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Gabriela Zogbi – Medicina Veterinária | Histologia | 2021.2 Tecido Nervoso Introdução: Formação do neuroepitélio – as células presentes no tubo neural formam o neuroepitélio (é daqui que surgem os neurônios que compõem o sistema nervoso – O sistema nervoso é dividido anatomicamente em: 1. Sistema nervoso central (SNC): encéfalo e medula espinhal 2. Sistema nervoso periférico (SNP): gânglios e nervos O tecido nervoso apresenta dois componentes principais: os neurônios e as células da glia ou neuroglia Tanto o encéfalo quanto a medula espinhal possuem a substância cinzenta e substância branca. ⇨ Substância cinzenta: é formada principalmente por corpos celulares dos neurônios e células da glia, contendo também prolongamentos de neurônios ⇨ Substância branca: não possui corpos celulares de neurônios, sendo constituída por prolongamentos de neurônios e células da glia. Além disso, possui uma grande quantidade de mielina – a qual envolve determinados prolongamentos dos neurônios (axônios) - . Funções do tecido nervoso: • Detectar, transmitir, analisar e utilizar as informações geradas pelos estímulos sensoriais representados por calor, luz, energia mecânica e modificações químicas do ambiente externo e interno; • Organizar e coordenar direta ou indiretamente, o funcionamento de quase todas as funções do organismo, dentre elas: motoras, viscerais, endócrinas e psíquicas; Aspectos embrionários: Defeitos na formação do tubo neural - como o não fechamento do tubo neural pode formar defeitos como a espinha bífida - . Ausência de pele e formação cística e não ocorre o fechamento total das estruturas vertebrais Pode ocorrer em animais como carnívoros e ruminantes Origens das células nervosas: - Tubo neural: Dilatações nervosas subdividas em prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo que posteriormente nos animais adultos irão sofrer subdivisões Fonte: Anatomia papel e caneta Componentes celulares básicos: ⇨ Neurônios: responsáveis pelas funções de percepção, integração e motoras ⇨ Neuróglias: formam o tecido nervoso juntamente com os neurônios responsáveis pela sustentação e proteção dos neurônios, produção da bainha de mielina ⇨ Astrócitos protoplsmáticos e fibrosos, microglia e oligodendrócitos, células de schwann e células ependimárias Neurônios: ⇨ São responsáveis pela recepção, transmissão e processamento de estímulos. Além disso, influenciam diversas atividades do organismo e liberam neurotransmissores e outras moléculas informacionais. São formados pelo corpo celular (ou pericário), o qual contém o núcleo do qual partem prolongamentos. Os neurônios possuem três componentes: 1) Dendritos – prolongamentos numerosos especializados na função de receber estímulos do meio ambiente, de células epiteliais sensoriais ou de outros neurônios; 2) Corpo celular ou pericário – centro trófico da célula e também é capaz de receber estímulos 3) Axônios: prolongamento único, especializado na condução de impulsos que transmitem informações do neurônio para outras células (nervosas, musculares e glandulares). São revestidos por bainha de mielina. Classificação morfológica dos neurônios: A maioria dos neurônios é multipolar. Neurônios bipolares são encontrados nos gânglios coclear e vestibular, na retina e na mucosa olfatória. Neurônios pseudounipolares são encontrados nos gânglios espinhais. Os neurônios pseudounipolares e bipolares são sensoriais, e os multipolares são de características integrativos e motores. Neurônios motores: controlam órgãos efetores, como glândulas exócrinas e endócrinas e fibras musculares. Neurônios sensoriais: recebem estímulos sensoriais do meio ambiente e do próprio organismo. Corpo celular ou pericário: ⇨ É a parte do neurônio que possui o núcleo e o citoplasma envolvente do núcleo; ⇨ Tem função receptora e integradora de estímulos, recebendo estímulos excitatórios ou inibitórios gerados em outras células nervosas. ⇨ O corpo celular é rico em retículo endoplasmático granuloso e a quantidade do mesmo varia com o tipo e o estado funcional dos neurônios, sendo mais abundante nos neurônios motores. Dendritos: ⇨ Aumentam a superfície celular, tornando possível receber e integrar impulsos trazidos por numerosos terminais axônicos de outros neurônios. Axônios: ⇨ Cada neurônio possui apenas um único axônio ⇨ Alguns axônios são curtos, mas na maioria dos casos, o axônio é mais longo do que os dendritos; ⇨ Geralmente o axônio se origina de uma estrutura chamada de cone de implantação; Comunicação sináptica: ⇨ A sinapse é responsável pela transmissão unidirecional dos impulsos nervosos, além disso, são locais de contato entre os neurônios ou entre neurônios e outras células efetoras (como as células musculares e glandulares). A sinapse possui a função de transformar um sinal elétrico (impulso nervoso) do neurônio pré- sináptico em um sinal químico que atua na célula pós-sináptica. A maioria das sinapses transmite informações através da liberação de neurotransmissores. Neurotransmissores: substâncias que quando combinadas com proteínas receptoras, abrem ou fecham canais iônicos ou desencadeiam uma cascata molecular na célula pós-sináptica que produz segundos mensageiros intracelulares. Neuromoduladores: mensageiros químicos que não agem diretamente sobre as sinapses, mas modificam a sensibilidade neuronal aos estímulos sinápticos excitatórios ou inibitórios. ⇨ Sinapse de um axônio com o corpo celular = axossomática ⇨ Sinapse de um axônio com dendrito = axodendrítica ⇨ Sinapse entre dois axônios = axoaxônica Atividade efetora – o órgão alvo vai gerar uma produção de uma secreção, ou contração ou nova excitação para dar continuidade aos estímulos neurais Oligodendrócitos e células de Schwann: ⇨ Os oligodendrócitos produzem as bainhas de mielina que servem como isolantes elétricos para os neurônios do sistema nervoso central. Eles possuem prolongamentos que se enrolam em volta dos axônios, produzindo a bainha de mielina. ⇨ Já as células de Schwann, possuem a mesma função dos oligodendrócitos, porém estão localizadas em volta dos axônios do sistema nervoso periférico. Cada célula de Schwann forma mielina em torno de um segmento de um único axônio. Astrócitos: ⇨ Os astrócitos que possuem prolongamentos menos numerosos e mais longos são chamados de astrócitos fibrosos e se localizam na substância branca; já os astrócitos protoplasmáticos, são encontrados principalmente na substância cinzenta, e apresentam maior número de prolongamentos que são curtos e muito ramificados. Além da função de sustentação, os astrócitos também participam do controle da composição iônica e molecular do ambiente extracelular dos neurônios. Também participam da regulação de diversas atividades dos neurônios. Os astrócitos comunicam-se uns com os outros através das junções comunicantes, formando uma rede por onde informações podem transitar de um local para o outro, alcançando grandes distância dentro do sistema nervoso central. Células ependimárias: ⇨ São células epiteliais colunares que revestem os ventrículos do cérebro e o canal central da medula espinhal. Micróglia: São células pequenas e alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares. Participam da inflamação e da reparação do sistema nervoso central; São fagocitárias e derivam de precursores trazidos da medula óssea pelo sangue, representando o sistema mononuclear. Sistema Nervoso Central: O sistema nervoso central, assim como a medula espinha, possuem regiões brancas (com a substância branca) e regiões acinzentadas (substância cinzenta). Essa diferença de coloração se da por conta da distribuição da mielina. ⇨ A substância branca é formada por axônios mielinizados,oligodendrócitos e outras células da glia. Não possuem corpos de neurônios. ⇨ Já a substância cinzenta, é formada por corpos de neurônios, dendritos e a porção inicial não mielinizada dos axônios e células da glia. Na substancia cinzenta ocorrem as sinapses do sistema nervoso central. ⇨ A substancia cinzenta encontra-se na superfície do cérebro e cerebrlo, formando o córtex cerebral e o córtex cerebelar, já a substancia branca, é encontrada nas partes mais centrais. O córtex cerebelar possui três camadas: ⇨ camada molecular (mais externa) ⇨ camada central com células de Purkinje ⇨ camada granulosa (mais interna) Lembrando que: na medula espinha, a substância branca é mais externa e a substância cinzenta é encontrada mais internamente, formando o H medular. Meninges: As meninges são formadas por três camadas: 1) Dura-máter (mais externa) 2) Aracnoide 3) Pia-máter (mais interna) ⇨ A dura-máter é a meninge mais externa e é constituída por tecido conjuntivo denso. A dura-máter que envolve a medula espinhal é separada do periósteo das vértebras, formando o espaço peridural. Já a parte da dura-máter que está em contado com a aracnoide possui o espaço subdural. ⇨ A aracnoide apresenta duas partes: uma em contato com a dura-máter, e a outra constituída por traves que ligam a aracnoide com a pia- mmáter, formando o espaço subaracnóideo, o qual contém o LCR (líquido cefalorraquidiano). Além disso, a aracnoide é formada por tecido conjuntivo sem vasos sanguíneos. ⇨ A pia-máter é a meninge mais interna e é altamente vascularizada e aderente ao tecido nervoso, apesar de não ficar em contato direto com células ou fibras nervosas. Os vasos sanguíneos penetram o tecido nervoso por meio de túneis revestidos por pia- máter – os espaços perivasculares -. Plexos coroides e líquido cefalorraquidiano: ⇨ Os plexos coroides são formados pelo tecido conjuntivo frouxo da pia-máter, e revestidos pelo epitélio simples, cúbico ou colunar baixo. A principal função dos plexos coroides é secretar LCR. Sistema nervoso periférico: Os componentes do SNP são: nervos, gânglios e terminações nervosas. Fibras nervosas: ⇨ São constituídas por um axônio e suas bainhas envoltórias. Nas fibras periféricas a célula envoltória é a célula de Schwann, já no SNC as células envoltórias são os oligodendrócitos. Nervos: ⇨ No SNP, as fibras nervosas agrupam-se em feixes, originando os nervos. O tecido de sustentação dos nervos é constituído por uma camada fibrosa mais externa de tecido conjuntivo denso, chamado de epineuro, o qual reveste o nervo e preenche os espaços entre os feixes de fibras nervosas. Cada um desses feixes é revestido por uma bainha chamada de perineuro. Dentro da bainha perineural encontram-se axônios envolvidos pela bainha de célula de Schwann, com sua lâmina basal e um envoltório conjuntivo formado principalmente por fibras reticulares, o endoneuro. Fibras aferentes – levam para os centros as informações obtidas no interior do corpo e no meio ambiente Fibras eferentes – levam impulsos dos centros nervosos para os órgãos efetores comandados por esses centros. Os nervos que contêm apenas fibras de sensibilidade (aferentes) são chamados de nervos sensoriais. Os nervos que são formados apenas por fibras que levam a mensagem dos centros para os efetores são os nervos motores. A maioria dos nervos possuem fibras dos dois tipos, logo são nervos mistos. Gânglios: ⇨ Os gânglios são acúmulos de neurônios localizados fora do sistema nervoso central e são chamados de gânglios nervosos. De acordo com a direção do impulso nervoso os gânglios podem ser: sensoriais (aferentes) ou gânglios do sistema nervoso autônomo (eferentes). 1. Gânglios sensoriais: ⇨ Existem dois tipos de gânglios sensoriais: os associados aos nervos cranianos (gânglios cranianos) e os outros que se localizam nas raízes dorsais dos nervos espinhais (gânglios espinhais) Os gânglios espinhais são aglomerados de grandes corpos neuronais, com muitos corpos de Nissl e circundados por células da glia denominadas de células satélites. . 2. Gânglios do sistema nervoso autônomo: ⇨ Aparecem geralmente como formações bulbosas aos longos dos nervos do sistema nervoso autônomo, localizando-se no interior de alguns órgãos, como na parede do tubo digestivo – formando os gânglios intramurais -. Nos gânglios do sistema nervoso autônomo os neurônios geralmente são multipolares e nos cortes histológicos mostram um aspecto estrelado. Neurotransmissores: 1. Pequenas moléculas: acetilcolina, aminoácidos (glutamato, aspartado e glicina e aminas biogênicas (serotonina, dopamina, noraepinefrina e epinefrina) 2. Neuropeptideos: endorfina, somatostatina, hormônio antidiurético e ocitonina 3. Gases: NO e CO Referências Bibliográficas: - Anotações feitas em sala; - Livro: Histologia Básica – Junqueira e Carneiro - 12º edição