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Psicanalista, professor assistente de psiquiatria, Aaron Beck foi 
responsável por uma revolução no campo da saúde mental. Beck 
afirmava que, para as teorias psicanalíticas fossem aceitas pela 
comunidade médica, era necessário apresentar validações empíricas. 
Então, no final dos anos 60 e início dos anos 70, dedicou-se a uma série 
de experimentos, em busca dessa comprovação. 
Para a Psicanálise, o paciente era depressivo pois necessitava sofrer. 
Porém, a partir de seus estudos e experimentos, Beck percebeu que os 
pacientes possuem pensamentos automáticos negativos sobre si e 
sobre o mundo. Por conta dos resultados obtidos, Beck buscou maiores 
explicações para a depressão, desenvolvendo assim, a psicoterapia 
cognitiva. 
A psicoterapia cognitiva surge como um movimento e insatisfação ao 
modelo estritamente comportamental, que não reconhecia a 
importância dos processos cognitivos para o comportamento. 
De acordo com Beck e a abordagem cognitiva, os indivíduos atribuem 
significados à eventos, se comportam a partir disso e constroem 
hipóteses sobre seu futuro. Ou seja, cada um age de maneira específica 
e chega a conclusões variadas. 
Essa vertente estuda a cognição como a capacidade de armazenar, 
transformar e aplicar o conhecimento. É um amplo leque de processos 
mentais. A cognição é uma função psicológica que atua na aquisição de 
conhecimento e se dá através de processos como: percepção, atenção, 
memória, raciocínio, imaginação, pensamento e linguagem. 
Segundo a TCC, o processo de cognição que media um comportamento. 
Isso significa que é a interpretação do evento que gera emoções e 
produz comportamentos, e não o evento em si. Por exemplo: 
Evento – começo a pensar na prova que terei. 
Pensamento automático – “vou errar tudo”. 
Emoções – tristeza, raiva, tensão. 
Comportamento – fazer coisas que me distraiam. 
O objetivo da psicoterapia cognitiva é identificar sistematicamente 
processos que geram e mantém sofrimento ao indivíduo, de forma a 
trabalhar pensamentos e comportamentos que sejam mais realistas e 
adaptativos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que media um comportamento é a 
interpretação do evento que gera 
emoções e comportamentos, não o 
evento em si. 
 
 
Cognição > função que envolve a interpretação de nossas experiências e 
controla eventos futuros; 
A chave para entender um comportamento disfuncional é identificar o 
significado atribuído à queixa trazida. 
A Conceituação Indiossincrática/Conceituação Cognitiva > um dos pilares 
que a TCC se estrutura para conseguir enxergar o funcionamento do 
paciente, qual seus transtornos e identificar onde trabalhar durante o 
tratamento. 
A Conceituação nos ajuda a desenvolver uma história coerente para 
entender como as crenças do paciente se desenvolveram e se 
mantiveram durante o tempo. É uma espécie de guia para as crenças e 
estratégias compensatórias que precisamos focar durante o 
tratamento. 
A partir das crenças disfuncionais, que geram pensamentos 
disfuncionais, acontece uma intensificação do sofrimento ou faz com que 
tenhamos emoções exageradas ou comportamentos que pioram nossos 
problemas e nos prejudicam em alguma, ou algumas, áreas de nossa vida. 
Mesmo que dois pacientes possuam o mesmo diagnóstico, eles podem 
requerer abordagens diferentes se eles possuírem crenças diferentes. 
 
 
 
 
 
 
Esquemas > principal caminho do funcionamento psicológico, em que 
significados são uma interpretação pessoal sobre determinado contexto 
e sua relação com o self. 
Atribuição de significados > tem como função controlar sistemas 
psicológicos comportamentais, emocional etc, adaptando-os ao meio. 
Influências Interativas > os sistemas cognitivos e outros são interativos 
(comportamentos, emoção, atenção, memória, etc). 
Especificidade do Conteúdo Cognitivo > cada significado tem 
especificações que são traduzidas em padrões específicos de emoção, 
atenção, memória, etc. 
Distorção Cognitiva > todo significado é construído pelo indivíduo, mesmo 
que seja universal, pois o significado chega para um de uma forma 
diferente. Quando distorcidos, são maladaptativos (erros de conteúdo 
cognitivo) no processo cognitivo (elaboração de significados) 
Vulnerabilidade Cognitiva > os indivíduos são predispostos a fazer 
construções cognitivas falhas (distorções cognitivas). Vulnerabilidades 
cognitivas específicas predispõem síndromes específicas. 
Tríade Cognitiva > 1 self (Eu); 2 mundo (ambiente); 3 futuro. A psicopatologia 
é resultante de significados disfuncionais construídos em relação ao self, 
às experiências e ao futuro, que são a tríade cognitiva. São significados 
maladaptativos construídos. 
Significado público e privado > público (geral/objetivo) e privado (para cada 
pessoa) que inclui implicações e generalizações. 
Apresentação Formal da Teoria Os 10 axiomas da TCC 
Níveis de Cognição > Há três níveis de cognição = pré-consciente 
(pensamentos automáticos); consciente e metacognitivo (inclui respostas 
realísticas adaptativas). 
Esquemas são Estruturas Telenômicas > evoluem para facilitar a 
adaptação da pessoa ao ambiente, se ajustam a uma finalidade. 
 
 
 
Os processos cognitivos são determinados pela própria forma de ver, 
sentir e reagir de cada indivíduo, são eles que constituem os elementos 
básicos da personalidade. A personalidade é um conceito integrador, que 
inclui processos esquemáticos individuais que determinam a operação 
da motivação, cognição, emoção, comportamento, etc. 
 
 
 A TCC está baseada em uma formulação em desenvolvimento 
contínuo dos problemas do paciente e em uma conceituação 
individual do paciente, em termos cognitivos; 
 A TCC requer uma aliança terapêutica sólida; 
 A TCC enfatiza a colaboração e a participação ativa do paciente; 
 A TCC é orientada para os objetivos e focada nos problemas 
apresentados nas sessões; 
 A TCC enfatiza principalmente o presente; 
 A TCC é educativa. Tem como objetivo ensinar ao paciente a ser 
seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída; 
 A TCC visa ser limitada no tempo; 
 As sessões da TCC são estruturadas; 
 A TCC ensina o paciente a identificar, avaliar e responder seus 
pensamentos automáticas e disfuncionais; 
 A TCC usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, 
humor e comportamento do paciente. 
 
 
 
As estruturas das sessões são parecidas, porém, as intervenções 
podem mudar consideravelmente dependendo do problema trazido pelo 
paciente. 
Primeiramente, devemos estabelecer uma aliança terapêutica sólida, 
chegar o humor, sintomas e experiências do paciente durante a semana. 
Caso o paciente tenha dificuldades em descrever o que o incomoda, 
podemos pedir para que ele nomeie os problemas que mais deseja 
resolver naquela sessão. Depois que o paciente estabelecer um 
problema-pauta, o psicólogo discutir e coletar dados sobre ele: pontuar 
os pensamentos, emoções e comportamentos, ajudando-o a avaliar e 
responder esses pensamentos automáticos. Ao final da sessão, deve-se 
revisar os pontos importantes e solicitar ao paciente que identifique e 
registre seus pensamentos durante a semana. Por fim, solicitar um 
feedback. 
É importante ressaltar que um dos principais objetivos da sessão é 
melhorar o humor do paciente e criar um plano de ação para que ele se 
sinta melhor e aja de maneira mais funcional até o próximo atendimento. 
Estrutura das Sessões 
Princípios da TCC 
Teoria Cognitiva da Personalidade 
 
 
 Qual o diagnóstico do paciente? 
 Quais são seus problemas atuais? 
 Como esses problemas se desenvolveram? 
 Quais crenças disfuncionais estão associadas aos problemas? 
 Quais são as reações emocionais, fisiológicas e comportamentais? 
 Quais experiências passadas contribuem para seus problemas 
hoje? 
 Quais as crenças subjacentes e pensamentos? 
 Que mecanismos desenvolveu para enfrentar as crenças 
disfuncionais? 
 Que estressores contribuíram para seusproblemas 
Psicológicos? – HIPÓTESES 
 
Ou seja... Circunstâncias ambientais A (evento), ativam estruturas 
esquemáticas B (pensamento), pensamentos baseados nas crenças e 
experiências determinam C (emoção), relacionada ao processamento 
esquemático de significado, cuja interpretação interfere em D 
(comportamento). 
 
 
Para que o paciente consiga identificar seus pensamentos automáticos, 
é preciso que o terapeuta mostre o quão importante o pensamento é 
em nossas ações, para que o paciente aprenda a se questionar: o que eu 
estou pensando nesse momento? Por que eu estou com esse 
pensamento? A partir disso, anotar e levar para as sessões. 
Distorcem a realidade; 
São angustiantes; 
Interferem na capacidade do indivíduo atingir seus objetivos; 
 São quase sempre negativos; 
 
Padrão de pensando em que o paciente 
enxerga as situações de formas extremas, “tudo 
ou nada”. Por exemplo: “sou um fracasso total!” ou 
“sou um sucesso total!”. Um erro oracular, mesmo quando “positivo” (sou 
um sucesso total), pode trazer problemas para o indivíduo em seu 
O processamento de informações e determinação do 
comportamento 
Evento 
Pensamento 
Interpretação 
Emoção 
Comportamento 
Pensamentos Automáticos 
Características dos Pensamentos 
Automáticos 
Erro Oracular 
ambiente social. Podem ocorrer em fases de mania/hipomania de 
transtornos de humor, por exemplo. No caso do erro oracular negativo, 
é necessário que o terapeuta saiba identificá-lo e guie o paciente para 
que ele consiga enxergar as situações de formas mais realistas e 
adaptativas, diminuindo seu sofrimento através da modificação da sua 
forma de pensar e, então, trazendo bem-estar emocional.
Quando o indivíduo acredita que diversas 
situações são direcionadas diretamente à ele, 
mesmo que não há nenhum indício que a faça 
acreditar nessa crença, É uma interpretação 
distorcida da realidade. Que, também pode ser 
negativa ou positiva. Por exemplo: “saíram da sala porque eu cheguei” 
(negativa) ou, “todos vieram no evento porque eu convidei!” 
(positiva/demonstrando grandiosidade, comum em transtornos de 
humor). Ambas podem trazer consequências e problemas para a vida e 
para o ambiente social e devem ser trabalhadas durante a psicoterapia, 
de forma que o paciente passe a enxergar as situações de forma mais 
realista.
“Eu não fiz o que prometi a um amigo, portanto, sou uma pessoa má”. 
Isso pode acontecer devido pensamentos equivocados ou 
irracionais/sem lógica. Portanto, é importante que o terapeuta saiba 
identificar esses pensamentos e trabalhar em sessão para que o 
indivíduo passe a enxergar as coisas de forma mais realista e objetiva. 
 
 
 
 
 
Após a identificação dos pensamentos automáticos negativos ou 
positivos, é necessário avaliar a validade desses pensamentos e, se 
necessário, desenvolver pensamentos mais realistas. 
Para selecionar os pensamentos automáticos mais uteis para avaliação 
e modificação, o terapeuta pode: 
 Pedir para que o paciente registre seus pensamentos sempre 
que surgirem, como um “diário de pensamento”. 
Erro de 
Personalização 
Identificação de 
Pensamentos 
Automáticos 
Avaliação e resposta 
+ adaptativa 
Mudanças positivas 
no afeto e humor do 
indivíduo 
Como selecionar pensamentos automáticos uteis para avaliação? 
O que significa avaliação e resposta mais adaptativa? 
 Identificar quais pensamentos estão ligados aos sintomas do 
paciente; 
 Perguntar ao paciente o que mais passou pela sua cabeça naquela 
situação; 
 Pedir para que o paciente descreva como se sentiu ao ter esse 
pensamento; 
 Perguntar ao paciente se ele teve algum outro pensamento ou 
imagem; 
 Perguntar ao paciente qual pensamento ou imagem foi mais 
perturbador. 
Podemos (e devemos) descartar pensamentos automáticos quando não 
trouxer angústia ao paciente, quando age de maneira funcional, ou seja, 
o paciente consegue administrá-lo, ou quando o paciente consegue 
resolver a situação quando se repetir. 
 O terapeuta deve ter muita cautela ao contestar os pensamentos 
automáticos, pois: 
 Não se sabe até que ponto ele é distorcido; 
 Pode prejudicar a relação terapêutica, pois o paciente pode 
sentir-se punido/julgado; 
 Viola o empirismo colaborativo, que consiste na ideia de que as 
crenças, pensamentos e hipóteses devem ser trabalhados em 
conjunto com o terapeuta, com o objetivo de avalia-los para 
validação ou modificação. 
 Geralmente tem um fundo de verdade. 
 
São crenças desenvolvidas desde o nascimento. O indivíduo tenta extrair 
expectativas do mundo e cria crenças a partir de suas expectativas. São 
os entendimentos mais fundamentais e profundos que as pessoas não 
questionam. As crenças sobre si e sobre o mundo são tomadas como 
verdades absolutas. A mente é como um filtro, que só aceita coisas que o 
indivíduo acredita, logo, pensamentos 
O quanto você ainda acredita no seu pensamento automático original? 
Como se sente agora, sobre ele? 
 Isso pode acontecer por diversos motivos: 
 Há outros pensamentos mais nucleares ou imagens não identificadas 
ou avaliadas; 
 Avaliação do PA foi incorreta, superficial ou inadequada; 
 O paciente não expressou evidências suficientes que apoiam seu PA. 
 O pensamento automático em si também é uma crença nuclear. 
Como descartar PA’s não relevantes? 
Crença nuclear 
Checando resultado da avaliação de PA’s 
Se o paciente ainda acreditar no PA original, o que 
explique isso? 
 O paciente entende que o pensamento está distorcido, mas não 
acredita nisso em um nível emocional.
Quando se trata de uma crença nuclear/central que não foi modificada, o terapeuta 
deve adotar outras técnicas além da discussão e questionamento da crença. Como por 
exemplo: 
 Solução de problemas: identificar os problemas práticos associados à crença 
e encontrar maneiras de resolvê-los; 
 Tomada de decisões: orientar o paciente a enxergar crença c de outra 
perspectiva, de forma mais positiva e construtiva; 
 Refocalização: ajudar o paciente a mudar o foco da crença; 
 Relaxamento e mindfulness: ajudar a pessoa a relaxar e a se concentrar no 
momento presente, ao invés de se preocupar com a crença; 
 Cartões de Enfrentamento: criar cartões que contenham pensamentos 
positivos e construtivos, que possam ser usados para enfrentar a crença 
negativa; 
 Prescrição de Tarefas: ajudar a pessoa a enfrentar gradualmente situações 
que desafiam sua crença, para que aprenda e se acostume a lidar com elas; 
 Exposição: Expor o paciente a situações que desafiam sua crença, para ajudá-
la a perceber que a crença não é (necessariamente) verdadeira; 
 Dramatização: Representar a crença em uma situação de encenação, para 
ajudar o paciente a enxergar a crença de uma perspectiva diferente; 
 Técnica da “torta”: Imaginar a crença como uma torta que pode ser dividida 
em fatias menores e mais gerenciáveis. 
 Autocomparações: ajudar o paciente a comparar sua crença com outras 
crenças que ela possui, para ganhar uma nova perspectiva; 
 Lista de méritos: criar uma lista de todas as razões pelas quais a crença é 
útil e benéfica, bem como uma lista de todas as razões pelas quais ela pode 
ser prejudicial e limitante. 
O terapeuta também pode usar métodos alternativos, como por exemplo: 
 
 “o que exatamente está fazendo você se 
sentir dessa maneira?” ou “quais são as evidências 
que sustentam essa crença?” 
 
 Identificar padrões de pensamentos negativos 
que podem levar a emoções negativas. Ao identificá-
los, o terapeuta poderá ajudar seu paciente a 
questionar-se e mudar seus padrões. 
 
 Consiste em o paciente enfrentar seus 
medos ou crenças negativas de forma gradual e 
controlada. 
Quando os pensamentos automáticos do paciente forem verdadeiros e estão 
trazendo sofrimento para o paciente, o terapeuta deve trabalhar em conjunto 
com o paciente para investigar se o paciente chegou a uma conclusão válida ou 
disfuncional, encontrar alguma possívelsolução para o problema, de forma que 
traga menos sofrimento e trabalhar a aceitação desse pensamento, pois 
reconhecê-los e aceitá-los pode ser mais funcional do que viver em negação dessa 
verdade. Aceitar um problema é um primeiro passo para diminuir todo o 
sofrimento que ele traz. 
Variação de 
perguntas 
Identificar 
distorção cognitiva 
Autoexposição 
E quando os PA’s são verdadeiros? 
 
 
 
 Aceitação. Aceitar que sua ansiedade/pensamento existe e que 
está presente na mente do paciente. 
 Observação. Observar sua ansiedade/pensamento sem 
julgamentos, se questionar se o pensamento é um fato ou uma 
generalização. 
 Ação. Agir com a ansiedade como se não estivesse ansioso. Ou 
seja, continuar com as atividades, ao invés de evitá-las, pois a ação pode 
fazer com que o paciente perceba que a ansiedade não é, 
necessariamente, uma ameaça real e que é possível lidar com ela. 
 Repetição. Repetir os três passos anteriores, para que se tornem 
menos difíceis com o passar do tempo. 
 
 Espera. Esperar que aquele sentimento de angústia e ansiedade 
passe conforme se repete os passos anteriores, trabalhando também 
a paciência e tolerância, pois os resultados não virão da noite para o dia. 
 
 
 
 
Caso o paciente esteja passando por emoções muito intensas que impossibilitem o uso 
da sua função executiva, ou seja, fica paralisado frente sua ansiedade, o terapeuta 
pode recorrer as técnicas de relaxamento e distração para ajudar o paciente a se 
acalmar e voltar a controlar suas emoções. Essas técnicas podem ser uteis em 
situações de crise, que tragam emoções muito intensas. 
É muito importante que o terapeuta ressalte a importância de o paciente fazer 
anotações dos tópicos abordados nas sessões, pois pode ajudá-lo a consolidar o que 
foi orientado/aprendido. Para algumas pessoas, a escrita também pode ser muito 
eficaz para processar e organizar seus pensamentos e emoções, trazendo clareza 
e diminuindo sua angústia diante seus sofrimentos. 
Outras respostas aos PA’s 
Técnica Aware 
A 
W 
A 
R 
E 
Anotações da Terapia