Aspergilose pulmonar invasiva aguda: Anfotericina B lipossomal em situações mais graves, mas pode-se usar Itraconazol também. Mucormicose Antigamente era chamado de Zigomicose, atualmente recebe o nome de Mucormicose que é causada pelos zigomicetos (fungos terrestres que estão na natureza e são em forma de hifas). É o fungo do bolor do pão que normalmente em pessoas com imunidade competente não causam doenças, mas em imunodeprimidos pode causar problemas. O mais causador de doença no ser humano é o Rhizopus arrhizus, mas os outros são: Fatores predisponentes: o HIPERGLICEMIA - (DM) o HIPOTERMIA o ACIDOSE METABÓLICA o POLITRAUMA o IMUNODEFICIÊNCIA SEVERA o É um conjunto de fatores, a pessoa tem que ter hiperglicemia, hipotermia e acidose metabólica. Outra situação é o paciente politraumatizado que também tem acidose, Ana Carolina Picanço hipotermia e com situação de imunodeficiência. Essa doença é clássica do paciente com cetoacidose diabética, também pode aparecer no paciente que é urêmico, que tem IRA e DM. Logo, é uma doença que ocorrem em situações extremas, onde o paciente tem um conjunto de fatores que predispõem a mucormicose. Fisiopatologia: Os fungos se apresentam como hifas enormes que vão entrando nos vasos sanguíneos e por serem grandes vão lesando o vaso, levando a formação de trombo. Por onde ele anda vai trombosando, levando a isquemia e consequentemente a necrose. Esses fungos entram pela respiração, mas também podem estar no palato. Forma clínica: o Rino-órbito-cerebral: começa com uma lesão dentro do nariz, dentro do palato ou na mucosa dessa região e a circulação sanguínea desse local faz comunicação direta com a circulação cerebral, principalmente o seio lateral e o frontal culminando na formação de abscessos. Ainda, mesmo a apresentação clínica clássica ser a rino-órbito-cerebral, também pode-se ter apresentação clínica cutânea, pulmonar entre outras. A evolução depende do diagnóstico precoce, pois o paciente evolui muito rápido e na maioria dos casos vai à óbito. Alta mortalidade. Tratamento: Desbridamento do local necrosado (ex: mucosa nasal, palato) + Anfotericina B. Também pode-se associar com rifampicina, pois se vê melhora, parece que ajuda. Ana Carolina Picanço