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Apostila - Procedimentos Especiais

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PROCESSO CIVIL - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
 
1 - Considerações Iniciais ......................................................................................................... 3 
2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais .................................................... 3 
2.1 - Processo versus procedimento ................................................................................ 3 
2.2 - Modelos de processo nos procedimentos específicos ................................................ 5 
2.3 - Fungibilidade dos procedimentos .............................................................................. 6 
2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental ..................................................... 8 
3 - Ação de Consignação em Pagamento ............................................................................ 9 
3.1 - Hipóteses de cabimento ............................................................................................. 9 
3.2 - Obrigações consignáveis ................................................................................... 10 
3.3 - Consignação extrajudicial .................................................................................. 11 
3.4 - Consignação judicial .......................................................................................... 14 
4 - Ação de Exigir Contas .....................................................................................................21 
5 - Ações Possessórias ..................................................................................................... 24 
5.1 - Introdução .......................................................................................................... 24 
5.2 - Disposições Gerais .....................................................................................................27 
5.3 - Manutenção e da Reintegração de Posse ............................................................... 33 
5.4 - Ação possessória em conflitos coletivos por imóvel ................................................ 36 
5.5 - Interdito Proibitório ............................................................................................... 39 
6 - Inventário e partilha .............................................................................................. 41 
6.1 - Disposições Gerais .....................................................................................................42 
6.2 - Legitimidade para Requerer o Inventário .............................................................. 44 
6.3 - Inventariante e das Primeiras Declarações ............................................................ 45 
6.4 - Citações e Impugnações ....................................................................................... 53 
6.5 - Avaliação e Cálculo do Imposto .............................................................................. 55 
6.6 - Colações ............................................................................................................... 56 
6.7 - Pagamento das Dívidas ............................................................................................. 57 
6.8 - Partilha ............................................................................................................ 60 
6.9 - Arrolamento ........................................................................................................ 66 
6.10 - Disposições Comuns a Todas as Seções .................................................................................. 68 
7 - Embargos de Terceira ............................................................................................................... 69 
8 - Ação Monitoria ................................................................................................................................ 73 
9 – Questões OAB ........................................................................................................................ 80 
10 - Questões extras ....................................................................................................................... 85 
 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
 
1 - Considerações Iniciais 
 
Neste semestre vamos estudar os Procedimentos Especiais previstos no CPC. Não 
traremos todos os procedimentos, pois não seria adequada para uma preparação rápida 
para a OAB. Traremos os procedimentos mais incidentes, aqueles que você não pode 
deixar de estudar. 
Bons estudos! 
 
2 - Introdução ao Estuda dos Procedimentos 
Especiais 
 
Vamos analisar algumas regras que são aplicáveis a todos os procedimentos especiais, 
que (como o nome já indica) são procedimentos que fogem a regra do procedimento 
comum. 
 
2.1 - Processos versus procedimento 
 
Primeiramente, cumpre observar que processo e procedimento são conceitos distintos. 
O processo constitui uma entidade complexa, composta por mais de um elemento. São 
dois elementos: a) relação jurídica processual; b) procedimento. 
A relação jurídica processual constitui a conjunto de direitos, deveres, ônus, 
obrigações e faculdades que relacionam os atores do processo (partes, juiz e 
auxiliares) entre si. Por exemplo, regras de suspeição e impedimento, a disciplina da 
coisa julgada, ônus da prova são exemplos do elemento relação jurídica processual no 
bojo do processo. 
Assim, a relação jurídica processual diz respeito ao conteúdo (elemento intrínseco) do 
processo. Trata-se da "alma" do processo. 
O procedimento (conhecido como rito), por sua vez, constitui a forma como os atos 
processuais se combinam no tempo e no espaço. Assim, a definição de cada ato do 
processo, de forma ordenada, e o procedimento. Por exemplo, a fixação da audiência 
da conciliação apos a citação, apresentação da contestação, saneamento, audiência de 
instrução, representa o procedimento. 
Assim, o procedimento e o "corpo", o elemento extrínseco do processo. 
 
Atenção! 
 
 
Essa distinção é relevante porque a fonte normativa da relação jurídica processual e do 
procedimento são distintas. A fonte normativa da relação jurídica processual é definida 
pela União, no exercício de competência privativa, coma prevê art. 22, I, da CE, é a 
União. 
 
Art. 22 - Compete privat ivamente a União legislar sobre: 
I - direito civi l , comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marít imo , 
aeronáutico, espacial e do trabalho; (. . .) 
 
Somente a Poder Legislativo federal estabelece regras processuais. 
Por outro lado, regras de procedimento podem ser disciplinadas pela União, pelos 
Estados-membros e pelo Distrito Federal, conforme explica o art. 24, XI, da CF. 
 
Art. 24 - Compete a União, aos Estados e ao Distr i to Federal legislar 
concorrentemente sabre: (. . .) 
XI - procedimentos em matéria processual; (. . .) 
 
Temos hipótese de competência concorrente, por intermédio do qual a União legisla 
sobre normas gerais, ao passo que as Estados -membros e o Distrito Federal disciplinam 
normas especificas, a fim de adequar o regramento geral da União as particularidades 
regionais. 
Cita-se, como exemplo, a existência das Leis de Organização Judiciaria (LOA). 
Cuidado! 
 
 
Em face da distinção acima, temos a possibilidade de estabelecer procedimentos 
distintos, com base nas mesmas normas referentes à relação jurídica processual. 
Essas normas são as mesmas, varia-se o procedimento para disciplinar questões 
especificas. Não obstante essas regras especificas, as normas referentes a suspeição e 
regras de suspeição e impedimento, 
ônus da prova, coisa julgada.
constitui o conjunto de direitos, 
deveres, ônus, obrigações e 
faculdades que relacionam os atores 
do processo
RELAÇÃO JURÍDICA 
PROCESSUAL
fixação da ordem dos atos 
processuais (petição, contestação, 
saneamento, produção de provas)
forma como os atos processuais se 
combinam no espaço e no tempo
PROCEDIMENTOCompetência privativa da União
relação jurídica 
processual
Competência concorrente da União, 
Estados e DF
procedimento
impedimento, coisa julgada e ônus da prova são os mesmos para todos os 
procedimentos específicos. 
De todo modo, vamos analisar os procedimentos específicos como fundamento no CPC, 
evidentemente sem considerar eventuais regramentos específicos que constam da 
legislação estadual. Vamos, portanto, analisar regras de procedimento, estabelecida a 
nível nacional. 
 
2.2 - Modelos de processo nos procedimentos específicos 
 
São basicamente dois modelos de processo. 
O primeiro deles é o processo de conhecimento, que tem cunho declarativo. 
O segundo é o processo de execução, cuja atividade é satisfativa . 
Dentro do processo de conhecimento são dois os procedimentos adotados: comum 
que e o padrão conforme estabelece o art. 318, do CPC. Paralelamente temos os 
procedimentos especiais, a partir do art. 539, do CPC. 
 
 
 
Cumpre registrar, ainda, a existência de procedimentos especiais na legislação 
extravagante. Cite-se a Lei de Ação Civil Pública, a Lei do Mandado de Segurança, as 
leis dos juizados entre outras. 
No processo de execução também encontramos procedimentos comuns e específicos. 
Os procedimentos comuns são três: processo de execução para pagar, processo de 
execução para fazer ou não-fazer e processo de execução para entrega de coisa. 
 
Temos, entretanto, procedimentos especiais de execução, a exemplo do processo de 
execução de alimentos , processo de execução contra a Fazenda Pública, processo de 
execução contra o devedor insolvente. 
 
Sintetizando... 
 
 
A existência de procedimentos especiais decorre da existência de particularidade do 
direito material que justif ica ou impõe a criação de tutelas diferenciadas. 
Nesse contexto, de acordo com o princípio da adequação procedimental, comanda-se 
ao legislador ficar atento às circunstâncias do direito material e, na medida do possível, 
criar procedimentos especiais a fim de tutelar as necessidades de direito material. 
 
2.3 - Fungibilidade dos procedimentos 
 
Fungível a aquilo que pode ser substituído, ao passo que infungível é aquilo que é 
insubstituível. 
Assim, questiona-se: 
Um procedimento especial pode ser renunciado para que a parte 
demande pelo procedimento comum? 
 
Durante muito tempo prevaleceu o entendimento de que o procedimento era fixado em 
favor da lei, de forma que a parte não poderia optar pelo rito, pois se tratava de matéria 
de ordem pública. 
PROCESSO
de conhecimento
procedimento 
comum
procedimentos 
especiais (art. 
539 a 770)
de execução
procedimentos 
comuns
pagar fazer e 
não fazer
entregar 
coisa
procedimentos 
especiais
contra a 
Fazenda 
Pública
de 
alimentos
O entendimento atual, via de regra, é no sentido de que os procedimentos 
especiais são fungíveis, de modo quo é possível abrir mão do procedimento 
especial para demandar polo procedimento comum. 
Por exemplo, a parte poderá abrir mão do procedimento especifico da ação de 
alimentos para propor ação pelo procedimento comum. Como esse procedimento não 
gera prejuízo à parte contraria, é admissível a fungibil idade. 
Contudo, ternos algumas situações em que nosso sistema não admite a absorção do rito 
especial pelo procedimento comum, de modo que não são fungíveis. Isso ocorre quando 
houver impossibil idade de tutela do direito a não ser pelo procedimento especial e 
quando houver expressa disposição legal vedando a util ização do procedimento comum. 
Por exemplo, o procedimento especí fico do inventário e da partilha, cujos direitos não 
podem ser tutelados polo procedimento comum. Outro exemplo , esta no procedimento 
dos juizados especiais federais (Lei 10.259/2001) e de Fazenda Pública (Lei 
12.153/2009), nos quais veda-se expressarem-te a util ização do procedimento comum. 
Assim: 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental 
Os procedimentos são típicos, porque estabelecidos em lei. Não há, portanto, uma 
liberdade de forma em relação à definição de ritos procedimentais. Contudo, ainda que 
o legislador intentasse ser completo , sempre existirão situações de déficit do 
procedimento. São situações em que não há procedimento capaz de tutelar 
adequadamente o direito material. 
Diante disco, é comum situações no processo em que não há uma regra procedimental 
para situação prática especí fica. Nesse caso de déficit, o juiz poderá flexibilizar o 
FUNGIBILIDADE
regra:
a parte poderá optar 
pelo procedimento 
comum, não obstante a 
existência de 
procedimento 
específico
exceções:
impossibilidade de 
tutela do direiot a não 
ser pelo procedimento 
especial
expressa disposição 
legal vedando a 
utilização do 
procedimento comum
procedimento . Com fundamento no principio da adaptabilidade de ritos , o juiz tem a 
prerrogativa de adequar o rito a eventuais particularidades. 
Essa teoria a fundada nos seguintes dispositivos do CPC: 
 
 f lexibi l ização legal genérica mitigada (art. 139, VI); 
 f lexibi l ização voluntaria do procedimento (art. 190); 
 convenções processuais sabre situação jurídica (art. 190). 
 
O art. 139, VI, do CPC, e uma clausula geral que se aplica a qualquer processo e a 
qualquer tipo de procedimento e permite ao juiz, dentro da ideia de adaptação, ampliar 
prazos e inverter a ordem de produção de provas . 
Essa flexibil ização é mitigada porque o juiz não pode efetuar a adaptabilidade em 
qualquer situação, mas apenas no caso de ampliação de prazos e inversão da ordem de 
produção de provas. 
O art. 190, do CPC, par sua vez, estabeleceu a flexibil idade de procedimento e de 
convenções processuais sobre situações jurídicas. 
Assim, desde que as partes sejam plenamente capazes e desde que o direito em debate 
seja autocomponível (admita-se composição), e possível que as partes promovam 
convenções processuais sobre situações jurídicas, ou flexibil ização voluntária do 
procedimento. 
Temos, portanto, uma cláusula geral para as partes fixarem negócios jurídicos 
processuais em quaisquer tipos de relação jurídica processual e procedimentais. 
Questiona-se: 
Existem limites às convenções processuais pelas partes? 
São dois grupos de limites. 
O primeiro deles envolve os chamados limites específicos, quais sejam -. a) partes 
capazes; e b) direito que permita a autocomposição. Esses limites estão expressos do 
art. 190, do CPC. 
O segundo grupo de limites envolve limitações de direito material ao negócio jurídico. 
São quatro requisitos exigidos para todo e qualquer negócio jurídico: a) agente capaz; 
b) objeto lícito; c) forma prescrita ou não defesa em lei; e d) autonomia da vontade. 
Essas mitigações processuais e procedimentais — seja pelo juiz, pela no exercício da 
autonomia das partes — poder ser aplicada aos procedimentos especiais . 
Com isso finalizamos a primeira parte do conteúdo teórico referente à aula de hoje. 
 
3 - Ação de Consignação em Pagamento 
 
A consignação em pagamento esta disciplinada entre os arts. 539 a 549, todos do CPC, 
e encontra algum regramento também na Lei nº 8.249/1991 (Lei de Locações). 
Evidentemente, vamos analisar os dispositivos do Código, objeto do nosso estudo. 
A ação de consignação em pagamento é um procedimento específico por intermédio do 
qual o devedor destaca uma parcela de dinheiro ou um bem para quitar determinada 
obrigação. Em regra, a cumprimento da obrigação ocorre junto ao credor. Contudo, em 
determinadas situações, o credor poderá não receber o valor devido (denominada de 
mora accipiens) ou podemos ter dúvidas sobre quem é a devedor (mora incognitio). 
Para esses casos, a forma do devedor se “l ivrar" da obrigação é a consignação em 
pagamento. 
De acordo com a doutrina, a consignação em pagamento1: 
 
é a ação que visa a l iberação do devedor de determinada obrigação. O objet ivo do 
demandante é a obtenção de declaraçãojudicial no sentido de que não se 
encontra mais obrigado — de que o deposito realizado satisfaz os requisitos legais 
do pagamento devido. 
 
Vamos começar a nosso estudo pelas situações nas quais será possível se valer dessa 
ação específica. 
 
3.1 - Hipóteses d e cab imen to 
O cabimento da ação de consignação esta disciplinado no Código Civil. Isso mesmo, 
conforme o art. 335, do CC, a ação em consignação de pagamento é cabível: 
 No caso de mora accipiens (mora na aceitação), disciplinado nos incs. I a III do art. 
335, do CC. 
 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
I – se o credor NÃO puder, ou, sem junta causa, recusar receber a pagamento, ou 
dar quitação na devida forma; 
I I – se o credor NÃO for, nem mandar receber a coisa no lagar, tempo e condição 
devidos: 
I I I – se a credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou 
residir em sugar incerto ou de acesso perigoso ou residir em lugar incerto ou de 
acesso perigoso ou dif íci l ; 
 
As hipóteses acima são três, que envolvem a aceitação do pagamento. 
Primeiro, a parte poderá consignar em pagamento caso o credor não puder ou se 
recusar injustif icadamente a receber ou dar quitação. 
 
 
Também configure hipóteses de cabimento da Ação de Consignação em Pagamento se 
o credor não receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos. 
A terceira hipótese que termos é mais comum e abrange um conjunto de situações. Há 
possibil idade de ajuizamento da consignação em pagamento nas hipóteses em que o 
credor for incapaz de receber, não for conhecido, for declarado ausente ou residir em 
local incerto ou cujo acesso seja perigoso ou difícil . Nessas situações, o devedor não 
consegue identificar o devedor para pagamento. 
 No caso de incognitio , previsto nos incs. IV e V do art. 335, do CC. 
 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
IV - se ocorrer duvida sobre quem deva legitimamente receber a objeto do 
pagamento; 
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento . 
 
 
1 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sergio Cruz e MITI DI ERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª 
edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 676. 
Admite-se a consignação em pagamento quando houver dúvida em relação a quem deve 
receber o pagamento ou se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 
Por exemplo, duas pessoas disputam judicialmente a recebimento de seguro de vida. A 
seguradora, a fim de dar quitação ao valor do prêmio devido, consigna em pagamento. 
Após a decisão do juiz sobre quem são os beneficiários do seguro, os valores que 
estarão depositados em juízo serão pagos ao real credor. 
Para a prova... 
 
 
 
Até aqui vimos a conceito e as hipóteses de cabimento. Acreditamos que essas hipóteses 
de cabimento não serão cobradas em provas, contudo, é fundamental que você as 
conheça para "entender" a ação. Feito isso, vamos iniciar o estudo dos dispositivos do 
CPC referentes ao assunto. 
 
3.2 - Obrigações consignáveis 
As obrigações passíveis de consignação em pagamento são: 
 
 Obrigações de pagar quantia; e 
 Obrigações de dar ou entregar. 
 
 
Não ha, portanto, consignação ao em pagamento de obrigação de fazer ou não 
fazer. Isso ocorre porque não é possível depositar a obrigação de fazer ou não fazer. 
É o que prevê o caput abaixo citado: 
 
Art. 539 Nos casos previstos em lei poderá a devedor ou terceiro requerer, com 
efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa deda. 
 
Desse modo... 
• credor não puder ou injustificadamente se recursar a receber; 
• credor não receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
• credor for incapaz de receber, não for conhecido, for declarado ausente ou residir 
em local incerto ou cujo acesso seja perigosos ou difícil acesso;
• houver dúvida em relação ao quem deve receber o pagamento;
• pender Iitígio sobre a objeto do pagamento.
HIPÓTESES DE CABIMENTO DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
 
 
A consignação em pagamento, de acordo com a disciplina do CPC, pode se dar na 
forma extrajudicial, perante as instituições bancárias, ou judicialmente. 
 
3.3 - Consignação extrajudicial 
 
Essa modalidade de obrigação é possível apenas no caso de pagamento de quantia 
(não sendo aplicada nas obrigações de dar, quando extrajudicial). Além disso, para que 
seja adotada é necessário conhecer o endereço do credor, de modo que não poderá ser 
adotada nas hipóteses de incognitio, ou seja, quando houver dúvida em relação a quem 
irá receber ou quanto ao objeto do pagamento. 
Assim, para começar... 
 
 
 
Conhecendo o credor e a pessoa do credor, o devedor efetuará depósito do valor em 
rede bancária e, mediante pagamento de uma taxa, o gerente do banco determinará a 
notif icação do credor. 
Diante dessa notif icação, o credor, no prazo de 10 dias, pod erá: 
1ª opção: levantamento do valor consignado; 
O levantamento implica a quitação, não sendo admissível cobrar, posteriormente, 
eventuais diferenças. 
2ª opção: inércia 
Após o decurso do prazo de 10 dias, a lei atr ibui ao si lêncio o efeito de quitação da 
dívida. 
3ª opção: responder à notif icação não aceitando o valor consignado. 
Esse “não aceite” independe de motivo. 
 
No caso de recusa, o devedor poderá, no prazo de um m ês, propor a ação de 
consignação, sem que haja necessidade de atualizar o valor com correção monetária e 
juros. 
OBRIGAÇÕES 
CONSIGNÁVEIS
pagar quantia
entregar coisa
NÃO APLICA obrigação de fazer e 
não-fazer
•não se aplica às obrigações de dar, mas apenas às obrigações de pagar quantia; 
•necessário conhecer o endereço do credor; e
•não pode haver dúvida em relação a quem irá receber ou quanto ao objeto do pagamento. 
PARA A CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL
Assim, se ajuizado dentro do prazo de um mês, o valor considera -se atualizado desde o 
ajuizamento da ação. Após esse prazo, a parte poderá consignar judicialmente em 
pagamento, contudo, será necessário corrigir os valores e efetuar a integração dos 
valores relativos a juros no período. 
Confira os dispositivos relacionados: 
 
§1º Tratando-se de obrigação em dinheiro , poderá o valor ser depositado em 
estabelecimento bancário, of icial onde houver, s ituado no lugar do pagamento, 
cientif icando-se o credor por carta com aviso de recebimento , assinado o PRAZO DE 
10 (DEZ) DIAS para a manifestação de recusa. 
§2º Decorrido o prazo do §1º , contado do retorno do aviso de recebimento, sem a 
manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação , f icando à 
disposição do credor a quantia depositada . 
§3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário , poderá 
ser proposta, dentro de 1 (UM) MÊS, a ação de consignação , instruindo-se a inicial 
com a prova do depósito e da recusa. 
§4º NÃO proposta a ação no prazo do $ 39, f icará sem efeito o depósito, podendo 
levantá- lo o depositante. 
 
Na forma de uma linha do tempo, temos: 
 
 
 
Vejamos uma questão sobre o assunto: 
 
Questão – FGVI OAB – Exame de Ordem – VI – Primeira Fase – 2012 
 
A respeito do procedimento especial de consignação em p agamento, é correto 
afirmar que: 
CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL ($)
depósito em rede bancária
notif icação do 
credor para, em 
10 dias
levantar o valor 
consignado ou nada 
fazer (quitação da 
dívida)
não aceitar (não 
precisa justif icar)
ação judicial no 
prazo de 30 dias
não ingressou, f ica 
sem efeito o depósito
 
a) poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia devida, em 
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, 
em conta com correção monetária, cientif icando-se o credor por carta com aviso 
de recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. 
 
b) quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva legitimamente 
receber, não comparecendonenhum pretendente, o juiz julgará procedente o 
pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários 
advocatícios. 
 
c) alegada insuficiência do depósito, o réu não poderá levantar a quantia ou a 
coisa depositada, até que seja proferida sentença. 
 
d) na hipótese de sentença que concluir pela insuficiência do depósito, ainda que 
seja determinado o montante devido, não poderá o credor promover a execução 
nos mesmos autos, devendo ajuizar nova demanda. 
 
Comentários 
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o §1 º, do art. 
539, do CPC: 
 
§1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em 
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, 
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo 
de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. 
A alternativa B está incorreta. De acordo com os arts. 547 e 548, da Lei nº 13.105/15, se 
ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o 
depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito pa ra provarem o seu direito. Nesse 
caso, não comparecendo pretendente algum, converter -se-á o depósito em arrecadação 
de coisas vagas; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendo mais 
de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o 
processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento 
comum. 
A alternativa C está incorreta. Segundo o art. 545, §1º, da referida Lei, alegada a 
insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa 
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo 
quanto à parcela controvertida. 
A alternativa D está incorreta. Com base no §2º, do art. 545, do CPC, a sentença que 
concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante 
devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover -lhe o cumprimento 
nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. 
 
3.4 - Consignação judicial 
A consignação em pagamento na forma judicial será efetuada nas seguintes hipóteses: 
 Quando for frustrada a consignação em pagamento extrajudicial; 
 Quando envolver obrigação de entrega; e 
 Quando o devedor optar por tal modalidade diretamente. 
 
Nessas três situações, desde que dentro das hipóteses de cabimento estudadas no 
início, a ação de consignação em pagamento será realizada judicialmente. 
O art. 540, do CPC, estabelece a regra de competência da ação de consignação em 
pagamento. A parte deve propor a ação no lugar do pagamento, conforme convencionado 
pelas partes. 
Por exemplo, se a obrigação tem por objeto imóvel, natural que estabelecem que o 
pagamento no local de situação do bem. Neste foro, portanto, deverá ser ajuizada a 
ação. 
Além disso, esse art. 540, do CPC, traz outra regra importante. 
A partir do momento em que é efetuado o depósito, consideram-se cessados juros e 
riscos para o devedor. Isso ocorre porque o devedor destacou o bem o valor devido para 
pagamento a dívida, alegando que não consegue efetuar o pagamento, seja porque o 
credor não quer receber, seja porque há dúvidas em relação a quem deve efetivamente 
pagar ou entregar a coisa. 
Apenas se a ação for julgada improcedente, esses juros e eventuais riscos não cessarão. 
Dito de outra forma, se o consignante (devedor) obtiver uma sentença que seja pela 
improcedência, responderá pela correção monetária, juros e eventuais riscos. Por 
exemplo, se o consignado (credor) não se elidiu do recebimento ou se ele era certo e 
conhecido. Nesses casos, julga-se improcedente a consignação e o credor responde 
pelos juros e os riscos. 
Veja: 
Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o 
devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, SALVO SE a demanda for julgada 
improcedente. 
Em regra, a consignação em pagamento é utilizada para pagamento de um valor vencido, 
por exemplo, o pagamento de determinada de prestação de serviço já executada. Tem -se 
um valor a ser pago e, diante da dificuldade da parte de fazê -lo, consigna-se. 
Contudo, é admissível a consignação em pagamento em relação a prestação sucessivas. 
É o caso do pagamento parcelado de um determinado contrato que ao invés de o 
contratante efetuar o pagamento global, o faz em parcelas periódicas. 
Nesses casos, consignada uma parcela já vencida é possível que o consignante 
(devedor) efetue sucessivamente o depósito das demais prestações que forem vencendo. 
Deve ser observada a exigência que temos no art. 541, do CPC, ou seja, o prazo para 
consignar parcelas sucessivas é de 5 dias a contar do vencimento da parcela. 
Veja: 
Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor 
continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem 
vencendo, DESDE QUE o faça em ATÉ 5 (CINCO) DIAS contados da data do 
respectivo vencimento. 
 
Para a prova... 
Na sequência, leia o art. 542, do CPC: 
Art. 542. Na petição inicial , o autor requererá: 
I- depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias 
contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3o; 
II- a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. 
Parágrafo único. NÃO real izado o depósito no prazo do inciso I, o processo será 
extinto sem resolução do mérito. 
 
 
 
Ao peticionar, o consignante e autor da ação deverá pedir o depósito do bem ou da 
quantia e, também, a citação do réu para levantar o depósito ou para apresentar a 
contestação. 
Na ação de consignação em pagamento de coisa determinável devemos analisar quem 
será responsável pela determinação. Se a determinação competir ao devedor 
(consignante) ele deverá efetuar o ato junto com a apresentação da petição inicial, 
quando fará a consignação. 
Por outro lado, se a determinação da coisa competir ao consignado (credor e réu na 
ação), ele deve ser citado da ação para, no prazo de 5 dias ou no prazo que o juiz fixar, 
efetuar a determinação da coisa e viabilizar, com isso o depósito do objeto. 
Confira: 
Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao 
credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (CINCO) DIAS, se outro prazo 
não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faca, devendo o juiz, 
ao despachar a petição inicial, f ixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob 
pena de depósito. 
Definição da coisa objeto da consignação: 
 
CONSIGNAÇÃO DE 
PRESTAÇÕES 
SUCESSIVAS
consignada uma das parcelas as demais 
devem ser depositadas no prazo de 5 dias 
a contar do vencimento
SE DEPENDER 
DO RÉU
deverá fazê-lo no momento da petição 
inicial
SE DEPENDER 
DO RÉU
juiz fixa prazo (ou em 5 dias) para 
determinação da coisa
O art. 544, do CPC, trata da limitação da cognição no plano horizontal. O credor (e réu 
na cognição em pagamento) poderá alegar apenas os temas descritos no art. 544 abaixo 
citado: 
Art. 544. Na contestacão, o réu poderá alegar que: 
I - NÃO houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida; 
II - foi justa a recusa; 
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; 
IV - o depósito não é integral. 
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu 
indicar o montante que entende devido. 
Veja, o réu não poderá alegar tudo o que quiser. As possibilidades de defesa no âmbito 
da ação de consignação em pagamento são limitadas. Portanto, citado, ele poderá alegar 
que não houve recusa ou, se ela ocorreu, que foi justa. Poderá, ainda, alegar que o 
depósito não foi efetuado no lugar do pagamento e, por isso, viola a regra de 
competência para ação em consignação. Outra viade argumentação é afirmar que o 
valor consignado não foi integral. Nesse caso, o réu da ação deverá indi car o montante 
que entende ser devido. 
Assim... 
 
 
Vejamos uma questão sobre o assunto: 
 
Questão – FGV/ OAB - Exame de Ordem – XII – Primeira Fase – 
2013 
 
A ação de consignação em pagamento, procedimento especial de jurisdição contenciosa, 
é o meio pelo qual o devedor ou terceiro poderá requerer a consignação da quantia ou da 
coisa devida com efeito de pagamento. 
A respeito da resposta do réu na referida ação, assinale a afirmativa correta. 
a) Por ser o réu o credor, ainda que não ofereça contestação, não estará sujeito aos 
efeitos da revelia, caso em que haverá procedência do pedido e extinção da obrigação, 
devendo arcar com as custas e os honorários de sucumbência. 
b) Alegado em contestação que o depósito não é integral, o autor poderá completá -lo, 
salvo se o inadimplemento acarretou a rescisão contratual, mas o réu ficará im pedido de 
levantar o valor ou coisa depositada até que a sentença conclua acerca da parcela 
controvertida. 
• NÃO houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida; 
• foi justa a recusa;
• o depósito não se efetuou no prazo ou no luigar do pagamento;
• o depósito não é integral, caso em que deverá indicar o valor que entende devido.
MATÉRIAS QUE PODEM SER ALEGADAS NA CONTESTAÇÃOMATÉRIAS QUE PODEM SER ALEGADAS NA CONTESTAÇÃO
c) Na contestação o réu poderá alegar que foi justa a recusa e que o depósito não é 
integral, e, na segunda hipótese, tal argumento somente será admissível se o réu indicar 
o montante que entende devido. 
d) Caso o objeto da prestação seja coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, 
será citado para exercer o direito no prazo legal e, em vez de contestar, receber e dar 
quitação, a obrigação será extinta, sem condenação em custas e honorários. 
 
Comentários 
 
A alternativa A está incorreta. De acordo com o caput do art. 546, do CPC, julgado 
procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao 
pagamento de custas e honorários advocatícios. 
 
 
A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 545, combinado com o §1o, do CPC, 
alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá -lo, em 10 dias, salvo se 
corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. No caso, 
poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente 
liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. 
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art. 544, II, e IV, 
combinado com o parágrafo único, da referida Lei: 
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que: 
II - foi justa a recusa; 
IV - o depósito não é integral. 
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu 
indicar o montante que entende devido. 
A alternativa D está incorreta. Com base no caput do art. 546, do CPC, julgado 
procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao 
pagamento de custas e honorários advocatícios. 
Sigamos! 
O art. 545, do CPC, trata da alegação pelo réu (credor e consignado) de insuficiência do 
depósito. 
Uma vez apresentada a contestação, contestando o valor depositado e indicando o réu o 
valor que entende devido, o juiz irá determinar a intimação do autor para completar o 
valor do depósito no prazo de 10 dias . 
O autor poderá complementar o valor ou sustentar que o montante depositado é o 
efetivamente devido. Nesse caso, o réu poderá efetuar o levantamento do valor 
incontroverso. 
Na sentença, o juiz irá avaliar se o valor depositado está ou não de acordo com o v alor 
devido. 
Veja: 
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é l ícito ao autor completá -lo, EM 10 (DEZ) 
DIAS, SALVO se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do 
contrato. 
$ 1° No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa 
depositada, com a consequente liberação parcial do autor , prosseguindo o processo 
quanto à parcela controvertida . 
§ 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará , sempre que 
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor 
promover lhe o cumprimento nos mesmos autos, após l iquidação, se necessária. 
O $2° trata da natureza dúplice da consignação em pagamento . Prevê a ação que a 
parte credora ao alegar que o valor é insuficiente ao alegar que o valor é insuficiente e a 
sentença concluir que, de fato, o valor consignado foi insuficiente, o réu terá a seu favor 
um título executivo judicial para cobrar a diferença do crédito não consignado. 
Vejamos uma questão sobre esse assunto: 
Questão - CESPE OAB – Exame de Ordem – 2009 – Adaptada ao 
CPC 
Acerca dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, assinale a opção correta. 
a) Na ação de consignação em pagamento, uma vez alegada a insuficiência do depósito, 
o réu pode levantar desde logo a quantia ou a coisa depositada, prosseguindo o 
processo no que se refere à parcela controvertida. 
b) Na ação de depósito, uma vez efetuado o depósito do equivalente em dinheiro, é 
vedado ao autor promover a busca e apreensão da coisa. 
c) Na ação de exigir contas, as contas do inventariante, do tutor, do curador, do 
depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas nos mesmos aut os do 
processo em que tiver sido nomeado. 
d) Na pendência de processo possessório, é permitido ao autor e ao réu intentar ação de 
reconhecimento de domínio. 
 
Comentários 
 
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o art. 545, 
§1º, do CPC: 
 
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá -lo, em 10 (dez) 
dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do 
contrato. 
§1º No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa 
depositada, com a consequente l iberação parcial do autor, prosseguindo o processo 
quanto à parcela controvertida. 
 
A alternativa B está incorreta. A ação de depósito não é mais um procedimento especial 
previsto no CPC. 
A alternativa C está incorreta, pois nesses casos a prestação de contas deve ser feita em 
apenso aos autos, de acordo com o art. 553, do CPC. 
A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 557, do CPC, na pendência de ação 
possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do 
domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. 
Sigamos! 
Por outro lado, se julgada procedente a ação, o juiz irá declarar o processo extinto 
Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e 
condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios . 
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação. 
 
Sintetizando... 
 
O art. 547, do CPC, trata da consignação quando houver dúvidas quanto a quem pagar. 
É a consignação incognitio ! 
Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento , o 
autor requererá o depósito e a citação dos possíveis t itulares do crédito para provarem 
o seu direito. 
O que o dispositivo acima explicita que o autor deverá integrar todos os possíveis 
credores para provarem o direito sobre o crédito. Uma vez citados, podemos ter diversas 
situações: 
 não comparecimento de nenhum dos citados, o valor depositado será destinado a 
arrecadação de coisa vaga na forma da legislação civil. 
 comparecendo apenas um interessado, o juiz decidirá a consignação, podendo 
determinar o levantamento em nome daquele que compareceu. 
 comparecendo mais de um pretendente, o juiz declara efetuado o depósito, extingue 
a obrigação do devedor (consignante) e o processo terá seu curso paradecidir a 
quem compete o valor, segundo as regas do procedimento comum. 
 
Leia: 
Art. 548. No caso do art. 547: 
ALEGAÇÃO DE DEPÓSITO 
INSUFICIENTE (com 
indicação do valor devido) 
ALEGAÇÃO DE DEPÓSITO 
INSUFICIENTE (com 
indicação do valor devido) 
se não houver 
complementação, há 
liberação parcial do autor e 
o réu poderá levantar o 
valor in controverso 
se não houver 
complementação, há 
liberação parcial do autor e 
o réu poderá levantar o 
valor in controverso 
o processo segue 
para discutir a 
diferença
o processo segue 
para discutir a 
diferença
se julgado improcedente a 
ação, o réu terá um título 
executivo para executar 
contra o réu 
se julgado improcedente a 
ação, o réu terá um título 
executivo para executar 
contra o réu 
se julgado procedente a ação, l ibera -
se o autor da diferença e o réu 
pagará as custas e honorários
se julgado procedente a ação, l ibera -
se o autor da diferença e o réu 
pagará as custas e honorários
intima-se o autor 
para: complementar 
o depósito no prazo 
de 10 dias 
intima-se o autor 
para: complementar 
o depósito no prazo 
de 10 dias 
I- NÃO comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação 
de coisas vagas; 
II - comparecendo apenas um , o juiz decidirá de plano; 
III - comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a 
obrigação , continuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, 
observado o procedimento com um. 
 
Em síntese: 
 
 
Para encerrar o tópico, confira o art. 549, do CPC: 
 
Art. 549. Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo, no que couber, ao 
resgate do aforamento . 
O “resgate de aforamento", conhecido como emprazamento e como enfiteuse, é um 
direito real específico, com o qual não devemos nos preocupar, ao menos aqui em Direito 
Processual Civil. 
4 - Ação de Exigir Contas 
 
Em relação à ação de exigir contas temos que estudar os arts. 550 a 553, do CPC. São 
apenas quatro dispositivos, mas que possuem informações relevantes. 
Sempre que houver o dever de uma parte prestar contas à outra, poderá ser utilizado o 
procedimento de prestação de contas. Por exemplo, quando envolver a condição de 
administrador judicial, advogado, gestão de negócios, inventariante, sucessor provisório, 
tutor etc. Nesses casos, temos a possibil idade de o autor ingressar com o procedimento 
com vistas à prestação de contas para avaliar a responsabilidade ou para cobrar 
eventuais dívidas pendentes de pagamento. 
O art. 550 prevê que, uma vez ajuizada, ação deve conter as razões, os documentos e o 
pedido de citação do réu para apresentar: 
 as contas; ou 
 a contestação. 
DÚVIDA ACERCA DE QUEM É O CREDORDÚVIDA ACERCA DE QUEM É O CREDOR
não comparecendo ninguém 
converte-se o depósito em 
arrecadação de coisa vaga
não comparecendo ninguém 
converte-se o depósito em 
arrecadação de coisa vaga
comparecendo apenas um - o 
juiz decidirá a co signação
comparecendo apenas um - o 
juiz decidirá a co signação
comparecendo mais de um ou 
todos - o juiz declara efetuando 
o depósito, extingue a obrigação 
do devedor (consignante) e o 
processo terá seu curso
comparecendo mais de um ou 
todos - o juiz declara efetuando 
o depósito, extingue a obrigação 
do devedor (consignante) e o 
processo terá seu curso
Citam-se todos os 
possíveis credores
Citam-se todos os 
possíveis credores
assimassim
Portanto, o réu tem duas opções, apresentar as contas ou formular a defesa alegando 
não ser hipótese de prestação de contas. 
No primeiro caso (prestação de contas), o autor será intimado para se manifestar quanto 
às contas apresentadas no prazo de 15 dias. Eventuais consequências decorrentes serão 
processadas pelo procedimento comum. 
No segundo caso (contestação), o procedimento assume o procedimento com um para 
discussão das contas. Ao final, o magistrado irá condenar a parte ré na presta ção ou não 
prestação das contas a depender das provas produzidas nos autos. Caso condene a 
parte a apresentar contas, ela terá prazo de 15 dias para fazê-lo, sob pena do próprio 
autor prestar as contas indicando os débitos da parte ré. 
Há uma terceira possibilidade: revelia. Se, citado, o réu não prestar contas nem mesmo 
contestar, o procedimento seguirá o seu curso com presunção de validade das 
informações trazidas pelo autor. 
Veja: 
Art. 550. Aquele que afirmar ser t itular do direito de exigir contas requererá a citação do 
réu para que as preste ou ofereça contestação no PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS. 
§ 1º Na petição inicial , o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais 
exige as contas, instruindo-a com documentos probatórios dessa necessidade, se 
exist irem. 
§ 2º Prestadas as contas , o autor terá 15 (QUINZE) DIAS para se manifestar, 
prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro 
[procedimento com um]. 
§ 3º A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e 
específica, com referência expressa ao lançamento questionado. 
§ 4º Se o réu NÃO contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355 [designação 
da audiência de concil iação e de mediação]. 
§ 5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no 
prazo de 15 (QUINZE) DIAS, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor 
apresentar 
§ 6º Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5º seguir-se-á o 
procedimento do § 2º , caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 
(quinze) dias , podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário. 
Vimos que, se contestado o pedido, haverá instauração do rito procedimental comum. Ao 
final, a decisão, se for de procedência, implicará na determinação para que o réu, no 
prazo de 15 dias, preste as contas. Caso não faça, temos a apresentação das contas 
pelo autor. 
Com isso, finaliza-se a PRIMEIRA FASE da ação de exigir contas, que culmina com 
uma decisão interlocutória declarando se o réu deve ou não prestar as contas. 
O que o art. 551, do CPC, estabelece que essas contas devem ser apresentadas de 
forma detalhada, com especificações. Caso contestada de forma fundamentada pelo 
autor, o juiz poderá pedir esclarecimentos da parte ré. 
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada , especif icando-se as 
receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver. 
§ 1º Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor , o juiz estabelecerá 
prazo razoável para que o réu apresente os documentos justif icat ivos dos lançamentos 
individualmente impugnados. 
§ 2º As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5º, serão apresentadas na forma 
adequada, já instruídas com os documentos just if icat ivos, especif icando-se as receitas, 
a aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo. 
O mais importante desse procedimento é a regra que consta do art. 552, do CPC. Esse 
dispositivo estabelece que se existir eventual saldo devedor, a sentença constituirá título 
executivo judicial que será executado mediante o cumprimento de sentença. 
 
Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial. 
 
Há, portanto, o termo da SEGUNDA FASE da ação de exigir contas que culmina com 
sentença condenando o réu em eventual saldo. 
Assim, num primeiro momento o autor pretende a prestação das contas, ou seja, uma 
obrigação de fazer. Mas a depender do teor da sentença, caso haja saldo devedor, 
constitui um título executivo judicial para pagamento da quantia devida pelo réu. 
É nesse contexto que a doutrina 2 fala em fases da decisão. A decisão de primeira fase 
tem por finalidade declarar a existência ou não do dever de prestar contas. Essa decisão 
seria recorrível, pois não põe fim à fase de conhecimento, por agravo de instrumento na 
forma do art. 1.015, II, do CPC. Em uma segunda fase, a decisãovolta-se para a 
formação de um título executivo judicial. Trata-se de sentença condenatória, recorrível 
por apelação. Vale dizer, uma vez declarada a existência do dever de prestar contas, 
prestadas as constas, se houver saldo remanescente, o réu será condenado a pagar 
quantia certa. 
Assim... 
 
 
Por fim, confira o art. 533, o qual prevê que a ação de exigir contas tramitará em apenso 
ao processo em que o responsável pela prestação de contas foi nomeado. Assim, em um 
processo de inventário e de partida, a ação de exigir contas poderá ser suscitada em 
apenso. 
Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de 
qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em 
que t iver sido nomeado. 
Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e 
não o f izer no prazo legal, o juiz poderá destituí -lo, sequestrar os bens sob sua guarda, 
glosar o prêmio ou a grat if icação a que teria direito e determinar as medidas executivas 
necessárias à recomposição do prejuízo. 
 
Finalizamos, assim, a análise da ação de exigir contas . 
 
 
2 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITI DI ERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 
2a edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 687. 
DECISÃO DE 
PRIMEIRA FASE
declarar a existência do 
dever de prestar contas
cabe agravo de 
instrumento
DECISÃO DE SEGUNDA 
FASE
condenar o réu a pagar 
o saldo apurado nas 
contas
cabe apelação
Para fins de prova... 
 
5 – Ações Possessórias 
5.1 – Introdução 
Vamos iniciar o estudo com alguns conceitos importados do Direito Civil: posse, 
propriedade e detenção. Esses conceitos e noções gerais são importantes para que 
você compreenda o que veremos nesse capítulo! 
O conceito de proprietário está no art. 1.228, do CC: 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da 
coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a 
possua ou detenha. 
O proprietário é aquele que tem o direito de usar, gozar e dispor da coisa. 
A posse, por sua vez, prevista no art. 1.196, do CC, estabelece que possuidor é quem 
exerce, de fato, algum dos poderes do domínio. Veja: 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, 
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
Desse modo, distinguimos a propriedade da posse. Uma coisa é o detentor do título 
daquele imóvel, outra coisa é a pessoa realmente investida na propriedade. 
Regra: a propriedade e a posse andam juntas . O proprietário é tam possuidor. 
Contudo, temos situações nas quais proprietários e possuidores são diferentes, tais 
como nas hipóteses de locação, comodato, arrendamento etc. 
O conceito de detenção, por fim, consta do art. 1.198, do CC: 
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de 
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em 
cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como 
prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se 
detentor, até que prove o contrário. 
Considera-se a detenção como o “fâmulo da posse”. Isso ocorre porque a detenção é 
“praticamente" a posse. A detenção é o fenômeno em que alguém exerce o fato (a 
posse) em nome alheio, em nome de terceiro. 
O detentor não é propriamente o possuidor. É o exemplo do caseiro, que exerce a 
posse me nome alheio. 
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
• Tem por finalidade inicial a obrigação de fazer (prestar contas), mas se restar saldo devedor, a 
sentença constitui título executivo judicial, para ser executado no cumprimento de sentença para 
pagar quantia certa.
• Apresentada a petição, o réu é citado para, no prazo de 15 dias: a) prestar contas; c) contestar.
• Se prestar as contas, o juiz intimará a parte autora para impugnar e o procedimento segue o rito 
comum.
• Se contestar, o procedimento seguirá o rito comum.
• Se houver revelia, serão consideradas as contas indicadas pela parte autora. 
• Com a sentença de procedência, o juiz condenará o réu a prestar contas no prazo de 15 dias, sob 
pena de prestação das contas pela parte autora.
• Caso haja saldo, haverá execução mediante cumprimento de sentença.
É importante registrar que essa distinção é interna. Dito de outro modo, do ponto de 
vista externo, quem olhar para o possuidor e para o detentor não enc ontrará distinção. 
Contudo, internamente, há distinção, na medida em que o detentor apenas exerce a 
posse por determinação do efetivo possuidor . 
Didaticamente... 
 
 
 
 
Esses conceitos são importantes para que saibamos como será efetuada a defesa da 
posse. Assim: 
 quando se tratar de defesa da propriedade devemos ingressar com uma AÇÃO 
PETITÓRIA. 
Nesse caso, a causa de pedir é a propriedade. Ou seja, o fundamento do pedi do é o 
fato de que a pessoa é proprietária. Em razão disso, o pedido poderá ser qualquer coisa 
relacionada a essa propriedade e, inclusive, a posse. Desse modo, quando o 
proprietário estiver postulando, ainda que seja a posse, a ação não será possessória, 
mas petitória. 
É o exemplo da ação reivindicatória, na qual o proprietário pede pelo imóvel porque é 
proprietário, não obstante esteja sendo util izada por outra pessoa. Isso ocorre porque o 
proprietário tem o direito de usar a coisa. 
Outro exemplo é ação de imissão na posse, por intermédio dessa ação o proprietário 
que acaba de adquirir a área (torna-se proprietário) e nunca teve a posse, agora poderá 
requerê-la. 
Outro exemplo é a ação prevista no art. 550, do CC, denominada de ação ex empto . 
Nessa espécie de ação, o adquirente da área ingressa com uma compra e venda ad 
mensuram para obter a área faltante. Explicando com mais calma: quando temos uma 
compra e venda ad mensuram o que interessa é a á rea. Ao efetuar a compra, contudo, 
ao contrário do pactuado, há entrega de uma área menor. Em face disso, o adquirente 
poderá rescindir o contrato, pedir a redução do preço proporcionalmente ou ingressar 
com a ação para obter a área faltante. O pedido, portanto, é fundado na propriedade 
que foi adquiria anteriormente e não entregue pela outra parte. 
 quando se tratar de defesa da posse devemos ingressar com uma AÇÃO 
POSSESSÓRIA. 
proprietário
aquele que tem o direito de 
usar, gozar e dispor da coisa 
quem tem o título
possuidor
quem está investido na 
propriedade 
locador
detenção
exercício da posse em 
nome de terceiro
caseiro
A posse é protegida no direito brasileiro para proteger a propriedade. Dito de outro 
modo, a proteção jurídica da posse foi criada para proteger o proprietário. Isso porque, 
em regra, a propriedade e posse estão na mesma pessoa. Na realidade, a prova da 
posse é mais fácil do que a prova da propriedade, que exige documentação específica 
(o título). 
O proprietário, desde que tenha a posse direta ou indireta, poderá se valer das ações 
petitórias como também poderá se valer das ações possessórias, que serão estudadas 
no decorrer desse capitulo. O proprietário tem, portanto, a possibil idade de util izar as 
duas vias: ações pet itórias ou ações possessórias. 
Assim, para a proteção da posse temos duas formas de proteção : 
A primeira delas é ação de direito material, com previsão no art. 1.210, §1 º, do CC: 
 
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter -se ou rest i tuir -se por sua 
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem 
ir além do indispensável à manutenção, ou rest i tuição da posse. 
 
É o desforço imediato da posse que consiste na possibil idade de o possuidor, uma vez 
sendo esbulhado ou turbado, independentemente de recorrer ao Poder Judiciário , 
reagir à injusta agressão . Naturalmente, o exercício da autotutela dependede 
algumas condições, estudadas no Direito Civil. 
Esse desforço imediato não é uma ação processual, mas uma ação material. Fala se em 
ação material porque a parte irá reagir com fundamento na legislação civil, não com 
vistas às regras do CPC ou com movimentação do Poder Judiciário para prestação da 
tutela jurisdicional. 
É importante registrar que a ação de direito material poderá ser util izada tanto tão 
somente pelo possuidor como pelo proprietário e possuidor. 
Além disso, evidentemente, existem violações à posse que não podem ser repelidas 
pela ação de direito material. Se mesmo se valendo do desforço imediato, o possuidor 
não conseguir mantê-la em seu poder, deverá recorrer ao Poder Judiciário. Apenas 
nesse caso, temos a aplicação das ações possessórias, que serão estudadas por nós . 
São ações que possuem como causa de pedir e como pedido a posse. 
No direito brasileiro temos três espécies de ações possessórias: 
 Ação de reintegração de posse; 
 Ação de manutenção de posse; 
 Interdito proibitório. 
 
Para a prova... 
 
 
Nessas três ações, temos verdadeiras ações possessórias. 
 quando se tratar de defesa da detenção devemos ingressar com uma ação de 
direito material. 
Somente há uma forma de defender a detenção: o desforço imediato, ação de direito 
material disciplina no art. 1.210, §1º, do CC. 
Feita essa introdução, vamos analisar as ações possessórias no CPC. 
 
5.2 – Disposições Gerais 
Fungibilidade 
São três espécies de ações possessórias, cada uma delas com uma finalidade 
específica: 
 
 
O princípio da fungibilidade das ações possessórias constitui exceção ao princípio da 
demanda. Essa exceção se justifica porque essas situações de esbulho, de turbação ou 
de ameaça muitas vezes não ficam bem delimitadas no caso concreto e, além disso, ao 
ajuizar a ação podemos ter uma ameaça, mas no momento da sentença essa ameaça 
pode ter protegido para uma turbação ou, inclusive, esbulho. 
Logo, o art. 554, do CPC, estabelece a fungibil idade das ações possessórias. 
reitegração de 
posse
reitegração de 
posse
AÇÕES 
POSSESSÓRIAS
AÇÕES 
POSSESSÓRIAS
interdito 
proibitório
interdito 
proibitório
ação de 
manutenção da 
posse
ação de 
manutenção da 
posse
Ação de reintegração de posse
esbulho (perda da 
pose)
Ação de mautenção de posse
turbação (incômodo da 
posse) 
Interdito Proibitório
proteção (ameaça da 
posse)
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra NÃO obstará a que o 
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos 
pressupostos estejam provados. 
 
Em relação aos §§ do art. 554, do CPC, voltaremos a falar deles mais adiante! Vejamos 
uma questão sobre esse assunto: 
 
Questão – VUNESP/OAB-SP – Exame de Ordem – 2007 
 
Não é própria das ações possessórias a característica de 
a) caráter dúplice; 
b) infungibilidade; 
c) fungibilidade; 
d) jurisdição contenciosa. 
 
Comentários 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O art. 554, do CPC, faz referência 
ao princípio da fungibil idade. Ou seja, uma ação proposta no lugar de outra cabível 
poderá ser conhecida pelo Juízo. Vejamos: 
 
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o 
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos 
pressupostos estejam provados. 
 
Cumulação de pedidos 
Esse assunto está disciplinado no art. 555, do CPC. O CPC estabelece uma regra própria 
de cumulação de pedidos que está no art. 327, do CPC, ao falar que a parte pode 
cumular, em um mesmo processo, mais de uma ação ou pedido. Para que isso possa 
ocorrer é necessário observar três requisitos: a) a compatibil idade de pedidos; b) a 
competência do juízo; e c) a compatibilidade procedimental. 
O dispositivo abaixo é uma exceção ao art. 327, pois se admite a cumulação de pedidos 
diversos sem perder o rito especial. Isso é importante, pois a parte não perde a 
possibilidade de requerer a tutela de evidência na forma do art. 558 e 561, ambos do 
CPC. 
 
Art. 555. É LÍCITO ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
I - condenação em perdas e danos ; 
II – indenização dos frutos . 
 
 
Para a prova... 
 
Além dos pedidos acima, que podem ser cumulados, o parágrafo único estabelece a 
possibilidade de adoção de medidas executivas, como a aplicação de multas para evitar 
o esbulho ou a turbação da propriedade. 
 
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e 
adequada para: 
I - evitar nova turbação ou esbulho: 
II - cumprir-se a tutela provisória ou final . 
 
São apenas esses os pedidos que podem ser cumulados. Se a parte pretender, por 
exemplo, a rescisão do contrato ele deverá observar o rito comum. 
 
Pedido contraposto e ação dúplice 
 
O art. 556, do CPC, por sua vez concede a possibilidade do réu, na contestação, pleitear 
a proteção da posse e eventuais indenizações. 
 
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, 
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da 
turbação ou do esbulho cometido pelo autor. 
 
Desse modo, o réu poderá formular pedido contraposto para requerer perdas e danos em 
face do pedido contra ele formulado na ação possessória. Além disso, trata -se de ação 
de natureza dúplice no que diz respeito à proteção possessória. Isso porque, ao se negar 
o pedido do autor, concede-se o direito material possessório ao réu. 
 
Atenção! 
 
CUMULAÇÃO DE 
PEDIDOS
junto com o pedido 
possessório poderá ser 
cumulado pedido de:
condenação em perdas e 
danos; ou
indenização de frutos.
 
Vejamos uma questão sobre o assunto: 
 
Questão – CESPE/ OAB - Exame de Ordem –2010 
Assinale a opção correta acerca das ações possessórias. 
a) Na ação possessória, o réu pode, em sede de contestação, pedir a 
proteção possessória e a indenização por perdas e danos resultantes da 
turbação ou esbulho cometido pelo autor. 
b) Quando intentada dentro de ano e dia da turbação, a ação de manutenção 
de posse seguirá o procedimento ordinário. 
c) A ação de reintegração de posse é cabível, por lei, quando o possuidor 
simplesmente sofrer turbação em sua posse. 
d) A decisão concessiva da liminar na ação possessória é recorrível mediante 
apelação. 
 
Comentários 
 
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o art. 556, do CPC: 
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a 
proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido 
pelo autor. 
 
A alternativa B está incorreta. Quando intentada dentro de ano e dia da turbação, a ação de 
manutenção de posse seguirá o rito especial. Seguindo o rito ordinário apenas se intentada após este 
prazo. Vejamos o art. 558, da referida Lei: 
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção Il 
deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na 
petição inicial. 
 
A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 560, do CPC, a manutenção de posse é a ação 
adequada para cessar a turbação, e a ação de reintegração de posse tem cabimento em caso de 
esbulho. 
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de 
esbulho. 
 
A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 1.009, do CPC, da sentença caberá a apelação. 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 
 
Sigamos! 
PEDIDO CONTRAPOSTO: 
perdas e danos em face do 
pedido contra ele formulado na 
ação possessória.
AÇÃO DE NATUREZA 
DÚPLICE: ao se negar o pedido 
do autor, concede-se o direito 
material possessório ao réu.
O art. 559, do CPC, trata da caução, que poderá ser determinada pelo magistrado caso o réu faça 
prova deque o autor, caso mantido na posse, não tem condições financeiras de arcar com a 
sucumbência do processo. Assim, antes de garantir a tutela de evidência, poderá determinar que, no 
prazo de 5 (cinco) dias, o autor preste caução suficiente. 
Essa caução apenas não será devida se o autor for economicamente hipossuficiente. 
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado 
na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e 
danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob 
pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente 
hipossuficiente. 
 
Ação de reconhecimento de domínio 
 
O dispositivo abaixo trata da impossibilidade de discussão do domínio nas ações possessórias. Assim, 
as partes não poderão discutir o domínio sobre determinada propriedade enquanto estiver tramitando 
uma das ações possessórias previstas no CPC. 
Art. 557. Na pendência de ação possessória é VEDADO, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação 
de reconhecimento do domínio, EXCETO se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. 
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de 
outro direito sobre a coisa. 
 
O domínio é conteúdo da propriedade ou o exercício de um direito real de usar, gozar, dispor e reaver 
a propriedade. Por exemplo, a pessoa que obter declaração judicial de dominio sobre determinada 
propriedade, sobre a qual exerce a posse mansa e pacífica, poderá usucapir o imóvel. Com tal 
declaração a parte poderá proceder ao registro, tornando-se proprietário. 
Há, entretanto, uma exceção: admite-se discutir o domínio quando a pretensão for exercida em face de 
terceiro. Portanto... 
De acordo com o STF admite-se a utilização da usucapião como matéria de defesa em ações 
possessórias: 
 
Súmula STF 237 
O usucapião pode ser arguido em defesa. 
 
De todo modo, não será possível o registro dessa propriedade caso haja reconhecimento da 
usucapião. Dito de outro modo, a transferência formal da propriedade para o réu que foi acionado em 
ação possessória irá exigir que ele ingresse com uma ação própria de usucapião. 
Rito especial e liminar 
 
O art. 558, do CPC, disciplina que para as ações possessórias observem o rito especial é 
indispensável que o esbulho ou a turbação ocorram no período inferior a ano e dia. 
Por exemplo, se o esbulho ou a turbação ocorrerem até em um ano e um dia, a ação possessória 
segue o rito especial do CPC. 
Nesse rito temos a possibilidade de concessão de tutela da evidência fora da previsão do art. 311, do 
CPC. Se o autor da ação provar a posse e a turbação ou o esbulho dentro de um ano e um dia 
ele terá direito a uma liminar de tutela da evidência. Nesses casos, não há necessidade de provar a 
urgência ou perigo da demora. 
Por outro lado, se o esbulho ou a turbação acontecer há mais de ano e dia admite se a utilização da 
ação possessória, que irá seguir o rito comum. Nesses casos, será admissível a concessão de medida 
liminar as ações possessórias que tramitem pelo rito comum, desde que efetue a prova dos requisitos 
do art. 300 (tutela de urgência) e do art. 311, do CPC (tutela de evidência). Ha, contudo, maior 
dificuldade para se fazer a prova. 
Veja: 
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção Il 
deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho 
afirmado na petição inicial. 
Parágrafo único. PASSADO O PRAZO REFERIDO no caput, será com um o procedimento, não 
perdendo, contudo, o caráter possessório. 
 
A ação não deixa de ter o caráter possessório, contudo, observará o rito comum. 
 
Em síntese... 
 
 
Você irá encontrar questões de prova que fala em "força velha" e "força nova". A força velha envolve 
ações possessórias que foram ajuizadas com mais de um ano um dia. Ao passo que as ações que 
foram ajuizadas um ano e um dia, ou menos, serão denominadas de força nova. 
 
 
 
RITO ESPECIAL
(ação dentro de 1 ano e 1 dia)
se o pedido estiver suf icientemente 
instruído: tutela de evidência.
se o juiz não se convencer, poderá 
requerer justif icação para concessão da 
tutela.
após, o processo segue o curso do 
procedimento comum.
RITO COMUM
(ação após 1 ano e 1 dia)
FORÇA NOVA
ações propostas a um ano e um dia ou 
menos
FORÇA VELHA
ação proposta a mais de um ano e um 
dia
5.3 – Manutenção e da Reintegração de Posse 
Vimos as regras gerais referentes à ação possessória. Na sequência, vamos tratar de 
regras específicas a cada uma das espécies de ações possessórias, a começar pela 
manutenção e reintegração da posse. 
O art. 560, do CPC, prevê ambas as ações: 
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e 
reintegrado em caso de esbulho. 
 
A turbação envolve a perturbação da posse, ao passo que o esbulho envolve a perda da 
posse. Ocorrendo qualquer dessas situações, o possuidor po derá ajuizar ação para 
manutenção da posse no caso de turbação ou de reintegração da posse em caso de 
esbulho. 
Nesses casos, o autor ao ingressar em juízo deve provar: 
 a posse; 
 a turbação ou o esbulho; 
 a data da turbação ou do esbulho; e 
 o pedido de cessação da turbação ou reintegração no caso de esbulho. 
 
Confira: 
Art. 561. Incumbe ao autor provar: 
I - a sua posse; 
I I - a turbação ou o esbulho prat icado pelo réu; 
I I I - a data da turbação ou do esbulho; 
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da 
posse, na ação de reintegração. 
Vejamos uma questão sobre esse assunto: 
 
Questão – FGV/ OAB – Exame de Ordem – X – Primeira Fase – 2013 
 
A proteção possessória pode se desenvolver por meio de diversos tipos de ações. No 
que se refere às espécies de ações possessórias e suas características, assinale a 
afirmativa correta. 
a) Em virtude do princípio da adstrição, a propositura de uma ação possessórias em vez 
de outra impede que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção correspondente 
àquela cujos requisitos estejam provados. 
b) É defeso ao autor cumular o pedido possessório com condenação em perdas e danos, 
devendo optar por um ou outro provimento, sob pena de enriquecimento sem causa. 
c) As ações possessórias não possuem natureza dúplice. Sendo assim, caso o réu queira 
fazer pedido contra o autor, não poderá se valer da contestação, devendo apresentar 
reconvenção. 
d) Apenas o possuidor figura-se como parte legitima para a propositura das ações 
possessórias, tanto na hipótese de posse direta quanto na hipótese de posse in direta. 
 
Comentários 
 
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 554, do CPC, a propositura de uma 
ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e 
outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. 
 
A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 555, I, da referida Lei, é lícito ao autor 
cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas e danos. 
 
A alternativa C está incorreta. Com base no art. 556, da Lei no 13.105/15, é lícito ao 
réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção 
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho 
cometido pelo autor. 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Apenas o possuidor, seja ele 
possuidor direto ou indireto, é parte legítima para propor ação possessória. Vejamos o 
art. 561, I, do CPC: 
 
Art. 561. Incumbe ao autor provar: 
I - a sua posse; 
 
Sigamos! 
O art. 562, retoma a regra que vimos acima acerca do rito especial da ação de manutenção ou 
reintegração de posse. Se ajuizada dentro do prazo de um ano e um dia, a contar da violação do direitopossessório, temos a possibilidade de concessão da tutela liminar. 
Importante destacar que, de acordo com o parágrafo único do art. 562, do CPC, não será possível a 
concessão dessa tutela quando no polo passivo da demanda estiver pessoa jurídica de direito público, 
tal como a União, um Estado membro da federação ou Município. 
 
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, O JUIZ DEFERI RÁ, SEM OUVIR O RÉU, A 
EXPEDIÇÃO DO MANDADO LI MINAR DE MANUTENÇÃO OU DE REINTEGRAÇÃO, caso contrário, 
determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência 
que for designada. 
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público NÃO será deferida a manutenção ou 
a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. 
 
Fique atento! O art. 562, do CPC, exige que a petição inicial esteja suficientemente instruída para que a 
liminar inauditera altera pars (sem oitiva da parte contrária seja concedida) seja concedida. Assim, 
além de ser observado o prazo de um ano de um dia, a parte deve apresentar documentos robustos do 
direito que pretende tutela judicial. 
Em face disso, e também devido às consequências que a concessão da tutela de evidência 
representam, o magistrado poderá ao invés de conceder diretamente a tutela, determinar a intimação 
da parte autora para esclarecimentos. 
Prestadas as informações, se o juiz considerar suficiente a justificação, determinará a expedição do 
mandado de manutenção da posse (para o caso de turbação) ou de reintegração (para o caso de 
esbulho). 
É o que estabelece o art. 563, do CPC: 
5 dias para a citação
15 dias para a defesa
 
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de 
reintegração. 
 
Independentemente da concessão ou não da medida, compete à parte autora promover a citação do 
réu no prazo de 5 dias, para que apresente contestação no prazo de 15 dias. 
Cuidado! 
São dois prazos distintos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leia: 
Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o 
autor promoverá, nos 5 (CINCO) DIAS SUBSEQUENTES , a citação do réu para, 
querendo, contestar a ação no prazo de 15 (QUINZE) DIAS . 
Parágrafo único. Quando for ordenada a justif icação prévia, o prazo para contestar será 
contado da int imação da decisão que deferir ou não a medida l iminar. 
 
Em relação ao restante do procedimento, prevê o art. 566, do CPC, que devemos 
observar o procedimento comum. 
Art. 566. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento com um. 
 
Portanto, para a prova, o que você deve memorizar em relação ao procedimento da ação 
de manutenção ou de reintegração da posse é a possibilidade de concessão da tutela de 
evidência, caso suficientemente instruída a ação e caso a turbação ou esbulho ocorra no 
prazo de um ano e um dia. 
 
Esquematizando... 
 
 
AÇÃO DE MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO
• Para as hipóteses de turbação, vale-se da ação de reintegração
e para as hipóteses de esbulho, utiliza-se a ação de reintegração.
• petição inicial - provar:
• ►posse;
• ► turbação ou esbulho (com a indicação da data);
• ► pedido de cessação da turbação ou de reintegração no caso
de esbulho;
• após a concessão da limitar de tutela de evidência ou após o
indeferimento da medida:
• ► 5 dias para o autor citar o réu; e citado, o réu tem 15 dias para
contestar.
5.4 – Ação possessória em conflitos coletivos por imóvel 
Hoje temos diversos movimentos sociais que invadem propriedades de forma coletiva. 
Realidade que passava longe do CPC73, mas torna-se presente atualmente. Em face 
disso, faz necessário o enfrentamento do assunto pelo CPC. 
Nessas ações evidencia-se o interesse público e social dos envolvidos no conflito 
possessório. Diante disso, faz-se necessária propiciar a participação do Ministério 
Público e da Defensoria. Além disso, em razão da coletividade - parte na demanda – 
temos regras específica para a citação e para a comunicação dos atos processuais. 
O art. 554, do CPC, determina que serão citados para a ação possessória coletiva: 
 réus presentes no local; 
 réus ausentes serão citados por edital; 
 citação do Ministério Público, porque nos termos do art. 178, III, do órgão 
deve atuar nos litígios coletivos por posse de terra rural ou urbana; e 
 Defensoria Pública nos casos de hipossuficiência econômica. 
Confira: 
§ 1º No caso de ação possessória em que f igure no polo passivo grande número de 
pessoas , serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no 
local e a citação por edital dos demais , determinando-se, ainda, a int imação do 
Ministér io Público e, se envolver pessoas em situ ação de hipossuficiência econômica, 
da Defensoria Pública. 
§ 2º Para f im da citação pessoal prevista no § 1o, o of icial de just iça procurará os 
ocupantes no local POR UMA VEZ , citando-se por edita l os que não forem 
encontrados. 
$ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da exi stência da ação 
prevista no § 1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer -se 
de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do confl i to 
e de outros meios. 
 
Ainda em relação ao $2º do art. 554, do CPC, é importante deixar claro que a tentativa 
de citação pessoal pelo oficial de justiça ocorrerá por uma única vez. Caso não seja 
possível citar todos, os demais serão comunicados da forma ficta por edital. 
Uma vez integrados os réus à lide, temos que analisar a higidez das alegações (se a 
petição inicial está suficientemente instruída) e se a turbação ou esbulho ocorreram há 
mais de ano de dia. 
Se for em período inferior a ano e dia, temos a possibil idade de conces são de tutela de 
evidência. Por outro lado, se superior a esse período, aplicamos o art. 565, do CPC, 
regra visando à autocomposição. 
Esse dispositivo determina que, nas ações possessórias que ocorreram há mais de um 
ano e dia, o juiz não poderá determinar a reintegração de posse antes de efetuar a 
audiência de medição. 
Art. 565. No l i t igio colet ivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação 
afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia , o juiz, antes de 
apreciar o pedido de concessão da medida l iminar , deverá designar audiência de 
mediação , a realizar-se em ATÉ 30 (TRINTA) DIAS , que observará o disposto nos §§ 
2ºe 4º. 
 
Essa audiência deve ocorrer no prazo de 30 dias. 
Por outro lado, caso tenhamos a concessão da liminar e o cu mprimento da medida 
demore período superior a um ano (A CONTAR DA DISTRIBUIÇÃO DA AÇÃO, NÃO DA 
CONCESSÃO DA TUTELA), prevê o §1º, abaixo citado, que será promovida a 
audiência. 
Veja: 
§ 1º Concedida a l iminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano , a 
contar da data de distr ibuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação , nos 
termos dos §§ 2º a 4º deste art igo. 
 
Dito de forma simples: o juiz concede a tutela de evidência, mas o oficial e as 
autoridades não conseguem garantir a manutenção da posse ou a reintegração no prazo 
de um ano desde a distribuição da ação. Note, trata -se de ação coletiva que envolve - 
em muitos casos - centenas, quiçá milhares de réus. 
Não sendo possível o cumprimento da liminar no período de um ano, temos a fixação da 
audiência de mediação, com vistas propiciar a autocomposição pelas partes. 
§ 2º O Ministério Público será int imado para comparecer à audiência, e a Defensoria 
Pública será int imada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da just iça . 
 
Em relação aos demais §§, a leitura é suficiente. 
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do l i t igio quando sua presença se f izer 
necessária à efet ivação da tutela jurisdicional. 
§ 4º Os órgãos responsáveis pela polí t ica agrária e pela polí t ica urbana da União, de

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