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Centro de Tecnologia Mineral 
Ministério da Ciência , Tecnologia e Inovação 
Coordenação de Apoio Tecnológico à Micro e Pequena Empresa – CATE 
Serviço de Apoio aos Arranjos Produtivos - SAPL 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS DAS FACHADAS DA 
COMPANHIA NACIONAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Roberto Carlos Ribeiro 
Pesquisador do CETEM 
D.Sc. Eng. Químico 
 
Rosana Elisa Coppedê 
Bolsista PCI/CETEM 
D.Sc. Eng.ª Geóloga 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Setembro de 2012 
 
 
RRM0003-00-12– Relatório técnico elaborado para a Associação de Amigos do 
Teatro Municipal do Rio de Janeiro 
2 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Atendendo solicitação da Associação de Amigos do Teatro Municipal do Rio de 
Janeiro, apresentamos o relatório técnico da estratigrafia, caracterização química, 
mineralógica, traço das argamassas e cor original do prédio onde funcionou a 
Companhia Nacional de Navegação Costeira, para fins de restauro de 3 das 
fachadas do prédio. 
 
Esses ensaios foram realizados nas instalações laboratoriais do Centro de 
Tecnologia Mineral - CETEM/MCT (Rio de Janeiro). 
 
 
2. SITUAÇÃO DO IMÓVEL E LOCALIZAÇÃO DAS AMOSTRAS COLETADAS PARA 
OS ENSAIOS 
 
A edificação em estudo localiza-se na região portuária, no bairro da Gamboa, que 
está sendo revitalizada pelo Governo do Estado, no projeto denominado “Porto 
Maravilha”. Na Figura 2.1, pode-se verificar a localização da edificação, que fica 
na Avenida Rodrigues Alves, esquina com a Rua Antônio Lage, em frente ao 
Armazém 6 do cais do porto. 
 
 
 
Figura 2.1: Localização da edificação em relação ao “Porto Maravilha”. Fonte: Google 
Earth. 
 
Para facilitar a coleta de amostras, a fachadas (indicadas na figura 2.2) foram 
assim denominadas: fachada frente (Figura 2.3 - Av. Rodrigues Alves), fachada 
Antonio Lage (Figura 2.4) e fachada fundos (Figura 2.5). A fachada Polinter 
3 
 
(Figura 2.3) está revestida de mármore branco, que descaracterizou totalmente a 
argamassa e ornatos antigos. Esta fachada utilizará os dados das outras 
argamassas para ser restaurada. 
 
 
 
Figura 2.2: Denominação das fachadas estudadas. Fonte: Google Earth. 
 
 
 
Figura 2.3: Detalhe da fachada da frente original com a fachada revestida da Polinter. 
4 
 
 
 
Figura 2.4: Vista geral da fachada Rua Antonio Lage. 
 
 
 
Figura 2.5: Vista geral da fachada dos fundos. 
 
5 
 
3. BREVE HISTÓRICO 
 
As argamassas são materiais constituídos basicamente de dois componentes: o 
aglomerante e o agregado. Ocasionalmente, também se emprega um aditivo. No 
passado, foram usados diferentes tipos de agregados (areias) e aditivos. 
 
A areia podia ser natural de rio, de jazida, ou mesmo de conchas, tijolos, pedras 
(mármores, dolomitos) e outras fontes. Nas argamassas de cal, o tipo e a 
granulometria da areia vão influir na cor, textura, resistência, porosidade e muitos 
outros aspectos das argamassas. A areia a ser utilizada nas argamassas de 
reconstituição deve ser, portanto muito bem escolhida, pois pode influir na 
aparência do edifício, bem como na porosidade (microestrutura física), textura, 
resistência mecânica e, ainda, determinar a qualidade e a durabilidade da 
intervenção. 
 
No Brasil, utilizou-se a cal de conchas marinhas desde os primeiros tempos de 
colonização, nas argamassas e revestimentos das construções da cidade de 
Salvador da Bahia, fortificações e casarios ao longo do território brasileiro. Mais 
tarde, fabricou-se, também, cal de calcários ou dolomitos ainda de forma 
tradicional, bem como foram importados aglomerantes hidráulicos, até que, no 
século XX a partir de 1950, surge a indústria da cal e do cimento, e desaparecem 
as antigas fábricas de cal de conchas tradicionalmente conhecidas por caieiras. 
 
 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1 – Amostragem e Preparação 
 
Foram avaliadas quatro diferentes argamassas e três ornatos das fachadas dos 
fundos, da frente e da Rua Antonio Lage, coletadas pelos técnicos do CETEM 
juntamente com a equipe do Theatro Municipal, com cerca de 500g de cada 
amostra. 
 
6 
 
 
 
Figura 4.1: local da coleta da amostra 1 (embasamento da fachada dos fundos). 
 
 
 
Figura 4.2: Local de coleta da amostra 2 (ornato). 
 
 
7 
 
4.2 – Determinação Colorimétrica 
 
O ensaio foi realizado utilizando um colorímetro da marca Technidyne Color 
Touch 2 Model ISSO para determinação dos valores nos eixos a, b e L, nas 
amostras na forma como foram extraídas e posteriormente após limpeza água e 
detergente neutro. 
Os resultados de coloração devem ser interpretados segundo a distribuição 
espacial das cores como indicado na Figura 4.3. Com base nessa Figura, verifica-
se que os materiais apresentam 3 valores dispostos nos eixos a, b e L. O eixo a 
indica a variação de cor do verde (-a) ao vermelho (+a), o eixo b indica a variação 
de cor do azul (-b) ao amarelo (+b), e o eixo L indica a variação do branco (100) 
ao preto (0). 
 
 
Figura 4.3: determinação espacial das cores, nos eixos a, b e L. 
 
4.3 - Determinação dos índices físicos (ABNT NBR 12766/1992) 
 
Os corpos de prova foram pesados a seco após 24 h em estufa a 70 ºC. 
Posteriormente, foram submersos em água destilada por 24 h, obtendo-se seus 
pesos saturado e submerso, com o auxílio de uma balança de precisão. O ensaio 
foi realizado em uma balança hidrostática de alta precisão utilizada na 
determinação desses índices em gemas, no Laboratório de Gemologia do 
CETEM. Deve se destacar que o tamanho da amostra afeta o resultado desses 
parâmetros já que ao se diminuir o tamanho aumenta-se a superfície específica 
disponível para a entrada d’água, obtendo-se valores que podem ser em torno de 
25 a 30% superiores aos obtidos com corpos de prova determinados para análise 
(cubos). 
Posteriormente, calculou-se sua porosidade e sua absorção de água por meio de 
fórmulas especificadas na norma ABNT 12.766/92 e apresentada a seguir: 
 
8 
 
Porosidade (%) → 100 x (massa saturada - massa seca)/(massa saturada - 
massa submersa) 
 
Absorção de Água (%) → 100 x (massa saturada - massa seca)/massa seca 
 
4.4 – Ensaios de Determinação Química e Mineralógica 
 
Para determinação dos elementos químicos presentes utilizou-se a técnica de 
fluorescência de raios-x (FRX), onde as amostras foram preparadas por fusão na 
diluição de 1 para 10 utilizando como fundente a mistura de boratos (Li2B4O7 – 
LiBO2) Maxxflux. Os resultados são expressos em percentagem, calculados como 
óxidos e normalizados a 100%. Para determinação dos compostos mineralógicos 
foram utilizados os métodos de difração de raios-x e de microscopia eletrônica de 
varredura – MEV. 
 
O difratograma de Raios-X (DRX) da amostra foi obtido pelo método do pó e foi 
coletado em um equipamento Bruker-D4 Endeavor, nas seguintes condições de 
operação: radiação Co Kα (35 kV/40 mA); velocidade do goniômetro de 0,02o 2θ 
por passo com tempo de contagem de 1 segundo por passo e coletados de 5 a 
80º 2θ. As interpretações qualitativas de espectro foram efetuadas por 
comparação com padrões contidos no banco de dados PDF02 (ICDD, 2006) em 
software Bruker DiffracPlus. 
As interpretações qualitativas de espectro foram efetuadas por comparação com 
padrões contidos no banco de dados PDF02 (ICDD, 2006) em software Bruker 
DiffracPlus. 
 
O MEV utilizado foi um FEI Quanta 400, equipado com um sistema de 
microanálise por espectrometria de raios X (EDS) Oxford link ISIS 300, com 
análise através das imagens adquiridas pelo detector de elétrons retroespalhados. 
 
As análises foram executadas com 25kV de tensão de aceleração de elétron, e 
analisadas no MEV através de imagens formadas pelo detector de elétrons 
secundários (ETD, na faixa de dados das imagens). 
 
Para a análise dos resultados, utilizamos os dados de composição comum das 
argamassas, cujas fórmulas químicas são as seguintes: 
 
1. Agregado: quartzo (SiO2), plagioclásio {(Ca,Na)Al (Al,Si)Si2O8}, feldspato 
(KAlSi3O8) ou mica {K2(Mg, Fe2+)6-4(Fe3+,Al, Ti)0-2Si6-5Al2-3O20(OH,F)4} 
2. Aglomerante: dolomita(Mg CO3), calcita (CaCO3) 
3. Materiais pozolânicos: com sílica ou alumina reativa 
 
 
 
 
9 
 
4.5 – Ensaios de Determinação do traço 
 
O método de reconstituição do traço de argamassa utili zado foi o desenvolvido 
originalmente pelo Instituo de Pesquisas Tecnológicas (IPT). 
 
O método de reconstituição de traço tem sido utilizado para argamassas, com 
algumas adaptações; baseia-se no princípio de que a argamassa, ao ser atacada 
com ácido clorídrico, dá origem a duas frações distintas: uma insolúvel e outra 
solúvel. Para argamassas convencionais de cimento Portland, cal hidratada e 
agregado quartzoso, a fração solúvel é composta essencialmente pelos 
aglomerantes e a fração insolúvel é constituída pelo agregado. Temos ainda uma 
terceira fração volátil, que permite quantificar as reações ocorridas após a 
aplicação da argamassa. A Tabela 4.1 apresenta esquematicamente a 
composição fracionada de argamassas. 
 
Tabela 4.1: Resumo da análise fracionada de argamassas. 
 
 
Assim sendo, o método prevê as determinações quantitativas do agregado na 
forma de resíduo insolúvel (RI) e dos aglomerantes na forma de seus íons 
principais e comuns solubilizados, cujos resultados são expressos na forma dos 
óxidos correspondentes: anidrido silícico (SiO2), óxido de cálcio (CaO), óxido de 
magnésio (MgO) e óxidos de ferro e alumínio (R2O3). Na fração volátil determina-
se a umidade (UM), perda ao fogo (PF) e anidrido carbônico (CO2). 
 
Cada amostra coletada foi quarteada e moída até granulometria inferior a 0,84mm 
e separada em amostras analíticas para os diferentes ensaios químicos. O 
método de análise química está apresentado, resumidamente, na Figura 4.4. 
10 
 
 
11 
 
 
 
Figura 4.4: Fluxograma do método de análise química para argamassas. 
 
 
Com base nos dados da análise, calculou-se a proporção 
aglomerante(s):agregado, isto é, o traço da argamassa em massa, que poderá ser 
convertido em volume a partir das massas unitárias dos materiais empregados. A 
determinação do teor de um constituinte da argamassa, que provém 
exclusivamente do agregado ou do aglomerante, permite estimar, através de 
cálculo, a relação aglomerante:agregado presente na mesma. 
 
Os resultados da análise química são recalculados na base de material não 
volátil, isto é, excluindo o valor da perda ao fogo até 1000ºC, ou seja, água livre, 
água combinada e anidrido carbônico dos materiais empregados ou incorporados 
à argamassa na evolução do processo de endurecimento. Justifica-se este 
artifício de cálculo para permitir a obtenção dos teores de materiais originalmente 
utilizados na confecção da argamassa: anidros e não carbonatados. 
 
Com os valores na base não volátil (NV) e admitindo-se o teor de resíduo 
insolúvel como sendo a fração agregado (areia), e os óxidos restantes 
solubilizados como sendo a fração aglomerante (cimento e/ou cal), são calculadas 
as respectivas proporções percentuais, em referência aos materiais empregados, 
bem como o traço. Para calcular os constituintes da argamassa, tem-se o 
seguinte procedimento: 
 
a) teor de agregado: é o teor de resíduo insolúvel da argamassa expresso na 
base não volátil (%RI(ARG,NV)). 
 
 
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b) teor de cimento: primeiramente é calculado na base não volátil (%Cim (ARG,NV)), 
a partir da sílica solúvel da argamassa (% SiO2 (ARG,NV)) e da sílica solúvel do 
cimento empregado (% SiO2 (CIM,NV)): 
 
%Cim(ARG,NV) = (%SiO2(ARG,NV) . 100) 
 (%SiO2(CIM,NV)) (1) 
 
 
Para se obter o teor de cimento originalmente dosado (%Cim(ARG,OR)), corrige-se o 
calculado na base não volátil, acrescentando a perda ao fogo do cimento 
empregado (%PF(CIM)), através da seguinte equação: 
 
%Cim(ARG,OR) = (%Cim(ARG,NV) . 100) 
 (100 - %PF(CIM)) (2) 
 
Quando o cimento não é conhecido, adota-se para a perda ao fogo, o valor 
máximo especificado em norma ou de algum cimento de referência escolhido. 
 
c) teor de cal: primeiramente é calculado o teor de cal na base não volátil, 
expresso como cal virgem, (%CV). Este pode ser calculado de duas maneiras: 
 
• 1ª alternativa: A partir dos teores de agregado e cimento, o teor de cal virgem é 
obtido por diferença do total (100% do total): 
 
%CV = 100 – (%Cim(ARG,NV) + %RI(ARG,NV)) (3) 
 
 
• 2ª alternativa: A partir do teor de óxido de cálcio da argamassa (%CaO(ARG,NV), 
descontando-se o CaO proveniente do cimento (%CaO(CIM,NV)): 
 
%CV = (%CaO(ARG,NV) – (%CaO(CIM,NV) . % Cim(ARG,NV)) .100 (4) 
%CaO(CAL,NV) 
 
• Para se obter o teor de cal hidratada originalmente empregada (%Cal(ARG,OR)), 
corrige-se o teor de cal calculado na base não volátil, em função da perda ao fogo 
da cal original (%PF(CAL)), através da seguinte equação: 
 
%Cal(ARG,OR) = %CV .100 (5) 
100 - %PF(CAL) 
 
 
 
4.6 – Estratigrafia 
 
Foram preparados dois cortes estratigráficos, observados com microscópio. As 
amostras foram retiradas (Figura 4.5) com serra copo, para que todas as 
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camadas pudessem ser observadas. A partir dessas amostras foram 
confeccionadas lâminas, como as feitas para petrografia de rochas sedimentares, 
conforme indica a Figura 4.6. 
 
Os exames dessas seções estratigráficas através de um microscópio ajudam 
muito a identificar ainda mais as características físicas: a distribuição dos grãos, 
presença de fibras, aderência do aglomerante ao inerte, estratigrafia dos rebocos 
e das camadas pictóricas, bem como outras identificações. 
 
As seções delgadas foram observadas em microscópio de luz transmitida e 
polarizada, e as microfotografias foram ser feitas com a câmera acoplada a esse 
microscópio. Essas informações podem ajudar muito a determinar a estratigrafia 
das camadas de reboco e as pictóricas, bem como características e áreas da 
amostra a serem examinadas através da microscopia eletrônica de varredura. 
 
 
 
Figura 4.5: Retirada de amostras para estratigrafia da fachada frente embasamento. 
 
 
14 
 
 
Figura 4.6: Cortes e lâminas para a estratigrafia. 
 
4.7 Ataque de Névoa Salina 
Primeiramente, os corpos de prova foram lavados com água destilada para a 
remoção de resíduos. A secagem foi realizada em torno de 70 ± 5º C, até que se 
obtivesse uma massa constante. Isto é alcançado quando a diferença entre as 
duas últimas pesagens no intervalo de 24 horas não exceder 0,1%. 
Os corpos-de-prova foram colocados na câmara de névoa salina (figura 4.7), 
sendo submetidos a diferentes ciclos Durante os ciclos a temperatura da câmara 
foi mantida em (40 ± 5)ºC. O ensaio consistiu em 30 ciclos (perfazendo 540 
horas). 
A cada 15 ciclos, os corpos-de-prova foram retirados da câmara para um exame 
visual.- Ao término do ensaio, os corpos-de-prova foram imersos em água 
deionizada de modo que todos os sais depositados fossem removidos. 
Após essa lavagem os corpos-de-prova foram secos em estufa a temperatura de 
70 ± 5º C por 24 h. Após a secagem foram esfriados em dessecador, para evitar a 
absorção de umidade, e finalmente pesados para obtenção da massa final além 
da inspeção visual. Os resultados são representados em termos da perda de 
massa. Para realização deste ensaio utiliza-se a norma ABNT 8094/83. 
 
 
 
 
15 
 
 
Figura 4.7: Realização de ensaio de ataque de névoa salina. 
 
4.8 Ataque de umidade 
 
Inicialmente pesaram-se os corpos de prova , após secagem em estufa por 24 
horas à 70ºC. Reservou-se um corpo-de-prova padrão para avaliação visual da 
degradação por comparação com os que foram expostos. Os corpos-de-prova 
ficaram suspensos e atrelados aos suportes por meio de fios de nylon na câmara 
de umidade. Ao fim dos 10 ciclos de 24 horas, retiraram-se os corpos-de-prova e 
realizou-se o procedimento de secagem. Posteriormente, realizou-se a pesagem 
final e observaram-se possíveis alterações superficiais, comparando-se com o 
corpo-de-prova padrão. Utilizou-se a normaABNT/NBR 8095/83 que avalia a 
degradação após condensação na superfície dos materiais metálicos revestidos e 
não revestidos. 
 
 
5. RESULTADOS DOS ENSAIOS 
 
5.1. Determinação colorimétrica 
 
Na tabela 5.1 pode-se observar o padrão colorimétrico das amostras em estudo, 
onde se verifica que em todas as amostras, antes da limpeza, apresentam uma 
tendência ao tom escuro, uma vez que os valores de L são bem inferiores a 50, 
possivelmente, relacionado com a sujeira acumulada nas fachadas. Em geral, as 
amostras apresentam nos padrões a e b, tendências de coloração entre vermelho 
e amarelo, que seria o tom alaranjado. 
Após a limpeza das amostras, verifica-se que a coloração apresenta uma 
alteração consubstancial, uma vez que os valores de L aumentam para cerca de 
60, indicando a tendência mais clara das amostras. Além disso, observa-se um 
aumento nos valores de b e uma pequena diminuição nos valores de a, indicando 
a maior tendência ao tom amarelo das amostras. 
 
16 
 
Tabela 5.1: Padrões colorimétricos das amostras. 
 Orn.fach. 
ext.fr 
Orn.sanca 
friso 04 
Embasam. 
fundos 
Ornato 
fundos 
Pav.térreo 
prin 
Pavim.tér 
reo 03 
Em.Anton. 
Lage08 
 antes depois antes depois antes depois antes depois antes depois antes depois antes depois 
a 2,8 1,9 2,8 1,7 3,1 2,1 2,7 2,2 3,3 2,5 2,8 1,9 3,1 2,6 
b 5,4 5,8 4,6 5,2 4,4 5,1 5,3 5,5 5,6 6,0 5,1 5,7 5,7 6,1 
L 22 63 23 61 44 60 26 67 39 57 38 57 43 58 
 
 
5.2. Índices Físicos 
 
Na figura 5.1 pode-se verificar o comportamento da absorção de água das 
amostras em função do tempo. Verifica-se que todas as amostras, a partir de 16h 
de estudo já apresentam sua saturação máxima, chegando-se a 100% de 
absorção de água. No entanto, é possível verificar-se que os ornatos apresentam 
maiores índices de absorção, 17% em 0,5h e 25% em 4h. Tal fato pode estar 
relacionado com a maior quantidade de cal presente em suas composições, 
representando a maior absorção de água. Em relação às demais amostras, 
pavimento e embasamentos, verifica-se que a absorção de água aumenta, porém 
em um tempo muito mais lento, sendo que em 0,5h chega-se a 3% de absorção e 
em 4 h chega-se a 11% de absorção. Em especial, observa-se que o 
comportamento da amostra de embasamento da Antônio Lage apresenta um 
comportamento diferenciado dos demais embasamentos, assemelhando-se muito 
mais ao comportamento dos ornatos, talvez por apresentar uma composição 
química e mineralógica similar a estes materiais. 
Em termos de porosidade, observou que as amostras de ornatos e o 
embasamento da Antônio Lage apresentam valores em torno de 30%, que são 
invariáveis com o tempo. Já as fachadas (pavimento e embasamento) 
apresentam valores de porosidade um pouco menores, cerca de 20%, que 
também não variam significativamente com o tempo. 
 
 
Figura 5.1: Absorção de água (%) x tempo (h) 
17 
 
 
 
5.3 Análise Química 
 
A tabela 5.2 apresenta os resultados da análise química realizada com as 
amostras em estudo. 
Observa-se que as fachadas apresentam um teor de sílica (SO2) variando entre 
50 e 70%, no embasamento dos fundos, no pavimento térreo principal e 
pavimento térreo 03, indicando que o teor de areia utilizada nessas fachadas foi 
muito similar, com destaque para a fachada principal que apresentou o menor teor 
de sílica entre as três. 
Os ornatos da fachada principal e dos fundos apresentam menores teores de 
sílica, 15 e 38%, respectivamente, indicando que houve redução de areia na 
confecção dessas peças, que é corroborada pela maior concentração de cálcio, 
representado na forma de CaO, onde os valores são 40 e 29%, respectivamente. 
Tal fato, deve estar relacionado com a maior facilidade de moldagem das peças 
com elementos mais “macios” como a cal que a areia, daí o maior teor de cálcio. 
O ornato da sanca friso 04 é um ornato diferenciado dos demais, pois é 
praticamente um complemento da porta, seguindo a tendência da parede e com 
isso, sua composição assemelha-se mais á composição das paredes, em termos 
de sílica e cálcio, do que dos outros ornatos. 
Já a amostra do embasamento da Rua Antônio Lage, apresentou um teor muito 
elevado de cálcio, 35%, diferenciando-se das demais paredes.Baseado nisto, 
repetiu-se o processo de extração na referida fachada em outro ponto de coleta, a 
fim de se certificar se a composição daquela fachada é diferenciada ou ocorreu 
alguma intervenção equivocada ao longo do tempo. 
Em termos de teores de magnésio, representado na forma da MgO, observam-se 
teores pouco expressivos em todas as amostras, não sendo superiores a 1%, o 
que indica que tanto as fachadas como ornatos, apresentam em sua composição 
material calcítico e não dolomítico. 
Pode-se verificar que os teores de cloreto (Cl-) em todas as amostras é 
extremamente baixo indicando que o ataque salino naquela região é pouco 
significativo nas fachadas em estudo. No entanto, vale ressaltar que no momento 
das coletas o prédio pode ter sido atacado pela chuva e o sal ter sido lixiviado. 
O teor de SO3 representa a quantidade de dióxido de enxofre que foi oxidado pelo 
oxigênio do ar. Ele pode reagir violentamente com a água formando-se ácido 
sulfúrico (efeito da chuva ácida) que pode degradar as fachadas e ornatos. Pode-
se verificar que o ornato da fachada principal apresenta maior percentual desse 
composto, cerca de 10%, possivelmente por estar localizado na via de maior 
concentração de veículos e liberação de SO2. Além disso, sua estrutura permite o 
maior acúmulo que as paredes em si. 
Em termos de teores de ferro, observam-se valores altos, não muito comuns para 
as argamassas, sendo em alguns casos, como o ornato da sanca friso, o ornato 
dos fundos e o pavimento térreo principal, superiores a 1%. Tais resultados 
podem estar relacionados com a oxidação das bases e estruturas de ferro que 
18 
 
foram oxidadas a Fe3+, foram incorporadas às argamassas e foram detectadas na 
análise. 
Os demais elementos são acessórios e não fornecem informações de interesse. 
No entanto, o teor de alumínio, que varia de 1 a 3%, deve estar relacionado com a 
presença de feldspatos e argilas, em associação com a sílica, formando os 
aluminossilicatos. 
 
Tabela 5.2: Análise química (%) das argamassas. 
 Orn.fach. 
ext.fr 
Orn.sanca 
friso 04 
Embasam. 
fundos 
Ornato 
fundos 
Pav.térreo 
prin 
Pavim.tér 
reo 03 
Em.Anton. 
Lage08 
SiO2 15,4 56,1 70,7 28,9 52,9 68,0 30,0 
CaO 40,5 20,2 13,0 38,2 23,9 14,4 34,8 
Fe2O3 0,52 1,6 0,82 1,2 1,2 0,95 0,51 
K2O 0,20 0,28 0,48 0,51 0,23 0,34 0,18 
MgO 0,33 0,50 0,34 0,59 0,81 0,37 0,51 
Na2O 0,22 0,14 0,29 0,63 0,22 0,19 0,55 
P2O5 0,06 0,06 0,08 0,09 0,09 0,08 0,15 
Al2O3 1,2 1,9 n.d. 3,3 2,3 1,9 1,3 
SrO 0,12 0,07 0,06 0,10 0,12 0,07 0,12 
Cl- 0,14 n.d. 0,08 0,47 0,07 0,05 0,51 
SO3 10,9 1,3 0,34 1,8 0,77 1,2 2,2 
TiO2 0,06 0,21 0,25 0,34 0,16 0,22 0,17 
ZnO 0,03 0,03 0,01 0,02 0,01 0,01 n.d. 
ZrO2 n.d. 0,06 0,06 0,08 n.d. 0,06 0,05 
PF 30,3 17,5 11,7 23,7 18,1 12,2 28,9 
 
 
5.4. Análise Mineralógica 
 
5.4.1 Microscopia eletrônica de varredura – MEV 
 
Neste trabalho, a microscopia eletrônica teve como objetivo a identificação de 
fases minerais e outros constituintes de cada amostra analisada. 
 
a) Ornato Fachada Externa Frente 
 
Na figura 5.2 pode-se observar que os cristais de quartzo são os maiores e os de 
calcita são de vários tamanhos, pois advém da argamassa e do cimento. 
 
19 
 
 
Figura 5.2: Resultado do difratograma para amostra do ornato da fachada externa da 
frente. 
 
A figura 5.3 apresenta o resultado de EDS da amostra de ornato da fachada 
principal onde se pode observar os picos do silício e do oxigênio, que formam a 
sílica (SiO2). O pico de cálcio é o mais marcante, e indicativo da composição 
principal da cal. Há ainda um pico de magnésio, porém sem muita significância. 
Tais resultados corroboram as avaliações de traço e a composição química, que 
identificaram maiores teores de cálcio e, consequentemente, maior teor de cal no 
traço deste ornato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
20Figura 5.3: Resultado das imagens obtidas no EDS para amostra do ornato da fachada externa da frente.
21 
 
b) Ornato da sanca friso 
 
Na figura 5.4 pode-se observar as fases minerais mais evidentes. Os cristais de 
quartzo são de vários tamanhos, pois advém da areia da argamassa e do 
cimento. O aglomerante é calcítico. 
 
 
Figura 5.4: Resultado do difratograma para amostra do ornato da sanca-friso da 
frente. 
 
A figura 5.5 apresenta o resultado de EDS da amostra da sanca friso onde se 
pode observar que os picos do silício e do oxigênio, que formam a sílica (SiO2) 
são mais proeminentes que na argamassa anterior, indicando maior quantidade 
de areia. O pico de cálcio é o mais marcante, e indicativo da composição principal 
da cal ser de origem calcítica. 
 
22 
 
 
 
 
Figura 5.5: Resultado das imagens obtidas no EDS para amostra do ornato da sanca-friso. 
23 
 
c) Argamassa do Embasamento dos Fundos 
 
Na figura 5.6 pode-se observar as fases minerais mais evidentes. Os cristais de 
quartzo são de vários tamanhos, pois advém da areia da argamassa e do 
cimento, e são muito mais expressivos que os anteriores, indicando uma 
quantidade mais significante de areia nessa composição. O aglomerante é 
calcítico. 
 
 
Figura 5.6: Resultado da imagem obtidas no MEV para amostra de argamassa do 
embasamento fundos. 
A figura 5.7 apresenta o resultado de EDS da amostra de argamassa do 
embasamento dos fundos, onde se observam que os picos do silício e do 
oxigênio, que formam a sílica (SiO2) são mais proeminentes que nas argamassas 
anteriores, indicando maior quantidade de areia. O pico de cálcio (Ca) é indicativo 
da composição principal da cal. 
24 
 
 
 
 
Figura 5.7: Resultado das imagens obtidas no EDS para amostra de argamassa do embasamento fundos.
25 
 
d) Ornato dos Fundos 
 
Na figura 5.8 pode-se observar as fases minerais mais evidentes. Os cristais de 
quartzo são de vários tamanhos, pois advém da areia da argamassa e do 
cimento. O aglomerante é calcítico. 
 
 
Figura 5.8: Resultado do difratograma para amostra do ornato da fachada dos fundos. 
 
A figura 5.9 apresenta o resultado de EDS da amostra de ornato da fachada 
fundos onde se pode observar os picos de silício e de oxigênio, que formam a 
sílica (SiO2) e o pico de cálcio, são mais proeminentes e em mesma intensidade, 
indicando que, possivelmente a composição principal da amostra tem teores de 
cal e areia muito similares. 
26 
 
 
 
 
Figura 5.9. Resultado das imagens obtidas no EDS para amostra do ornato da fachada dos fundos. 
 
27 
 
e) Argamassa do Pavimento Térreo da Fachada Principal 
 
Na figura 5.10 pode-se observar as fases minerais mais evidentes. Os cristais de 
quartzo são de vários tamanhos, pois advém da areia da argamassa e do 
cimento. O aglomerante é calcítico. 
 
 
Figura 5.10: Resultado do difratograma para amostra da argamassa do pavimento 
térreo da frente. 
 
Na figura 5.11 pode-se observar que os picos do silício e do oxigênio, que formam 
a sílica (SiO2) são mais proeminentes que na argamassa anterior, indicando maior 
quantidade de areia. O pico de cálcio é indicativo da composição principal da cal. 
Há ainda um pico de magnésio sem muita representatividade. 
28 
 
 
 
 
 
Figura 5.11: Resultado das imagens obtidas no EDS para amostra da argamassa do pavimento térreo da frente. 
29 
 
f) Argamassa do Pavimento Térreo (amostra 03) 
 
Na figura 5.12 pode-se observar as fases minerais mais evidentes. Os cristais de 
quartzo são de vários tamanhos, pois advém da areia da argamassa e do 
cimento. O aglomerante é calcítico. 
 
 
Figura 5.12: Resultado do difratograma para amostra da argamassa do pavimento 
térreo. 
 
Na figura 5.13 pode-se observar que os picos do silício e do oxigênio, que formam 
a sílica (SiO2) são mais proeminentes que na argamassa anterior, indicando maior 
quantidade de areia. O pico de cálcio é indicativo da composição principal da cal. 
30 
 
 
 
 
 
Figura 5.13: Resultado das imagens obtidas no EDS para amostra de argamassa do pavimento térreo. 
31 
 
g) Embasamento da Rua Antônio Lage (amostra 08) 
 
Na figura 5.14 pode-se observar as fases minerais mais evidentes. Os cristais de 
quartzo são de vários tamanhos, pois advém da areia da argamassa e do 
cimento. No entanto, observa-se um quantidade significante de um aglomerante 
calcítico. 
 
 
Figura 5.14: Resultado do difratograma para amostra da argamassa do embasamento 
da Rua Antônio Lage. 
 
Na figura 5.15 pode-se observar os picos do silício e do oxigênio, que formam a 
sílica (SiO2). No entanto, o pico de cálcio é o mais marcante, e indicativo da 
composição principal da amostra ser a cal. 
32 
 
 
 
 
Figura 5.15: Resultado das imagens obtidas no EDS para amostra da argamassa do embasamento da Rua Antônio Lage. 
33 
 
5.5 Difração de Raios-X 
 
Os resultados de difração de raios-x estão apresentados desde a figura 5.16 à 
figura 5.21 e indicaram que as amostras de ornatos apresentam picos mais 
expressivos de calcita, confirmando o que a análise química e o MEV já haviam 
apontados e que as argamassas das fachadas apresentam picos mais 
proeminentes do quartzo, presente na areia. Além disso, observam-se nas 
amostras de ornatos, picos específicos de gipsita, indicando a presença de 
gesso em sua composição, possivelmente, responsável para acelerar a 
secagem do material. Em relação à amostra da Rua Antônio Lage, verifica-se 
um pico mais proeminente de calcita, comprovando mais uma vez que esta 
amostra é diferenciada das demais fachadas. 
 
Figura 5.16: DRX do Embasamento da Rua Antonio Laje 08. 
 
 
 
 
 
34 
 
 
Figura 5.17: DRX do ornato da fachada externa frente. 
 
 
Figura 5.18: DRX do Embasamento dos fundos 
 
35 
 
 
 
Figura 5.18: DRX do ornato fundos. 
 
Figura 5.19: DRX do ornato da sanca-friso 04 
 
36 
 
 
Figura 5.20: DRX do Pavimento térreo 03 
 
Figura 5.21: DRX do pavimento térreo principal 
 
 
 
37 
 
5.6 Determinação do traço das argamassas 
 
Na tabela 5.3 estão apresentados os resultados dos constituintes das argamassas 
em estudo, cal, cimento e areia. 
O cálculo do traço é realizado com base nos constituintes percentuais de resíduo 
insolúvel, cimento e cal, em massa correspondente de cada argamassa em 
relação ao cimento.Dessa forma, verifica-se que o traço não é uniforme em todas 
as fachadas, observando-se que os ornatos da fachada externa e dos fundos 
apresentam um alto teor de cal, sendo 2 e 3, respectivamente. Em termos de 
areia, verifica-se que o ornato dos fundos apresenta um teor de areia igual ao de 
cimento e que o ornato da fachada externa apresenta um teor de 0,5 de areia, em 
relação ao cimento . Em relação ao ornato da sanca, observa-se um alto teor de 
areia, ou seja, 4 vezes mais que o cimento, indicando ser um ornato diferenciado, 
que apresenta maior teor de areia, possivelmente pela sua posição na fachada do 
prédio, que requer maior esforço, uma vez que compõe o friso do portal dos 
fundos. Em relação às demais argamassas, embasamento fundos e Pavimento 
térreo 03, verifica-se que o teor de areia é 3 vezes o teor de cimento e que o teor 
de cal é igual ao teor de cimento. Já o pavimento térreo principal, apresenta um 
teor de areia referente ao dobro do teor de cimento e tal fato pode estar 
relacionado com sua composição química, que apresentava um teor de sílica 
inferior que as argamassas do embasamento fundos e pavimento térreo 03. 
Um fato a ser destacado é a composição do traço do embasamento da Rua 
Antônio Lage, que apresentou um teor de areia 3 vezes maior que o cimento e um 
teor de cal 5 vezes maior que o cimento. Tais resultados merecem atenção, já 
que essa composição, bem como as análises químicas e mineralógicas indicavam 
que essa amostra apresentava um comportamento diferenciado. Baseado nisto, a 
fim de se ter certeza se a composição daquela fachada era completamente 
diferente das demais, ou se em alguma época da história houveuma intervenção 
justamente no ponto de coleta, tornou-se necessário uma nova amostragem e 
realização de novos experimentos que serão apresentados no item 5.6. 
 
Tabela 5.3: Determinação do traço, em massa, das argamassas . 
 Orn.fach. 
ext.fr 
Orn.sanca 
friso 04 
Embasam. 
fundos 
Ornato 
fundos 
Pav.térreo 
prin 
Pav ter- 
reo 03 
Em.A. 
Lage08 
Cimento 1 1 1 1 1 1 1 
Areia 0,5 4 3 1 2 3 3 
Cal 2 3 1 3 1 1 5 
 
 
5.7 Embasamento da Rua Antônio Lage – Nova amostragem 
 
Devido à discrepância nos resultados da amostra do embasamento da Rua 
Antônio Lage, uma nova amostragem foi realizada, dessa vez afastada do portão 
de acesso de veículos, como indica a figura 5.22, onde se pôde retirar uma 
amostra contendo três camadas de argamassas distintas (parte externa, meio e 
38 
 
parte interna). Além disso, retirou-se um ornato desse embasamento, como indica 
a figura 5.23. 
 
 
Figura 5.22: Argamassa extraída do embasamento da fachada Antônio Lage. 
 
 
Figura 5.23: ornato da Rua Antônio Lage. 
39 
 
Foram realizados ensaios de avaliação química e determinação do traço e tais 
resultados são apresentados, respectivamente, nas tabelas 5.4 e 5.5. Em termos 
de composição química, verifica-se que na argamassa da parte externa, o teor de 
sílica é alto, correspondendo a cerca de 50% da amostra. Observa-se ainda um 
alto teor de cálcio, 27%, relacionado com o teor de cal presente nessa 
composição. Quando se observam as argamassas subsequentes, ou seja, a que 
estava no meio e na parte interna, próxima à estrutura de concreto, observa-se 
um teor de sílica muito similar, em torno de 73% e um teor de cálcio em torno de 
13%. Isso indica que as argamassas internas devem apresentar maiores teores 
de areia do que a parte externa e menor teor de cal. Além disso, realizou-se a 
avaliação química das 3 argamassas em conjunto (mistura) e pôde-se verificar 
que o teor de sílica continua o mais elevado, 64% e que o teor de cálcio encontra-
se em torno de 18%. 
Em termos de ferro, observa-se que as amostras mais internas apresentam maior 
teor de ferro, possivelmente por estarem mais próximas à estrutura em oxidação 
que transfere esse metal para as argamassas. Em relação ao SO3, relacionado 
com a oxidação do SO2, ou seja está associado à poluição automotiva, verifica-se 
que o ornato apresenta um grande acúmulo desse composto e também a parte 
mais externa das camadas de argamassas estudadas nesse embasamento. 
Em termos de ornato, verifica-se um alto teor de cálcio, em torno de 45%, 
apresentando um comportamento similar aos ornatos das demais fachadas. 
 
Tabela 5.4; composição química das argamassas da Rua Antônio Lage. 
 Externo Meio Interno Mistura Ornato 
SiO2 48,4 72,6 73,4 63,5 14,7 
CaO 26,7 13,3 12,3 18,2 45,4 
K2O 0,18 0,10 0,27 0,19 0,16 
MgO 0,41 0,16 0,21 0,28 0,42 
Na2O 0,20 -- 0,28 0,23 -- 
P2O5 0,10 0,04 0,03 0,07 0,03 
Al2O3 1,1 1,1 1,5 1,2 1,5 
SrO 0,08 0,13 0,03 0,05 0,15 
Fe2O3 0,45 0,63 0,86 0,76 0,83 
SO3 2,6 0,15 0,11 0,94 10,3 
TiO2 0,22 0,11 0,15 0,10 -- 
ZnO 0,03 -- -- 0,01 0,02 
ZrO2 0,04 -- -- -- -- 
PF 19,5 11,6 11,1 14,5 26,5 
 
Na tabela 5.5 verifica-se o traço das 3 camadas de argamassas extraídas da Rua 
Antônio Lage, bem como da mistura e do ornato. Observa-se que a amostra mais 
externa apresenta um traço similar a do pavimento térreo principal. As demais 
argamassas, apresentarem uma composição idêntica, com 6 vezes o teor de 
areia e 1 vez o teor de cal, em relação ao cimento. Já em termos de ornato, 
verifica-se um comportamento similar ao ornato da fachada externa, com um teor 
de 2 vezes de cal e 0,5 de areia em relação ao cimento. 
 
40 
 
Tabela 5.5: determinação do traço das argamassas extraídas na Rua Antônio Lage. 
 Externo Meio Interno Mistura Ornato 
Cimento 1 1 1 1 1 
Areia 2 6 6 5 0,5 
Cal 1 1 1 2 2 
 
5.7 Estratigrafia 
 
Primeiramente as lâminas foram observadas em lupa binocular, cujo aumento 
máximo pode chegar a 40X. Infelizmente não há câmera acoplada à lupa, mas 
nela foi possível observar as seguintes características: cor, distribuição e forma 
dos grãos, matriz. 
 
A lâmina da argamassa coletada na parte superior do térreo da fachada 
principal apresenta as seguintes características: argamassa bege de granulação 
média em contato com argamassa branca de granulação fina. A argamassa bege 
é mais próxima à parte interna da fachada. Possui cristais de quartzo de várias 
granulometrias, a maioria com arestas arredondadas. Os cristais maiores estão 
fraturados. Há alguns cristais brancos, de feldspato, que reagiram com a 
argamassa e englobam alguns grãos de quartzo. A matriz é uma massa difusa de 
pequenos cristais de quartzo com cal. Alguns cristais de quartzo apresentam 
cavidades, provavelmente partes arrancadas durante a confecção da lâmina. 
 
A argamassa branca é mais fina, com grãos de quartzo menores em matriz de 
cal. Como essa é a camada em contato com o ar ocorrem óxidos em algumas 
partes formando manchas castanhas. 
 
A lâmina da argamassa coletada na parte inferior do térreo da fachada 
principal apresenta as mesmas características, mudando apenas a cor da 
argamassa: argamassa bege clara e argamassa branca. 
 
41 
 
 
Figura 5.24: Minerais constituintes da argamassa (aumento de 5X). 
42 
 
 
 
 
 
Figura 5.25 (a): Luz transmitida (aumento de 2,5X) Figura 5.25 (b): Luz polarizada (aumento de 2,5X) 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5.26 (a): Luz transmitida (aumento de 2,5X) Figura 5.26 (b): Luz polarizada (aumento de 2,5X) 
 
44 
 
6. CONCLUSÕES 
 
 
Pôde-se concluir que as argamassas que constituem o prédio da antiga Cia de 
Navegação Costeira, após limpeza, apresentam padrões colorimétricos amarelo 
claro. 
É possível observar que os ornatos apresentam altos teores de cálcio, que foram 
comprovados na identificação de calcita e na presença de maior percentual de cal 
em seu traço. Além disso, observou-se a presença de gesso na composição dos 
ornatos. 
Em termos de argamassas das fachadas e do ornato da sanca observou-se um 
alto teor de silício, comprovado na presença de cristais de quartzo e no maior teor 
de areia em sua composição de traço. 
Além disso, observou-se que os ornatos apresentam maior porosidade e 
capacidade de absorção de água que as demais argamassas, devido, 
possivelmente ao maior teor de cal. 
A primeira amostra coletada na Rua Antônio Lage apresentou um comportamento 
diferenciado das demais fachadas, devido a alguma intervenção no passado. No 
entanto, após nova coleta, observou que sua composição química, mineralógica e 
o traço se adequaram aos valores encontrados nas demais fachadas. 
 
 
7. BIBLIOGRAFIA 
 
? ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1992, 
NBR 12.766/92: rochas para revestimento, determinação da massa 
específica aparente, porosidade aparente e absorção d'água aparente, Rio 
de Janeiro. 
? _______. (1983) NBR 8094/83: Material metálico revestido e não revestido 
– Corrosão por exposição à névoa salina, Rio de Janeiro. 
? _______. (1983) NBR 8095/83: Material metálico revestido e não revestido 
– Corrosão por exposição à umidade, Rio de Janeiro. 
? Frascá, M. H. B. O., Estudos Experimentais de Alteração Acelerada em 
Rochas Graníticas para Revestimento, Tese de Doutorado, Universidade 
de São Paulo, São Paulo, 2003. 
? Frazão, E. B. E Farjallat, J. E. S., Características tecnológicas das 
principais rochas brasileiras usadas como pedras de revestimento, I 
Congresso Internacional da Pedra Natural, Lisboa, 1995, 47 - 58 p. 
45 
 
 
 
 
 
Roberto Carlos da Conceição Ribeiro 
D.Sc., Eng. Químico 
 
 
 
 
 
 
Rosana Elisa Coppedê da Silva 
D.Sc., Eng.ª Geóloga 
 
 
 
 
Francisco Wilson Hollanda Vidal 
Coordenação de Apoio Tecnológico à Micro e Pequena Empresa – CATE