Buscar

FEBRE/ INFLAMAÇÃO/ INFECÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
TUTORIA 02 
 
 
I. Explicar a termorregulação 
Existem duas temperaturas corporais: central e 
cutânea. A temperatura central é a temperatura dos 
órgãos e tecidos, a qual varia muito pouco ao longo do 
dia (+ ou – 0,6ºC) exceto quando em estados febris; a 
temperatura cutânea se eleva e diminui de acordo 
com a temperatura do ambiente que o envolve e está 
relacionada diretamente à capacidade do organismo 
de reter ou perder calor para o ambiente. 
A temperatura média (considerando as 
margens de erro) é de 36,8ºC e varia para + ou – 0,4ºC, 
ou seja, a temperatura aceitável é entre 36,4ºC e 
37,2ºC (valores medidos via ORAL). 
O ser humano necessita que a temperatura 
interna seja constante e o seu sistema 
termorregulador mantém a temperatura central 
próxima de 37ºC, para conservação das funções 
metabólicas. Já com pequenas alterações da 
temperatura central, podem ocorrer alterações 
metabólicas e enzimáticas. 
Diante dessas possíveis alterações, a 
termorregulação é realizada por um sistema de 
controle fisiológico, que consiste em 
termorreceptores centrais e periféricos, um sistema 
de condução aferente, o controle central de 
integração dos impulsos térmicos e um sistema de 
respostas eferentes levando a respostas 
compensatórias. 
 
 
 
PRODUÇÃO DE CALOR 
 
 Grande parte do calor 
produzido pelo corpo é gerado nos órgãos 
profundos, especialmente no fígado, cérebro 
e coração, e nos músculos esqueléticos 
durante o exercício 
 A produção de calor é um dos 
principais produtos finais do metabolismo, 
sendo que os principais fatores que 
influenciam na produção do calor através do 
metabolismo são: 
 
 
a. Taxa do metabolismo basal de todas as 
células do corpo; 
 
b. Taxa extra de metabolismo causada 
pela atividade muscular, incluindo as 
contrações musculares causadas pelo 
calafrio; 
 
c. Metabolismo extra causado pelo efeito 
da tiroxina (e, em menor grau por 
outros hormônios como o GH e 
testosterona); 
 
d. Metabolismo extra causado pelo efeito 
da adrenalina, noradrenalina e 
estimulação simpática sobre as células; 
 
e. Metabolismo extra causado pelo 
próprio aumento da atividade química 
das células, especialmente quando a 
temperatura da célula se eleva; 
 
f. Metabolismo extra, necessário para a 
digestão, absorção e armazenamento 
de alimentos (efeito termogênico dos 
alimentos. 
 
Logo, o corpo produz calor através da 
VASOCONSTRIÇÃO da pele por todo o corpo, 
PILOEREÇÃO e TERMOGÊNESE. 
 
2 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
 
PERDA DE CALOR 
 
 
O calor que foi produzido pelos órgãos 
profundos é transferido para a pele, onde ele é perdido 
para o ar e para o ambiente, assim, grande parte do 
calor produzido pelo corpo é gerada nos órgãos 
profundos, especialmente no fígado, no cérebro e no 
coração, e nos músculos esqueléticos durante o 
exercício. A seguir, esse calor é transferido dos órgãos 
e tecidos profundos para a pele, onde ele é perdido 
para o ar e para o meio ambiente. 
 
 A velocidade de perda de calor é determinada 
quase completamente por dois fatores: 
 1. A velocidade de condução do calor de onde 
ele é produzido no centro do corpo até a pele; 
 2. A velocidade de transferência do calor 
entre a pele e o meio ambiente. 
 
O calor é perdido através da VASODILATAÇÃO 
dos vasos sanguíneos cutâneos, da SUDORESE e da 
DIMINUIÇÃO DA PRODUÇÃO DE CALOR. 
 
 
 SISTEMA DE ISOLAMENTO DO CORPO 
 
A pele, os tecidos subcutâneos e, em especial, o 
tecido adiposo, atuam em conjunto como isolantes do 
corpo. O tecido adiposo é importante porque conduz 
apenas um terço do calor conduzido pelos outros tecidos. 
Quando sangue não flui dos órgãos internos aquecidos para 
a pele, as propriedades isolantes do corpo do homem 
normal são, aproximadamente, iguais a três quartos das 
propriedades isolantes de um terno. Nas mulheres, esse 
isolamento é ainda melhor. O isolamento debaixo da pele é 
meio eficiente de manter a temperatura central interna 
normal, mesmo que a temperatura da pele se aproxime da 
temperatura do ambiente. 
OBS : O fluxo sanguíneo é um importante meio de produção 
de calor para a pele, sendo que uma alta velocidade de fluxo sanguíneo 
na pele faz com que uma grande quantidade de calor seja conduzido o 
centro do corpo para a pele com boa eficiência; enquanto a redução na 
velocidade do fluxo sanguíneo para a pele resulta em baixa condução 
de calor Um vaso sanguíneo dilatado é capaz de conduzir até 8x o calor 
de um vaso sanguíneo contraído OBS: a dilatação ou contração dos 
vasos está intrinsecamente relacionada à atividade do SN Simpático. 
 
 
 Para a manutenção da temperatura 
corporal estável, é essencial a integridade de 
todos os elementos envolvidos na sua 
regulação, nomeadamente os sensores 
térmicos, o centro integrador e de comando 
e os sistemas eferentes. 
1) Sensores térmicos 
 Hipotálamo anterior e área pré- 
óptica; 
 Receptores cutâneos térmicos; 
 Receptores existentes em 
órgãos corporais profundos. 
 
2) Centro integrador 
 
3) Sistemas Eferentes 
 Sistema Nervoso Central; 
 Sistema Nervoso Autônomo; 
 Sistema Nervoso Somático; 
 Hipófise. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
 
 
O HIPOTÁLAMO NA TERMORREGULAÇÃO 
 
A temperatura do corpo é regulada quase 
completamente por mecanismos de feedback neurais, 
e quase todos esses mecanismos operam através de 
centros regulatórios da temperatura localizados no 
hipotálamo. 
As principais áreas do cérebro que sofrem 
influência do calor/frio e, por conseguintes, são as 
mais importantes na resposta fisiológica são os 
núcleos pré-óptico e hipotalâmico anterior do 
hipotálamo. 
No hipotálamo situa-se o sistema de controle 
central, que regula a temperatura do corpo ao integrar 
os impulsos térmicos provenientes de quase todos os 
tecidos do organismo, e não apenas em relação à 
temperatura central do organismo, o que tem sido 
considerado como temperatura corporal média. 
Quando o impulso integrado excede ou fica abaixo da 
faixa limiar de temperatura, ocorrem respostas 
termorreguladoras autonômicas, que mantêm a 
temperatura do corpo em valor adequado. 
 A área pré-óptica é rica em neurônios sensíveis 
ao calor e alguns neurônios sensíveis ao frio, de modo 
que alterações de temperatura causam alteração na 
velocidade de disparos neuronais. 
 Quando a área pré-óptica é aquecida, a pele de 
todo o corpo imediatamente inicia uma sudorese 
profusa, enquanto os vasos sanguíneos de todo o 
corpo se dilatam enormemente, promovendo 
importante perda de calor. 
 Não só o hipotálamo possui termorreceptores. 
No caso da pele, é mais rica em receptores para o frio, 
portanto a pele é mais importante na identificação de 
temperaturas mais baixas. Quando a pele é resfriada 
pelo corpo inteiro, alguns reflexos corporais são 
iniciados: (1) calafrios, aumentando a contração 
muscular e gerando calor; (2) inibição da sudorese; (3) 
vasoconstrição da pele. 
 
 
 
Em relação ao calor, a primeira 
defesa autonômica é a vasodilatação 
cutânea. Já a sudorese, mediada por 
inervação colinérgica pós-ganglionar nas 
terminações glandulares, é considerada a 
mais importante. O suor é um ultrafiltrado 
do plasma e sua composição depende da 
intensidade da sudorese, do estado de 
hidratação e de outros fatores. Em situação 
máxima, o adulto produz mais de 0,5 L/h de 
suor, principalmente o atleta bem treinado. 
A sudorese é um processo muito 
efetivo de perda de calor por causa do 
elevado calor latente de evaporação da água. 
Cada grama de suor que se evapora absorve 
584 calorias. Consequentemente, a sudorese 
pode dissipar facilmente o calor 
especialmente se o ambiente estiver seco. A 
eficiência da sudorese é aumentada pela 
vasodilatação pré-capilar termorreguladora, 
resposta característica do homem, que é 
regulada por fatores como a bradicininae o 
óxido nítrico. Ela aumenta, em muito, o fluxo 
sanguíneo cutâneo para facilitar a 
transferência do calor central para a pele. 
 
 
 
 
4 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
 RECEPTORES CUTÂNEOS E INTERNOS 
Há também termorreceptores em órgãos 
internos como a medula espinhal, vísceras abdominais 
ou ao redor de grandes veias da região superior do 
abdome e do tórax; assim como os receptores da pele, 
são mais sensíveis a temperaturas mais baixas, 
provavelmente pois são adaptados a identificarem 
com mais precisão ocasiões de hipotermia. Contudo, 
esses receptores identificam a temperatura central do 
corpo, e não a temperatura cutânea. 
Os sinais advindos tanto dos receptores 
periféricos quanto da área pré-óptica chegam à região 
posterior do hipotálamo. Nesse local os sinais são 
combinados e integrados a fim de controlar as reações 
de produção e de conservação de calor do corpo. 
A excitação química simpática de produção de 
calor pode ser feita através da ação da adrenalina e 
noradrenalina, as quais causam a termogênese – 
processo no qual promove a fosforilação oxidativa de 
alimentos em excesso, porém se que haja a produção 
de ATP, somente de energia sob a forma de calor. 
 
 
MECANISMOS DE CONTROLE DA 
TEMPERATURA 
Quando os centros hipotalâmicos de 
temperatura detectam que a temperatura 
do organismo está muito alta ou muito baixa, 
eles instituem os procedimentos 
apropriados para a diminuição ou para a 
elevação da temperatura. 
 
 MECANISMOS DE DIMINUIÇÃO DA 
TEMPERATURA 
O sistema de controle da 
temperatura utiliza três mecanismos 
importantes para reduzir o calor do corpo, 
quando a temperatura corporal é muito 
elevada: 
1) Vasodilatação dos vasos 
sanguíneos cutâneos: 
Aumenta a transferência convectiva 
do calor do centro para a periferia do corpo, 
pela circulação, sendo que convecção é a 
forma de movimento do calor que ocorre 
principalmente nos fluidos. Esse movimento 
ocorre da seguinte maneira: 
- Quando uma massa de fluido é 
aquecida, suas moléculas passam a mover-
se mais rapidamente, afastando-se umas 
das outras. Como o volume ocupado por 
essa massa fluida aumenta, ela torna-se 
menos densa, sofrendo o movimento de 
subida, enquanto que a parte mais fria 
(menos densa) ocupa o lugar de baixo. 
2) Sudorese: O efeito do aumento 
da temperatura corporal sobre a sudorese é 
demonstrado pela curva azul na Figura 
abaixo, que mostra elevação súbita da perda 
de calor evaporativo, resultante da sudorese, 
quando a temperatura central do corpo se 
eleva acima do nível crítico de 37°C (98,6°F). 
Aumento adicional de 1°C na temperatura 
corporal causa sudorese suficiente para 
remover por 10 vezes a intensidade basal da 
produção de calor pelo corpo. 
 
5 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
3) Diminuição da produção de calor: Os 
mecanismos que causam o excesso de produção de 
calor, como os calafrios e a termogênese química, são 
intensamente inibidos. 
 
 MECANISMOS DE AUMENTO DA 
TEMPERATURA 
Quando o corpo está muito frio, o sistema de 
controle de temperatura institui procedimentos 
exatamente opostos. São eles: 
1. Vasoconstrição da pele por todo o 
corpo: Essa vasoconstrição é causada pela estimulação 
dos centros simpáticos hipotalâmicos posteriores. 
2. Piloereção: Piloereção significa “pelos 
eriçados”. O estímulo simpático faz com que os 
músculos eretores dos pelos presos aos folículos 
pilosos, se contraiam, colocando os pelos na posição 
vertical. Esse mecanismo não é importante em seres 
humanos, mas nos animais inferiores, a projeção 
vertical dos pelos permite que eles retenham uma 
espessa camada de “ar isolante” próximo à pele, de 
modo que a transferência de calor para o meio 
ambiente, diminui significativamente. 
3. Aumento na termogênese (produção 
de calor): A produção de calor pelos sistemas 
metabólicos é aumentada pela promoção de calafrios, 
excitação simpática da produção de calor e secreção de 
tiroxina. Esses métodos de elevação da temperatura 
necessitam de mais explicações, que são as seguintes. 
 
OUTROS TIPOS: 
Noradrenalina, dopamina e serotonina são os 
mediadores envolvidos mais estudados no controle da 
temperatura. Drogas que interferem em sua liberação 
ou produção podem alterar a temperatura corpórea. 
 
O set point hipotalâmico é o termostato do 
organismo. Essa informação sobre que temperatura o 
organismo deve manter é ditada pelo hipotálamo. 
Assim, em novas condições, desencadeadas pela 
elevação hipotalâmica da prostaglandina E2, o 
hipotálamo assume como normal uma temperatura 
maior, fazendo o organismo ter de lançar mão de 
mecanismos para elevar a temperatura do corpo. 
 
A fosforilação oxidativa mitocondrial 
é outro sistema envolvido no controle da 
temperatura corpórea. Neste processo, 
ocorre transferência de elétrons pela 
membrana interna da mitocôndria e, por 
meio de reações de oxidorredução, haverá 
conversão de O2 em CO2 + H2O com 
produção de calor. Nesse processo, elétrons 
são bombeados do lado citosólico da 
membrana para o espaço interior dela, o que 
gera um gradiente eletroquímico que permite 
a formação do ATP. Esse processo é prejudicado 
na presença de toxinas, ocorrendo então o 
desacoplamento, ou seja, os prótons passam 
livremente pela membrana interna celular, sem 
que haja formação de ATP. Ocorre dissipação de 
energia na forma de calor. 
 
Controles homeostáticos orgânicos 
são responsáveis pela variação rítmica diária 
de temperatura corporal que oscila 
fisiologicamente entre 36o C (início da 
manhã) e 37,5o C (fim da tarde)1. Esses 
mecanismos sofrem influência de vários 
fatores, como: atividade física, hormônios, 
alterações na temperatura ambiental, ciclo 
menstrual nas mulheres, dieta alimentar, 
estado emocional do indivíduo, 
medicamentos, ciclo circadiano e até mesmo 
a postura corporal, pois as temperaturas 
esofagiana, sublingual e retal são mais 
elevadas com o indivíduo de pé e mais baixas 
na posição supina. 
 
 
‘’PONTO DE AJUSTE’’ E CONTROLE DA 
TEMPERATURA 
O “ponto de ajuste” corresponde à 
temperatura na qual, acima dela, os 
mecanismos de perda de calor prevalecerão; 
abaixo dela, os mecanismos de ganho de calor; 
na temperatura (no gráfico corresponde à 
37,1ºC) os dois mecanismos se encontram em 
equilíbrio. 
 
• Abaixo  Calafrios 
 
6 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
• Acima  Sudorese 
 
 O ponto de ajuste pode variar de acordo com a 
variação da temperatura cutânea; assim, temperaturas 
cutâneas mais baixas fazem com que o ponte de ajuste 
seja mais alto, fazendo com que temperatura mínima 
capaz de causar a sudorese seja também mais alta. O 
contrário também acontece no caso dos calafrios. 
 
 
 
II. Analisar a febre considerando o 
conceito, tipos, etiologia, fisiopatologia 
 
FEBRE 
É uma elevação da temperatura corporal acima 
da faixa de normalidade (37,5ºC axilar/37,8ºC 
oral/38ºC retal) associada a um aumento no ponto de 
ajuste hipotalâmico (o que a diferencia de uma 
hipertermia, que não provoca alteração no centro 
hipotalâmico) alteração do set point hipotalâmico. 
A febre é uma elevação da temperatura 
corporal que ultrapassa a variação diária normal e 
ocorre associada ao aumento do ponto de ajuste 
hipotalâmico, por exemplo, de 37ºC para 39ºC.6 Essa 
elevação ocorre em resposta a um sinal químico 
(pirógeno endógeno) lançado como parte da resposta 
inflamatória, com liberação de mediadores como a 
interleucina-1B e interleucina-6. A febre pode ser 
causada por infecções, atelectasia, doença 
tromboembólica e reações medicamentosas e 
acomete um terço dos pacientes hospitalizados. 
 
 EFEITO DOS PIROGÊNIOS E 
MECANISMO DE AÇÃO 
As regiões do hipotálamo que controlam a 
temperatura corpórea as: os nervos pré-ópticos do 
hipotálamo anterior e o hipotálamo posterior. Os 
estímulos são tanto de nervos periféricos quanto da 
temperatura do sangue que banha a região (OVLT). 
Esse endotéliolibera ácido araquidônico e seus 
metabolitos quando expostos aos pirógenos exógenos. 
Desses metabolitos, a prostaglandina E2 difunde-se 
pela área pré-óptica, ativa o AMP cíclico e inicia a febre. 
Com o novo set point da 
temperatura, nervos eferentes, 
principalmente simpáticos, inervam os vasos 
periféricos. Há, então, vasoconstrição que 
impede a perda de calor. Há acionamento de 
musculo e gordura para produzir calor. O 
centro termorregulador envia sinais ao 
córtex cerebral com mensagens 
comportamentais, como a busca por lugares 
aquecidos, roupas e atitudes posturais. Tudo 
isso para que a periferia atinja a temperatura 
do set point hipotalâmico (central), já que a 
periferia envia impulsos aferentes para o 
SNC continuamente. Com isso, a 
temperatura poe elevar de 2 a 3 graus 
Celsius. Caso não seja suficiente, tremores 
são ativados para aumentar a produção de 
calor, para que atinja o novo set point da 
temperatura. 
Muitas proteínas, produtos da 
degradação das proteínas, e algumas outras 
substâncias, especialmente toxinas de 
lipossacarídeos oriundas das membranas 
celulares de bactérias, podem fazer com que 
o ponto de ajuste do termostato 
hipotalâmico se eleve. As substâncias que 
causam esse efeito são chamadas 
pirogênios, os quais podem ser exógenos ou 
endógenos. 
Os pirogênios liberados por bactérias 
tóxicas ou os liberados por tecidos corporais 
em degeneração, causam febre durante 
condições patológicas. 
Quando o ponto de ajuste do centro 
de regulação hipotalâmico da temperatura 
se eleva acima do normal, todos os 
mecanismos para a elevação da temperatura 
corporal começam a atuar, incluindo a 
conservação de calor e o aumento da 
produção de calor. 
 
• Pirógenos exógenos: 
microrganismos, seus produtos e toxinas. O 
melhor exemplo é a endotoxina, comum a 
todas as bactérias gramnegativas e que é um 
lipossacarídeo componente da membrana 
externa. As bactérias gram-positivas 
 
7 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
também produzem pirógeno, porém, em 
geral, o LPS é mais potente. Estimulam as 
células dos hospedeiros a produzirem os 
pirógenos endógenos, geralmente 
monócitos e macrófagos. 
• Pirógenos endógenos: são polipéptides 
produzidos pelo sistema monocítico-macrofágico, 
local ou sistematicamente, até atingirem o centro 
termorregulador do hipotálamo. Como exemplo desse 
tipo de pirógenos tem-se a IL-1 alfa e beta, que são 
produzidas pelo sistema fagocítico mononuclear, pelo 
endotélio, pelos linfócitos B, por células NK, 
fibroblastos, músculo liso, queratinócitos e células da 
glia. 
 
OBS: A rede vascular que irriga a região 
entorno do centro termorregulador do hipotálamo 
recebe o nome de OVLT; o endotélio desses vasos, 
quando sob efeito dos pirógenos endógenos, libera o 
ácido araquidônico e seus metabólitos, dentre eles a 
prostaglandina E2, a qual ativará o AMPcíclico e iniciará 
o processo da febre. 
 Nessa região há contato com “monitores da 
PA”, controladores da saciedade e controladores da 
temperatura; portanto, quando há necessidade, esses 
mecanismos também são ativados juntamente com o 
hipotálamo anterior, causando alterações metabólicas 
e comportamentais (como a retirada de roupas ou 
busca por água ou sombra). 
 A febre tem certo papel protetor tendo em 
vista que diversas interleucinas como a IL-1, IL-6 e IL-8 
têm sua ação quimioatraente potencializada em 
temperaturas mais altas, portanto, amplificam a 
atividade leucocitária durante um processo 
inflamatório; além de que alguns antígenos não 
conseguirem se replicar nessas mesmas temperaturas 
elevadas. 
 
OBS 2: Quando a formação de prostaglandinas 
é bloqueada por fármacos, a febre pode ser abortada 
ou diminuída. De fato, esta pode ser a explicação para 
o mecanismo de atuação da aspirina na redução da 
febre, pois a aspirina impede a formação de 
prostaglandinas, a partir do ácido araquidônico. 
Fármacos como a aspirina, que reduzem a febre, são 
chamados antipiréticos. 
 
 CARACTERÍSTICAS DA FEBRE 
 
CALAFRIOS 
 
Quando o ponto de ajuste do centro 
de controle de temperatura no hipotálamo é 
subitamente alterado do nível normal para 
um nível mais alto do que o normal (como 
resultado da destruição tecidual, substâncias 
pirogênicas ou desidratação), a temperatura 
corporal geralmente leva várias horas para 
atingir o novo ponto de ajuste da 
temperatura. 
Como a temperatura do sangue agora 
é menor do que o ponto de ajuste do 
controlador hipotalâmico da temperatura, 
ocorrem as respostas usuais que causam a 
elevação da temperatura. Durante esse 
período, a pessoa experimenta calafrios e 
sente frio intenso, mesmo que sua 
temperatura já esteja acima do normal. Além 
disso, a pele fica fria devido à vasoconstrição 
e a pessoa treme. Os calafrios continuam até 
que a temperatura corporal chegue ao ponto 
de ajuste hipotalâmico de 39,4°C. 
A partir desse ponto, a pessoa não 
apresenta mais calafrios e não sente frio ou 
calor. Enquanto o fator que causa elevação 
do ponto de ajuste do controlador da 
temperatura hipotalâmico estiver presente, 
a temperatura do corpo é regulada quase da 
mesma forma, mas em nível de ponto de 
ajuste mais alto. 
 
 
 
8 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
CRISE OU RUBOR 
 
Se o fator que está causando a alta da 
temperatura for removido, o ponto de ajuste do 
controlador da temperatura hipotalâmico será 
reduzido para valor mais baixo, e talvez volte ao 
normal. Nesse caso, a temperatura do corpo se 
mantém em 39,4°C, mas o hipotálamo tenta regular a 
temperatura para 37°C. Essa situação é análoga ao 
aquecimento excessivo da área hipotalâmica anterior 
préóptica, que causa sudorese intensa e o 
desenvolvimento súbito de aquecimento da pele por 
causa da vasodilatação generalizada. Essa mudança 
súbita de eventos no estado febril é conhecida como 
“crise” ou, mais apropriadamente, “rubor”. 
 
INTERMAÇÃO 
 
O limite superior da temperatura do ar que a 
pessoa pode suportar depende em grande parte de se 
o ar é seco ou úmido. Se o ar está seco e correntes de 
ar de convecção suficientes estão fluindo para 
promover a rápida evaporação do corpo, a pessoa 
pode resistir durante várias horas na temperatura do 
ar de 54,4°C. Inversamente, se o ar está com 100% de 
umidade ou se o corpo está imerso na água, a 
temperatura corporal começa a se elevar sempre que 
a temperatura ambiental estiver acima de 34,4°C. Se a 
pessoa está realizando trabalho braçal, a temperatura 
ambiental crítica acima da qual provavelmente 
ocorrerá intermação pode ser de 29,4 a 32,2°C. 
 
Quando a temperatura corporal se eleva além 
de temperatura crítica, na variação entre 40,5 e 42,2°C, 
a pessoa, provavelmente, desenvolverá uma 
intermação. Os sintomas incluem desorientação, 
desconforto abdominal, algumas vezes, acompanhado 
por vômitos, às vezes, delírios, com eventual perda da 
consciência se a temperatura corporal não for 
rapidamente diminuída. Esses sintomas, em geral, são 
exacerbados por grau de choque circulatório ou pela 
excessiva perda de líquidos e eletrólitos pelo suor. 
 
 
 
 
 
 
 SEMIOLOGIA DA FEBRE 
Início: pode ser súbito ou gradual. 
• Súbito: percebe-se de um 
momento para outro a elevação da 
temperatura. Nesse caso, a febre se 
acompanha quase sempre dos sinais e 
sintomas que compõem a síndrome febril. É 
frequente a sensação de calafrios nos 
primeiros momentos da hipertermia. 
• Gradual: A febre pode instalar-
se de maneira gradual e o paciente nem 
perceber seu início. Em algumas ocasiões, 
predomina um ou outro sintoma da 
síndrome febril, prevalecendo cefaleia, a 
sudorese e a inapetência. 
Intensidade 
Tomando por referência o nível da 
temperatura axilar: 
• Febre leve ou febrícula: até 
37,5°C 
 • Febre moderada: de 37,6° a 
38,5°C 
• Febre alta ou elevada: acima de 
38,6°C. 
 
 
 
 
9 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
Evolução 

 Febre de origem indeterminada: febre 
de mais de 3semanas com temperaturas acima de 
37,8ºC[axilar] ou 38,3ºC[oral] sem identificação de causa 
após uma semana de internação ou 3 consultas médicas 
Conduta 
• Avaliar durante a anamnese quanto a 
viagens, contato com doentes e animais, uso de drogas 
ilícitas, comportamento para AIDS, emagrecimento, 
internações e uso de antibióticos. 
• Em crianças: 1/3 é decorrente de infecções 
virais 
• Em idosos: 1/3 decorre de vasculites e 1/4 
de neoplasias 
• Ressalta-se a pesquisa de sopros cardíacos, 
dores musculares e ósseas, palpação do fígado e baço e 
pesquisa de gânglios. 
• Os exames complementares a serem 
pedidos são hemograma, bioquímica sanguínea como 
enzimas hepáticas, urina, RX de tórax e TC ou US de 
abdome. 
• Exames histológicos podem ser 
considerados somente quando: fígado (alteração de 
enzimas hepáticas); medula (alteração no hemograma ou 
suspeita de leucemias ou infecciosas com leishmaniose), 
por exemplo 
• Uso de corticoides e antibióticos devem ser 
individualizados e são atualmente desencorajados. 
 
• Febre contínua: aquela que 
permanece sempre acima do normal com variações de 
até 1 °C e sem grandes oscilações; 
• Febre irregular ou séptica: registram-
se picos muito altos intercalados por temperaturas 
baixas ou períodos de apirexia. Não há qualquer 
caráter cíclico nestas variações. 
Mostramse totalmente imprevisíveis e são 
bem evidenciadas quando se faz a tomada da 
temperatura várias vezes ao dia; um exemplo típico é 
a septicemia. Aparece também nos abscessos 
pulmonares, no empiema vesicular, na tuberculose e 
na fase inicial da malária; 
• Febre remitente: há hipertermia 
diária, com variações de mais de 1 °C e sem períodos 
de apirexia. Ocorre na septicemia, pneumonia, 
tuberculose. 
• Febre intermitente: nesse tipo, 
a hipertermia é ciclicamente interrompida 
por um período de temperatura normal; isto 
é, registra-se febre pela manhã, mas esta 
não aparece à tarde; ou então, em 1 dia 
ocorre febre, no outro, não. Por vezes, o 
período de apirexia dura 2 dias. A primeira 
se denomina cotidiana, a segunda terçã e a 
última quartã. O exemplo mais comum é a 
malária. Aparece também nas infecções 
urinárias, nos linfomas e nas septicemias; 
• Febre recorrente ou 
ondulante: caracteriza-se por período de 
temperatura normal que dura dias ou 
semanas até que sejam interrompidos por 
períodos de temperatura elevada. Durante a 
fase de febre não há grandes oscilações; por 
exemplo: brucelose, doença de Hodgkin e 
outros linfomas 
Término 
• Crise: quando a febre 
desaparece subitamente. Neste caso 
costumam ocorrer sudorese profusa e 
prostração. Exemplo típico é o acesso 
malárico. 
• Lise: significa que a hipertermia 
vai desaparecendo gradualmente, com a 
temperatura diminuindo dia a dia, até 
alcançar níveis normais. Observado em 
inúmeras doenças, é mais bem reconhecido 
pela análise da curva térmica. 
 
III. Diferenciar a febre de hipertermia 
FEBRE 
Alteração do set point hipotalâmico. 
A febre é uma elevação da temperatura 
corporal que ultrapassa a variação diária 
normal e ocorre associada ao aumento do 
ponto de ajuste hipotalâmico, por exemplo, 
de 37ºC para 39ºC.6 Essa elevação ocorre em 
resposta a um sinal químico (pirogêno 
endógeno) lançado como parte da resposta 
inflamatória, com liberação de mediadores 
como a interleucina-1B e interleucina-6. A 
 
10 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
febre pode ser causada por infecções, 
atelectasia, doença tromboembólica e 
reações medicamentosas e acomete um 
terço dos pacientes hospitalizados. 
 
HIPERTERMIA 
Set point hipotalâmico normal, porem o calor 
não pode ser dissipado ou está sendo mais produzido. 
A hipertermia é o aumento da temperatura corporal 
devido a um desequilíbrio entre a produção e a 
dissipação de calor. A hipertermia diferencia-se do 
estado febril porque nela o limiar térmico hipotalâmico 
está preservado e o aumento da temperatura corporal 
ocorre por excesso de produção ou falência na 
dissipação de calor ou, ainda, por disfunção do centro 
termorregulador.8 É encontrada nos casos de doenças 
provocadas pelo calor como a intermação, distúrbios 
neurológicos ou hipertermia maligna, muitas vezes 
com a temperatura corporal acima de 40ºC. O 
organismo humano não se adapta à hipertermia, 
assim, deve ser tratada como uma emergência clínica. 
 
IV. Descrever a convulsão febril, 
considerando seus tipos e 
fisiopatologia, seu tratamento, e os 
critérios diagnósticos. 
 
CONVULSÃO FEBRIL 
 
Convulsão febril (CF) ocorre na infância, 
geralmente entre os 3 meses e 5 anos de idade, 
associada à febre, na ausência de infecção 
intracraniana ou de outra causa neurológica definida, 
excluindo-se as crianças que tenham tido previamente 
convulsões afebris. 
Convulsões febris não devem ser confundidas 
com epilepsia – que se caracteriza por crises epilépticas 
afebris recorrentes. 
 A primeira CF ocorre em média entre os 18 e 
22 meses, podendo ser simples (uma única crise 
tônico-clônica generalizada com duração média de 5 
min) e complexa ou complicada (crises focais e/ou com 
duração maior que 15 min e/ou se recorrer em menos 
de 24h e/ou com manifestações neurológicas. 
Fatores de risco: 
Maiores: primeira crise febril 
com menos de 12 meses de idade; duração 
da febre < 24 horas antes da crise; febre 
3839 °c. 
Menores: História familiar 
positiva de crises febris; História familiar de 
epilepsia; Crise febril complexa; Sexo 
masculino; Sódio sérico baixo no início da 
crise. 
OBS: O pico de incidência varia de 9 a 
18 meses, independentemente de localização 
geográfica, raça, sexo ou condições 
socioeconômicas. Cabe lembrar que CF raramente 
podem ocorrer antes dos 3 meses e após os 5 anos 
de idade. 
 
 FISIOPATOLOGIA 
 
A origem da CF não é ainda 
inteiramente compreendida, sabe-se, no 
entanto, que a febre, a idade e a 
predisposição genética são os fatores 
importantes. Acredita-se que o 
desencadeamento da convulsão pela febre 
esteja associado à imaturidade natural do 
cérebro, que apresenta um limiar mais baixo 
de resistência à hipertermia e excitabilidade 
neuronal elevada. 
 
As crianças são mais propensas ao 
desenvolvimento de infecções, as quais 
induzem à febre alta. Aliado a isso, o baixo 
limiar do córtex cerebral ainda em 
desenvolvimento e o componente genético 
afetando o limiar convulsígeo são fatores 
que se combinam. O cérebro imaturo 
apresenta maior susceptibilidade a 
convulsões visto que provavelmente decorre 
da combinação da excitação aumentada e a 
inibição diminuída. 
 
O modo de herança não é claro, e há 
estudos evidenciando ligação com vários 
cromossomos, por exemplo, os 
cromossomos 19p e 8q 13-21. A maioria dos 
estudos sugere herança autossômica 
 
11 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
dominante, com baixa penetrância e 
expressão variável ou, em alguns casos, 
herança poligênica. 
 
Não há consenso na literatura sobre o papel da 
velocidade de aumento ou do valor atingido da 
temperatura na crise febril. Estudos em animais 
sugerem um papel dos pirogênios endógenos, como a 
interleucina 1, influenciando na excitabilidade 
neuronal 
Obs.: A persistência de CF após os 6 anos, 
associada ou não a crise afebril, com remissão 
espontânea em torno dos 12 anos, configura uma 
situação de forte componente familiar denominada 
“convulsão febril plus”. A verificação de que algumas 
famílias são mais suscetíveis a apresentarem CF é 
notória e já foram descritos os loci cromossômicos de 
algumas delas. No entanto, ainda não foi identificado 
um modelo de transmissão que atenda a todos os 
casos de CF. A maioria dos estudos sugere herança 
autossômica dominante, com baixa penetrância e 
expressão variável, ou herança poligênica. 
 
 
 TIPOS DE CONVULSÃO 
A crise usualmente é generalizada tônico-
clônicas com duração de alguns segundos até15 
minutos. O período pósictal é marcado por sonolência 
passageira. 
O exame neurológico da criança é inteiramente 
normal após a crise. A investigação clínica deve visar a 
localização da infecção, seja ela uma amigdalite, otite 
ou doença exantemática. Atualmente, prefere-se a 
denominação “crises febris”, porque elas podem ser 
convulsivas e não convulsivas. 
De modo geral, as CF são tônico-clônicas 
generalizadas, de curta duração, únicas e precoces em 
uma mesma doença febril, e não se acompanham por 
fenômenos neurológicos pós-críticos. Essas 
características definem as CF típicas, simples, ou 
também chamadas crises não-complicadas. 
 
 
Crises com duração > 10 min, parciais, 
que se repetem durante o mesmo episódio 
febril, e acompanhadas por sinais 
neurológicos transitórios (paralisia de Todd) 
são denominadas atípicas, complexas ou 
complicadas. A distinção entre ambas tem 
importância clínica, uma vez que define 
prognósticos diferentes: a forma atípica está 
associada a um maior número de 
recorrências, tanto febris, quanto afebris. 
 
 
 
 
 DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico da CF é clínico, porém 
não é fácil de definir na primeira 
apresentação. A hipótese é reforçada 
quando a crise é típica, o exame neurológico 
é normal, o paciente já apresentou uma ou 
mais CF e há relato de casos semelhantes em 
parentes de 1o grau. A investigação da 
doença de base e a exclusão da meningite 
são essenciais. Lactentes que apresentem a 
primeira CF, mesmo na ausência de sinais de 
 
12 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
irritação meníngea, devem realizar exame do 
líquor. 
 
Criança com < 6 meses com convulsão + febre, 
a punção lombar (PL) deve ser SEMPRE realizada. 
Mesmo que uma otite média seja identificada no 
exame físico, não é possível excluir a possibilidade de 
meningite sem a punção lombar. PL é obrigatória: na 
primeira crise febril complexa; letargia persistente; 
crise febril em crianças > 5 anos, pela possibilidade de 
meningite/encefalite. 
De acordo com a história clínica também é 
necessário pedir hemograma, dosagem de eletrólitos 
e glicemia. Na definição de uma infecção viral ou 
bacteriana bem estabelecida (otite, laringite, doença 
exantemática), não existe a indicação de 
Eletroencefalograma (EEG) ou exame de imagem do 
sistema nervoso central. 
As crises convulsivas provocadas por 
meningites, encefalites, distúrbios eletrolíticos, 
hipoglicemia ou intoxicação exógena não são 
consideradas crises febris. Sua ocorrência é provocada 
por alguma destas condições e, por isso, são 
denominadas crises sintomáticas. 
O EEG pode mostrar anormalidades, 
principalmente nas crianças com CF prolongadas ou 
repetidas, mas não tem valor prático, pois não define 
a probabilidade de recorrências, tanto febris quanto 
afebris. Exames de neuroimagem também não 
auxiliam no diagnóstico das CF, mas na criança com 
crises atípicas recorrentes, ou naquelas que 
apresentam sinais prévios de comprometimento do 
sistema nervoso, a ressonância magnética cerebral 
deve ser solicitada. 
 
 TRATAMENTO 
Assim como em qualquer síndrome convulsiva 
a orientação sobre o quadro é fundamental. O 
tratamento da CF, na maioria das vezes, é limitado à 
fase aguda, quando estão indicados antitérmicos e 
medicação específica para a doença febril. Nos casos 
de crise prolongada, a criança deverá ser levada a um 
serviço de emergência. 
O tratamento anticonvulsivante com 
benzodiazepínicos (diazepam venoso ou retal, na 
dose de 0,3-0,5 mg/kg, midazolan ou lorazepan) 
é considerado na emergência para as crianças 
que apresentam crise convulsiva com duração 
superior a cinco minutos. 
As crises convulsivas provocadas por 
meningites, encefalites, distúrbios 
eletrolíticos, hipoglicemia ou intoxicação 
exógena não são consideradas crises febris. 
Sua ocorrência é provocada por alguma. Nos 
casos caracterizados por crises febris 
recorrentes, principalmente quando 
associadas aos fatores de risco, pode-se 
utilizar a profilaxia intermitente, embora não 
haja consenso em relação a sua eficácia. Por 
sua ação rápida, os benzodiazepínicos são as 
drogas prescritas, especialmente o 
diazepam, por via retal, nas formas de 
supositório ou de solução, na dose de 0,5 
mg/kg de peso, a cada 12 horas e por 2 dias 
consecutivos; o tratamento deve ser iniciado 
assim que a família perceber os sinais da 
doença febril. Destas condições e, por isso, 
são denominadas crises sintomáticas. 
A profilaxia contínua com 
anticonvulsivantes não é indicada, pois a 
crise febril é uma condição benigna e com 
resolução espontânea, e, por isso, não se 
justifica o emprego de medicações com 
tantos efeitos adversos como a redução da 
capacidade cognitiva e distúrbios 
comportamentais (agitação, sonolência, 
agressividade), além de hepatotoxicidade, 
principalmente em menores de dois anos. 
É importante deixar claro que o uso 
de antitérmicos reduz o mal-estar associado 
à febre, mas não impede a ocorrência da 
crise febril, até porque suspeita-se que a 
mesma seja desencadeada durante a fase de 
ascensão ou queda da temperatura. 
 
 
 
 
 
 
13 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
V. Descrever a farmacodinâmica e a 
farmacocinética dos antitérmicos 
(indicação, efeitos adversos, 
contraindicação) 
 
 
ANTITÉRMICOS 
 
Os alvos e atuação dos AT são: 
 
1. Redução da produção e mediadores 
inflamatórios, como as citocinas ou aumento da 
produção local de moléculas anti-inflamatórias. 
2. Redução na produção de prostaglandina E2 
através da inibição da ciclooxigenase, evitando assim 
que ela atue no centro termorregulador do 
hipotálamo, desencadeando as reações de produção 
de calor. 
3. Produção de antipiréticos naturais 
aumentada 
4. Redução da adesão de células produtoras de 
prostaglandinas no foco inflamatório. 
 
Os medicamentos utilizados para tratamento 
da febre geralmente são também utilizados para o 
manejo da dor, e nesse caso preferencialmente são 
utilizados os analgésicos não opioides (paracetamol, 
AAS) e AINES (ibuprofeno). 
 Paracetamol e dipirona não apresentam 
função antiplaquetária e anti-inflamatória. 
 A atividade antipirética é explicada pela 
inibição de ciclo-oxigenases, diminuindo a reação 
inflamatória e, por consequência a atividade das 
prostaglandinas – o bloqueio da síntese de 
prostaglandinas determina a analgesia e reduz a 
resposta inflamatória. 
PGE2 é fundamental na produção da febre e é 
sintetizada a partir do ácido araquidônico, com a 
participação de duas isoformas da enzima 
ciclooxigenase, a COX 1 e a COX2. A maioria dos AT age 
na síntese de prostaglandinas, inibindo a COX1 e 2. 
 
 
O paracetamol é um fraco inibidor da 
COX 1. A aspirina e outros AINES, além da 
diminuição da PGE2, diminuem a produção 
de PE e das citocinas mediadoras da 
inflamação e aumentam a produção de 
antipiréticos naturais. A dipirona também 
diminui a PGE2. 
 
 
PARACETAMOL 
 
Geralmente é o medicamento de 
primeira escolha principalmente para o 
manejo da dor ou da febre. Além disso 
apresenta pouquíssimas reações adversas. 
Ao contrário da maioria dos analgésicos e 
antitérmicos, pode ser utilizado por 
gestantes. Possui efeitos anti-inflamatórios 
muito fracos em comparação ao AAS. 
Dose – Para crianças a dose 
recomendada é de 10-15 mg/kg de 6/6 horas 
ou até de 4/4 horas, tomando-se o cuidado 
de não ultrapassar a dose de 75 mg/kg/dia. 
Para adultos a dose é de 1 comprimido (de 
500mg ou de 750 mg) de 6/6 horas ou até de 
4/4 horas, tendo-se em consideração que 
não se deve ultrapassar a dose total diária de 
4 gramas. Quando indicada, a droga pode ser 
dada a recém-nascidos e às gestantes, sendo 
o medicamento o mais indicado nestas 
situações. Reações Adversas – O 
paracetamol é considerado o antitérmico 
mais seguro, com pouquíssimos eventos 
adversos como erupções cutâneas, urticária,angioedema e anafilaxia. Outras precauções 
são as seguintes: não utilizar o paracetamol 
 
14 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
em pacientes com desidratação importante, 
desnutrição grave, jejum prolongado e em 
pacientes com hepatopatias crônicas. 
 
 
IBUPROFENO 
 
É um AINE com ação anti-inflamatória, 
antipirética e analgésica. Alguns efeitos adversos 
coincidem com demais anti-inflamatórios como 
hemorragias, falência renal e irritação gastrointestinal 
Um anti-inflamatório não hormonal que 
possui, além da ação anti-inflamatória, ação 
antitérmica e analgésica. Foi liberado nos EUA para 
uso em crianças maiores de seis meses de idade. Doses 
– Para crianças a dose recomendada é de 5-10 mg/kg 
de 6/6 horas. Reações Adversas – Algumas reações 
importantes como úlcera gástrica, hemorragia 
digestiva e perfuração tem sido relatada, sendo, 
entretanto, raras na criança. Outras reações são a 
inibição reversível da função plaquetária, anafilaxia, 
asma, necrose papilar renal levando ao quadro de 
nefrite analgésica, e falência renal. 
 
 
DIPIRONA 
 
Muito utilizado no Brasil, ao contrário de 
muitos outros países devida recorrência de alergias 
graves. Não possui ação anti-inflamatória importante, 
porém potente ação antitérmica e analgésica. É fonte 
de discussão sobre seu uso tendo em vista que possui 
eficácia muito semelhante a outros analgésicos, porém 
segurança muito menor. 
Trata-se de medicamento com potente ação 
antitérmica e analgésica, mas destituído de ação anti-
inflamatória. Dose: a dose indicada para crianças é de 
10-12 mg/kg, o que equivale a 0,4-0,6 gota/kg, três a 
quatro vezes ao dia. Na prática tem-se observado que 
a dose usada é de uma gota por/kg, o que vale dizer, 
quase que o dobro da dose preconizada, o que 
constitui um erro grosseiro, com suas inevitáveis 
consequências. 
 
 
A dose para adultos é de 0,5-1g três 
vezes ao dia. Reações Adversas – tem sido 
referida as seguintes: hipotensão, 
broncoespasmo, urticária, rash cutâneo, 
sonolência, cansaço, cefaléia, anafilaxia. A 
mais importante e temível reação adversa é 
a agranulocitose, de ocorrência rara, porém 
preocupante. 
 
ASPIRINA 
 
 
Ação anti-inflamatória, antipirética e 
analgésica. Reações adversas coincidem com 
demais anti-inflamatórios (úlcera gástrica, 
hemorragia digestiva, anafilaxia...) 
Além de sua ação antitérmica possui 
também ação anti-inflamatória e analgésica. 
Dose – Para crianças a dose utilizada é de 50-
75 mg/kg/dia, de 4/4 horas ou de 6/6 horas. 
Quando se pretender melhor ação anti-
inflamatória, recomenda-se a dose de 75-
100 mg/kg/dia, de 6/6 horas. Para adultos a 
dose indicada é de 300-900 mg, de 4/4 horas 
ou de 6/6 horas. Reações Adversas – São 
descritas reações adversas importantes 
como úlcera gástrica, hemorragia digestiva e 
perfuração, quadros de anafilaxia, asma, 
rinite, urticária. 
A Síndrome de Reye, caracterizada 
por uma grave disfunção hepatocerebral, é 
uma entidade importante, com letalidade de 
aproximadamente 30%, observada em 
indivíduos acometidos por certas doenças 
virais agudas (varicela, influenza) e que 
recebiam aspirina. Na atualidade, 
raramente, a aspirina é utilizada para o 
combate à febre em crianças. Com a 
diminuição do seu uso, praticamente não 
mais se observa a Síndrome de Reye. 
 
 
 
 
15 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
VI. Descrever os locais de aferição da 
temperatura corporal e seus parâmetros 
 
Determinar o local mais apropriado para a 
medida; reunir o material necessário; mãos e 
termômetro limpos; posicionamento correto do bulbo 
do termômetro; atenção às substâncias desinfetantes 
irritantes de pele e mucosa; atenção às indicações e 
limitações da T. oral e T. axilar. 
 
a. AXILAR 
Vantagens: Método não invasivo; ideal para 
recém-nascidos; mais segura para crianças; mais fácil 
desinfecção; mais difundida em nosso meio; 
 Limitações: Medida menos acurada; demora 
mais tempo para ser feita a leitura; às vezes é difícil 
manter as crianças quietas por muito tempo; é difícil 
adaptar bem o termômetro na cavidade axilar; sofre 
variações de medida, na mesma axila, com maior 
frequência; sofre influência das secreções axilares 
fornecendo leituras menores que os reais; sofre mais 
influência da temperatura do meio ambiente e 
umidade relativa do ar, estando sujeita a flutuações 
muito mais intensas; 
Valores médios = 35,5º C a 37,2ºC; 
 Local de colocação = na cavidade axilar; 
Cuidados = retirar a roupa da axila, deixá-la 
seca e bem fechada com o bulbo do termômetro em 
contato com a pele; 
Observações = manter o paciente em posição 
confortável; orientar e supervisionar o paciente; a 
precisão da temperatura depende do bom 
posicionamento do bulbo na cavidade axilar. 
 
b. BUCAL 
Vantagens: Fácil acesso; mais fidedigna porque 
possui rico suprimento sanguíneo; está próxima aos 
grandes vasos e a corrente sanguínea reflete a 
temperatura das áreas centrais do corpo; 
 
Limitações: Desinfecção mais difícil; pode ser 
afetada por inúmeros variáveis: fumos, ingestão de 
líquidos quentes ou frios, goma de mascar, embora em 
pacientes afebris o fumo e a goma de mascar não 
determinem diferenças significativas. 
Não deve ser usada se o cliente está 
recebendo oxigenoterapia contínua, nesses 
casos há um resfriamento do organismo, 
com queda, inclusive da temperatura retal, 
mas há pesquisas que demonstram não 
haver diferenças dos registros das 
temperaturas orais sem administração de 
02(2); não deve ser usada quando traz risco 
ao paciente, quando este tem alguma 
impossibilidade ou quando corre o risco de 
danificar o termômetro. 
Ex.: crianças pequenas; doentes 
mentais; pacientes confusos ou 
inconscientes; com pós-operatório de 
cirurgia oral, com trauma de face ou boca, 
com dor de cavidade oral; clientes com 
história de convulsão ou que respiram 
somente com a boca aberta; a temperatura 
é menor se o paciente falar ou respirar pela 
boca; na nossa cultura não é o mais aceitável 
nem é considerado confortável; após 
alimentação ou fumo deve-se aguardar 
aproximadamente 20' para verificação. 
 
Valores médios = 36º C a 38°C 
 
Local de colocação = sublingual 
posterior. Na localização anterior a 
temperatura é mais baixa. 
Cuidados = paciente sentado, 
acordado e consciente; retirar o termômetro 
envolto em lenço de papel evitando contato 
com secreções bucais. 
Observações = manter paciente em 
posição confortável; orientar e supervisionar 
o paciente; não conversar com o paciente 
durante a verificação. 
 
 
 
 
 
 
16 
FEBRE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO 
SAMANTHA LEÃO F. LIMA 
REFERÊNCIAS 
 
 ARAÚJO, T.L. de; FARO, ACM. e LAGAÑA, 
M.T.C. Temperatura corporal: planejamento da assistência 
de enfermagem na verificação da temperatura; no 
atendimento da febre e da hipertermia maligna. Dez, 2008; 
 
 HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. 
Guyton & 
Hall tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2017; 
 KATSUNG, B. Farmacologia Básica e 
Clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Mcgraw-hill interamericana, 
2010; 
 
 Semiologia Médica – Porto – Oitava Edição; 
 
 Febre – Antitérmicos mais indicados e 
posologia recomendada – Calil Kairalla Farhat