Buscar

Fluidoterapia Veterinária

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

A fluidoterapia intravenosa constitui atualmente 
um trunfo para o profissional da área médica, já 
que grande parte das afecções que acometem 
o organismo levam a algum tipo de desequilíbrio, 
seja ele hídrico ou eletrolítico. O que ocorre na 
maioria das vezes é um despreparo do veterinário 
com relação aos aspectos práticos da 
fluidoterapia. 
Portanto, torna-se de grande importância o 
conhecimento dos aspectos fisiológicos e 
bioquímicos que controlam os equilíbrios hídrico e 
eletrolítico do organismo, permitindo a escolha 
correta. 
O termo soroterapia não deve ser utilizado como 
sinônimo de fluidoterapia, pois constitui-se na 
administração de soro. 
Em um animal que apresente um desequilíbrio 
hídrico haverá a instalação de um desequilíbrio 
eletrolítico. Por essa razão, o termo 
fluidoeletrolitoterapia pode também ser 
empregado. 
FUNÇÕES 
REPOR DEFICIÊNCIAS HÍDRICAS: Animais 
desidratados são mantidos sob fluidoterapia 
intensiva no sentido de se tentar restabelecer um 
quadro de normoidremia; Fornecer suporte 
nutricional: 
Animais caquéticos sempre necessitam de 
energia (calorias), que podem ser repostas por 
meio da administração de soluções coloidais 
contendo aminoácidos e lipídeos ou mesmo 
glicose 
REPOR ELETRÓLITOS ESSENCI AIS: A grande 
maioria dos quadros de desidratação conduzem 
ao desequilíbrio eletrolítico. 
A fluidoterapia pode estabilizar esses pacientes 
por meio da administração racional de eletrólitos; 
SERVIR COMO UM VEÍCULO DE INFUSÃO: 
Certos medicamentos de uso intravenoso podem 
ser administrados conjuntamente com os fluidos; 
 
EXPANDIR O VOLUME INTRAVASCULAR (VIV) 
RAPIDAMENTE: Nos casos de choque, 
hipovolemia ou desidratação severa, a 
diminuição do VIV leva à deficiência na perfusão 
tissular e consequente hipóxia 
MANUTENÇÃO DE UMA VI A DE ACESSO 
FÁCIL: Nos pacientes em estado de choque ou 
mesmo com desordens que impossibilitem o 
rápido acesso intravenoso (como ocorre nos 
animais epilépticos), a fluidoterapia mantém uma 
via venosa de acesso imediato para a infusão de 
drogas. 
DINÂMICA DA ÁGUA CORPORAL 
ÁGUA CORPORAL: Em animais adultos, a 
relação entre a percentagem de água e o peso 
corporal situa-se por volta de 60%, ou seja, um 
animal sadio é composto por 60% de água. 
Já os neonatos e animais jovens possuem uma 
maior percentagem de água corporal, situada 
entre 70%-80%. Uma das implicações deste fato é 
a maior severidade de um quadro de 
desidratação nesta faixa etária. 
Animais obesos possuem um menor percentual 
de água corporal, estando este valor em torno 
de 50%. Muito cuidado deve ser tomado quando 
é apresentado um animal obeso e desidratado, 
já que o estado de carne deste paciente pode 
mascarar a verdadeira gravidade da 
desidratação. 
Distribuição da água corporal: 
A água corporal distribui-se no organismo em dois 
compartimentos, o meio intracelular (MIC) e o 
meio extracelular (MEC). 
Cerca de 2/3 da água corporal encontra-se no 
MIC e o restante (1/3) no MEC, distribuída, neste 
último compartimento, no interior dos vasos e no 
interstício. Quando ocorrem quadros de 
desidratação leve, a água perdida advém do 
MEC, mas nos processos graves, há também 
perda de água do MIC (através de osmose) e 
consequente desidratação intracelular. 
Deve-se ter em mente que o MEC e o MIC 
apresentam-se como compartimentos dinâmicos, 
isto é, a passagem de água, eletrólitos e outras 
substâncias de baixo peso molecular entre eles é 
constante. 
PERDA DE ÁGUA: 
As perdas obrigatórias (ou fisiológicas) 
correspondem àquelas inclusas nos processos de 
regulação térmica (transpiração cutânea e 
respiração pulmonar) e eliminação de 
catabólitos (fezes e urina). Logo, os quatro sítios 
anatômicos envolvidos com as perdas 
obrigatórias são pulmões, pele, rins e trato 
gastrointestinal. 
As perdas aditivas são todas aquelas que não se 
encaixam nas perdas obrigatórias, ou seja, 
vômito, diarreia, poliúria/polaciúria, sudorese 
intensa e sialorreia. 
NECESSIDADES DI ÁRI AS DE ÁGUA: 
Cada espécie animal possui uma necessidade 
diária de água. Mesmo dentre espécies, há 
variações relacionadas à idade, estado 
fisiológico (prenhez, convalescência) e 
individualidade metabólica. 
Em cães adultos, recomenda-se utilizar uma taxa 
de 35-60 ml/kg/dia; 
os cães jovens necessitam de 50-70 ml/kg/dia e 
os neonatos/lactentes de 150 ml/kg/dia. 
Em equinos, a taxa utilizada é de 30-60 ml/kg/dia 
(animal em privação completa de alimentos e 
água). Essas taxas podem variar enormemente 
em função da patologia primária instalada 
(perdas aditivas). 
Os bezerros neonatos necessitam de 50-100 
ml/kg/dia de fluidos para a manutenção, sendo 
que, em quadros graves de diarreia, estes 
animais podem perder até 4 litros de fluido 
diariamente. 
TIPOS DE DESIDRATAÇÃO: 
Existem três tipos básicos de desidratações em 
animais: isotônicas, hipertônicas e hipotônicas. 
Na desidratação isotônica ocorre perda de 
líquido isotônico, não havendo passagem de 
líquido do MEC para o MIC. É um tipo raro de 
desidratação. 
Na desidratação hipotônica caracteriza-se por 
uma perda de eletrólitos superior à de água. O 
MEC ao ficar osmoticamente mais forte, recebe 
água do MIC para compensação fisiológica. 
A consequência é uma desidratação ao nível 
intracelular (grave). 
Na desidratação hipertônica dá-se quando a 
perda de água é maior que a de eletrólitos. A 
água é trocada do MEC para o MIC, pois este 
último apresenta, inicialmente, maior potencial 
osmótico. 
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO 
DISTRIBUIÇÃO DE ELETRÓLITOS E TAMPÕES: 
No organismo para que as funções vitais 
ocorram, é necessário que o meio interno possua 
um pH pré-estabelecido. A variação de pH é 
mínima nos animais e o valor médio situa-se em 
7,4, podendo variar de 7,32 a 7,53. 
A manutenção do pH corporal é realizada 
através de sistemas-tampões, pelos pulmões e 
rins. Os sistemas-tampões são encontrados no 
plasma e nas hemácias (bicarbonatos, fosfatos e 
proteinatos) os pulmões interferem no equilíbrio 
ácido-básico através da troca gasosa O2 -CO2. 
Nos rins, constituintes plasmáticos como o sódio, 
potássio, cloretos, fosfatos, amônia e bicarbonato 
são as principais substâncias envolvidas no 
controle eletrolítico (e de pH) do organismo. 
ACIDOSES: 
A acidose é uma condição anormal 
caracterizada pela diminuição do pH sangüíneo 
(acidemia) e ganho de ácidos fortes e/ou perda 
de bicarbonato, constituindo o desequilíbrio 
ácido-básico mais comum em animais 
domésticos. 
PODE SE DAR POR TRÊS RAZÕES PRINCIPAIS: 
Superprodução de H+ (choque hipovolêmico, 
esforço anaeróbico) 
Os quadros de cetoacidose/cetose (diabetes 
melitus, inanição, doenças infecto-contagiosas, 
cólicas, impacção rumenal, toxemia da 
gestação,) 
ESGOTAMENTO DAS RESERVAS DE TAMPÕES: 
perda de bicarbonato pelos intestinos ou rins 
(diarréia, o vômito com predominância de 
conteudo intestinal e a insuficiência renal) 
DEFICIÊNCIA DA EXCREÇÃO DE ÁCIDOS: 
comumente encontrado na insuficiência renal 
crônica. 
ALCALOSES: 
As alcaloses são originárias do ganho de bases 
fortes e/ou perda de ácidos fortes. 
EM CÃES AS CAUSAS MAIS COMUNS SÃO: 
Vômito profuso (perda de cloretos e H+ advindos 
do suco gástrico) Síndrome de Cushing 
(hiperadrenocorticismo), corticosteroidoterapia, 
esteroidoterapia 
Em equinos e bovinos a alcalose ocorre nos 
quadros de refluxo gástrico, paralisia intestinal, 
sudorese excessiva, sialorreia profusa, 
diureticoterapia e vômitos. 
TIPOS DE FLUIDOS MAIS UTILIZADOS 
Os fluidos mais utilizados são as soluções coloidais 
e os cristalóides. As soluções coloidaissão 
compostas de macromoléculas de alto peso 
molecular e que permanecem no espaço 
intravascular (EIV) após a sua administração. 
A albumina, o dextrano e o plasma são exemplos 
destas soluções, que só devem ser utilizadas por 
via endovenosa. 
Os colóides de uso clínico são denominadosde 
expansores plasmáticos, sendo mais utilizados 
quando se necessita aumentar, de forma rápida 
e efetiva, o VIV. 
◦ Pacientes politraumatizados e hipovolêmicos 
(atropelamentos, queimaduras extensas); 
◦ Pacientes hipovolêmicos e com edema 
cerebral e/ou pulmonar; 
◦ Pacientes em choque. 
Os cristalóides são soluções que consistem 
primariamente de água com cloreto de sódio ou 
uma base glicosada. Essas substâncias são 
divididas em fluidos de reposição e fluidos de 
manutenção. 
Os fluidos de reposição possuem osmolaridade 
semelhante ao plasma, podendo ser 
acidificantes ou alcalinizantes. 
Eles são utilizados quando o animal inicia o 
esquema fluidoterápico, sendo fornecidos em 
grandes quantidades sem que haja alteração 
significativa dos eletrólitos plasmáticos. 
Como exemplo de fluidos de reposição podem 
ser citadas as soluções de Ringer (normal e com 
precursores de bicarbonato) e a própria solução 
de NaCl a 0,9%. 
Os fluidos de reposição que alcalinizam o sangue 
são indicados nos casos de acidose e os 
exemplos podemos citar as soluções de Ringer 
com precursores de bicarbonato (acetato, 
gluconato e lactato). 
Já os fluidos de reposição do tipo acidificantes 
são indicados para animais com quadro clínico 
de alcalose. Os exemplos típicos deste tipo de 
fluido são a salina isotônica e a solução de 
Ringer. 
FLUIDOS DE MANUTENÇÃO: 
De um modo geral, as soluções de manutenção 
são formadas pela adição de outros eletrólitos a 
uma fórmula original. 
Existem vários tipos destes fluidos disponíveis para 
uso clínico, mas muito cuidado deve ser tomado 
em relação à sua constituição, pois o excesso de 
alguns eletrólitos pode levar até mesmo ao óbito 
(como ocorre no uso de suplementação de 
fontes de potássio em animais cardiopatas). 
As soluções aquosas contendo glicose penetram 
nas células, sendo então metabolizadas. Este 
processo gera água e energia. Ao contrário do 
que se pensa, essas soluções não contêm 
calorias suficientes para suprir os requerimentos 
energéticos de um animal doente. 
Além disso a concentração do soluto utilizado é 
importante, pois tais soluções podem causar 
graves quadros de desidratações nos animais 
quando empregadas de forma inadequada. 
SOLUÇÃO ISOTÔNICA DE CLORETO DE 
SÓDIO: 
A solução de NaCl a 0,9% é um fluido de grande 
valia nas alcaloses, pois reduz a concentração 
de HCO3-sérico. 
O sódio sérico constitui no principal fator 
determinante das forças osmóticas no MEC, 
fazendocom que a água se movimente 
livremente entre os compartimentos biológicos de 
maneira rápida. 
É errôneo afirmar que este fluido possua a mesma 
composição do plasma, mas sim a mesma 
pressão osmótica, já que o seu conteúdo de 
cloreto é maior do que o teor plasmático 
(acidose). Suas principais funções no esquema 
fluidoterápico são reposição de líquido do meio 
interno, com aumento da concentração de 
cloro, reposição do suco gástrico com aumento 
da concentração de sódio e reposição de urina 
eliminada em condições normais. 
SOLUÇÃO DE RINGER: 
Possui a mesma finalidade do NaCl 0,9%, porém é 
mais completo que aquele, por ser uma mistura 
de eletrólitos. Não deve ser utilizado quando há 
hipocalemia, pois é um fluido pobre em potássio. 
SOLUÇÃO DE RINGER-LACTATO: 
São soluções salinas modificadas, evitando-se o 
alto teor de cloretos e com uma adição de 
eletrólitos ausentes na constituição original. 
Lactato, este é convertido a bicarbonato no 
fígado, sendo, portanto, utilizada nos casos de 
acidose. 
SOLUÇÕES GLICOSADAS: 
Têm a concentração de glicose variável entre 5% 
(isotônico) e 50% (hipertônico). O soluto a 5% 
possui a principal finalidade de fornecer energia 
ao organismo. 
Este fluido é indicado para reverter quadros de 
acidose, pois inibe a utilização de proteínas e 
gorduras pelos animais (mecanismo gerador de 
corpos cetônicos). 
As soluções hipertônicas só devem ser utilizadas 
por vias intravenosa ou intraóssea devido ao 
poder irritante local e mesmo à capacidade 
osmótica elevada. 
SOLUÇÃO GLICOFISIOLÓGICA: 
Também chamada de solução glicosalina, possui 
glicose associada com NaCl. 
Devido à capacidade inibidora da glicose sobre 
a lipólise e a proteólise, este fluido é indicado 
para o tratamento das acidoses. 
 
APLICAÇÕES PRÁTICAS DE 
FLUIDOTERAPIA 
Grau de desidratação 
estimado em função do 
peso corporal total 
Sinais Clínicos mais 
evidentes 
 <5 % Histórico de vômito/diarreia 
branda, mas sem 
anormalidades no exame 
físico. 
 5% Mucosa oral seca 
 6-8% Turgor cutâneo diminuído, 
mucosa oral seca 
(pegajosa), 
globos oculares 
ligeiramente retraídos 
 10-12% Turgor cutâneo 
marcadamente diminuído, 
mucosa oral seca 
(pegajosa), pulso rápido e 
fraco, tempo de perfusão 
capilar aumentado 
(>3segundos), depressão 
mental leve, oligúria, globos 
oculares visivelmente 
retraídos. 
 >12% Estupor, convulsões, coma e 
todos os sinais acima 
citados acentuados. 
 
Animais senis possuem menor elasticidade 
cutânea; além disto, devido às cardiopatias tão 
comuns nesta faixa etária, pode haver 
diminuição da frequência de pulso e maior 
tempo de preenchimento capilar. 
Animais obesos possuem maior quantidade de 
gordura na camada cutânea; logo, o teste de 
elasticidade da pele pode resultar em um falso-
negativo quando os animais apresentam 
desidratação. 
Animais caquéticos, da mesma forma que os 
senis, possuem menor teor hídrico na pele, 
podendo levar a um diagnóstico falso-positivo de 
desidratação. 
Em grandes animais, a estimativa da 
desidratação não se constitui em tarefa fácil. 
A avaliação do turgor cutâneo nem sempre é 
confiável e, além disto, os bovinos e equinos são 
proporcionalmente mais resistentes às 
desidratações do que pequenos animais. 
Em bovinos, a avaliação da desidratação é 
estimada através dos mesmos sinais clínicos 
descritos anteriormente. Aliam-se a estes sinais o 
reflexo de sucção, a temperatura externa das 
extremidades e o próprio comportamento do 
animal. 
ESQUEMA FLUIDOTERÁPICO BÁSICO 
De acordo com este esquema, uma fluidoterapia 
deve conter três partes fundamentais: 
Fluidoterapia de reposição; 
Fluidoterapia de manutenção; 
Fluidoterapia de perdas contínuas. 
FLUIDOTERAPIA DE REPOSIÇÃO: 
A fluidoterapia de reposição constitui-se na 
restauração do volume de água perdido pelo 
animal durante o processo de desidratação. 
Por exemplo, se um equino possui um grau de 
desidratação estimado em 8% e o seu peso é de 
450 kg, deve-se repor cerca de 40 litros de 
líquido, já que foi este o volume perdido. 
Em pequenos animais deve-se repor este volume 
em um esquema básico de três dias, sendo 
fornecido 50% do valor total no primeiro dia e 25% 
deste volume nos subsequentes. 
Peso do animal 
desidratado: 
 13kg 
Grau de desidratação: 6% 
Peso real do animal: 13,83 kg (13 x 100/100 -6) 
Perda de água: 13,83 -13 = 0,83 ou (830 ml) 
 1º dia: 415 ml (50% de 830 ml) 
 2º dia: 207,5 ml (25% de 830 ml) 
 3º dia: 207,5 ml (25% de 830 ml) 
FLUIDOTERAPIA DE MANUTENÇÃO: 
A fluidoterapia de manutenção visa suprir o 
animal da água necessária para o metabolismo 
normal do organismo. As necessidades variam 
em função da espécie animal, faixa etária e 
condição fisiológica. Esta fluidoterapia deve ser 
realizada diariamente, e varia principalmente 
para um mesmo animal, em função do peso 
corporal. Para o cão citado anteriormente e 
supondo-se que o mesmo seja adulto, a 
necessidade de água para a manutenção varia 
de 35-50 ml/kg/dia. Considerando um valor 
médio de 42,5 ml, tem-se o seguinte valor: 
 
Peso do animal desidratado 13kg 
Volume necessário 552,5 (42,5 x 13) 
 
FLUIDOTERAPIA DE MANUTENÇÃO: 
Este volume deve ser adicionado ao valor obtido 
anteriormente para o primeiro dia (reposição).Desta forma, no primeiro dia, este cão receberia 
415 ml (reposição) mais 552,5 ml (manutenção), 
totalizando 967,5 ml. Para o segundo dia este 
animal deve ser pesado, e a manutenção 
recalculada de acordo com este novo valor. 
Se não houve aumento de peso ou, se ao 
contrário, ocorreu diminuição, provavelmente há 
erros na fluidoterapia proposta. Muita atenção 
deve ser dada aos parâmetros clínicos, diurese e 
presença de corrimento nasal. 
Uma diurese insuficiente em animais sob 
reidratação pode indicar subdosagem. Por outro 
lado, uma auscultação ruidosa do pulmão e 
presença de um corrimento nasal seroso podem 
indicar uma hiperidratação com edema 
pulmonar. 
FLUIDOTERAPIA DE PERDAS CONTÍNUAS: 
A fluidoterapia de perdas contínuas é 
dependente das possíveis perdas extraordinárias 
que o animal possa vir a ter. Os dois principais 
fatores envolvidos neste tópico são a diarreia e o 
vômito. 
Para pequenos animais, deve-se adicionar ao 
volume de fluido diário uma taxa de 10-20 ml/kg 
(diarreia) e 2-5 ml/kg (vômitos). Alguns autores 
recomendam a adição de até 50 ml/kg/dia. 
Para equinos, estas perdas podem chegar a 200 
ml/kg/dia em casos de diarreias severas. 
Este esquema de perdas contínuas deve ser 
mantido até a interrupção dos sinais clínicos. 
TEMPO DE INFUSÃO 
A infusão intravenosa contínua (24 h/dia) é 
sempre mais recomendada, entretanto, por 
motivos operacionais sabe-se que nem sempre 
esta proposta é viável. 
Deve-se optar por um tempo de infusão o maior 
possível para evitar o aparecimento de 
hipertensão e posterior colapso circulatório, ou 
mesmo a instauração de um desequilíbrio 
eletrolítico iatrogênico. 
 
CÁLCULO DA INFUSÃO 
Após a determinação do volume de fluido a ser 
administrado diariamente e a escolha adequada 
do mesmo e o tempo de fluidoterapia, deve-se 
calcular o número de gotas a ser dado por 
minuto (gpm). 
O sistema de infusão contém o frasco do fluido, o 
equipo (com câmara gotejadora, mangueira de 
condução, válvula e manguito de inoculação) e 
o cateter. Cada câmara gotejadora possui um 
diâmetro próprio que determina o número de 
gotas por mililitro (gpml). 
Desta maneira, 1 ml em equipos macrogotas 
equivalem a 20 gts, e 1 mL em equipos 
microgotas equivalem a 60 gotas. 
LIMIAR RENAL FISIOLÓGICO 
Um fator de grande importância diz respeito ao 
limiar renal fisiológico (volume máximo de 
excreção renal), que deve ser respeitado. 
Em cães e gatos, este limiar situa-se por volta de 
10 ml/kg/hora. LRM = (peso do animal, em kg) x 
(10 ml/h) 
Qualquer acréscimo ao volume a ser excretado 
pelos rins pode resultar em edema e/ou distúrbios 
hidroeletrolíticos graves. 
 
 
 
 
FLUIDOTERAPIA ORAL 
IMPORTÂNCI A CLÍNICA 
A prática da fluidoterapia oral (FO) é muitas 
vezes subestimada em medicina veterinária, 
apesar do seu amplo uso em pediatria humana. 
Esta via é a mais segura de todas não causando 
efeitos deletérios significativos caso ocorram 
falhas na administração de soluções 
hidroeletrolíticas diversas. Além disso, é a única 
via em que as necessidades calóricas podem ser 
totalmente supridas. 
Apesar das inúmeras vantagens apontadas na 
adoção da FO, ainda não existem dados exatos 
sobre as concentrações dos fluidos a serem 
utilizados. 
 
FATORES DE INTERFERÊNCIA 
Uma preocupação constante da FO diz respeito 
à integridade das vilosidades intestinais, já que 
esta região é responsável pela absorção de 
eletrólitos e água. 
Se o animal apresenta um quadro de diarreia 
aguda, com posterior destruição parcial do 
epitélio intestinal, a FO pode não ser tão útil 
quanto outras vias de administração de fluidos. 
Outro motivo que prejudica a eficácia da FO é o 
efeito lento, já que a absorção não se faz tão 
rapidamente como por outras vias. 
O vômito interfere parcialmente na eficácia da 
FO, pois um desequilíbrio hidroeletrolítico se 
instala rapidamente. 
 
 
 
 
SOLUÇÕES PARA REPOSI ÇÃO ORAL 
As soluções de fluidoterapia oral (SFO) devem 
conter uma fonte de carboidrato (glicose, 
frutose), eletrólitos (sódio, potássio, cloro), 
aminoácidos (glicina) e, ocasionalmente, 
agentes alcalinizantes (bicarbonato de sódio, 
citrato de sódio, lactato, acetato). 
A razão pela qual esta mistura deve possuir todos 
estes elementos fundamenta-se no fato de que 
há um fenômeno de transporte conjunto entre o 
sódio, o carboidrato e o aminoácido. A absorção 
deste complexo se faz rapidamente por via oral. 
A água também é absorvida por gradiente 
osmótico. 
 
As SFO são classificadas em: 
Soluções contendo bicarbonato e que não 
requerem metabolismo tissular; 
Soluções contendo bases (sais de lactato e 
acetato) que requerem metabolismo tissular; 
Soluções que não contém agentes alcalinizantes. 
As SFO para uso humano não estão indicadas 
para a utilização em pequenos animais, pois 
contém carboidratos em excesso e baixa 
concentração de sódio. Estas soluções 
hipertônicas levam à destruição da mucosa 
jejunal, diarreia osmótica e posterior 
hipernatremia. 
UTI LI ZAÇÃO DA FO EM PEQUENOS ANIMAIS 
A FO em pequenos animais deve ser realizada 
seguindo alguns critérios básicos. 
Casos graves de diarreia e vômito não devem ser 
manejados por meio da FO, mas sim com infusão 
intravenosa/intraóssea. Ao iniciar a FO, deve-se 
suspender a alimentação do animal para evitar a 
formação de um gradiente osmótico reverso no 
lúmen intestinal (48 a 72 horas de jejum alimentar 
são suficientes). A administração do fluido deve 
ser feita preferencialmente ad libitum, porém na 
maioria dos casos é necessário o uso de uma 
sonda ou seringa adaptada. 
A dose preconizada é de 150 ml/kg/dia, 
fornecendo o fluido por um período mínimo de 
quatro a seis horas por dia. 
Após a obtenção do aspecto normal das fezes, 
uma dieta leve deve ser fornecida. Esta dieta 
pode ser constituída por legumes, verduras, arroz 
cozido (sem tempero nem óleo) ou alimento 
comercial para bebês. 
UTI LI ZAÇÃO DE FO EM BEZERROS 
Em bezerros, a FO vem assumindo um papel 
importante na reidratação. Nestes animais, a 
morte pela diarreia tem sido atribuída à 
desidratação, às perdas eletrolíticas e ao déficit 
energético. Bezerros que não possuem um grau 
de desidratação estimado maior que 8% são 
pacientes eletivos para a FO. 
Esta prática possibilita ainda uma correta 
administração de K+, podendo ser utilizada por 
leigos sem risco potencial para o animal. 
As SFO utilizadas devem possuir um agente 
alcalinizante, já que se torna preponderante a 
reversão rápida da grave acidose instalada. A 
administração das SFO em bezerros deve seguir 
os mesmos requisitos preconizados para 
pequenos animais, porém a dose deve situar-se 
entre 30 e 40 ml/kg/ três vezes ao dia, contendo 
60 a 70 g/l de glicose. 
Para muitos pesquisadores, a administração 
conjunta de SFO bicabornatadas e leite (ou seus 
derivados) é prejudicial pois impede a formação 
do coágulo de caseína gerando diarreia 
osmótica. Isto ocorre devido ao bloqueio da 
ação da renina em ambiente alcalino. 
A solução, então, é a utilização de SFO 
acrescidas de precursores do bicarbonato 
(lactato). Além disso o leite administrado em 
conjunto com as SFO apresentará uma diluição 
do Ca2+ no abomaso, também interferindo na 
coagulação láctea. Desta maneira, ao iniciar a 
FO, o leite será substituído integralmente pelas 
SFO por um período máximo de 72 horas. 
Em seguida, mesmo se a diarreia persistir, deve-se 
retornar com o leite (este procedimento impedirá 
que haja atrofia das vilosidades intestinais e 
consequente síndrome calórico-protéica 
gastrointestinal). 
Outra alternativa é a administração das SFO 
cerca de duas a três horas após o fornecimento 
do leite ou derivados, evitando, assim, 
interferências na coagulação láctea e na 
concentração abomasal final do íon cálcio. 
UTI LI ZAÇÃO DE FO EM EQUINOS 
Da mesma forma que ocorre em outras espécies 
animais, aFO em equinos é pouco utilizada. 
As diarreias crônicas em potros podem ser 
razoavelmente controladas por meio do 
fornecimento de bicarbonato de sódio e cloreto 
de potássio dissolvidos na água do bebedouro. 
Em animais adultos, caso não haja a ingestão 
voluntária das SFO, pode-se utilizar do artifício de 
uma sonda nasogástrica. 
A adição de glicina e glicose às SFO favorece a 
absorção de sódio, como foi comentado 
anteriormente. 
A taxa de administração via sonda nasogástrica 
gira em torno de cinco litros a cada três horas, ou 
10-200 ml/kg/dia de água concentração 
abomasal final do íon. 
RAPHAELA BARBOSA 
 @VETRAPHASTUDIES 
 
 
	FUNÇÕES
	DINÂMICA DA ÁGUA CORPORAL
	Distribuição da água corporal:
	Perda de água:
	Necessidades diárias de água:
	Tipos de desidratação:
	EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO
	Distribuição de eletrólitos e tampões:
	Acidoses:
	Alcaloses:
	TIPOS DE FLUIDOS MAIS UTILIZADOS
	Fluidos de manutenção:
	Solução isotônica de cloreto de sódio:
	Solução de Ringer:
	Solução de Ringer-lactato:
	Soluções glicosadas:
	Solução glicofisiológica:
	APLICAÇÕES PRÁTICAS DE FLUIDOTERAPIA
	Esquema fluidoterápico básico
	Fluidoterapia de reposição:
	Fluidoterapia de manutenção:
	Fluidoterapia de manutenção:
	Fluidoterapia de perdas contínuas:
	Tempo de infusão
	CÁLCULO da infusão
	Limiar renal fisiológico
	FLUIDOTERAPIA ORAL
	IMPORTÂNCIA CLÍNICA
	FATORES DE INTERFERÊNCIA
	SOLUÇÕES PARA REPOSIÇÃO ORAL
	UTILIZAÇÃO DA FO EM PEQUENOS ANIMAIS
	UTILIZAÇÃO DE FO EM BEZERROS
	UTILIZAÇÃO DE FO EM EQUINOS