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figuração seja perceptível nos procedimentos e na finalidade, além de ser bem definida. O traba- lho deverá envolver a todos e contar com o es- forço e colaboração de cada integrante do gru- po, fomentando reflexões, discussões e ações condizentes com o projeto. O projeto deve ser visto como outra forma de conceber a gestão do ensino-aprendizagem. As instituições que a tomam como prática educati- va não seguem, necessariamente, o mesmo ro- teiro ou o mesmo modo de conduzi-la. Muitas vezes, apresentam divergências verificadas até mesmo pela discordância em relação ao modo de pensar a educação. A metodologia de proje- to tem como um dos elementos preponderan- tes o fato de abranger todas as disciplinas de forma interseccionada, o que leva o estudante a elaborar suas pesquisas de forma ampla, vi- vendo um espaço pedagógico instigante e ino- vador. A concepção de um projeto pode estar circunscrita às várias linhas interdisciplinares (multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, in- terdisciplinaridade, transdisciplinaridade). Ao planejar o projeto é importante ter algumas questões em mente, como: que tipo de pergunta devemos propor para que, além de problemati- zar, ela seja significativa e efetiva no aprendizado dos estudantes? Como essa pergunta é transfor- mada em um projeto? Como ocorre o protago- nismo dos estudantes durante a condução do projeto? Como eles se referenciam e como cons- troem o conhecimento? Como se dá o processo de autorregulação durante o percurso do proje- to? As opções metodológicas, a racionalidade do projeto e as atividades específicas se conectam para gerar um processo consistente? A abordagem de Fernando Hernández e Montserrat Ventura sobre a educação por pro- jetos ressalta que as etapas não são estanques, pois, embora haja passos obrigatórios, o proces- so é aberto para o novo e para a mediação do professor, a quem cabe desenvolver uma atmos- fera de envolvimento, empatia e interesse para o grupo. Os autores destacam também o papel da avaliação diagnóstica no início do processo e da avaliação formativa durante a execução e ao final. A T I V I D A D E 2 PROJETO ACÚSTICO PARA O ESPAÇO ESCOLAR Esta atividade pode ser uma oportunidade de mobiliza- ção não somente dos docentes da área de Linguagens e suas Tecnologias, mas de toda a comunidade esco- lar, dos estudantes de diferentes séries e da gestão. Em todo caso, também pode ser realizado de modo mais simples, por meio de um estudo reflexivo do espaço com ações mais pontuais. Sua complexidade depende- rá de quanto a comunidade vai se comprometer. Para entender e analisar a paisagem sonora da es- cola, vamos abordar, rapidamente, alguns conceitos básicos de Schafer: som fundamental, marca sonora e sinal. Som fundamental é o fundo sonoro, o som que predomina em um ambiente a tal ponto que, normalmente, não detém nossa atenção. No centro de uma metrópole, o som fundamental pode ser o trânsito e, em uma praia, o som do mar etc. Sinal é qualquer som que se destaca sobre o som fun- damental e atrai nossa atenção. Marca sonora é um tipo de evento sonoro que tem algum sentido para um grupo ou uma comunidade, como os sinais e campainhas de uma escola, um som que traz uma significação específica para um grupo ou localidade. MATERIAL Cadernos, gravações e fotos para a realização do registro de pesquisa e planejamento, além de outros tipos específicos de material para ações de conscien tização. PROCEDIMENTOS 1 Faça uma avaliação diagnóstica dos conheci mentos dos estudantes sobre ecologia acústi ca, poluição sonora e como percebem a pre sença dos sons na vida cotidiana e no ambiente escolar. Esse diagnóstico deve auxiliar na ela 183 Objeto3_PNLD21_M_173a184_Unid3_cap09.indd 183Objeto3_PNLD21_M_173a184_Unid3_cap09.indd 183 1/14/21 7:04 PM1/14/21 7:04 PM boração de objetivos e planejamentos de ações que sejam significativas para o grupo em que a atividade é realizada. Portanto, os procedimentos a seguir são sugestões, pois a decisão sobre eles deve ser determinada em diálogo com os estudantes, privilegiando os seus interesses e sendo segui da com flexibilidade. 2 Oriente os estudantes na realização de uma pesquisa nos ambientes da es cola, propondo atividades de escuta para identificar suas características, sons fundamentais, sinais e marcas sonoras. Os estudantes podem ser divi didos em grupos encarregados de cada um dos espaços. Os planejamentos podem ser feitos com cópias da planta baixa da escola. Em cada um desses espaços os estudantes devem analisar os seguintes pontos: Quais sons apa recem com maior frequência? Quais sons atrapalham e se apresentam como indesejados? Qual é o som fundamental? Existem sinais frequentes? O ambi ente acústico é apropriado para as funções daqueles locais? Exemplo: Como deve ser a paisagem sonora da biblioteca? De um pátio? De uma quadra? 3 A partir desse estudo preliminar, leve os estudantes à reflexão sobre os proble mas relacionados aos ambientes sonoros e sobre como é possível tra balhar em prol de um ambiente salutar, minimizando os ruídos indesejados. Orienteos na elaboração de um roteiro de entrevistas para conversar com todos os membros que frequentam os espaços, mapeando suas opiniões e acatando sugestões. É fundamental escutar a todos: estudantes, funcionários e auxiliares de serviço geral, corpo docente e membros da equipe gestora. Com base nessas informações os estudantes devem fazer um plano de ações para melhorar as condições acústicas dos espaços. Essas ações podem en globar as adequações a serem encaminhadas à gestão, as ações de consci entização, como elaboração de cartazes e performances artísticas, debates sobre ecologia acústica e redução de ruídos. Recomende aos estudantes que pesquisem iniciativas similares para a redução de ruídos e a existência de or ganizações voltadas à ecologia acústica, como a ProAcústica – Associação Brasileira para Qualidade Acústica. Eles podem, ainda, utilizar aplicativos de celulares para fazer a medição dos decibéis dos ambientes, pesquisando a quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como forma de embasar o projeto e consolidar os argumentos. 4 Por fim, os estudantes e docentes envolvidos na atividade devem pôr em práti ca as ações, dialogando com a gestão e até mesmo com o entorno, caso exista algo externo que interfira na paisagem sonora da escola. Podem ser realizadas ações de conscientização e interferências diretas, como modificações na dis posição de móveis de um espaço ou a conciliação de horários de utilização de determinados espaços para atender às necessidades de diferentes grupos. AVALIAÇÃO Além da avaliação diagnóstica inicial, esta atividade deve ter uma avaliação pro- cessual, em todas as etapas, com constantes questionamentos sobre os modos de atuação dos estudantes e demais envolvidos no projeto. A apresentação do projeto para a gestão permitirá uma avaliação do que foi planejado, enquanto cada ação deve ser avaliada e repensada, caso não seja viável ou enfrente alguma dificuldade inesperada. Após a realização de todas as ações, a avaliação consiste em observar e refletir sobre os impactos da aplicação do projeto a curto, médio e longo prazos. 184 Objeto3_PNLD21_M_173a184_Unid3_cap09.indd 184Objeto3_PNLD21_M_173a184_Unid3_cap09.indd 184 1/14/21 7:04 PM1/14/21 7:04 PM