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CASO CLÍNICO 1 – ARTROSE NO PESCOÇO • Paciente de 56 anos, menopausadas, vem com dores articulares generalizada, usa AINES rotineiramente. Acordou um dia com fortes dores no pescoço em região cervical que a impedia de movimentar-se. Procurou a emergência, onde o médico examinou e encontrou sinais vistais normais, dor no pescoço com piora aos movimentos, dor de cabeça do tipo tensional, dificuldade em virar o pescoço para os lados ou girar a cabeça para cima ou para baixo, sensação de ter “areia” dentro da coluna quando movimenta o pescoço, dificuldade de abrir a boca pois doía o pescoço. Tinha a sensação de dormência ou de formigamento no próprio pescoço, nos ombros ou nos braços. A dor e o formigamento na região do pescoço também podem ser sinais de hérnia cervical. • QUAL A HIPÓTESE DIAGNÓSTICA? o Artrose, artrite, torcicolo, Chikungunya, tétano, doença poliarticular • O diagnóstico de artrose é feito através da observação dos sintomas da doença e confirmado por exames complementares como raio-x da coluna ou RNM que podem ser solicitados pelo ortopedista ou reumatologista. • Deve-se observar amigdalas, tendo em vista que pode ter abcesso dentário, além de outros patologias da região buco maxilar. CASO CLÍNICO 2 - TÉTANO • Paciente do sexo masculino, 58 anos, natural de Morro do Chapéu (BA), residindo no momento em Salvador (BA), divorciado, desempregado, católico, deu entrada no pronto atendimento do Hospital Couto Maia, trazido pelo filho com queixa de “contração no corpo há 2 dias”. • Acompanhante relata que há 10 dias o paciente estava participando de uma festa popular, quando foi atingido por faíscas de fogos de artifício em MID. Após 3 dias deste episódio, apresentou febre (não aferida), irritabilidade e prostração, evoluindo com melhora da febre e que há dois dias vem apresentam disfagia, espasmos musculares temporários bastante dolorosos, associado a rigidez muscular e alterações de marcha. Nega convulsão, cefaleia, lipotima e síncope • Interrogatório sistemático o Geral → astenia, inapetência e sudorese aumentada nestes últimos 7 dias o Pele e anexos → ferimento sujo em MID, apresentando edema e hiperemia local o Cabeça e pescoço → dor a palpação o Sistema respiratório, digestório, cardiovascular e neurológico → nada digno de nota o Antecedentes psicossocial → baixo nível socioeconômico • Exame físico o Antropometria → Peso 63kg, Altura 1,74m, IMC: 20,8 o SSVV → PA=140x95 mmHg, P: 107bpm; FR: 36ipm; T: 37,1ºC • Impressão geral o Paciente do sexo masculino, com idade aparente compatível com a referida, deprimido, orientado, com fáceis de dor e choroso, dispneico, em ruim estado geral, estado nutricional normal, com sinais aparentes de doença aguda • Exame geral o Pele apresentando lesão incisa, profunda, em região distal do MIG de aproximadamente 4cm, com crosta em bordas, edema e hiperemia local em região adjacente o Linfonodos submandibulares palpáveis, 2mm de diâmetro, elásticos e fusiformes o Mucosas normocrômicas o Tecido subcutâneo bem distribuído o Fâneros sem alterações o Cabeça e pescoço → presença de riso sardônico, sialorreia o Crânio normocefálico simétrico o Olhos → íris e pupilas isocóricas simétricas; reflexo pupilar direto e consensual fotorreagentes, escleróticas anictéricas o Pescoço com rigidez aumentada do músculo esternocleidomastóideo, sem estase de jugular o Ausculta pulmonar normal o Face → controlar os movimentos faciais, realiza os movimentos involuntariamente o Nervo glossofaríngeo apresentando descontrole da deglutição o Sinais meníngeos negativos o Babinski negativo • Impressão diagnóstica? o HISTERIA (Neurose histérica) ▪ Psiconeurose caracterizada por alterações transitórias da consciência, como períodos de amnésia ou perda de memória, e por várias manifestações sensitivas ou motoras, também passageiras, como tiques, perda da sensibilidade cutânea, paralisia dos membros, cegueira ou convulsões, rigidez de nuca, trismo em um momento que desaparece, pode também ter rigidez nos membros e sialorreia. ▪ Pode mimetizar quadro de tétano CASO CLÍNICO 3 - ABSCESSO • Jovem de 18 anos, portador de diabetes mellitus, tipo I (insulino-dependente), com histórico de crise herpética aguda em lábio inferior há 2 meses, compareceu para atendimento com muitas dores em face do lado esquerdo e febril. Apresentava fraqueza por dificuldade de alimentar-se, trismo, aumento de volume facial acentuado, sialorreia, irritabilidade, dores no corpo e gosto ruim. Ao exame intra- oral, foi observada drenagem de pus por via sulcular (dentes 37 e 38) e acúmulo de placa por dificuldade de higienização. Com o auxílio dos exames por imagem, o diagnóstico de celulite facial com envolvimento dos espaços bucal e submandibular esquerdo foi instituído, sendo o paciente submetido à extração dos elementos dentais envolvidos e drenagem da coleção purulenta. TÉTANO • Doença infecciosa aguda, não contagiosa, causada pela ação de exotoxina de Clostridium tetani, que provoca um estado de hiperexcitabilidade no sistema nervoso central • Síndrome neurológica caracterizada fundamentalmente por rigidez e espasmos musculares ocasionada pela neurotoxina do Clostridium tetani • Difere da rigidez da artrose que não apresenta sinais típicos do tétano • Principais espécies de Clostridium o Clostridium botulinum (contrário do tetani) o Clostridium tetani o Clostridium perfringens o Clostridium difficile (em pacientes imunossuprimidos com uso prolongado de antibióticos, provocando colite pseudomembranosa que muitas vezes pode ser fatal) • Habitat natural → solo ou trato intestinal de animais e seres humanos, onde vivem como saprófitas MORFOLOGIA E IDENTIFICAÇÃO • Em geral, os esporos são maiores que o diâmetro dos bastonetes • O esporo pode ser de localização central, subterminal ou terminal • A maioria possui flagelos que provoca o deslocamento da bactéria até o sistema nervoso central, por meio dos axônios dos neurônios. Quanto mais flagelos, mais rápido sobem. • Só crescem em condições anaeróbias, estabelecidas por um dos seguintes meios: o Tubos de cultura ou placas de ágar num recipiente fechado, com remoção do ar, e substituição por nitrogênio com CO2 a 10% • Formas de colônias: o C. perfringens → colônias grandes, elevadas, com margens definidas e produção de múltiplas zonas de hemólise ao redor o C. tetani → colônias menores que se estendem numa rede de filamentos finos • Características de crescimento: o Incapacidade de utilizar oxigênio como aceptor final do hidrogênio o Incapazes de degradar H2O2, devido à ausência de catalase e peroxidase o Capazes de fermentar uma variedade de açúcares e muitos podem digerir proteínas CLOSTRIDIUM TETANI • Responsável pelo tétano • Bacilo Gram positivo, anaeróbia, esporulado • Distribuição mundial • Encontrado no solo e nas fezes de cavalos e outros animais • Produz o mesmo tipo antigênico de neurotoxina, a tetanespasmina e a tetanolisina • Focos → solo cultivado (até 65%), fezes de animais, poeira doméstica, centros cirúrgicos, heroína, pele e TGI • Reservatório → intestino de cavalos, animais, inclusive o homem, fezes, solo, vegetais, ferrugem de pregos • Modo de transmissão → soluções de continuidade da pele, principalmente se há tecido desvitalizado, corpos estranhos EPIDEMIOLOGIA • Acomete principalmente região nordeste, principalmente na zona urbana. • Faixa etária entre 35 e 70 anos, em indivíduos que trabalham • Sintomas mais comum → trismo, crise de contraturas, rigidez de membros, rigidez de nuca, rigidez abdominal, opistótono, riso sardônico TOXINA • Encontra-se sob controle de plasmídio • Polipeptídeo clivado por enzimas proteolíticas em dois fragmentos de toxicidade aumentada • Atua aumentando a liberação de acetilcolina, e o aumento da colinesteraseinterferindo na transmissão neuromuscular • Inibição dos neurônios medulares pós-sinápticos (bloqueando a liberação de um mediador inibidor) causando hiperreflexia e espasmos musculares. ETIOPATOGENIA • A infecção por tétano começa quando os esporos da bactéria transmissora entram no corpo por meio de uma ferida ou ferimento, ocorrendo a liberação destas que se espalham na corrente sanguínea e produzem uma neurotoxina, chamada TETANOSPASMINA, que é responsável por bloquear sinais neurológicos da coluna vertebral para os músculos, provocando ESPASMOS MUSCULARES INTENSOS, que podem ser tão fortes a ponto de romper os músculos ou causar fraturas da coluna. o Tetanospasmina → penetra no SNC através dos nervos periféricos ou sangue bloqueia a liberação de neurotransmissores para sinapses inibitórias (GABA e glicina) e INIBE O RELAXAMENTO MUSCULAR. Sendo responsável por ESPAMOS MUSCULARES. Sendo a morte um resultado de espasmos dos músculos respiratórios o Tetanolisina → sorologicamente relacionada a outras hemolisinas de clostrídios e à estreptolisina. Tem a capacidade causar dano local aos tecidos sadios. CAUSAS DIVERSAS • Lesões traumáticas perfurocortantes, feridas cirúrgicas, locais de injeção subcutânea, queimadura, úlcera da pele, cordão umbilical infectado, otite média com perfuração da membrana timpânica, complicações de feridas crônicas, complicações do uso de drogas injetáveis. • Ferida tetanigênica → profunda, puntiforme, hiperemiada ao local, bordos irregulares, com presença de corpo estranho e necrose PREVENÇÃO • Imunização ativa com toxóides (vacina) • Cuidados apropriados das feridas contaminadas com solo (desbridamento cirúrgico) • Uso profilático de antitoxinas (neutraliza a toxina antes de se fixar no tecido nervoso) o Soro ou imunoglobulina CASO CLÍNICO • JFR, 16 anos, masculino, procurou a emergência com queixa de dificuldade de abrir a boca há cerca de 36h. • Que hipóteses diagnósticas podem ser aventadas com essa queixa? o Tétano o Traumatismo de face o Comprometimento da articulação temporomandibular o Abscesso periamigdaliano • O que mais deverá ser investigado na história do paciente? o Outros sinais e sintomas o Traumatismo local o Outros traumatismos (porta de entrada) o Sinais inflamatórios faciais o História vacinal (MUITO IMPORTANTE) o Paciente apresenta febre baixa (38ºC), hipertonia, crise contratural e informa que há 8 dias “estrepou” o pé esquerdo com farpa de madeira. Não sabe informar sobre o calendário vacinal • Ao exame apresenta hipertonia dos masseteres, que impede a abertura completa da boca. Apresenta hipertonia dos retos abdominais e sinais inflamatórios com ponto purulento no pé esquerdo PROGNÓSTICO • Período de incubação → quanto mais curto, mais grave o Média de 10 dias, porém pode ser de 1 a 30 dias • Período de progressão → tempo de apresentação dos sintomas o Menor que 48h → pior prognóstico • Extremos de idade • Doenças concomitantes • Disautonomia → é um transtorno provocado por alterações do sistema nervoso autônomo, quando um desequilíbrio do sistema simpático/parassimpático afetando as funções involuntárias que ajuda a coordenar. O tempo todo muda-se a conduta. QUADRO CLÍNICO • Tétano localizado → restrito ao membro acometido • Tétano cefálico o Nervos cranianos (VII par) o Espasmo laríngeo • Tétano neonatal (mal dos 7 dias) o Febre, dificuldade de sucção, sialorreia, cianose, choro excessivo, rigidez de nuca e demais sintomas do adulto. GRAVE • Período de incubação inferior a 7 dias • Período de progressão inferior a 48h • Hipertonia muscular • Comprometimento da mecânica respiratória • Disfagia, convulsões intensas e frequentes • Acúmulo de secreções em vias respiratórias • Crises de apneia, sudorese • Resposta adequada à terapia miorrelaxante e sedativa • Mortalidade em torno de 10% GRAVÍSSIMO • Período de incubação curto • Período de progressão pode estar ausente → o primeiro sinal clínico pode ser convulsão • Mesmo quadro do tétano grave, acrescido de: o Rigidez muscular acentuada o Dificuldade respiratória o Diminuição contínua da capacidade vital o Sinais de insuficiência respiratória o Convulsões tônicas intensas mantidas ou subentrantes o Episódios de espasmo de laringe e apneia • Frequente hipertermia, retenção urinária e hemorragia digestiva devido a úlcera de estresse • Hiperexcitabilidade simpática o Taquicardia o Hipertensão ou hipotensão arterial sistêmica alternadas o Diaforese o Insuficiência cardiopulmonar o Paralisias de músculos lisos • Não responde a medicação (sedativos e miorrelaxantes) • Torna-se necessário: o Curarização o Traqueostomia o Ventilação artificial prolongada OUTRAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Febre baixa • Lucidez • Sudorese • Retenção urinária • Instabilidade na pressão arterial • Arritmia cardíaca COMPLICAÇÕES • Pneumonias (principalmente por aspiração) • Infecção urinária, septicemia • Flebites, trombose, embolia pulmonar • Atelectasia pulmonar • Asfixia, constipação, retenção urinária • Fraturas de vértebras, principalmente dorsais (cisalhamento), fraturas de costelas (deformidade torácica), dentes e mandíbulas • Hemorragia digestiva e traquela • Exaustão pela contratura mantida • Morte DIAGNÓSTICO • Clínico-epidemiológico • Clínico → hipertonia muscular + trismo + crise espática • Laboratorial o Inespecífico ▪ Hemograma normal ▪ Aminotransferases e ureia podem estar elevadas somente em formas graves ▪ Gasometria arterial e eletrólitos normais ▪ Radiografias de tórax e coluna vertebral sem alterações ▪ Hemoculturas, culturas de secreção, urinocultura normais • VER história vacinal • Pesquisa de bacilo na ferida com sensibilidade inferior a 30% • Incapacidade de distinção entre infecção e colonização • Pesquisa em sangue e LCR negativas TRATAMENTO • Objetivos: o Remover a fonte de toxina o Neutralizar a toxina existente ainda não combinada nos líquidos orgânicos ou na ferida o Controlar os sintomas o Instruir medidas para manutenção das funções vitais o Evitar complicações o Promover a reabilitação o Prevenir recidivas TRATAMENTO ESPECÍFICO (NA EMERGÊNCIA) • Controle da hipertonia muscular → Benzodiazepínico (Diazepam, lorazepam, midazolam) o Prometazina em casos muito graves o Fentanil e propofol → para colocar no traqueostomo → paciente intubado • Neutralização da toxina o Soro antitetânico (neutraliza toxinas que ficaram circulando no organismo) o Imunoglobulina antitetânica (tem o mesmo efeito, mas dá uma proteção de 3 semanas) → MAIS SEGURA • Eliminação da produção da toxina o Antibioticoterapia que pegue anaeróbio → metronidazol, penicilina cristalina, clindamicina, cloranfenicol (paciente com alergia a penicilina), outros o ATENÇÃO: tetraciclina e quinolonas (ciprofloxacina) não faz em criança, nem adolescente, nem em grávida, pois dá atrofia óssea • Desbridamento (limpeza) do foco → conseguindo ter melhora até da crise contratural • Vacinação → geralmente dupla ou tripla (tétano, difteria e coqueluche → dTpa). FAZ O REFORÇO. o Crianças → dTpa aos 2,4,6 e 15 meses, além de 4 a 6 anos, podendo ser até 10 anos ▪ O RECÉM NASCIDO fica exposto até os 2 meses o Adultos → dT o Gestantes ▪ dTpa é recomendada para todas as gestantes, pois além de protege-la, evita que seja transmitida Bordetella pertussis ao RN, permitindo a transferência de anticorpos ao feto, protegendo-o nos primeiros meses de vida, até que seja imunizado. ▪ Mulheres não vacinadas na gestação devem ser vacinadas no puerpério o Acidentes • Para disautonomia neurovegetativa → Clonidina • Hibernação artificial o Clorpromazina (pode dar síndrome antipiramidal), prometazina, meperidina • Curarização o Brometo de pancurônio (Pavulon → curare de ação rápida)o Pode ser mantida até 10 dias quando se inicia a retirada (em 5 dias), mantendo a respiração assistida por 2 ou 3 dias após retirada total • Traqueostomia → aspiração • Hiperatividade simpática o Propranolol (dá falsa hipoglicemia) ou labetalol → são betabloqueados → diminui a frequência cardíaca • Analgesia → morfina, sulfato de magnésio, bloqueio epidural (em caso de muita dor) • Cuidados gerais → higiene, diurese, função intestinal (manter fezes pastosas, dieta líquida ou pastosa hiperproteica e hipercalórica), fisioterapia TRATAMENTO DE SUPORTE • Hidratação • Suporte calórico • Profilaxia de hemorragia digestiva • Profilaxia de tromboembolia pulmonar HOSPITALIZAÇÃO • Unidade específica o Isolamento térmico, acústico e luminoso o Monitoração o Equipamento para ventilação assistida • Acesso venoso o Hidratação parenteral o Sedação (benzodiazepínicos, miorrelaxantes) • Buscar a porta de entrada → dentes, abscessos, ferimentos, útero (curetagem), etc. SUSCETIBILIDADE, IMUNIDADE E PROFILAXIA • A suscetibilidade é universal, independendo de sexo ou idade. A imunidade permanente é conferida pela vacina, desde que sejam observadas as condições ideais inerentes ao imunobiológico e ao indivíduo • Recomendam-se 3 doses e 1 reforço a cada 10 anos, ou a cada 5 anos, se gestante • A doença não confere imunidade. Os filhos de mães imunes apresentam imunidade passiva e transitória até 4 meses • A imunidade conferida pelo soro antitetânico (SAT) dura cerca de 2 semanas • A conferida pela imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) dura cerca de 3 semanas • A imunidade conferida pelo soro antitetânico (SAT) dura cerca de 2 semanas • Não há transmissão direta de um indivíduo para outro DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Intoxicação por neurolépticos → fenotiazínicos, tioxantênicos, dibenzodiazepínicos • Meningite • Poliomielite • Histeria • Distonia muscular • Intoxicação por estricnina • Hidrofobia/raiva • Intoxicação por metoclopramida ou neurolépticos • Trismo por outros processos inflamatórios regionais • Outras: osteoartrite cervical, perfuração de vísceras oca (sinal de Jobert), epilepsia • Tetania (hipocalcemia ou alcalose) • Meningoencefalite • Processos inflamatórios da região buco-amigdalo-faríngea ROTINA DO PACIENTE COM TÉTANO • Na história clínica identificar o foco da infecção. Lembre-se que em torno de 10 a 20% não possui foco identificável • Determinar os períodos de incubação e progressão • Verificar histórico vacinal • Diagnóstico é essencialmente clínico. Fazer diagnóstico diferencial • Solicitar exames de admissão e UTI • Acesso venoso CLOSTRIDIUM PERFRIGENS • Paciente E.J.O, sexo masculino, 26 anos, vítima de atropelamento e atendido na urgência do IJF, em uma época de greve dos médicos em 2000. O paciente apresentou grande ferimento na face anterior da coxa, perto do joelho, fratura exposta da tíbia e fíbula, e ainda fratura distal de fêmur. Foi solicitada sua transferência para a Unidade de trauma 72h depois do atropelamento. O paciente somente foi submetido a uma sutura do ferimento da coxa e colocado em uma maca. • Foi realizada cirurgia do fêmur e da tíbia, com o paciente em decúbito dorsal sob anestesia do tipo Raque. Acesso lateral distal ao fêmur com visualização do foco de fratura. Foi feita redução dos fragmentos e fixação com intrumental de Richards. A coagulação é rigorosa e o fechamento foi feito por planos. A cirurgia da tíbia é feita no mesmo tempo cirúrgico do fêmur. Redução da fratura sob intensificador de imagem, estabilizada com fixador externo • Evolução → 48h depois do ato cirúrgico, ao fazer curativo, o residente sentiu uma crepitação na pele da coxa do paciente acompanhada de um odor fétido. Encaminhou ao setor de radiologia, onde foi constatado o que já suspeitada → gangrena gasosa • O paciente sai da sala de radiologia para o centro cirúrgico especial para pacientes infectados, sendo reoperado, colocado em decúbito dorsal, com anestesia geral, e acesso lateral à toda coxa. Nos deparamos com grande quantidade de pus, um odor fétido. Procedeu-se a lavagem com soro fisiológico por mais de 30 minutos, e ao desbridamento de toda musculatura necrosada. Grande parte do músculo vasto lateral foi retirado. Ao abrir o ferimento anterior da coxa foi encontrado asfalto, terra, areia e até um pedaço de papel • Conclusão → a ferida foi limpa anteriormente e simplesmente suturada. Deixada tudo em aberto para curativos, na expectativa de fechamento por “segunda intenção” (pelo próprio organismo) • A gangrena gasosa instala por ocasião de um grande traumatismo com ou sem fratura, necrosando matéria orgânica viva o Tem suas complicações, quase sempre ao nível dos membros o Os MMII dos pacientes diabéticos são mais afetados o Tem odor fétido, em consequência da formação de gás e da putrefação de material orgânico o Algumas espécies de gangrena liberam toxinas malignas, levando o paciente a confusão mental, perturbação respiratória e emagrecimento rápido, palidez, pulso intermitente, coloração amarelada e febre alta de 39ºC. o O membro afetado aumenta de tamanho tomando uma forma cilíndrica, com uma crepitação da pele pela formação de gás o Algumas formas de gangrena são fulminantes e outras menos graves, diagnóstico deve ser feito rapidamente, assim como o tratamento, para que seja retirado todo o material necrótico (amputação) e seja iniciada a medicação com antibiótico específico CONCEITUAÇÃO • Clostridium perfingrens é a bactéria responsável pela gangrena gasosa • Encontrada em todo o meio ambiente • A gangrena gasosa ocorre quando feridas dos tecidos moles são contaminadas por C. perfringens, como ocorre em traumatismos, aborto séptico e ferimentos de guerra • Toxinas o A bacteremia associada ao C. perfringens pode ser rapidamente fatal ▪ Lectinase (toxina alfa do C. perfringens tipo A) ▪ Toxina teta exerce efeitos hemolíticos e necrotizantes ▪ Enterotoxina promove hipersecreção acentuada no jejuno e íleo, com perda de líquido e eletrólitos • Após a instalação do processo infeccioso, os microrganismos elaboram toxinas necrotizantes, CO2 e H2, acumulam-se nos tecidos e são detectados clinicamente como gás • Importância clínica o Cepas Tipo A Mionecrose (gangrena gasosa) ▪ Acomete apenas humanos e a doença se desenvolve devido à entrada de células vegetativas ou esporos nas cavidades do corpo via trauma ou feridas cirúrgicas ▪ Está associada com a produção de duas toxinas (alfa e theta), mas a tetatoxina ou fosfolipase C-PLC (potente toxina extracelular) tem papel fundamental no desenvolvimento da patologia. ▪ Quadro de infecção aguda, febre, edema local, formação de bolhas. ▪ Cólica, diarreia branda (autolimitante) e dores abdominais ▪ Caso não seja tratada pode acarretar toxemia sistêmica, hipotensão, choque, falência múltipla de órgãos e óbito ▪ Vai provocar intoxicação alimentar ▪ Sintomas são iniciados após 8 a 16h do consumo de alimentos contaminados, normalmente a base de produto animal ▪ A doença é autolimitante, persistindo até 12 a 24h depois do início dos sintomas ▪ Casos mais graves são observados em idosos e desidratados • Prevenção o Limpeza precoce e adequada das feridas contaminadas e o desbridamento cirúrgico o Administração de agentes antimicrobianos
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