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FGVIDT FGV IDT Análise Econômico-Financeira Sumário APRESENTAÇÃO 5 UNIDADE 01 – CUSTOS 6 1.1. DEFINIÇÃO 6 1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS 6 1.2.1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ALOCAÇÃO AO PRODUTO 7 1.3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO VOLUME DE PRODUÇÃO 8 1.3.1. CUSTOS VARIÁVEIS 9 1.3.2. CUSTOS FIXOS 9 1.3.3. CUSTOS HÍBRIDOS 9 1.4. CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS 9 1.5. ITENS CUSTEADOS 10 1.6. OUTRAS TAXONOMIAS 11 UNIDADE 02 – SISTEMAS DE CUSTEIO 13 2.1 – SISTEMA POR ORDEM DE SERVIÇO 13 2.2 – SISTEMA POR PROCESSO 13 2.3 – CUSTEIO IDEAL 14 2.4 – CONHECIMENTO DA ATIVIDADE 15 2.5 – BASES DE AVALIAÇÃO 15 2.6 – CUSTO REAL 15 2.7 – CUSTO ORÇADO 16 UNIDADE 03 – MÉTODOS DE CUSTEIO 17 3.1 – MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL 17 3.1.1 – VANTAGENS 17 3.1.2 – DESVANTAGENS 18 3.1.3 – APLICABILIDADE 18 3.1.4 – ESQUEMA DO CUSTEIO VARIÁVEL 19 3.2 – MÉTODO DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO 20 3.2.1 – DESVANTAGENS 20 3.2.2 – APLICABILIDADE 20 3.2.3 – ESQUEMA DO CUSTEIO POR ABSORÇÃO 21 21 UNIDADE 04 – PREMISSAS ORÇAMENTÁRIAS 22 4.1 – OBJETIVOS 22 4.2 – ESTRATÉGIAS 22 4.3 – PLANEJAMENTO 23 4.3.1 – PLANOS DE DESEMPENHO 23 4.3.2 – CRITÉRIO DE MENSURAÇÃO 23 4.4 – CONTROLE 24 UNIDADE 05 – CONCEITOS RELATIVOS À ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 25 5.1 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 25 5.2 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 26 5.3 – OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS E RESULTADOS 26 5.4 – KAIZEN 27 5.5 – CUSTO TOTAL DE PROPRIEDADE 27 UNIDADE 06 – ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO 29 6.1 – MÉTRICAS 29 6.2 – PREMISSAS 29 6.2.1 – DEFINIÇÃO DAS PREMISSAS 30 6.3 – METAS 30 UNIDADE 07 – VARIÁVEIS ENDÓGENAS E EXÓGENAS 32 7.1 – EXEMPLOS DE VÁRIVEIS ENDÓGENAS E EXÓGENAS 32 7.2 – INTERDEPENDÊNCIA 34 7.3 – HIATO TEMPORAL 35 UNIDADE 08 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FINANCEIRO 36 8.1 PAYBACK 36 8.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO – VPL 37 8.3 TAXA INTERNA DE RETORNO – TIR 37 8.4 PONTO DE EQUILÍBRIO – PEQ. 38 8.5 MARGEM DE SEGURANÇA – MS 39 8.6 GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL – GAO 39 8.7 GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA – GAF 40 8.8 LIQUIDEZ CORRENTE – LC 40 8.9 LIQUIDEZ GERAL – LG 41 8.10 ENDIVIDAMENTO GERAL – EG 41 8.11 ENDIVIDAMENTO ONEROSO – EO 42 8.12 COMPOSIÇÃO DA EXIGIBILIDADES – CE 42 8.13 COMPOSIÇÃO DO PASSIVO ONEROSO – CPO 42 8.14 MARGEM BRUTA – MB 43 8.15 MARGEM LÍQUIDA – ML 43 8.16 RETORNO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – RPL 44 8.17 RETORNO DO ATIVO – RA 44 UNIDADE 09 – FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO 46 9.1 – DEFINIÇÃO 46 9.2 INVESTIMENTOS EM ATIVO PERMANENTE 47 9.3 ALAVANCAGEM FINANCEIRA 48 9.3.1 FONTES DE FINANCIAMENTO 48 9.3.2 CONCILIAÇÃO DE TAXAS 49 9.4 CUSTO DO CAPITAL 49 9.4.1 CÁLCULO DO CUSTO DO CAPITAL 50 UNIDADE 10 – VALOR ECONÔMICO AGREGADO 51 10.1 REMODELAGEM DA DRE 52 10.2 ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS 53 10.3 VALOR AGREGADO 54 10.4 VALOR DA EMPRESA 55 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 57 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 57 Apresentação A disciplina Administração Econômico-Financeira é dedicada ao estudo da Controladoria e de como a Contabilidade, a Matemática Financeira e a Administração Financeira se inter-relacionam como competências necessárias à gestão empresarial. O objetivo dessa disciplina é capacitá-lo(a) a interpretar orçamentos financeiros, de forma a habilitá-lo(a) para o auxílio aos responsáveis da área de Controladoria na condução de planejamento. O conteúdo desta disciplina é fundamental à melhor gestão de qualquer organização – manufatureira ou prestadora de serviços, com ou sem fins lucrativos. Unidade 01 – CUSTOS Nesta unidade, apresentaremos os conceitos básicos da Contabilidade de Custos, bem como a mecânica de mensuração do custo dos produtos – bens ou serviços. 1.1. DEFINIÇÃO Custo é uma informação quanto ao consumo de recursos na produção de bens e serviços – objeto – dos quais se esperam benefícios. Dependendo do objeto analisado e do interesse daquele que demanda a informação... ...o custo deve ser preparado – apurado – por um modelo ou método que atenda à necessidade de quem quer a informação. Em Contabilidade de Custos, a palavra objeto diz respeito ao objeto de custeio. Os conceitos de custos e de despesas precisam ser bem compreendidos. Para uma indústria, é simples pensar no custo – como ele é ou onde ele ocorre... Custos estão relacionados com a área de produção ou a fábrica. Por exclusão, as despesas são os gastos relacionados com a área administrativa, de vendas e financeira. Como ambos são gastos, custos e despesas são sacrifícios econômicos que a empresa incorre para obter seus produtos e, consequentemente, suas receitas. 1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS Dentre as classificações para os custos, as duas mais importantes são... quanto à alocação ao produto; quanto ao volume de produção. 1.2.1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ALOCAÇÃO AO PRODUTO Quando falamos em classificação de custos em relação ao produto – alocação ao objeto de custeio –, estamos analisando se esses custos têm um relacionamento direto ou indireto com o objeto de custeio. 1.2.1.1. CUSTOS DIRETOS Custos diretos a um objeto de custeio são os custos diretamente relacionados a esse objeto. Os custos diretos podem ser fácil e economicamente identificados ao objeto de custeio sem qualquer rateio – mecanismo ou regra de alocação arbitrada. Os exemplos clássicos de custos diretos são as matérias-primas e a mão de obra dos operários, devido à possibilidade de apropriação direta do consumo desses recursos aos objetos de custeio. 1.2.1.2. CUSTOS INDIRETOS Custos indiretos são aqueles que não são facilmente identificados com o objeto de custeio de maneira economicamente viável, pois são comuns a dois ou mais objetos de custeio – áreas ou produtos, por exemplo. Os custos indiretos são alocados ao objeto de custeio por um método de alocação de custo denominado rateio. O custo – industrial – é classificado em direto ou indireto em relação ao produto – fabricado. Por sua vez, a despesa – vendas – é classificada em relação à origem da receita – o objeto de custeio, objeto em análise. A informação de custo, caso não seja bem trabalhada, pode vir a ser manipulada de acordo com interesses específicos. Algumas vezes, esses interesses podem ser conflitantes com a boa técnica ou com os próprios interesses da empresa. 1.2.1.3. FATORES INTERVENIENTES NA CLASSIFICAÇÃO Diversos fatores afetam essa classificação, como... • Tecnologia disponível para a coleta de informação... Relaciona-se com o custo de sistemas de informação e de procedimentos de controle interno. Desenvolvimentos nessa área proporcionam um aumento significativos da identificação de custos a serem classificados como diretos aos objetos de custeio. • Design das operações... Relacionado com o layout fabril ou a complexidade do processo produtivo. Por exemplo, quando uma linha de produção – ou parte de uma empresa – só é utilizada para a fabricação de determinado produto, podemos afirmar que todos os custos incorridos nessa linha – parte da empresa – são diretos ao único produto nela fabricado. • Acordos contratuais... Relacionados com os critérios de rateios e de alocação. Uma regra pode estabelecer que determinado insumo – material, tecnologia, máquina... – só pode ser utilizado em um produto específico, tornando-o um custo direto àquele produto. 1.3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO VOLUME DE PRODUÇÃO O outro tipo de classificação dos custos envolve a análise da relação do custo com o volume de produção. Há dois tipos de comportamento de custos na maioria desses sistemas... ...custos variáveis ... ...custos fixos. 1.3.1. CUSTOS VARIÁVEIS Custos variáveis são aqueles cujo consumo é influenciado pelo nível de produção. A matéria-prima é um exemplo de custo variável, por ser um custo que se altera, em montante total, à medida que ocorrem mudanças no volume produzido – de produtos ou de serviços. 1.3.2. CUSTOS FIXOSCustos fixos são aqueles que não variam em função de alterações do nível de produção, dentro do intervalo relevante de capacidade instalada. 1.3.3. CUSTOS HÍBRIDOS Custos híbridos são aqueles que têm características tanto de custo fixo quanto de custo variável, por definição. Um exemplo típico de custo híbrido em uma indústria é a energia elétrica. É comum as empresas contratarem a aquisição de energia elétrica sob duas modalidades... demanda; consumo. Dessa forma, o consumo desse recurso no processo produtivo pode ser classificado, integralmente, como custo fixo ou como custo variável. Nesse caso, a classificação depende do objeto de custeio e da forma como a energia elétrica for consumida – condições de mensuração do consumo. 1.4. CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS Todos os custos podem ser classificados ao mesmo tempo... quanto ao volume – em fixos ou variáveis; quanto ao objeto de custeio – em diretos ou indiretos. Por esse motivo, mais de um método de custeio pode ser utilizado pelas empresas, cada um para atender a um objetivo de informação sobre custos. De todo modo, as duas maneiras de classificação de custos são importantes... Ambas servem de base para dois métodos de custeio... o custeio por absorção – que utiliza a classificação em relação ao produto; o custeio variável – que trabalha com a classificação em função do volume de produção. 1.5. ITENS CUSTEADOS Alguns itens custeados são... • Matéria-prima... Tendo por objeto de custeio o produto fabricado, normalmente, a matéria-prima é um custo direto e variável, enquanto o aluguel da fábrica é um custo indireto e fixo. • Mão de obra... A mão de obra – salário dos operários da produção – é, normalmente, um ponto à parte no processo de classificação, por questões específicas de nossa legislação trabalhista e previdenciária. Em relação ao objeto, normalmente, a mão de obra é considerada direta quando atua diretamente sobre o produto que está sendo elaborado – como é o caso do pessoal da linha de produção. • Demais gastos com pessoal... Os gastos com o pessoal de chefia e supervisão das atividades fabris – que nada têm de aplicação direta sobre o produto – são tratados como custos indiretos. • Demais atividades... Atividades que, apesar de vinculadas à produção, nada têm de aplicação direta sobre o produto – tais como manutenção, prevenção de acidentes, contabilidade de custos, programação e controle da produção – têm seu tratamento como indireto. 1.6. OUTRAS TAXONOMIAS Além das classificações de custos que os separam quanto à alocação ao produto e quanto ao volume de produção, existem outras taxonomias. Duas classificações são relevantes ao processo decisório de qualquer empresa. São elas... • Custos irrecuperáveis... Os custos irrecuperáveis – sunk costs – são recursos empregados na construção de ativos que, uma vez realizados, não podem ser revertidos ou recuperados em qualquer grau significante. Quanto às empresas, o custo irrecuperável está relacionado, na maioria dos casos, à aquisição de ativos não circulantes. O benefício desses ativos é esperado para um período superior a um ano, como é o caso de... ...tecnologia desenvolvida para a empresa – softwares específicos... ...máquinas e equipamentos que só atendem à necessidade da empresa na fabricação de determinado produto. Caso esse produto não seja mais financeiramente viável, o valor contábil dessas máquinas e desses equipamentos – custo de aquisição menos a depreciação acumulada não será uma informação relevante à decisão de descontinuar a fabricação daquele produto, uma vez que tal custo é irrecuperável. No cotidiano empresarial, existem várias situações que podem ser assim tipificadas. • Custo de oportunidade... O custo de oportunidade corresponde àquilo que deixamos de ganhar na segunda melhor alternativa por escolhermos a primeira. Quando não temos uma opção ou alternativa, não podemos falar em custo de oportunidade. Considerando um comportamento racional, economicamente falando, os gestores deveriam optar por projetos que maximizassem o ganho da empresa. Dessa forma, haveria uma situação em que teriam um recurso único e alguns projetos a serem selecionados e executados. Em qualquer tipo de decisão ou escolha entre duas ou mais opções, há uma situação de custo de oportunidade. Unidade 02 – SISTEMAS DE CUSTEIO No processo de apuração do custo dos produtos, os gestores dispõem de dois sistemas de custeio: sistema por ordem de serviço e sistema por processo. Para explicar os conceitos, é mais fácil exemplificar com negócios que lidam com um e com outro... ...uma oficina de carro... ...uma indústria de cimento. 2.1 – SISTEMA POR ORDEM DE SERVIÇO Nas oficinas concessionárias... ...as demandas pelos trabalhos são estabelecidas em ordens para a oficina. A oficina aloca todos os seus recursos – materiais e mão de obra – a esse objeto de custeio – serviço em cada carro – para que, ao final, tenha condições de medir o custo do serviço prestado. A ordem de serviço também se aplica aos setores de manutenção e de informática de uma empresa... O setor de manutenção é solicitado a fazer manutenções conforme as ordens de serviços. O mesmo ocorre com o setor de informática. 2.2 – SISTEMA POR PROCESSO Quando vemos, em uma indústria, uma linha de produção em série, temos um sistema por processo – ou contínuo. Os custos da linha de produção são levados aos produtos que ali passam de acordo com critérios possíveis de alocação, sejam eles direta ou indiretamente aplicáveis. Muitas linhas são complexas e, por isso, são separadas em fases ou processos. Esses processos servem de meio para a alocação de custos aos produtos que fazem uso dos recursos da fase ou do processo em si. Essa ação é denominada processo de estabelecimento de centros de responsabilidade ou centros de custos – como são mais conhecidos. A produção contínua, portanto, é a realidade do processo de produção de itens em massa, padronizados, com pouca ou nenhuma diferenciação. A característica da produção contínua é, principalmente, o ganho de escala, para fins de diluição dos gastos fixos de produção e da estrutura em geral. 2.3 – CUSTEIO IDEAL Não há como afirmar que um sistema ou um método seja melhor do que o outro, pois essa avaliação depende do objetivo que temos ao apurar os custos e o fluxo de produção analisado. Esse fato precisa ser compreendido para evitarmos algumas interpretações errôneas ou mesmo os dogmas de alguns gurus de métodos de custeio. Devemos lembrar que... não existe método de custeio certo nem errado, muito menos o método ideal! Existem métodos de custeio implantados e utilizados nas empresas, em níveis diferentes de sucesso. Cada empresa procura escolher e adequar os métodos conhecidos e disponíveis a suas necessidades de informação de custo. A mensuração do custo depende do objeto de custeio! Dependendo do objeto de custeio, os custos são classificados como fixos ou variáveis e diretos ou indiretos. Essas classificações afetam as mensurações dos custos de forma diferenciada, de acordo com o método de custeio adotado e, por isso, o valor do custo pode ser diferente entre os métodos. Obtemos o que mensuramos! Sem mensuração, não há análise nem controle. Se a medida obtida contém subjetividade ou desvios em relação a sua medida real, essas distorções afetam as decisões. 2.4 – CONHECIMENTO DA ATIVIDADE Um dos aspectos dessa natureza que precisam ser contemplados é o fluxo de produção. É necessário conhecer a realidade físico-operacional da empresa, conhecer como os custos nascem. O fluxo de produção... determina a viabilidade do sistema de custeio a ser utilizado, uma vez que é inerente à forma e aos aspectos da empresa; dá condições de escolhermos os métodos de custeio e de realizarmos asadaptações necessárias à realidade do negócio. 2.5 – BASES DE AVALIAÇÃO Além da discussão sobre os processos e os métodos de custeio, há ainda duas bases de avaliação possíveis dos custos, que são... o custo real; o custo orçado – às vezes, chamado de custo-padrão. Os dois critérios de avaliação – real e orçado – são passíveis de utilização com quaisquer sistemas de custeio – por ordem e por processo – e com quaisquer métodos de custeio – absorção e variável. 2.6 – CUSTO REAL O custo real trabalha com os custos dos recursos efetivamente consumidos no processo de produção. O custo real é utilizado para medir o passado, sendo de adoção obrigatória para fins societários e tributários. 2.7 – CUSTO ORÇADO O custo orçado trabalha com estimativas de custos de recursos que esperamos que sejam consumidos no processo de produção. O custo orçado é utilizado internamente, para fins orçamentários e de precificação, principalmente. O custo-padrão, por exemplo, é um dos tipos de custo orçado, o qual também pode ser discricionário – ou seja, arbitrado pelo gestor ou imposto pela empresa. Unidade 03 – MÉTODOS DE CUSTEIO Custo é uma informação. Portanto, a informação de custo deve ser preparada... ...de acordo com o objetivo desejado... ...por meio de um modelo ou método que atenda à necessidade de quem quer a informação. Para tal, basta que tenhamos um sistema de custos estruturado e a escolha do método de custeio que desejamos, de acordo com a demanda informacional sobre custos. 3.1 – MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL Os principais métodos de custeio são o custeio variável e o custeio por absorção. O custeio variável é também denominado custeio gerencial ou custeio por contribuição. O custeio variável é um método no qual só são agregados aos produtos seus custos variáveis. O modelo considera que os custos fixos são como despesas e, por isso, são imediatamente lançados no resultado. Dessa maneira, difere em muito do custeio por absorção, que considera todos os custos. Além disso, o custeio variável se baseia na classificação de custos em relação ao volume, enquanto o custeio por absorção se baseia na relação com o produto. Por conta dessa característica, o custeio variável não é válido para elaboração de demonstrações contábeis de uso externo... 3.1.1 – VANTAGENS O método do custeio variável tem como principais vantagens... Os custos dos produtos são mensuráveis objetivamente, pois não sofrem processos arbitrários ou subjetivos de distribuição dos custos fixos. O custo unitário não é afetado por mudanças no nível de estoques, pois os custos fixos são alocados diretamente ao resultado. Os dados necessários para a análise das relações custo-volume-lucro são rapidamente obtidos do sistema de informação contábil, quando se tem uma base de dados adequada ao custeio variável. É totalmente integrado com o custo-padrão e orçamento flexível, possibilitando o correto controle de custo por produto ou por área. O custeio variável constitui um conceito de custeamento de inventário que corresponde, proporcionalmente, aos gastos necessários para produzir os produtos ou os serviços. O custeio variável possibilita mais clareza no planejamento do lucro e na tomada de decisões da empresa. 3.1.2 – DESVANTAGENS Ao mesmo tempo, existem desvantagens no custeio variável que precisam ser analisadas pela empresa para fins de adaptações corretas à sua realidade. Uma delas é a exclusão dos custos fixos para valoração dos estoques. Essa exclusão causa sua subavaliação, ferindo os princípios contábeis e alterando o resultado do período. Esse resultado pode ter divergências ou oscilações grandes entre os períodos. Outra desvantagem é que, na prática, a separação entre custos fixos e variáveis não é tão clara e fácil como parece, pois existem os custos híbridos – semivariáveis e semifixos. 3.1.3 – APLICABILIDADE O custeio variável é adequado para análises de custos para decisões de curto prazo, principalmente, por não contemplar os custos fixos. Os custos fixos são ligados à capacidade de produção e de planejamento de longo prazo. Essa ligação pode trazer problemas de continuidade para a empresa se não for entendido que o processo de alocação dos custos fixos ao resultado não implica deixá-los de lado. 3.1.4 – ESQUEMA DO CUSTEIO VARIÁVEL Um esquema básico do custeio variável é o seguinte... 3.2 – MÉTODO DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO O custeio por absorção também é denominado custeio funcional ou tradicional ou full cost. O custeio por absorção é o critério utilizado pelas empresas para fins de evidenciação legal do resultado, isto é, utilizado para fins societários – pagar dividendos – e fiscais – pagar imposto de renda e contribuição social. São características do custeio por absorção... atender às exigências societárias e fiscais, além de estar de acordo com os princípios e as normas de contabilidade, e com as normas da legislação tributária; consistir em alocar aos produtos todos os custos incorridos no processo de fabricação, sejam eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, e levar ao resultado apenas os custos dos itens vendidos – produtos ou serviços; registrar, diretamente, no resultado do período as despesas de vendas – administrativas e outras –, não as incorporando ao custo do produto. 3.2.1 – DESVANTAGENS Dentre as desvantagens do custeio por absorção, encontram-se... os custos indiretos e fixos dificultam a tomada de decisões quando alocados aos produtos – dependendo do tipo de decisão. Um exemplo é quando ela envolve a avaliação de cada objeto de custeio isoladamente; os custos indiretos e fixos são apropriados aos produtos arbitrariamente, por meio de uma taxa de rateio; a informação gerada pelo custeio por absorção é de difícil utilização em projeções orçamentárias e análises de viabilidade de projetos. 3.2.2 – APLICABILIDADE O custeio por absorção é obrigatório para... apuração do lucro líquido e dos dividendos – fins societários; apuração da base de cálculo de imposto de renda – fins fiscais. 3.2.3 – ESQUEMA DO CUSTEIO POR ABSORÇÃO Os custos podem ser assim demonstrados no custeio por absorção... Unidade 04 – PREMISSAS ORÇAMENTÁRIAS O orçamento representa a expressão quantitativa dos planos elaborados para o período. Para tanto, é fundamental que o orçamento reflita a estratégia da entidade. Ademais, os critérios de avaliação de desempenho devem ser coerentes com a estratégia. A estratégia deve estar clara, pelo menos, para aqueles responsáveis pela elaboração e pela avaliação do orçamento. Dessa maneira, vemos o orçamento como uma ferramenta de gestão, capaz de... sinalizar os objetivos da entidade; direcionar o comportamento dos agentes – funcionários; oferecer mecanismos para a avaliação do desempenho desses agentes. A elaboração do orçamento deve levar em conta... objetivos; estratégias; planejamento; controle. 4.1 – OBJETIVOS O orçamento deve primar pela rentabilidade das atividades da entidade, sem esquecer sua função social, ou seja, a continuidade da entidade. 4.2 – ESTRATÉGIAS Quanto às estratégias, temos de analisar, pelo menos... a identificação dos objetivos de curto e longo prazos; a mensuração do desempenho esperado; as políticas – de crédito, de financiamento e de venda, por exemplo. 4.3 – PLANEJAMENTO O planejamento orçamentário é a materialização das estratégias da empresa. O planejamento orçamentário deve ser analisado sob dois aspectos... – Planejamento a longo prazo [...] compreende previsões sobre o comportamento do ambiente onde a empresa atua; a fixação de objetivos amplos; e a elaboração dos documentos que formalizam o planejamento – CARDOSO, MARIO e AQUINO, 2007, p. 247. – Planejamento a curto prazo [...] decorre dos estudos do ambientepresente no qual a empresa atua; da identificação dos objetivos imediatos; e da elaboração do plano para o primeiro segmento ou período do longo prazo – CARDOSO, MARIO e AQUINO, 2007, p. 247. 4.3.1 – PLANOS DE DESEMPENHO Para a operacionalização do planejamento, a empresa se utiliza de planos de desempenho que podem ser mensurados em termos de... gastos; receitas; resultados; retorno do capital. 4.3.2 – CRITÉRIO DE MENSURAÇÃO É necessário fazer estimativas dos níveis dos diversos itens que compõem o orçamento total. Para que o objetivo geral seja alcançado, é necessário elaborar estimativas de desempenho – planos – para todas as unidades da empresa. Devemos levar em consideração... valores monetários; unidades físicas; unidades de tempo; aspectos qualitativos, entre outros. Esses fatores servirão como premissas para a elaboração e o controle do orçamento. 4.4 – CONTROLE Para controlar, é preciso registrar os resultados que vão ocorrer durante a execução dos planos e orçamentos. Dessa maneira, permitimos a análise das variações do ocorrido – orçado versus real. O controle possibilita à empresa criar um ciclo virtuoso, realimentando a fase inicial de elaboração do orçamento. Com isso, objetivos, estratégias e planos podem vir a ser alterados. Unidade 05 – CONCEITOS RELATIVOS À ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA Os conceitos de custo irrecuperável e de oportunidade, de otimização de custos e de resultados são de suma importância para o processo de orçamentação empresarial. Esses conceitos levam os gestores a pensar os impactos que suas decisões acarretarão à empresa. Nessas decisões, deve ser considerado um comportamento suficientemente racional e com baixos incentivos para que os agentes atuem para seu próprio favorecimento. Aliar essas concepções implica fazer com que o gestor e a empresa desenvolvam suas competências e habilidades para lidar com questões pertinentes de redução de custos, antes e durante a execução dos projetos. Tais concepções sempre serão ponto de avaliação por meio dos orçamentos e devem ser consideradas na estruturação e concepção das premissas orçamentárias assim como os conceitos abordados nesse módulo. 5.1 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS A análise da viabilidade de projetos de investimento envolve a elaboração de um orçamento – budget –, o que é, necessariamente, uma análise anterior – ex ante – à decisão. Para tal, mensuramos o sacrifício de recursos empregados na decisão a ser tomada. A situação em que temos um recurso único e alguns projetos a serem selecionados e executados é tratada, em análise de investimentos, pelos modelos... de valor presente líquido – VPL; da taxa interna de retorno – TIR. Esses modelos são utilizados para mensurar a melhor escolha entre projetos excludentes. Havendo o comportamento racional, a escolha será pelo projeto com maior VPL – e, possivelmente, maior TIR –, que será considerado a melhor opção. Para apurarmos o VPL, é necessário descontar os fluxos futuros a valor presente, o que é feito por meio da fórmula 𝑉𝑃 = 𝑉𝐹 (1 + 𝑖)! onde o 𝑖 – que significa taxa de desconto corresponde ao custo de oportunidade do investidor. Sendo assim, o custo de oportunidade é crucial à análise de viabilidade de projetos, pelo menos, para descontarmos os fluxos futuros a valor presente. Se os demais forem descartados, o custo de oportunidade da escolha daquele projeto será medido pelo VPL ou pela TIR que deixaremos de ganhar no projeto classificado como a segunda melhor opção. 5.2 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Alguns modelos de avaliação de desempenho tentam mensurar, de alguma maneira, o impacto por meio de custo de oportunidade. Quando da tomada de decisões, os gestores devem ter em mente ambos os custos... os custos irrecuperáveis; os custos de oportunidade. Esses custos afetam o retorno do investimento – ou mesmo a capacidade de concluirmos o projeto –, pois servem de indicação... da viabilidade do projeto; da viabilidade de alguns custos de transação – nem sempre possíveis de uma mensuração acurada. 5.3 – OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS E RESULTADOS A gestão de custos é um dos tópicos mais importantes no contexto empresarial – ainda mais com a busca incansável por reduções de custos e aumentos de lucratividade. Dessa maneira, é bom que o gestor possa contar com algumas ferramentas para auxiliá-lo a alcançar tais objetivos. Quando pensamos em orçamento, vêm a nossa mente os custos orçados. Pode parecer que o objetivo do orçamento seja apenas manter esses custos nos níveis orçados e assim garantir a continuidade do negócio... Se estivermos em uma economia ou um setor com oferta ilimitada de recursos – em que a escassez não seja um problema –, uma situação como essa até pode ser aceitável. No entanto, no cotidiano de todas as empresas, os recursos são limitados e há competição por eles. 5.4 – KAIZEN Dentro das empresas, os recursos também são limitados... Mais ainda, os recursos podem ser reduzidos depois de um planejamento e seu consequente orçamento. Por que então ninguém pensou em melhorar o orçamento do período anterior para evitar essas faltas ou mesmo para economizar mais para a empresa, aumentando seus resultados? O kaizen busca responder a essa pergunta, a partir de sua filosofia de melhoria contínua. O kaizen... ...debruça-se sobre os custos orçados e busca reduzi-los continuamente, período após período. ...é uma maneira de anteciparmos, gerencialmente, as reduções futuras de preços e realizarmos as adequações necessárias, principalmente, no projeto inicial. ...é um tipo de procedimento adotado durante as fases de pesquisa e desenvolvimento dos produtos, que perdura durante todo o seu ciclo de vida. 5.5 – CUSTO TOTAL DE PROPRIEDADE A implantação de uma mina nova para uma mineradora é algo que precisa ser analisado. Essa análise deve ser feita no tocante... ao custo de aquisição do direito de lavra; a sua operação; ao descarte ou à recuperação do meio ambiente em seu entorno, ao final. A esse tipo de análise denominou-se custo total de propriedade. O custo total de propriedade analisa todos os possíveis custos subjacentes à aquisição que são relevantes para a tomada de decisão. Dessa maneira, os projetos que competem pelos recursos escassos da empresa serão analisados em toda a extensão de seu ciclo de vida, proporcionando a escolha da melhor alternativa de investimento. Unidade 06 – ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO A decisão que o gestor enfrenta na elaboração orçamentária após estabelecer as premissas diz respeito a por onde começar a orçamentação... ...pelas vendas? ...pela produção? ...pelas compras? ...pela capacidade instalada do imobilizado? Muitos livros de orçamento estabelecem que o processo orçamentário deve começar pela projeção das vendas. Entretanto, o orçamento deve começar a ser elaborado pelo fator restritivo que a entidade considera mais significativo para o período futuro cujas projeções serão elaboradas. 6.1 – Métricas O orçamento é uma das principais peças elaboradas pela Contabilidade Gerencial, uma vez que traduz a estratégia da organização em métricas – ou medidas... qualitativas; quantitativas não monetárias; quantitativas monetárias. Por esse motivo, é necessária a disseminação do orçamento entre os agentes da empresa – os quais, efetivamente, são os responsáveis por fazer acontecer na maioria das vezes. 6.2 – Premissas Ao elaborar e analisar uma projeção orçamentária, é necessário conhecer a empresa no que diz respeito a... características físico-operacionais; sua filosofia; seus modelos de gestão e decisão; sua estrutura organizacional; características comportamentais de seus colaboradores; informações acerca das variáveis ambientais. A contabilidade proporciona aos gestores o sistemamais eficiente para o exercício da elaboração e análise orçamentária. 6.2.1 – DEFINIÇÃO DAS PREMISSAS O processo orçamentário envolve a definição de premissas e de indicadores de desempenho. Ao projetar o desempenho, o gestor estima o comportamento de variáveis internas – endógenas – e variáveis externas – exógenas – à empresa. As variáveis internas são passíveis de controle pelos gestores. As variáveis externas são aquelas não controláveis. Sinteticamente, as variáveis exógenas são possibilidades de outputs, advindas de decisões que dependem de outras áreas ou divisões da empresa, ou de agentes externos à empresa. 6.3 – METAS Após estabelecer os indicadores de avaliação do desempenho, passamos à definição de quais níveis de desempenho serão objetivados. Passamos a estabelecer e negociar metas! As metas representam os valores orçados. Esses valores servem de base para a comparação durante a avaliação das variações orçamentárias. É necessário que algumas premissas sejam estabelecidas para balizar toda a confecção do orçamento, sua implantação e seu posterior controle. Dessa maneira, evitamos atitudes de imposição ou de falta de base para solucionar conflitos futuros. As premissas são fundamentais à projeção orçamentária. Unidade 07 – VARIÁVEIS ENDÓGENAS E EXÓGENAS O processo de mensuração das estimativas daquilo que planejamos envolve diversas variáveis endógenas e exógenas à empresa, cujo real comportamento só será conhecido no futuro. 7.1 – EXEMPLOS DE VÁRIVEIS ENDÓGENAS E EXÓGENAS Dentre os exemplos de variáveis endógenas e exógenas, podemos incluir... • Preço a ser praticado quando da venda do produto... O preço pode sofrer alterações, dependendo... da elasticidade do preço da demanda; da entrada e saída de concorrentes no mercado; de regulação tarifária; do sucesso do produto; da variação na renda do consumidor. • Volume a ser vendido a cada período... O volume pode sofrer alterações, dependendo... da elasticidade do preço da demanda; da entrada e saída de concorrentes no mercado; de regulação tarifária; do sucesso do produto; da variação na renda do consumidor. • Política de vendas... Está relacionada com o prazo de vencimento das duplicatas e os descontos comerciais. A empresa pode se ver pressionada a alterar sua política de vendas, dependendo... dos fatores que afetam o preço e o volume; da necessidade de fluxo de caixa. • Estimativa dos impostos incidentes sobre as vendas... As regras tributárias – fato gerador, base de cálculo e alíquota – podem ser alteradas, dependendo da política fiscal. • Preço a ser pago ao fornecedor ou custo... O preço pode sofrer alterações, dependendo... da elasticidade do preço da demanda; da entrada e saída de concorrentes no mercado; de regulação tarifária; do sucesso do produto; da variação na renda do consumidor. • Prazo de vencimento das duplicatas e descontos comerciais... A empresa pode se ver pressionada a alterar sua política de compras, dependendo... do equilíbrio entre o poder de barganha da empresa compradora e da fornecedora; da necessidade de fluxo de caixa; das questões que afetam o preço da mercadoria. • Política de compras... Considera o nível do estoque de segurança. • Estimativa dos impostos incidentes sobre as compras... Dependendo da política fiscal, as regras tributárias – fato gerador, base de cálculo e alíquota – podem ser alteradas. • Esforço de venda... Relaciona-se com veículo de divulgação, quantidade de vendedores, sistema de remuneração dos vendedores – salário fixo e comissão. Se as vendas não se desenvolverem conforme o previsto, a empresa se verá forçada a alterar seus esforços de venda. • Esforço administrativo… Relaciona-se com quantidade de funcionários administrativos, sistema de remuneração – salário fixo e pacote de remuneração variável, como participação nos lucros. Caso o nível de atividade esteja muito diferente do previsto, provavelmente, a empresa precisará alterar seu esforço de venda. • Encargos incidentes sobre a folha de pagamento – comercial e administrativa… Dependendo da política social e da regra previdenciária – fato gerador, base de cálculo e alíquota –, podem ser alterados. • Estimativa da alíquota do imposto de renda… Dependendo da política fiscal, as regras tributárias – fato gerador, base de cálculo e alíquota – podem ser alteradas. • Política de investimentos… Relaciona-se com imobilizados a serem adquiridos e respectivos – vida útil, valor residual, gastos com manutenção, impostos sobre a propriedade, como IPTU e IPVA, por exemplo. Em função da capacidade instalada e da necessidade de fluxo de caixa, a política de investimentos pode ser alterada. • Política de financiamento… Relaciona-se com a parcela do patrimônio que será financiada por terceiros com dívidas onerosas, o prazo de pagamento das dívidas onerosas, o custo da dívida – juros, inflação. Em função da situação macroeconômica – taxa de emprego, disponibilidade de capitais –, a inflação e o custo da dívida podem sofrer alterações significativas que forcem a empresa a rever sua estratégia de endividamento, além de questões relacionadas ao fluxo de caixa. 7.2 – INTERDEPENDÊNCIA Pouco importa se as variáveis são endógenas ou exógenas à entidade... As premissas orçamentárias são necessárias. Aparentemente, as variáveis exógenas são mais vulneráveis a alterações, porém essa constatação não é uma verdade absoluta. 7.3 – HIATO TEMPORAL O orçamento é elaborado em um momento anterior à execução. Durante o hiato temporal existente entre o planejamento e sua execução, o estado da natureza das variáveis endógenas e exógenas pode sofrer alterações. Durante o planejamento orçamentário – em T0 –, portanto, é necessário estabelecer algumas premissas. Quando da execução e do controle – em T1 e posteriormente –, é necessário identificar as causas das variações entre o que havia sido planejado e o que foi executado. Unidade 08 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FINANCEIRO Vamos discutir e entender como os métodos de avaliação de investimentos e de desempenho econômico-financeiro são úteis à avaliação de planos orçamentários. Começaremos com uma breve revisão dos principais métodos de avaliação. São métodos de avaliação de investimentos e de desempenho econômico-financeiro... pay-back; valor presente líquido; taxa interna de retorno; ponto de equilíbrio; grau de alavancagem operacional; grau de alavancagem financeira; indicadores de liquidez; indicadores de endividamento; indicadores de lucratividade; indicadores de rentabilidade. Esses indicadores são úteis para uma análise do orçamento e das demonstrações contábeis projetadas. 8.1 PAYBACK O objetivo do payback é identificar a partir de que momento – data – o projeto recupera o capital investido. Para tanto, é necessário... ...descontar os fluxos dos períodos futuros, um a um, a valor presente... ...subtrair esses fluxos do capital investido na data zero, até que seu saldo se torne positivo. Quanto mais rápido ficar positivo o valor do capital investido descontado dos fluxos futuros – um a um – a valor presente, melhor. Quanto menor o ‘payback’, melhor. 8.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO – VPL O objetivo do método valor presente líquido – VPL – é identificar, entre duas ou mais alternativas de investimento, qual é a mais interessante. Para tanto, é necessário... ...descontar todos os fluxos futuros a valor presente... ...subtrair desse valor presente esperado – dos fluxos futuros – o valor presente do investimento – capital inicial. Quanto mais positiva for a diferença entre o valor presente esperado e o valor do investimento, mais interessante é esse investimento... Quanto maior o VPL, melhor. Sob a ótica financeira, esse método não possui limitações relevantes. 8.3TAXA INTERNA DE RETORNO – TIR O método da taxa interna de retorno – TIR – tem por objetivo identificar à qual taxa o projeto remunera o capital nele aplicado. Assim como o VPL, a TIR também parte da lógica de que 𝑉𝑃 = 𝑉𝐹 (1 + 𝑖)! Nesse caso, a incógnita é a taxa de juros 𝑖. Quanto maior a TIR, melhor. Havendo mais de uma alternativa de investimento, devemos comparar a TIR de cada projeto e escolher pelo que oferecer a maior. A maior TIR aponta para o projeto que é melhor em seu custo de oportunidade. Mais importante do que investir no projeto com maior taxa de retorno – em % – é investir no projeto que gera o maior benefício futuro a valor presente – em R$. Em resumo, o que importa, realmente, é o VPL. A TIR é meramente complementar. 8.4 PONTO DE EQUILÍBRIO – PEQ. O método ponto de equilíbrio – PEq., PEC, PEE ou PEF – tem o objetivo de identificar o nível de atividade mínimo – em R$ ou em unidades – para a empresa operar sem apurar prejuízo. No ponto de equilíbrio, receitas e gastos – custos e despesas – igualam-se, de forma a apurar lucro zero. Podemos compreender esse lucro sob três óticas... Ótica contábil... Esse lucro é o lucro líquido da DRE, portanto, trata-se do ponto de equilíbrio contábil... 𝑃𝐸𝐶 = 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 ,para que o lucro seja zero Ótica econômica... Esse lucro anormal – aquele acima do retorno mínimo exigido pelo proprietário –, portanto, trata-se do ponto de equilíbrio econômico... 𝑃𝐸𝐸 = 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 + 𝐿𝐴𝐼𝑅 𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 , para que o lucro líquido seja igual ao retorno mínimo exigido. Ótica financeira... A ótica financeira trabalha com o regime de caixa; as entradas e as saídas de dinheiro se igualam, portanto, trata-se do ponto de equilíbrio financeiro... 𝑃𝐸𝐹 = 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 + 𝐿𝐴𝐼𝑅 − 𝑎𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑑í𝑣𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 Ao interpretarmos o ponto de equilíbrio, notamos que, quanto menor, melhor. E ainda... quanto mais distante – isto é, acima – do ponto de equilíbrio a empresa operar, melhor. Essa lógica sugere o conceito de margem de segurança. A limitação do método do ponto de equilíbrio é considerar que o preço de venda e o custo variável unitário permanecem constantes, independentemente do nível de atividade – volume produzido e vendido, pressupondo ainda a perfeita distinção entre gastos fixos e variáveis. 8.5 MARGEM DE SEGURANÇA – MS A margem de segurança é, simplesmente... ...a distância – em unidades vendidas ou em percentual de vendas – entre o nível real de atividade – NR – e o ponto de equilíbrio. Portanto, 𝑀𝑆 = 𝑁𝑅 − 𝑃𝐸𝑞. 𝑁𝑅 Podemos dizer que, quanto maior a MS, melhor. Suas limitações são as mesmas que o ponto de equilíbrio. No entanto, adicionamos o fato de que, para novo nível de atividade, temos nova MS. 8.6 GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL – GAO O método grau de alavancagem operacional – GAO –, assim como a MS, tem como objetivo identificar o risco operacional da entidade... Entretanto, a interpretação do GAO é diferente... O GAO mede o impacto que a variação percentual do volume vendido – nível de atividade – acarreta, em termos percentuais, no lucro da empresa. Portanto, 𝐺𝐴𝑂 = ∆%𝐿𝐿 ∆%𝑄 Suas limitações são as mesmas do PEq e da MS. 8.7 GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA – GAF O grau de alavancagem financeira – GAF – procura identificar o risco financeiro, isto é, o quanto do lucro é dependente das despesas financeiras. Em outras palavras, o GAF identifica a importância das despesas financeiras na manutenção do lucro da entidade. A empresa pode ter lucro antes das despesas financeiras – genuinamente operacional –, mas prejuízo antes do imposto de renda – LAIR negativo... Nesse caso, as despesas financeiras estariam corroendo o resultado das operações. Podemos dizer que, quanto menor o GAF, melhor, nesse caso, pois indica alto custo das dívidas contraídas pela empresa, o que corrói o lucro líquido. O método GAF possui uma limitação... Segundo os modelos adotados por Finanças, a maneira como tratamos as despesas financeiras pode encobrir detalhes importantes do efeito da alavancagem – como o imposto de renda. 8.8 LIQUIDEZ CORRENTE – LC A liquidez corrente é um simples quociente entre ativo circulante e passivo circulante... LC = AC/PC Podemos dizer que, quanto maior é a liquidez corrente, melhor – a priori. A liquidez corrente apresenta uma limitação, pois ignora a compatibilização das datas de vencimento das dívidas com as datas de realização dos recebíveis. 8.9 LIQUIDEZ GERAL – LG O método da liquidez geral tem como objetivo identificar a capacidade de a empresa honrar todas as suas dívidas – as que vencem no curto prazo e as que vencem no longo prazo. A liquidez geral é o simples quociente entre o somatório do ativo circulante com o realizável a longo prazo em função do somatório do passivo circulante com o exigível a longo prazo... LG = (AC + RLP)/(PC + ELP) Quanto maior é a liquidez geral, melhor – a priori. Sua limitação é a mesma da liquidez corrente... A liquidez geral ignora a compatibilização das datas de vencimento das dívidas com as datas de realização dos recebíveis. O agravante é que a liquidez geral leva em consideração todos os realizáveis e todos os exigíveis, independentemente das datas de maturação dos títulos. 8.10 ENDIVIDAMENTO GERAL – EG O método do endividamento geral tem como objetivo identificar a parcela do patrimônio total que é financiada por terceiros. O endividamento geral é o simples quociente entre o somatório do passivo circulante e o exigível a longo prazo, em função do ativo total... EG = (PC + ELP)/ativo Quanto menor é o endividamento geral, melhor. A limitação do endividamento geral é ignorar o custo da divida, ou seja, PC + ELP, em relação ao custo do capital próprio, PL. 8.11 ENDIVIDAMENTO ONEROSO – EO O método do endividamento oneroso – ou passivo oneroso sobre ativo – procura identificar a parcela do patrimônio total que é financiada por dívidas onerosas com terceiros. O método do endividamento oneroso demanda a classificação prévia dos passivos em... onerosos – ou de financiamento; não onerosos – ou operacionais ou cíclicos. O endividamento oneroso é o quociente entre o somatório do passivo circulante oneroso com o exigível a longo prazo oneroso, em função do ativo total... EO = POSA = (PCO + ELPO)/ativo Quanto menor é o endividamento oneroso, melhor. O método do endividamento oneroso ignora o custo da dívida, ou seja, PCO + ELPO, em relação ao custo do capital próprio – PL. Seu atenuante, comparando com o EG, é que o EO considera fontes de recursos onerosos. 8.12 COMPOSIÇÃO DA EXIGIBILIDADES – CE É o simples quociente do passivo circulante em função do somatório do passivo circulante com o exigível a longo prazo... CE = PC/(PC + ELP) Quanto menor é a composição do passivo, melhor. As limitações da composição do passivo são as mesmas do endividamento geral... A composição do passivo ignora o custo da divida – PC + ELP – em relação ao custo do capital próprio – PL. 8.13 COMPOSIÇÃO DO PASSIVO ONEROSO – CPO O método da composição do passivo oneroso procura identificar a parcela do passivo oneroso que vence no curto prazo. Esse método demanda a classificação prévia dos passivos em onerosos – ou de financiamento – e não onerosos – ou operacionais ou cíclicos. A composição do passivo oneroso é o quociente do passivo circulante oneroso em função do somatório do passivo circulante oneroso com o exigível a longo prazo oneroso... CPO = PCO/(PCO + ELPO) As limitações da composição do passivo oneroso são as mesmas do endividamento oneroso – EO ou POSA... ...ignorao custo da dívida – ou seja, PCO + ELPO – em relação ao custo do capital próprio – PL... ...comparando com o CE, o CPO só leva em consideração fontes de recursos onerosos. 8.14 MARGEM BRUTA – MB O método da lucratividade bruta ou margem bruta tem o objetivo de identificar a parcela da receita que fica com a empresa após deduzir... os impostos sobre as vendas; as vendas canceladas; as devoluções; os abatimentos... A lucratividade bruta é o simples quociente entre o lucro bruto e a receita bruta, isto é,MB = LB/ RB. Normalmente, a lucratividade bruta é calculada em função da receita líquida, considerando a receita líquida no denominador, ou seja, MB = LB/RL. Quanto maior é a margem bruta, melhor. A limitação da margem bruta é gerar a mesma informação que aquela obtida na análise vertical da DRE. 8.15 MARGEM LÍQUIDA – ML A lucratividade líquida é o simples quociente entre o lucro líquido e a receita bruta, ou seja ,ML = LL/RB. A lucratividade líquida também pode ser calculada em função da receita líquida, considerando a receita líquida no denominador, isto é,ML = LL/RL. Quanto maior é a lucratividade líquida, melhor. A limitação da lucratividade líquida é gerar a mesma informação que a análise vertical da DRE. 8.16 RETORNO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – RPL O método do retorno do patrimônio líquido procura avaliar à que taxa a empresa remunera o capital investido pelos proprietários. O retorno do patrimônio líquido é o quociente entre o lucro líquido e o patrimônio líquido... RPL = LL/PLm Sendo o PLm a média aritmética simples entre o PL inicial e o PL final... PLm = (PLi + PLf )/2 Quanto maior é o retorno do patrimônio líquido, melhor – preferencialmente, maior do que o custo de oportunidade dos proprietários. O RPL é limitado, pois há diversos argumentos para considerarmos, no denominador, somente o PLi ou somente o PLf deduzido do LL do próprio período. Levando em consideração, no denominador, o PLi ou o PLm, é importante atualizar o PLi, monetariamente, de acordo com a inflação do período. 8.17 RETORNO DO ATIVO – RA O método do retorno do ativo – RA –, também conhecido rentabilidade do ativo – ROA –, tem o objetivo de avaliar à que taxa a empresa remunera o capital investido por todos os seus financiadores de recursos. O retorno do ativo é o quociente do somatório do lucro líquido com as despesas financeiras líquidas de imposto de renda e contribuição social, em função do ativo total... RA = [(LL + DF * (1 – @IR)] / ATIVOm Sendo o ATIVOm a média aritmética simples entre o ATIVO inicial e o ATIVO final, ou seja, ATIVOm = (ATIVOi + ATIVOf )/2. Sendo @IR a alíquota do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro. Quanto maior é o retorno ativo, melhor. O método do retorno do ativo é limitado, pois há diversos argumentos para considerarmos, no denominador, somente o ATIVOi ou somente o ATIVOf deduzido do LL do próprio período. Levando em consideração, no denominador, o ATIVOi ou o ATIVOm, é importante atualizar o ATIVOi monetariamente, de acordo com a inflação do período. Além disso, muitos não somam ao numerador as despesas financeiras líquidas de imposto de renda e contribuição social, DF * (1 – @IR). Unidade 09 – FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO Uma boa gestão financeira começa com o planejamento financeiro. Por meio do planejamento financeiro, é possível nos anteciparmos e programarmos, buscando efetivar algumas estratégias de possíveis investimentos ou de administração da necessidade de capital de giro da empresa. A eficiência do planejamento e a gestão financeira podem ser mensuradas pela apuração do fluxo de caixa líquido da empresa. 9.1 – DEFINIÇÃO Fluxo de caixa líquido é a quantidade de fluxo de caixa disponível para distribuição aos investidores. O valor de uma empresa está diretamente relacionado a sua habilidade de gerar fluxo de caixa livre – ou líquido. Por exemplo... o pagamento de dividendos exigidos pelos sócios; os pagamentos decorrentes da aquisição de bens para o imobilizado; a amortização de dívidas com terceiros; os empréstimos novos a serem obtidos junto a terceiros. Algebricamente, portanto, o FCL é... fluxo de caixa operacional, FCO (-) dividendos (-) investimentos em ativo permanente (-) amortização da dívida (+) novos empréstimos (=) fluxo de caixa líquido – FCL ou free cash flow – após decisões estratégicas. Para se apurar o fluxo de caixa líquido – FCL –, é necessário apurar o fluxo de caixa operacional – FCO. O FCO refere-se às atividades operacionais que... consistem no reconhecimento dos ingressos e desembolsos atrelados exclusivamente às atividades principais do empreendimento, relacionadas à produção e à entrega de bens e serviços; normalmente relacionam-se com as transações que constam na DRE. Alguns exemplos de fluxo de caixa líquido são… recebimento pela venda de produtos e serviços à vista ou das duplicatas correspondentes em caso de vendas a prazo – geração de caixa; pagamentos a fornecedores referentes à compra da matéria-prima para a produção, bens para revenda – estoque –, serviços prestados por terceiros – consumo de caixa; pagamento de despesas administrativas e comerciais, inclusive salários, impostos, contas de luz, telefone, água... – consumo de caixa. 9.2 INVESTIMENTOS EM ATIVO PERMANENTE Investimentos em ativo permanente representam... ...os valores desembolsados na compra e na instalação de equipamentos; ...outros ativos fixos, visando a sua manutenção ou a seu crescimento – manutenção ou ampliação da capacidade instalada. Podemos comparar o fluxo de caixa livre com a variação do saldo de caixa. Dessa maneira, obtemos o fluxo de caixa que fica à disposição dos acionistas para fins de decisões de distribuição – quando positivo e suficiente – ou de novo aporte de recursos – quando insuficiente. 9.3 ALAVANCAGEM FINANCEIRA A empresa busca gerar lucros para remunerar os capitais, como... salários para a mão de obra; honorários para a diretoria; juros para os financiadores externos; dividendos para os acionistas. Desse modo, temos... O conceito de alavancagem financeira pode ser visto como o efeito da estrutura de financiamento no lucro dos acionistas. 9.3.1 FONTES DE FINANCIAMENTO O estudo da alavancagem financeira relaciona as fontes de financiamento – capital próprio versus capital de terceiros –, procurando medir se a estrutura de capital da empresa está beneficiando seus acionistas. Recordando que o CD representa o Custo da Divida, o RA o Retorno do Ativo e RPL o Retorno do Patrimônio Líquido, a regra geral da alavancagem financeira é... CD > RA = os acionistas bancam a diferença com sua parte do lucro ou do próprio capital. CD < RA = os acionistas ganham a diferença, ou seja, RPL > RA. Há situações em que existem graus de alavancagem financeira – GAFs – desfavoráveis, que reduzem o retorno final dos acionistas. Esse fato ocorre porque o custo da dívida – CD – é maior do que o RA. Nesse caso, devemos evitar o endividamento. Existindo equivalência entre RA e CD, podemos dizer que a alavancagem é neutra. Precisamos então analisar outras variáveis para decidir sobre o endividamento, já que, de acordo com aquela alavancagem, tanto faz. Para subsidiar essa decisão, é necessário verificar se os recursos gerados – fluxo de caixa operacional ou FCO – são suficientes para o pagamento da dívida. 9.3.2 CONCILIAÇÃO DE TAXAS Além da conciliação das taxas de captação com as taxas de aplicação, é preciso conciliar o prazo de amortização dos empréstimos com o prazo de geração de recursos. Dessa maneira, evitamos deixar a empresa em má situação financeira. Essa atitude é essencial, haja vista a dificuldade de renovação de empréstimos ou da obtenção de outros recursos para o pagamento de dívidas. Além disso, temosde investigar o impacto que uma nova dívida acarretará no custo da dívida – CD. Quanto mais alavancada financeiramente, maior risco a empresa expõe seus financiadores. Consequentemente, esses financiadores exigirão um retorno maior. Essa exigência aumentará o CD. Os juros – pagos ou devidos aos financiadores externos – são reconhecidos contabilmente como despesas financeiras, que são, tributariamente, despesas dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda. 9.4 CUSTO DO CAPITAL O custo de capital de terceiros aplicado na entidade é elevado... Altos níveis de endividamento são ruins... Essas são duas ideias que necessitam ser avaliadas! Estudando a alavancagem financeira, percebemos que essa situação só será ruim se os gestores da entidade tomarem decisões de investimento incorretas... Decisões incorretas levam a entidade a obter retornos abaixo do custo da dívida. Por outro lado, o crescente endividamento eleva o que denominamos risco do financiador – seja o acionista ou um terceiro. Dessa forma, o financiador passa a exigir que a entidade o remunere com taxas de retorno maiores, pois risco e retorno caminham juntos. 9.4.1 CÁLCULO DO CUSTO DO CAPITAL A ideia de que o custo do capital de terceiros é mais caro está distorcida. O custo de capital mais elevado para a empresa – normalmente – é o do capital próprio. Os diversos tipos de capitais investidos na empresa – próprio e de terceiros – apresentam um custo diferente para a entidade. Para avaliar o custo de capital da empresa, é necessário ponderarmos o custo do capital de cada um – terceiros e proprietários – em relação a seu volume de participação na estrutura de financiamento. O custo de capital de terceiros será denominado de CD, e o custo de capital próprio, de CPL. P é o montante de passivos onerosos da entidade. PL o montante de capital próprio. Para obtermos o custo médio ponderado de capital – CMPC – da entidade, basta aplicar a seguinte equação... A obtenção do CD é possível a partir das demonstrações contábeis – a relação entre os passivos onerosos do BP e das despesas financeiras na DRE. Já a obtenção do custo de capital próprio – CPL – não é tão simples... Existem modelos específicos para apurar o valor aproximado desse custo. Vamos então considerar um CPL já estabelecido. Unidade 10 – VALOR ECONÔMICO AGREGADO O Economic Value Added – modelo EVA – é uma marca registrada da Stern Stewart Inc. O EVA é uma medida de criação de valor identificada por meio do desempenho operacional da própria empresa. O EVA considera as informações contábeis da empresa como base de mensuração de seu desempenho, portanto, evidencia se ela agrega ou não valor aos donos da empresa. Em outras palavras, o EVA demonstra se o lucro líquido que a empresa obtém é suficiente para compensar o custo do capital – ou custo de oportunidade – dos donos em relação ao investimento realizado. EXEMPLO Vejamos um exemplo de aplicação do EVA... Determinada empresa possui um acionista que exige retorno de 25,02% sobre o capital por ele aplicado e que contribui com o imposto de renda na alíquota de 25% sobre o LAIR. No início do período, a empresa apurou o seguinte balanço patrimonial... BP,,,,, no início do período Lembre-se... estiver dentro dos parênteses. Consideramos o encargo financeiro de 30% por período sobre os empréstimos, a ser desembolsado no início do período seguinte, em conjunto com o imposto de renda. O resultado e o balanço final são indicados, respectivamente, nas demonstrações a seguir... DRE, no final do período BP,,,,, no final do período Podemos observar que o lucro agora sofre a incidência do imposto de renda. É necessário o uso desse artifício porque as despesas financeiras têm o efeito de reduzir o imposto – por reduzirem a base de seu cálculo –, e essa redução deve ser computada como devida aos passivos. 10.1 REMODELAGEM DA DRE Para analisarmos o exemplo, devemos remodelar a DRE, a fim de tornar possível... a verificação do lucro gerado pelos ativos – denominado lucro operacional líquido – LOL; a economia de imposto de renda gerada pelas despesas financeiras – EIR. demonstração de resultado no final do período 10.2 ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS Analisando em função dos valores investidos no início do período, temos.. 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑑í𝑣𝑖𝑑𝑎 = 𝐶𝐷 = "#$%#$& ()!&!*#)+&$ ,í./)0&$ 0# 12 %&$$)34 )!)*)&5 = 2$7 899,99 2$ ;9 999,99 = 22,5% (*) 𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑜 𝑅𝐴 = 5/*+4 4%#+&*)4!&5 5í./)04 &<)34 )!)*)&5 = 𝑅𝐴 = 2$= >89,99 2$ 79 999,99 = 24,38% (*) 𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑜 𝑅𝑃𝐿 = 5/*+4 5í./)04 ?, )!)*)&5 = 𝑅𝑃𝐿 = 2$8 ;89,99 2$ ;9 999,99 = 26,25% (*) (retorno sobre o PL) Tendo essas informações e considerando custo do PL – CPL – de 25,02% , identificamos que o custo médio ponderado do capital – ou CMPC – da identidade é... 𝑃 + 𝑃𝐿 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) = 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑅$40.000 𝐶𝑀𝑃𝐶 = 𝑃 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 × 𝐶𝐷% + 𝑃𝐿 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 × 𝐶𝑃𝐿% = 0,5 × 22,5% + 0,5 × 25,02% = 23,76% O percentual encontrado de custo médio ponderado – CMPC – representa a remuneração mínima exigida pelos financiadores – acionistas e credores – da entidade. O CMPC corresponde ao retorno mínimo que os ativos da entidade devem gerar para se tornarem economicamente atrativos. Se uma entidade apresenta um RA maior do que o CMPC, está agregando valor ao empreendimento. Essa empresa demonstra sua capacidade de remunerar investimentos e melhorar a avaliação de seu valor de mercado – valor de suas ações. Consequentemente, a entidade aumenta o valor do patrimônio dos acionistas e proprietários – sua riqueza. 10.3 VALOR AGREGADO Considerando o CPL = 25,02% e o RPL = 26,25%, essa entidade está agregando valor para o acionista 26,25% - 25,02% = retorno residual de 1,23% O percentual de 1,23%, aplicado sobre o capital investido pelo acionista – no exemplo, R$ 20.000,00 –, gera o lucro residual – ou valor agregado – de R$ 246,00. O valor de R$ 246,00 pode ser reconciliado descontando-se do lucro operacional líquido a despesa financeira líquida da economia tributária e o lucro líquido exigido pelo acionista, conforme a seguir... lucro operacional líquido = R$9.750,00 (-) remuneração do capital de terceiros (CD) = (DF - EIR) = (R$4.500,00) (-) remuneração líquida do capital próprio (CPL) = (CPL x PL) = (R$ 5.004,00) EVA (valor econômico agregado) = R$246,00 Ou calculado diretamente pela seguinte fórmula... EVA = LOL - CMPC x investimento total = R$9.750,00 - 23,76% x R$40.000,00 EVA = R$9.750,00 - R$9.504,00 = R$246,00 Podemos verificar que... o investimento total é a soma dos montantes de capitais de terceiros e próprio, que precisam ser remunerados – portanto, não é o mesmo valor do ativo total utilizado em alguns cálculos; o CPL é maior do que o CD em R$ 504,00 R$ 5.004,00 – R$ 4,500,00 – demonstrando que, nesse caso, o senso comum não se aplica. 10.4 VALOR DA EMPRESA Podemos proceder a avaliação do valor da empresa – VE – a partir de sua capacidade de geração de recursos – lucro operacional líquido ou LOL. Consideramos que, caso o lucro operacional se perpetue – seja para sempre –, o valor da empresa pode ser obtido pela razão entre o LOL e o CMPC. Desse modo, o valor de compra da empresa seria dado por... 𝑉𝐸 = 𝐿𝑂𝐿 𝐶𝑀𝑃𝐶 = 9 750 23,76% = 𝑅$ 41 035,35 Nesse caso, percebemos que a empresa tem um valor maior do que o registrado contabilmente ativo inicial... Normalmente, isso é considerado em casos de aquisições. Esse fato levaria os donos da empresa a terem um ganho ouum valor agregado total em relação ao investimento líquido inicial, VE – passivo – PL, ou a seu patrimônio líquido, de R$ 1.035,35 ou seja, R$ 41.035,35 – R$ 20.000,00 – R$ 20.000,00. BIBLIOGRAFIA BÁSICA CARDOSO, Ricardo Lopes; MARIO, Poueri do Carmo; AQUINO, André Carlos B. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2007. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7a ed. São Paulo: Harbras, 1997. ROSS, Stephen A et al. Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1995. SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: introdução à contabilidade societária. 2a ed. São Paulo: Atlas, 2008. FGVIDT .