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https://www.youtube.com/watch?v=tWlS1zgkcR8 
20 de jan. de 2015 
 
Dados da Classe – 7ºF 
Atividade 1 
O SONHO DOS RATOS 
Rubem Alves 
 
Era uma vez um bando de ratos que vivia no buraco do soalho de uma velha casa. Havia ratos de todos os 
tipos, grandes e pequenos, pretos e brancos, velhos e jovens, fortes e fracos, do campo e da cidade. Mas ninguém 
ligava às diferenças, porque todos estavam irmanados em torno de um sonho comum: Um Queijo Enorme, amarelo, 
cheiroso, bem pertinho dos seus narizes. Comer o queijo, era a suprema felicidade. Bem pertinho é modo de dizer. Na 
verdade, o queijo estava muito longe, porque entre ele e os ratos estava um gato. O gato era malvado, tinha os dentes 
afiados e não dormia nunca. Por vezes, fingia dormir, mas bastava que um ratinho, mais corajoso, se aventurasse para 
fora do buraco, para que o gato desse um pulo e… era uma vez um ratinho! 
 
Os ratos odiavam o gato. Quanto mais o odiavam mais irmãos se sentiam. O ódio a um inimigo comum tornava-
os cúmplices de um mesmo desejo: A Morte do Gato! 
 
Como nada podiam fazer, reuniam-se para conversar. Faziam discursos, denunciavam o comportamento do 
gato (não se sabe bem para quem…), e chegaram mesmo a escrever livros com crítica filosófica sobre gatos. Diziam 
que, um dia chegaria, em que os gatos seriam abolidos e todos seriam iguais.” Quando se estabelecer a ditadura dos 
ratos”, diziam, “então todos seriam felizes” … 
 
- O queijo é grande o bastante para todos, diziam uns. 
- Socializaremos o queijo, diziam outros. 
 
Todos batiam palmas e cantavam as mesmas canções. Era comovente ver tanta fraternidade. Como seria bom 
quando o gato morresse, sonhavam eles. Nos seus sonhos, comiam o queijo e quanto mais o comiam, mais ele crescia, 
porque essa era a principal característica dos queijos imaginados… Não diminuem…crescem sempre! E marchavam 
juntos, rabos entrelaçados, gritando: "Ao queijo, já!” … 
 
Sem que ninguém pudesse explicar como, o facto é que, ao acordarem, numa bela manhã, o gato tinha 
desaparecido. O queijo continuava lá, mais belo do que nunca. Bastaria dar apenas uns passos para fora do buraco. 
Olharam cuidadosamente ao redor. Aquilo poderia ser um truque do gato. Mas não era! O gato tinha desaparecido 
mesmo. 
Chegara o dia glorioso! E dos ratos surgira um brado retumbante de alegria. Todos se lançaram ao queijo, 
irmanados numa fome comum. E foi então que a transformação aconteceu! Bastou a primeira mordidela. 
 
Compreenderam, repentinamente, que os queijos de verdade são diferentes dos queijos sonhados. Quando 
comidos, em vez de crescer, diminuem. Assim, quanto maior for o número de ratos a comer o queijo, menor o naco 
para cada um. Os ratos começaram a olhar uns para os outros, como se de inimigos se tratassem. Olharam, cada um 
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para a boca dos outros, para ver quanto queijo haviam comido. E os olhares se enfureceram…Arreganharam os 
dentes…Esqueceram-se do gato. Passaram a ser os seus próprios inimigos. 
 
A luta começou! Os mais fortes expulsaram os mais fracos, à dentada. E, ato contínuo, começaram a lutar 
entre si. Alguns ameaçaram chamar o gato, alegando que só assim se restabeleceria a Ordem. O Projeto de Socialização 
do queijo foi aprovado nos seguintes termos: 
 
“Qualquer pedaço de queijo poderá ser tomado dos seus proprietários, para ser dado aos ratos magros, desde que 
este pedaço tenha sido abandonado pelo dono”. Mas, como jamais rato algum abandonou um queijo, os ratos magros 
foram condenados a ficar à espera… 
 
Os ratinhos magros, de dentro do buraco escuro, não podiam compreender o que tinha acontecido. O mais 
inexplicável era a transformação que se operara no focinho dos ratos fortes, agora donos do queijo. Tinham todo o 
estilo do gato, o olhar malvado, os dentes à mostra… 
 
Os ratos magros não conseguiam perceber a diferença entre o gato de antes e os ratos de agora. E 
compreenderam, então, que não havia diferença alguma. Pois todo o Rato que fica Dono de Queijo torna-se Gato! 
Não é por acaso que os nomes são tão parecidos. 
 
Fonte: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/06/356871.shtml, acessado em 07 de abril de 2010. 
 
 
 
Questões: 
 
a) Qual era o ideal que sustentava o fato de ratos fracos e ratos fortes constituírem um mesmo grupo no início da 
história? 
 
b) O que representam, no início da história, o queijo, o gato e os ratos? E ao final, o que representam o queijo, os ratos 
fortes e os ratos fracos? 
 
c) Qual é o momento em que a história modifica o seu rumo? 
 
d) Por que, ao final, os ratos fracos passaram a não reconhecer a diferença entre os ratos fortes e o gato? Em outras 
palavras, como você explicaria a frase "Rato que fica Dono de Queijo torna-se Gato!"? 
 
e) Invente uma moral para esta história. 
 
 
 
 Atividade 
 
Exemplos: 
 
O foco narrativo tem a ver com o narrador. 
Na fábula que acabou de ler o narrador (quem conta a história) também participa da história ou não? 
==> NARRADOR PERSONAGEM ou OBSERVADOR. 
http://fábula/
 
Vocês já ouviram falar em “enredo”? 
As escolas de samba, no carnaval, escolhem um enredo, um tema. Na literatura, o enredo é a própria história. Façam 
um resumo do enredo (da história) da fábula de Rubem Alves. 
 
 
 
O que são as personagens? 
Em um filme, por exemplo, se a personagem principal pega um táxi, evidentemente haverá alguém dirigindo esse 
táxi, um taxista, que não fala nada, não aparece e nem sequer é mencionado. Esse taxista também é um 
personagem? 
 
 
 
Quem são os personagens da fábula “O sonho dos ratos”? 
==> AS PERSONAGENS DEVEM ATUAR SOBRE O ENREDO, ELAS DEVE SER MINIMANENTE CITADAS DENTRO DA 
NARRATIVA. 
 
 
O que é o espaço? 
 
 
Quais são os espaços em que ocorre a história apresentada pela fábula que acabamos 
de ler? 
 
 
E o tempo? 
 
 
Quando você conta uma história, conta na ordem em que os fatos aconteceram? 
 
 
Por vezes, você acrescenta elementos que estão fora da história, elementos da sua 
memória (você faz um flashback), para esclarecer a sua perspectiva sobre o que 
aconteceu? 
 
 
Como é a organização temporal em “O sonho dos ratos”? 
==> TEMPO CRONOLÓGICO e TEMPO PSICOLÓGICO. 
 
 
Elementos da 
narrativa 
Explicação 
Descrição 
"O sonho dos ratos" 
Descrição 
"A cortina azul" 
Foco 
Narrativo 
 
É a posição tomada pelo 
narrador ao contar a história. 
Pode ser narrador 
observador que relata fatos 
 
na medida em que esses 
aparecem, esse tem 
conhecimento sobre todo o 
desenrolar da história; 
narrador personagem que 
conhece a história por estar 
envolvido nela e narrador 
neutro que conta a história 
enquanto pode e ao mesmo 
tempo comenta sobre os 
fatos que ocorrem. 
Enredo 
É o desenrolar dos fatos. 
Relata sobre os fatos 
acontecidos ou que irão ser 
executados pelos 
personagens. Pode ser 
organizado de várias 
maneiras, porém os mais 
utilizados são: apresentação, 
complicação, clímax e 
desfecho. 
 
Personagens 
Podem abranger 
características reais ou 
imaginárias. A personagem 
principal recebe o nome de 
protagonista, sendo que as 
demais podem ser 
antagonistas, oponentes ou 
coadjuvantes. 
 
Espaço 
É o local onde o enredo 
acontece. É de grande 
importância na narrativa, 
pois pode assumir o papel de 
personagem dependendo da 
história contada ou, ainda, 
identificar uma personagem 
específica da história. 
 
 
Tempo 
Determina o período da 
história. O tempo pode ser 
cronológico ou psicológico. 
Tempo cronológico ou 
histórico: exterior, obedece 
ao relógio e determina que a 
ação e o espaço também 
sejam exteriores. Tempo 
psicológico ou metafísico: 
interior, passa-se no 
consciente de uma ou mais 
personagens. 
 
 
Atividade 3 
 
A Cortina Azul 
Herbert Hette 
 
Comprei seis metros de pano. Seis de largura por três e quarenta de altura. Não esqueci do buquê de rosas 
amarelase é claro um bom vinho branco. Duas coisas que ela adora, e mais a cortina. Eu ia me dar bem esta noite. Me 
arrumei, penteei, uma loçãozinha básica, capricho o nó da gravata. Beleza! impecável. 
 
Meu carro me deixou na portaria do apartamento como se lembrasse do caminho. São 8:30 em ponto. 
Perfeito. Noite maravilhosa, lua clara, céu de estrelas, uma brisa sutil. Perfeito. 
 
[...] 
Do carro à portaria são menos de cinquenta metros. Encontro duas senhoras, elas sorriem encantadoramente. 
Dois caras cruzam o caminho, riem discretos. Uma trinca de meninas nas escadas faz piadinhas. O porteiro corre para 
me atender. Puxa a porta de vidro, aperta o comunicador. Sorriu com ar cúmplice. ‘Oh!... manda subir.’ É a voz dela 
no aparelho. Um calafrio arrepiou minha espinha. Apenas o som da sua voz poderia causar esse friozinho? O elevador 
abriu suas portas. Seria o tom da voz ou... uma breve monossílaba naquela pequena frase dita por aquela voz? 
 
O elevador me abandonou no andar a cinco metros de sua porta; já não tenho certeza que está tudo perfeito. 
Aquele ‘Oh!’ me abalou. Havia mais significado ali que em horas de conversa... 
 
A porta se abre, solene. É ela. Linda, maravilha. Um sorriso de incendiar. E aquele corpinho que é uma escultura 
de Marte, deus dos fazedores de Guerra e Amor. Um tubinho vermelho tão justo que eu juraria que a costureira estava 
por ali para qualquer emergência. Mas está linda, cheirosa. Tudo nela é lindo. O apartamento cheio de flores, tapetes, 
belos móveis, cortinas, quadros... uai? cortina? ali? nas portas da varanda? não deveria existir cortina alguma, muito 
menos azul... 
 
— Que cortina é essa? 
 
— Ah!... tem uma surpresa, – diz ela sorrindo. 
— o Júlio está aqui e vai jantar com a gente! 
 
— O quê?!! 
 
[...] 
Texto integral disponível em: http://www.hette.com.br/cc/cron_01.html, acessado em 07 de abril de 2010. 
 
Questões: 
 
a) O que o narrador expressa com a frase “Meu carro me deixou na portaria do 
apartamento como se lembrasse do caminho”? 
b) Quais parecem ser as expectativas do narrador em relação ao encontro para o 
qual ele se dirige? 
http://conto/
 
c) Que sentimento se revela pela expressão “— O que?!!” proferida no final do 
trecho? 
 
d) Explique o significado da cortina azul na porta da varanda para o enredo do 
conto. 
 
 
Atividade 4 
 Retome a Fábula “O sonho dos 
ratos” e reconheça as partes da 
narrativa: apresentação, complicação, 
clímax e desfecho. 
 
 Partes da narrativa: 
 Apresentação: são mostrados ao leitor os primeiros dados como os 
personagens e suas características, o espaço em que se movimentam, as relações 
que mantêm entre si e suas referências temporais. Expõe-se a situação inicial do 
universo ficcional. 
 Complicação: rompe-se o equilíbrio do estado inicial, surgem conflitos 
e começam a ocorrer transformações, expressas em um ou mais episódios que, 
encadeados, conduzem a narrativa a um ponto máximo de tensão. 
 Clímax: é o ponto máximo de tensão, resultante da convergência dos 
vários conflitos vividos pelas personagens. 
 Desfecho ou desenlace: corresponde à situação final, ou seja, ao novo 
equilíbrio que se alcança depois do clímax. 
 Produza uma continuação do conto “A cortina azul”, que foi 
apresentado até o momento em que ocorre a complicação. Conduza sua 
narrativa a um momento de clímax e a um desfecho inesperado, exercitando 
a criatividade.