Buscar

Clínica Médica- PCR


Prévia do material em texto

1 Isadora Silva 
Clínica Médica 
Parada 
Cardiorrespiratória 
A parada cardiorrespiratória (PCR) é o evento 
final antes da morte, sendo uma situação 
absolutamente emergencial na medicina. A 
rapidez e a eficácia são importantes para o 
prognóstico do paciente. 
A parada é o cessar da atividade mecânica 
(DC=0), parada dos batimentos, com 
diagnóstico clínico confirmado por falta de 
respostas a estímulos, ausência de pulso 
detectável e apnéia (ou respiração 
agônica/gasping- onde o tórax fica pulsante). 
Existem sinais que comprovam que a parada 
aconteceu: 
1- Inconsciência 
2- Ausência de respiração 
3- Ausência de pulso 
Dentre os fatores de risco temos: 
 Idade 
 Sexo masculino 
 Fatores genéticos 
 Tabagismo 
 PA elevada 
 DM descompensada 
 Dislipidemia 
 Sedentarismo 
 Obesidade 
 Uso de drogas 
Existem fatores que ajudam grandemente na 
sobrevida do paciente como: o local que 
acontece o incidente; dia de semana (aos finais 
de semana é pior); eventos no período diurno; 
idade menor de 65 anos; presença de função 
normal do VE; duração do evento... 
Mas surge a pergunta: O QUE FAZER 
PRIMEIRO? 
- Inicialmente vamos tentar conversar com o 
paciente, de modo a estimulá-lo e olhar para os 
movimentos de seu tórax. Depois vamos 
verificar o pulso! 
Existem 3 tipos de suporte a depender do local 
onde fazemos nosso atendimento: 
1- Pré-hospitalar: suporte básico a vida 
2- Hospitalar: suporte avançado de vida 
3- Cuidados pós- PCR 
 
SUPORTE BÁSICO A VIDA 
Esse tipo de suporte aborda a sequência 
primária de ações nos minutos iniciais de 
atendimento extra hospitalar, para manutenção 
ou recuperação da oxigenação e perfusão 
cerebral. 
A realização imediata de RCP (ressuscitação 
cardiopulmonar) em uma vítima PCR, ainda que 
seja feita por leigos, contribui sensivelmente 
para o aumento das taxas de sobrevivência. 
Os passos a serem feitos são: 
1- Vamos verificar a segurança do local e 
certificar de que ele é seguro para mim e 
para vítima. 
 
2 Isadora Silva 
2- Checar responsividade, chamando a 
vítima ao mesmo tempo que avalia a 
respiração, assim como o pulso (5 a 10 
segundos). 
3- Chamamos ajuda: nesse caso se tiver 
mais pessoas no local, vamos pedir que 
liguem e peçam o DEA, enquanto vamos 
iniciando os primeiros passos da RCP. 
4- Iniciar as compressões cardíacas: nesse 
caso como o ambiente é extra 
hospitalar, não temos que 
necessariamente realizar ventilações no 
paciente. Vamos checar pulso de 2 em 2 
min. 
5- Na chegada do DEA, vamos pedir 
alguém para colá-lo enquanto 
continuamos a RCP e vamos somente 
para no momento em que dor 
descarregar o choque. 
Nesse caso, podemos ir explicando para 
alguém como se faz a prática, já que é 
cansativo e a outra pessoa pode ajudar! 
E nesse caso, quando parar as compressões? 
- Retorno da circulação espontânea 
-Chegada de profissional capacitado 
-Exaustão 
 
 
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA (ACLS) 
Nesse caso estamos dentro da ala hospitalar e 
temos mais recursos dos quais podemos 
precisar. 
Nesse caso, o médico é o coordenador das 
situações e analisa a sequência sistematizada 
de ações. 
É aqui que dispomos de suporte para 
ventilação, portanto as 30 compressões são 
seguidas de 2 ventilações (com ambú), 
dispomos do desfibrilador, medicamentos e os 
tratamentos. 
1- Vamos identificar a parada código azul e 
avisar a equipe que estamos tendo 
parada, já pedindo para trazerem o 
carrinho com desfibrilador que possui 
em cada gaveta equipamentos que 
podemos precisar. 
2- Vamos começar as compressões e 
coordenar a equipe, uma pessoa já vai 
pegar o DEA, outra ficará por conta do 
Ambú, outra checará o tempo, outra fará 
o acesso venoso. 
3- Quando o desfibrilador chegar vamos 
colocá-lo e ver se o ritmo é chocável, se 
sim prosseguir com o choque, caso não, 
continuar as compressões e aguardar 2 
min e ver de novo se o ritmo está 
chocável. 
4- Pós tratado, o paciente deve ter um 
acompanhamento multiprofissional para 
que se tenha menos sequelas possíveis. 
Compressões e ventilações: 
A primeira manobra que deve ser feita é a de 
abertura das vias, para se ter um grande 
sucesso nas compressões e respirações. 
 
Devem ser feitas de 100-120 compressões por 
minuto (lembrar do ritmo da música de Star 
 
3 Isadora Silva 
Wars ou Staing Alive). A cada 2 min deve haver 
troca de profissional para realizar as 
compressões. 
Outro fator importante de se ressaltar é que a 
depressão do tórax deve ser de 
aproximadamente 5-6 cm, sendo que o tórax 
deve voltar por completo. 
Quando o paciente está sem via aérea 
avançada (intubado), vamos usar a técnica de 
30 compressões para 2 ventilações, enquanto 
que com via aérea avançada vamos fazer 1 
respiração a cada 6 segundos (10 resp/seg- 
lembrar regra do 1001,1002,1003...) e não parar 
as compressões. 
As compressões devem ser feitas 2 dedos 
acima do processo xifoide, enquanto que no RN 
é diferente: traçamos a linha mamilar e 
pressionamos com os dedões ou seguramos o 
bebê com uma mão e com a outra fazemos a 
compressão com os dedos indicador e médio. 
 
Uma pergunta feita é: Quando paramos com 
as compressões? 
-A resposta é muito complexa de ser 
respondida, porque é um critério médico, não 
existe classificação que se dê... o médico vai 
analisar e considerar se dali já deve para ou 
não. 
 
Desfibrilação: 
Deve ser feita com a finalidade de dar carga 
elétrica ao coração, de modo a parar seu 
funcionamento e resetá-lo. 
No hospital, vamos colocar as pás: 
 Lado direito: abaixo da clavícula e acima 
do mamilo na linha hemiclavicular. 
 Lado esquerdo: Linha hemiclavicular 
abaixo do mamilo ou linha axilar 
anterior. 
 
Temos aparelhos monofásicos que estão 
saindo de linha (360J), e os difásicos (200J), 
mais usados porque foi comprovado que com 
essa varga o coração consegue resetar. 
O desfibrilador deve atuar logo depois de 
verificar que o ritmo é chocável, de modo 
imediato, sem ter que esperar as compressões 
iniciadas anteriormente acabarem. 
 
RITMOS DE PARADA 
Temos 4 tipos de ritmo: 
 Chocáveis: Arritmias 
1- Fibrilação Ventricular 
2- Taquicardia Ventricular 
 Não chocáveis: não adianta dar choque porque 
não tem atividade elétrica 
3- Assistolia 
4- Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) 
 
4 Isadora Silva 
-Fibrilação Ventricular: é quando cada fibra do 
coração despolariza em um momento, criando 
um ritmo caótico. O paciente tem prognóstico 
intermediário. 
 
-Taquicardia Ventricular: é a doença de 
melhor prognóstico, acontecendo quando há 
doença cardíaca pré-existente. Temos 2 tipos 
de taquicardia: 
 Monomórfica: complexos QRS mais ou 
menos parecidos 
 Polimórfica: complexos QRS de 
amplitudes e diâmetros diferentes. 
Temos aqui o Torsades de Points que 
indica hipomagnesemia. 
 
-Assistolia: Quando o coração não tem 
atividade elétrica, sendo o pior prognóstico, 
onde vamos avaliar as causas da parada (5Hs e 
5Ts). 
 
-AESP: onde existe atividade elétrica 
organizada, mas essa carga é tão pouca que o 
coração não consegue despolarizar as fibras e 
não faz sístole. Aqui está sem pulso. Nesse 
caso também vamos avaliar as causas da 
parada (com os 5Hs e 5Ts). Seu prognóstico 
também é ruim. 
 
5Hs 5Ts 
Hipovolemia 
Tratamento: volume 
Tensão no tórax 
Tratamento: punção de 
alívio 
Hipóxia 
Tratamento: intubar 
Tamponamento cardíaco 
Tratamento: punção de 
Marfan 
Hidrogênio (acidose) 
Tratamento: BicNa 
Trombose coronária 
Hipo/Hipercalemia 
Tratamento: repor ou 
tirar K+ 
TEP 
Hipotermia 
Tratamento: aquecer 
Toxinas (medicações) 
Tratamento: 
-Opioides: naloxone 
-Benzodiaz: flumanezil 
 
MEDICAÇÕES 
Vamos usar dois tipos de medicações: 
1- Epinefrina: é usado para promover 
vasoconstrição sistêmica; melhora o 
fluxo cerebrale coronariano; deve ser 
injetado 1mg EV a cada 3-5 min; pode 
ser usada em ritmo não chocável e 
chocável. 
2- Amiodarona: é um antiarrítmico, e por 
isso é usado somente em casos de 
ritmos chocáveis; deve ser aplicado em 
soro glicosado; usado somente em duas 
doses (1ª- 300mg/ 2ª- 150mg, já que 
pode causar intoxicação acima de 
450mg). 
 
 
 
 
 
5 Isadora Silva 
Em casos chocáveis: 
 1º choque: só continuar compressão 
 2º choque: 1ª dose de epi 
 3º choque: dar amiodarona 
 4º choque: 2ª dose de epi 
 5º choque: dar amiodarona 
 Após isso se contiuar chocável dar epi 
 
Em casos não chocáveis: 
 Voltar as compressões e dar epi direto 
 Não chocável de novo- ver 5Hs e 5Ts 
 Verificou dnv: não chocável + uma epi 
 Ritmo-massagem-ritmo-adrenalina 
 
 
CAPNOGRAFIA DE ONDA 
Serve para avaliar a força e o ritmo das 
compressões. É uma ferramenta que permite 
ter uma imagem gráfica e uma medida objetiva 
do estado ventilatório do paciente. 
Capta os níveis de CO2 da respiração formando 
uma onda. Se durante a RCP 
PetCO2<10mmHg, avaliamos que as 
compressões são ineficientes. 
Se houver aumento abrupto de PetCO2, quer 
dizer que temos um retorno da circulação 
espontânea (RCE), referindo que o paciente 
voltou! 
 
 
 
 
CUIDADOS PÓS PARADA 
A RCE é definida como quando o paciente 
retornou para ritmo cardíaco normal, com 
presença de pulso e presença de PetCO2>40 
mmHg. 
Após isso avaliado vamos: 
1- Cessar as compressões torácicas 
2- Manter 1 ventilação a cada 6 seg 
3- Verificar responsividade 
4- Tem pulso? Tem pressão? Tem pulmão? 
Verificar pulso, aferir PA e auscultar o 
pulmão. 
-Se PA normal e pulmões limpos: seguir p/ IOT 
-Se PA baixa e pulmões limpos: fazer soro 
fisiológico (até 2000ml) 
-Se PA baixa e presença de crepitação 
pulmonar: vamos injetar NORADRENALINA 
 
Muito importante que o paciente passe por um 
cuidado multiprofissional após sua RCP para 
que ele tenha menos sequelas possíveis. 
Além disso, é imprescindível que a equipe que 
realizou a RCP tenha um feedback do 
atendimento, para que vejam os pontos de 
fragilidade e de ganhos e possam melhorar ou 
continuar na próxima vez de ocorrência. Esse 
fato tem ajudado a salvar muitas vidas, porque 
é um processo de melhoramento do trabalho 
em equipe. 
 
 
 
 
 
 
6 Isadora Silva