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Tramas das Linguagens Dança (54)

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DANÇA E SUAS
CONEXÕES NA 
ESCOLA
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Como os capítulos 
abordaram, o pro-
cesso de ensino-
-aprendizagem em 
dança acontece nos 
encontros que inte-
gram simultaneamente 
os professores, os estudan-
tes, o ambiente escolar, o con-
texto histórico, social e cultural, o 
passado e o presente.
Além disso, é interessante quando se compreende a docência pela pers-
pectiva de atuação de um professor-pesquisador que, no caso da Dança, 
é também a de um professor-artista, um performer, o que permite ao 
docente ser concomitantemente criador e espectador em sua prática. 
Se, por um lado, há aspectos do conhecimento em Dança sob domínio do 
professor, há também tantas outras variáveis para serem desvendadas a 
cada experiência em sala de aula.
Mantêm-se em constante diálogo os conhecimentos em Dança, as histó-
rias de vida e os projetos profissionais de cada professor, as necessidades 
e interesses dos estudantes, os compromissos da educação com os direi-
tos humanos e com a cidadania.
São muitas as relações que compõem o ambiente escolar, como: pro-
fessor-professor, professor-história de vida, professor-estudante, estu-
dante-estudante, estudante-história de vida, professor-escola, estudan-
te-escola, entre outras. Este capítulo estará concentrado em discutir e 
propor reflexões sobre estas relações com ênfase em dança. Ainda, ao 
final, serão apresentados alguns desafios vividos pelos professores da 
área de Dança no contexto escolar, com o intuito de pensar sobre eles, 
questioná-los e mobilizar ações e formas criativas de superá-los.
 Mas, antes de começar, cabe refletir sobre os seguintes pontos:
1 Quais as principais tensões e potencializações entre as relações acima des-
tacadas?
2 Como você as percebe em sua prática docente? O que pensa sobre isso?
Apresentação de 
dança urbana.
Wallace Chuck/Pexels
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CORPO A CORPO
A Dança expressa e comunica subjetividades e intersubjetividades, ao mes-
mo tempo que as constrói. Por isso, não se pode falar em dança, mas em 
dan•as. Há tantas danças quanto subjetividades. Daí a importância dada 
à subjetividade e à intersubjetividade nos processos educativos. Como a 
Unidade 1 abordou, em Dança isso toma uma grande proporção pelo en-
foque primordial no corpo. A subjetividade é concebida como uma forma 
de construção do saber, caracterizada especialmente pelas experiências, 
pelas maneiras de expressá-las e ressignificá-las no corpo. Já a intersubjeti-
vidade diz respeito ao compartilhamento e à comunicação desses saberes. 
A correlação entre o “eu” e o outro, assim como entre o “eu” e o mundo, é o 
que possibilita a não acomodação e a ampliação dos sentidos.
Um corpo está constantemente expressando sentimentos, inquietações, 
desejos, pensamentos, emoções, juízos de valor, etc. Isso se dá de modo 
consciente ou inconsciente. Mesmo ao dormir, uma pessoa se expressa 
por meio de sonhos e pelos movimentos que deflagram um pouco os 
estados corporais.
Na prática docente em Dança, é importante estar atento a como cada 
corpo está se expressando. O olhar cuidadoso para o estudante, mas 
também para o seu próprio corpo, é fundamental. Se nos pautamos em 
uma relação de troca, não hierárquica, que pressuponha uma construção 
colaborativa de conhecimentos, o “estar presente”, sensível, permeável, 
disponível e criativo é imprescindível.
É interessante pensar como a própria relação entre as pessoas já pode ser um 
processo de partilha e de apropriação de formas de vida. Neste caso, o encon-
tro se constitui como uma correlação que pode se dar de infinitas maneiras.
No entanto, para os processos de ensino-aprendizagem há modos mais po-
tentes de promover tais encontros. Nesse sentido, a empatia é importante 
para que os processos educativos fluam com maior intensidade, e é dese-
jável que se dê de maneira recíproca. Uma educação comprometida com 
ações sociais e com valores éticos não dispensa compartilhamentos de ex-
periências e saberes entre seus principais envolvidos, especialmente entre 
professores e estudantes. Há que se ter interesse pelo outro e pelos seus 
modos de viver. Assim, a educação diz respeito a uma relação dialógica.
A neurociência traz conhecimentos que ajudam a compreender como a 
empatia se constrói neurologicamente em relações interpessoais. O neu-
rofisiologista Giacomo Rizzolatti e o filósofo da ciência Corrado Sinigaglia 
(RIZZOLATTI; SINIGAGLIA, 2006) propõem o sistema dos neurônios-es-
pelhos. Nesse sistema, a imitação e a imaginação sobre o outro promo-
vem uma simulação no corpo, antes mesmo de se ter dado conta disso. A 
compreensão primordial de qualquer fenômeno seria por meio da ação. 
Os comportamentos sociais são regulados a partir da capacidade de cada 
um depreender as expressões dos outros.
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