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Texto: BOTELHO DE MESQUITA, José Ignacio. A coisa julgada. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 
Contexto e Resumo: 
CPC/73, Art. 469. Não fazem coisa julgada: 
 
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o 
alcance da parte dispositiva da sentença; 
 
Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da 
sentença; 
 
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida 
incidentemente no processo. 
 
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as 
quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando 
terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se 
houverem sido citados no processo, em litisconsórcio 
necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa 
julgada em relação a terceiros. 
 
CPC/15, Art. 504. Não fazem coisa julgada: 
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o 
alcance da parte dispositiva da sentença; 
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da 
sentença. 
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as 
quais é dada, não prejudicando terceiros. 
 
Art. 504. Não fazem coisa julgada: 
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; 
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença. 
 
Capítulo I: A Coisa Julgada 
1. O ponto de partida. Devemos distinguir entre: (i) Conteúdo da sentença; (ii) Efeitos da sentença; e (iii) Efeitos 
do trânsito em julgado. 
1.1. Conteúdo da sentença. Juízo Lógico. É o que a sentença contém. Para este texto, importa apenas uma parte: 
a sua conclusão. À época, entendia-se que as premissas que operam para essa conclusão não eram recobertas 
pela coisa julgada. 
1.2. Efeitos da sentença. Alterações que a sentença produz sobre as relações jurídicas existentes fora do 
processo. Por via direta, afetam as relações das partes, por via reflexa, as partes e terceiros. 
1.3. Efeitos do trânsito em julgado. São a indiscutibilidade e a imutabilidade da conclusão da sentença. 
Qualidades que a lei atribui á conclusão da sentencia, bem como ao fato (jurídico) do trânsito em julgado. 
2. O conteúdo da sentença. O juiz deve, na sentença, resolver uma série de questões, a resolução de cada uma 
delas deve ser condicionada à resposta de uma questão: O autor tem direito ao que pretende? Teoricamente, 
apenas a declaração principal adquire autoridade de coisa julgada. A esse elemento intitulamos elemento 
declaratório (diferente de efeito declaratório). 
2.1. Conteúdo da sentença de procedência da ação. Acolher o pedido é praticar o ato (manifestação de vontade) 
de que depende a produção do efeito pretendido pelo autor. A sentença que julga procedente uma ação contém 
um ato de inteligência, a que se soma uma manifestação de vontade (Ex.: Condenar o réu, anular o contrato, 
declarar uma obrigação). 
2.2. Conteúdo da sentença de improcedência da ação. Rejeitar o pedido é recusar-se a prestar a manifestação 
de vontade de que dependeria a produção do efeito pretendido. Essa recusa é expressa por meio da declaração 
de improcedência. 
2.3. O objeto sobre o qual recai a autoridade da coisa julgada. O legislador definiu a coisa julgada por negativo. 
Transitada a sentença em julgado, tornam-se imutáveis e indiscutíveis os elementos declaratórios, a 
manifestação de vontade e o juízo de rejeição o pedido. 
3. Efeitos de sentença. Sentenças de improcedência são sentenças que negam a produção dos efeitos pretendidos 
pelo autor. Sentenças de procedência fazem com que estes efeitos se produzam. Ou seja, embora todas as 
sentenças possuam um elemento declaratório, nem todas possuem um efeito. Efeito de sentença é sempre uma 
alteração no mundo do direito. As sentenças de improcedência têm a virtude de manterem inalterada a situação 
existente entre as partes, conservando o status quo. Já as sentenças de procedência alteram a realidade jurídica. 
3.1. Elemento declaratório e efeito declaratório. O interesse na sentença declaratória surge da necessidade 
prática de uma declaração (segundo Chiovenda). O propósito da ação declaratória é que algo se altere com o 
pronunciamento da declaração. Essa alteração consiste no vínculo imposto pela sentença, não só às partes, como 
a terceiros e, especialmente aos órgãos estatais. Este é um efeito jurídico que apenas as sentenças de procdência 
produzem. 
3.2. Propriedades dos efeitos das sentenças. A sentença, quando eficaz, produz efeitos erga omnes. A sentença 
proferida entre legítimos contraditores é eficaz tanto em relação às partes como em relação a terceiros. 
4. Efeitos do trânsito em julgado. Trânsito em julgado é o fato de a sentença não estar mais sujeita a recursos 
ordinários ou extraordinários. Ocorrido isso, o seu elemento declaratório e manifestação de vontade ou juízo de 
improcedência tornam-se imutáveis e indiscutíveis. A esse efeito se intitula coisa julgada material (diferente da 
coisa julgada formal, que é a indiscutibilidade e imutabilidade de uma decisão dentro do próprio processo). 
- Imutabilidade: Proibição de se propor uma ação idêntica a outra já decidida por sentença revestida de 
autoridade de coisa julgada. Impede que um juiz posterior se pronuncie. 
- Indiscutibilidade: Opera em relação a quaisquer processos, em que a decisão do autor dependa do 
julgamento de questão prévia que tenha sido decidida por via principal em processo anterior, entre as 
mesmas partes. O juiz de um segundo processo fica obrigado a tomar a conclusão a que se chegou 
anteriormente como premissa. Obriga o juiz posterior a decidir em conformidade. 
4.1. Indiscutibilidade da conclusão da sentença e efeito declaratório da sentença. Semelhanças e diferenças. 
Apesar de semelhantes, indiscutibilidade e efeito declaratório da sentença possuem diferenças. Efeito 
declaratório é um efeito da sentença, enquanto a indiscutibilidade é um efeito do fato em si do trânsito em 
julgado. Por isso, o efeito declaratório pode surgir antes do trânsito em julgado. 
Além disso, o efeito declaratório entre as partes e terceiros, enquanto a indiscutibilidade afeta apenas as partes. 
Logo, terceiros podem se opor à conclusão da sentença, mas não podem se opor ao vínculo criado pela 
declaração de sua procedência. 
5. Aplicação da teoria proposta. Exemplo prático de uma ação declaratória de nulidade de deliberação geral de 
uma sociedade anônima. Se for procedente, o efeito se operará a todos os acionistas, que ficarão impedidos de 
formular qualquer pretensão jurídica fundada na deliberação nula. Se for improcedente, a conclusão não será 
oponível aos demais acionistas, que ficarão livres para propor ação reconhecendo a nulidade. 
5.1. Julgamento de improcedência e efeito declaratório. Como a sentença de improcedência não produz efeitos, 
a situação jurídica continua m condições de ser alterada pelos efeitos da futura sentença. 
5.2. Conflitos entre vínculos impostos ao juiz. Inocorrência. A sentença só tem força de lei nos limites da lide 
e das questões decididas, logo, qualquer novo litígio já se baseará em nova situação substancial. 
6. Da relação entre eficácia e imutabilidade da sentença. Em princípio, os efeitos da sentença não são 
imutáveis. Enquanto não transita em julgado, seus efeitos podem ser extintos ou modificados por outra decisão. 
Depois que sentença tenha transitada em julgado, seus efeitos só poderão se extinguir ou modificar por ato 
jurídico das próprias partes e não mais das sentenças. 
7. Conclusão. A teoria apresentada mergulha nas raízes Liebman. Na doutrina brasileira, Barbosa Moreira é 
quem mais se aproxima dela. 
 
Capítulo IV: O Efeito preclusivo 
1. Da inserção da questão no contexto da coisa julgada. 
1.1. Alcance positivo e alcance negativo da coisa julgada. O alcance negativo da coisa julgada é a proibição 
de que qualquer juiz decida por coisa semelhante em ação idêntica (exceção da coisa julgada – imutabilidade 
da sentença). Alcance positivo é a obrigação de que um segundojuiz tome como premissa a conclusão da 
sentença anterior transitada em julgado (indiscutibilidade).