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orientações sobre esta atividade.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
1. Associar antigas senzalas e quilombos às favelas 
contemporâneas é comum aos estudiosos e tam-
bém aos artistas, em poemas e canções. Pensando 
nessa relação, procure as letras das canções “Boa 
esperança”, de Emicida (2015), e “Das senzalas, as 
favelas”, de Zeca Brasil e Getúlio Marques (1997). 
Depois, identifique a crítica das duas músicas e 
relacione-as às questões a seguir.
a) Em quais níveis se dá a associação entre antigas 
senzalas e quilombos e favelas? Por quais motivos?
b) Quais foram e quais poderiam ter sido os per-
cursos das populações de ex-escravizados no 
contexto pós-abolição no Brasil?
c) Com base nas respostas às questões anteriores, 
quais outros exemplos relacionados à desigual-
dade racial você identifica em seu cotidiano?
Durante o longo período da escravidão, coube 
aos senhores provisionarem habitação para a po-
pulação escravizada, que comumente era alojada 
em senzalas. Depois da abolição, providenciar es-
paços de habitação para a população negra não foi 
alvo da preocupação do Estado brasileiro. 
Nas grandes cidades, atribuiu-se o surgimento de 
algumas favelas (como o Morro da Providência, no 
Rio de Janeiro) ao fluxo dessa população, cuja relati-
va liberdade consistia em ir e vir sem prestar contas a 
seus senhores ou ser alvo da perseguição de um capi-
tão do mato. 
À esquerda, o Morro da Providência, 
primeira favela do Rio de Janeiro 
(RJ), no início do século XX, c. 1920; 
à direita, o Morro da Providência 
atualmente, no século XXI, em 2019.
Essa não é a única explicação para o surgimento de 
favelas, mas pode-se afirmar que a territorialização im-
posta aos negros, que rumaram para essas localidades 
formando enormes comunidades foi um importante 
fator da segregação racial no Brasil ao definir territó-
rios a partir de relações sociais e espaciais de exclusão. 
O pós-abolição definiu e circunscreveu o lugar geo-
gráfico das populações negras na cidade: dali emergiu 
uma sociedade profundamente marcada pela raciali-
zação e pela exclusão. Um reflexo disso nos dias atuais 
é a ocupação majoritária das periferias urbanas por 
populações afrodescendentes.
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TEMA 3
 
A lenta substituição do 
trabalho escravo
A segunda metade do século XIX, mesmo antes da abolição da escravidão, 
em 1888, representou um período de profundas mudanças no Brasil, enten-
dido como de transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado. Esse 
também foi um período de importantes transformações socioeconômicas no 
campo e na cidade. 
Os debates em torno da abolição também se voltaram para a substituição 
do trabalho escravo. Como realizar a transição de um tipo de trabalho para 
outro? Com os trabalhadores nacionais livres e libertos? Com estrangeiros?
Já em meados do século XIX ocorreu uma queda importante do número 
de trabalhadores escravizados, sobretudo pela diminuição do tráfico negreiro 
transatlântico de 1850 e pelo aumento de seu preço – problemas que não se 
resolviam com o tráfico interprovincial. Esse movimento antecedeu e se deu 
conjuntamente com o crescimento do comércio internacional, entre o Brasil e 
os países europeus, no qual produtos como o café eram altamente valorizados. 
A produtividade e a circulação do café foram beneficiadas pelas inovações tec-
nológicas nas lavouras, pelo surgimento das ferrovias e pela utilização de navios 
a vapor transatlânticos.
A cultura do café, baseada no sistema escravista, demandava uma mão de 
obra que começava a se escassear com as políticas que dificultavam o tráfico 
negreiro, o que foi potencializado pela abolição. Nas décadas que antecederam 
o 13 de maio, o preço dos escravizados aumentou significativamente.
Estado de São Paulo: diminuição da população 
escravizada nos anos que antecederam a abolição
Popula•‹o
Ano Total Escravizada (A) Livre (B) % (A/B)
1836 284 312 78 013 206 299 37,82%
1854 417 149 117 731 299 418 39,32%
1874 837 354 156 582 680 772 23,0%
1886 1 221 380 106 665 1 114 715 9,57%
Fonte: elaborado com base em FRANÇA, Thiago de Novaes. A substituição da mão de obra 
escrava e a opção pela Grande Imigração no Estado de São Paulo, 
Dissertação (Mestrado em Economia) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
São Paulo, 2008. p. 92 apud SPINDEL, 1979, p. 68.
Os professores de História e de Geogra�a são indicados, 
prioritariamente, para o trabalho deste segmento.
Dica
As ferrovias foram um 
dos símbolos do pro-
gresso no século XIX, 
contribuindo para o 
fluxo interno de pes - 
soas e mercadorias en-
tre as províncias e para 
o mercado agroexpor-
tador. O transporte flu-
vial não dava conta do 
escoamento da produ-
ção agrícola. Nesse sen-
tido, a construção das 
ferrovias complemen-
tou as necessidades do 
sistema de navegação 
fluvial, em um proces-
so que envolveu traba-
lhadores escravizados 
e livres. Um estudo de 
caso desse processo 
pode ser lido em:
SOUZA, Robério Santos. 
“Se eles são livres ou 
escravos”: escravidão e 
trabalho livre nos can-
teiros da estrada de 
ferro de São Francis-
co (Bahia, 1858-1863). 
Salvador: EDUFBA, 2011. 
Disponível em: http://
repositorio.unicamp.br/
jspui/bitstream/REPO 
SIP/280990/1/Souza_
RoberioSantos_D.pdf. 
Acesso em: 12 ago. 2020.
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