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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM 
Língua Portuguesa 
 
 
1º Ano 
Disciplina: Linguística I 
Código: 
Total Horas/1 Ano: 150 
Créditos (SNATCA): 6 
Número de Temas: 12 
 
 
 
 
 
 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
i 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e 
contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total 
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto 
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). 
 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais 
em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23 323501 
Cel: +258 82 3055839 
Fax: 23323501 
E-mail: isced@isced.ac.mz 
Website: www.isced.ac.mz 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
ii 
Agradecimentos 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual 
agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
 
Pela Coordenação 
Pelo design 
Direção Académica do ISCED 
Direção de Qualidade e Avaliação do ISCED 
Financiamento e Logística 
 
Pela Revisão 
Instituto Africano de Promoção da Educação 
a Distancia (IAPED) 
 
 
Elaborado Por: MsC Jane A. Mutsuque 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
iii 
VISÃO GERAL 1 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Linguística I ................................................................. 1 
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 
Ícones de Actividades ....................................................................................................... 4 
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8 
Avaliação ........................................................................................................................... 9 
 
TEMA I - CONSIDERAÇÕES GERAIS À DISCIPLINA: Natureza, objectivos e Princípios 11 
Introdução ....................................................................................................................... 11 
1.1 A Linguística como Disciplina Científica ................................................................. 11 
1.2 Fases da Linguística - Histórico do Surgimento da Linguística ............................... 12 
1.3 Objecto de Estudo da Linguística ........................................................................... 14 
1.4 Ramos da Linguística .............................................................................................. 14 
1.5 Matéria e Tarefas da Linguística ............................................................................ 15 
1.6 Relação da Linguística com outras Ciências ........................................................... 16 
Sumário ........................................................................................................................... 17 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 18 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 18 
 
TEMA II - A GRAMÁTICA 19 
Introdução ....................................................................................................................... 19 
2.1 Conceito de Gramática ........................................................................................... 19 
2.2 Componentes/Classificação da Gramática............................................................. 20 
2.3 Áreas de Estudo da Gramática ............................................................................... 21 
2.4 Função da Gramática.............................................................................................. 21 
2.5 Tipos de Gramáticas ............................................................................................... 21 
Síntese ............................................................................................................................. 23 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 23 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 24 
 
TEMA III - A LINGUAGEM (HUMANA) 25 
Introdução ....................................................................................................................... 25 
2.4 Conceito ………………………………. .............................................................................. 25 
3.2 Origem e Evolução da Linguagem .......................................................................... 26 
3.3 Teorias Filosóficas da Linguagem ........................................................................... 26 
3.4 Tipos de Linguagem ................................................................................................ 28 
3.5 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças) .............................. 29 
Síntese ............................................................................................................................. 30 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 31 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 31 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
iv 
TEMA IV - PRINCÍPIOS DA FONÉTICA 32 
Introdução ....................................................................................................................... 32 
4.1 Conceito de Fonética .............................................................................................. 32 
4.2 As Propriedades Articulatórias ............................................................................... 32 
4.3 Componente da Fonética ....................................................................................... 33 
4.4 Funcionamento do Aparelho Fonador Humano .................................................... 34 
Síntese ............................................................................................................................. 37 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 37 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 37 
 
TEMA V- TRANSCRIÇÃO FONÉTICA: Classificação dos Sons 38 
Introdução ....................................................................................................................... 38 
5.1 Alfabeto Fonético Internacional ............................................................................. 38 
5.2 Classificação dos Sons Linguísticos......................................................................... 41 
Síntese ............................................................................................................................. 45 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 46 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 46 
 
TEMA VI - PRINCÍPIOS DA FONOLOGIA 47 
Introdução ....................................................................................................................... 47 
6.1 Conceito de Fonologia ............................................................................................ 47 
6.2 Fonema, Fones e Alofones ..................................................................................... 47 
Síntese ............................................................................................................................. 53 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 53 
Exercício de Aplicação ..................................................................................................... 54 
 
TEMA VII - PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA 55 
Introdução ....................................................................................................................... 55 
7.1 A Concepção de Morfologia ................................................................................... 55 
7.2 Critérios da Definição da Palavra ........................................................................... 55 
7.3 Tipos de Morfemas ................................................................................................. 57 
7.4 Estrutura Interna da Palavra .................................................................................. 59 
7.5 Palavras Simples e Complexas................................................................................ 61 
Síntese ............................................................................................................................. 63 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 63 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 64 
 
TEMA VIII - A SINTAXE (NOÇÃO E ESTRUTURA DOS CONSTITUINTES) 65 
Introdução ....................................................................................................................... 65 
8.1 Conceito de Sintaxe ................................................................................................ 65 
8.2 Estrutura dos Constituintes (constituintes imediatos) .......................................... 66 
8.3 Frase, Oração e Período ......................................................................................... 74 
Síntese ............................................................................................................................. 77 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 78 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 78 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
v 
TEMA IX - INTRODUÇÃO À SEMÂNTICA 79 
Introdução ....................................................................................................................... 79 
9.1 Conceito da Semântica ........................................................................................... 79 
9.2 Noção de Sema ....................................................................................................... 80 
9.3 Relações de Sentido (identidade ou igualdade de sentido) ................................... 81 
9.4 Relações de Oposição ou Dissemelhança de Sentido ............................................ 82 
9.5 Distinção entre Conotação e Denotação: .............................................................. 85 
Síntese ............................................................................................................................. 85 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 86 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 86 
 
TEMA X - INTRODUÇÃO À PRAGMÁTICA 88 
Introdução ....................................................................................................................... 88 
10.1 Conceito de Pragmática ....................................................................................... 88 
10.2 Princípios da Pragmática: Actos Ilocutórios ......................................................... 89 
Síntese ............................................................................................................................. 91 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 92 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 92 
 
TEMA XI - LÍNGUA: Falada e Escrita 93 
Introdução ....................................................................................................................... 93 
11.1 Acepções sobre o Conceito de Língua. ................................................................. 93 
11.2 Diferenças entre a Língua e Fala .......................................................................... 96 
11.3 Relação das Línguas com a Escrita ....................................................................... 96 
Síntese ............................................................................................................................. 97 
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 98 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 98 
 
TEMA XII - NOÇÕES DE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLINGUÍSTICA 99 
Introdução ....................................................................................................................... 99 
12.1 Sociolinguística ..................................................................................................... 99 
12.2 Conceito de Psicolinguística ............................................................................... 106 
Síntese ........................................................................................................................... 107 
Auto-Avaliação .............................................................................................................. 108 
Exercícios de Aplicação ................................................................................................. 108 
 
RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO 110 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
1 
VISÃO GERAL 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Linguística I 
Objectivos do Módulo 
Ao terminar o estudo deste módulo de Linguística I deverá ser capaz 
de: conhecer os conceitos básicos da linguística, destacando seus 
objectivos, sua sistematização, seus procedimentosconcebidos 
para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os 
fenómenos que afectam as situações linguísticas numa perspectiva 
geral. 
 
 
Objectivos 
Específicos 
 Definir Linguística e suas importância. 
 Fazer um breve percurso histórico da disciplina. 
 Conhecer as diferentes formas manifestação da linguagem; 
 Conhecer a gramática e seus componentes. 
 Saber reconhecer os fenómenos de variação linguística. 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do Curso de 
Licenciatura em Língua Portuguesa do ISCED. Poderá ocorrer, 
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar 
seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não 
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o 
manual. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
2 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo, à semelhança dos restantes do ISCED, está 
estruturado como se segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção 
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente 
de habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. 
 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e 
actividades prátilcas, sendo algumas de estudo de caso. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
3 
Outros recursos 
A equipa dos acadêmicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, 
num cantinho recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de 
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta 
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você 
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro 
de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso 
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste 
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter 
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as 
possibilidades dos seus estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios 
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro 
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo 
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção 
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do 
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de 
avaliação é uma grande vantagem. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
4 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico-
Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de 
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
 
Ícones de Actividades 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes 
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela 
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança 
de actividade, etc. 
 
Habilidades de estudo 
 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. 
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro 
estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, 
procedendo como se segue: 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
5 
 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio 
de leitura. 
 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e 
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a 
sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com 
o padrão. 
 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades 
práticas ou as de estudo de caso se existirem. 
 
 
IMPORTANTE: 
Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente 
como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste 
item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre 
o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em 
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de 
manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo 
melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? 
Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. 
 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada 
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando 
achar que já domina bem o anterior. 
 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e 
estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
6 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos os 
conteúdo de cada tema, no módulo. 
 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o 
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das 
actividades obrigatórias. 
 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume 
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando 
interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por 
fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em 
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente 
incapaz! 
 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões 
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude 
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que 
está a se formar. 
 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto temposerá dedicado ao estudo e a outras actividades. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
7 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar. 
 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros 
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou 
invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento 
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, 
sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando 
a preocupação. 
 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Daí a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante 
– CR, etc. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
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As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do 
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
indigitada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza 
pedagógica e/ou administrativa. 
 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida 
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem 
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se 
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver 
habito de debater assuntos relacionados com os conteúdos 
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade 
temática, no módulo. 
 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
9 
 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
 
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, 
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma 
avaliação mais fiável e consistente. 
 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de 
avaliação. 
 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
 
 
1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
10 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
 
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
11 
TEMA I - CONSIDERAÇÕES GERAIS À DISCIPLINA: Natureza, objectivos e Princípios 
Introdução 
Caro estudante, vais iniciar os seus estudos na disciplina de Linguística 
com um tema que faz uma breve introdução à cadeira. As informações 
que aqui são vinculadas irão permitir que você tenha uma visão geral 
da linguística como disciplina científica; sobre o panorama histórico, o 
objecto de estudo da disciplina; os ramos da disciplina e a relação da 
linguística com outras ciências. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
Específicos 
 
 Definir linguística; 
 Descrever todos o processo histórico do surgimento da Linguística; 
 Indicar as fases porque a Linguística passou; 
 Descrever os ramos da linguística; 
 Identificar o principal objecto de estudo da Linguística; 
 Relacionar a linguística com outras ciências. 
 
1.1 A Linguística como Disciplina Científica 
As questões teóricas relativas à linguagem e às línguas, e as análises 
decorrentes da investigação integrada em quadros teóricos, ainda que 
possam constituir o conteúdo de gramáticas gerais ou particulares 
pertencem, na realidade, à ciência da linguagem denominada 
Linguística. Este termo foi utilizado pela primeira vez em alemão – 
Sprachwissenschaft – numa obra de 1833, indica o estudo das línguas 
“por si mesma” e não como reflexo de uma lógica filosófica ou como 
uma arte de bem falar. 
 
A linguística é um estudo científico porque assenta em pressupostos 
teóricos coerentes, utiliza objectividade e rigor na descrição dos dados 
e apresenta hipóteses de explicação com base nos pressupostos 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
12 
teóricos, hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas perante os 
dados das línguas em análise. 
 
1.2 Fases da Linguística - Histórico do Surgimento da Linguística 
Há relatos por parte de vários linguistas que a Linguística enquanto 
disciplina cientifica o surgiu com aLinguística Moderna no final do 
século XIX. Aqui vamos avançar até chegar ao início de século XXI, 
apresentando um amplo painel das escolas linguísticas modernas e 
contemporâneas, sem descuidar da influência exercida por estudiosos 
de outras áreas sobre as investigações da linguagem humana. 
 
Partindo de Platão, Aristóteles, dos estóicos e dos primeiros gramáticos 
da Antiguidade, a linguística vai além de Saussure, Bakhtin e Chomsky, 
elencando os principais nomes e vertentes deste campo e projectando 
luzes sobre as tendências teóricas que vieram a se tornar dominantes 
na Linguística no século que terminou e no actual século. 
 
Os estudos da língua passaram por três fases sucessivas e distintas: 
 a Gramática, que visava unicamente a formular regras para 
definir o que é certo e o que é errado; 
 a Filologia, que se preocupou em comparar textos de épocas 
diferentes para determinar as peculiaridades de cada autor, 
antecedendo a Linguística Histórica; e 
 a Gramática Comparada, que, ao justapor línguas diferentes, 
como o sânscrito, o grego e o latim, concluiu que todas 
pertenciam à mesma família, sendo possível, por exemplo, 
explicar as formas de uma língua pelas formas de outra. 
 
A fase da Gramática Comparada descobriu-se aspectos ligados a 
existência de uma relação entre os paradigmas gregos e latinos. Estes 
estudos foram desenvolvidos por Franz BOPP. Ele observou que o 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
13 
paradigma sânscrito deixa clara a noção de radical, elemento 
determinável e fixo numa série de palavras da mesma família. Assim, o 
sânscrito ajudou muito as pesquisas linguísticas, pois acabou 
esclarecendo outras línguas. 
 
Muitos foram os linguistas que se evidenciaram na genesse dos estudos 
linguísticos: Jacob Grimm, Pott, Kuhn, Aufrecht, Max Müller, Curtius e 
Schleicher. Alguns deles se aprofundaram nos estudos comparativos, 
conciliando a Gramática Comparativa com a Filologia, fases que, como 
vimos, antecederam a Linguística, fazendo surgir, assim, a escola 
comparatista. Porém, tal escola nunca se preocupou em determinar a 
natureza das línguas. Sem essa preocupação, ela não se constituiu em 
uma ciência, já que não estabeleceu métodos. Nota-se que a condição 
básica para o surgimento de uma ciência é o estabelecimento de 
métodos. Essa escola foi exclusivamente comparativa, em vez de 
histórica. Além disso, ela nunca se questiona os motivos de fazer tais 
comparações, portanto, dela nada se pode concluir. 
 
Os estudos comparativos acabaram por não corresponder à realidade, 
portanto, passaram a ser estranhos às condições da linguagem, por isso 
foram considerados excêntricos e erróneos. Porém, esses erros 
acabaram sendo importantes, pois originaram as pesquisas científicas e 
os estudos de Linguística propriamente ditos. Isso está bem claro: os 
erros de uma teoria levam ao surgimento de outras. A comparação é 
apenas um método. É assim que se dá o início a Linguística como uma 
ciência da linguagem. Ela nasceu do estudo das línguas românicas e das 
germânicas. Esse estudo aproximou a ciência de seu objecto de estudo, 
ou seja, a Linguística da linguagem. As pesquisas linguísticas tornaram-
se concretas, já que contaram com a ajuda de numerosos documentos 
que perduraram durante séculos. Tais documentos permitiam 
acompanhar a evolução dos idiomas, em especial do latim, protótipo 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
14 
das línguas românicas; e do germânico, protótipo das línguas indo-
européias. 
 
Com o fracasso dos estudos comparativos formou-se a escola dos 
neogramáticos, fundada por alemães. Essa escola consistiu em colocar 
numa perspectiva histórica todos os resultados do método 
comparativo. Graças a esses estudos, não se considerou mais a língua 
como um organismo autónomo, mas sim como um produto colectivo 
de grupos linguísticos. Esse fato acabou se transformando em algo de 
grande importância para o campo da Linguística Geral, embora esta 
ainda tenha algumas questões a serem esclarecidas. Sem dúvida, esse 
campo é por demais abrangente, o que impede de se encerrarem ou de 
se concluírem seus estudos. 
 
1.3 Objecto de Estudo da Linguística 
A Linguística, tal como qualquer outra ciência detentora de qualquer 
que seja o método de investigação. 
 
No caso, o objecto de estudo da Linguística é a linguagem humana. Daí 
podemos definir a Linguística como sendo o estudo científico da 
linguagem humana em suas diversas manifestações. Estudar a 
linguagem humana em suas realizações é estudar as componentes da 
gramática, que são: fonética, fonologia, morfologia, sintaxe, semântica 
e pragmática, estilística, terminologia e filologia. 
 
1.4 Ramos da Linguística 
A Linguística enquanto disciplina científica abarca dois ramos: a 
descritiva e a aplicada. Para compreenderes melhor, leia atentamente 
o trecho que se segue. 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
15 
 Linguística Descritiva 
A Linguística Descritiva tem o trabalho de analisar e de descrever como 
língua é falada (ou como foi falada no passado) por um grupo de povos 
em uma comunidade do discurso. A linguística descritiva moderna é 
baseada em uma aproximação estrutural à língua. 
 
 A descrição linguística é contrastada frequentemente com prescrição 
linguística. A prescrição procura definir formulários da língua padrão e 
dar o conselho no uso da língua eficaz, e pode ser pensada como 
tentativa de apresentar as frutas da pesquisa descritiva em um 
formulário, embora extrai também em uns aspectos mais subjectivos 
da estética da língua. A prescrição e a descrição são essencialmente 
complementares, mas têm prioridades diferentes e são vistas às vezes 
para estar no conflito. 
 
A descrição exacta do discurso real é um problema difícil, e os linguistas 
foram reduzidos frequentemente às aproximações. Quase toda a teoria 
linguística tem sua origem em problemas práticos da linguística 
descritiva. Fonologia (e seus desenvolvimentos teóricos, tais como 
fonema) trata da função e da interpretação do som na língua. Sintaxe 
tornou-se para descrever as réguas a respeito de como as palavras 
relacionam-se a fim dar forma a sentenças. Lexicologia, colecta de 
“palavras” e suas derivações e transformações: não causou a teoria 
muito generalizada. 
 
1.5 Matéria e Tarefas da Linguística 
Todas as manifestações da linguagem humana, seja de povos selvagens 
ou civilizados, arcaicos ou contemporâneos, constituem a matéria da 
Linguística. Porém, a linguagem escapa, muitas vezes, da observação, 
por isso os linguistas devem levar em conta os textos orais e escritos, 
que servirão de base para seus estudos. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
16 
A Linguística tem três tarefas básicas: 
 Descrever a história das línguas; 
 Determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos 
da língua; e 
 Definir a si própria. 
 
Pode-se dizer que poucas pessoas têm a respeito ideias claras; porém e 
evidente, por exemplo que as questões linguísticas interessam a todos 
como: historiadores, filólogos, etc. A sua importância está vidada para 
a cultura geral, ou seja na vida dos indivíduo as e das sociedades. 
Recordemos que a linguagem constitui o factor mais importante que 
qualquer outro. 
 
Resumindo podemos dizer que o estudo da linguagem não é 
exclusividade de especialistas, todos se interessam pelos estudos da 
língua, em maior ou menor proporção. Porém, em última análise cabe 
ao linguista a tarefa de denunciar e dissipar os erros cometidos ao se 
estudar uma determinada língua. 
 
Até aqui já fizemos uma resenha histórica da linguística enquanto 
disciplina científica, falamos do conceito, do seu objecto de estudo,das 
componentes, dos ramos e da matéria e da tarefa da linguística. Para 
terminarmos esta unidade, vamos falar da importância e relação que a 
linguística estabelece com outras disciplinas científicas. 
 
1.6 Relação da Linguística com outras Ciências 
A Linguística estabelece uma estreita relação com outras ciências, como 
a Antropologia, a Psicologia e a Sociologia. Ora, se a linguagem é social, 
obviamente a Linguística se relaciona com a Sociologia. Pode-se 
afirmar, também, que na língua tudo é psicológico. Daí sua relação com 
a Psicologia. E por fim, como a língua é objecto humano, a Linguística 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
17 
relaciona-se com a Antropologia. Convém deixar claro que, embora se 
relacionem, há muitos pontos que diferem a Linguística dessas outras 
ciências. 
 
Ademais, é certo que tudo o que se refere ao estudo da linguagem 
desperta o interesse de especialistas e estudiosos de outras áreas, 
como historiadores e filólogos, pois eles precisam trabalhar com textos. 
Sem contar a importância dada à Linguística para a cultura geral, tanto 
do indivíduo quanto da sociedade. 
 
Sumário 
Linguística é uma área de estudo científico sobre a linguagem humana 
em suas diversas manifestações. O estudo da linguística é feito através 
dos vários componentes da gramática, a saber: a fonética, a fonologia, 
a morfologia, a sintaxe, semântica e pragmática, estilística, 
terminologia, a filologia, a psicolinguística e a sociolinguística. 
 
A Linguística enquanto ciência da linguagem nasceu do estudo das 
línguas românicas e das germânicas. Esse estudo aproximou a ciência 
de seu objecto de estudo, ou seja, a Linguística da linguagem. 
 
Os principais ramos da linguística são: linguística descritiva que trabalha 
na análise e descrição da língua e linguística aplicada que é um campo 
interdisciplinar de estudo que identifica, investiga e oferece soluções 
para os problemas relacionados com a linguagem da vida real. 
 
A linguística tem três principais tarefas: a de descrever a história das 
línguas, determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos 
da língua e definir a si própria. Ela relaciona-se com a com outras 
ciências, tais como a Antropologia, a Psicologia, Filosofia, História, 
Filologia, Sociologia, entre outras. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
18 
 
Auto-Avaliação 
 
 
Exercícios de Aplicação 
 
1. Distinga, com exemplos práticos, a linguística aplicada da linguística 
descritiva. 
2. Qual é a relação da linguística com a literatura e a filosofia? 
3. Porque é que se considera a linguagem humana como objecto de 
estudo da linguística? 
 
 
1. Apresente uma definição válida para a linguística. 
2. Qual era o fundamento da escola dos neogramáticos? 
3. Quais são os ramos da linguística? 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
19 
TEMA II - A GRAMÁTICA 
Introdução 
 
No tema hora sugerido vais poder compreender os fenómenos por 
detrais da origem e evolução da Gramática. É importante 
compreenderes que a gramática é o principal instrumento orientador 
dos estudos linguísticos. Entre outros tópicos, terás a possibilidade de 
compreender as componentes da gramática, as áreas de estudo da 
gramática, as função da gramática e os tipos de gramáticas existentes. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
Específicos 
 Definir o conceito de gramática; 
 Indicar as componentes da gramática; 
 Distinguir os diferentes tipos da gramática; e 
 Reconhecer as diferentes funcionalidades da gramática. 
 
2.1 Conceito de Gramática 
Gramática (do grego: γραμματική, transl. grammatiké, feminino 
substantivado de grammatikós) é o conjunto de regras individuais 
usadas para um determinado uso de uma língua, não somente da 
norma culta, mas também de variantes não padrão. É ramo da 
Linguística que tem por objetivo estudar a forma, a composição e todas 
as questões adicionais de uma determinada Língua. 
 
A partir deste conceito, pode-se definir que cada língua tem sua própria 
gramática, mas nem toda língua tem sua própria linguística. A linguística 
é única para todas as línguas existentes, já a gramática é única para cada 
língua. Normalmente o conceito de gramática inclui a ortografia. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
20 
2.2 Componentes/Classificação da Gramática 
Para compreenderes melhor acerca das componentes da gramáticas, 
que na verdade serão os objectos dos seus estudos ao longo do curso, 
vamos apresentar sinteticamente conceitos gerais das respectivas 
componentes: 
 Morfologia preocupa-se com estudo da palavra e a sua 
estrutura interna, olhando para o seu elemento mínimo de 
análise, o morfema. 
 Sintaxe estuda a estrutura da frase numa determinada língua, 
bem como as relações entre as palavras dentro da frase. 
 Fonética dedica-se ao estudo dos sons da fala desde a produção 
à percepção, tendo como elemento mínimo de análise o fone. 
 Fonologia preocupa-se com a organização dos sons fornecidos 
pela fonética em sistemas e modelos sonoros numa língua 
particular, tendo como elemento mínimo de análise o fonema. 
 Lexicologia estuda o conjunto das palavras de um idioma, ramo 
de estudo que contribui para a lexicografia, área de actuação 
dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras 
obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico. 
 Terminologia dedicada seus estudos ao conhecimento e análise 
dos léxicos especializados das ciências e das técnicas. 
 Estilística estuda o estilo na linguagem. 
 Semântica debruça sobre o significado das palavras, bem como 
o sentido que elas têm entre si dentro da frase. 
 Pragmática estuda os princípios que regulam a actividade 
verbal, isto é, estuda o funcionamento da língua segundo os 
contextos diferentes. 
 Filologia é o estudo dos textos e das linguagens antigas. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
21 
2.3 Áreas de Estudo da Gramática 
Para além das componentes acima mencionadas, a linguística comporta 
as seguintes áreas: 
 Sociolinguística, que se preocupa com o estudo da língua como 
um factor social. 
 Psicolinguística, que estuda a relação entre a linguagem e o 
cérebro humano. 
 
2.4 Função da Gramática 
A Gramática tem como principal função regular a linguagem e 
estabelecer padrões de escrita e fala para os falantes de uma língua. 
Graças à Gramática, a língua pode ser analisada e preservada, 
apresentando unidades e estruturas que permitem o bom uso da língua 
portuguesa. 
 
Uma boa Gramática deve ser capaz de extrapolar a visão reducionista 
que faz da língua um amontoado de regras prescritas pelos estudiosos 
do sistema linguístico, devendo ser capaz não apenas de prescrever o 
idioma, mas também de descrevê-lo, preservá-lo e, sobretudo, ter 
utilidade para os falantes. A Gramática apresenta as regras, mas quem 
movimenta e faz da língua um sistema vivo e mutável somos nós, 
agentes da comunicação. 
 
2.5 Tipos de Gramáticas 
Por ser um sistema complexo e passível de diversas concepções, a 
Gramática apresenta abordagens diversas, sendo dividida, então, em 
tipos distintos: 
 
 Gramática Normativa ou Prescritiva 
Bastante utilizada em sala de aula e para diversos fins didáticos, a 
Gramática Normativa busca a padronização da língua, indicando através 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
22 
de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Aqui a 
abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas, 
desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais 
estão sujeitos os falantes da língua. Gramática Histórica 
Investiga a origem e a evolução de uma língua, representando os 
estudos diacrônicos. 
 
 Gramática Descritiva 
A Gramática Descritiva analisa um conjunto de regras que são seguidas, 
considerando as variações linguísticas da língua ao investigar seus fatos, 
extrapolando os conceitos que definem o que é certo e errado em nosso 
sistema linguístico. 
 
 Gramática Comparativa 
Estabelece comparação da língua com outras línguas de uma mesma 
família. No caso de nossa língua portuguesa, as análises comparativas 
são feitas com as línguas românicas. 
 
A língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista 
um distanciamento entre o que é prescrito pelas normas e o que é 
efetivamente utilizado por seus falantes. Entretanto, não devemos 
desconsiderar a importância das regras que preservam este que é nosso 
maior patrimônio cultural: nossa língua portuguesa. Façamos então um 
bom proveito da Gramática! 
 
ATENÇÃO: 
Uma gramática assim concebida diferencia-se da gramática normativa 
que procura regular o bom uso da língua, motivo pelo qual apresenta 
graves lacunas relativamente à descrição da linguagem que os falantes 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
23 
realmente utiliza (por se reportar sempre a um modelo conservador) e 
não toma em consideração as análises explicativas do funcionamento 
das estruturas linguísticas. 
 
Síntese 
 
 
 
Auto-Avaliação 
Questões: 
 
Em síntese, a gramática é a descrição estrutural do funcionamento dos 
sistemas de elementos de uma linguagem particular, portanto, 
beneficia da investigação linguística, abrange as grandes da língua e 
deve permitir uma difusão adequada dos conhecimentos alcançados no 
campo teórico e na aplicação a essa língua. 
 
Sobre os tipos de gramática é importante reter que existem três tipos: 
gramática tradicional, gramática prescritiva ou normativa e a gramática 
descritiva e gramática interiorizada (que tem muito a ver com 
competência). 
1. Atribua o valor de falso [F] e verdadeiro [V] para as afirmações 
abaixo e justifica cada escolha feita. 
a) Quando um indivíduo de classe intelectual mantém seu nível de 
linguagem perante um indivíduo de classe baixa trata-se de 
competência linguística. [ ] 
b) Quando fazemos o uso adequado dos vários recursos 
linguísticos estamos perante metalinguística. [ ] 
c) A habilidade de compreender e interpretar textos tendo em 
conta a maneira de falar da comunidade linguística tem a ver 
com a competência textual. [ ] 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
24 
Auto-Avaliação 
 
 
1. Explique conceito de universais linguístico. Dê exemplo prático. 
2. Faça uma breve síntese sobre os tipos de gramática existente. 
3. Da lista que se segue indique os que pensa que não constituem 
universais linguísticos. Justifique. 
a) Prefixos; 
b) Palavras que referem grau de parentesco (pais, irmãos, sogros, 
cunhados, etc.). 
c) Pronomes; 
d) Sistemas escritos; 
e) Formas arbitrariamente associadas e significados; 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
25 
TEMA III - A LINGUAGEM (HUMANA) 
 
Introdução 
Como já pudeste estudar nas unidades anteriores, a linguagem humana 
é o principal objecto de estudo da linguística. Nesta vertente vais poder 
compreender os diferentes conceitos em torno da linguagem; a gênese 
do surgimento desta que é a principal distinção entre os homens e os 
animais. Vais estudar igualmente as diferentes teorias filosóficas que 
definem a origem da linguagem humana. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 Definir o conceito de linguagem; 
 Reconhecer as diferentes teorias filosóficas da linguagem; 
 Distinguir os diferentes tipos de Linguagem; 
 Compreender a diferença entre a linguagem humana e a não 
humana. 
 
2.4 Conceito 
 
Linguagem é a capacidade que possuímos de expressar nossos 
pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos. A Linguagem está 
relacionada a fenómenos comunicativos; onde há comunicação, há 
linguagem. Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para 
estabelecermos actos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, 
sons, gestos e regras com sinais convencionais (linguagem escrita e 
linguagem mímica, por exemplo). Num sentido mais genérico, a 
Linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de sinais que 
se valem os indivíduos para comunicar-se. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
26 
3.2 Origem e Evolução da Linguagem 
A curiosidade sobre nós próprios e sobre o nosso dom mais invulgar – a 
linguagem – tem-nos também conduzido a inúmeras teorias sobre a 
origem e evolução da linguagem. Nada nos permite “aprovar” ou 
“negar” essas hipóteses embora possam contribuir para a descoberta 
da natureza da linguagem. 
 
Biológicos e linguistas mostram hoje em dia um interesse renovado na 
questão da origem da linguagem. Várias teorias evolucionistas 
propostas recentemente opõem-se quer à teoria da origem divina quer 
à da invenção. Sugere-se, de facto, que no decurso da evolução tanto 
as espécies humanas como a linguagem desenvolveram-se. Alguns 
estudiosos defendem a ideia que esse desenvolvimento ocorreu 
simultaneamente e que, desde o início, o animal humano estava 
preparado para aprender a linguagem. Na realidade, há quem acredite 
que é a linguagem que torna humana a natureza humana. 
 
Estudos sobre o desenvolvimento evolucionário do cérebro apontam no 
sentido da existência de condições prévias de carácter fisiológico, 
anatómico e “mental” que permitem o desenvolvimento linguístico. 
 
3.3 Teorias Filosóficas da Linguagem 
As reflexões sobre a origem da linguagem verbal são controversas, visto 
que tem levado debates e propostas de muitos linguistas sem no 
entanto chegarem a um consenso comum. Existem diversas teorias 
filosóficas sobre a origem da linguagem verbal, a destacar: 
 
a) Teoria monogenética, dizia que, assim como o homem nasceu de 
um só, as línguas também surgiram duma única, que depois sucedeu 
famílias linguísticas. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
27 
b) A linguagem é de invenção humana, cujo defensor é o filósofo 
grego Platão, dizia que não foi Deus que atribuiu a faculdade de falar 
aos homens, mas sim o “legislador” que atribuiu nomes verdadeiros 
a todas as coisas. Mais adiante dizia que, não é todo homem que 
pode dar nome, mas sim o criador de nomes que é o Legislador. 
 
c) A linguagem é de origem divina (dom de Deus), que defende que 
"ainda não foi proposta nenhuma teoria aceitável que explica 
satisfatoriamente a faculdade que o homem tem de falar, ou seja a 
linguagem sem a existência de um criador." Houve “experiências” 
lendárias em que se isolaram crianças na esperança de as primeiras 
palavras que articulassem revelariam a língua original. As crianças 
aprenderam a língua que se lhes fala; se não ouvirem falar, também 
não falarão. Casos concretos de crianças socialmente isoladas 
mostram que a linguagem se desenvolve apenas quando se verifica 
contacto linguístico suficiente. 
 
d) A linguagem como um conhecimento natural, que dizia que o 
homem tem a capacidade para aprender (adquirir) a língua e já 
nasce com esta capacidade inata, o que significa que a capacidade 
para falar uma língua é inata. Noam Chomsky, defende que ninguém 
ensina uma criança a falar, ela nasce com uma capacidade para por 
si só, poder falar. Chomsky, diz ainda que a criança nasce com LAD 
(Language Acquisition Device), que é o mecanismo de aquisição de 
linguagem, que faz com que ela fale. Herder considerou que a 
linguagem e o pensamento são inseparáveis e que, o homem nasce 
com uma capacidade para desenvolvero pensamento e a fala. 
 
ATENÇÃO: 
Não existe uma teoria aceitável que explique satisfatoriamente sobre a 
origem do homem, do universo também não existe uma teoria que 
explique satisfatoriamente sobre a origem da linguagem. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
28 
3.4 Tipos de Linguagem 
 
A linguagem pode ser: 
Verbal: a Linguagem Verbal é aquela que faz uso das palavras para 
comunicar algo. 
 
Figura 1 – Exemplos de Linguagem Verbal 
 
 
As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem 
verbal (usa palavras para transmitir a informação). 
 
Não Verbal: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que 
não são as palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas 
e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a expressão facial, 
um gesto, etc. 
 
Figura 2 – Exemplos de Linguagem Não Verbal 
 
 
Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o que 
representam. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
29 
3.5 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças) 
Para compreenderes com alguma facilidade as diferenças que existem 
entre a linguagem humana e da linguagem não-humana deves ter na 
mente que existem uma certa semelhante destes conceitos com os 
códigos linguísticos e não-linguísticos. 
 
Por exemplo, os códigos linguísticos são usados pelos humanos – usam 
a palavra articulada, quer por via escrita, quer por via oral, e os códigos 
não-linguísticos, que também são usadas pelos humanos e não 
humanos, não usam a palavra articulada: são os casos de sinais, sons, 
desenhos, para os humanos e para os não-humanos, as "linguagens" 
dos animais (dança das abelhas, etc.). 
 
 Algumas Componentes da Linguagem Humana 
A linguagem humana compõe-se por: linguagem verbal, que se 
manifesta através da escrita e fala e linguagem não-verbal, que se 
manifesta através de símbolos, de gestos e pelos códigos não-
linguísticos. O Homem quando usa a língua para se comunicar está 
usando os códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa 
sinais, índices e necessita de certo conhecimento da língua. 
 
 Códigos conjunto de sinais vocais ou visuais que permitem a 
comunicação dos membros duma dada sociedade. Ex: linguagem da 
estrada; dos autistas; linguagem jurídica, médica e científica. Os 
códigos pela sua natureza, dividem-se em sinais e índices. 
 
 Sinais, factos produzidos artificialmente que têm como objectivo a 
intenção de comunicar. Ex: A bandeira vermelha numa praia, franzir 
a testa, placas de sinalização nas estradas. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
30 
 Índices, factos perceptíveis que transmitem alguma mensagem, 
embora não tenham intenção de comunicar. Ex: nuvens negras no 
céu; as pegadas. 
 
A diferença que existe entre os termos acima, é que enquanto os sinais, 
são factos artificiais (produzidos pelo homem), os índices em algum 
momento são naturais. Todos estes elementos fazem parte de um 
código. 
 
A principal característica das linguagens humana e animal é o aspecto 
criativo, enquanto o homem pode criar o animal não pode. O alfabeto 
grego contem vinte e seis sons, que a partir dos quais podemos formar 
palavras obedecendo certas regras, e daí podemos formar as unidades 
maiores (frases). Sendo assim, admite-se que o homem tem o 
conhecimento linguístico2. 
 
Síntese 
 
 
 
2 Conhecimento linguístico, consiste no conhecimento de um gama finita de palavras 
e na capacidade de juntá-las para produzir um número infinito de frases. A este 
processo que o Homem tem de combinar uma gama finita de palavras para formar 
frases segundo certas regras denomina-se dupla articulação. 
A linguagem humana utiliza os códigos linguísticos (palavras escrita e 
oral). A linguagem não-humana recorre somente aos sinais, sons, 
desenhos para a comunicação. O homem também usa a linguagem não-
humana. 
 
O Homem quando usa a língua para se comunicar está usando os 
códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa sinais, índices 
e necessita de certo conhecimento da língua. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
31 
Auto-Avaliação 
 
1. Qual é a teoria filosófica que melhor explica a origem da 
linguagem humana? 
2. Explicite a principal diferença existente entre o processo de 
comunicação nos homens e nos animais. De exemplos 
concretos. 
 
Exercícios de Aplicação 
 
1. Conceptualize os termos, códigos, sinais e índice, e de seguida 
apresente um exemplo para cada termo. 
2. Identifique os tipos de comunicação efectuadas entre as abelhas e 
de seguida estabeleça a(s) diferença(s) entre as mesmas. 
3. Faça uma breve síntese sobre a evolução da linguagem humana. 
4. Qual foi a influência de Chomsky para os estudos da linguagem 
humana? 
5. Invente a sua própria teoria sobre a origem da linguagem humana. 
Poderá por exemplo sugerir que a linguagem nasceu quando 
criaturas extra-terrestres que já tinham linguagem possuíram os 
corpos das mulheres das cavernas… 
6. Identifique os tipos de linguagem que conheces. 
7. Considerando as teorias: origem divina, invenção humana, 
conhecimento natural e a teoria monogenética, qual é o que satisfaz 
a sua convicção individual? Explique-se. 
 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
32 
TEMA IV - PRINCÍPIOS DA FONÉTICA 
 
Introdução 
 
Na construção de uma língua é preciso, em primeiro lugar, pensar em 
fonologia e fonética. Bom, a fonologia estuda o comportamento dos 
sons e dos fonemas numa língua, enquanto a fonética estuda os sons e 
ecos fonemas (incluindo a sua evolução) ou por outra, é o estudo dos 
sons da fala desde a sua produção da parte do emissor e da sua 
percepção, da parte do receptor. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 Definir o conceito de fonética; 
 Reconhecer as principais propriedades articulatórias da 
fonética; 
 Reconhecer os principais órgãos do funcionamento do 
aparelho fonador humano. 
 
4.1 Conceito de Fonética 
O estudo da Fonética ocupa-se da produção, da transmissão e da 
percepção dos sons da fala, dividindo-se, de acordo com o seu objecto, 
em fonética articulatória, acústica e perceptiva. Nesta apresentação são 
consideradas apenas as propriedades articulatórias e as propriedades 
acústicas dos sons. 
 
4.2 As Propriedades Articulatórias 
Quando o estudo dos sons tem em conta a posição e o movimento dos 
articuladores estamos no domínio da fonética articulatória. Deste 
ponto de vista, devem considerar-se os seguintes aspectos: 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
33 
a. O som é produzido pela pressão exercida pelos pulmões que são 
uma fonte de energia e colocam em movimento as partículas do ar 
neles contido. O ar passa então pela laringe, na qual se encontra um 
orifício, a glote, onde se localizam as cordas vocais que, ao vibrarem, 
actuam como uma fonte sonora. Os sons produzidos com vibração 
das cordas vocais são vozeados (ou sonoros) – as obstruintes 
sonoras (oclusivas e fricativas), todas as vogais e as consoantes 
nasais e líquidas (laterais e vibrantes). 
 
b. Em seguida, o ar entra na cavidade bucal que actua como uma caixa 
de ressonância. Nesta cavidade, os articuladores activos, com 
mobilidade – lábios, língua, palato mole ou véu palatino, e a úvula – 
e passivos, sem mobilidade – palato duro, alvéolos dentários e 
maxilar inferior –– têm funções na definição do som que o falante 
pretende produzir (vogais, semivogais e consoantes). Se o ar passar 
também pela cavidade nasal por abaixamentodo véu palatino 
produz-se um som nasal, quer consoante (como [m] ou [n]) quer 
vogal (como [õ] ou [ɐ͂]). O conjunto dos órgãos do aparelho fonador 
que se encontram acima da laringe constitui o tracto vocal. 
 
4.3 Componente da Fonética 
A fonética sendo o estudo dos sons da fala, divide-se em três 
componentes, que são: 
 Fonética articulatória, que se dedica a parte articulatória, 
envolvendo os articuladores (órgãos do aparelho fonador); 
 Fonética física, que estuda os sons da fala como fenómenos 
físicos; e 
 Fonética auditiva ou perceptiva, que se dedica ao estudo das 
reacções do som ao ouvido do receptor. 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
34 
4.4 Funcionamento do Aparelho Fonador Humano 
Para que se produzam os sons que caracterizam a fala humana são 
necessárias três condições: 
 Corrente de ar; 
 Obstáculo à corrente de ar; 
 Caixa de ressonância; 
 O que se traduz no aparelho fonador humano: 
 
Os órgãos do aparelho fonador são os seguintes: 
 Pulmões 
 Traqueia 
 Laringe (cordas vocais e glote) 
 Lábios 
 Dentes 
 Alvéolos 
 Palato duro 
 Palato mole (véu palatino e úvula) 
 Parede rinofaríngea 
 Ápice da língua 
 Raiz da língua 
 
A figura abaixo ilustra detalhadamente os componentes do aparelho 
fonador humano. 
 
Figura 3 – Órgãos do Aparelho Fonador Humano 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
35 
Os pulmões, brônquios e traqueia - são os órgãos respiratórios que 
permitem a corrente de ar, sem a qual não existiriam sons. A maior 
parte dos sons que conhecemos são produzidos na expiração, servindo 
a inspiração como um momento de pausa; no entanto, há línguas que 
produzem sons na inspiração, como o Zulo e o Boximane - são os 
chamados cliques. 
 
A laringe onde ficam as cordas vocais determina a sonoridade (a 
vibração das cordas vocais) dos sons. A faringe, boca (e língua) e as 
fossas nasais - formam a caixa de ressonância responsável por grande 
parte da variedade de sons. 
 
Olhemos por um momento para o esquema do aparelho fonador antes 
de seguir o percurso do ar na produção de sons. 
 
Figura 4 – Esquema do Aparelho Fonador Humano 
 
 
 
Ao expirar, os pulmões libertam ar que passa pelos brônquios para 
entrar na traqueia e chegar à laringe. Na laringe o ar encontra o seu 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
36 
primeiro obstáculo: a glote (mais ao menos ao nível da maçã-de-adão3), 
mais conhecida como cordas vocais. Semelhantes a duas pregas 
musculares, as cordas vocais podem estar fechadas ou abertas: se 
estiverem abertas, o ar passa sem real obstáculo, dando origem a um 
som surdo; se estiverem fechadas, o ar força a passagem fazendo as 
pregas muscular vibrar, o que dá origem a um som sonoro. 
 
Para se perceber melhor a diferença, experimente-se dizer "k" e "g" 
(não "kê" ou "kapa", nem "gê" ou "jê"; só os sons [k] e [g]) mantendo os 
dedos na maçã-de-adão. No primeiro caso não se sentirá vibração, mas 
com o "g" sentir-se-á uma ligeira vibração - cuidado apenas para não se 
dizerem vogais, pois são todas sonoras. 
 
A distinção entre surda e sonora pode ser muito bem percebida na 
pronúncia de duas consoantes que no mais se identificam. Assim: /p/ 
pé (= surdo); /b/ bé (= sonoro) /t/ tê (= surdo); /d/ dé (= sonoro). 
 
Depois de sair da laringe, o ar entra na faringe onde encontra uma 
encruzilhada: primeiro a entrada para a boca e depois a para as fossas 
nasais. No meio está o véu palatino que permite que o ar passe 
livremente pelas duas cavidades, originando um som nasal; ou que 
impede a passagem pela cavidade nasal, obrigando o ar a passar apenas 
pela cavidade bucal - resultando num som oral. 
 
A corrente expiratória, ao sair da laringe, entra na cavidade da faringe 
que lhe oferece duas vias de acesso ao exterior o canal bucal e o nasal 
com a finalidade de determinar o som oral (= bucal) e o som nasal (= 
 
3 Também chamada de gogó no Brasil, é uma saliência da cartilagem tiróide, existente 
abaixo do osso hióide, junto à laringe, no pescoço humano, um dos órgãos envolvidos 
no processo de fala. Esse crescimento é maior nos indivíduos do sexo masculino, pela 
maior presença de hormónios masculinos, principalmente a testosterona. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
37 
nasal). Veja a pronúncia das vogais: /a/ (oral), /ã/ (nasal) Conforme as 
palavras: /a/ lá (oral), /ã/ lã (nasal) /a/ mato (oral), /ã/ manto (nasal). 
 
A diferença é óbvia: compare-se o primeiro "a" em "Ana" com o de 
"manta". A primeira vogal é oral e a segunda é nasal. Por fim, o ar está 
na cavidade bucal (a boca) que funciona como uma caixa de ressonância 
onde, usando os maxilares (8), as bochechas e, especialmente, a língua 
(9) e os lábios (10), podem modular-se uma infinidade de sons. 
 
Síntese 
Fonética ocupa-se da produção, da transmissão e da percepção dos 
sons da fala humana. Sendo a fonética o estudo dos sons da fala, divide-
se em três componentes: fonética articulatória, que se dedica a parte 
articulatória, envolvendo os articuladores (órgãos do aparelho 
fonador); fonética física, que estuda os sons da fala como fenómenos 
físicos e fonética auditiva ou perceptiva, que se dedica ao estudo das 
reacções do som ao ouvido do receptor. 
 
Apesar das limitações, o AFI (Alfabeto Fonético Internacional) constitui 
hoje uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da 
linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito quer 
sistema de referência. 
 
Auto-Avaliação 
1. Quais são as principais componentes da fonética? 
 
Exercícios de Aplicação 
1. Como é que os sons da fala humana são produzidos? 
2. Como os sons da fala são transmitidos? 
3. Como os sons da fala são entendidos? 
 
 
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38 
TEMA V - TRANSCRIÇÃO FONÉTICA: Classificação dos Sons 
Introdução 
 
Os estudos linguísticos são maioritariamente sustentados pela 
transcrição fonética. Neste capitulo vais poder compreender o contexto 
de surgimento do Alfabeto Fonético Internacional e sua funcionalidade. 
Nesta mesma linha terás a oportunidade de reconhecer as diferentes 
classificação dos sons da fala. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 Compreender a importância do Alfabeto Fonético Internacional 
para os estudos linguísticos; 
 Reconhecer os vários símbolos e diacríticos do AFI; 
 Reconhecer a classificação dos sons da fala: sons vocálicos e 
consonânticos. 
 
5.1 Alfabeto Fonético Internacional 
A consciência da necessidade do estabelecimento de um sistema 
notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da comunidade 
científica levou, no fim século antepassado, à proposta de um alfabeto 
fonético único, por parte da Associação Internacional de Fonética: o 
Alfabeto Fonético Internacional (AFI ou, mais vulgarmente, IPA, do 
Inglês International Phonetic Alphabet). 
 
Apesar das limitações, o IPA constitui hoje uma ferramenta básica para 
qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação 
propriamente dito quer sistema de referência. É importante sublinhar 
que uma transcrição4 fonética é sempre uma representação simbólica, 
 
4 Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético internacional 
para transcrever um determinado idioma: pode-se representar os fonemas, através 
da transcrição fonológica (que transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transcri%C3%A7%C3%A3o_fonol%C3%B3gica&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Barra_%28caractere%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_fon%C3%A9tica
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
39 
necessariamente abstracta, que não se substitui às realizações sonoras 
propriamente ditas, mas apenas descreve um conjunto de propriedades 
que as caracterizam. Além das próprias letras, existe uma grande 
variedade de símbolos secundários que auxiliam na transcrição. Os 
sinais diacríticos podem ser combinados às letras do AFI de maneira a 
transcrever os valores fonéticos modificados, ou articulações 
secundárias. 
 
No fim do século antepassado, surgiu a necessidade de estabeler-se um 
sistema notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da 
comunidade científica. Isso levou à proposta de um alfabeto fonético 
único, por parte da Associação Internacional de Fonética: o Alfabeto 
Fonético Internacional (AFI ou, mais vulgarmente, IPA, do Inglês 
International Phonetic Alphabet). 
 
Apesar das limitações, o AFI constitui hoje uma ferramenta básica para 
qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação 
propriamente dito quer sistema de referência. É importante sublinhar 
que uma transcrição fonética é sempre uma representação simbólica, 
necessariamente abstracta, que não se substitui às realizações sonoras 
propriamente ditas, mas apenas descreve um conjunto de propriedades 
que as caracterizam. 
 
Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético 
internacional para transcrever um determinado idioma: pode-se 
representar os fonemas, através da transcrição fonológica (que 
transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição fonética, que 
representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres 
entre colchetes). 
 
fonética, que representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres 
entre colchetes). 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transcri%C3%A7%C3%A3o_fonol%C3%B3gica&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Barra_%28caractere%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_fon%C3%A9tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Colchete
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_fon%C3%A9tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Colchete
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
40 
Além das próprias letras, existe uma grande variedade de símbolos 
secundários que auxiliam na transcrição. Os sinais diacríticos podem ser 
combinados às letras do AFI de maneira a transcrever os valores 
fonéticos modificados, ou articulações secundárias. Existem também 
símbolos especiais para características supra-segmentais, como 
tonicidade e entonação, que são utilizados com frequência. 
 
Símbolos e Diacríticos do AFI (exemplo do Português) 
 
AFI 
(IPA) 
ORTOGRAFIA 
TRANSCRIÇÃO 
FONÉTICA 
ACENTO PRINCIPAL 
ACENTO 
SECUNDÁRIO 
NASALIZAÇÃO 
VELARIZAÇÃO 
DESVOZEAMENTO 
' 
ˌ 
~ 
̴ 
̥ 
café 
cafezinho 
fim; menta 
sal; salta, Elvas 
pato 
[kɐ'fɛ] 
[kɐˌfɛ'ziɲu] 
[fĩ]; ['m tɐ] 
[saɫ]; ['saɫtɐ]; ['ɛɫvɐ] 
['patu̥] 
Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.125. 
 
Alfabeto Fonético Internacional 
 
AFI 
(IPA) 
ORTOGRAFIA 
TRANSCRIÇÃO 
FONÉTICA 
VOGAIS i 
e 
ɛ 
a 
ɐ 
i 
ɔ 
o 
u 
Fita 
pela 
seta 
cara 
cama 
que; se 
corda 
mofo 
mudo 
['fitɐ] 
['perɐ] 
['sɛtɐ] 
['karɐ] 
['kɐmɐ] 
[ki]; [si] 
['kordɐ] 
['mofu] 
['mudu] 
 
 
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41 
SEMI-VOGAIS j 
w 
pai, piada 
pau, soalho 
[paj]; ['pjadɐ] 
[paw]; ['swaʎu] 
 
CONSOANTES p 
t 
k 
b 
d 
g 
f 
s 
ʃ 
v 
z 
ʒ 
l 
ʎ 
r 
R 
m 
n 
ɲ 
papo 
tia; fato 
casa; baque 
barba 
data; arde 
gato; mago 
férias; bafo 
selo; caça; passa 
chave; festas 
vaca; cava 
asa; azul; exacto 
jacto; agir; asma 
lado; sala 
folha; alho 
caro; parva 
raiva; palra; carro 
marca; turma 
neta; cena 
unha; pinha 
['papu] 
['tiɐ]; ['fatu] 
['kazɐ]; ['baki] 
['barbɐ] 
['datɐ]; ['ardi] 
['gatu]; ['magu] 
['fɛrjɐʃ]; ['bafu] 
['selu]; ['kasɐ]; ['pasɐ] 
['ʃavi]; ['fɛʃtɐ] 
['vakɐ]; ['kavɐ] 
['azɐ]; [ɐ'zul]; [i'zatu] 
['ʒatu]; [ɐ'ʒir]; ['aʒmɐ] 
['ladu]; ['salɐ] 
['foʎɐ]; ['aʎu] 
['karu]; ['parvɐ] 
['Rajvɐ]; ['palRɐ]; 
['kaRu] 
['markɐ]; ['turmɐ] 
['nɛtɐ]; ['senɐ] 
['uɲɐ]; ['piɲɐ] 
Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.124. 
 
5.2 Classificação dos Sons Linguísticos 
Para a classificação dos sons é preciso ter em mente três questões 
importantes: 
 Como é que os sons são produzidos? 
 Como são transmitidos? 
 Como são entendidos? 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
42 
Tradicionalmente, devido à complexidade óbvia na classificação 
segundo a transmissão e a compreensão, a classificação dos sons 
baseia-se essencialmente no modo como os sons são produzidos, ou 
seja, na sua articulação. No entanto, em alguns pontos classificatórios 
também se baseia no modo como são transmitidos, ou seja, na acústica. 
 
Como este capítulo não pretende ser exaustivo, mas ajudar quem não 
tem conhecimentos neste campo, tentarei ser o mais simples e clara 
que for possível (mesmo que, para isso, simplifique demais a 
gramática). 
 
Os sons classificam-se segundo três categorias: 
 Vogais – os sons produzidos sem obstáculo à passagem do ar na 
cavidade bucal (apenas varia a abertura à passagem do ar 
causada pelos maxilares, língua e lábios), e com vibração das 
cordas vocais. 
 Consoantes – os sons produzidos com obstáculo à passagem do 
ar na cavidade bucal. 
 Semivogais – dois sons, por exemplo, [j] e [w], que formam uma 
sílaba com uma vogal - ditongos e tritongos. Pode-se dizer que 
são quase "formas fracas" de [i] e [u], estando a meio-caminho 
entre vogais e consoantes. 
 
5.2.1 Classificação das Vogais 
As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto: 
 À região de articulação 
 Palatais ou anteriores (língua elevada na zona do palato duro) 
 Centrais ou médias (língua na posição de descanso) 
 Velares ou posteriores (língua elevada na zona do véu palatino) 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
43 
 Ao grau de abertura (elevação do dorso da língua em direcção ao 
palato) 
 Abertas (o maior grau de abertura à passagem do ar) 
 Semi-abertas 
 Semi-fechadas 
 Fechadas (o menor grau de abertura à passagem do ar) 
 
 Ao arredondamento ou não dos lábios 
 Arredondadas 
 Não-arredondadas 
 
 Ao papel das cavidades bucal e nasal 
 Orais 
 Nasais 
 
5.2.2 Classificação das Consoantes 
As dezanove consoantes da língua portuguesa podem ser classificadas 
quanto: 
 
 Ao Modo de Articulação - o ar encontra sempre obstáculo à sua 
passagem: 
 Oclusivas - quando os sons são retidos completamente na 
cavidade bucal por certo período (o ar é interrompido 
momentaneamente). Exemplo, na realização das consoantes 
[p]; [t]; [b]; [k]; [d]. 
 Constritivas - passagem do ar parcialmente obstruída, por 
exemplo, na consoante [g]. 
 Fricativas - passagem do ar por uma fenda estreita no meio da 
via bucal; som que lembra o de fricção. Ex: [f]; [v];[s];[z]; [ʃ] e [ʒ]. 
 Laterais - passagem do ar pelos dois lados da cavidade bucal, 
pois o meio encontra-se obstruído de algum modo. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
44 
 Vibrantes - caracterizadas pelo movimento vibratório rápido da 
língua ou do véu palatino. 
 Sibilantes - quando são articulados produzem um ruído 
parecido com assobio. Ex: [ʒw] e [ʃ]. 
 Sons Retroflexos, acontece quando o ápice da língua se enrola 
paraa parte de trás dos alvéolos (palato duro). Estes sons 
acontecem mais em língua inglesa nas palavras como; very e 
summary. 
 Líquidas - quando são produzidos há um envolvimento de 
alguma obstrução lenta e livre na cavidade bucal. Esses sons 
dividem-se em dois grupos: 
a) Liquidas laterais; quando produzidos a parte anterior da 
língua toca nos alvéolos, enquanto os lados estão em baixo, 
permitindo a saída do ar lateralmente. Ex: [ɭ]; [ʎ]; [ɫ]. 
b) Líquidas vibrantes; quando produzidos há vibração da úvula 
e da língua. Estes sons dividem-se em líquidas vibrantes 
simples e múltiplas. As líquidas vibrantes simples, 
acontecem quando ocorre a vibração na região anterior da 
língua, com um batimento nesta zona. Ex: [r]. 
c) As consoantes líquidas vibrantes múltiplas, que são 
produzidas na região posterior da cavidade bucal com uma 
ligeira vibração da úvula. Ex: [R]. 
 Ao Ponto ou Zona de Articulação – o local onde é feita a obstrução 
à passagem do ar): 
 Bilabiais ou bilabiais - contacto dos lábios superiores e inferior. 
Ocorre normalmente na pronúncia das consoantes [p]; [b] e [m]. 
 Labiodentais - é o contacto dos dentes do maxilar superior com 
o lábio inferior, exemplo na pronúncia das consoantes [f] e [v]. 
 Linguodentais ou Interdentais - aproximação ou contacto da 
zona anterior à ponta da língua com a face interior dos dentes 
do maxilar superior. Exemplo, as consoantes [t] e [d]. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
45 
 Alveolares - contacto da ponta da língua com os alvéolos no 
maxilar superior. Exemplo, nas consoantes [l]; [n] e [r]. 
 Palatais - contacto do dorso da língua com o palato duro, ou céu-
da-boca, exemplo, na realização das consoantes [ʒ]; [ʃ] e [ʎ]. 
 Velares - contacto da parte posterior da língua com o palato 
mole, ou véu palatino, por exemplo, nas consoantes [l]; [n] e [r]. 
 Ao Papel das Cordas Vocais: 
 Surdas (ausência de vibração das cordas vocais) 
 Sonoras (vibração das cordas vocais) 
 Ao Papel das Cavidades Bucal e Nasal: 
 Orais (passagem do ar apenas pela cavidade bucal) 
 Nasais (passagem do ar pelas cavidades bucal e nasal) 
 
Síntese 
 
O AFI (Alfabeto Fonético Internacional) constitui uma das principais 
ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da linguagem, quer 
como sistema de notação propriamente dito quer sistema de 
referência. A fonética nos fornece os meios conducentes à descrição 
dos sons da fala. Ela divide-se em três componentes: fonética 
articulatória, fonética física e fonética auditiva ou perceptiva. 
 
Os sons da fala humana classificam-se em três (3) categorias, a saber: 
vogais, consoantes e semivogais. 
 
As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto à região 
de articulação, ao grau de abertura, ao arredondamento ou não dos 
lábios e ao papel das cavidades bucal e nasal. As consoantes são 
classificadas dependendo do modo de articulação, do ponto ou zona de 
articulação, do papel das cordas vocais e do papel da cavidade bucal e 
nasal. 
 
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46 
Auto-Avaliação 
1. Qual é a importância do Alfabeto Fonético Internacional? 
 
Exercícios de Aplicação 
1. Localize e determine a função desempenhada pelos articuladores 
activos na produção dos sons da fala. 
2. Classifique os sons seguintes: 
a. [m] 
b. [a] 
c. [r] 
d. [y] 
e. [e] 
3. Classifique todas as consoantes constantes nas frases: 
a. Desenvolvimento 
b. Melhoramento 
4. Faça transcrição fonética estreita/larga das palavras abaixo: 
5. Casas amarelas 
6. Mais ou menos 
7. Tendo em conta as definições de CHOMSKS e HALLE (1968), 
preencha as células da matriz seguinte indicando os valores + ou – 
de cada traço para todos os segmentos. 
 p b f v m t d s z n ʃ ʒ ʎ ɲ K g r l 
Soante 
Silábico 
Consonântico 
Alto 
Baixo 
Recuado 
Arredondado 
Anterior 
Coronal 
Continuo 
Estridente 
Vozeado 
Nazal 
Lateral 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
47 
TEMA VI - PRINCÍPIOS DA FONOLOGIA 
 
Introdução 
Na linguagem humana existe um conjunto de sons particulares. Quando 
aprendemos uma língua aprendemos os sons que ocorrem na língua em 
causa e quais as regras para a sua articulação. Para esta unidade vamos 
introduzir uma outra componente da gramática: a fonologia. Vais 
conhecer alguns contornos sobre o funcionamento da fonologia dentro 
dos estudos linguísticos. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 Definir fonologia; 
 Indicar a importância dos processos fonológicos para os 
estudos linguísticos; 
 Distinguir fone do fonema e do alofones; 
 Discernir os processos de assimilação, supressão e de inserção; 
 Formalizar regras fonológicas do português. 
 
6.1 Conceito de Fonologia 
A fonologia estuda a maneira segundo a qual os sons da linguagem 
formam sistemas e modelos. Ela procura explicar como é que o falante-
ouvinte consegue reconhecer uma infinitude de sons, que fazem parte 
da sua língua. Sendo assim, a fonologia é o estudo da organização dos 
sons da fala em sistemas e modelos numa determinada língua 
particular. 
 
6.2 Fonema, Fones e Alofones 
Em todas as línguas existem palavras que apresentam significados 
diferentes e que se distinguem num único som. Estes som que 
distinguem as palavras denominam-se unidades distintivas e 
correspondem à fonemas em qualquer língua. Ex: bala e pala, só se 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
48 
diferenciam nas consoantes iniciais, b e p e correspondem fonemas em 
Português. Sendo assim, são fonemas, sons que distinguem as palavras 
numa certa língua, permitindo o contraste de significado, ou ainda 
unidades distintivas na língua. 
 
Os fonemas constituem pares mínimos, na medida em que os sons só 
se contrastam num único traço, e se representam em barras oblíquas, 
sendo /b/ e /p/ para o caso das palavras acima. 
 
Os fonemas quando se realizam fisicamente já não têm esta designação, 
são os fones, que correspondem às representações físicas dos fonemas. 
Além dos fonemas e fones, temos os alofones que correspondem às 
diversas realizações fonéticas de um mesmo som ou fonema. Ex: [´kalu] 
e [ʹkaɫdu] verificamos duas realizações diferentes do som /l/ que são /l/ 
e /ɫ/. No entanto estas duas pronúncias não correspondem à dois 
fonemas distintos, visto que nunca podemos opô-los em pares 
mínimos. Os alofones dependem da posição do fonema na palavra. 
Então, como os dois sons nunca ocorrem na mesma posição estão 
distribuídos em contextos diferentes diz-se que estão em distribuição 
complementar. 
 
6.3 Classes Naturais e Pares Mínimos 
Em fonologia, a classe natural é um jogo completo dos sons que podem 
ser descritos por um ou por mais características fonéticas a qual tem na 
terra comum. Especificamente, podem ser descritos usando poucas 
características do que seja necessário para fornecer uma descrição 
exaustiva de cada som individual, ao também usar mais características 
do que seja necessário para descrever os sons. 
 
Por exemplo, o jogo que contém os sons [p], [t], e [k] é uma classe 
natural em inglês, a saber batentes voiceless. Outras classes naturais 
incluem líquidos, nasais, velares. Além, os membros de uma classe 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
49 
natural comportar-se-ão similarmente no mesmo ambiente fonético, e 
ter-se-ão um efeito similar nos sons que ocorrem em seu ambiente. 
 
As regrasfonológicas foram introduzidas para explicar a relação que os 
sons estabelecem entre si num determinado sistema linguístico. As 
regras fonológicas mais decorrentes no Português Europeu são as 
seguintes: 
 
6.4 Regras Fonológicas 
 
 Regra de Assimilação, que acontece quando numa determinada 
palavra o som anterior assimila os traços do som posterior. Ex: 
musgo [ʹmuʒgu]; manga [ʹmãga]; casta [ʹʃ]. 
 
Nas palavras acima, verificamos que os sons [s], [n], [s], assimilam os 
traços dos sons seguintes, sendo assim: 
 Para o primeiro caso a consoante [s] que de natureza é menos 
vozeada, assimila o traço do som [g], que é mais vozeado 
passando para [ʒ], que é uma consoante vozeada; 
 No segundo caso, a vogal [a] assimila o traço da consoante nasal 
[n], saindo de menos nasal para mais nasal [ã]; 
 Para o terceiro caso vemos que o som anterior [s] que é menos 
vozeado ou surda assimila os traço do som seguinte [t] que 
também é surdo, saindo de [s] para [ʃ]. 
 
 Regra de Supressão, que acontece quando num determinado 
segmento, um som é pronunciado. Ex: esperar [ʹʃperar]; esteira 
[ʹʃteȷra]; espelho [ʹʃpeʎu]. 
 
Nos casos acima, constatamos que na transcrição fonética que é o que 
constitui a pronúncia do falante, a vogal [e], no início da palavra, não se 
pronuncia ou não se realiza. Portanto, dá-se a supressão deste som. Um 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
50 
outro exemplo de supressão, em português, na fala coloquial, dá-se na 
vogal [ə] que normalmente é suprimida. A representação da supressão 
nas regras fonológicas é feita pelo por [Ø] (indica a vogal suprimida). A 
indicação do contexto é desnecessário visto que esta regra se aplica 
sempre sobre a regra de elevação/recuo da vogal, única realização da 
vogal [ə]. 
 
Regra de supressão de [ə] 
 
 
 
 
 
 
 Regra de Inserção. Numa determinada palavra ocorre a inserção 
quando o falante pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons que 
não constitui regra de funcionamento dessa língua. No caso do 
Português, temos como exemplo: pneu [ʹpinew]; economia 
[enkoʹnomȷa]. 
 
Nas palavras acima houve a inserção dos sons sublinhados. Isto 
acontece porque é fruto de influência das Línguas Bantu de 
Moçambique sobre o Português Europeu. 
 
6.5 Formalização de Regras Fonológicas do Português 
O falante/ouvinte de uma língua ao adquirir a linguagem não armazena 
uma a uma as unidades dos diferentes níveis (fonológico, morfológico, 
sintáctico), mas vai adquirindo, para além das unidades mínimas, as 
regras de funcionamento da língua, regras produtivas que aplica 
sistematicamente. Por essa razão se pode dizer que o saber gramatical 
é um saber regular. 
 
 V 
 + alt Ø 
 + rec 
 - arr 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
51 
O nível fonológico, tal como os outros níveis, estão regulados por regras 
que o relacionam com o nível fonético. Ao falarmos, por exemplo, da 
pronúncia do /s/ em fim de palavra, referimos as suas diversas 
realizações que dependem do contexto fonético: [z] antes de vogal na 
palavra seguinte (más aves [ʹmas ʹavəʃ]); [∫] na palavra pás [pá∫] (plural 
de pá) e [s] em palavra como assa [ásɐ]. Portanto: 
 [z] 
 /s/ [∫] 
 [s] 
 
 Regras das Vogais átonas de Português 
Se considerarmos as regras que alteram /ɛ/, /e/ e /ɔ/, /o/, 
respectivamente, para [ə] e [u], vemos que ambas tornam as vogais 
subjacentes [+altas] sendo, portanto, regras de elevação. Isto significa 
que existe algo de comum nas regras que se aplicam sobre as vogais não 
acentuadas do português (nota-se que a vogal /a/ também se torna [-
baixa], ou seja, também se eleva). Essa alteração conjunta pode 
representar-se por meio de única regra, se tornarmos em consideração 
os seguintes factores: 
 As vogais /ɛ/ e /e/ são [-rec] e [-arr]; 
 As vogais /ɔ/ e /o/ são [+rec] e [+arr]; 
 Todas se tornam [+alt] mas também [-rec] (/ɔ/ e /o/ já o eram 
mantêm-se como tal). 
 
Utilizando uma variável (p.e. ɐ), e antecedendo os traços [rec] e [+arr] 
dessa variável, a sua substituição por [+] representa /ɔ/ e /o/. Podemos 
assim formular a regra seguinte: 
 
 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
52 
 Regra de Elevação das Vogais Átonas do Português 
 
 
 
 
 
 
Pode-se assim concluir que: 
 As vogais da língua portuguesa, por regra geral, tornam-se [-
baixas] em sílabas não acentuadas; 
 /ɛ/, /e/, /ɔ/, /o/ tornam-se [+altas]; 
 As vogais /ɛ/, /e/ tornam-se também [+recuadas]. 
 
Portanto, regra geral, o vocalismo átono do português sofre um 
processo de elevação e de recuo. 
 
O Triangulo Vocálico 
+ alta i ə u 
- alta 
- baixa 
 
 e 
 o 
 ɐ 
+baixa ɛ ɔ 
 a 
 - recuada + recuada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 V 
 - alt + alt 
 α rec + rec 
 α arr - ac 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
53 
Síntese 
 
Auto-Avaliação 
1. Diferencie fonemas dos fones e alofones. 
 
Em resumo, podemos dizer que a fonologia estuda a maneira segundo 
a qual os sons da linguagem formam sistemas e modelos. 
 
Os fones correspondem às representações físicas dos fonemas. Os 
alofones correspondem às diversas realizações fonéticas de um mesmo 
som ou fonema. 
 
Classe natural é um jogo completo dos sons que podem ser descritos 
por um ou por mais características fonéticas a qual tem na terra 
comum. 
 
As regras fonológicas foram introduzidas para explicar a relação que os 
sons estabelecem entre si num determinado sistema linguístico. 
 
Regra de assimilação acontece quando numa determinada palavra o 
som anterior assimila os traços do som posterior. A Regra de supressão 
acontece quando num determinado segmento, um som é pronunciado. 
Regra de Inserção acontece quando numa determinada palavra ocorre 
a inserção quando o falante pronuncia a palavra e inclui um ou mais 
sons que não constitui regra de funcionamento dessa língua. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
54 
 
Exercício de Aplicação 
1. Explique por que se pode dizer que certas fricativas em fim de 
sílaba sofrem uma neutralização. Apresente outro exemplo de 
neutralização de fonemas no português europeu. 
2. Crie palavras em qualquer língua, e destaque sons que constituem 
fonemas na língua em causa. 
3. Explique o fenómeno de distribuição complementar dos sons, e de 
seguida apresente um (1) exemplo de distribuição complementar. 
4. Caracterize a classe com traços distintivos: 
 [k, x, n, g] 
 [f, s, ∫, v, p, z, З] 
5. Explique, exemplificando os termos inserção e supressão. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
55 
TEMA VII - PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA 
Introdução 
Neste capítulo pretende-se debruçar sobre os conceitos ligados a 
Morfologia da Palavra. Falaremos sobre a estrutura interna das 
palavras, os morfemas e seus diferentes tipos. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 
 Definir a Morfologia; 
 Conhecer a palavra segundo critérios de definição da mesma; 
 Identificar as unidades da palavra (morfemas); 
 Distinguir morfemas livres dos morfemas presos. 
 
7.1 A Concepção de Morfologia 
De um modo geral, deves compreender que o capítulo da morfologia 
diz respeito a estrutura interna das palavras e o modo como esta 
estrutura reflecte as relações entre palavras, associadas de um modo 
particular. 
 
Na análise morfológica, têm sido cruciais as noções de palavras e 
morfemas, respondendo cada uma, um vasto projecto incompleto de 
pesquisa. 
 
7.2 Critérios da Definição da Palavra 
Uma das questõesprévias e inessenciais que se coloca à morfologia é a 
da definição do próprio conceito de palavra. A questão é bastante 
complexa e tem dado origem a variados debates e propostas de 
linguistas com opções teóricas diversas, sem que haja, até agora uma 
resposta consensual. Na impossibilidade de basear uma definição na 
intuição dos falantes, a análise linguística deve enunciar critérios 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
56 
formais para a definição da palavra motivados pelas suas diferentes 
componentes: fonologia, morfologia, sintáctica e semântica. 
 
O contínuo sonoro pode ser segmentado de várias formas, de acordo 
com os conhecimentos que os falantes possuem do sistema linguístico 
em que se integra. Um tipo de unidades resultantes da segmentação do 
contínuo sonoro é definido como domínio para atribuição do acento 
principal da palavra. Os processos fonológicos que afectam os 
segmentos que se encontram no inicio desse domínio, por vezes, 
distintos dos que afectam os segmentos que se encontram no final 
desse domínio, o que justifica este tipo de segmentação. Consideremos, 
agora a seguinte frase: 
 A Maria preparou um belo discurso de despedida. 
 
Nas sequências [ɐmɐríɐ], [prɛpɐró], [ữbɛlu]. Único acento principal de 
palavras, mas essas sequências não coincidem com as sequências que a 
representação sintáctica identifica como palavra. Damos, então, a estas 
sequências o nome de palavras prosódicas ou de palavras fonológicas. 
 
Em sintaxe, as palavras são unidades que ocupam posições 
determinadas pelas estruturas sintácticas, designadas posições Xo . X é 
uma variável que cobre a totalidade das categorias sintácticas 
(adjectivo, nome, preposição, verbo, etc.) e o um indicador que essa é 
uma posição de núcleo de uma categoria sintagmática. 
 
Em semântica, a definição de palavra é ainda mais complexa. 
Consideremos aqui que a palavra se relaciona com o valor referencial 
inerente a uma sequência, por oposição a outras sequências que não 
têm qualquer valor referencial, mas são operadores de vária ordem. Na 
frase Maria, preparou, belo, discurso e despedida são, deste, deste 
ponto de vista, palavras e a, um e de são operadores. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
57 
A definição de palavras em morfologia recorre ao critério sintáctico de 
identificação de uma sequência que ocupa uma posição Xo, e em 
critérios morfológicos de análise da sua estrutura interna. 
 
Uma língua é constituída de um infinito de frases. Cada uma delas 
possui uma face sonora, ou seja a cadeia falada, e uma face significativa, 
que corresponde ao seu conteúdo. Uma frase, por sua vez, pode ser 
dividida em unidades menores de som e significado – as PALAVRAS – e 
em unidades ainda menores, que apresentam apenas a face significante 
– os FONEMAS. 
 
As palavras são, pois, unidades menores que a frase e maiores que o 
fonema. Assim, na frase 
Évora! Ruas ermas sob os céus 
 Cor de violetas roxas… 
 (Florbela Espança, S, 149.) 
 
Distinguimos dez palavras, todas com independência ortográfica. E em 
cada uma dessas palavras identificamos um certo número de fonemas. 
Por exemplo, cinco e quatro em Évora e ruas, respectivamente: 
 /e/ /v/ /o/ /r/ /a/ e /r/ /u/ /a/ /s/ 
 
7.3 Tipos de Morfemas 
Existem unidades de som e conteúdo menores que as palavras. Na 
palavra ruas, por exemplo, temos de reconhecer a existência de duas 
unidades significativas: rua e –s. o primeiro elemento – rua – também 
se emprega como palavra isolada ou serve para formar outras palavras 
isoladas: arruaça, arruamento, etc. já a forma plural –s, que vai aparecer 
no final de muitas outras palavras (ermas, céus, violetas, roxas, etc.) 
nunca poderia realizar-se como palavra individual, autónoma. Essa 
unidade significativa mínima dá-se o nome de MORFEMA. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
58 
Quando os morfemas apresentam manifestações fonéticas diferentes 
de um único morfema dá-se o nome de VARIANTE DE MORFEMA ou 
ALOMORFE. Por exemplo, o morfema –s, em: 
 Casas amarelas, realiza-se como [z]. [z] 
 Casas bonitas, realiza-se como [ʒ]. /s/ [ʒ] 
 Casas pequenas, realiza-se como [ʃ]. [ʃ] 
 
Retomando a palavra ruas, distinguimos dois morfemas: um deles é rua 
que forma por si só um vocábulo e outro –s não tem existência 
autónoma, aparece sempre ligado a um morfema anterior. Os linguistas 
costumas chamar MORFEMAS LIVRES, os que podem figurar sozinhos 
como vocábulos, e MORFEMAS PRESOS aqueles que não se encontram 
nunca isolados, com autonomia vocabular. Quanto a natureza da 
classificação, os morfemas classificam em Lexicais e Gramaticais. 
 
7.3.1 Morfemas Lexicais 
Os morfemas lexicais têm significação externa, porque referente a 
factos do mundo extralinguístico, aos símbolos básicos de tudo o que 
os falantes distinguem na realidade objectiva ou subjectiva. Exemplo: 
Évora céu roxa cor rua 
 
São morfemas lexicais os substantivos, os adjectivos, os verbos e os 
advérbios de modo. 
 
7.3.2 Morfemas Gramaticais ou Funcionais 
Os morfemas gramáticas são de significação interna, pois deriva das 
relações e categorias levadas em conta pela língua. Exemplo, na frase 
Évora! Ruas ermas sob os céus 
 Cor de violetas roxas… 
 (Florbela Espança, S, 149.) 
O artigo o, as preposições sob e de, a marca do feminino –a nas palavras 
(rox-a, erm-a) e a de plural nas palavras (rua-s, erma-s, o-s, céu-s, 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
59 
violeta-s, roxa-s), são indicativos restritos de morfemas gramaticais ou 
funcionais. 
 
No geral, são morfemas gramaticais os artigos, os pronomes, os 
numerais, as preposições, as conjunções e os demais advérbios, bem 
como as formas indicadoras de número, género, tempo, modo ou 
aspecto verbal. 
 
NOTA: 
Outras características, não semânticas, opõem os morfemas lexicais aos 
gramaticais. Por um lado, os morfemas lexicais são de número elevado, 
indefinido, em virtude de constituírem uma classe aberta, sempre 
passível de ser acrescida de novos elemento. 
 
Por outro lado, os morfemas gramaticais pertencem a uma série 
fechada, de número definido e restrito de idiomas. Consequentemente, 
se os examinarmos num dado texto, verificamos que os morfemas 
lexicais apresentam frequência média baixa, em contraste com a 
frequência média alta dos morfemas gramaticais. 
 
7.4 Estrutura Interna da Palavra 
Estudar a estrutura das palavras é estudar os elementos que formam a 
palavra, denominados de morfemas. Vamos em seguida estudar esses 
elementos para melhor compreendermos esta temática. 
 
7.4.1 Afixos (Prefixos, Infixo e Sufixos) 
Os afixos são os elementos que se juntam ao radical para formar novas 
palavras. Muitas das vezes a junção dos afixos com os radicais resultam 
na mudança da classe da palavra, podendo um substantivo passar a ser 
um adjectivo ou adverbio, etc. Os afixos são: 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
60 
 Prefixo – é o afixo que aparece antes do radical para formar uma 
nova palavra. Por exemplo, as palavras fazer, incapaz e moral 
podem resultar desfazer (des+fazer), incapaz (in+capaz) e 
amoral (a+moral). 
 Sufixo – é o afixo que aparece depois do radical, do tema ou do 
infinitivo. Por exemplo, as palavras pensar, acusar e feliz, podem 
resultar pensamento (pensa+mento), acusação (acusa+cão) e 
felizmente (feliz+mente). 
 Infixos (vogais ou consoantes de ligação) – são vogais e 
consoantes que surgem entre dois morfemas, para tornar mais 
fácil e agradável a pronúncia de certas palavras. Por exemplo, 
nas palavras flores, bambuzal, gasómetro, cafeteira. 
 
7.4.2 Radical, Tema e Vogal Temática Radical 
O que contém o sentido básico do vocábulo. Aquilo que permanece 
intacto, quando a palavra for modificada. 
Ex: falar, comer, dormir, casa, carro 
 
Quando se trata de verbo, descobre-se o radical retirando a terminação 
AR, ER ou IR. 
 
 Vogal Temática 
Podemos encontrar a vogal temática nos verbos, substantivos e 
adjectivos. Nos verbos elas são reconhecidas na terminação verbal 
através das vogais A, E e I. A sua ocorrência nos verbos dão indicação a 
que conjugação o verbo pertence. 
 1ª Conjugação = verbos terminados em AR 
 2ª Conjugação = verbos terminados em ER 
 3ª Conjugação = verbos terminados em IR. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
61 
Nem todos os verbos têm a terminação as vogais A, E e I. É o caso do 
verbo pôr. Nestes casos recorre-se ao étimo da palavras uma vez que 
ela sofreu transformações ao longo dos tempo. Portanto, o verbo pôr 
provém do poer o que significa que é da 2ª conjugação. Nos 
substantivos e adjectivos, são as vogais A, E, I, O e U, no final da palavra, 
evitando que ela termine em consoante. Por exemplo, nas palavras: 
meia, táxi, pente, couro, urubu. 
 
Atenção: Não se pode confundir vogal temática de substantivo e 
adjectivo da desinência nominal de género. 
 
 Tema 
O tema é a junção do radical com a vogal temática. Se não existir a vogal 
temática, o tema e o radical serão o mesmo elemento; o mesmo 
acontecerá quando o radical for terminado em vogal. 
 
Nos verbos o tema sempre é a soma do radical com a vogal temática: 
estudR+aVT; comR+eVT; partR+iVT 
 
Nos substantivos e adjectivos, nem sempre isso acontece. Vejamos 
alguns exemplos: no substantivo pasta, past é o radical, a, a vogal 
temática e pasta o tema. Já na palavra leal, o radical e o tema são o 
mesmo elemento – leal, pois não há vogal temática. Na palavra tatu 
também, mas agora, porque o radical é terminado pela vogal temática. 
 
7.5 Palavras Simples e Complexas 
A estrutura morfológica das palavras simples diferem das complexas 
apenas no domínio do radical, ou seja, as palavras complexas são, na 
realidade radicais complexos, cuja especificação morfológica e morfo-
sintáctica processa-se de modo idêntico ao das palavras simples. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
62 
 Palavra simples é aquela que possui apenas um único radical, 
independentemente de possuir desinência ou não. Por exemplo, 
são palavras simples: lápis, tesoureiro, entristecer. Portanto, a 
palavra simples tem um radical e um sufixo realizado pelos 
morfemas a, o ou e. Este é um tipo de palavras simples (nome e 
adjectivos) muito frequente em português. 
 
 Palavras complexas são aquelas que possuem mais de um 
radical ligados, normalmente separado por um hífen. Exemplo, 
infeliz, casinha, ramificação, pelaria, desorganizar, etc. Neste 
tipo de palavras é possível identificar, pelo menos dois 
constituintes: um radical e um ou mais afixos (que não são 
realizados ou não são apenas realizados, pelos morfemas a, i ou 
o); ou um radical ou uma palavra, e outra palavra. As palavras 
complexas exemplificadas em (i) são palavras derivadas e as 
registadas em (ii) são palavras compostas: 
(i) 1. felic idade 
RADICAL SUFIXO 
 2. ad mit i r 
 PREXIXO RADICAL VT SUFIXO 
 
(ii) 1. neuro cirurgião 
RADICAL PALAVRA 
 2. bomba relógio 
 PALAVRA PALAVRA 
 
ATENÇÃO: 
Não se pode confundir palavras complexas com palavras compostas 
formadas por derivação prefixal. Como vimos acima, a classificação das 
palavras simples opõe-se a palavra complexa: o radical de uma palavra 
simples não se pode decompor: o radical da palavra complexa integra 
dois ou mais constituintes. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
63 
Síntese 
O objecto específico da morfologia consiste no conhecimento das 
palavras, enquanto unidades de análise linguística, dos seus elementos 
constituintes e das relações existentes entre os constituintes da 
palavra, ou seja, da sua estrutura interna, bem como das relações 
existentes entre as palavras. 
 
A Palavra é a unidade menor de som e significado dentro de uma frase. 
As unidades ainda menores, que apresentam apenas a face significante 
são fonemas. Os morfemas são unidade significativa mínima (dentro 
duma palavras). Existem dois tipos de morfemas: morfemas lexicais que 
têm significação externa e morfemas gramáticas são de significação 
interna. 
 
Numa palavra, radical é a parte que contém o sentido básico do 
vocábulo; aquilo que permanece intacto, quando a palavra for 
modificada. O tema é a junção do radical com a vogal temática. 
 
Palavra simples é aquela que possui apenas um único radical, 
independentemente de possuir desinência ou não. Palavras complexas 
são aquelas que possuem mais de um radical ligados, normalmente 
separado por um hífen. 
 
Auto-Avaliação 
1. Quais são as unidades morfológicas estudadas neste capítulo? 
2. Defina “palavra”. Exemplifica. 
 
 
 
 
 
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64 
Exercícios de Aplicação 
 
1. Com sua próprias palavras, defina a Morfologia. 
 
2. Indique as unidades das palavras abaixo com as suas significações: 
a) Sal 
b) Desenvolvimento 
c) Felicidade 
d) Mata-bicho 
e) Desmiola 
f) Dor 
g) Desfazer 
 
3. Construa uma frase com pelo menos seis (6) palavras. Identifique 
os tipos de morfemas existentes nas palavras. 
 
4. Construa uma representação da estrutura interna para cada uma 
das seguintes palavras, elaborando um pequeno comentário, 
sempre que julgue adequado fazê-lo 
a) Despenalização 
b) Comboio-fantasma 
c) Caixeiro-viajante 
d) Meia-lua 
e) Porta-estandarte 
f) Abre-latas 
 
5. Com base nas palavras do exercício anterior, diga quais são palavras 
simples e palavras complexas. Justifica cada uma das suas opções. 
 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
65 
TEMA VIII - A SINTAXE (NOÇÃO E ESTRUTURA DOS CONSTITUINTES) 
Introdução 
 
Vamos agora passar a falar de mais uma componente da gramática: a 
sintaxe. Portanto, vamos conhecer alguns dos principais constituintes 
sintagmáticos nas estruturas frásicas da língua portuguesa. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 Apresentar o conceito básico da sintaxe; 
 Identificar a principal estrutura de constituinte frásico; 
 Fazer representação parentética e em árvore. 
 
8.1 Conceito de Sintaxe 
Sintaxe (do Grego clássico σύνταξις "disposição", de σύν syn, "juntos", 
e τάξις táxis, "ordenação") é o estudo das regras que regem a 
construção de frases nas línguas naturais. A sintaxe é a parte da 
gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no 
discurso, incluindo a sua relação lógica, entre as múltiplas combinações 
possíveis para transmitir um significado completo e compreensível. À 
inobservância das regras de sintaxe chama-se solecismo. 
 
Em linguística, a sintaxe é o ramo que estuda os processos generativos 
ou combinatórios das frases das línguas naturais, tendo em vista 
especificar a sua estrutura interna e funcionamento. O termo "sintaxe" 
também é usado para referir o estudo das regras que regem o 
comportamento de sistemas matemáticos, como a lógica, e as 
linguagens de programação de computadores. 
 
Os primeiros passos da tradição europeia no estudo da sintaxe foram 
dados pelos antigos gregos, começando com Aristóteles, que foi o 
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega_antiga
http://pt.wikipedia.org/wiki/Frase
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_naturais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Palavra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Discurso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Solecismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%ADstica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe_%28l%C3%B3gica%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe_de_linguagens_de_programa%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
66 
primeiro a dividir a frase em sujeitos e predicados. Um segundo 
contributo fundamental deve-se a Frege que critica a análise 
aristotélica, propondo uma divisão da frase em função e argumento. 
Deste trabalho fundador, deriva toda a lógica formal contemporânea, 
bem como a sintaxe formal. No século XIX a filologia dedicou-se 
sobretudo à investigação nas áreas da fonologia e morfologia, não 
tendo reconhecido o contributo fundamental de Frege, que só em 
meados do século XX foi verdadeiramente apreciado. 
 
8.2 Estrutura dos Constituintes (constituintes imediatos) 
 
8.2.1 Sujeito 
Em análise sintáctica, o sujeito é um dos termos essenciais da oração, 
responsável por realizar ou sofrer uma acção ou estado. 
 
Segundo uma tradição iniciada por Aristóteles, toda oração pode ser 
dividida em dois constituintes principais: o sujeito e o predicado. Em 
português, o sujeito rege a terminação verbal em número e pessoa e é 
marcado pelo caso reto quando são usados os pronomes pessoais. As 
regras de regência do sujeito sobre o verbo são denominadas 
concordância verbal. Na frase, Nós vamos ao teatro, vamos é uma 
forma do verbo "ir" da primeira pessoa do plural que concorda com o 
sujeito nós. 
 
Para os verbos que denotam acção, frequentemente o sujeito da voz 
activa é o constituinte da oração que designa o ser que pratica a acção 
e o da voz passiva é o que sofre suas consequências. Sob outra tradição, 
o sujeito (psicológico) é o constituinte do qual se diz alguma coisa. 
Segundo Bechara, "É o termo da oração que indica a pessoa ou a coisa 
de que afirmamos ou negamos uma acção ou qualidade". Exemplos: 
 O pássaro voa. - Os pássaros voam. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Frase
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sujeito
http://pt.wikipedia.org/wiki/Predicado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Frege
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Morfologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Frege
http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_sint%C3%A1tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Termos_essenciais_da_ora%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Predicado
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_reto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evanildo_Bechara
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
67 
 O menino brinca. - Os meninos brincam. 
 Pedro saiu cedo. - Os jovens saíram. 
 
Didacticamente, fazemos uma pergunta para o verbo: Quem é que? ou 
Que é que? ― e teremos a resposta; esta resposta será o sujeito. O 
sujeito simples tem um núcleo. 
 "O menino brinca." Quem é que brinca? O menino. Logo, o 
menino é o sujeito da frase. 
 
Um jeito de diferenciá-lo de objecto é o seguinte: 
 "João come maçã". "Quem come maçã?" Perceba que o verbo 
vem primeiro. "João" - Sujeito, por causa da ordem. 
 
Lembre-se: Sempre que te pedirem para indicar o sujeito é só fazer uma 
perguntinha básica: "Quem?" e você terá o sujeito na resposta. Por 
exemplo: "A empresa fornecia comida aos trabalhadores", Agora 
façamos a pergunta - "Quem fornecia comida aos trabalhadores?" - A 
empresa. Portanto a empresa é o sujeito. 
 
8.2.1.1 Tipos de Sujeito 
O sujeito pode ser, segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira 
(NGB), classificado em simples, composto, indeterminado, desinencial 
ou implícito e inexistente. Nesse último caso, temos o que se 
convencionou chamar de oração sem sujeito. 
 
 Sujeito Simples 
É o sujeito que tem apenas um núcleo representativo. Aumentar o 
número de características a ele atribuídas não o torna composto. 
Exemplos de sujeito simples (o sujeito está em itálico): 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
68 
Obs: o verbo concorda com o sujeito, seja ele anteposto ou posposto. 
Exemplo: 
Maria é uma garota bonita. 
A pequena criança parecia feliz com seu novo brinquedo. 
 
 Sujeito Composto 
É aquele que apresenta mais de um núcleo representativo, escrito na 
oração. Exemplo: “Luana e Carla fizeram compras no sábado.”; “Felipe 
e o amigo Bruno sairam para almoçar.”. O sujeito também pode vir 
depois do verbo. Exemplo: Saíram Bruno e Felipe. 
 
 Sujeito subentendido desinencial, implícito, oculto ou elíptico 
Sujeito desinencial é aquele que não vem expresso na oração, mas pode 
ser facilmente identificado pela desinência do verbo. Exemplo: “Fechei 
a porta”; “Quem fechou a porta?”. 
 
Obs: Não confundir vocativo (expressão de chamamento) com sujeito. 
Exemplo: “Querido aluno, leia sempre! (sujeito oculto: "você"- Leia 
"você" sempre)”; “Querido candidato, fico feliz com seu sucesso! 
(sujeito oculto "eu" - "eu" fico feliz com seu sucesso)”. 
 
Apesar do sujeito não estar expresso, pode ser identificado na oração: 
Fechei a porta Eu. E na frase Perguntaste mesmo isso ao professor?, o 
identificado é Tu. Entretanto, cuidado para não criar confusão com a 
segunda frase, que pode passar a ideia de elipse do sujeito ou sua 
indeterminação; pois o sujeito simples está explícito e é o pronome 
interrogativo Quem. 
 
Obs.: As classificações do sujeito, em Língua Portuguesa, são apenas 
três: simples, composto e indeterminado. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Depois
http://pt.wikipedia.org/wiki/Desin%C3%AAncia
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
69 
Dar o nome de Sujeito desinencial, elíptico ou implícito não equivale a 
classificar o sujeito, mas somente determinar a forma como o sujeito 
simples se apresenta dentro da estrutura sintáctica. No mais, a 
classificação Sujeito Oculto foi abolida, por questões técnico-formais e 
linguistico-gramaticais, passando a denominar-se Sujeito Simples 
Desinencial, uma vez que se pode determiná-lo através dos morfemas 
lexicais terminativos das formas verbais, situação na qual, para indicar 
que o sujeito se encontra elíptico usa a forma pronominal recta 
equivalente à pessoa verbal entre parênteses. 
 
Assim, na estrutura sintáctica: "Choramos todos os dias", para indicar o 
sujeito simples subentendido na forma verbal, coloca-se entre 
parênteses da seguinte forma: (Nós) = sujeito simples desinencial. 
 
 Sujeito Indeterminado 
Sujeito indeterminado é o que não se nomeia ou por não se querer ou 
por não se saber fazê-lo. Podemos dizer que o sujeito é indeterminado 
quando o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se 
desconhecer quem executa a acção ou por não haver interesse no seu 
conhecimento. Aparecerá a acção, mas não há como dizer quem a 
pratica ou praticou. 
 
Há três maneiras de identificar um sujeito indeterminado: 
(i). O verbo se encontra na 3ª pessoa do plural. 
 Dizem que eles não vão bem. 
 Estão chamando o rapaz. 
 
(ii). Com um Verbo Transitivo Indirecto, somente na terceira pessoa do 
singular, mais a partícula se. 
 Precisa-se de livros. (Quem precisa, precisa de alguma coisa → 
verbo transitivo indirecto) 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pessoa
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
70 
 Necessita-se de amigos. (Quem necessita, necessita de alguma 
coisa → verbo transitivo indirecto) 
 
A palavra se é um índice de indeterminação do sujeito, pois não se pode 
dizer quem precisa ou quem necessita. 
Cuidado! Caso você encontre frases com Verbo Transitivo Directo: 
 Compram-se carros. (Quem compra, compra alguma coisa → 
verbo transitivodirecto) 
 Vende-se casa. (Quem vende, vende alguma coisa → verbo 
transitivo directo) 
 
Não se caracteriza sujeito indeterminado, pois nos casos de VTD, a 
partícula "se" exerce a função de partícula apassivadora e a frase se 
encontra na voz passiva sintética. Transpondo as frases para a voz 
passiva analítica, teremos: 
 Carros são comprados (sujeito: "Carros"); 
 Casa é vendida (sujeito: "Casa"). 
(iii). Com um Verbo Intransitivo, somente na terceira pessoa do singular, 
mais a palavra se, índice de indeterminação do sujeito. 
 Vive-se feliz, aqui. 
 Aqui se dorme muito bem. 
 
8.2.2 Predicado (gramática) 
Na gramática, o predicado é um dos termos essenciais da oração; é tudo 
aquilo que se diz ou o que se declara sobre o sujeito. Significado de 
predicado: qualidade, característica, dote, prenda, virtude. Aquilo que 
numa preposição se enuncia acerca do sujeito. 
 
8.2.2.1 Tipos de Predicado 
O predicado pode ser subdividido em Predicado nominal, verbal ou 
verbo-nominal (também escrito verbonominal). 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Termos_essenciais_da_ora%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sujeito
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
71 
 Predicado Verbal 
Possui um verbo significativo, também denominado de verbo de acção; 
ou seja: verbo que exprime acção. O predicado verbal não pode ser 
retirado, porque faz falta na frase. Exemplo: 
 O ministro do Sítio anunciará um pacote de reajuste de 
impostos. 
 Bush invadiu o Iraque, baseando-se em justificativas 
infundadas. 
 
 Predicado Nominal 
Possui por núcleo um sintagma nominal (substantivo ou, normalmente, 
adjectivo), denominado, sintacticamente, de predicativo do sujeito. 
Integra esse termo da oração um verbo de ligação, também chamado 
de verbo não-significativo (uma vez que não expressa acção) ou de 
verbo relacional. 
 O acesso à internet banda larga está cada vez mais ao alcance 
da classe média urbana. 
 Franco-Dousha é o mais novo fórum linguístico da actualidade. 
 
 Predicado Verbo-nominal 
 Os alunos saíram da aula alegres. 
O predicado é verbo-nominal porque seus núcleos são um verbo 
(saíram - verbo intransitivo), que indica uma acção praticada pelo 
sujeito, e um predicativo do sujeito (alegres), que indica o estado do 
sujeito no momento em que se desenvolve o processo verbal. É 
importante observar que o predicado dessa oração poderia ser 
desdobrado em dois outros, um verbal e um nominal. Veja: 
 Os alunos saíram da aula. Estavam alegres. 
 Estrutura do Predicado Verbo-Nominal 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintagma_nominal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Substantivo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adjetivo
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Termo_da_ora%C3%A7%C3%A3o&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Internet
http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3rum_de_discuss%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
72 
O predicado verbo-nominal pode ser formado de: 
1. Verbo Intransitivo (não transita entre substantivos) + Predicativo do 
Sujeito. Por Exemplo: Joana partiu contente. Sujeito Verbo 
Intransitivo Predicativo do Sujeito. 
2. Verbo Transitivo + Objecto + Predicativo do Objecto. Por Exemplo: 
A despedida deixou a mãe aflita. Sujeito Verbo Transitivo Objecto 
Directo Predicativo do Objecto. 
3. Verbo Transitivo + Predicativo do Sujeito + Objecto. Por Exemplo: 
Os alunos cantaram emocionados aquela canção. Sujeito Verbo 
Transitivo Predicativo do Sujeito Objecto Directo 
 
Para perceber como os verbos participam da relação entre o objecto 
directo e seu predicativo, basta passar a oração para voz passiva. Veja: 
 Na Voz Activa: “As mulheres julgam os homens insensíveis”. Sujeito 
Verbo Significativo Objecto Directo Predicativo do Objecto. 
 Na Voz Passiva: “Os homens são julgados insensíveis pelas 
mulheres”. Verbo Significativo Predicativo do Objecto 
 
O verbo julgar relaciona o complemento (os homens) com o predicativo 
(insensíveis). Essa relação se evidencia quando passamos a oração para 
a voz passiva. 
 
Obs: o predicativo do objecto normalmente se refere ao objecto 
directo. Ocorre predicativo do objecto indirecto com o verbo chamar. 
Assim, vem precedido de preposição. Por exemplo: 
 Todos o chamam de irresponsável. Chamou-lhe ingrato. 
(Chamou a ele ingrato.) 
 
8.2.3 Complemento Verbal 
Os complementos verbais completam o sentido dos verbos transitivos. 
Estes complementos podem ligar-se ao verbo através de uma 
preposição ou sem o auxílio dela. Quando há necessidade de 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo_transitivo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
73 
preposição, o objecto é dito indirecto; quando ela não é necessária, o 
objecto é dito directo. Alguns verbos podem aceitar ao mesmo tempo 
um objecto directo e outro indirecto. Em alguns casos, por questões de 
estilo, adiciona-se uma preposição ao objecto directo. Neste caso o 
objecto directo é dito preposicionado. Exemplos: 
 Aviões possuem asas. - Asas é o objecto directo do verbo 
possuir. 
 Gosto de escrever. - De escrever é objecto indirecto do verbo 
gostar. 
 Neguei tudo aos impostores. - Tudo é objecto directo e aos 
impostores é objecto indirecto do verbo negar. 
 
8.2.3.1 Objecto Directo 
Objecto directo é o termo da oração que completa o sentido de um 
verbo transitivo directo. O objecto directo liga-se ao verbo sem o auxílio 
de uma preposição. Indica o paciente, o alvo ou o elemento sobre o qual 
recai a acção. 
 
Identificamos o Objecto directo quando perguntamos ao verbo: "quem" 
ou "o quê". Exemplos: 
Vós admirais os companheiros. - Perguntamos, Vós admirais o quê? A 
resposta é 'os companheiros', que é o objecto directo. 
Nós amamos o cabelo da Gyselle. - Perguntamos: nós amamos o quê? 
A resposta é 'o cabelo da Gyselle ', que é o objecto directo da oração. 
 
8.2.3.2 Objecto Directo Preposicionado 
Há casos, no entanto, que um verbo transitivo directo aparece seguido 
de preposição, que, por sua vez, precede o objecto directo. Nesses 
casos temos o chamado objecto directo preposicionado. Exemplo: “Vós 
tomais do vinho”. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo_transitivo_direto
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
74 
Esta construção se faz da contracção de termos como: Vós tomais 
"parte" do vinho. O objecto directo é obrigatoriamente preposicionado 
quando expresso: 
 Por pronome pessoal oblíquo tónico; 
 Pelo pronome relativo "quem", de antecedente claro; 
 Por pronome átono e substantivo coordenados. 
 
8.2.3.3 Objecto Indirecto 
O objecto indirecto é o termo da oração que completa um verbo 
transitivo indirecto, sendo obrigatoriamente precedido de preposição. 
 
Identificamos o objecto indirecto, quando perguntamos ao verbo: "a 
quem" ou "a quê". A resposta será o Objecto indirecto. 
 
 Objecto Indirecto Reflexivo 
O objecto indirecto reflexivo é o objecto indirecto que indica a reflexão 
da acção do sujeito. Exemplo: 
 Caroline obedece aos pais. 
(Caroline obedece a quem? Resposta: aos pais, Objecto Indirecto.) 
 
8.3 Frase, Oração e Período 
Neste tópico vamos trazer as noções dos termos acima ilustrados com 
o intuito final de distingui-los uma vez que muitas das vezes faz-se 
confusão. 
 
Frase é todo enunciado linguístico capaz de transmitir uma ideia. A frase 
é uma palavra ou conjunto de palavras que constitui um enunciado de 
sentido completo. A frase não vem necessariamente acompanhada por 
um sujeito, verbo ou predicado. Por exemplo: «Cuidado!» é uma frase, 
pois transmite uma ideia - a ideia de ter cuidado ou ficar atento - masnão há verbo, sujeito ou predicado. A frase define-se pelo propósito de 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo_transitivo_indireto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo_transitivo_indireto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Preposi%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sujeito
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ideia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Palavra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sujeito
http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Predicado
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
75 
comunicação, e não pela sua extensão. O conceito de frase, portanto, 
abrange desde estruturas linguísticas muito simples até enunciados 
bastante complexos. 
 
Já a oração é todo enunciado linguístico que tem o núcleo como o 
verbo, apresentando, desta maneira e na maioria das vezes, "termos 
essenciais da oração, sujeito e predicado". Exemplo: 
 O menino sujou seu uniforme. 
 
O que caracteriza a oração é o verbo, não importando que a oração 
tenha sentido ou não sem ele. 
 
O período é uma frase que possui uma ou mais orações, podendo ser: 
 Simples: Quando constituído de uma só oração. 
Ex.: João ofereceu um livro a Joana. 
 
 Composto: Quando é constituído de duas ou mais orações. 
Ex.: O povo anseia que haja uma eleição justa, pois a última 
obviamente não o foi. 
 
Os períodos compostos são formados por coordenação, por 
subordinação ou por ambas as formas (coordenação-subordinação). 
 
8.4 Tipos Básicos de Frases 
 Frases declarativas: após a constatação de um fato, o emissor 
faz uma declaração; 
 Frases exclamativas: as que possuem exclamação; 
 Frases imperativas: as que expressam ordens, proibições ou 
conselhos; e 
 Frases interrogativas: as que transmitem perguntas. 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Termos_essenciais_da_ora%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Termos_essenciais_da_ora%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o_coordenada
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o_subordinada
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
76 
E ainda há mais dois grupos secundários: 
 Frases optativas: o emissor expressa um desejo (Ex.: Quero 
comer picolé.); 
 Frases imprecativas: o emissor expressa uma súplica através de 
maldição. (Ex.: Que um raio caia sobre minha cabeça.). 
 
8.4.1 Outros Tipos de Frases 
Frase simples (frase não-idiomática): do ponto de vista de uma 
tradução, é a que pode ser traduzida literalmente para uma língua 
(nota: em alguns casos, frases simples têm uma diferença mínima em 
outra língua, geralmente de ordem gramatical.) 
 
Frase Cliché: são frases que podem reproduzir formas de discriminação 
social e expressar um modo de pensar as relações sociais, utilizando às 
vezes fragmentos de provérbios. Exemplos: Lugar de Mulher é na 
Cozinha, Homem não presta, Ele é um Preto de Alma Branca. 
 
Frase idiomática ou expressão idiomática: é a que não é traduzida 
literalmente para outro idioma. No caso, em cada língua a ideia da frase 
é expressa por palavras totalmente diferentes. Exemplo portuguesa-
inglês: Ele está na pior. = He’s down and out. (Literalmente: Ele está 
abaixo e fora). 
 
Frase feita: é a que, a fim de expressar determinada ideia, é dita sempre 
de forma invariável. Exemplo: Ele foi pego com a boca na botija. Note-
se que às vezes uma frase feita é, ao mesmo tempo, uma expressão 
idiomática. Por exemplo, a frase feita acima citada é dita em inglês 
como He was caught red-handed., ou, literalmente: ele foi pego com as 
mãos vermelhas. 
 
Frase formal (não-coloquial, não-popular): é a dita segundo as normas 
da linguagem padrão ou formal. Esta é usada formalmente por escrito, 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tradu%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Express%C3%A3o_idiom%C3%A1tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
77 
e em circunstâncias formais também oralmente, em textos não raro 
mais longos (em relação a textos sinónimos coloquiais), às vezes com 
palavras difíceis (que não são do conhecimento da população em geral). 
 
Frase coloquial (coloquialismo): é a dita de forma coloquial, ou seja, 
usando-se uma linguagem simples, em geral oralmente, com textos 
resumidos e informais. Uma frase coloquial pode conter erros 
gramaticais (uma ou mais palavras não estão na linguagem padrão), 
mas costuma ser falada por qualquer pessoa, não importa o seu nível 
social. 
 
Síntese 
 
A Sintaxe representa umas das componentes da gramática que se 
dedica ao estudo das regras que regem a construção de frases nas 
línguas naturais. Em termos de estrutura dos Constituintes, podemos 
encontrar na sintaxe o sujeito que compõe-se por sujeito simples, 
sujeito composto, sujeito subentendido desinencial, implícito, oculto ou 
elíptico e sujeito Indeterminado. 
 
Outro constituinte imediato é o predicado repartido em predicado 
verbal, predicado nominal e predicado verbo-nominal e com os 
complemento verbal (objecto directo e indirecto). 
 
Existem diferenças quando falamos de frase, oração e período. As frases 
têm os seguintes tipos básicos: declarativas, exclamativas, imperativas, 
interrogativas, optativas e imprecativas. 
 
Outros tipos de frases são: frase simples (frase não-idiomática), frase 
Cliché, frase idiomática ou expressão idiomática, frase feita, frase 
formal (não-coloquial, não-popular e frase coloquial. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_padr%C3%A3o
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
78 
Auto-Avaliação 
1. Distinga sujeito simples do sujeito composto. 
 
Exercícios de Aplicação 
 
1. Quais são as frases que contêm complementos de verbo. Indique a 
sua respectiva classificação. 
a. Construída a estrada, tornar-se-á fácil ir ao Norte. 
b. Tenho certeza de ser bem sucedido. 
c. Todos fizeram o firme propósito de não mais falar da vida 
alheia. 
d. Disse não saber de nada. 
2. Indique a tipologia de frase das frases abaixo. Justifique. 
a. A velhinha, arrastando a cesta pesada, agradeceu a 
caridade... 
b. Suponho serem eles os responsáveis. 
c. É necessário você entender isto. 
d. Só fica aqui quem tem estatuto para tal. 
3. Divida e classifique as orações. 
a. Terminado o recital, o artista foi aplaudido. 
b. Preparando-se para o jogo, os meninos não irão sair. 
c. Descoberto o perigo, procurou-se evitá-lo. 
d. Estas são as entradas obtidas no clube. 
 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
79 
TEMA IX - INTRODUÇÃO À SEMÂNTICA 
Introdução 
 
A Semântica é mais uma das componente da gramática. Neste capítulo 
vamos então abordar sobre os princípios da semântica: a noção de 
sema, enunciado, frase, proposição. Falaremos igualmente neste 
capítulo sobre o sentido e referência, expressões genérica e referencial. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 Definir semântica e sema; 
 Compreender as relações de sentido entre as palavras 
(identidade ou igualdade de sentido); 
 Definir as expressão referencial e genérica 
 
9.1 Conceito da Semântica 
O vocábulo semântica “σημαντικός”, derivado de sema, (sinal); refere-
se ao estudo do significado, em todos os sentidos do termo. A 
semântica opõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se 
ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as 
estruturas ou padrões formais do modo como esse algo é expresso (por 
exemplo, escritos ou falados). 
 
Dependendo da concepção de significado que se tenha, têm-se 
diferentes semânticas. A semântica formal, a semânticada enunciação 
ou argumentativa e a semântica cognitiva, por exemplo, estudam o 
mesmo fenómeno, mas com conceitos e enfoques diferentes. 
 
A semântica é, portanto a componente da gramática que estuda o 
significado e sentido que as palavras veiculam numa determinada 
língua. A semântica como componente da gramática é muito recente, 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
80 
mas o seu objecto de estudo que é o significado é remoto, já se 
estudava em filosofia, lógica, etc. 
 
9.2 Noção de Sema 
Sema, corresponde ao conjunto de traços particulares que caracterizam 
um ser, coisa, objecto etc. Ex: a palavra ovo tem traços semânticos que 
o caracterizam, nomeadamente: tem forma oval, de cor castanha ou 
branca, tem casca, tem gema e clara. 
 
É através da construção de semas que os falantes de uma determinada 
língua podem ter o significado ou sentido absoluto de algo ouvido ou 
visto. Portanto, sabe-se que os falantes de uma determinada língua logo 
que ouvem o som, associam-no ao seu referente, à medida que 
associam constroem determinados semas, com a finalidade de obterem 
a ideia global. 
 
9.2.1 Noção de Sentido e Referência 
 
 Noção de Sentido 
Sentido, é o lugar que uma palavra ocupa no sistema de relações com 
outras palavras numa determinada frase de uma certa língua. 
 
 Noção de Referência 
O termo referência foi introduzido para estabelecer a relação entre as 
palavras e as coisas, acções e qualidades que elas apresentam. A 
referência pressupõe a existência ou realidade que se deriva da nossa 
experiência directa dos objectos no mundo físico. Portanto, dizer que 
uma palavra ou unidade tem significado “ se refere” à um objecto 
implica que o seu referente é um objecto existente no mundo real. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
81 
A relação que existe entre as palavras e as coisas (referentes) é a de 
referência, as palavras não significam e nem denominam as coisas mas 
sim referem-nas. 
 
9.3 Relações de Sentido (identidade ou igualdade de sentido) 
 
 Sinonímia 
Há presença de sinonímia quando duas os mais palavras apresentam 
igualdade de sentido. O problema de sinónimos é muito discutido, 
porque existem palavras embora sejam sinónimas não se podem 
substituir em todos os contextos. 
 
Com efeito, determinadas palavras podem ser sinónimas, mas 
observar-se a restrição delas em termos de contexto. Ex: investigação = 
pesquisa. 
F1: Estou a fazer trabalho de investigação. 
F2: Estou a fazer trabalho de pesquisa. 
 
Nas frases acima, os termos pesquisa e investigação podem-se 
substituir para este contexto. Ora vejamos a aplicação destes nas frases 
seguintes: 
F1: A Polícia de investigação criminal prendeu-lhes. 
F2: *A Polícia de pesquisa criminal prendeu-lhes. 
 
Nestas duas frases acima vemos que estes termos não se podem 
substituir no contexto em causa. Entretanto, caso haja a substituição, 
uma das frases torna-se agramatical. 
 
Das frases apresentadas podemos depreender que duas palavras por 
mais que sejam sinónimas mas a sua ocorrência em contextos diversos 
os diferentes é limitada, onde ocorre uma palavra, outra não ocorre, 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
82 
isto é; há uma exclusão mútua em termos contextuais. Sendo assim, 
podemos concluir que, a sinonímia íntegra não existe. 
 
 Hiponímia e Hiperonímia 
Hiponímia, relação de identidade de sentido estabelecida entre duas ou 
mais palavras, onde o conteúdo de uma delas 
 está contido no conteúdo da outra em que um é termo geral ou 
hiperónimo e outros são as partes ou hipónimo. 
Ex1: Hiperónimo - animal. 
Hipónimo - cão, gato, coelho, porco etc. 
Ex2: Hiperónimo - país 
Hipónimos: Moçambique, Angola, Guiné-Bissau. 
 
 Paráfrases 
A paráfrase acontece quando duas ou mais frases apresentam 
igualdade de sentido ou ambas apresentam a mesma proposição. 
Exemplo: 
a) Estes aviões chocaram-se. 
b) Estes aviões envolveram-se em acidente. 
 
Nestas frases houve alteração de mais de um elemento, mas o sentido 
não se alterou. Com feito, estamos perante um caso de paráfrase 
porque ambas expressam a mesma proposição ou veiculam o mesmo 
sentido. 
 
9.4 Relações de Oposição ou Dissemelhança de Sentido 
 
 Antonímia 
Os itens linguísticos além de apresentarem a relação de igualdade de 
sentido, apresentam também a relação de oposição de sentido, que se 
denomina antonímia. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
83 
 
Com efeito, dá-se o nome de antonímia as palavras que aparecendo aos 
pares não permitem a aplicação de um onde o outro tiver sido aplicado. 
Ex: morto vs. vivo; verdadeiro vs. falso; amar vs. odiar. 
 
 Contradição 
Acontece quando duas ou mais frases apresentam desigualdade de 
sentido. 
Ex1: O António morreu é uma contradição de O António está vivo. 
Ex2: Estás a dormir acordado. Estás acordado. 
 
 Polissemia 
A Polissemia tem a ver com termos que possuem vários sentidos 
relacionados. O termo polissemia subdivide-se em poli, que significa 
muitos e sema, que significa significado. 
 
Em semântica discute-se desde muito tempo sobre a diferença entre 
homonímia vs. polissemia, porque parecem ser termos idênticos mas 
não. Portanto, a diferença entre estes dois termos é que enquanto que 
na homonímia as palavras não apresentam sentidos relacionados, na 
polissemia apresentam sentidos relacionados. 
 
 Ambiguidade 
Uma palavra, sintagma ou frase apresenta relação de ambiguidade 
quando possui mais de um significado. 
Ex: O Pedro e Rosa são casados. 
 
A frase acima tem dois sentidos que são: 
(i) O Pedro é casado com alguém (x). 
(ii) A Rosa é casada com alguém (y). 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
84 
 Tipos de Ambiguidade 
Existem dois tipos de ambiguidade, nomeadamente: 
1. Lexical; que é aquela que ao nível da palavra. 
Ex: Ele estava na minha companhia (comigo) 
 Ele estava na minha companhia (empresa) 
 
Esta ambiguidade depende da homonímia (sentidos não relacionados) 
e polissemia (sentidos relacionados). 
 
2. Estrutural; quando uma frase apresenta diferentes sentidos. Ex: 
– Vi o homem de binóculos. 
 
Para esta frase podemos ter duas leituras: 
(i) O locutor viu o homem através de binóculos e 
(ii) O locutor viu o homem que tinha binóculos. 
 
 Homonímia 
É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem 
significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, ou seja, 
os homónimos: 
 
As homónimas podem ser: 
 Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na 
pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa 
singular presente indicativo do verbo gostar) / conserto 
(substantivo) - conserto (1ª pessoa singular presente indicativo 
do verbo consertar); 
 Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na 
escrita. Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão 
(substantivo) - sessão (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar 
(verbo); 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
85 
 Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: 
cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão 
(substantivo) / cedo (verbo) - cedo (advérbio); 
 Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais 
palavras que possuem significados diferentes, mas são muito 
parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parónimos: 
Exemplos: comprimento – cumprimento; aura (atmosfera) - 
áurea (dourada); conjectura (suposição) - conjuntura (situação 
decorrente dos acontecimentos); descriminar (desculpabilizar) - 
discriminar (diferenciar); desfolhar (tirar ou perder as folhas) - 
folhear(passar as folhas de uma publicação); despercebido (não 
notado) - desapercebido (desacautelado); geminada (duplicada) 
- germinada (que germinou); mugir (soltar mugidos) - mungir 
(ordenhar); sobrescrever (endereçar) - subscrever (aprovar, 
assinar); veicular (transmitir) - vincular (ligar). 
 Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e 
origem completamente distintos. Exemplos: São (Presente do 
verbo ser) - São (santo) 
 
9.5 Distinção entre Conotação e Denotação: 
 Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do 
original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração 
de pedra. 
 Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. 
Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido. 
 
Síntese 
Nas relações de sentido (identidade ou igualdade de sentido), existe a 
sinonímia que acontece quando duas os mais palavras apresentam 
igualdade de sentido. A Hiponímia acontece quando duas ou mais 
palavras, onde o conteúdo de uma delas está contido no conteúdo da 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
86 
outra em que um é termo geral ou Hiperónimo e outros são as partes 
ou hipónimo. 
 
A denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. Por outro 
lado, a conotação é o uso da palavra com um significado diferente do 
original, criado pelo contexto. 
 
Auto-Avaliação 
1. Indique os sinónimos das palavras: 
a) Alucinado 
b) Pertence 
c) Abranger 
 
Exercícios de Aplicação 
 
1. Explique os termos: frase e enunciado, de seguida apresente um 
exemplo para cada termo. 
2. Dadas as palavras abaixo, forme semas da cada palavra. 
a) Lata 
b) Casa 
c) Cadeira 
d) Mesa 
3. Estabeleça a relação de hiponímia e hiperonímia das palavras: 
a) Cão 
b) Limão 
A polissemia tem a ver com termos que possuem vários sentidos 
relacionados. A ambiguidade acontece quando uma palavra contém 
mais de um significado. Homonímia estabelece uma relação entre duas 
ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, 
possuem a mesma estrutura fonológica 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
87 
c) Maputo 
d) África 
e) Tubérculo 
4. Tendo em conta a relação de posição de sentido, diga em que 
situação se encontram o grupo de frases abaixo: 
A. O Pedro é irmão do sr. Sitoe. 
B. A minha mãe não tem carro. 
C. Esta senhora e o senhor que está do lado dela são casados. 
 
 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
88 
TEMA X - INTRODUÇÃO À PRAGMÁTICA 
Introdução 
 
Vamos neste capítulo abordar sobre a pragmática. Entre outros 
aspectos vamos conhecer as principais noções sobre a pragmática e 
seus princípios; vais conhecer igualmente algumas funcionalidades dos 
actos locutórios dentro da comunicação interpessoal. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 Apresentar conceito de pragmática; 
 Aludir sobre os princípios da pragmática; 
 Definir act 
 os ilocutórios. 
 
 
10.1 Conceito de Pragmática 
A língua está cheia de promessas implícitas, brindes, avisos, etc. Por 
exemplo, na frase eu irei casar consigo é uma realização implícita de 
uma promessa de circunstancia apropriada e tem o mesmo valor de 
promessa de eu vou caçar-te. Obviamente que levantarmo-nos do 
nosso lugar de copo na mão e gritarmos à saúde do nosso anfitrião 
constitui um brinde tão genuíno como se disséssemos eu brindo a saúde 
do nosso anfitrião. 
 
O estudo de como fazemos coisas com frases é um dos actos ilocutórios. 
Ao estudarmos os actos ilocutórios estamos perfeitamente conscientes 
da importância do contexto em que ocorre o enunciado. Em certas 
circunstancias a frase, ali tem um carneiro no armário é um aviso, mas 
exactamente a mesma frase pode ser uma promessa ou mesmo uma 
mera afirmação de um facto, consoante as circunstancias. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
89 
A teoria dos actos ilocutórios pretende explicar quando é que ao 
fazermos perguntas queremos dar ordens ou ao dizermos uma coisa 
com uma entoação especial (sarcástica) queremos dizer o contrario. 
Assim, à mesa, Podes me passar o sal? Significa a ordem Passa-me o sal? 
Não se trata de um pedido de informação e sim não constitui resposta 
adequada 
 
10.2 Princípios da Pragmática: Actos Ilocutórios 
A teoria dos actos ilocutórios faz parte da pragmática que é um si 
mesma uma parte de que temos vindo a denominar realização 
linguística. Aos actos praticados quando são proferidas palavras dá-se o 
nome de actos de fala. 
 
Austin Words (1962), classificou estes actos da seguinte forma: há o 
acto fonético, de produzir sons; o acto fáctico, de produzir uma frase 
gramatical, e o acto rético, de dizer algo com sentido, actos que, 
conjuntamente, constituem o acto locutório. Depois há o que se faz ao 
dizer qualquer coisa, como ameaçar, orar ou prometer: são os actos 
ilocutórios. Finalmente, dizer qualquer coisa pode produzir efeitos nos 
ouvintes, como assustá-los: são os actos perlocutórios. 
 
Tabela Síntese sobre os Actos Ilocutórios 
Actos Ilocutórios Exemplos 
Assertivos (ou representativos). 
Os actos que se relacionam com o 
locutor, com o valor de verdade do 
que se diz, isto é, do enunciado. 
 
Asserções simples, com conteúdo 
proposicional equivalente às frases 
contendo os verbos acima 
indicados. 
Acredito em Adapto-me a… 
Atendo ao facto… 
Coloco a questão… 
Sugiro… 
 
Chumbas, tão certo como 2 e 2 
serem 4. 
Chumbas. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
90 
Compromissivos ou comissivos 
Actos em que o locutor 
compromete-se a realizar, no futuro, 
o acto referido no enunciado. 
Juro 
Tenciono 
Prometo 
 
Frases simples no futuro do 
indicativo ou seus substitutos 
como o presente do indicativo 
Amanhã eu serei alguém. 
 
Expressões elípticas com valor 
ilocutório comissivo: 
Até logo, à porta do cinema. 
Expressivos. 
Os actos que têm como objectivo 
exprimirem o estado psicológico do 
locutor em relação ao enunciado. 
1. Verbos ilocutórios expressivos: 
Agradeço-te 
Congratulo-me 
 
2. Verbos criadores de universos 
de referência modalizados por 
advérbios: 
Acho mal…. 
 
3. Expressões exclamativas com 
adjectivos valorativos, advérbios, 
verbos experênciais, afectivos ou 
expressivos: 
Bom dia! 
Que lindo vestido! 
Gosto mesmo dessa planta! 
Directivos 
Os actos em que o locutor pretende 
que o ouvinte realize, no futuro, o 
acto verbal ou não verbal referido no 
enunciado 
(ordens, conselhos, pedidos, 
sugestões) 
Aconselho; Convido; Imploro 
Obrigo; Peço; Proíbo 
Quero 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
91 
Declarações 
Actos em que, pela sua enunciação, 
alteram a realidade, criando novos 
estados de coisas. Estes actos só 
podem ser praticados por locutores 
investidos de autoridade que lhes é 
reconhecida pelos interlocutores. 
 
Uma declaração é a expressão verbal 
da realidade que ela própria cria ou 
de que pontualmente depende. 
A sessão está aberta. 
Declaro-vos marido e mulher. 
Vamos começar a aula. 
 
 
 
ATENÇÃO: 
Existe também os Actos Perlocutórios que tem a ver com os actos de 
fala realizados apenas se certos resultados forem obtidos — como, por 
exemplo, os de persuadir, ridicularizar ou assustar alguém. Os actos 
perlocutórios contrastam, portanto, com os actos locutórios e com os 
actos ilocutórios, que são realizados independentemente de a elocução 
respectiva ter o efeito desejado, ou sequer qualquer efeito que seja. 
 
 
Síntese 
Os actos ilocutórios têm a ver com o estudo de como realizamos actos 
através de enunciados sendo, no entanto, necessário o contexto paradeterminarmos a natureza dos actos ilocutórios. Os actos ilocutórios 
A pragmática define-se como sendo o estudo da influência do contexto 
no modo como interpretamos as frases. Ou por outra, denomina-se 
pragmática o estudo genérico de como o contexto afecta a 
interpretação linguística. A teoria dos actos ilocutórios faz parte da 
pragmática, que em si mesma uma parte da realização linguística. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
92 
podem ser compromissivos (ou comissivos), assertivos (ou 
representativos), expressivos, directivos e declarações. Cada um deles 
assume uma significação específica no acto da fala. 
 
Auto-Avaliação 
 
Respostas 
 
Exercícios de Aplicação 
1. Identificação do Acto Ilocutório 
De entre as frases dadas abaixo, identifica quatro actos ilocutórios 
assertivos (asserções que vinculam o locutor à verdade do que diz), 
quatro actos ilocutórios expressivos (expressões de estados de espírito 
do locutor), quatro actos compromissivos (compromissos, promessas 
que responsabilizam o locutor), quatro actos declarativos (declarações 
que valem, por si sós, para criar uma nova realidade), quatro actos 
directivos (ordens, pedidos) e quatro actos declarativos assertivos 
(que fundem os actos declarativos com os assertivos). 
1. Surpreende-me e agrada-me que fiques connosco. 
2. Sai já desta casa! 
3. Baptizo este avião com o nome de “Asas da liberdade”. 
4. Comprometo-me a ajudar-te sempre que precisares. 
5. Declaro-vos marido e mulher. 
6. Proíbo-te de veres televisão a partir da dez da noite. 
7. O Rui e a Daniela foram à praia. 
 
 
1. O que é Pragmática? 
2. Qual é a importância do estudo da Pragmáqtica? 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
93 
TEMA XI - LÍNGUA: Falada e Escrita 
Introdução 
 
Neste capítulo vamos discutir os processos decorrentes da escrita e da 
fala. Antes porem, define-se o conceito de língua como instrumento de 
comunicação humana. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 Compreender as várias acepções sobre o conceito de língua; 
 Apresentar elementos teóricos e práticos que distinga a 
concepção de língua e da fala. 
 Relacionar língua com a escrita. 
 
11.1 Acepções sobre o Conceito de Língua. 
Não é fácil definir a língua enquanto objecto de estudo da Linguística. 
Ao contrário do que muitos pensam, a língua não é meramente um 
objecto concreto. Ela é dotada de uma abstracção que contribui para a 
dificuldade de defini-la. Por exemplo, se tomarmos uma determinada 
palavra, veremos que ela não é apenas um objecto linguístico concreto. 
É muito mais do que isso. É um som, um conjunto de sentidos e uma 
história. Não é um objecto que cria o ponto de vista, mas o ponto de 
vista que cria o objecto. 
 
Se tomarmos essa palavra pelo som, veremos que ela apresenta duas 
faces, sendo que uma não vale sem a outra. Ao se articular as sílabas 
dessa palavra, produz-se um efeito acústico percebido pelo ouvido. No 
entanto, esse efeito não existiria se não fossem os órgãos vocais. Por 
isso, a língua não pode ser apenas o som, há de se considerar as 
abstracções da impressão acústica, ou seja, o som e a impressão que 
ele causa são interdependentes. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
94 
Por outro lado, som e ideia formam conjuntamente uma unidade 
complexa, fisiológica e mental. É necessário, assim, admitir que a 
linguagem tem dois lados: o individual e o social, sendo impossível 
conceber um sem o outro. Além disso, a linguagem implica, a cada 
instante e simultaneamente, uma instituição actual e passada. Isso 
torna complexo o estudo e a definição de língua. 
 
É facilmente constatado que a Linguística apresenta várias formas 
diferentes de abordagem, ou seja, não se dá de forma integral. Então 
surge o dilema: ou nos aprofundamos em apenas uma forma de 
abordagem, ou nos arriscamos à sua abordagem integral. Neste último 
caso, aparecerá um aglomerado confuso de ideias, dificultando o 
trabalho de quem a estuda. A solução seria, então, “colocar-se 
primeiramente no terreno da língua e tomá-la como norma de todas as 
manifestações da linguagem” (p.16). De fato, partindo-se da língua 
como manifestação da linguagem, os estudos linguísticos tornam-se 
menos complexos. 
 
Mas afinal, o que é língua. Saussure afirma que língua não se confunde 
com linguagem. Aquela é um produto, uma parte desta. Essencial, é 
claro. Portanto, entende-se por língua como um conjunto de 
convenções adoptadas por um determinado grupo social com o 
objectivo de permitir a inter-relação entre seus membros. Já a 
linguagem é multiforme, pertence a todos os domínios e não se 
classifica em nenhuma categoria dos fatos humanos. Assim, podemos 
entender que a língua é algo adquirido e convencionado por um 
determinado grupo. Está, então, clara a diferença entre língua e 
linguagem. 
 
Para se situar a língua no conjunto da linguagem, faz-se necessário 
analisar o circuito da fala. Tal circuito ocorre, no mínimo e 
obrigatoriamente, entre duas pessoas e divide-se em três partes: 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
95 
1ª) Parte psíquica → ocorre no momento em que o falante cria, em seu 
cérebro, uma imagem que pretende transmitir ao ouvinte. 
 
2ª) Parte fisiológica → ocorre no momento em que o cérebro processa 
a imagem criada pelo falante e a transmite ao aparelho fonador. 
 
3ª) Parte física → ocorre no momento em que as ondas sonoras se 
propagam da boca do falante até o ouvido do ouvinte. 
 
Esse processo é contínuo durante o acto da comunicação, já que vai se 
revezando entre as duas pessoas envolvidas no acto. E ainda pode ser 
visto sob duas partes: a activa, chamada de executiva, que vai do centro 
de associação de uma pessoa ao ouvido da outra; e a passiva, chamada 
de receptiva, que vai do ouvido desta ao seu centro de associação. Esse 
processo dá-se no plano social e não no individual, pois indivíduos são 
unidos pela linguagem e reproduzem os mesmos signos. 
 
Sobre essas partes da língua, Saussure ressalta alguns pontos 
importantes. Em relação à parte física, por exemplo, esta desaparece 
quando o falante não utiliza a mesma língua do ouvinte, portanto não 
haverá a compreensão. 
 
Outro ponto importante é que a parte executiva se forma de marcas 
que são as mesmas em todos os indivíduos falantes. Porém, cada um 
deles possui um conjunto de informações armazenadas em seu cérebro 
que se encaixam no plano individual. Por isso a língua nunca está 
completa. Só a estará se considerarmos o conjunto todo, ou seja, a 
massa de indivíduos tendo todos as mesmas informações. Dessa forma, 
é possível concluirmos que uma língua jamais estará completa. 
 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
96 
11.2 Diferenças entre a Língua e Fala 
Saussure separa a língua da fala, colocando a primeira no plano social e 
a segunda, no individual. Ao estabelecer essa separação, o autor deduz 
que a língua não é uma função do falante, mas sim um produto que o 
indivíduo regista passivamente, ao passo que a fala é um ato de vontade 
e de inteligência, pois o falante exprime seus pensamentos. 
 
Em outras palavras, o falante não tem a capacidade de criar ou 
modificar, sozinho, uma língua, mas pode expressar o que tem vontade. 
Nota-se que Saussure acaba por não definir a língua e afirma, sobre isso, 
que qualquer definição sobre um tema é vã, logo não se deve partir de 
um termo para definir as coisas, mas simplesmente defini-las. 
 
No entanto, ele aponta algumas características próprias da língua. Ela é 
um objecto definido dentro dos fatos da linguagem, por ser sua parte 
social, portantoexterior ao indivíduo, é um contrato estabelecido entre 
os membros de uma comunidade, pode ser estudada separadamente e 
é de natureza homogénea, ao passo que a linguagem é de natureza 
heterogénea. 
 
A língua é concreta, o que facilita seu estudo. Embora seja psíquica, ela 
não é feita de abstracções, é sediada no cérebro do indivíduo e nela 
existe a imagem acústica, que pode se traduzir em imagem visual, no 
caso, a escrita. 
 
11.3 Relação das Línguas com a Escrita 
Muitas línguas existentes no mundo não têm forma escrita, o que não 
significa que sejam menos desenvolvidas. Aprende-se a falar antes de 
se aprender a escrever e historicamente passaram dezenas de milhares 
de anos durante os quais a língua foi falada antes de existir algum tipo 
de escrita. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
97 
A influência dos sistemas de escrita sobre a linguagem oral pode ser 
pequena. As línguas mudam no tempo, mas o sistema tendem a ser 
mais conservador; quando as formas escrita e oral de uma língua 
começam a divergir, algumas palavras podem ser pronunciadas como 
são escritas, muitas vezes devido aos esforços feitos pelos 
“reformadores de pronúncia”. 
 
Há vantagens na existência de um sistema ortográfico conservador. 
Uma ortografia comum permite que os falantes dos dialectos que 
divergiram da língua possam comunicar através da escrita como bem 
exemplifica a situação na China, onde os dialectos são mutuamente 
ininteligíveis. Além disso, podemos também ler e compreender o que 
foi escrito a muitos séculos. 
 
Síntese 
A língua é uma forma particular de linguagem, um sistema de signos 
linguísticos, que pode ser utilizado por meio da fala ou da escrita. É 
comum a um povo, a uma nação, a uma cultura, e constitui o seu 
instrumento de comunicação. Portanto, a língua é a linguagem verbal 
utilizada por um grupo de indivíduos que constitui uma comunidade. 
 
Se por um lado, a língua é um sistema de signos linguísticos que serve de base 
de comunicação numa determinada comunidade, por outro, a fala é a 
realização concreta da língua; ela é feita por um indivíduo da comunidade num 
determinado momento. A fala é um acto individual que cada membro pode 
efectuar com o uso da linguagem. 
 
A escrita é um dos instrumentos básicos da civilização. A primeira 
escrita foi “escrita rupestre” que utilizava pictograma para representar 
directamente objectos. 
 
 
 
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98 
Auto-Avaliação 
1. Diferencie língua, linguagem, fala e discurso. 
 
Exercícios de Aplicação 
 
Resolva o exercício que se segue. 
2. “O som e ideia formam conjuntamente uma unidade complexa, 
fisiológica e mental”. Apresente argumentos validos para 
comentar o trecho em destaque. 
3. Um indivíduo pode utilizar linguagem para comunicar-se, mas nem 
tão pouco recorrer a uma determinada língua. O mesmo indivíduo 
pode servir-se da língua para comunicar-se sem contudo recorrer a 
fala. Concorda com estas afirmações? Fundamente. 
4. O circuito da fala depende unicamente do cérebro e da boca. 
Concorda? Faça uma breve reflexão teórica que justifica a sua 
posição. 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
99 
TEMA XII - NOÇÕES DE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLINGUÍSTICA 
 
Introdução 
 
No presente capítulo abordaremos sobre a sociolinguística e a 
psicolinguísticas. Estas são mais duas das componentes da gramática. 
Vamos então compreender a relação que se estabelece entra a língua e 
a sociedade, por um lado, por outro, vamos compreender os processos 
básicos decorrentes do funcionamento da língua na psico humana. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
Específicos 
 Demonstrar a relação entre a Língua e Sociedade baseando na 
hipótese de Sapir e Worf e do Paradoxo de Saussure 
 Conceituar psicolinguística 
 Indicar ramos da psicolinguística. 
 
12.1 Sociolinguística 
 
12.1.1 Relação Língua e Sociedade 
Uma língua só existe dentro de uma colectividade, independente da 
vontade do falante. Ela é a soma de tudo o que as pessoas dizem e 
envolve dois aspectos importantes: as combinações individuais e 
voluntárias e os actos de fonação, responsáveis pela execução de tais 
combinações. Por isso, nada há de colectivo na fala, não sendo possível, 
assim, reunir, no mesmo ponto de vista, língua e fala. Por essas razões, 
Saussure concebe a existência de duas Linguísticas: a da língua, que 
estuda a colectividade; e a da fala, que estuda a individualidade. 
 
Não se pode estudar uma língua sem considerarem-se seus elementos 
externos. Estes são muito importantes nos estudos linguísticos. 
Consideram-se como elementos externos a história e os costumes de 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
100 
uma nação, pois esta é constituída pela língua. Há de se ressaltarem as 
relações existentes entre a língua e a história política. Grandes 
acontecimentos históricos, com as conquistas e as colonizações, têm 
importância incalculável nos estudos dos fatos de uma língua, uma vez 
que acarretam transformações nela. 
 
É também de grande importância as relações da língua com as 
instituições, como a Igreja e a escola. Nesta última, estuda-se, por 
exemplo, a língua literária, fenómeno histórico, que ultrapassa os 
limites estabelecidos pela própria literatura. Um linguista deve estudar 
as relações entre a língua literária e a língua corrente, pois a primeira, 
produto de uma cultura, separa-se naturalmente da segunda. 
 
Fica claro, assim, que os factores históricos e geográficos estão 
directamente ligados à língua, embora na realidade não afectam seu 
organismo interno, sendo, portanto, impossível, segundo o autor, 
separar os elementos externos dos internos nos estudos linguísticos. Só 
se conhecem os factores internos de uma língua, conhecendo-se os 
externos. Como exemplo desse facto, Saussure cita os empréstimos 
linguísticos, chamados de estrangeirismo. Estes, ao se incorporarem a 
um determinado idioma, não devem ser considerados como 
estrangeirismos, desde que sejam estudados dentro do idioma. 
 
12.1.2 Hipótese de Sapir e Worf 
Sapir-Whorf, nos seus estudos linguísticos relacionam o funcionamento 
da mente e da linguagem. Eles procuram compreender em que medida 
a linguagem influencia o pensamento, e vice-versa. Há várias 
perspectivas e sugestões. 
 
A hipótese de Sapir-Whorf sugere que a linguagem limita a extensão na 
qual os membros de uma comunidade linguística podem pensar sobre 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
101 
os temas. (Há um paralelo dessa hipótese em 1984, romance de George 
Orwell.) 
 
12.1.3 O Paradoxo de Saussure 
Ao longo da sua actividade linguística, Ferdinand de Saussure apresenta 
conceitos antagonismo para estabelecer relação entre conceitos para 
além do que já referimos com relação a língua vs. fala. 
 
1. Sincronia vs Diacronia 
Ferdinand de Saussure enfatizou uma visão sincrónica, um estudo 
descritivo da linguística em contraste à visão diacrónica do estudo da 
linguística histórica, estudo da mudança dos signos no eixo das 
sucessões históricas, a forma como o estudo das línguas era 
tradicionalmente realizado no século XIX. Com tal visão sincrónica, 
Saussure procurou entender a estrutura da linguagem como um 
sistema em funcionamento em um dado ponto do tempo (recorte 
sincrónico). 
 
 Sintagma vs Paradigma 
O sintagma, definido por Saussure como “a combinação de formas 
mínimas numa unidade linguística superior”, e surge a partir da 
linearidade do signo, ou seja, ele exclui a possibilidade de pronunciar 
dois elementos ao mesmo tempo, pois um termo só passa a ter valor a 
partir do momento em que ele se contrastacom outro elemento. 
 
Já o paradigma é, como o próprio autor define, um "banco de reservas" 
da língua fazendo com que suas unidades se oponham pois uma exclui 
a outra. 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sincronia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vis%C3%A3o_diacr%C3%B4nica
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
102 
12.1.4 Princípios da Mudança Linguística 
 
 Conceitos de Variação e Mudança Linguísticas 
Variação de uma língua é o modo pelo qual ela diferencia-se, 
sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico, 
geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa língua manifestam-
se verbalmente. 
 
Variedade é um conceito maior do que estilo de prosa ou estilo de 
linguagem. Alguns escritores de sociolinguística usam o termo lecto, 
aparentemente um processo de criação de palavras para termos 
específicos, são exemplos dessas variações: 
 dialectos (variação diatópica), isto é, variações faladas por 
comunidades geograficamente definidas. 
o idioma é um termo intermediário na distinção dialeto-
linguagem e é usado para se referir ao sistema 
comunicativo estudado (que poderia ser chamado tanto 
de um dialecto ou uma linguagem) quando sua condição 
em relação a esta distinção é irrelevante (sendo, 
portanto, um sinónimo para linguagem num sentido 
mais geral); 
 Sociolectos, isto é, variações faladas por comunidades 
socialmente definidas. 
 Linguagem padrão ou norma padrão, padronizada em função da 
comunicação pública e da educação 
 Idiolectos, isto é, uma variação particular a uma certa pessoa 
 Registos (ou diátipos), isto é, o vocabulário especializado e/ou 
a gramática de certas actividades ou profissões 
 Etnolectos, para um grupo étnico 
 Ecoletes, um idiolecto adotado por uma casa 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_natural
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3rico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Classe_social
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultural
http://pt.wikipedia.org/wiki/Socioling%C3%BC%C3%ADstica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dialeto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Idioma
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_humana
http://pt.wikipedia.org/wiki/Socioleto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Idioleto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1tipo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vocabul%C3%A1rio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnoleto
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ecolete&action=edit&redlink=1
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
103 
As variações como dialectos, idiolectos e sociolectos podem ser 
distinguidos não apenas por seu vocabulário, mas também por 
diferenças na gramática, na fonologia e na versificação. Por exemplo, o 
sotaque de palavras tonais nas línguas escandinavas tem forma 
diferente em muitos dialectos. Um outro exemplo é como palavras 
estrangeiras em diferentes sociolectos variam em seu grau de 
adaptação à fonologia básica da linguagem. 
 
Certos registos profissionais, como o chamado legalês, mostram uma 
variação na gramática da linguagem padrão. Por exemplo, jornalistas ou 
advogados ingleses frequentemente usam modos gramaticais, como o 
modo subjuntivo, que não são mais usados com frequência por outros 
falantes. Muitos registos são simplesmente um conjunto especializado 
de termos (veja jargão). 
 
É uma questão de definição se a gíria e o calão podem ser considerados 
como incluídos no conceito de variação ou de estilo. Coloquialismos e 
expressões idiomáticas geralmente são limitadas como variações do 
léxico, e de, portanto, estilo. 
 
12.1.2 Tipos de Variação 
 
 Variação Histórica 
Acontece ao longo de um determinado período de tempo, pode ser 
identificada ao se comparar dois estados de uma língua. O processo de 
mudança é gradual: uma variante inicialmente utilizada por um grupo 
restrito de falantes passa a ser adoptada por indivíduos 
socioeconomicamente mais expressivos. 
 
A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas, período 
em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Versifica%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_germ%C3%A2nica_setentrional
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inglaterra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Modos_e_tempos_verbais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jarg%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%ADria
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%ADria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloquial
http://pt.wikipedia.org/wiki/Express%C3%A3o_idiom%C3%A1tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A9xico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Socioling%C3%BC%C3%ADstica
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
104 
variante torna-se normal na fala, e finalmente consagra-se pelo uso na 
modalidade escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de significado. 
 
 Variação Geográfica 
Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura 
sintáctica entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, 
formam-se comunidades linguísticas menores em torno de centros 
polarizadores, política e economia, que acabam por definir os padrões 
linguísticos utilizados na região de sua influência. As diferenças 
linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo. 
 
 Variação Social 
Agrupa alguns factores de diversidade: o nível sócio-económico, 
determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de 
educação; a idade e o género. A variação social não compromete a 
compreensão entre indivíduos, como poderia acontecer na variação 
regional; o uso de certas variantes pode indicar qual o nível sócio-
económico de uma pessoa, e há a possibilidade de alguém oriundo de 
um grupo menos favorecido atingir o padrão de maior prestígio. 
 
 Variação Estilística 
Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de 
comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de 
intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem 
levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois 
limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de 
reflexão do indivíduo sobre as normas linguísticas, utilizado nas 
conversações imediatas do quotidiano; e o formal, em que o grau de 
reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia 
e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grafia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Significado
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Comunidade_ling%C3%BC%C3%ADstica&action=edit&redlink=1
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
105 
Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita e 
falada, pois os dois estilos ocorrem em ambas as formas de 
comunicação. 
 
As diferentes modalidades de variação linguística não existem 
isoladamente, havendo um inter-relacionamento entre elas: uma 
variante geográfica pode ser vista como uma variante social, 
considerando-se a migração entre regiões do país. Observa-se que o 
meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças da sociedade, 
preserva variantes antigas. O conhecimento do padrão de prestígio 
pode ser factor de mobilidade social para um indivíduo pertencente a 
uma classe menos favorecida. 
 
12.1.5 Línguas Naturais 
Noam Chomsky, é o linguista que muito dedicou seus estudos sobre as 
línguas naturais. Segundo ele, deve haver uma gramática universal 
regendo as línguas em suas formas sistémicas segundo princípios 
passíveis de serem explicitados. 
 
Língua natural (língua ordinária, língua humana ou somente “língua” 
no uso comum)é um conceito formulado pela filosofia da linguagem e 
pela linguística para se referir às linguagens desenvolvidas 
naturalmente pelo ser humano como instrumento de comunicação, 
como as línguas faladas e a língua de sinais. As linguagens formais, 
desenvolvidas de forma artificial, não constituem línguas naturais, 
assim como as linguagens do mundo animal. Entre as primeiras 
encontram-se a língua escrita, o Esperanto, a linguagem de 
computador, etc. Entre as últimas, a linguagem das abelhas, por 
exemplo, primeiramente estudada por Karl Von Frisch. 
 
As línguas de sinais ou línguas gestuais são também línguas naturais, 
visto possuírem as mesmas propriedades características: gramática e 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=L%C3%ADngua_escrita&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=L%C3%ADngua_falada&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_rural
http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica_universal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_linguagem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagens_formais
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_de_sinais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
106 
sintaxe com dependências não locais, infinidade discreta e 
generatividade/criatividade. Línguas de sinais ou gestuais como a norte-
americana, a francesa, a brasileira ou a portuguesa estão devidamente 
documentados na literatura científica. 
 
12.2 Conceito de Psicolinguística 
Psicolinguística é o estudo das conexões entre a linguagem e a mente 
que começou a se destacar como uma disciplina autónoma nos anos 
1950. Ela não se confunde com a Psicologia da Linguagem por seu 
objecto e metodologia, apesar de muitos teóricos afirmarem que a 
Psicolinguística é um ramo interdisciplinar da Psicologia e da Linguística. 
De alguma maneira, seu aparecimento foi promovido pela insistência 
com que o linguista Noam Chomsky defendeu, naquela época, que a 
linguística precisava ser encarada como parte da psicologia cognitiva. 
 
A psicolinguística analisa os processos que dizem respeito à 
comunicação humana, mediante o uso da linguagem (seja ela de forma 
oral, escrita, gestual etc.). Essa ciência também estuda os factores que 
afectam a descodificação, ou seja, as estruturas psicológicas que nos 
capacitam a entender expressões, palavras, orações, textos. A 
comunicação humana pode ser considerada uma contínua percepção-
compreensão-produção. A riqueza da linguagem faz com que esse 
contínuo se processe de várias maneiras. Assim, dependendo da 
modalidade, visual ou auditiva do estímulo externo, as etapas sensoriais 
em percepção serão diferentes. Também existe variabilidade na 
produção da linguagem; podemos falar, gesticular ou escrever. 
 
12.2.1 Áreas da Psicolinguística 
Outras áreas da psicolinguística são centradas em temas como a origem 
da linguagem no ser humano. Algumas analisam o processo de 
aquisição da língua materna e também a aquisição de uma língua 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe
http://en.wikipedia.org/wiki/American_Sign_Languageamericana
http://en.wikipedia.org/wiki/American_Sign_Languageamericana
http://fr.wikipedia.org/wiki/Langue_des_signes_fran%C3%A7aisefrancesa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Libras
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_Gestual_Portuguesa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cognitiva
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
107 
estrangeira. Segundo Noam Chomsky, teórico de destaque na escola 
inatista, os humanos têm uma Gramática Universal inata (conceito 
abstracto que abrange todas as línguas humanas). Já os funcionalistas, 
que se opõem a essa corrente de estudos, afirmam que a aquisição da 
linguagem somente ocorre através do contacto social. 
 
Em suma, a Psicolinguística se interessa pela produção e compreensão 
da linguagem. A ideia é saber o que se passa na cabeça de um falante 
quando fala/ouve. Estas tarefas dizem respeito à comunicação humana. 
 
 
Síntese 
A língua é eminentemente um acto social. Na relação entre a linguagem 
e o pensamento (mente) a hipótese de Sapir-Whorf defende que a 
linguagem limita a extensão na qual os membros de uma comunidade 
linguística podem pensar sobre os temas. 
 
Existem quatro tipos de variação linguística, a saber: variação histórica, 
variação geográfica, variação social e variação estilística. 
 
Língua natural (língua ordinária, língua humana ou somente “língua” no 
uso comum) é um conceito formulado pela filosofia da linguagem e pela 
linguística para se referir às linguagens desenvolvidas naturalmente 
pelo ser humano como instrumento de comunicação, como as línguas 
faladas e a língua de sinais. 
 
Nesta unidade detenha os conceitos de Psicolinguística que é o estudo 
das conexões entre a linguagem e a mente. Ela é um ramo 
interdisciplinar da Psicologia e da Linguística. A psicolinguística analisa 
qualquer processo que diz respeito à comunicação humana, mediante 
o uso da linguagem (seja ela oral, escrita, gestual etc.). 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_linguagem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ling%C3%BC%C3%ADstica
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
108 
Auto-Avaliação 
1. Diferencie língua natural da língua viva. Ao mesmo tempo, 
apresente seus pontos comuns. 
 
Exercícios de Aplicação 
 
1. Apresente cinco exemplos concretos que se estabelece relação 
entre uma sociedade e uma determinada língua. 
2. “Primeiro pensamos, depois falamos” ou “primeiro falamos, depois 
pensamos”. A propósito da hipótese de Sapir-Whorf, reproduza 
argumentos que defenda uma das ideias notada. 
2. Apresente exemplos claros dos seguintes termos: 
 Língua padrão 
 Dialectos 
 Língua nacional 
 Sociolectos 
 Idiolectos 
 Ecoletes 
 Registos (ou diátipos) 
 Etnolectos 
3. Uma determinada comunidade é invadida por mercadores e de 
alguma forma os hábitos linguísticos alteram por influência da 
língua dos vientes. A que tipo de variação linguística estamos 
perante? Justifique. 
4. Até que ponto a linguagem relaciona-se com a mente? 
5. “A comunicação humana pode ser considerada uma contínua 
percepção-compreensão-produção.” Argumente. 
6. Na produção da linguagem ocorre a mutabilidade. Por outra, a 
linguagem é mutável. O que é que se pode dizer a esse respeito? 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Socioleto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Idioleto
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ecolete&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1tipo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnoleto
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
109 
7. Sobre a aquisição da linguagem humana, a psicolinguística 
apresenta dois argumentos. Quais são? Apresente exemplos 
concretos que justificam cada uma das hipóteses. 
 
 
 
 
 
 
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110 
RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Tema I 
1. Linguística é uma ciência que se dedica ao estudo da linguagem 
humana. 
 
2. A escola dos neogramáticos defendia que a língua é um produto 
colectivo de grupos linguísticos e não se considerou mais a línguacomo um organismo autónomo. 
 
3. Os principais ramos da linguística são: linguística descritiva que 
trabalha na análise e descrição da língua e linguística aplicada que é 
um campo interdisciplinar de estudo que identifica, investiga e 
oferece soluções para os problemas relacionados com a linguagem 
da vida real. 
 
Tema II 
1. a) “F” 
b) “V” 
c) “V” 
 
Tema III 
1. Não existe uma teoria aceitável que explique satisfatoriamente a 
origem da linguagem. 
 
2. A principal diferença entre a comunicação humana e a não animal é 
o uso da linguagem verbal; o uso da palavra pelos homens. 
 
 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
111 
Tema IV 
1. Os principais componentes da fonética são: fonética articulatória, 
fonética física e fonética perceptiva. 
 
Tema V 
1. O aparelho fonador humano está composto pelos seguintes órgãos: 
pulmões, traqueia, laringe (cordas vocais e glote), lábios, dentes, 
alvéolos, palato duro, palato mole (véu palatino e úvula), parede 
rinofarínge, ápice da língua, raiz da língua. 
 
2. Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético 
internacional para transcrever um determinado idioma: pode-se 
representar os fonemas, através da transcrição fonológica (que 
transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição fonética, que 
representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os 
caracteres entre colchetes). 
 
Tema VI 
1. O Alfabeto Fonético Internacional é bastante utilizado pelos 
profissionais da área da linguística, fonoaudiologia, tradução e 
professores de idioma. Mas também pode ser de extrema 
importância para alunos de línguas estrangeiras, cantores e atores. 
Ou seja, qualquer profissional que trabalha com a pronúncia e que 
a todo o momento está envolvido com diferentes materiais escritos 
pode se valer do alfabeto fonético. 
 
Um bom exemplo da necessidade do alfabeto fonético internacional 
é no caso de um pesquisador conhecer uma tribo amazônica ou de 
qualquer outro lugar onde eles falem um idioma desconhecido para 
os demais. Tendo conhecimento deste alfabeto, o pesquisador pode 
transcrever o que os integrantes desta tribo conversam, podendo 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
112 
até traduzir, além de servir como um material de grande valor para 
as pesquisas antropológicas. 
 
Tema VII 
1. As unidades morfológicas são: Radical, Tema e Vogal Temática. 
 
2. A Palavra é a unidade menor de som e significado dentro de uma 
frase. 
 
Tema VIII 
1. Por um lado, o sujeito simples é aquele que tem apenas um núcleo 
representativo, por outro, o sujeito composto é aquele que 
apresenta mais de um núcleo representativo, escrito na oração. 
 
Tema IX 
1. a) Alucinado 
b) Incumbência 
c) Abranger 
 
Tema X 
1. A Pragmática analisa a linguagem considerando a influência do 
contexto comunicacional, extrapolando assim a visão da Semântica 
e da Sintaxe. 
2. O ensino da língua se realize de forma eficiente, é preciso levar em 
conta muito mais que o sistema linguístico em si; é preciso 
considerar a sua realização em situações concretas de interação. Daí 
a importância da pragmática para os estudos semânticos: a 
combinação dos estudos semânticos e pragmáticos permite que 
sejam preenchidas as lacunas de significação através de fatores 
extralinguísticos que emolduram os termos presentes na superfície 
textual e tornam seus significados precisos. 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
113 
Tema XI 
1. A língua é um tipo de linguagem; é a única modalidade de linguagem 
baseado em palavras; a linguagem é É o uso da língua como forma 
de expressão e comunicação entre as pessoas; por outro lado, a fala 
é a materialização da Língua na variante fónica, sendo realizada 
através de um processo de articulação de sons; e o discurso é 
discurso é uma mensagem, é um acto verbal e oral de se dirigir a um 
público, com o objectivo de comunicar ou expor algo, mas também 
de persuadir. 
 
Tema XII 
1. Língua natural (língua humana, língua idiomática, ou somente 
língua ou idioma) é qualquer linguagem desenvolvida naturalmente 
pelo ser humano, de forma não premeditada, como resultado da 
facilidade inata para a linguagem possuída pelo intelecto humano; 
língua viva trata-se de língua que se usa na comunicação quotidiana 
e é, ao mesmo tempo, língua materna numa dada comunidade ou 
país. 
 
 
ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 
114 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
AUSTIN, J.L. How to do things with words. Harvard, Harvard University 
Press, 1962. 
CAMARA, J: M. Princípios da Linguística Geral. Rio de Janeiro, Padrão 
Padrão-Livraria Editora Ltd. s/d. 
CAMPOS, M.H.C, & XAVIER. (1991). Sintaxe e Semântica do Português. 
Lisboa: Universidade Aberta. 
CAUCHARD, P. A Linguagem e Pensamento. São Paulo. Difusão 
Europeia do Livro. 1957. 
CRYSTAL, D. A Linguística. Lisboa. Publicações Dom Quixote. 1977. 
DUCROT, O & TODOROV, T. (1982). Dicionário das Ciências da 
Linguagem. Lisboa: Publicações Dom Quixote. 
CUNHA, C. & CINTRA, L. Nova Gramática do Português 
Contemporâneo. Lisboa. Edições João Sá da Costa. 1999. 
FARIA, I. H et al. (1996). Introdução à Linguística Geral e Portuguesa. 
Lisboa: Editorial Caminho. 
FROMKIN, V & RODMAN, R. (1993). Introdução à Linguagem. Coimbra: 
Livraria Almedina. 
GLEASON, H. A. Introdução à Linguística Descritiva. Lisboa. Fundação 
Caloustre Gulbenkian. 1961. 
KRISTEVA, Júlia. (1988). História da Linguagem, Lisboa, Edições 70. 
MATEUS, Maria Helena, e tal, (2003). Gramática da Língua Portuguesa. 
Lisboa. Caminho. 
SCLIAR CABRAL, Leonor (1991). Introdução à Psicolinguística. Madrid: 
Editora Ática. 
WARDHAUGH, R. (1989). An Introduction to Sociolinguistics. Oxford: 
Basil Blackwell.