Buscar

Avaliação unidade 1 - Oriental

Prévia do material em texto

Universidade Estadual da Paraíba – Campus I 
Curso de História 
Componente Curricular: História Antiga 
Oriental Profª. Ofélia Maria de Barros 
Aluno/a: Weverton Santos Lima de Souza Turno: Noite 
 
 
AVALIAÇÃO DA PRIMEIRA 
UNIDADE (08-10-2020) 
 
1. No decorrer das discussões em sala de aula, acompanhamos um longo debate 
acerca dos mitos. Considerando ser este um conceito central para a compreensão dos 
conteúdos da Historia Antiga, discuta o conceito de mito e analise a sua função nas 
sociedades antigas. 
 
2. No texto: As religiões antigas do Egito e da Mesopotâmia, o autor discorre 
acerca do pensamento dominante dessas sociedades. E nestas, ele discute a sua relação 
no que diz respeito ao que denomina de “mundo divino”, “mundo humano”, “ mundo 
da natureza”. No pensamento em questão, discuta cada um desses mundos e a relação 
entre eles. Tomando como referencia a sociedade egípcia. 
 
3. Segundo uma das versões do mito egípcio a: “A humanidade veio a existir por 
um ato do demiurgo criador, aquele que se destacou primeiro do caos, o qual formou 
seu próprio corpo, reuniu os seus membros e então chorou sobre eles.” (p. 32). Com 
base no enunciado analise as concepções de cosmo, caos e ordem para os egípcios. 
 
4. Com base nos textos estudados discuta as noções de morte, vida pós-morte e 
a função dos ritos fúnebres para os mesopotâmicos. 
 
 
 
 
 
 
Obs: Responda apenas três das questões acima. 
Formule respostas de forma reflexiva e critica, com base nos textos estudados 
sem, no entanto, fazer cópia. 
 Data de devolução: 20-10-2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESPOSTAS: 
 
Questão 01: 
O mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada 
e interpretada através de perspectivas múltiplas e complementares. Entendido como 
narrativa explicativa, o mito é o relato de como algo surgiu (animal, planta, objeto, 
costume ou instituição social). De acordo com Mircea Eliade, "[...] o mito conta uma 
história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo 
fabuloso do ‘princípio’. [...] É sempre, portanto, a narrativa de uma ‘criação’: ele relata 
de que modo algo foi produzido e começou a ser. O mito fala apenas do que realmente 
ocorreu, do que se manifestou plenamente". 
 Além disso, possui algumas características como 1) constituir a História dos 
atos dos Entes Sobrenaturais; 2) que essa História é considerada absolutamente 
verdadeira (porque se refere a realidades) e sagrada (porque é a obra dos Entes 
Sobrenaturais); 3) que o mito se refere sempre a uma "criação", contando como algo 
veio à existência, ou como um padrão de comportamento, uma instituição uma maneira 
de trabalhar foram estabelecidos; essa a razão pela qual os mitos constituem Os 
paradigmas de todos os atos humanos significativos; 4) que, conhecendo o mito, 
conhece-se a "origem" das coisas, chegando-se, conseqüentemente, a dominá-las e 
manipulá-las à vontade; não se trata de um conhecimento "exterior", "abstrato", mas de 
um conhecimento que é "vivido" ritualmente, seja narrando cerimonialmente o mito, 
seja efetuando o ritual ao qual ele serve de justificação; 5) que de uma maneira ou de 
outra, "vive-se" o mito, no sentido de que se é impregnado pelo poder sagrado e 
exaltante dos eventos rememorados ou reatualizados. 
O mito tem funções determinadas nas sociedades antigas e primitivas. 
Inicialmente, ele serve para acomodar e tranquilizar o homem num mundo perigoso e 
assustador, dando-lhe segurança. O que acontece no mundo natural passa a depender, 
através de suas ações mágicas, dos atos humanos. Diante disso, Bronislav Malinovski, 
em “Mito e Realidade” de Mircea Eliade, tenta demonstrar a natureza e sua função nas 
sociedades primitivas "O mito, quando estudado ao vivo, não é uma explicação 
destinada a satisfazer uma curiosidade científica, mas uma narrativa que faz reviver uma 
realidade primeva, que satisfaz a profundas necessidades religiosas, aspirações morais, a 
pressões e a imperativos de ordem social, e mesmo a exigências práticas. Nas 
civilizações primitivas, o mito desempenha uma função indispensável: ele exprime, 
enaltece e codifica a crença; salvaguarda e impõe os princípios morais; garante a 
eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do homem. O mito, 
portanto, é um ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma fabulação vã, 
ele é ao contrário uma realidade viva, à qual se recorre incessantemente; não é 
absolutamente uma teoria abstrata ou uma fantasia artística, mas uma verdadeira 
codificação da religião primitiva e da sabedoria prática (...)."Essas histórias constituem 
para os nativos a expressão de uma realidade primeva, maior e mais relevante, pela qual 
são determinados a vida imediata, as atividades e os destinos da humanidade. O 
conhecimento dessa realidade revela ao homem o sentido dos atos rituais e morais, 
indicando-lhe o modo como deve executa-los". 
 
Questão 03: 
No Antigo Egito tudo girava ao redor de Maat, a Ordem do Mundo ou Ordem 
Cósmica. Essa ordem deveria ser mantida no império, através da figura do Faraó, dos 
habitantes e até mesmo pelos deuses. Caso Maat fosse perdida, o mundo e o cosmos 
colapsariam e tudo retornaria ao Oceano Primordial, o Nun. Dessa forma, tudo era 
organizado para que a ordem fosse preservada, tanto no plano divino, quanto no plano 
sutil e físico. 
Do caos (pricícpio de todo cosmo) iníciou a formação. Na origem, existia o Nun, 
o grande oceano, a Água Primordial. Atum, autogerado, habita dentro dele. Nessa força 
dual havia toda a existência e não existência, todas as possibilidades e impossibilidades. 
Em primeiro momento, Após tomar consciência, Rá se eleva como o Sol Primordial, o 
Fogo Elemental, aquele que dá a ignição, transforma, estando no centro de tudo. Este 
movimento é caracterizado pela Colina Sagrada ou obelisco (Benben). Após emergir 
acima do Nun, a luz é feita, iluminando a escuridão caótica com a Sabedoria e Ordem 
divina (Thoth e Maat). Já de posse de seu Saber e da Ordem, Rá emana Shu, o Ar 
Elemental e princípio masculino criativo. Este Ar entra em contato com a agua do Nun 
e o fogo de Rá, surgindo assim, a umidade que equilibra o ar seco de Shu, representada 
por Tefnut, princípio feminino gerativo. É formada a primeira tríade: Princípio 
transformador (Fogo), princípio masculino criativo (Ar), princípio feminino gerativo 
(Umidade). Em segundo momento, Shu e Tefnut se unem e surgem Geb e Nut. Geb, o 
Elemento Terra e Nut, o Cosmos. Inicialmente, terra e céu estavam unidos. Shu separa 
céu e terra, através da expansão da vontade divina de Rá, gerando o espaço ordenado e 
criando o espaço habitável. Em terceiro momento, Geb e Nut se unem, gerando os 
deuses que irão habitar o mundo recém-criado. São feitos o vale fértil do Nilo e as terras 
estrangeiras/deserto. Osíris e Isis, reflexos dos polos masculino e feminino primordiais, 
sendo Osíris o deus da agricultura e fertilidade, associado à Orion e Isis, deusa da 
magia, maternidade, manifestação gerativa na terra, associada à Sothis. Heru-Wer, o Sol 
que nós vemos, reflexo do Sol Primordial. Seth, como o deserto estéril violento e 
Senhor da Força e metais, Néftis como o vento quente que sopra do Saara e protetora 
dos mortos. Neste momento, a criação de fato termina. O cosmo e mundo como 
conhecemos está criado e ordenado. Em quarto momento, Rá, em seu aspecto de 
“Criador de Corpos” (Khnum-Rá ou O Grande Carneiro) molda com o barro do Nilo 
todos os seres vivos em seu Oleiro. Neste momento, o mundo físico ou humano está 
feito e organizado. Maat está totalmente manifestada, Thoth está gerindo tudo o que foi 
feito, e Rá com sua companhia de deuses estabelecidos. Em quinto momento, Após Rá 
chegar a seu aspecto ancião (Atum), ele se aproxima da Montanha Oeste e entra no 
Submundo com sua Barca Noturna (Mesektet), que é um território abaixo da terra. O 
Duat é uma regiãocom características próprias, na qual o deus sol entra, passa por 
diversas transformações e perigos, renascendo forte e jovem como Khepra na Montanha 
Leste. Um desses perigos é o enfrentamento de Apep, a Serpente Caótica, na sétima 
hora noturna ou sétima região (Livro AmTuat e Livro das Portas). O submundo é 
considerado um dos aspectos da terra ligados à Tatenen, a terra antiga e primordial que 
emerge do Nun na forma da Colina Sagrada. Há um aspecto de Geb que também é 
compartilhado com Tatenen, sendo Geb-Tatenen as terras profundas. O Duat é formado 
por diversas regiões. 
 Diante disso, do Caos com Num-Atum-Ra e o Oceano Primordial é sequenciado 
em vários momentos citados acima que foram fundamentais para a formação da ordem e 
consequentemente do cosmo. Sendo assim, do príncipio com o caos é gerada a ordem 
que é representada pelos egípicios pela Deusa Maat que é responsável pela manutenção 
da ordem cósmica e social, ordem esta que os egípicios irão dar a responsabilidade ao 
faraó no império. 
 
 
 
 
Questão 04: 
 Na Mesopotâmia, morrer era, para um indivíduo, "encontrar o seu destino" 
destino este, como já foi visto, fixado pelas divindades e eventual mente modificado por 
elas. Considerada assim, a transição de uma dimensão para outra. O morto pertence ao 
mundo subterrâneo e precisa ser entregue à sua nova dimensão que através da tumba é o 
primeiro passo em tal direção, espécie de etapa intermediária até que alcance o reino 
subterrâneo de Nergal e Ereshkigal. Segundo Oppenheim, ele afirma que os 
mesopotâmios aceitavam a morte como um fato, sem fazer dela o centro de tantas 
atenções quanto os egípcios. Seja isto ou não verdade, parece ser certo que a religião 
mesopotâmica tinha, bem mais acentuadamente do que a do Egito, um caráter 
propiciatório desta vida, das coisas deste mundo. A morte e os mortos são menos 
mencionados na documentação da Mesopotâmia do que na egípcia. 
 Como no caso do Egito, a vida após a morte era imaginada por analogia com a 
vida neste mundo. Uma vez tendo atravessado um rio de águas escuras e sinistras, o 
morto se acharia num país centrado em sua capital, onde havia um rei - Nergal - com 
sua corte e sua família. Além disso, ao contrário do que ocorria entre os egípcios, na 
mesopotâmia, a vida após a morte era imaginada, não como uma versão ampliada deste 
mundo, e sim, muito empobrecida e diminuída, viveriam na escuridão, cobertos de 
penas como as aves, alimentando-se de argila, os mortos formaria uma coletividade 
hierarquizada segundo regras próprias, dentro da qual não se mantêm as distinções de 
origem. 
 Em alguns estudos referentes aos enterros mesopotâmicos, nestes, as crianças 
pequenas eram às vezes enterradas juntamente com um adulto (homem ou mulher). 
Bebês podiam ser inumados sob as casas dos vivos, em potes de cerâmica - mesmo nas 
épocas em que tal hábito não existia para os adultos - ou simples mente atirados em 
fossas de lixo. Há uma grande variação na forma das tumbas como poços, câmaras 
subterrâneas, hipogeus escavados na rocha, tumbas com superestrutura de pedra e 
mausoléus. Era freqüente que o lugar onde se colocava o corpo fosse recoberto de 
esteiras. Em certos casos, usaram-se sarcófagos de cerâmica, madeira, pedra ou metal 
(em períodos mais antigos, por vezes, simples potes serviram de recipiente para o 
morto). O cadáver era, em certas regiões, de início enterrado numa posição flexionada, 
embora raramente na posição semelhante à de um feto (com os joelhos junto ao queixo). 
Preferiu-se depois uma postura estendida, de lado ou de costas. Os enterros orientavam-
se com cuidado, seja segundo os pontos cardeais, seja de acordo com fatores como o 
sexo ou a idade do morto; houve grandevariação no tocante às orientações preferidas ou 
a evitar, tanto no tempo, quanto no espaço. Ao contrário do que ocorria no Egito, os 
bens enterrados com os mortos não eram habitualmente muito numerosos, pareciam ter 
o caráter de amostras, mais do que de uma mobília funerária abundante compreendendo 
utensilagens diversas e completas. De um modo geral, peças de cerâmica eram os bens 
mais usualmente enterrados com os cadáveres. Além do mais, os mortos eram 
enterrados segurando recipientes perto da boca, os quais provavelmente continham 
comida. Seja como for, ossos de animais são achados muitas vezes nos enterros 
(animais comestíveis ou, no caso das tumbas reais de Ur, asnos ou bois atrelados a 
carros). Além de provisões de alimentos, podiam estar presentes as de água para beber 
ou para abiuções, além de cosméticos. Às vezes pequenas pedras de diferentes cores 
eram dispostas sobre o cadáver, o que talvez tivesse uma função apotropaica. Os mortos 
eram sepultados vestidos, como se depreende do fato de se encontrarem peças de metal 
destinadas a segurar a roupa. Confrontando os achados arqueológicos com os textos, 
descobre-se que os objetos enterrados com os defuntos tinham finalidades variadas. Por 
exemplo, sendo a tumba uma etapa intermediária na inserção do morto nos domínios 
subterrâneos, as provisões de água e comida em certas épocas viam-se como forma de 
auxiliá-lo em suas perambulações no outro mundo até atingir sua meta, o reino de 
Nergal. 
 Portanto, os mesopotâmicos ao contrário dos egípicios não enfatizavam 
exarcebadamente a morte em seus documentos. Porém, mantinham as tradições de 
ritualidades e oferendas durante os funerais e sepultamentos, como alimentos e 
pertences enterrados juntamente com os mortos, com o objetivo de auxiliar o morto em 
sua “busca pelo destino”, sendo assim, de certa forma possuindo pequenas semelhanças 
com os egípicios.