Text Material Preview
MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM Língua Portuguesa 1º Ano Disciplina: Linguística I Código: Total Horas/1 Ano: 150 Créditos (SNATCA): 6 Número de Temas: 12 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail: isced@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela Coordenação Pelo design Direção Académica do ISCED Direção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e Logística Pela Revisão Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) Elaborado Por: MsC Jane A. Mutsuque ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I iii VISÃO GERAL 1 Benvindo à Disciplina/Módulo de Linguística I ................................................................. 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de Actividades ....................................................................................................... 4 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8 Avaliação ........................................................................................................................... 9 TEMA I - CONSIDERAÇÕES GERAIS À DISCIPLINA: Natureza, objectivos e Princípios 11 Introdução ....................................................................................................................... 11 1.1 A Linguística como Disciplina Científica ................................................................. 11 1.2 Fases da Linguística - Histórico do Surgimento da Linguística ............................... 12 1.3 Objecto de Estudo da Linguística ........................................................................... 14 1.4 Ramos da Linguística .............................................................................................. 14 1.5 Matéria e Tarefas da Linguística ............................................................................ 15 1.6 Relação da Linguística com outras Ciências ........................................................... 16 Sumário ........................................................................................................................... 17 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 18 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 18 TEMA II - A GRAMÁTICA 19 Introdução ....................................................................................................................... 19 2.1 Conceito de Gramática ........................................................................................... 19 2.2 Componentes/Classificação da Gramática............................................................. 20 2.3 Áreas de Estudo da Gramática ............................................................................... 21 2.4 Função da Gramática.............................................................................................. 21 2.5 Tipos de Gramáticas ............................................................................................... 21 Síntese ............................................................................................................................. 23 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 23 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 24 TEMA III - A LINGUAGEM (HUMANA) 25 Introdução ....................................................................................................................... 25 2.4 Conceito ………………………………. .............................................................................. 25 3.2 Origem e Evolução da Linguagem .......................................................................... 26 3.3 Teorias Filosóficas da Linguagem ........................................................................... 26 3.4 Tipos de Linguagem ................................................................................................ 28 3.5 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças) .............................. 29 Síntese ............................................................................................................................. 30 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 31 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 31 ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I iv TEMA IV - PRINCÍPIOS DA FONÉTICA 32 Introdução ....................................................................................................................... 32 4.1 Conceito de Fonética .............................................................................................. 32 4.2 As Propriedades Articulatórias ............................................................................... 32 4.3 Componente da Fonética ....................................................................................... 33 4.4 Funcionamento do Aparelho Fonador Humano .................................................... 34 Síntese ............................................................................................................................. 37 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 37 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 37 TEMA V- TRANSCRIÇÃO FONÉTICA: Classificação dos Sons 38 Introdução ....................................................................................................................... 38 5.1 Alfabeto Fonético Internacional ............................................................................. 38 5.2 Classificação dos Sons Linguísticos......................................................................... 41 Síntese ............................................................................................................................. 45 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 46 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 46 TEMA VI - PRINCÍPIOS DA FONOLOGIA 47 Introdução ....................................................................................................................... 47 6.1 Conceito de Fonologia ............................................................................................ 47 6.2 Fonema, Fones e Alofones ..................................................................................... 47 Síntese ............................................................................................................................. 53 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 53 Exercício de Aplicação ..................................................................................................... 54 TEMA VII - PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA 55 Introdução ....................................................................................................................... 55 7.1 A Concepção de Morfologia ................................................................................... 55 7.2 Critérios da Definição da Palavra ........................................................................... 55 7.3 Tipos de Morfemas ................................................................................................. 57 7.4 Estrutura Interna da Palavra .................................................................................. 59 7.5 Palavras Simples e Complexas................................................................................ 61 Síntese ............................................................................................................................. 63 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 63 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 64 TEMA VIII - A SINTAXE (NOÇÃO E ESTRUTURA DOS CONSTITUINTES) 65 Introdução ....................................................................................................................... 65 8.1 Conceito de Sintaxe ................................................................................................ 65 8.2 Estrutura dos Constituintes (constituintes imediatos) .......................................... 66 8.3 Frase, Oração e Período ......................................................................................... 74 Síntese ............................................................................................................................. 77 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 78 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 78 ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I v TEMA IX - INTRODUÇÃO À SEMÂNTICA 79 Introdução ....................................................................................................................... 79 9.1 Conceito da Semântica ........................................................................................... 79 9.2 Noção de Sema ....................................................................................................... 80 9.3 Relações de Sentido (identidade ou igualdade de sentido) ................................... 81 9.4 Relações de Oposição ou Dissemelhança de Sentido ............................................ 82 9.5 Distinção entre Conotação e Denotação: .............................................................. 85 Síntese ............................................................................................................................. 85 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 86 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 86 TEMA X - INTRODUÇÃO À PRAGMÁTICA 88 Introdução ....................................................................................................................... 88 10.1 Conceito de Pragmática ....................................................................................... 88 10.2 Princípios da Pragmática: Actos Ilocutórios ......................................................... 89 Síntese ............................................................................................................................. 91 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 92 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 92 TEMA XI - LÍNGUA: Falada e Escrita 93 Introdução ....................................................................................................................... 93 11.1 Acepções sobre o Conceito de Língua. ................................................................. 93 11.2 Diferenças entre a Língua e Fala .......................................................................... 96 11.3 Relação das Línguas com a Escrita ....................................................................... 96 Síntese ............................................................................................................................. 97 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 98 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 98 TEMA XII - NOÇÕES DE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLINGUÍSTICA 99 Introdução ....................................................................................................................... 99 12.1 Sociolinguística ..................................................................................................... 99 12.2 Conceito de Psicolinguística ............................................................................... 106 Síntese ........................................................................................................................... 107 Auto-Avaliação .............................................................................................................. 108 Exercícios de Aplicação ................................................................................................. 108 RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO 110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114 ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 1 VISÃO GERAL Benvindo à Disciplina/Módulo de Linguística I Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Linguística I deverá ser capaz de: conhecer os conceitos básicos da linguística, destacando seus objectivos, sua sistematização, seus procedimentosconcebidos para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenómenos que afectam as situações linguísticas numa perspectiva geral. Objectivos Específicos Definir Linguística e suas importância. Fazer um breve percurso histórico da disciplina. Conhecer as diferentes formas manifestação da linguagem; Conhecer a gramática e seus componentes. Saber reconhecer os fenómenos de variação linguística. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do Curso de Licenciatura em Língua Portuguesa do ISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 2 Como está estruturado este módulo Este módulo, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades prátilcas, sendo algumas de estudo de caso. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 3 Outros recursos A equipa dos acadêmicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 4 Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico- Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de Actividades Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 5 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 6 juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos os conteúdo de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama- se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto temposerá dedicado ao estudo e a outras actividades. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 7 É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar. Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Daí a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 8 As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver habito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 9 Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 10 Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 11 TEMA I - CONSIDERAÇÕES GERAIS À DISCIPLINA: Natureza, objectivos e Princípios Introdução Caro estudante, vais iniciar os seus estudos na disciplina de Linguística com um tema que faz uma breve introdução à cadeira. As informações que aqui são vinculadas irão permitir que você tenha uma visão geral da linguística como disciplina científica; sobre o panorama histórico, o objecto de estudo da disciplina; os ramos da disciplina e a relação da linguística com outras ciências. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos Específicos Definir linguística; Descrever todos o processo histórico do surgimento da Linguística; Indicar as fases porque a Linguística passou; Descrever os ramos da linguística; Identificar o principal objecto de estudo da Linguística; Relacionar a linguística com outras ciências. 1.1 A Linguística como Disciplina Científica As questões teóricas relativas à linguagem e às línguas, e as análises decorrentes da investigação integrada em quadros teóricos, ainda que possam constituir o conteúdo de gramáticas gerais ou particulares pertencem, na realidade, à ciência da linguagem denominada Linguística. Este termo foi utilizado pela primeira vez em alemão – Sprachwissenschaft – numa obra de 1833, indica o estudo das línguas “por si mesma” e não como reflexo de uma lógica filosófica ou como uma arte de bem falar. A linguística é um estudo científico porque assenta em pressupostos teóricos coerentes, utiliza objectividade e rigor na descrição dos dados e apresenta hipóteses de explicação com base nos pressupostos ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 12 teóricos, hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas perante os dados das línguas em análise. 1.2 Fases da Linguística - Histórico do Surgimento da Linguística Há relatos por parte de vários linguistas que a Linguística enquanto disciplina cientifica o surgiu com aLinguística Moderna no final do século XIX. Aqui vamos avançar até chegar ao início de século XXI, apresentando um amplo painel das escolas linguísticas modernas e contemporâneas, sem descuidar da influência exercida por estudiosos de outras áreas sobre as investigações da linguagem humana. Partindo de Platão, Aristóteles, dos estóicos e dos primeiros gramáticos da Antiguidade, a linguística vai além de Saussure, Bakhtin e Chomsky, elencando os principais nomes e vertentes deste campo e projectando luzes sobre as tendências teóricas que vieram a se tornar dominantes na Linguística no século que terminou e no actual século. Os estudos da língua passaram por três fases sucessivas e distintas: a Gramática, que visava unicamente a formular regras para definir o que é certo e o que é errado; a Filologia, que se preocupou em comparar textos de épocas diferentes para determinar as peculiaridades de cada autor, antecedendo a Linguística Histórica; e a Gramática Comparada, que, ao justapor línguas diferentes, como o sânscrito, o grego e o latim, concluiu que todas pertenciam à mesma família, sendo possível, por exemplo, explicar as formas de uma língua pelas formas de outra. A fase da Gramática Comparada descobriu-se aspectos ligados a existência de uma relação entre os paradigmas gregos e latinos. Estes estudos foram desenvolvidos por Franz BOPP. Ele observou que o ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 13 paradigma sânscrito deixa clara a noção de radical, elemento determinável e fixo numa série de palavras da mesma família. Assim, o sânscrito ajudou muito as pesquisas linguísticas, pois acabou esclarecendo outras línguas. Muitos foram os linguistas que se evidenciaram na genesse dos estudos linguísticos: Jacob Grimm, Pott, Kuhn, Aufrecht, Max Müller, Curtius e Schleicher. Alguns deles se aprofundaram nos estudos comparativos, conciliando a Gramática Comparativa com a Filologia, fases que, como vimos, antecederam a Linguística, fazendo surgir, assim, a escola comparatista. Porém, tal escola nunca se preocupou em determinar a natureza das línguas. Sem essa preocupação, ela não se constituiu em uma ciência, já que não estabeleceu métodos. Nota-se que a condição básica para o surgimento de uma ciência é o estabelecimento de métodos. Essa escola foi exclusivamente comparativa, em vez de histórica. Além disso, ela nunca se questiona os motivos de fazer tais comparações, portanto, dela nada se pode concluir. Os estudos comparativos acabaram por não corresponder à realidade, portanto, passaram a ser estranhos às condições da linguagem, por isso foram considerados excêntricos e erróneos. Porém, esses erros acabaram sendo importantes, pois originaram as pesquisas científicas e os estudos de Linguística propriamente ditos. Isso está bem claro: os erros de uma teoria levam ao surgimento de outras. A comparação é apenas um método. É assim que se dá o início a Linguística como uma ciência da linguagem. Ela nasceu do estudo das línguas românicas e das germânicas. Esse estudo aproximou a ciência de seu objecto de estudo, ou seja, a Linguística da linguagem. As pesquisas linguísticas tornaram- se concretas, já que contaram com a ajuda de numerosos documentos que perduraram durante séculos. Tais documentos permitiam acompanhar a evolução dos idiomas, em especial do latim, protótipo ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 14 das línguas românicas; e do germânico, protótipo das línguas indo- européias. Com o fracasso dos estudos comparativos formou-se a escola dos neogramáticos, fundada por alemães. Essa escola consistiu em colocar numa perspectiva histórica todos os resultados do método comparativo. Graças a esses estudos, não se considerou mais a língua como um organismo autónomo, mas sim como um produto colectivo de grupos linguísticos. Esse fato acabou se transformando em algo de grande importância para o campo da Linguística Geral, embora esta ainda tenha algumas questões a serem esclarecidas. Sem dúvida, esse campo é por demais abrangente, o que impede de se encerrarem ou de se concluírem seus estudos. 1.3 Objecto de Estudo da Linguística A Linguística, tal como qualquer outra ciência detentora de qualquer que seja o método de investigação. No caso, o objecto de estudo da Linguística é a linguagem humana. Daí podemos definir a Linguística como sendo o estudo científico da linguagem humana em suas diversas manifestações. Estudar a linguagem humana em suas realizações é estudar as componentes da gramática, que são: fonética, fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática, estilística, terminologia e filologia. 1.4 Ramos da Linguística A Linguística enquanto disciplina científica abarca dois ramos: a descritiva e a aplicada. Para compreenderes melhor, leia atentamente o trecho que se segue. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 15 Linguística Descritiva A Linguística Descritiva tem o trabalho de analisar e de descrever como língua é falada (ou como foi falada no passado) por um grupo de povos em uma comunidade do discurso. A linguística descritiva moderna é baseada em uma aproximação estrutural à língua. A descrição linguística é contrastada frequentemente com prescrição linguística. A prescrição procura definir formulários da língua padrão e dar o conselho no uso da língua eficaz, e pode ser pensada como tentativa de apresentar as frutas da pesquisa descritiva em um formulário, embora extrai também em uns aspectos mais subjectivos da estética da língua. A prescrição e a descrição são essencialmente complementares, mas têm prioridades diferentes e são vistas às vezes para estar no conflito. A descrição exacta do discurso real é um problema difícil, e os linguistas foram reduzidos frequentemente às aproximações. Quase toda a teoria linguística tem sua origem em problemas práticos da linguística descritiva. Fonologia (e seus desenvolvimentos teóricos, tais como fonema) trata da função e da interpretação do som na língua. Sintaxe tornou-se para descrever as réguas a respeito de como as palavras relacionam-se a fim dar forma a sentenças. Lexicologia, colecta de “palavras” e suas derivações e transformações: não causou a teoria muito generalizada. 1.5 Matéria e Tarefas da Linguística Todas as manifestações da linguagem humana, seja de povos selvagens ou civilizados, arcaicos ou contemporâneos, constituem a matéria da Linguística. Porém, a linguagem escapa, muitas vezes, da observação, por isso os linguistas devem levar em conta os textos orais e escritos, que servirão de base para seus estudos. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 16 A Linguística tem três tarefas básicas: Descrever a história das línguas; Determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos da língua; e Definir a si própria. Pode-se dizer que poucas pessoas têm a respeito ideias claras; porém e evidente, por exemplo que as questões linguísticas interessam a todos como: historiadores, filólogos, etc. A sua importância está vidada para a cultura geral, ou seja na vida dos indivíduo as e das sociedades. Recordemos que a linguagem constitui o factor mais importante que qualquer outro. Resumindo podemos dizer que o estudo da linguagem não é exclusividade de especialistas, todos se interessam pelos estudos da língua, em maior ou menor proporção. Porém, em última análise cabe ao linguista a tarefa de denunciar e dissipar os erros cometidos ao se estudar uma determinada língua. Até aqui já fizemos uma resenha histórica da linguística enquanto disciplina científica, falamos do conceito, do seu objecto de estudo,das componentes, dos ramos e da matéria e da tarefa da linguística. Para terminarmos esta unidade, vamos falar da importância e relação que a linguística estabelece com outras disciplinas científicas. 1.6 Relação da Linguística com outras Ciências A Linguística estabelece uma estreita relação com outras ciências, como a Antropologia, a Psicologia e a Sociologia. Ora, se a linguagem é social, obviamente a Linguística se relaciona com a Sociologia. Pode-se afirmar, também, que na língua tudo é psicológico. Daí sua relação com a Psicologia. E por fim, como a língua é objecto humano, a Linguística ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 17 relaciona-se com a Antropologia. Convém deixar claro que, embora se relacionem, há muitos pontos que diferem a Linguística dessas outras ciências. Ademais, é certo que tudo o que se refere ao estudo da linguagem desperta o interesse de especialistas e estudiosos de outras áreas, como historiadores e filólogos, pois eles precisam trabalhar com textos. Sem contar a importância dada à Linguística para a cultura geral, tanto do indivíduo quanto da sociedade. Sumário Linguística é uma área de estudo científico sobre a linguagem humana em suas diversas manifestações. O estudo da linguística é feito através dos vários componentes da gramática, a saber: a fonética, a fonologia, a morfologia, a sintaxe, semântica e pragmática, estilística, terminologia, a filologia, a psicolinguística e a sociolinguística. A Linguística enquanto ciência da linguagem nasceu do estudo das línguas românicas e das germânicas. Esse estudo aproximou a ciência de seu objecto de estudo, ou seja, a Linguística da linguagem. Os principais ramos da linguística são: linguística descritiva que trabalha na análise e descrição da língua e linguística aplicada que é um campo interdisciplinar de estudo que identifica, investiga e oferece soluções para os problemas relacionados com a linguagem da vida real. A linguística tem três principais tarefas: a de descrever a história das línguas, determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos da língua e definir a si própria. Ela relaciona-se com a com outras ciências, tais como a Antropologia, a Psicologia, Filosofia, História, Filologia, Sociologia, entre outras. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 18 Auto-Avaliação Exercícios de Aplicação 1. Distinga, com exemplos práticos, a linguística aplicada da linguística descritiva. 2. Qual é a relação da linguística com a literatura e a filosofia? 3. Porque é que se considera a linguagem humana como objecto de estudo da linguística? 1. Apresente uma definição válida para a linguística. 2. Qual era o fundamento da escola dos neogramáticos? 3. Quais são os ramos da linguística? ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 19 TEMA II - A GRAMÁTICA Introdução No tema hora sugerido vais poder compreender os fenómenos por detrais da origem e evolução da Gramática. É importante compreenderes que a gramática é o principal instrumento orientador dos estudos linguísticos. Entre outros tópicos, terás a possibilidade de compreender as componentes da gramática, as áreas de estudo da gramática, as função da gramática e os tipos de gramáticas existentes. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos Específicos Definir o conceito de gramática; Indicar as componentes da gramática; Distinguir os diferentes tipos da gramática; e Reconhecer as diferentes funcionalidades da gramática. 2.1 Conceito de Gramática Gramática (do grego: γραμματική, transl. grammatiké, feminino substantivado de grammatikós) é o conjunto de regras individuais usadas para um determinado uso de uma língua, não somente da norma culta, mas também de variantes não padrão. É ramo da Linguística que tem por objetivo estudar a forma, a composição e todas as questões adicionais de uma determinada Língua. A partir deste conceito, pode-se definir que cada língua tem sua própria gramática, mas nem toda língua tem sua própria linguística. A linguística é única para todas as línguas existentes, já a gramática é única para cada língua. Normalmente o conceito de gramática inclui a ortografia. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 20 2.2 Componentes/Classificação da Gramática Para compreenderes melhor acerca das componentes da gramáticas, que na verdade serão os objectos dos seus estudos ao longo do curso, vamos apresentar sinteticamente conceitos gerais das respectivas componentes: Morfologia preocupa-se com estudo da palavra e a sua estrutura interna, olhando para o seu elemento mínimo de análise, o morfema. Sintaxe estuda a estrutura da frase numa determinada língua, bem como as relações entre as palavras dentro da frase. Fonética dedica-se ao estudo dos sons da fala desde a produção à percepção, tendo como elemento mínimo de análise o fone. Fonologia preocupa-se com a organização dos sons fornecidos pela fonética em sistemas e modelos sonoros numa língua particular, tendo como elemento mínimo de análise o fonema. Lexicologia estuda o conjunto das palavras de um idioma, ramo de estudo que contribui para a lexicografia, área de actuação dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico. Terminologia dedicada seus estudos ao conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas. Estilística estuda o estilo na linguagem. Semântica debruça sobre o significado das palavras, bem como o sentido que elas têm entre si dentro da frase. Pragmática estuda os princípios que regulam a actividade verbal, isto é, estuda o funcionamento da língua segundo os contextos diferentes. Filologia é o estudo dos textos e das linguagens antigas. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 21 2.3 Áreas de Estudo da Gramática Para além das componentes acima mencionadas, a linguística comporta as seguintes áreas: Sociolinguística, que se preocupa com o estudo da língua como um factor social. Psicolinguística, que estuda a relação entre a linguagem e o cérebro humano. 2.4 Função da Gramática A Gramática tem como principal função regular a linguagem e estabelecer padrões de escrita e fala para os falantes de uma língua. Graças à Gramática, a língua pode ser analisada e preservada, apresentando unidades e estruturas que permitem o bom uso da língua portuguesa. Uma boa Gramática deve ser capaz de extrapolar a visão reducionista que faz da língua um amontoado de regras prescritas pelos estudiosos do sistema linguístico, devendo ser capaz não apenas de prescrever o idioma, mas também de descrevê-lo, preservá-lo e, sobretudo, ter utilidade para os falantes. A Gramática apresenta as regras, mas quem movimenta e faz da língua um sistema vivo e mutável somos nós, agentes da comunicação. 2.5 Tipos de Gramáticas Por ser um sistema complexo e passível de diversas concepções, a Gramática apresenta abordagens diversas, sendo dividida, então, em tipos distintos: Gramática Normativa ou Prescritiva Bastante utilizada em sala de aula e para diversos fins didáticos, a Gramática Normativa busca a padronização da língua, indicando através ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 22 de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Aqui a abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas, desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais estão sujeitos os falantes da língua. Gramática Histórica Investiga a origem e a evolução de uma língua, representando os estudos diacrônicos. Gramática Descritiva A Gramática Descritiva analisa um conjunto de regras que são seguidas, considerando as variações linguísticas da língua ao investigar seus fatos, extrapolando os conceitos que definem o que é certo e errado em nosso sistema linguístico. Gramática Comparativa Estabelece comparação da língua com outras línguas de uma mesma família. No caso de nossa língua portuguesa, as análises comparativas são feitas com as línguas românicas. A língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista um distanciamento entre o que é prescrito pelas normas e o que é efetivamente utilizado por seus falantes. Entretanto, não devemos desconsiderar a importância das regras que preservam este que é nosso maior patrimônio cultural: nossa língua portuguesa. Façamos então um bom proveito da Gramática! ATENÇÃO: Uma gramática assim concebida diferencia-se da gramática normativa que procura regular o bom uso da língua, motivo pelo qual apresenta graves lacunas relativamente à descrição da linguagem que os falantes ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 23 realmente utiliza (por se reportar sempre a um modelo conservador) e não toma em consideração as análises explicativas do funcionamento das estruturas linguísticas. Síntese Auto-Avaliação Questões: Em síntese, a gramática é a descrição estrutural do funcionamento dos sistemas de elementos de uma linguagem particular, portanto, beneficia da investigação linguística, abrange as grandes da língua e deve permitir uma difusão adequada dos conhecimentos alcançados no campo teórico e na aplicação a essa língua. Sobre os tipos de gramática é importante reter que existem três tipos: gramática tradicional, gramática prescritiva ou normativa e a gramática descritiva e gramática interiorizada (que tem muito a ver com competência). 1. Atribua o valor de falso [F] e verdadeiro [V] para as afirmações abaixo e justifica cada escolha feita. a) Quando um indivíduo de classe intelectual mantém seu nível de linguagem perante um indivíduo de classe baixa trata-se de competência linguística. [ ] b) Quando fazemos o uso adequado dos vários recursos linguísticos estamos perante metalinguística. [ ] c) A habilidade de compreender e interpretar textos tendo em conta a maneira de falar da comunidade linguística tem a ver com a competência textual. [ ] ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 24 Auto-Avaliação 1. Explique conceito de universais linguístico. Dê exemplo prático. 2. Faça uma breve síntese sobre os tipos de gramática existente. 3. Da lista que se segue indique os que pensa que não constituem universais linguísticos. Justifique. a) Prefixos; b) Palavras que referem grau de parentesco (pais, irmãos, sogros, cunhados, etc.). c) Pronomes; d) Sistemas escritos; e) Formas arbitrariamente associadas e significados; ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 25 TEMA III - A LINGUAGEM (HUMANA) Introdução Como já pudeste estudar nas unidades anteriores, a linguagem humana é o principal objecto de estudo da linguística. Nesta vertente vais poder compreender os diferentes conceitos em torno da linguagem; a gênese do surgimento desta que é a principal distinção entre os homens e os animais. Vais estudar igualmente as diferentes teorias filosóficas que definem a origem da linguagem humana. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Definir o conceito de linguagem; Reconhecer as diferentes teorias filosóficas da linguagem; Distinguir os diferentes tipos de Linguagem; Compreender a diferença entre a linguagem humana e a não humana. 2.4 Conceito Linguagem é a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos. A Linguagem está relacionada a fenómenos comunicativos; onde há comunicação, há linguagem. Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para estabelecermos actos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, sons, gestos e regras com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica, por exemplo). Num sentido mais genérico, a Linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de sinais que se valem os indivíduos para comunicar-se. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 26 3.2 Origem e Evolução da Linguagem A curiosidade sobre nós próprios e sobre o nosso dom mais invulgar – a linguagem – tem-nos também conduzido a inúmeras teorias sobre a origem e evolução da linguagem. Nada nos permite “aprovar” ou “negar” essas hipóteses embora possam contribuir para a descoberta da natureza da linguagem. Biológicos e linguistas mostram hoje em dia um interesse renovado na questão da origem da linguagem. Várias teorias evolucionistas propostas recentemente opõem-se quer à teoria da origem divina quer à da invenção. Sugere-se, de facto, que no decurso da evolução tanto as espécies humanas como a linguagem desenvolveram-se. Alguns estudiosos defendem a ideia que esse desenvolvimento ocorreu simultaneamente e que, desde o início, o animal humano estava preparado para aprender a linguagem. Na realidade, há quem acredite que é a linguagem que torna humana a natureza humana. Estudos sobre o desenvolvimento evolucionário do cérebro apontam no sentido da existência de condições prévias de carácter fisiológico, anatómico e “mental” que permitem o desenvolvimento linguístico. 3.3 Teorias Filosóficas da Linguagem As reflexões sobre a origem da linguagem verbal são controversas, visto que tem levado debates e propostas de muitos linguistas sem no entanto chegarem a um consenso comum. Existem diversas teorias filosóficas sobre a origem da linguagem verbal, a destacar: a) Teoria monogenética, dizia que, assim como o homem nasceu de um só, as línguas também surgiram duma única, que depois sucedeu famílias linguísticas. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 27 b) A linguagem é de invenção humana, cujo defensor é o filósofo grego Platão, dizia que não foi Deus que atribuiu a faculdade de falar aos homens, mas sim o “legislador” que atribuiu nomes verdadeiros a todas as coisas. Mais adiante dizia que, não é todo homem que pode dar nome, mas sim o criador de nomes que é o Legislador. c) A linguagem é de origem divina (dom de Deus), que defende que "ainda não foi proposta nenhuma teoria aceitável que explica satisfatoriamente a faculdade que o homem tem de falar, ou seja a linguagem sem a existência de um criador." Houve “experiências” lendárias em que se isolaram crianças na esperança de as primeiras palavras que articulassem revelariam a língua original. As crianças aprenderam a língua que se lhes fala; se não ouvirem falar, também não falarão. Casos concretos de crianças socialmente isoladas mostram que a linguagem se desenvolve apenas quando se verifica contacto linguístico suficiente. d) A linguagem como um conhecimento natural, que dizia que o homem tem a capacidade para aprender (adquirir) a língua e já nasce com esta capacidade inata, o que significa que a capacidade para falar uma língua é inata. Noam Chomsky, defende que ninguém ensina uma criança a falar, ela nasce com uma capacidade para por si só, poder falar. Chomsky, diz ainda que a criança nasce com LAD (Language Acquisition Device), que é o mecanismo de aquisição de linguagem, que faz com que ela fale. Herder considerou que a linguagem e o pensamento são inseparáveis e que, o homem nasce com uma capacidade para desenvolvero pensamento e a fala. ATENÇÃO: Não existe uma teoria aceitável que explique satisfatoriamente sobre a origem do homem, do universo também não existe uma teoria que explique satisfatoriamente sobre a origem da linguagem. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 28 3.4 Tipos de Linguagem A linguagem pode ser: Verbal: a Linguagem Verbal é aquela que faz uso das palavras para comunicar algo. Figura 1 – Exemplos de Linguagem Verbal As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem verbal (usa palavras para transmitir a informação). Não Verbal: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc. Figura 2 – Exemplos de Linguagem Não Verbal Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o que representam. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 29 3.5 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças) Para compreenderes com alguma facilidade as diferenças que existem entre a linguagem humana e da linguagem não-humana deves ter na mente que existem uma certa semelhante destes conceitos com os códigos linguísticos e não-linguísticos. Por exemplo, os códigos linguísticos são usados pelos humanos – usam a palavra articulada, quer por via escrita, quer por via oral, e os códigos não-linguísticos, que também são usadas pelos humanos e não humanos, não usam a palavra articulada: são os casos de sinais, sons, desenhos, para os humanos e para os não-humanos, as "linguagens" dos animais (dança das abelhas, etc.). Algumas Componentes da Linguagem Humana A linguagem humana compõe-se por: linguagem verbal, que se manifesta através da escrita e fala e linguagem não-verbal, que se manifesta através de símbolos, de gestos e pelos códigos não- linguísticos. O Homem quando usa a língua para se comunicar está usando os códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa sinais, índices e necessita de certo conhecimento da língua. Códigos conjunto de sinais vocais ou visuais que permitem a comunicação dos membros duma dada sociedade. Ex: linguagem da estrada; dos autistas; linguagem jurídica, médica e científica. Os códigos pela sua natureza, dividem-se em sinais e índices. Sinais, factos produzidos artificialmente que têm como objectivo a intenção de comunicar. Ex: A bandeira vermelha numa praia, franzir a testa, placas de sinalização nas estradas. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 30 Índices, factos perceptíveis que transmitem alguma mensagem, embora não tenham intenção de comunicar. Ex: nuvens negras no céu; as pegadas. A diferença que existe entre os termos acima, é que enquanto os sinais, são factos artificiais (produzidos pelo homem), os índices em algum momento são naturais. Todos estes elementos fazem parte de um código. A principal característica das linguagens humana e animal é o aspecto criativo, enquanto o homem pode criar o animal não pode. O alfabeto grego contem vinte e seis sons, que a partir dos quais podemos formar palavras obedecendo certas regras, e daí podemos formar as unidades maiores (frases). Sendo assim, admite-se que o homem tem o conhecimento linguístico2. Síntese 2 Conhecimento linguístico, consiste no conhecimento de um gama finita de palavras e na capacidade de juntá-las para produzir um número infinito de frases. A este processo que o Homem tem de combinar uma gama finita de palavras para formar frases segundo certas regras denomina-se dupla articulação. A linguagem humana utiliza os códigos linguísticos (palavras escrita e oral). A linguagem não-humana recorre somente aos sinais, sons, desenhos para a comunicação. O homem também usa a linguagem não- humana. O Homem quando usa a língua para se comunicar está usando os códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa sinais, índices e necessita de certo conhecimento da língua. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 31 Auto-Avaliação 1. Qual é a teoria filosófica que melhor explica a origem da linguagem humana? 2. Explicite a principal diferença existente entre o processo de comunicação nos homens e nos animais. De exemplos concretos. Exercícios de Aplicação 1. Conceptualize os termos, códigos, sinais e índice, e de seguida apresente um exemplo para cada termo. 2. Identifique os tipos de comunicação efectuadas entre as abelhas e de seguida estabeleça a(s) diferença(s) entre as mesmas. 3. Faça uma breve síntese sobre a evolução da linguagem humana. 4. Qual foi a influência de Chomsky para os estudos da linguagem humana? 5. Invente a sua própria teoria sobre a origem da linguagem humana. Poderá por exemplo sugerir que a linguagem nasceu quando criaturas extra-terrestres que já tinham linguagem possuíram os corpos das mulheres das cavernas… 6. Identifique os tipos de linguagem que conheces. 7. Considerando as teorias: origem divina, invenção humana, conhecimento natural e a teoria monogenética, qual é o que satisfaz a sua convicção individual? Explique-se. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 32 TEMA IV - PRINCÍPIOS DA FONÉTICA Introdução Na construção de uma língua é preciso, em primeiro lugar, pensar em fonologia e fonética. Bom, a fonologia estuda o comportamento dos sons e dos fonemas numa língua, enquanto a fonética estuda os sons e ecos fonemas (incluindo a sua evolução) ou por outra, é o estudo dos sons da fala desde a sua produção da parte do emissor e da sua percepção, da parte do receptor. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Definir o conceito de fonética; Reconhecer as principais propriedades articulatórias da fonética; Reconhecer os principais órgãos do funcionamento do aparelho fonador humano. 4.1 Conceito de Fonética O estudo da Fonética ocupa-se da produção, da transmissão e da percepção dos sons da fala, dividindo-se, de acordo com o seu objecto, em fonética articulatória, acústica e perceptiva. Nesta apresentação são consideradas apenas as propriedades articulatórias e as propriedades acústicas dos sons. 4.2 As Propriedades Articulatórias Quando o estudo dos sons tem em conta a posição e o movimento dos articuladores estamos no domínio da fonética articulatória. Deste ponto de vista, devem considerar-se os seguintes aspectos: ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 33 a. O som é produzido pela pressão exercida pelos pulmões que são uma fonte de energia e colocam em movimento as partículas do ar neles contido. O ar passa então pela laringe, na qual se encontra um orifício, a glote, onde se localizam as cordas vocais que, ao vibrarem, actuam como uma fonte sonora. Os sons produzidos com vibração das cordas vocais são vozeados (ou sonoros) – as obstruintes sonoras (oclusivas e fricativas), todas as vogais e as consoantes nasais e líquidas (laterais e vibrantes). b. Em seguida, o ar entra na cavidade bucal que actua como uma caixa de ressonância. Nesta cavidade, os articuladores activos, com mobilidade – lábios, língua, palato mole ou véu palatino, e a úvula – e passivos, sem mobilidade – palato duro, alvéolos dentários e maxilar inferior –– têm funções na definição do som que o falante pretende produzir (vogais, semivogais e consoantes). Se o ar passar também pela cavidade nasal por abaixamentodo véu palatino produz-se um som nasal, quer consoante (como [m] ou [n]) quer vogal (como [õ] ou [ɐ͂]). O conjunto dos órgãos do aparelho fonador que se encontram acima da laringe constitui o tracto vocal. 4.3 Componente da Fonética A fonética sendo o estudo dos sons da fala, divide-se em três componentes, que são: Fonética articulatória, que se dedica a parte articulatória, envolvendo os articuladores (órgãos do aparelho fonador); Fonética física, que estuda os sons da fala como fenómenos físicos; e Fonética auditiva ou perceptiva, que se dedica ao estudo das reacções do som ao ouvido do receptor. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 34 4.4 Funcionamento do Aparelho Fonador Humano Para que se produzam os sons que caracterizam a fala humana são necessárias três condições: Corrente de ar; Obstáculo à corrente de ar; Caixa de ressonância; O que se traduz no aparelho fonador humano: Os órgãos do aparelho fonador são os seguintes: Pulmões Traqueia Laringe (cordas vocais e glote) Lábios Dentes Alvéolos Palato duro Palato mole (véu palatino e úvula) Parede rinofaríngea Ápice da língua Raiz da língua A figura abaixo ilustra detalhadamente os componentes do aparelho fonador humano. Figura 3 – Órgãos do Aparelho Fonador Humano ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 35 Os pulmões, brônquios e traqueia - são os órgãos respiratórios que permitem a corrente de ar, sem a qual não existiriam sons. A maior parte dos sons que conhecemos são produzidos na expiração, servindo a inspiração como um momento de pausa; no entanto, há línguas que produzem sons na inspiração, como o Zulo e o Boximane - são os chamados cliques. A laringe onde ficam as cordas vocais determina a sonoridade (a vibração das cordas vocais) dos sons. A faringe, boca (e língua) e as fossas nasais - formam a caixa de ressonância responsável por grande parte da variedade de sons. Olhemos por um momento para o esquema do aparelho fonador antes de seguir o percurso do ar na produção de sons. Figura 4 – Esquema do Aparelho Fonador Humano Ao expirar, os pulmões libertam ar que passa pelos brônquios para entrar na traqueia e chegar à laringe. Na laringe o ar encontra o seu ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 36 primeiro obstáculo: a glote (mais ao menos ao nível da maçã-de-adão3), mais conhecida como cordas vocais. Semelhantes a duas pregas musculares, as cordas vocais podem estar fechadas ou abertas: se estiverem abertas, o ar passa sem real obstáculo, dando origem a um som surdo; se estiverem fechadas, o ar força a passagem fazendo as pregas muscular vibrar, o que dá origem a um som sonoro. Para se perceber melhor a diferença, experimente-se dizer "k" e "g" (não "kê" ou "kapa", nem "gê" ou "jê"; só os sons [k] e [g]) mantendo os dedos na maçã-de-adão. No primeiro caso não se sentirá vibração, mas com o "g" sentir-se-á uma ligeira vibração - cuidado apenas para não se dizerem vogais, pois são todas sonoras. A distinção entre surda e sonora pode ser muito bem percebida na pronúncia de duas consoantes que no mais se identificam. Assim: /p/ pé (= surdo); /b/ bé (= sonoro) /t/ tê (= surdo); /d/ dé (= sonoro). Depois de sair da laringe, o ar entra na faringe onde encontra uma encruzilhada: primeiro a entrada para a boca e depois a para as fossas nasais. No meio está o véu palatino que permite que o ar passe livremente pelas duas cavidades, originando um som nasal; ou que impede a passagem pela cavidade nasal, obrigando o ar a passar apenas pela cavidade bucal - resultando num som oral. A corrente expiratória, ao sair da laringe, entra na cavidade da faringe que lhe oferece duas vias de acesso ao exterior o canal bucal e o nasal com a finalidade de determinar o som oral (= bucal) e o som nasal (= 3 Também chamada de gogó no Brasil, é uma saliência da cartilagem tiróide, existente abaixo do osso hióide, junto à laringe, no pescoço humano, um dos órgãos envolvidos no processo de fala. Esse crescimento é maior nos indivíduos do sexo masculino, pela maior presença de hormónios masculinos, principalmente a testosterona. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 37 nasal). Veja a pronúncia das vogais: /a/ (oral), /ã/ (nasal) Conforme as palavras: /a/ lá (oral), /ã/ lã (nasal) /a/ mato (oral), /ã/ manto (nasal). A diferença é óbvia: compare-se o primeiro "a" em "Ana" com o de "manta". A primeira vogal é oral e a segunda é nasal. Por fim, o ar está na cavidade bucal (a boca) que funciona como uma caixa de ressonância onde, usando os maxilares (8), as bochechas e, especialmente, a língua (9) e os lábios (10), podem modular-se uma infinidade de sons. Síntese Fonética ocupa-se da produção, da transmissão e da percepção dos sons da fala humana. Sendo a fonética o estudo dos sons da fala, divide- se em três componentes: fonética articulatória, que se dedica a parte articulatória, envolvendo os articuladores (órgãos do aparelho fonador); fonética física, que estuda os sons da fala como fenómenos físicos e fonética auditiva ou perceptiva, que se dedica ao estudo das reacções do som ao ouvido do receptor. Apesar das limitações, o AFI (Alfabeto Fonético Internacional) constitui hoje uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito quer sistema de referência. Auto-Avaliação 1. Quais são as principais componentes da fonética? Exercícios de Aplicação 1. Como é que os sons da fala humana são produzidos? 2. Como os sons da fala são transmitidos? 3. Como os sons da fala são entendidos? ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 38 TEMA V - TRANSCRIÇÃO FONÉTICA: Classificação dos Sons Introdução Os estudos linguísticos são maioritariamente sustentados pela transcrição fonética. Neste capitulo vais poder compreender o contexto de surgimento do Alfabeto Fonético Internacional e sua funcionalidade. Nesta mesma linha terás a oportunidade de reconhecer as diferentes classificação dos sons da fala. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Compreender a importância do Alfabeto Fonético Internacional para os estudos linguísticos; Reconhecer os vários símbolos e diacríticos do AFI; Reconhecer a classificação dos sons da fala: sons vocálicos e consonânticos. 5.1 Alfabeto Fonético Internacional A consciência da necessidade do estabelecimento de um sistema notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da comunidade científica levou, no fim século antepassado, à proposta de um alfabeto fonético único, por parte da Associação Internacional de Fonética: o Alfabeto Fonético Internacional (AFI ou, mais vulgarmente, IPA, do Inglês International Phonetic Alphabet). Apesar das limitações, o IPA constitui hoje uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito quer sistema de referência. É importante sublinhar que uma transcrição4 fonética é sempre uma representação simbólica, 4 Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético internacional para transcrever um determinado idioma: pode-se representar os fonemas, através da transcrição fonológica (que transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transcri%C3%A7%C3%A3o_fonol%C3%B3gica&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Barra_%28caractere%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_fon%C3%A9tica ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 39 necessariamente abstracta, que não se substitui às realizações sonoras propriamente ditas, mas apenas descreve um conjunto de propriedades que as caracterizam. Além das próprias letras, existe uma grande variedade de símbolos secundários que auxiliam na transcrição. Os sinais diacríticos podem ser combinados às letras do AFI de maneira a transcrever os valores fonéticos modificados, ou articulações secundárias. No fim do século antepassado, surgiu a necessidade de estabeler-se um sistema notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da comunidade científica. Isso levou à proposta de um alfabeto fonético único, por parte da Associação Internacional de Fonética: o Alfabeto Fonético Internacional (AFI ou, mais vulgarmente, IPA, do Inglês International Phonetic Alphabet). Apesar das limitações, o AFI constitui hoje uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito quer sistema de referência. É importante sublinhar que uma transcrição fonética é sempre uma representação simbólica, necessariamente abstracta, que não se substitui às realizações sonoras propriamente ditas, mas apenas descreve um conjunto de propriedades que as caracterizam. Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético internacional para transcrever um determinado idioma: pode-se representar os fonemas, através da transcrição fonológica (que transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição fonética, que representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres entre colchetes). fonética, que representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres entre colchetes). http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transcri%C3%A7%C3%A3o_fonol%C3%B3gica&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Barra_%28caractere%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_fon%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Colchete http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_fon%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Colchete ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 40 Além das próprias letras, existe uma grande variedade de símbolos secundários que auxiliam na transcrição. Os sinais diacríticos podem ser combinados às letras do AFI de maneira a transcrever os valores fonéticos modificados, ou articulações secundárias. Existem também símbolos especiais para características supra-segmentais, como tonicidade e entonação, que são utilizados com frequência. Símbolos e Diacríticos do AFI (exemplo do Português) AFI (IPA) ORTOGRAFIA TRANSCRIÇÃO FONÉTICA ACENTO PRINCIPAL ACENTO SECUNDÁRIO NASALIZAÇÃO VELARIZAÇÃO DESVOZEAMENTO ' ˌ ~ ̴ ̥ café cafezinho fim; menta sal; salta, Elvas pato [kɐ'fɛ] [kɐˌfɛ'ziɲu] [fĩ]; ['m tɐ] [saɫ]; ['saɫtɐ]; ['ɛɫvɐ] ['patu̥] Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.125. Alfabeto Fonético Internacional AFI (IPA) ORTOGRAFIA TRANSCRIÇÃO FONÉTICA VOGAIS i e ɛ a ɐ i ɔ o u Fita pela seta cara cama que; se corda mofo mudo ['fitɐ] ['perɐ] ['sɛtɐ] ['karɐ] ['kɐmɐ] [ki]; [si] ['kordɐ] ['mofu] ['mudu] ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 41 SEMI-VOGAIS j w pai, piada pau, soalho [paj]; ['pjadɐ] [paw]; ['swaʎu] CONSOANTES p t k b d g f s ʃ v z ʒ l ʎ r R m n ɲ papo tia; fato casa; baque barba data; arde gato; mago férias; bafo selo; caça; passa chave; festas vaca; cava asa; azul; exacto jacto; agir; asma lado; sala folha; alho caro; parva raiva; palra; carro marca; turma neta; cena unha; pinha ['papu] ['tiɐ]; ['fatu] ['kazɐ]; ['baki] ['barbɐ] ['datɐ]; ['ardi] ['gatu]; ['magu] ['fɛrjɐʃ]; ['bafu] ['selu]; ['kasɐ]; ['pasɐ] ['ʃavi]; ['fɛʃtɐ] ['vakɐ]; ['kavɐ] ['azɐ]; [ɐ'zul]; [i'zatu] ['ʒatu]; [ɐ'ʒir]; ['aʒmɐ] ['ladu]; ['salɐ] ['foʎɐ]; ['aʎu] ['karu]; ['parvɐ] ['Rajvɐ]; ['palRɐ]; ['kaRu] ['markɐ]; ['turmɐ] ['nɛtɐ]; ['senɐ] ['uɲɐ]; ['piɲɐ] Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.124. 5.2 Classificação dos Sons Linguísticos Para a classificação dos sons é preciso ter em mente três questões importantes: Como é que os sons são produzidos? Como são transmitidos? Como são entendidos? ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 42 Tradicionalmente, devido à complexidade óbvia na classificação segundo a transmissão e a compreensão, a classificação dos sons baseia-se essencialmente no modo como os sons são produzidos, ou seja, na sua articulação. No entanto, em alguns pontos classificatórios também se baseia no modo como são transmitidos, ou seja, na acústica. Como este capítulo não pretende ser exaustivo, mas ajudar quem não tem conhecimentos neste campo, tentarei ser o mais simples e clara que for possível (mesmo que, para isso, simplifique demais a gramática). Os sons classificam-se segundo três categorias: Vogais – os sons produzidos sem obstáculo à passagem do ar na cavidade bucal (apenas varia a abertura à passagem do ar causada pelos maxilares, língua e lábios), e com vibração das cordas vocais. Consoantes – os sons produzidos com obstáculo à passagem do ar na cavidade bucal. Semivogais – dois sons, por exemplo, [j] e [w], que formam uma sílaba com uma vogal - ditongos e tritongos. Pode-se dizer que são quase "formas fracas" de [i] e [u], estando a meio-caminho entre vogais e consoantes. 5.2.1 Classificação das Vogais As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto: À região de articulação Palatais ou anteriores (língua elevada na zona do palato duro) Centrais ou médias (língua na posição de descanso) Velares ou posteriores (língua elevada na zona do véu palatino) ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 43 Ao grau de abertura (elevação do dorso da língua em direcção ao palato) Abertas (o maior grau de abertura à passagem do ar) Semi-abertas Semi-fechadas Fechadas (o menor grau de abertura à passagem do ar) Ao arredondamento ou não dos lábios Arredondadas Não-arredondadas Ao papel das cavidades bucal e nasal Orais Nasais 5.2.2 Classificação das Consoantes As dezanove consoantes da língua portuguesa podem ser classificadas quanto: Ao Modo de Articulação - o ar encontra sempre obstáculo à sua passagem: Oclusivas - quando os sons são retidos completamente na cavidade bucal por certo período (o ar é interrompido momentaneamente). Exemplo, na realização das consoantes [p]; [t]; [b]; [k]; [d]. Constritivas - passagem do ar parcialmente obstruída, por exemplo, na consoante [g]. Fricativas - passagem do ar por uma fenda estreita no meio da via bucal; som que lembra o de fricção. Ex: [f]; [v];[s];[z]; [ʃ] e [ʒ]. Laterais - passagem do ar pelos dois lados da cavidade bucal, pois o meio encontra-se obstruído de algum modo. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 44 Vibrantes - caracterizadas pelo movimento vibratório rápido da língua ou do véu palatino. Sibilantes - quando são articulados produzem um ruído parecido com assobio. Ex: [ʒw] e [ʃ]. Sons Retroflexos, acontece quando o ápice da língua se enrola paraa parte de trás dos alvéolos (palato duro). Estes sons acontecem mais em língua inglesa nas palavras como; very e summary. Líquidas - quando são produzidos há um envolvimento de alguma obstrução lenta e livre na cavidade bucal. Esses sons dividem-se em dois grupos: a) Liquidas laterais; quando produzidos a parte anterior da língua toca nos alvéolos, enquanto os lados estão em baixo, permitindo a saída do ar lateralmente. Ex: [ɭ]; [ʎ]; [ɫ]. b) Líquidas vibrantes; quando produzidos há vibração da úvula e da língua. Estes sons dividem-se em líquidas vibrantes simples e múltiplas. As líquidas vibrantes simples, acontecem quando ocorre a vibração na região anterior da língua, com um batimento nesta zona. Ex: [r]. c) As consoantes líquidas vibrantes múltiplas, que são produzidas na região posterior da cavidade bucal com uma ligeira vibração da úvula. Ex: [R]. Ao Ponto ou Zona de Articulação – o local onde é feita a obstrução à passagem do ar): Bilabiais ou bilabiais - contacto dos lábios superiores e inferior. Ocorre normalmente na pronúncia das consoantes [p]; [b] e [m]. Labiodentais - é o contacto dos dentes do maxilar superior com o lábio inferior, exemplo na pronúncia das consoantes [f] e [v]. Linguodentais ou Interdentais - aproximação ou contacto da zona anterior à ponta da língua com a face interior dos dentes do maxilar superior. Exemplo, as consoantes [t] e [d]. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 45 Alveolares - contacto da ponta da língua com os alvéolos no maxilar superior. Exemplo, nas consoantes [l]; [n] e [r]. Palatais - contacto do dorso da língua com o palato duro, ou céu- da-boca, exemplo, na realização das consoantes [ʒ]; [ʃ] e [ʎ]. Velares - contacto da parte posterior da língua com o palato mole, ou véu palatino, por exemplo, nas consoantes [l]; [n] e [r]. Ao Papel das Cordas Vocais: Surdas (ausência de vibração das cordas vocais) Sonoras (vibração das cordas vocais) Ao Papel das Cavidades Bucal e Nasal: Orais (passagem do ar apenas pela cavidade bucal) Nasais (passagem do ar pelas cavidades bucal e nasal) Síntese O AFI (Alfabeto Fonético Internacional) constitui uma das principais ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito quer sistema de referência. A fonética nos fornece os meios conducentes à descrição dos sons da fala. Ela divide-se em três componentes: fonética articulatória, fonética física e fonética auditiva ou perceptiva. Os sons da fala humana classificam-se em três (3) categorias, a saber: vogais, consoantes e semivogais. As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto à região de articulação, ao grau de abertura, ao arredondamento ou não dos lábios e ao papel das cavidades bucal e nasal. As consoantes são classificadas dependendo do modo de articulação, do ponto ou zona de articulação, do papel das cordas vocais e do papel da cavidade bucal e nasal. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 46 Auto-Avaliação 1. Qual é a importância do Alfabeto Fonético Internacional? Exercícios de Aplicação 1. Localize e determine a função desempenhada pelos articuladores activos na produção dos sons da fala. 2. Classifique os sons seguintes: a. [m] b. [a] c. [r] d. [y] e. [e] 3. Classifique todas as consoantes constantes nas frases: a. Desenvolvimento b. Melhoramento 4. Faça transcrição fonética estreita/larga das palavras abaixo: 5. Casas amarelas 6. Mais ou menos 7. Tendo em conta as definições de CHOMSKS e HALLE (1968), preencha as células da matriz seguinte indicando os valores + ou – de cada traço para todos os segmentos. p b f v m t d s z n ʃ ʒ ʎ ɲ K g r l Soante Silábico Consonântico Alto Baixo Recuado Arredondado Anterior Coronal Continuo Estridente Vozeado Nazal Lateral ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 47 TEMA VI - PRINCÍPIOS DA FONOLOGIA Introdução Na linguagem humana existe um conjunto de sons particulares. Quando aprendemos uma língua aprendemos os sons que ocorrem na língua em causa e quais as regras para a sua articulação. Para esta unidade vamos introduzir uma outra componente da gramática: a fonologia. Vais conhecer alguns contornos sobre o funcionamento da fonologia dentro dos estudos linguísticos. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Definir fonologia; Indicar a importância dos processos fonológicos para os estudos linguísticos; Distinguir fone do fonema e do alofones; Discernir os processos de assimilação, supressão e de inserção; Formalizar regras fonológicas do português. 6.1 Conceito de Fonologia A fonologia estuda a maneira segundo a qual os sons da linguagem formam sistemas e modelos. Ela procura explicar como é que o falante- ouvinte consegue reconhecer uma infinitude de sons, que fazem parte da sua língua. Sendo assim, a fonologia é o estudo da organização dos sons da fala em sistemas e modelos numa determinada língua particular. 6.2 Fonema, Fones e Alofones Em todas as línguas existem palavras que apresentam significados diferentes e que se distinguem num único som. Estes som que distinguem as palavras denominam-se unidades distintivas e correspondem à fonemas em qualquer língua. Ex: bala e pala, só se ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 48 diferenciam nas consoantes iniciais, b e p e correspondem fonemas em Português. Sendo assim, são fonemas, sons que distinguem as palavras numa certa língua, permitindo o contraste de significado, ou ainda unidades distintivas na língua. Os fonemas constituem pares mínimos, na medida em que os sons só se contrastam num único traço, e se representam em barras oblíquas, sendo /b/ e /p/ para o caso das palavras acima. Os fonemas quando se realizam fisicamente já não têm esta designação, são os fones, que correspondem às representações físicas dos fonemas. Além dos fonemas e fones, temos os alofones que correspondem às diversas realizações fonéticas de um mesmo som ou fonema. Ex: [´kalu] e [ʹkaɫdu] verificamos duas realizações diferentes do som /l/ que são /l/ e /ɫ/. No entanto estas duas pronúncias não correspondem à dois fonemas distintos, visto que nunca podemos opô-los em pares mínimos. Os alofones dependem da posição do fonema na palavra. Então, como os dois sons nunca ocorrem na mesma posição estão distribuídos em contextos diferentes diz-se que estão em distribuição complementar. 6.3 Classes Naturais e Pares Mínimos Em fonologia, a classe natural é um jogo completo dos sons que podem ser descritos por um ou por mais características fonéticas a qual tem na terra comum. Especificamente, podem ser descritos usando poucas características do que seja necessário para fornecer uma descrição exaustiva de cada som individual, ao também usar mais características do que seja necessário para descrever os sons. Por exemplo, o jogo que contém os sons [p], [t], e [k] é uma classe natural em inglês, a saber batentes voiceless. Outras classes naturais incluem líquidos, nasais, velares. Além, os membros de uma classe ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 49 natural comportar-se-ão similarmente no mesmo ambiente fonético, e ter-se-ão um efeito similar nos sons que ocorrem em seu ambiente. As regrasfonológicas foram introduzidas para explicar a relação que os sons estabelecem entre si num determinado sistema linguístico. As regras fonológicas mais decorrentes no Português Europeu são as seguintes: 6.4 Regras Fonológicas Regra de Assimilação, que acontece quando numa determinada palavra o som anterior assimila os traços do som posterior. Ex: musgo [ʹmuʒgu]; manga [ʹmãga]; casta [ʹʃ]. Nas palavras acima, verificamos que os sons [s], [n], [s], assimilam os traços dos sons seguintes, sendo assim: Para o primeiro caso a consoante [s] que de natureza é menos vozeada, assimila o traço do som [g], que é mais vozeado passando para [ʒ], que é uma consoante vozeada; No segundo caso, a vogal [a] assimila o traço da consoante nasal [n], saindo de menos nasal para mais nasal [ã]; Para o terceiro caso vemos que o som anterior [s] que é menos vozeado ou surda assimila os traço do som seguinte [t] que também é surdo, saindo de [s] para [ʃ]. Regra de Supressão, que acontece quando num determinado segmento, um som é pronunciado. Ex: esperar [ʹʃperar]; esteira [ʹʃteȷra]; espelho [ʹʃpeʎu]. Nos casos acima, constatamos que na transcrição fonética que é o que constitui a pronúncia do falante, a vogal [e], no início da palavra, não se pronuncia ou não se realiza. Portanto, dá-se a supressão deste som. Um ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 50 outro exemplo de supressão, em português, na fala coloquial, dá-se na vogal [ə] que normalmente é suprimida. A representação da supressão nas regras fonológicas é feita pelo por [Ø] (indica a vogal suprimida). A indicação do contexto é desnecessário visto que esta regra se aplica sempre sobre a regra de elevação/recuo da vogal, única realização da vogal [ə]. Regra de supressão de [ə] Regra de Inserção. Numa determinada palavra ocorre a inserção quando o falante pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons que não constitui regra de funcionamento dessa língua. No caso do Português, temos como exemplo: pneu [ʹpinew]; economia [enkoʹnomȷa]. Nas palavras acima houve a inserção dos sons sublinhados. Isto acontece porque é fruto de influência das Línguas Bantu de Moçambique sobre o Português Europeu. 6.5 Formalização de Regras Fonológicas do Português O falante/ouvinte de uma língua ao adquirir a linguagem não armazena uma a uma as unidades dos diferentes níveis (fonológico, morfológico, sintáctico), mas vai adquirindo, para além das unidades mínimas, as regras de funcionamento da língua, regras produtivas que aplica sistematicamente. Por essa razão se pode dizer que o saber gramatical é um saber regular. V + alt Ø + rec - arr ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 51 O nível fonológico, tal como os outros níveis, estão regulados por regras que o relacionam com o nível fonético. Ao falarmos, por exemplo, da pronúncia do /s/ em fim de palavra, referimos as suas diversas realizações que dependem do contexto fonético: [z] antes de vogal na palavra seguinte (más aves [ʹmas ʹavəʃ]); [∫] na palavra pás [pá∫] (plural de pá) e [s] em palavra como assa [ásɐ]. Portanto: [z] /s/ [∫] [s] Regras das Vogais átonas de Português Se considerarmos as regras que alteram /ɛ/, /e/ e /ɔ/, /o/, respectivamente, para [ə] e [u], vemos que ambas tornam as vogais subjacentes [+altas] sendo, portanto, regras de elevação. Isto significa que existe algo de comum nas regras que se aplicam sobre as vogais não acentuadas do português (nota-se que a vogal /a/ também se torna [- baixa], ou seja, também se eleva). Essa alteração conjunta pode representar-se por meio de única regra, se tornarmos em consideração os seguintes factores: As vogais /ɛ/ e /e/ são [-rec] e [-arr]; As vogais /ɔ/ e /o/ são [+rec] e [+arr]; Todas se tornam [+alt] mas também [-rec] (/ɔ/ e /o/ já o eram mantêm-se como tal). Utilizando uma variável (p.e. ɐ), e antecedendo os traços [rec] e [+arr] dessa variável, a sua substituição por [+] representa /ɔ/ e /o/. Podemos assim formular a regra seguinte: ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 52 Regra de Elevação das Vogais Átonas do Português Pode-se assim concluir que: As vogais da língua portuguesa, por regra geral, tornam-se [- baixas] em sílabas não acentuadas; /ɛ/, /e/, /ɔ/, /o/ tornam-se [+altas]; As vogais /ɛ/, /e/ tornam-se também [+recuadas]. Portanto, regra geral, o vocalismo átono do português sofre um processo de elevação e de recuo. O Triangulo Vocálico + alta i ə u - alta - baixa e o ɐ +baixa ɛ ɔ a - recuada + recuada V - alt + alt α rec + rec α arr - ac ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 53 Síntese Auto-Avaliação 1. Diferencie fonemas dos fones e alofones. Em resumo, podemos dizer que a fonologia estuda a maneira segundo a qual os sons da linguagem formam sistemas e modelos. Os fones correspondem às representações físicas dos fonemas. Os alofones correspondem às diversas realizações fonéticas de um mesmo som ou fonema. Classe natural é um jogo completo dos sons que podem ser descritos por um ou por mais características fonéticas a qual tem na terra comum. As regras fonológicas foram introduzidas para explicar a relação que os sons estabelecem entre si num determinado sistema linguístico. Regra de assimilação acontece quando numa determinada palavra o som anterior assimila os traços do som posterior. A Regra de supressão acontece quando num determinado segmento, um som é pronunciado. Regra de Inserção acontece quando numa determinada palavra ocorre a inserção quando o falante pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons que não constitui regra de funcionamento dessa língua. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 54 Exercício de Aplicação 1. Explique por que se pode dizer que certas fricativas em fim de sílaba sofrem uma neutralização. Apresente outro exemplo de neutralização de fonemas no português europeu. 2. Crie palavras em qualquer língua, e destaque sons que constituem fonemas na língua em causa. 3. Explique o fenómeno de distribuição complementar dos sons, e de seguida apresente um (1) exemplo de distribuição complementar. 4. Caracterize a classe com traços distintivos: [k, x, n, g] [f, s, ∫, v, p, z, З] 5. Explique, exemplificando os termos inserção e supressão. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 55 TEMA VII - PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA Introdução Neste capítulo pretende-se debruçar sobre os conceitos ligados a Morfologia da Palavra. Falaremos sobre a estrutura interna das palavras, os morfemas e seus diferentes tipos. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Definir a Morfologia; Conhecer a palavra segundo critérios de definição da mesma; Identificar as unidades da palavra (morfemas); Distinguir morfemas livres dos morfemas presos. 7.1 A Concepção de Morfologia De um modo geral, deves compreender que o capítulo da morfologia diz respeito a estrutura interna das palavras e o modo como esta estrutura reflecte as relações entre palavras, associadas de um modo particular. Na análise morfológica, têm sido cruciais as noções de palavras e morfemas, respondendo cada uma, um vasto projecto incompleto de pesquisa. 7.2 Critérios da Definição da Palavra Uma das questõesprévias e inessenciais que se coloca à morfologia é a da definição do próprio conceito de palavra. A questão é bastante complexa e tem dado origem a variados debates e propostas de linguistas com opções teóricas diversas, sem que haja, até agora uma resposta consensual. Na impossibilidade de basear uma definição na intuição dos falantes, a análise linguística deve enunciar critérios ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 56 formais para a definição da palavra motivados pelas suas diferentes componentes: fonologia, morfologia, sintáctica e semântica. O contínuo sonoro pode ser segmentado de várias formas, de acordo com os conhecimentos que os falantes possuem do sistema linguístico em que se integra. Um tipo de unidades resultantes da segmentação do contínuo sonoro é definido como domínio para atribuição do acento principal da palavra. Os processos fonológicos que afectam os segmentos que se encontram no inicio desse domínio, por vezes, distintos dos que afectam os segmentos que se encontram no final desse domínio, o que justifica este tipo de segmentação. Consideremos, agora a seguinte frase: A Maria preparou um belo discurso de despedida. Nas sequências [ɐmɐríɐ], [prɛpɐró], [ữbɛlu]. Único acento principal de palavras, mas essas sequências não coincidem com as sequências que a representação sintáctica identifica como palavra. Damos, então, a estas sequências o nome de palavras prosódicas ou de palavras fonológicas. Em sintaxe, as palavras são unidades que ocupam posições determinadas pelas estruturas sintácticas, designadas posições Xo . X é uma variável que cobre a totalidade das categorias sintácticas (adjectivo, nome, preposição, verbo, etc.) e o um indicador que essa é uma posição de núcleo de uma categoria sintagmática. Em semântica, a definição de palavra é ainda mais complexa. Consideremos aqui que a palavra se relaciona com o valor referencial inerente a uma sequência, por oposição a outras sequências que não têm qualquer valor referencial, mas são operadores de vária ordem. Na frase Maria, preparou, belo, discurso e despedida são, deste, deste ponto de vista, palavras e a, um e de são operadores. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 57 A definição de palavras em morfologia recorre ao critério sintáctico de identificação de uma sequência que ocupa uma posição Xo, e em critérios morfológicos de análise da sua estrutura interna. Uma língua é constituída de um infinito de frases. Cada uma delas possui uma face sonora, ou seja a cadeia falada, e uma face significativa, que corresponde ao seu conteúdo. Uma frase, por sua vez, pode ser dividida em unidades menores de som e significado – as PALAVRAS – e em unidades ainda menores, que apresentam apenas a face significante – os FONEMAS. As palavras são, pois, unidades menores que a frase e maiores que o fonema. Assim, na frase Évora! Ruas ermas sob os céus Cor de violetas roxas… (Florbela Espança, S, 149.) Distinguimos dez palavras, todas com independência ortográfica. E em cada uma dessas palavras identificamos um certo número de fonemas. Por exemplo, cinco e quatro em Évora e ruas, respectivamente: /e/ /v/ /o/ /r/ /a/ e /r/ /u/ /a/ /s/ 7.3 Tipos de Morfemas Existem unidades de som e conteúdo menores que as palavras. Na palavra ruas, por exemplo, temos de reconhecer a existência de duas unidades significativas: rua e –s. o primeiro elemento – rua – também se emprega como palavra isolada ou serve para formar outras palavras isoladas: arruaça, arruamento, etc. já a forma plural –s, que vai aparecer no final de muitas outras palavras (ermas, céus, violetas, roxas, etc.) nunca poderia realizar-se como palavra individual, autónoma. Essa unidade significativa mínima dá-se o nome de MORFEMA. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 58 Quando os morfemas apresentam manifestações fonéticas diferentes de um único morfema dá-se o nome de VARIANTE DE MORFEMA ou ALOMORFE. Por exemplo, o morfema –s, em: Casas amarelas, realiza-se como [z]. [z] Casas bonitas, realiza-se como [ʒ]. /s/ [ʒ] Casas pequenas, realiza-se como [ʃ]. [ʃ] Retomando a palavra ruas, distinguimos dois morfemas: um deles é rua que forma por si só um vocábulo e outro –s não tem existência autónoma, aparece sempre ligado a um morfema anterior. Os linguistas costumas chamar MORFEMAS LIVRES, os que podem figurar sozinhos como vocábulos, e MORFEMAS PRESOS aqueles que não se encontram nunca isolados, com autonomia vocabular. Quanto a natureza da classificação, os morfemas classificam em Lexicais e Gramaticais. 7.3.1 Morfemas Lexicais Os morfemas lexicais têm significação externa, porque referente a factos do mundo extralinguístico, aos símbolos básicos de tudo o que os falantes distinguem na realidade objectiva ou subjectiva. Exemplo: Évora céu roxa cor rua São morfemas lexicais os substantivos, os adjectivos, os verbos e os advérbios de modo. 7.3.2 Morfemas Gramaticais ou Funcionais Os morfemas gramáticas são de significação interna, pois deriva das relações e categorias levadas em conta pela língua. Exemplo, na frase Évora! Ruas ermas sob os céus Cor de violetas roxas… (Florbela Espança, S, 149.) O artigo o, as preposições sob e de, a marca do feminino –a nas palavras (rox-a, erm-a) e a de plural nas palavras (rua-s, erma-s, o-s, céu-s, ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 59 violeta-s, roxa-s), são indicativos restritos de morfemas gramaticais ou funcionais. No geral, são morfemas gramaticais os artigos, os pronomes, os numerais, as preposições, as conjunções e os demais advérbios, bem como as formas indicadoras de número, género, tempo, modo ou aspecto verbal. NOTA: Outras características, não semânticas, opõem os morfemas lexicais aos gramaticais. Por um lado, os morfemas lexicais são de número elevado, indefinido, em virtude de constituírem uma classe aberta, sempre passível de ser acrescida de novos elemento. Por outro lado, os morfemas gramaticais pertencem a uma série fechada, de número definido e restrito de idiomas. Consequentemente, se os examinarmos num dado texto, verificamos que os morfemas lexicais apresentam frequência média baixa, em contraste com a frequência média alta dos morfemas gramaticais. 7.4 Estrutura Interna da Palavra Estudar a estrutura das palavras é estudar os elementos que formam a palavra, denominados de morfemas. Vamos em seguida estudar esses elementos para melhor compreendermos esta temática. 7.4.1 Afixos (Prefixos, Infixo e Sufixos) Os afixos são os elementos que se juntam ao radical para formar novas palavras. Muitas das vezes a junção dos afixos com os radicais resultam na mudança da classe da palavra, podendo um substantivo passar a ser um adjectivo ou adverbio, etc. Os afixos são: ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 60 Prefixo – é o afixo que aparece antes do radical para formar uma nova palavra. Por exemplo, as palavras fazer, incapaz e moral podem resultar desfazer (des+fazer), incapaz (in+capaz) e amoral (a+moral). Sufixo – é o afixo que aparece depois do radical, do tema ou do infinitivo. Por exemplo, as palavras pensar, acusar e feliz, podem resultar pensamento (pensa+mento), acusação (acusa+cão) e felizmente (feliz+mente). Infixos (vogais ou consoantes de ligação) – são vogais e consoantes que surgem entre dois morfemas, para tornar mais fácil e agradável a pronúncia de certas palavras. Por exemplo, nas palavras flores, bambuzal, gasómetro, cafeteira. 7.4.2 Radical, Tema e Vogal Temática Radical O que contém o sentido básico do vocábulo. Aquilo que permanece intacto, quando a palavra for modificada. Ex: falar, comer, dormir, casa, carro Quando se trata de verbo, descobre-se o radical retirando a terminação AR, ER ou IR. Vogal Temática Podemos encontrar a vogal temática nos verbos, substantivos e adjectivos. Nos verbos elas são reconhecidas na terminação verbal através das vogais A, E e I. A sua ocorrência nos verbos dão indicação a que conjugação o verbo pertence. 1ª Conjugação = verbos terminados em AR 2ª Conjugação = verbos terminados em ER 3ª Conjugação = verbos terminados em IR. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 61 Nem todos os verbos têm a terminação as vogais A, E e I. É o caso do verbo pôr. Nestes casos recorre-se ao étimo da palavras uma vez que ela sofreu transformações ao longo dos tempo. Portanto, o verbo pôr provém do poer o que significa que é da 2ª conjugação. Nos substantivos e adjectivos, são as vogais A, E, I, O e U, no final da palavra, evitando que ela termine em consoante. Por exemplo, nas palavras: meia, táxi, pente, couro, urubu. Atenção: Não se pode confundir vogal temática de substantivo e adjectivo da desinência nominal de género. Tema O tema é a junção do radical com a vogal temática. Se não existir a vogal temática, o tema e o radical serão o mesmo elemento; o mesmo acontecerá quando o radical for terminado em vogal. Nos verbos o tema sempre é a soma do radical com a vogal temática: estudR+aVT; comR+eVT; partR+iVT Nos substantivos e adjectivos, nem sempre isso acontece. Vejamos alguns exemplos: no substantivo pasta, past é o radical, a, a vogal temática e pasta o tema. Já na palavra leal, o radical e o tema são o mesmo elemento – leal, pois não há vogal temática. Na palavra tatu também, mas agora, porque o radical é terminado pela vogal temática. 7.5 Palavras Simples e Complexas A estrutura morfológica das palavras simples diferem das complexas apenas no domínio do radical, ou seja, as palavras complexas são, na realidade radicais complexos, cuja especificação morfológica e morfo- sintáctica processa-se de modo idêntico ao das palavras simples. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 62 Palavra simples é aquela que possui apenas um único radical, independentemente de possuir desinência ou não. Por exemplo, são palavras simples: lápis, tesoureiro, entristecer. Portanto, a palavra simples tem um radical e um sufixo realizado pelos morfemas a, o ou e. Este é um tipo de palavras simples (nome e adjectivos) muito frequente em português. Palavras complexas são aquelas que possuem mais de um radical ligados, normalmente separado por um hífen. Exemplo, infeliz, casinha, ramificação, pelaria, desorganizar, etc. Neste tipo de palavras é possível identificar, pelo menos dois constituintes: um radical e um ou mais afixos (que não são realizados ou não são apenas realizados, pelos morfemas a, i ou o); ou um radical ou uma palavra, e outra palavra. As palavras complexas exemplificadas em (i) são palavras derivadas e as registadas em (ii) são palavras compostas: (i) 1. felic idade RADICAL SUFIXO 2. ad mit i r PREXIXO RADICAL VT SUFIXO (ii) 1. neuro cirurgião RADICAL PALAVRA 2. bomba relógio PALAVRA PALAVRA ATENÇÃO: Não se pode confundir palavras complexas com palavras compostas formadas por derivação prefixal. Como vimos acima, a classificação das palavras simples opõe-se a palavra complexa: o radical de uma palavra simples não se pode decompor: o radical da palavra complexa integra dois ou mais constituintes. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 63 Síntese O objecto específico da morfologia consiste no conhecimento das palavras, enquanto unidades de análise linguística, dos seus elementos constituintes e das relações existentes entre os constituintes da palavra, ou seja, da sua estrutura interna, bem como das relações existentes entre as palavras. A Palavra é a unidade menor de som e significado dentro de uma frase. As unidades ainda menores, que apresentam apenas a face significante são fonemas. Os morfemas são unidade significativa mínima (dentro duma palavras). Existem dois tipos de morfemas: morfemas lexicais que têm significação externa e morfemas gramáticas são de significação interna. Numa palavra, radical é a parte que contém o sentido básico do vocábulo; aquilo que permanece intacto, quando a palavra for modificada. O tema é a junção do radical com a vogal temática. Palavra simples é aquela que possui apenas um único radical, independentemente de possuir desinência ou não. Palavras complexas são aquelas que possuem mais de um radical ligados, normalmente separado por um hífen. Auto-Avaliação 1. Quais são as unidades morfológicas estudadas neste capítulo? 2. Defina “palavra”. Exemplifica. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 64 Exercícios de Aplicação 1. Com sua próprias palavras, defina a Morfologia. 2. Indique as unidades das palavras abaixo com as suas significações: a) Sal b) Desenvolvimento c) Felicidade d) Mata-bicho e) Desmiola f) Dor g) Desfazer 3. Construa uma frase com pelo menos seis (6) palavras. Identifique os tipos de morfemas existentes nas palavras. 4. Construa uma representação da estrutura interna para cada uma das seguintes palavras, elaborando um pequeno comentário, sempre que julgue adequado fazê-lo a) Despenalização b) Comboio-fantasma c) Caixeiro-viajante d) Meia-lua e) Porta-estandarte f) Abre-latas 5. Com base nas palavras do exercício anterior, diga quais são palavras simples e palavras complexas. Justifica cada uma das suas opções. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 65 TEMA VIII - A SINTAXE (NOÇÃO E ESTRUTURA DOS CONSTITUINTES) Introdução Vamos agora passar a falar de mais uma componente da gramática: a sintaxe. Portanto, vamos conhecer alguns dos principais constituintes sintagmáticos nas estruturas frásicas da língua portuguesa. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Apresentar o conceito básico da sintaxe; Identificar a principal estrutura de constituinte frásico; Fazer representação parentética e em árvore. 8.1 Conceito de Sintaxe Sintaxe (do Grego clássico σύνταξις "disposição", de σύν syn, "juntos", e τάξις táxis, "ordenação") é o estudo das regras que regem a construção de frases nas línguas naturais. A sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no discurso, incluindo a sua relação lógica, entre as múltiplas combinações possíveis para transmitir um significado completo e compreensível. À inobservância das regras de sintaxe chama-se solecismo. Em linguística, a sintaxe é o ramo que estuda os processos generativos ou combinatórios das frases das línguas naturais, tendo em vista especificar a sua estrutura interna e funcionamento. O termo "sintaxe" também é usado para referir o estudo das regras que regem o comportamento de sistemas matemáticos, como a lógica, e as linguagens de programação de computadores. Os primeiros passos da tradição europeia no estudo da sintaxe foram dados pelos antigos gregos, começando com Aristóteles, que foi o http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega_antiga http://pt.wikipedia.org/wiki/Frase http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_naturais http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Palavra http://pt.wikipedia.org/wiki/Discurso http://pt.wikipedia.org/wiki/Solecismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%ADstica http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe_%28l%C3%B3gica%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe_de_linguagens_de_programa%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 66 primeiro a dividir a frase em sujeitos e predicados. Um segundo contributo fundamental deve-se a Frege que critica a análise aristotélica, propondo uma divisão da frase em função e argumento. Deste trabalho fundador, deriva toda a lógica formal contemporânea, bem como a sintaxe formal. No século XIX a filologia dedicou-se sobretudo à investigação nas áreas da fonologia e morfologia, não tendo reconhecido o contributo fundamental de Frege, que só em meados do século XX foi verdadeiramente apreciado. 8.2 Estrutura dos Constituintes (constituintes imediatos) 8.2.1 Sujeito Em análise sintáctica, o sujeito é um dos termos essenciais da oração, responsável por realizar ou sofrer uma acção ou estado. Segundo uma tradição iniciada por Aristóteles, toda oração pode ser dividida em dois constituintes principais: o sujeito e o predicado. Em português, o sujeito rege a terminação verbal em número e pessoa e é marcado pelo caso reto quando são usados os pronomes pessoais. As regras de regência do sujeito sobre o verbo são denominadas concordância verbal. Na frase, Nós vamos ao teatro, vamos é uma forma do verbo "ir" da primeira pessoa do plural que concorda com o sujeito nós. Para os verbos que denotam acção, frequentemente o sujeito da voz activa é o constituinte da oração que designa o ser que pratica a acção e o da voz passiva é o que sofre suas consequências. Sob outra tradição, o sujeito (psicológico) é o constituinte do qual se diz alguma coisa. Segundo Bechara, "É o termo da oração que indica a pessoa ou a coisa de que afirmamos ou negamos uma acção ou qualidade". Exemplos: O pássaro voa. - Os pássaros voam. http://pt.wikipedia.org/wiki/Frase http://pt.wikipedia.org/wiki/Sujeito http://pt.wikipedia.org/wiki/Predicado http://pt.wikipedia.org/wiki/Frege http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX http://pt.wikipedia.org/wiki/Filologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Morfologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Frege http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_sint%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Termos_essenciais_da_ora%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Predicado http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_reto http://pt.wikipedia.org/wiki/Evanildo_Bechara ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 67 O menino brinca. - Os meninos brincam. Pedro saiu cedo. - Os jovens saíram. Didacticamente, fazemos uma pergunta para o verbo: Quem é que? ou Que é que? ― e teremos a resposta; esta resposta será o sujeito. O sujeito simples tem um núcleo. "O menino brinca." Quem é que brinca? O menino. Logo, o menino é o sujeito da frase. Um jeito de diferenciá-lo de objecto é o seguinte: "João come maçã". "Quem come maçã?" Perceba que o verbo vem primeiro. "João" - Sujeito, por causa da ordem. Lembre-se: Sempre que te pedirem para indicar o sujeito é só fazer uma perguntinha básica: "Quem?" e você terá o sujeito na resposta. Por exemplo: "A empresa fornecia comida aos trabalhadores", Agora façamos a pergunta - "Quem fornecia comida aos trabalhadores?" - A empresa. Portanto a empresa é o sujeito. 8.2.1.1 Tipos de Sujeito O sujeito pode ser, segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), classificado em simples, composto, indeterminado, desinencial ou implícito e inexistente. Nesse último caso, temos o que se convencionou chamar de oração sem sujeito. Sujeito Simples É o sujeito que tem apenas um núcleo representativo. Aumentar o número de características a ele atribuídas não o torna composto. Exemplos de sujeito simples (o sujeito está em itálico): http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 68 Obs: o verbo concorda com o sujeito, seja ele anteposto ou posposto. Exemplo: Maria é uma garota bonita. A pequena criança parecia feliz com seu novo brinquedo. Sujeito Composto É aquele que apresenta mais de um núcleo representativo, escrito na oração. Exemplo: “Luana e Carla fizeram compras no sábado.”; “Felipe e o amigo Bruno sairam para almoçar.”. O sujeito também pode vir depois do verbo. Exemplo: Saíram Bruno e Felipe. Sujeito subentendido desinencial, implícito, oculto ou elíptico Sujeito desinencial é aquele que não vem expresso na oração, mas pode ser facilmente identificado pela desinência do verbo. Exemplo: “Fechei a porta”; “Quem fechou a porta?”. Obs: Não confundir vocativo (expressão de chamamento) com sujeito. Exemplo: “Querido aluno, leia sempre! (sujeito oculto: "você"- Leia "você" sempre)”; “Querido candidato, fico feliz com seu sucesso! (sujeito oculto "eu" - "eu" fico feliz com seu sucesso)”. Apesar do sujeito não estar expresso, pode ser identificado na oração: Fechei a porta Eu. E na frase Perguntaste mesmo isso ao professor?, o identificado é Tu. Entretanto, cuidado para não criar confusão com a segunda frase, que pode passar a ideia de elipse do sujeito ou sua indeterminação; pois o sujeito simples está explícito e é o pronome interrogativo Quem. Obs.: As classificações do sujeito, em Língua Portuguesa, são apenas três: simples, composto e indeterminado. http://pt.wikipedia.org/wiki/Depois http://pt.wikipedia.org/wiki/Desin%C3%AAncia ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 69 Dar o nome de Sujeito desinencial, elíptico ou implícito não equivale a classificar o sujeito, mas somente determinar a forma como o sujeito simples se apresenta dentro da estrutura sintáctica. No mais, a classificação Sujeito Oculto foi abolida, por questões técnico-formais e linguistico-gramaticais, passando a denominar-se Sujeito Simples Desinencial, uma vez que se pode determiná-lo através dos morfemas lexicais terminativos das formas verbais, situação na qual, para indicar que o sujeito se encontra elíptico usa a forma pronominal recta equivalente à pessoa verbal entre parênteses. Assim, na estrutura sintáctica: "Choramos todos os dias", para indicar o sujeito simples subentendido na forma verbal, coloca-se entre parênteses da seguinte forma: (Nós) = sujeito simples desinencial. Sujeito Indeterminado Sujeito indeterminado é o que não se nomeia ou por não se querer ou por não se saber fazê-lo. Podemos dizer que o sujeito é indeterminado quando o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a acção ou por não haver interesse no seu conhecimento. Aparecerá a acção, mas não há como dizer quem a pratica ou praticou. Há três maneiras de identificar um sujeito indeterminado: (i). O verbo se encontra na 3ª pessoa do plural. Dizem que eles não vão bem. Estão chamando o rapaz. (ii). Com um Verbo Transitivo Indirecto, somente na terceira pessoa do singular, mais a partícula se. Precisa-se de livros. (Quem precisa, precisa de alguma coisa → verbo transitivo indirecto) http://pt.wikipedia.org/wiki/Pessoa ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 70 Necessita-se de amigos. (Quem necessita, necessita de alguma coisa → verbo transitivo indirecto) A palavra se é um índice de indeterminação do sujeito, pois não se pode dizer quem precisa ou quem necessita. Cuidado! Caso você encontre frases com Verbo Transitivo Directo: Compram-se carros. (Quem compra, compra alguma coisa → verbo transitivodirecto) Vende-se casa. (Quem vende, vende alguma coisa → verbo transitivo directo) Não se caracteriza sujeito indeterminado, pois nos casos de VTD, a partícula "se" exerce a função de partícula apassivadora e a frase se encontra na voz passiva sintética. Transpondo as frases para a voz passiva analítica, teremos: Carros são comprados (sujeito: "Carros"); Casa é vendida (sujeito: "Casa"). (iii). Com um Verbo Intransitivo, somente na terceira pessoa do singular, mais a palavra se, índice de indeterminação do sujeito. Vive-se feliz, aqui. Aqui se dorme muito bem. 8.2.2 Predicado (gramática) Na gramática, o predicado é um dos termos essenciais da oração; é tudo aquilo que se diz ou o que se declara sobre o sujeito. Significado de predicado: qualidade, característica, dote, prenda, virtude. Aquilo que numa preposição se enuncia acerca do sujeito. 8.2.2.1 Tipos de Predicado O predicado pode ser subdividido em Predicado nominal, verbal ou verbo-nominal (também escrito verbonominal). http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Termos_essenciais_da_ora%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Sujeito ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 71 Predicado Verbal Possui um verbo significativo, também denominado de verbo de acção; ou seja: verbo que exprime acção. O predicado verbal não pode ser retirado, porque faz falta na frase. Exemplo: O ministro do Sítio anunciará um pacote de reajuste de impostos. Bush invadiu o Iraque, baseando-se em justificativas infundadas. Predicado Nominal Possui por núcleo um sintagma nominal (substantivo ou, normalmente, adjectivo), denominado, sintacticamente, de predicativo do sujeito. Integra esse termo da oração um verbo de ligação, também chamado de verbo não-significativo (uma vez que não expressa acção) ou de verbo relacional. O acesso à internet banda larga está cada vez mais ao alcance da classe média urbana. Franco-Dousha é o mais novo fórum linguístico da actualidade. Predicado Verbo-nominal Os alunos saíram da aula alegres. O predicado é verbo-nominal porque seus núcleos são um verbo (saíram - verbo intransitivo), que indica uma acção praticada pelo sujeito, e um predicativo do sujeito (alegres), que indica o estado do sujeito no momento em que se desenvolve o processo verbal. É importante observar que o predicado dessa oração poderia ser desdobrado em dois outros, um verbal e um nominal. Veja: Os alunos saíram da aula. Estavam alegres. Estrutura do Predicado Verbo-Nominal http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintagma_nominal http://pt.wikipedia.org/wiki/Substantivo http://pt.wikipedia.org/wiki/Adjetivo http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Termo_da_ora%C3%A7%C3%A3o&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Internet http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3rum_de_discuss%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 72 O predicado verbo-nominal pode ser formado de: 1. Verbo Intransitivo (não transita entre substantivos) + Predicativo do Sujeito. Por Exemplo: Joana partiu contente. Sujeito Verbo Intransitivo Predicativo do Sujeito. 2. Verbo Transitivo + Objecto + Predicativo do Objecto. Por Exemplo: A despedida deixou a mãe aflita. Sujeito Verbo Transitivo Objecto Directo Predicativo do Objecto. 3. Verbo Transitivo + Predicativo do Sujeito + Objecto. Por Exemplo: Os alunos cantaram emocionados aquela canção. Sujeito Verbo Transitivo Predicativo do Sujeito Objecto Directo Para perceber como os verbos participam da relação entre o objecto directo e seu predicativo, basta passar a oração para voz passiva. Veja: Na Voz Activa: “As mulheres julgam os homens insensíveis”. Sujeito Verbo Significativo Objecto Directo Predicativo do Objecto. Na Voz Passiva: “Os homens são julgados insensíveis pelas mulheres”. Verbo Significativo Predicativo do Objecto O verbo julgar relaciona o complemento (os homens) com o predicativo (insensíveis). Essa relação se evidencia quando passamos a oração para a voz passiva. Obs: o predicativo do objecto normalmente se refere ao objecto directo. Ocorre predicativo do objecto indirecto com o verbo chamar. Assim, vem precedido de preposição. Por exemplo: Todos o chamam de irresponsável. Chamou-lhe ingrato. (Chamou a ele ingrato.) 8.2.3 Complemento Verbal Os complementos verbais completam o sentido dos verbos transitivos. Estes complementos podem ligar-se ao verbo através de uma preposição ou sem o auxílio dela. Quando há necessidade de http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo_transitivo http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 73 preposição, o objecto é dito indirecto; quando ela não é necessária, o objecto é dito directo. Alguns verbos podem aceitar ao mesmo tempo um objecto directo e outro indirecto. Em alguns casos, por questões de estilo, adiciona-se uma preposição ao objecto directo. Neste caso o objecto directo é dito preposicionado. Exemplos: Aviões possuem asas. - Asas é o objecto directo do verbo possuir. Gosto de escrever. - De escrever é objecto indirecto do verbo gostar. Neguei tudo aos impostores. - Tudo é objecto directo e aos impostores é objecto indirecto do verbo negar. 8.2.3.1 Objecto Directo Objecto directo é o termo da oração que completa o sentido de um verbo transitivo directo. O objecto directo liga-se ao verbo sem o auxílio de uma preposição. Indica o paciente, o alvo ou o elemento sobre o qual recai a acção. Identificamos o Objecto directo quando perguntamos ao verbo: "quem" ou "o quê". Exemplos: Vós admirais os companheiros. - Perguntamos, Vós admirais o quê? A resposta é 'os companheiros', que é o objecto directo. Nós amamos o cabelo da Gyselle. - Perguntamos: nós amamos o quê? A resposta é 'o cabelo da Gyselle ', que é o objecto directo da oração. 8.2.3.2 Objecto Directo Preposicionado Há casos, no entanto, que um verbo transitivo directo aparece seguido de preposição, que, por sua vez, precede o objecto directo. Nesses casos temos o chamado objecto directo preposicionado. Exemplo: “Vós tomais do vinho”. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo_transitivo_direto ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 74 Esta construção se faz da contracção de termos como: Vós tomais "parte" do vinho. O objecto directo é obrigatoriamente preposicionado quando expresso: Por pronome pessoal oblíquo tónico; Pelo pronome relativo "quem", de antecedente claro; Por pronome átono e substantivo coordenados. 8.2.3.3 Objecto Indirecto O objecto indirecto é o termo da oração que completa um verbo transitivo indirecto, sendo obrigatoriamente precedido de preposição. Identificamos o objecto indirecto, quando perguntamos ao verbo: "a quem" ou "a quê". A resposta será o Objecto indirecto. Objecto Indirecto Reflexivo O objecto indirecto reflexivo é o objecto indirecto que indica a reflexão da acção do sujeito. Exemplo: Caroline obedece aos pais. (Caroline obedece a quem? Resposta: aos pais, Objecto Indirecto.) 8.3 Frase, Oração e Período Neste tópico vamos trazer as noções dos termos acima ilustrados com o intuito final de distingui-los uma vez que muitas das vezes faz-se confusão. Frase é todo enunciado linguístico capaz de transmitir uma ideia. A frase é uma palavra ou conjunto de palavras que constitui um enunciado de sentido completo. A frase não vem necessariamente acompanhada por um sujeito, verbo ou predicado. Por exemplo: «Cuidado!» é uma frase, pois transmite uma ideia - a ideia de ter cuidado ou ficar atento - masnão há verbo, sujeito ou predicado. A frase define-se pelo propósito de http://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo_transitivo_indireto http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo_transitivo_indireto http://pt.wikipedia.org/wiki/Preposi%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Sujeito http://pt.wikipedia.org/wiki/Ideia http://pt.wikipedia.org/wiki/Palavra http://pt.wikipedia.org/wiki/Sujeito http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo http://pt.wikipedia.org/wiki/Predicado ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 75 comunicação, e não pela sua extensão. O conceito de frase, portanto, abrange desde estruturas linguísticas muito simples até enunciados bastante complexos. Já a oração é todo enunciado linguístico que tem o núcleo como o verbo, apresentando, desta maneira e na maioria das vezes, "termos essenciais da oração, sujeito e predicado". Exemplo: O menino sujou seu uniforme. O que caracteriza a oração é o verbo, não importando que a oração tenha sentido ou não sem ele. O período é uma frase que possui uma ou mais orações, podendo ser: Simples: Quando constituído de uma só oração. Ex.: João ofereceu um livro a Joana. Composto: Quando é constituído de duas ou mais orações. Ex.: O povo anseia que haja uma eleição justa, pois a última obviamente não o foi. Os períodos compostos são formados por coordenação, por subordinação ou por ambas as formas (coordenação-subordinação). 8.4 Tipos Básicos de Frases Frases declarativas: após a constatação de um fato, o emissor faz uma declaração; Frases exclamativas: as que possuem exclamação; Frases imperativas: as que expressam ordens, proibições ou conselhos; e Frases interrogativas: as que transmitem perguntas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo http://pt.wikipedia.org/wiki/Termos_essenciais_da_ora%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Termos_essenciais_da_ora%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o_coordenada http://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o_subordinada ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 76 E ainda há mais dois grupos secundários: Frases optativas: o emissor expressa um desejo (Ex.: Quero comer picolé.); Frases imprecativas: o emissor expressa uma súplica através de maldição. (Ex.: Que um raio caia sobre minha cabeça.). 8.4.1 Outros Tipos de Frases Frase simples (frase não-idiomática): do ponto de vista de uma tradução, é a que pode ser traduzida literalmente para uma língua (nota: em alguns casos, frases simples têm uma diferença mínima em outra língua, geralmente de ordem gramatical.) Frase Cliché: são frases que podem reproduzir formas de discriminação social e expressar um modo de pensar as relações sociais, utilizando às vezes fragmentos de provérbios. Exemplos: Lugar de Mulher é na Cozinha, Homem não presta, Ele é um Preto de Alma Branca. Frase idiomática ou expressão idiomática: é a que não é traduzida literalmente para outro idioma. No caso, em cada língua a ideia da frase é expressa por palavras totalmente diferentes. Exemplo portuguesa- inglês: Ele está na pior. = He’s down and out. (Literalmente: Ele está abaixo e fora). Frase feita: é a que, a fim de expressar determinada ideia, é dita sempre de forma invariável. Exemplo: Ele foi pego com a boca na botija. Note- se que às vezes uma frase feita é, ao mesmo tempo, uma expressão idiomática. Por exemplo, a frase feita acima citada é dita em inglês como He was caught red-handed., ou, literalmente: ele foi pego com as mãos vermelhas. Frase formal (não-coloquial, não-popular): é a dita segundo as normas da linguagem padrão ou formal. Esta é usada formalmente por escrito, http://pt.wikipedia.org/wiki/Tradu%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Express%C3%A3o_idiom%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 77 e em circunstâncias formais também oralmente, em textos não raro mais longos (em relação a textos sinónimos coloquiais), às vezes com palavras difíceis (que não são do conhecimento da população em geral). Frase coloquial (coloquialismo): é a dita de forma coloquial, ou seja, usando-se uma linguagem simples, em geral oralmente, com textos resumidos e informais. Uma frase coloquial pode conter erros gramaticais (uma ou mais palavras não estão na linguagem padrão), mas costuma ser falada por qualquer pessoa, não importa o seu nível social. Síntese A Sintaxe representa umas das componentes da gramática que se dedica ao estudo das regras que regem a construção de frases nas línguas naturais. Em termos de estrutura dos Constituintes, podemos encontrar na sintaxe o sujeito que compõe-se por sujeito simples, sujeito composto, sujeito subentendido desinencial, implícito, oculto ou elíptico e sujeito Indeterminado. Outro constituinte imediato é o predicado repartido em predicado verbal, predicado nominal e predicado verbo-nominal e com os complemento verbal (objecto directo e indirecto). Existem diferenças quando falamos de frase, oração e período. As frases têm os seguintes tipos básicos: declarativas, exclamativas, imperativas, interrogativas, optativas e imprecativas. Outros tipos de frases são: frase simples (frase não-idiomática), frase Cliché, frase idiomática ou expressão idiomática, frase feita, frase formal (não-coloquial, não-popular e frase coloquial. http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_padr%C3%A3o ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 78 Auto-Avaliação 1. Distinga sujeito simples do sujeito composto. Exercícios de Aplicação 1. Quais são as frases que contêm complementos de verbo. Indique a sua respectiva classificação. a. Construída a estrada, tornar-se-á fácil ir ao Norte. b. Tenho certeza de ser bem sucedido. c. Todos fizeram o firme propósito de não mais falar da vida alheia. d. Disse não saber de nada. 2. Indique a tipologia de frase das frases abaixo. Justifique. a. A velhinha, arrastando a cesta pesada, agradeceu a caridade... b. Suponho serem eles os responsáveis. c. É necessário você entender isto. d. Só fica aqui quem tem estatuto para tal. 3. Divida e classifique as orações. a. Terminado o recital, o artista foi aplaudido. b. Preparando-se para o jogo, os meninos não irão sair. c. Descoberto o perigo, procurou-se evitá-lo. d. Estas são as entradas obtidas no clube. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 79 TEMA IX - INTRODUÇÃO À SEMÂNTICA Introdução A Semântica é mais uma das componente da gramática. Neste capítulo vamos então abordar sobre os princípios da semântica: a noção de sema, enunciado, frase, proposição. Falaremos igualmente neste capítulo sobre o sentido e referência, expressões genérica e referencial. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Definir semântica e sema; Compreender as relações de sentido entre as palavras (identidade ou igualdade de sentido); Definir as expressão referencial e genérica 9.1 Conceito da Semântica O vocábulo semântica “σημαντικός”, derivado de sema, (sinal); refere- se ao estudo do significado, em todos os sentidos do termo. A semântica opõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo é expresso (por exemplo, escritos ou falados). Dependendo da concepção de significado que se tenha, têm-se diferentes semânticas. A semântica formal, a semânticada enunciação ou argumentativa e a semântica cognitiva, por exemplo, estudam o mesmo fenómeno, mas com conceitos e enfoques diferentes. A semântica é, portanto a componente da gramática que estuda o significado e sentido que as palavras veiculam numa determinada língua. A semântica como componente da gramática é muito recente, ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 80 mas o seu objecto de estudo que é o significado é remoto, já se estudava em filosofia, lógica, etc. 9.2 Noção de Sema Sema, corresponde ao conjunto de traços particulares que caracterizam um ser, coisa, objecto etc. Ex: a palavra ovo tem traços semânticos que o caracterizam, nomeadamente: tem forma oval, de cor castanha ou branca, tem casca, tem gema e clara. É através da construção de semas que os falantes de uma determinada língua podem ter o significado ou sentido absoluto de algo ouvido ou visto. Portanto, sabe-se que os falantes de uma determinada língua logo que ouvem o som, associam-no ao seu referente, à medida que associam constroem determinados semas, com a finalidade de obterem a ideia global. 9.2.1 Noção de Sentido e Referência Noção de Sentido Sentido, é o lugar que uma palavra ocupa no sistema de relações com outras palavras numa determinada frase de uma certa língua. Noção de Referência O termo referência foi introduzido para estabelecer a relação entre as palavras e as coisas, acções e qualidades que elas apresentam. A referência pressupõe a existência ou realidade que se deriva da nossa experiência directa dos objectos no mundo físico. Portanto, dizer que uma palavra ou unidade tem significado “ se refere” à um objecto implica que o seu referente é um objecto existente no mundo real. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 81 A relação que existe entre as palavras e as coisas (referentes) é a de referência, as palavras não significam e nem denominam as coisas mas sim referem-nas. 9.3 Relações de Sentido (identidade ou igualdade de sentido) Sinonímia Há presença de sinonímia quando duas os mais palavras apresentam igualdade de sentido. O problema de sinónimos é muito discutido, porque existem palavras embora sejam sinónimas não se podem substituir em todos os contextos. Com efeito, determinadas palavras podem ser sinónimas, mas observar-se a restrição delas em termos de contexto. Ex: investigação = pesquisa. F1: Estou a fazer trabalho de investigação. F2: Estou a fazer trabalho de pesquisa. Nas frases acima, os termos pesquisa e investigação podem-se substituir para este contexto. Ora vejamos a aplicação destes nas frases seguintes: F1: A Polícia de investigação criminal prendeu-lhes. F2: *A Polícia de pesquisa criminal prendeu-lhes. Nestas duas frases acima vemos que estes termos não se podem substituir no contexto em causa. Entretanto, caso haja a substituição, uma das frases torna-se agramatical. Das frases apresentadas podemos depreender que duas palavras por mais que sejam sinónimas mas a sua ocorrência em contextos diversos os diferentes é limitada, onde ocorre uma palavra, outra não ocorre, ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 82 isto é; há uma exclusão mútua em termos contextuais. Sendo assim, podemos concluir que, a sinonímia íntegra não existe. Hiponímia e Hiperonímia Hiponímia, relação de identidade de sentido estabelecida entre duas ou mais palavras, onde o conteúdo de uma delas está contido no conteúdo da outra em que um é termo geral ou hiperónimo e outros são as partes ou hipónimo. Ex1: Hiperónimo - animal. Hipónimo - cão, gato, coelho, porco etc. Ex2: Hiperónimo - país Hipónimos: Moçambique, Angola, Guiné-Bissau. Paráfrases A paráfrase acontece quando duas ou mais frases apresentam igualdade de sentido ou ambas apresentam a mesma proposição. Exemplo: a) Estes aviões chocaram-se. b) Estes aviões envolveram-se em acidente. Nestas frases houve alteração de mais de um elemento, mas o sentido não se alterou. Com feito, estamos perante um caso de paráfrase porque ambas expressam a mesma proposição ou veiculam o mesmo sentido. 9.4 Relações de Oposição ou Dissemelhança de Sentido Antonímia Os itens linguísticos além de apresentarem a relação de igualdade de sentido, apresentam também a relação de oposição de sentido, que se denomina antonímia. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 83 Com efeito, dá-se o nome de antonímia as palavras que aparecendo aos pares não permitem a aplicação de um onde o outro tiver sido aplicado. Ex: morto vs. vivo; verdadeiro vs. falso; amar vs. odiar. Contradição Acontece quando duas ou mais frases apresentam desigualdade de sentido. Ex1: O António morreu é uma contradição de O António está vivo. Ex2: Estás a dormir acordado. Estás acordado. Polissemia A Polissemia tem a ver com termos que possuem vários sentidos relacionados. O termo polissemia subdivide-se em poli, que significa muitos e sema, que significa significado. Em semântica discute-se desde muito tempo sobre a diferença entre homonímia vs. polissemia, porque parecem ser termos idênticos mas não. Portanto, a diferença entre estes dois termos é que enquanto que na homonímia as palavras não apresentam sentidos relacionados, na polissemia apresentam sentidos relacionados. Ambiguidade Uma palavra, sintagma ou frase apresenta relação de ambiguidade quando possui mais de um significado. Ex: O Pedro e Rosa são casados. A frase acima tem dois sentidos que são: (i) O Pedro é casado com alguém (x). (ii) A Rosa é casada com alguém (y). ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 84 Tipos de Ambiguidade Existem dois tipos de ambiguidade, nomeadamente: 1. Lexical; que é aquela que ao nível da palavra. Ex: Ele estava na minha companhia (comigo) Ele estava na minha companhia (empresa) Esta ambiguidade depende da homonímia (sentidos não relacionados) e polissemia (sentidos relacionados). 2. Estrutural; quando uma frase apresenta diferentes sentidos. Ex: – Vi o homem de binóculos. Para esta frase podemos ter duas leituras: (i) O locutor viu o homem através de binóculos e (ii) O locutor viu o homem que tinha binóculos. Homonímia É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, ou seja, os homónimos: As homónimas podem ser: Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular presente indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) - conserto (1ª pessoa singular presente indicativo do verbo consertar); Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão (substantivo) - sessão (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar (verbo); ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 85 Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão (substantivo) / cedo (verbo) - cedo (advérbio); Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parónimos: Exemplos: comprimento – cumprimento; aura (atmosfera) - áurea (dourada); conjectura (suposição) - conjuntura (situação decorrente dos acontecimentos); descriminar (desculpabilizar) - discriminar (diferenciar); desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear(passar as folhas de uma publicação); despercebido (não notado) - desapercebido (desacautelado); geminada (duplicada) - germinada (que germinou); mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar); sobrescrever (endereçar) - subscrever (aprovar, assinar); veicular (transmitir) - vincular (ligar). Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e origem completamente distintos. Exemplos: São (Presente do verbo ser) - São (santo) 9.5 Distinção entre Conotação e Denotação: Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração de pedra. Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido. Síntese Nas relações de sentido (identidade ou igualdade de sentido), existe a sinonímia que acontece quando duas os mais palavras apresentam igualdade de sentido. A Hiponímia acontece quando duas ou mais palavras, onde o conteúdo de uma delas está contido no conteúdo da ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 86 outra em que um é termo geral ou Hiperónimo e outros são as partes ou hipónimo. A denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. Por outro lado, a conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto. Auto-Avaliação 1. Indique os sinónimos das palavras: a) Alucinado b) Pertence c) Abranger Exercícios de Aplicação 1. Explique os termos: frase e enunciado, de seguida apresente um exemplo para cada termo. 2. Dadas as palavras abaixo, forme semas da cada palavra. a) Lata b) Casa c) Cadeira d) Mesa 3. Estabeleça a relação de hiponímia e hiperonímia das palavras: a) Cão b) Limão A polissemia tem a ver com termos que possuem vários sentidos relacionados. A ambiguidade acontece quando uma palavra contém mais de um significado. Homonímia estabelece uma relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 87 c) Maputo d) África e) Tubérculo 4. Tendo em conta a relação de posição de sentido, diga em que situação se encontram o grupo de frases abaixo: A. O Pedro é irmão do sr. Sitoe. B. A minha mãe não tem carro. C. Esta senhora e o senhor que está do lado dela são casados. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 88 TEMA X - INTRODUÇÃO À PRAGMÁTICA Introdução Vamos neste capítulo abordar sobre a pragmática. Entre outros aspectos vamos conhecer as principais noções sobre a pragmática e seus princípios; vais conhecer igualmente algumas funcionalidades dos actos locutórios dentro da comunicação interpessoal. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Apresentar conceito de pragmática; Aludir sobre os princípios da pragmática; Definir act os ilocutórios. 10.1 Conceito de Pragmática A língua está cheia de promessas implícitas, brindes, avisos, etc. Por exemplo, na frase eu irei casar consigo é uma realização implícita de uma promessa de circunstancia apropriada e tem o mesmo valor de promessa de eu vou caçar-te. Obviamente que levantarmo-nos do nosso lugar de copo na mão e gritarmos à saúde do nosso anfitrião constitui um brinde tão genuíno como se disséssemos eu brindo a saúde do nosso anfitrião. O estudo de como fazemos coisas com frases é um dos actos ilocutórios. Ao estudarmos os actos ilocutórios estamos perfeitamente conscientes da importância do contexto em que ocorre o enunciado. Em certas circunstancias a frase, ali tem um carneiro no armário é um aviso, mas exactamente a mesma frase pode ser uma promessa ou mesmo uma mera afirmação de um facto, consoante as circunstancias. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 89 A teoria dos actos ilocutórios pretende explicar quando é que ao fazermos perguntas queremos dar ordens ou ao dizermos uma coisa com uma entoação especial (sarcástica) queremos dizer o contrario. Assim, à mesa, Podes me passar o sal? Significa a ordem Passa-me o sal? Não se trata de um pedido de informação e sim não constitui resposta adequada 10.2 Princípios da Pragmática: Actos Ilocutórios A teoria dos actos ilocutórios faz parte da pragmática que é um si mesma uma parte de que temos vindo a denominar realização linguística. Aos actos praticados quando são proferidas palavras dá-se o nome de actos de fala. Austin Words (1962), classificou estes actos da seguinte forma: há o acto fonético, de produzir sons; o acto fáctico, de produzir uma frase gramatical, e o acto rético, de dizer algo com sentido, actos que, conjuntamente, constituem o acto locutório. Depois há o que se faz ao dizer qualquer coisa, como ameaçar, orar ou prometer: são os actos ilocutórios. Finalmente, dizer qualquer coisa pode produzir efeitos nos ouvintes, como assustá-los: são os actos perlocutórios. Tabela Síntese sobre os Actos Ilocutórios Actos Ilocutórios Exemplos Assertivos (ou representativos). Os actos que se relacionam com o locutor, com o valor de verdade do que se diz, isto é, do enunciado. Asserções simples, com conteúdo proposicional equivalente às frases contendo os verbos acima indicados. Acredito em Adapto-me a… Atendo ao facto… Coloco a questão… Sugiro… Chumbas, tão certo como 2 e 2 serem 4. Chumbas. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 90 Compromissivos ou comissivos Actos em que o locutor compromete-se a realizar, no futuro, o acto referido no enunciado. Juro Tenciono Prometo Frases simples no futuro do indicativo ou seus substitutos como o presente do indicativo Amanhã eu serei alguém. Expressões elípticas com valor ilocutório comissivo: Até logo, à porta do cinema. Expressivos. Os actos que têm como objectivo exprimirem o estado psicológico do locutor em relação ao enunciado. 1. Verbos ilocutórios expressivos: Agradeço-te Congratulo-me 2. Verbos criadores de universos de referência modalizados por advérbios: Acho mal…. 3. Expressões exclamativas com adjectivos valorativos, advérbios, verbos experênciais, afectivos ou expressivos: Bom dia! Que lindo vestido! Gosto mesmo dessa planta! Directivos Os actos em que o locutor pretende que o ouvinte realize, no futuro, o acto verbal ou não verbal referido no enunciado (ordens, conselhos, pedidos, sugestões) Aconselho; Convido; Imploro Obrigo; Peço; Proíbo Quero ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 91 Declarações Actos em que, pela sua enunciação, alteram a realidade, criando novos estados de coisas. Estes actos só podem ser praticados por locutores investidos de autoridade que lhes é reconhecida pelos interlocutores. Uma declaração é a expressão verbal da realidade que ela própria cria ou de que pontualmente depende. A sessão está aberta. Declaro-vos marido e mulher. Vamos começar a aula. ATENÇÃO: Existe também os Actos Perlocutórios que tem a ver com os actos de fala realizados apenas se certos resultados forem obtidos — como, por exemplo, os de persuadir, ridicularizar ou assustar alguém. Os actos perlocutórios contrastam, portanto, com os actos locutórios e com os actos ilocutórios, que são realizados independentemente de a elocução respectiva ter o efeito desejado, ou sequer qualquer efeito que seja. Síntese Os actos ilocutórios têm a ver com o estudo de como realizamos actos através de enunciados sendo, no entanto, necessário o contexto paradeterminarmos a natureza dos actos ilocutórios. Os actos ilocutórios A pragmática define-se como sendo o estudo da influência do contexto no modo como interpretamos as frases. Ou por outra, denomina-se pragmática o estudo genérico de como o contexto afecta a interpretação linguística. A teoria dos actos ilocutórios faz parte da pragmática, que em si mesma uma parte da realização linguística. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 92 podem ser compromissivos (ou comissivos), assertivos (ou representativos), expressivos, directivos e declarações. Cada um deles assume uma significação específica no acto da fala. Auto-Avaliação Respostas Exercícios de Aplicação 1. Identificação do Acto Ilocutório De entre as frases dadas abaixo, identifica quatro actos ilocutórios assertivos (asserções que vinculam o locutor à verdade do que diz), quatro actos ilocutórios expressivos (expressões de estados de espírito do locutor), quatro actos compromissivos (compromissos, promessas que responsabilizam o locutor), quatro actos declarativos (declarações que valem, por si sós, para criar uma nova realidade), quatro actos directivos (ordens, pedidos) e quatro actos declarativos assertivos (que fundem os actos declarativos com os assertivos). 1. Surpreende-me e agrada-me que fiques connosco. 2. Sai já desta casa! 3. Baptizo este avião com o nome de “Asas da liberdade”. 4. Comprometo-me a ajudar-te sempre que precisares. 5. Declaro-vos marido e mulher. 6. Proíbo-te de veres televisão a partir da dez da noite. 7. O Rui e a Daniela foram à praia. 1. O que é Pragmática? 2. Qual é a importância do estudo da Pragmáqtica? ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 93 TEMA XI - LÍNGUA: Falada e Escrita Introdução Neste capítulo vamos discutir os processos decorrentes da escrita e da fala. Antes porem, define-se o conceito de língua como instrumento de comunicação humana. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Compreender as várias acepções sobre o conceito de língua; Apresentar elementos teóricos e práticos que distinga a concepção de língua e da fala. Relacionar língua com a escrita. 11.1 Acepções sobre o Conceito de Língua. Não é fácil definir a língua enquanto objecto de estudo da Linguística. Ao contrário do que muitos pensam, a língua não é meramente um objecto concreto. Ela é dotada de uma abstracção que contribui para a dificuldade de defini-la. Por exemplo, se tomarmos uma determinada palavra, veremos que ela não é apenas um objecto linguístico concreto. É muito mais do que isso. É um som, um conjunto de sentidos e uma história. Não é um objecto que cria o ponto de vista, mas o ponto de vista que cria o objecto. Se tomarmos essa palavra pelo som, veremos que ela apresenta duas faces, sendo que uma não vale sem a outra. Ao se articular as sílabas dessa palavra, produz-se um efeito acústico percebido pelo ouvido. No entanto, esse efeito não existiria se não fossem os órgãos vocais. Por isso, a língua não pode ser apenas o som, há de se considerar as abstracções da impressão acústica, ou seja, o som e a impressão que ele causa são interdependentes. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 94 Por outro lado, som e ideia formam conjuntamente uma unidade complexa, fisiológica e mental. É necessário, assim, admitir que a linguagem tem dois lados: o individual e o social, sendo impossível conceber um sem o outro. Além disso, a linguagem implica, a cada instante e simultaneamente, uma instituição actual e passada. Isso torna complexo o estudo e a definição de língua. É facilmente constatado que a Linguística apresenta várias formas diferentes de abordagem, ou seja, não se dá de forma integral. Então surge o dilema: ou nos aprofundamos em apenas uma forma de abordagem, ou nos arriscamos à sua abordagem integral. Neste último caso, aparecerá um aglomerado confuso de ideias, dificultando o trabalho de quem a estuda. A solução seria, então, “colocar-se primeiramente no terreno da língua e tomá-la como norma de todas as manifestações da linguagem” (p.16). De fato, partindo-se da língua como manifestação da linguagem, os estudos linguísticos tornam-se menos complexos. Mas afinal, o que é língua. Saussure afirma que língua não se confunde com linguagem. Aquela é um produto, uma parte desta. Essencial, é claro. Portanto, entende-se por língua como um conjunto de convenções adoptadas por um determinado grupo social com o objectivo de permitir a inter-relação entre seus membros. Já a linguagem é multiforme, pertence a todos os domínios e não se classifica em nenhuma categoria dos fatos humanos. Assim, podemos entender que a língua é algo adquirido e convencionado por um determinado grupo. Está, então, clara a diferença entre língua e linguagem. Para se situar a língua no conjunto da linguagem, faz-se necessário analisar o circuito da fala. Tal circuito ocorre, no mínimo e obrigatoriamente, entre duas pessoas e divide-se em três partes: ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 95 1ª) Parte psíquica → ocorre no momento em que o falante cria, em seu cérebro, uma imagem que pretende transmitir ao ouvinte. 2ª) Parte fisiológica → ocorre no momento em que o cérebro processa a imagem criada pelo falante e a transmite ao aparelho fonador. 3ª) Parte física → ocorre no momento em que as ondas sonoras se propagam da boca do falante até o ouvido do ouvinte. Esse processo é contínuo durante o acto da comunicação, já que vai se revezando entre as duas pessoas envolvidas no acto. E ainda pode ser visto sob duas partes: a activa, chamada de executiva, que vai do centro de associação de uma pessoa ao ouvido da outra; e a passiva, chamada de receptiva, que vai do ouvido desta ao seu centro de associação. Esse processo dá-se no plano social e não no individual, pois indivíduos são unidos pela linguagem e reproduzem os mesmos signos. Sobre essas partes da língua, Saussure ressalta alguns pontos importantes. Em relação à parte física, por exemplo, esta desaparece quando o falante não utiliza a mesma língua do ouvinte, portanto não haverá a compreensão. Outro ponto importante é que a parte executiva se forma de marcas que são as mesmas em todos os indivíduos falantes. Porém, cada um deles possui um conjunto de informações armazenadas em seu cérebro que se encaixam no plano individual. Por isso a língua nunca está completa. Só a estará se considerarmos o conjunto todo, ou seja, a massa de indivíduos tendo todos as mesmas informações. Dessa forma, é possível concluirmos que uma língua jamais estará completa. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 96 11.2 Diferenças entre a Língua e Fala Saussure separa a língua da fala, colocando a primeira no plano social e a segunda, no individual. Ao estabelecer essa separação, o autor deduz que a língua não é uma função do falante, mas sim um produto que o indivíduo regista passivamente, ao passo que a fala é um ato de vontade e de inteligência, pois o falante exprime seus pensamentos. Em outras palavras, o falante não tem a capacidade de criar ou modificar, sozinho, uma língua, mas pode expressar o que tem vontade. Nota-se que Saussure acaba por não definir a língua e afirma, sobre isso, que qualquer definição sobre um tema é vã, logo não se deve partir de um termo para definir as coisas, mas simplesmente defini-las. No entanto, ele aponta algumas características próprias da língua. Ela é um objecto definido dentro dos fatos da linguagem, por ser sua parte social, portantoexterior ao indivíduo, é um contrato estabelecido entre os membros de uma comunidade, pode ser estudada separadamente e é de natureza homogénea, ao passo que a linguagem é de natureza heterogénea. A língua é concreta, o que facilita seu estudo. Embora seja psíquica, ela não é feita de abstracções, é sediada no cérebro do indivíduo e nela existe a imagem acústica, que pode se traduzir em imagem visual, no caso, a escrita. 11.3 Relação das Línguas com a Escrita Muitas línguas existentes no mundo não têm forma escrita, o que não significa que sejam menos desenvolvidas. Aprende-se a falar antes de se aprender a escrever e historicamente passaram dezenas de milhares de anos durante os quais a língua foi falada antes de existir algum tipo de escrita. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 97 A influência dos sistemas de escrita sobre a linguagem oral pode ser pequena. As línguas mudam no tempo, mas o sistema tendem a ser mais conservador; quando as formas escrita e oral de uma língua começam a divergir, algumas palavras podem ser pronunciadas como são escritas, muitas vezes devido aos esforços feitos pelos “reformadores de pronúncia”. Há vantagens na existência de um sistema ortográfico conservador. Uma ortografia comum permite que os falantes dos dialectos que divergiram da língua possam comunicar através da escrita como bem exemplifica a situação na China, onde os dialectos são mutuamente ininteligíveis. Além disso, podemos também ler e compreender o que foi escrito a muitos séculos. Síntese A língua é uma forma particular de linguagem, um sistema de signos linguísticos, que pode ser utilizado por meio da fala ou da escrita. É comum a um povo, a uma nação, a uma cultura, e constitui o seu instrumento de comunicação. Portanto, a língua é a linguagem verbal utilizada por um grupo de indivíduos que constitui uma comunidade. Se por um lado, a língua é um sistema de signos linguísticos que serve de base de comunicação numa determinada comunidade, por outro, a fala é a realização concreta da língua; ela é feita por um indivíduo da comunidade num determinado momento. A fala é um acto individual que cada membro pode efectuar com o uso da linguagem. A escrita é um dos instrumentos básicos da civilização. A primeira escrita foi “escrita rupestre” que utilizava pictograma para representar directamente objectos. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 98 Auto-Avaliação 1. Diferencie língua, linguagem, fala e discurso. Exercícios de Aplicação Resolva o exercício que se segue. 2. “O som e ideia formam conjuntamente uma unidade complexa, fisiológica e mental”. Apresente argumentos validos para comentar o trecho em destaque. 3. Um indivíduo pode utilizar linguagem para comunicar-se, mas nem tão pouco recorrer a uma determinada língua. O mesmo indivíduo pode servir-se da língua para comunicar-se sem contudo recorrer a fala. Concorda com estas afirmações? Fundamente. 4. O circuito da fala depende unicamente do cérebro e da boca. Concorda? Faça uma breve reflexão teórica que justifica a sua posição. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 99 TEMA XII - NOÇÕES DE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLINGUÍSTICA Introdução No presente capítulo abordaremos sobre a sociolinguística e a psicolinguísticas. Estas são mais duas das componentes da gramática. Vamos então compreender a relação que se estabelece entra a língua e a sociedade, por um lado, por outro, vamos compreender os processos básicos decorrentes do funcionamento da língua na psico humana. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos Específicos Demonstrar a relação entre a Língua e Sociedade baseando na hipótese de Sapir e Worf e do Paradoxo de Saussure Conceituar psicolinguística Indicar ramos da psicolinguística. 12.1 Sociolinguística 12.1.1 Relação Língua e Sociedade Uma língua só existe dentro de uma colectividade, independente da vontade do falante. Ela é a soma de tudo o que as pessoas dizem e envolve dois aspectos importantes: as combinações individuais e voluntárias e os actos de fonação, responsáveis pela execução de tais combinações. Por isso, nada há de colectivo na fala, não sendo possível, assim, reunir, no mesmo ponto de vista, língua e fala. Por essas razões, Saussure concebe a existência de duas Linguísticas: a da língua, que estuda a colectividade; e a da fala, que estuda a individualidade. Não se pode estudar uma língua sem considerarem-se seus elementos externos. Estes são muito importantes nos estudos linguísticos. Consideram-se como elementos externos a história e os costumes de ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 100 uma nação, pois esta é constituída pela língua. Há de se ressaltarem as relações existentes entre a língua e a história política. Grandes acontecimentos históricos, com as conquistas e as colonizações, têm importância incalculável nos estudos dos fatos de uma língua, uma vez que acarretam transformações nela. É também de grande importância as relações da língua com as instituições, como a Igreja e a escola. Nesta última, estuda-se, por exemplo, a língua literária, fenómeno histórico, que ultrapassa os limites estabelecidos pela própria literatura. Um linguista deve estudar as relações entre a língua literária e a língua corrente, pois a primeira, produto de uma cultura, separa-se naturalmente da segunda. Fica claro, assim, que os factores históricos e geográficos estão directamente ligados à língua, embora na realidade não afectam seu organismo interno, sendo, portanto, impossível, segundo o autor, separar os elementos externos dos internos nos estudos linguísticos. Só se conhecem os factores internos de uma língua, conhecendo-se os externos. Como exemplo desse facto, Saussure cita os empréstimos linguísticos, chamados de estrangeirismo. Estes, ao se incorporarem a um determinado idioma, não devem ser considerados como estrangeirismos, desde que sejam estudados dentro do idioma. 12.1.2 Hipótese de Sapir e Worf Sapir-Whorf, nos seus estudos linguísticos relacionam o funcionamento da mente e da linguagem. Eles procuram compreender em que medida a linguagem influencia o pensamento, e vice-versa. Há várias perspectivas e sugestões. A hipótese de Sapir-Whorf sugere que a linguagem limita a extensão na qual os membros de uma comunidade linguística podem pensar sobre ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 101 os temas. (Há um paralelo dessa hipótese em 1984, romance de George Orwell.) 12.1.3 O Paradoxo de Saussure Ao longo da sua actividade linguística, Ferdinand de Saussure apresenta conceitos antagonismo para estabelecer relação entre conceitos para além do que já referimos com relação a língua vs. fala. 1. Sincronia vs Diacronia Ferdinand de Saussure enfatizou uma visão sincrónica, um estudo descritivo da linguística em contraste à visão diacrónica do estudo da linguística histórica, estudo da mudança dos signos no eixo das sucessões históricas, a forma como o estudo das línguas era tradicionalmente realizado no século XIX. Com tal visão sincrónica, Saussure procurou entender a estrutura da linguagem como um sistema em funcionamento em um dado ponto do tempo (recorte sincrónico). Sintagma vs Paradigma O sintagma, definido por Saussure como “a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior”, e surge a partir da linearidade do signo, ou seja, ele exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo, pois um termo só passa a ter valor a partir do momento em que ele se contrastacom outro elemento. Já o paradigma é, como o próprio autor define, um "banco de reservas" da língua fazendo com que suas unidades se oponham pois uma exclui a outra. http://pt.wikipedia.org/wiki/Sincronia http://pt.wikipedia.org/wiki/Vis%C3%A3o_diacr%C3%B4nica http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 102 12.1.4 Princípios da Mudança Linguística Conceitos de Variação e Mudança Linguísticas Variação de uma língua é o modo pelo qual ela diferencia-se, sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico, geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa língua manifestam- se verbalmente. Variedade é um conceito maior do que estilo de prosa ou estilo de linguagem. Alguns escritores de sociolinguística usam o termo lecto, aparentemente um processo de criação de palavras para termos específicos, são exemplos dessas variações: dialectos (variação diatópica), isto é, variações faladas por comunidades geograficamente definidas. o idioma é um termo intermediário na distinção dialeto- linguagem e é usado para se referir ao sistema comunicativo estudado (que poderia ser chamado tanto de um dialecto ou uma linguagem) quando sua condição em relação a esta distinção é irrelevante (sendo, portanto, um sinónimo para linguagem num sentido mais geral); Sociolectos, isto é, variações faladas por comunidades socialmente definidas. Linguagem padrão ou norma padrão, padronizada em função da comunicação pública e da educação Idiolectos, isto é, uma variação particular a uma certa pessoa Registos (ou diátipos), isto é, o vocabulário especializado e/ou a gramática de certas actividades ou profissões Etnolectos, para um grupo étnico Ecoletes, um idiolecto adotado por uma casa http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_natural http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3rico http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Classe_social http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultural http://pt.wikipedia.org/wiki/Socioling%C3%BC%C3%ADstica http://pt.wikipedia.org/wiki/Dialeto http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Idioma http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_humana http://pt.wikipedia.org/wiki/Socioleto http://pt.wikipedia.org/wiki/Idioleto http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1tipo http://pt.wikipedia.org/wiki/Vocabul%C3%A1rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnoleto http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ecolete&action=edit&redlink=1 ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 103 As variações como dialectos, idiolectos e sociolectos podem ser distinguidos não apenas por seu vocabulário, mas também por diferenças na gramática, na fonologia e na versificação. Por exemplo, o sotaque de palavras tonais nas línguas escandinavas tem forma diferente em muitos dialectos. Um outro exemplo é como palavras estrangeiras em diferentes sociolectos variam em seu grau de adaptação à fonologia básica da linguagem. Certos registos profissionais, como o chamado legalês, mostram uma variação na gramática da linguagem padrão. Por exemplo, jornalistas ou advogados ingleses frequentemente usam modos gramaticais, como o modo subjuntivo, que não são mais usados com frequência por outros falantes. Muitos registos são simplesmente um conjunto especializado de termos (veja jargão). É uma questão de definição se a gíria e o calão podem ser considerados como incluídos no conceito de variação ou de estilo. Coloquialismos e expressões idiomáticas geralmente são limitadas como variações do léxico, e de, portanto, estilo. 12.1.2 Tipos de Variação Variação Histórica Acontece ao longo de um determinado período de tempo, pode ser identificada ao se comparar dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual: uma variante inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a ser adoptada por indivíduos socioeconomicamente mais expressivos. A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas, período em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Versifica%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_germ%C3%A2nica_setentrional http://pt.wikipedia.org/wiki/Inglaterra http://pt.wikipedia.org/wiki/Modos_e_tempos_verbais http://pt.wikipedia.org/wiki/Jarg%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%ADria http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%ADria http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloquial http://pt.wikipedia.org/wiki/Express%C3%A3o_idiom%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A9xico http://pt.wikipedia.org/wiki/Socioling%C3%BC%C3%ADstica ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 104 variante torna-se normal na fala, e finalmente consagra-se pelo uso na modalidade escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de significado. Variação Geográfica Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura sintáctica entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam-se comunidades linguísticas menores em torno de centros polarizadores, política e economia, que acabam por definir os padrões linguísticos utilizados na região de sua influência. As diferenças linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo. Variação Social Agrupa alguns factores de diversidade: o nível sócio-económico, determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de educação; a idade e o género. A variação social não compromete a compreensão entre indivíduos, como poderia acontecer na variação regional; o uso de certas variantes pode indicar qual o nível sócio- económico de uma pessoa, e há a possibilidade de alguém oriundo de um grupo menos favorecido atingir o padrão de maior prestígio. Variação Estilística Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as normas linguísticas, utilizado nas conversações imediatas do quotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Grafia http://pt.wikipedia.org/wiki/Significado http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Comunidade_ling%C3%BC%C3%ADstica&action=edit&redlink=1 ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 105 Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita e falada, pois os dois estilos ocorrem em ambas as formas de comunicação. As diferentes modalidades de variação linguística não existem isoladamente, havendo um inter-relacionamento entre elas: uma variante geográfica pode ser vista como uma variante social, considerando-se a migração entre regiões do país. Observa-se que o meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças da sociedade, preserva variantes antigas. O conhecimento do padrão de prestígio pode ser factor de mobilidade social para um indivíduo pertencente a uma classe menos favorecida. 12.1.5 Línguas Naturais Noam Chomsky, é o linguista que muito dedicou seus estudos sobre as línguas naturais. Segundo ele, deve haver uma gramática universal regendo as línguas em suas formas sistémicas segundo princípios passíveis de serem explicitados. Língua natural (língua ordinária, língua humana ou somente “língua” no uso comum)é um conceito formulado pela filosofia da linguagem e pela linguística para se referir às linguagens desenvolvidas naturalmente pelo ser humano como instrumento de comunicação, como as línguas faladas e a língua de sinais. As linguagens formais, desenvolvidas de forma artificial, não constituem línguas naturais, assim como as linguagens do mundo animal. Entre as primeiras encontram-se a língua escrita, o Esperanto, a linguagem de computador, etc. Entre as últimas, a linguagem das abelhas, por exemplo, primeiramente estudada por Karl Von Frisch. As línguas de sinais ou línguas gestuais são também línguas naturais, visto possuírem as mesmas propriedades características: gramática e http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=L%C3%ADngua_escrita&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=L%C3%ADngua_falada&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_rural http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica_universal http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_linguagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagens_formais http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_de_sinais http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 106 sintaxe com dependências não locais, infinidade discreta e generatividade/criatividade. Línguas de sinais ou gestuais como a norte- americana, a francesa, a brasileira ou a portuguesa estão devidamente documentados na literatura científica. 12.2 Conceito de Psicolinguística Psicolinguística é o estudo das conexões entre a linguagem e a mente que começou a se destacar como uma disciplina autónoma nos anos 1950. Ela não se confunde com a Psicologia da Linguagem por seu objecto e metodologia, apesar de muitos teóricos afirmarem que a Psicolinguística é um ramo interdisciplinar da Psicologia e da Linguística. De alguma maneira, seu aparecimento foi promovido pela insistência com que o linguista Noam Chomsky defendeu, naquela época, que a linguística precisava ser encarada como parte da psicologia cognitiva. A psicolinguística analisa os processos que dizem respeito à comunicação humana, mediante o uso da linguagem (seja ela de forma oral, escrita, gestual etc.). Essa ciência também estuda os factores que afectam a descodificação, ou seja, as estruturas psicológicas que nos capacitam a entender expressões, palavras, orações, textos. A comunicação humana pode ser considerada uma contínua percepção- compreensão-produção. A riqueza da linguagem faz com que esse contínuo se processe de várias maneiras. Assim, dependendo da modalidade, visual ou auditiva do estímulo externo, as etapas sensoriais em percepção serão diferentes. Também existe variabilidade na produção da linguagem; podemos falar, gesticular ou escrever. 12.2.1 Áreas da Psicolinguística Outras áreas da psicolinguística são centradas em temas como a origem da linguagem no ser humano. Algumas analisam o processo de aquisição da língua materna e também a aquisição de uma língua http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe http://en.wikipedia.org/wiki/American_Sign_Languageamericana http://en.wikipedia.org/wiki/American_Sign_Languageamericana http://fr.wikipedia.org/wiki/Langue_des_signes_fran%C3%A7aisefrancesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Libras http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_Gestual_Portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Mente http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cognitiva ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 107 estrangeira. Segundo Noam Chomsky, teórico de destaque na escola inatista, os humanos têm uma Gramática Universal inata (conceito abstracto que abrange todas as línguas humanas). Já os funcionalistas, que se opõem a essa corrente de estudos, afirmam que a aquisição da linguagem somente ocorre através do contacto social. Em suma, a Psicolinguística se interessa pela produção e compreensão da linguagem. A ideia é saber o que se passa na cabeça de um falante quando fala/ouve. Estas tarefas dizem respeito à comunicação humana. Síntese A língua é eminentemente um acto social. Na relação entre a linguagem e o pensamento (mente) a hipótese de Sapir-Whorf defende que a linguagem limita a extensão na qual os membros de uma comunidade linguística podem pensar sobre os temas. Existem quatro tipos de variação linguística, a saber: variação histórica, variação geográfica, variação social e variação estilística. Língua natural (língua ordinária, língua humana ou somente “língua” no uso comum) é um conceito formulado pela filosofia da linguagem e pela linguística para se referir às linguagens desenvolvidas naturalmente pelo ser humano como instrumento de comunicação, como as línguas faladas e a língua de sinais. Nesta unidade detenha os conceitos de Psicolinguística que é o estudo das conexões entre a linguagem e a mente. Ela é um ramo interdisciplinar da Psicologia e da Linguística. A psicolinguística analisa qualquer processo que diz respeito à comunicação humana, mediante o uso da linguagem (seja ela oral, escrita, gestual etc.). http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_linguagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Mente http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 108 Auto-Avaliação 1. Diferencie língua natural da língua viva. Ao mesmo tempo, apresente seus pontos comuns. Exercícios de Aplicação 1. Apresente cinco exemplos concretos que se estabelece relação entre uma sociedade e uma determinada língua. 2. “Primeiro pensamos, depois falamos” ou “primeiro falamos, depois pensamos”. A propósito da hipótese de Sapir-Whorf, reproduza argumentos que defenda uma das ideias notada. 2. Apresente exemplos claros dos seguintes termos: Língua padrão Dialectos Língua nacional Sociolectos Idiolectos Ecoletes Registos (ou diátipos) Etnolectos 3. Uma determinada comunidade é invadida por mercadores e de alguma forma os hábitos linguísticos alteram por influência da língua dos vientes. A que tipo de variação linguística estamos perante? Justifique. 4. Até que ponto a linguagem relaciona-se com a mente? 5. “A comunicação humana pode ser considerada uma contínua percepção-compreensão-produção.” Argumente. 6. Na produção da linguagem ocorre a mutabilidade. Por outra, a linguagem é mutável. O que é que se pode dizer a esse respeito? http://pt.wikipedia.org/wiki/Socioleto http://pt.wikipedia.org/wiki/Idioleto http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ecolete&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1tipo http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnoleto ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 109 7. Sobre a aquisição da linguagem humana, a psicolinguística apresenta dois argumentos. Quais são? Apresente exemplos concretos que justificam cada uma das hipóteses. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 110 RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO Tema I 1. Linguística é uma ciência que se dedica ao estudo da linguagem humana. 2. A escola dos neogramáticos defendia que a língua é um produto colectivo de grupos linguísticos e não se considerou mais a línguacomo um organismo autónomo. 3. Os principais ramos da linguística são: linguística descritiva que trabalha na análise e descrição da língua e linguística aplicada que é um campo interdisciplinar de estudo que identifica, investiga e oferece soluções para os problemas relacionados com a linguagem da vida real. Tema II 1. a) “F” b) “V” c) “V” Tema III 1. Não existe uma teoria aceitável que explique satisfatoriamente a origem da linguagem. 2. A principal diferença entre a comunicação humana e a não animal é o uso da linguagem verbal; o uso da palavra pelos homens. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 111 Tema IV 1. Os principais componentes da fonética são: fonética articulatória, fonética física e fonética perceptiva. Tema V 1. O aparelho fonador humano está composto pelos seguintes órgãos: pulmões, traqueia, laringe (cordas vocais e glote), lábios, dentes, alvéolos, palato duro, palato mole (véu palatino e úvula), parede rinofarínge, ápice da língua, raiz da língua. 2. Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético internacional para transcrever um determinado idioma: pode-se representar os fonemas, através da transcrição fonológica (que transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição fonética, que representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres entre colchetes). Tema VI 1. O Alfabeto Fonético Internacional é bastante utilizado pelos profissionais da área da linguística, fonoaudiologia, tradução e professores de idioma. Mas também pode ser de extrema importância para alunos de línguas estrangeiras, cantores e atores. Ou seja, qualquer profissional que trabalha com a pronúncia e que a todo o momento está envolvido com diferentes materiais escritos pode se valer do alfabeto fonético. Um bom exemplo da necessidade do alfabeto fonético internacional é no caso de um pesquisador conhecer uma tribo amazônica ou de qualquer outro lugar onde eles falem um idioma desconhecido para os demais. Tendo conhecimento deste alfabeto, o pesquisador pode transcrever o que os integrantes desta tribo conversam, podendo ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 112 até traduzir, além de servir como um material de grande valor para as pesquisas antropológicas. Tema VII 1. As unidades morfológicas são: Radical, Tema e Vogal Temática. 2. A Palavra é a unidade menor de som e significado dentro de uma frase. Tema VIII 1. Por um lado, o sujeito simples é aquele que tem apenas um núcleo representativo, por outro, o sujeito composto é aquele que apresenta mais de um núcleo representativo, escrito na oração. Tema IX 1. a) Alucinado b) Incumbência c) Abranger Tema X 1. A Pragmática analisa a linguagem considerando a influência do contexto comunicacional, extrapolando assim a visão da Semântica e da Sintaxe. 2. O ensino da língua se realize de forma eficiente, é preciso levar em conta muito mais que o sistema linguístico em si; é preciso considerar a sua realização em situações concretas de interação. Daí a importância da pragmática para os estudos semânticos: a combinação dos estudos semânticos e pragmáticos permite que sejam preenchidas as lacunas de significação através de fatores extralinguísticos que emolduram os termos presentes na superfície textual e tornam seus significados precisos. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 113 Tema XI 1. A língua é um tipo de linguagem; é a única modalidade de linguagem baseado em palavras; a linguagem é É o uso da língua como forma de expressão e comunicação entre as pessoas; por outro lado, a fala é a materialização da Língua na variante fónica, sendo realizada através de um processo de articulação de sons; e o discurso é discurso é uma mensagem, é um acto verbal e oral de se dirigir a um público, com o objectivo de comunicar ou expor algo, mas também de persuadir. Tema XII 1. Língua natural (língua humana, língua idiomática, ou somente língua ou idioma) é qualquer linguagem desenvolvida naturalmente pelo ser humano, de forma não premeditada, como resultado da facilidade inata para a linguagem possuída pelo intelecto humano; língua viva trata-se de língua que se usa na comunicação quotidiana e é, ao mesmo tempo, língua materna numa dada comunidade ou país. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 114 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AUSTIN, J.L. How to do things with words. Harvard, Harvard University Press, 1962. CAMARA, J: M. Princípios da Linguística Geral. Rio de Janeiro, Padrão Padrão-Livraria Editora Ltd. s/d. CAMPOS, M.H.C, & XAVIER. (1991). Sintaxe e Semântica do Português. Lisboa: Universidade Aberta. CAUCHARD, P. A Linguagem e Pensamento. São Paulo. Difusão Europeia do Livro. 1957. CRYSTAL, D. A Linguística. Lisboa. Publicações Dom Quixote. 1977. DUCROT, O & TODOROV, T. (1982). Dicionário das Ciências da Linguagem. Lisboa: Publicações Dom Quixote. CUNHA, C. & CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa. Edições João Sá da Costa. 1999. FARIA, I. H et al. (1996). Introdução à Linguística Geral e Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho. FROMKIN, V & RODMAN, R. (1993). Introdução à Linguagem. Coimbra: Livraria Almedina. GLEASON, H. A. Introdução à Linguística Descritiva. Lisboa. Fundação Caloustre Gulbenkian. 1961. KRISTEVA, Júlia. (1988). História da Linguagem, Lisboa, Edições 70. MATEUS, Maria Helena, e tal, (2003). Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa. Caminho. SCLIAR CABRAL, Leonor (1991). Introdução à Psicolinguística. Madrid: Editora Ática. WARDHAUGH, R. (1989). An Introduction to Sociolinguistics. Oxford: Basil Blackwell.