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DANÇA E SUAS CONEXÕES NA ESCOLA 7C A P ÍT U L O S E T E Como os capítulos abordaram, o pro- cesso de ensino- -aprendizagem em dança acontece nos encontros que inte- gram simultaneamente os professores, os estudan- tes, o ambiente escolar, o con- texto histórico, social e cultural, o passado e o presente. Além disso, é interessante quando se compreende a docência pela pers- pectiva de atuação de um professor-pesquisador que, no caso da Dança, é também a de um professor-artista, um performer, o que permite ao docente ser concomitantemente criador e espectador em sua prática. Se, por um lado, há aspectos do conhecimento em Dança sob domínio do professor, há também tantas outras variáveis para serem desvendadas a cada experiência em sala de aula. Mantêm-se em constante diálogo os conhecimentos em Dança, as histó- rias de vida e os projetos profissionais de cada professor, as necessidades e interesses dos estudantes, os compromissos da educação com os direi- tos humanos e com a cidadania. São muitas as relações que compõem o ambiente escolar, como: pro- fessor-professor, professor-história de vida, professor-estudante, estu- dante-estudante, estudante-história de vida, professor-escola, estudan- te-escola, entre outras. Este capítulo estará concentrado em discutir e propor reflexões sobre estas relações com ênfase em dança. Ainda, ao final, serão apresentados alguns desafios vividos pelos professores da área de Dança no contexto escolar, com o intuito de pensar sobre eles, questioná-los e mobilizar ações e formas criativas de superá-los. Mas, antes de começar, cabe refletir sobre os seguintes pontos: 1 Quais as principais tensões e potencializações entre as relações acima des- tacadas? 2 Como você as percebe em sua prática docente? O que pensa sobre isso? Apresentação de dança urbana. Wallace Chuck/Pexels 105 FC_DANCA_g21At_105a116_U2_C7.indd 105FC_DANCA_g21At_105a116_U2_C7.indd 105 1/12/21 10:39 AM1/12/21 10:39 AM CORPO A CORPO A Dança expressa e comunica subjetividades e intersubjetividades, ao mes- mo tempo que as constrói. Por isso, não se pode falar em dança, mas em dan•as. Há tantas danças quanto subjetividades. Daí a importância dada à subjetividade e à intersubjetividade nos processos educativos. Como a Unidade 1 abordou, em Dança isso toma uma grande proporção pelo en- foque primordial no corpo. A subjetividade é concebida como uma forma de construção do saber, caracterizada especialmente pelas experiências, pelas maneiras de expressá-las e ressignificá-las no corpo. Já a intersubjeti- vidade diz respeito ao compartilhamento e à comunicação desses saberes. A correlação entre o “eu” e o outro, assim como entre o “eu” e o mundo, é o que possibilita a não acomodação e a ampliação dos sentidos. Um corpo está constantemente expressando sentimentos, inquietações, desejos, pensamentos, emoções, juízos de valor, etc. Isso se dá de modo consciente ou inconsciente. Mesmo ao dormir, uma pessoa se expressa por meio de sonhos e pelos movimentos que deflagram um pouco os estados corporais. Na prática docente em Dança, é importante estar atento a como cada corpo está se expressando. O olhar cuidadoso para o estudante, mas também para o seu próprio corpo, é fundamental. Se nos pautamos em uma relação de troca, não hierárquica, que pressuponha uma construção colaborativa de conhecimentos, o “estar presente”, sensível, permeável, disponível e criativo é imprescindível. É interessante pensar como a própria relação entre as pessoas já pode ser um processo de partilha e de apropriação de formas de vida. Neste caso, o encon- tro se constitui como uma correlação que pode se dar de infinitas maneiras. No entanto, para os processos de ensino-aprendizagem há modos mais po- tentes de promover tais encontros. Nesse sentido, a empatia é importante para que os processos educativos fluam com maior intensidade, e é dese- jável que se dê de maneira recíproca. Uma educação comprometida com ações sociais e com valores éticos não dispensa compartilhamentos de ex- periências e saberes entre seus principais envolvidos, especialmente entre professores e estudantes. Há que se ter interesse pelo outro e pelos seus modos de viver. Assim, a educação diz respeito a uma relação dialógica. A neurociência traz conhecimentos que ajudam a compreender como a empatia se constrói neurologicamente em relações interpessoais. O neu- rofisiologista Giacomo Rizzolatti e o filósofo da ciência Corrado Sinigaglia (RIZZOLATTI; SINIGAGLIA, 2006) propõem o sistema dos neurônios-es- pelhos. Nesse sistema, a imitação e a imaginação sobre o outro promo- vem uma simulação no corpo, antes mesmo de se ter dado conta disso. A compreensão primordial de qualquer fenômeno seria por meio da ação. Os comportamentos sociais são regulados a partir da capacidade de cada um depreender as expressões dos outros. G o o d S tu d io /S h u tt e rs to c k 106 FC_DANCA_g21At_105a116_U2_C7.indd 106FC_DANCA_g21At_105a116_U2_C7.indd 106 1/12/21 10:39 AM1/12/21 10:39 AM