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AO JUÍZO DA ... VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE PASSO FUNDO/RS. LETICIA DOS SANTOS, menor, impúbere, representada neste ato por sua genitora PAULA DOS SANTOS, menor, púbere, brasileira, estado civil, secretária, inscrita no CPF ..., assistida por SANDRA MARIA DOS SANTOS, brasileira, estado civil, doméstica, aposentada, inscrita no CPF, residentes e domiciliadas à Rua dos Anjos, 333, bairro Farroupilha, na cidade de Passo Fundo/RS, neste ato, representadas por suas procuradoras, Caroline Albuquerque, OAB/RS ..., e Emily Moura, OAB/RS..., vem propor AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE C/C ALIMENTOS PROVISÓRIOS em face de ALEXANDRE LUXEMBURGO, brasileiro, estado civil, bancário, inscrito no CPF ..., endereço eletrônico ..., residente e domiciliado à Rua Lucas Araújo, bairro Centro, na cidade de Passo Fundo/RS, pelos fatos e fundamentos a seguir. 1. DOS FATOS A genitora Paula dos Santos manteve relacionamento amoroso com o réu durante dois anos, da qual adveio a autora Letícia, atualmente com 01 ano de idade, nascida em 02/01/2023. Com a notícia da gravidez, o réu se afastou e não reconhece a autora como sua filha. A genitora não possui condições de arcar com os custos para alimentação, roupas e educação da criança, considerando que aufere mensalmente a quantia de R$1.500,00, como secretária. Além disso, não alcançou a maioridade e reside com sua genitora Sandra. Em relação ao réu, sabe-se que é bancário, auferindo a quantia de R$9.000,00 mensais, o que comprova sua condição em auxiliar na criação da autora. Dessa forma, resta a autora recorrer ao poder judiciário para que seu direito de reconhecimento do estado de filiação e alimentos seja plenamente garantido. 2. DO DIREITO 2.1 DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA A autora, sob responsabilidade de sua genitora, não dispõe de condições financeiras para arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, conforme documentos em anexo. Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a AJG à requerente. 2.2 DO RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE O direito da autora vem primordialmente amparado no Estatuto da criança e do Adolescente em especial em seu Art. 27 do ECA. Tal artigo consubstancia a pretensão da autora, visto que se trata de direito indisponível e imprescritível, da mesma forma que amparada pela Lei nº 8.560 de 1992, que dispõe em seu artigo 2º-A: Art. 2ºA. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório. No presente caso, tem-se que a renúncia do réu no exame de DNA já configura presunção da paternidade, razão pela qual deve ser viabilizado para que proceda com o exame de DNA em juízo, ou, o reconhecimento da paternidade, conforme precedentes sobre o tema: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INVESTIGATÓRIA DE PATERNIDADE CUMULADA COM ALIMENTOS GRAVÍDICOS. NASCIMENTO DO ALIMENTADO NO CURSO DA DEMANDA. AUSÊNCIA INJUSTIFICADA PARA REALIZAÇÃO DO EXAME DE DNA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 301 DO STJ. PRESUNÇÃO DA PATERNIDADE. SENTENÇA MANTIDA. COM BASE NA SÚMULA 301 DO STJ E NO ART. 232 DO CÓDIGO CIVIL, TÊM-SE QUE A RECUSA INJUSTIFICADA POR PARTE DO INVESTIGADO, EM REALIZAR O EXAME DE DNA, FAZ PRESUMIR A VERACIDADE ACERCA DA ALEGADA PATERNIDADE. NO CASO, O RÉU/APELANTE TINHA PLENA CIÊNCIA DA PRESENTE AÇÃO INVESTIGATÓRIA E, AGENDADA POR DUAS VEZES A PERÍCIA MÉDICA, NÃO COMPARECEU, SENDO QUE NA ÚLTIMA OPORTUNIDADE NEM JUSTIFICATIVA APRESENTOU. O DIREITO À FILIAÇÃO DIZ COM A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, DE MODO QUE OS INTERESSES DO MENOR NA AÇÃO INVESTIGATIVA RECEBEM PRIMORDIAL PROTEÇÃO. ASSIM, VAI MANTIDA A SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DO PLEITO. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível, Nº 50003396520128210009, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em: 22-02-2024) Trata-se, portanto, do necessário reconhecimento de paternidade para que a criança tenha condições de requerer seus direitos necessários para um desenvolvimento saudável e o devido amparo legal. 2.3 DOS ALIMENTOS Após analisadas todas as circunstâncias que cercam a presente demanda, importa ao réu responder ao pleito da autora quanto aos alimentos. A lei estabelece os parâmetros a serem seguidos para que a prestação de Alimentos seja firmada, devendo atender ao binômio necessidade/possibilidade. A criança tem resguardados os direitos inerentes à pessoa humana no escopo dos artigos 227 e 229 da Constituição Federal/1988. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. Assim, considerando que o réu mantém hoje, um emprego apto a garantir sua subsistência e da menor, é de bom alvitre que os alimentos provisórios sejam mantidos, ou seja, 30% do seu salário base. 2.3.1 DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS Diante de provas que serão realizadas oportunamente suficientes a comprovar o parentesco, em especial a presunção de paternidade pela recusa em realizar o exame de DNA, fica configurado o direito ao pedido de alimentos provisórios, para fins de garantir o sustento da menor enquanto pendente o litígio, por força da lei 5.478/68 que dispõe sobre a Ação de Alimentos, in verbis: Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita Art. 13, § 3º. Os alimentos provisórios serão devidos até a decisão final, inclusive o julgamento do recurso extraordinário. Trata-se de necessidade inequívoca a ser suprida pela fixação de tal provisão legal, face à dificuldade financeira enfrentada pela genitora da menor. A concessão de alimentos provisórios visa a garantir a observância ao binômio: possibilidade do alimentante e necessidade da alimentanda. Diante de todo o exposto, diante da demonstração inequívoca da necessidade do alimentando e da possibilidade do genitor, requer a concessão imediata ao pagamento de uma pensão alimentícia provisória no importe de 30% (trinta por cento) de seus rendimentos, assim como determina o Art. 4º c/c Art. 13, § 2º, ambos da Lei nº 5.478, de 25.07.1968. 2.4 DA RETIFICAÇÃO DO REGISTRO CIVIL Após o devido reconhecimento da paternidade pleiteada, é devido à autora, conforme direito insculpido na Lei nº 6.015 de 31/12/1973, que em seus artigos 109 e seguintes, abre a possibilidade de retificação dos registros: "Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique assentamento no Registro Civil, requererá, em petição fundamentada e instruída com documentos ou com indicação de testemunhas, que o Juiz o ordene, ouvido o órgão do Ministério Público e os interessados, no prazo de cinco (5) dias, que correrá em cartório." Afinal, trata-se de direito à retificação consubstanciada no reconhecimento da verdadeira filiação biológica. Desta feita, é patente o direito que assiste à autora em ter o seu registro retificado, sendo imperioso concluir-se pela procedência de seu pedido. 3. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a) O recebimento da presente ação; b) A concessão da AJG; c) A fixação de alimentos provisórios em 30% sobre os rendimentos do réu; d) Seja oficiado ao empregador do réu para a implementação do desconto em folha; e) A citação e intimação do réu para comparecer na audiência e, querendo, contestar o pedido; f) A procedênciada ação para: f.1) Tornar definitiva a tutela provisória, fixando alimentos em 30% dos rendimentos do réu; f.2) Declarar a paternidade do réu com a inclusão do seu nome e dos avós paternos na certidão de nascimento da autora... g) A condenação do réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios; h) A produção de provas, principalmente a oral e pericial (DNA). Dá-se à causa o valor de alçada; Nestes termos, pede deferimento. Carazinho, 27 de março de 2024. CAROLINE ALBUQUERQUE OAB/RS ... EMILY MOURA OAB/RS ...