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<p>AULA 3</p><p>SISTEMAS ISO 9000 E</p><p>AUDITORIA DA QUALIDADE</p><p>Prof.ª Michela Rossane Cavilha Scupino</p><p>2</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O sistema de gestão busca organizar e centralizar as informações</p><p>referentes à empresa, entre elas suas certificações. Nele, todos os ramos estão</p><p>unidos, facilitando o acesso a arquivos, dados, planilhas e outros tipos de</p><p>documentos importantes.</p><p>A integração dos sistemas de gestão reduz o esforço de tempo e recurso</p><p>financeiro, além de favorecer a organização, que toma ciência de todos os</p><p>processos de certificação em uma só vez. Além desses benefícios, a visão do</p><p>processo como um todo permite que desperdícios sejam evitados, a burocracia</p><p>seja menor, as falhas diminuam e que uma cadeia colaborativa seja construída.</p><p>Quando os processos de certificação são parte de um sistema de gestão</p><p>existe determinado ganho de tempo e de aperfeiçoamento; muitos dos critérios</p><p>avaliados são condizentes com as outras normas, evitando retrabalhos e</p><p>ajudando na realização de ajustes.</p><p>TEMA 1 − SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE</p><p>Conforme comenta Martinelli (2009), o surgimento da gestão da qualidade</p><p>está ligado à própria história humana, já que indica que os conceitos de qualidade</p><p>estão presentes há muito tempo nas relações humanas. É o caso, por exemplo,</p><p>dos artesãos do passado que controlavam os processos da linha de produção,</p><p>buscando entender as necessidades de seus clientes e personalizar os produtos.</p><p>Participavam de todas as etapas, desde a concepção ao pós-venda. Apenas na</p><p>década de 1930 que autores como Shewhart teriam agregado ao conceito de</p><p>qualidade um caráter científico.</p><p>De acordo com Alberton (2003), na década de 1990, os três grandes da</p><p>indústria automotiva americana (General Motors, Ford e Chrysler) desenvolveram</p><p>requisitos para um sistema de qualidade, com o propósito de harmonizar e</p><p>padronizar a qualidade dos produtos por meio de melhoria contínua, da</p><p>confiabilidade do produto (prevenindo defeitos) e da diminuição de custos</p><p>(reduzindo as variações e minimizando o desperdício).</p><p>Atualmente as normas ISO (International Organization for Standardization)</p><p>representam um sistema de gestão da qualidade de forma ampla e com</p><p>abrangência mundial. Essa organização busca promover a normalização dos</p><p>3</p><p>produtos e serviços mediante a institucionalização de normas que certificam a</p><p>qualidade deles pelo mundo.</p><p>Criadas no intuito de instituir um sistema que promovesse a normalização</p><p>de atividades, facilitando a troca de bens e serviços no contexto do comércio</p><p>internacional, as primeiras normas certificavam produtos como tamanhos de</p><p>parafusos e folha de papel; todavia, seu escopo foi expandido e atualmente</p><p>certificam-se diferentes processos e qualquer organização, independentemente</p><p>do porte ou atividade.</p><p>O Comitê Técnico 176 criado pela ISO e que culminou na série de normas</p><p>ISO 9000 foi a alternativa proposta para um selo de aceitação internacional e que</p><p>diminuísse as barreiras comerciais.</p><p>Peres et al. (2010, p. 4) sintetizam a grande aceitação do selo ISO da</p><p>seguinte forma:</p><p>Após o grande sucesso e aceitabilidade da ISO 9.000, foram criadas</p><p>diversas outras normas gerenciais relacionadas à qualidade do ar, da</p><p>água, do solo etc. No mundo empresarial, criou-se o conceito de</p><p>certificação de sistemas de gestão, tornando-se possível comprovar com</p><p>auditorias realizadas por terceiros, a excelência do sistema de gestão</p><p>adotado, e não somente do produto final. […]</p><p>Em 1996 editou as primeiras normas sobre gestão ambiental: a ISO</p><p>14.001 e 14.004, ambas sobre SGA. As primeiras normas da série ISO</p><p>14.000 datam de 1996, e tratam de Sistemas de Gestão Ambiental.</p><p>Desde então, outras normas foram editadas sobre diversos tópicos, tais</p><p>como: auditoria e rotulagem ambiental, e avaliação do ciclo do produto.</p><p>Até abril de 2004 estas formavam um sistema de 25 normas, todas tendo</p><p>por base o ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA).</p><p>O surgimento de outras normas e a revisão das áreas de atuação e</p><p>modelos de sistema de gestão são atividades que vão ao encontro das diretrizes</p><p>da ISO, que busca constantemente o aperfeiçoamento de tais normas e a</p><p>adequação ao mercado. A mais recente atualização ocorreu em 2015 e 2018 e</p><p>abrangeu aspectos relacionados à sua estrutura e terminologias, aos conceitos e</p><p>à própria gestão. Buscou-se refletir as práticas empresariais modernas,</p><p>transformações do ambiente de negócios e tecnologia; manter abordagem por</p><p>processos; incorporar mudanças nas práticas e tecnologia de Sistema de Gestão</p><p>da Qualidade (SGQ) desde a última revisão; proporcionar maior ênfase na</p><p>obtenção de conformidade do produto; e melhorar a compatibilidade com outras</p><p>normas de sistemas de gestão (Chaves; Campello, 2016).</p><p>Mas é importante registrar os benefícios que a organização possuirá com</p><p>a implementação de um sistema de gestão da qualidade. Uma vez que este esteja</p><p>certificado, entende-se que ela reúne condições de fornecer determinado nível de</p><p>4</p><p>qualidade e que seus processos partem de um pressuposto de melhoria</p><p>continuada; assim, há maior confiabilidade dos produtos e serviços recebidos,</p><p>posto que a qualidade está presente em seu cotidiano. Também se reduzem</p><p>riscos, desperdícios e custos, considerando o ciclo de vida do produto ou serviço</p><p>prestado. Na Figura 1, podemos observar vantagens do SGQ.</p><p>Figura 1 – Vantagens do Sistema de Gestão de Qualidade</p><p>Conforme indica a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT,</p><p>2015a), a aplicação da abordagem de processo em um SGQ proporciona:</p><p>• entendimento e consistência no atendimento a requisitos;</p><p>• consideração de processos em termos de valor agregado;</p><p>• atingimento de desempenho eficaz de processo;</p><p>• melhoria de processos baseada na avaliação de dados e informação.</p><p>A Figura 2 apresenta o esquema que representa qualquer processo e as</p><p>interações de seus elementos.</p><p>Competitividade</p><p>Gestão integrada</p><p>Desempenho</p><p>socioambiental</p><p>Vantagens</p><p>financeiras</p><p>5</p><p>Figura 2 – Representação esquemática dos elementos de um processo individual</p><p>Fonte: ABNT, 2015a.</p><p>Conforme estabelece a ISO (2021) por meio de pesquisa realizada sobre</p><p>certificações no mundo, indica-se que os resultados globais mostram um</p><p>aumento, a partir de 2019, de 18% do número total de certificados. Parte dele se</p><p>deve ao importante crescimento na certificação ISO 45001, publicada em 2018, e,</p><p>consequentemente, tinha um número limitado de certificações na edição anterior</p><p>da pesquisa. Ainda assim, a taxa de aumento para ISO 9001 e ISO 14001 foi</p><p>maior em comparação com anos anteriores (mais 4% para ISO 9001 e mais 12%</p><p>para ISO 14001), principalmente devido a um aumento importante na China.</p><p>TEMA 2 – NORMA ISO 9001: SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE</p><p>A NBR ISO 9001:2015 é uma diretriz que emprega a abordagem de</p><p>processo e a mentalidade de risco. Ademais, ela é baseada nos princípios de</p><p>gestão da qualidade descritos na ABNT NBR ISO 9000 (ABNT, 2015a), que</p><p>consistem em: foco no cliente; liderança; engajamento das pessoas; abordagem</p><p>de processo; melhoria; tomada de decisão baseada em evidência; e gestão de</p><p>relacionamento.</p><p>Essa norma propõe impulsionar a adoção da abordagem de processo no</p><p>desenvolvimento, implementação e melhoria da eficácia de um SGQ; com isso,</p><p>amplia a satisfação do cliente pelo atendimento aos requisitos dele. A diretriz</p><p>também é capaz de compreender de que maneira processos inter-relacionados,</p><p>Fontes de entradas</p><p>Entradas</p><p>Ativida</p><p>des</p><p>Saídas</p><p>Recebedores de</p><p>saídas</p><p>Ponto de chegada Ponto de partida</p><p>PROCESSOS</p><p>ANTECEDENTES,</p><p>por exemplo, em</p><p>provedores (internos</p><p>ou externos), em</p><p>clientes e em outras</p><p>partes interessadas</p><p>pertinentes</p><p>MATÉRIA,</p><p>ENERGIA,</p><p>INFORMAÇÃO,</p><p>por exemplo, na</p><p>forma de material,</p><p>recursos, e</p><p>requisitos</p><p>MATÉRIA,</p><p>ENERGIA,</p><p>INFORMAÇÃO,</p><p>por exemplo, na</p><p>forma de produto,</p><p>serviço e decisão</p><p>PROCESSOS</p><p>SUBSEQUENTES,</p><p>por exemplo,</p><p>em</p><p>clientes (internos ou</p><p>externos) e em</p><p>outras partes,</p><p>interessadas</p><p>pertinentes</p><p>Possíveis controles e</p><p>pontos para</p><p>monitorar e medir</p><p>desempenho</p><p>6</p><p>em forma de sistema, contribuem para a eficácia e a eficiência da organização em</p><p>atingir os resultados pretendidos. Logo, tal abordagem habilita a empresa a</p><p>controlar as inter-relações e interdependências entre processos do sistema, de</p><p>modo que o desempenho global dela possa ser elevado.</p><p>O histórico de criação está pautado na década de 1980, focada na</p><p>necessidade do mercado. Tal perspectiva evoluiu até o formato de 2015, em que</p><p>itens como melhoria continuada e a satisfação do cliente apresentam pesos</p><p>importantes. Na Figura 3, podemos ver a trajetória histórica da ISO 9001.</p><p>Figura 3 – Linha histórica da ISO 9001</p><p>Outra questão é a flexibilidade que a organização tem atualmente de</p><p>adequar seu sistema de gestão à ISO, construindo documentos que possuem</p><p>maior aderência ao contexto corporativo, facilitando sua aplicação e o</p><p>entendimento do processo buscando a melhoria continuada.</p><p>A atual ISO 9001:2015 possui em sua estrutura sete princípios da gestão</p><p>da qualidade, conforme mostra a Figura 4. De acordo com eles, a liderança</p><p>adquire papel central nas discussões e construções para o SGQ; como pilares de</p><p>comportamento da organização, esses princípios compõem o Sistema de Gestão</p><p>da Qualidade, norteando as ações dos envolvidos nela.</p><p>1987</p><p>Foco interno</p><p>1994</p><p>Entendimento</p><p>dos requisitos</p><p>2000</p><p>Foco externo</p><p>2008</p><p>Pequenos ajustes</p><p>2015</p><p>7</p><p>Figura 4 – Princípios da qualidade segundo a ISO 9001:2015</p><p>Fonte: ABNT, 2015a.</p><p>A norma revisada em 2015 apresenta algumas diferenças estruturais em</p><p>relação à de 2008, porém um dos itens com maior peso é a análise de riscos</p><p>voltada ao sistema de gestão da qualidade. De acordo com a ISO 9001:2015, a</p><p>determinação dos riscos é um dos pilares para o planejamento, atuando de forma</p><p>preventiva, substituindo assim requisitos baseados exclusivamente em</p><p>desempenho.</p><p>Houve modificações estruturais entre a versão de 2008 e a de 2015,</p><p>conforme ilustra a Figura 5. Prioritariamente, detalhou-se melhor visando à</p><p>facilidade no entendimento da norma, adicionando itens que não eram bem</p><p>definidos, como riscos e partes interessadas. Um importante avanço também foi</p><p>a mudança de algumas terminologias, favorecendo o entendimento e abrangência</p><p>da norma, como por exemplo “produtos e serviços”.</p><p>Figura 5 – Alterações na ISO 9001:2008 e 9001:2015</p><p>Fonte: ABNT, 2015a.</p><p>Foco no</p><p>cliente</p><p>Liderança</p><p>Competência e</p><p>engajamento</p><p>das pessoas</p><p>Abordagem</p><p>de processos</p><p>Decisão</p><p>baseada em</p><p>informações</p><p>Gestão de</p><p>relacionamento</p><p>Melhoria</p><p>contínua</p><p>8</p><p>Os benefícios da implementação de um SGQ baseada nessa norma</p><p>condizem com a capacidade de prover consistentemente produtos e serviços que</p><p>atendam às demandas do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares</p><p>aplicáveis, bem como demonstrar conformidade com aqueles especificados de</p><p>sistema de gestão de qualidade, facilitar oportunidades para expandir a satisfação</p><p>do cliente e abordar riscos e oportunidades relacionados com seus objetivos.</p><p>TEMA 3 − NORMA ISO 14001: SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL</p><p>As normas da série 14000 correspondem a um Sistema de Gestão</p><p>Ambiental (SGA) editado pela ISO. Essa série apresenta diretrizes para auditorias</p><p>ambientais, avaliação do desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise</p><p>do ciclo de vida dos produtos.</p><p>Conforme expõe a ABNT (2015b), os conceitos de sistema de gestão são:</p><p>a) Sistema de gestão: conjunto de elementos inter-relacionados ou</p><p>interativos de uma organização para estabelecer políticas, objetivos e</p><p>processos para alcançar esses objetivos. Um sistema de gestão pode</p><p>abordar uma única disciplina ou várias. Seus elementos incluem</p><p>estrutura da organização, papéis e responsabilidades, planejamento e</p><p>operação, avaliação de desempenho e melhoria. O escopo de um</p><p>sistema de gestão pode incluir a totalidade da organização, funções e</p><p>seções específicas e identificadas da organização, ou uma ou mais</p><p>funções dentro de um grupo de organizações.</p><p>b) Sistema de gestão ambiental: parte do sistema da gestão usada para</p><p>gerenciar aspectos ambientais, cumprir requisitos legais e outros, e</p><p>abordar riscos e oportunidades.</p><p>Na Figura 6, podemos observar algumas das normas que integram a ISO</p><p>14000.</p><p>9</p><p>Figura 6 – Algumas das normas ISO 14000</p><p>Os objetivos pretendidos com um SGA são criar um roteiro e dar</p><p>alternativas às organizações para, em longo prazo, alcançar seus objetivos e</p><p>gerar desenvolvimento sustentável. Para tal, são abordados os seguintes tópicos:</p><p>• Proteção do meio ambiente com a prevenção ou ações a serem tomadas</p><p>em relação a impactos ambientais infortúnios.</p><p>• Medidas a proceder contra condições ambientais adversas na organização.</p><p>• Suporte à organização em relação a requisitos legais.</p><p>• Aumento do desempenho ambiental.</p><p>• Controle e/ou mudanças no ciclo de vida dos produtos, desde o projeto à</p><p>fabricação do produto final, a fim de prevenir impactos ambientais.</p><p>• Busca por melhoria financeira e operacional nas organizações para que</p><p>possam ser inseridas mais alternativas ambientais. Tais medidas</p><p>contribuem não apenas ao meio ambiente, mas também no posicionamento</p><p>das corporações no mercado.</p><p>• Síntese de informações disponíveis.</p><p>Houve mudanças estruturais entre a versão de 2004 e 2015, conforme</p><p>ilustra a Figura 7. Prioritariamente, foram inseridas configurações claras sobre a</p><p>abordagem de processo e ciclo PDCA, bem como a importância da liderança e</p><p>alta direção, entre outros aspectos relevantes para a qualidade.</p><p>10</p><p>Figura 7 – Alterações na ISO 14001:2004 e 14001:2015</p><p>Fonte: ABNT, 2015b.</p><p>Para as organizações, é vantajoso utilizar o SGA, pois com isso podem</p><p>reduzir os impactos ambientais adversos e aumentar os benéficos. A norma, se</p><p>implementada com comprometimento da alta direção, é eficaz e pode trazer</p><p>efeitos positivos em relação a estratégias, tomadas de decisão e competitividade.</p><p>Dentre os aspectos relacionados, destacam-se avaliação de desempenho</p><p>e melhoriaErro! Indicador não definido. do processo sistemático, independente</p><p>e documentado, para obter evidências da auditoria e avaliá-la objetivamente</p><p>visando determinar a extensão na qual os critérios da auditoria são atendidos</p><p>(ABNT, 2015b). Ainda segundo ABNT (2015b),</p><p>NOTA 1 Uma auditoria interna é conduzida pela própria organização [...]</p><p>ou por uma parte externa em seu nome.</p><p>NOTA 2 Uma auditoria pode ser uma auditoria combinada (combinando</p><p>duas ou mais disciplinas).</p><p>NOTA 3 A independência pode ser demonstrada pela liberdade de</p><p>isenção de responsabilidades pela atividade auditada, ou ausência de</p><p>tendência e conflito de interesse.</p><p>NOTA 4 “Evidências de auditoria” consistem em registros, declarações</p><p>de fato ou outra informação pertinente aos critérios de auditoria e</p><p>verificáveis; e “critério de auditoria” são o conjunto de políticas,</p><p>procedimentos ou requisitos [...] usados como uma referência na qual a</p><p>evidência de auditoria é comparada, como definido na ABNT NBR ISO</p><p>19011:2012, 3.3 e 3.2, respectivamente.</p><p>TEMA 4 – LEVANTAMENTO DOS ASPECTOS AMBIENTAIS</p><p>Conforme ressalta Sanches (2013), a ISO 14001 introduziu o conceito de</p><p>aspectos ambientais nos sistemas de gestão ambiental (SGA). Ainda que o</p><p>entendimento não seja muito fácil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos</p><p>Recursos Naturais Renováveis (Ibama, 2020, p. 13) o apresenta conceitualmente:</p><p>Corresponde a um elemento ou característica das atividades de um</p><p>projeto, que causa alguma expressão no meio ambiente. É inerente à</p><p>atividade, ocorrendo independentemente das características ambientais</p><p>locais ou regionais. Por exemplo, a geração de ruído é inerente ao</p><p>funcionamento de máquinas e equipamentos e ocorrerá</p><p>independentemente das caraterísticas ambientais da área. Os aspectos</p><p>11</p><p>ambientais representam o mecanismo de ligação entre a causa</p><p>(atividade) e a consequência (impacto). Uma atividade pode expressar</p><p>mais de um aspecto ambiental que, por sua vez, pode gerar diferentes</p><p>impactos ambientais [...].</p><p>Impacto ambiental corresponde a qualquer modificação do meio</p><p>ambiente, adversa ou benéfica, que resulte ou possa resultar, direta ou</p><p>indiretamente, das atividades, produtos ou serviços de um</p><p>empreendimento. O impacto ambiental (consequência) resulta da</p><p>interação dos aspectos ambientais da atividade (causa) sobre o</p><p>ambiente receptor (componente). Um mesmo impacto ambiental pode</p><p>estar relacionado a mais de um aspecto ambiental. Como boa prática, a</p><p>declaração dos impactos ambientais relacionados neste documento</p><p>inclui o receptor ou componente ambiental afetado (água, ar, solo, fauna)</p><p>e o sentido da alteração (perda, redução, aumento) sobre esse receptor.</p><p>Essas diretrizes tornam o enunciado conciso e autoexplicativo. O</p><p>levantamento inclui impactos diretos e indiretos, porém todos foram</p><p>conectados diretamente aos aspectos ambientais correspondentes, sem</p><p>explicitar a relação de ordem entre os impactos. Não foram declarados</p><p>os impactos ambientais específicos dos temas tutelados pelos órgãos</p><p>envolvidos, embora os impactos listados possam afetar esses temas.</p><p>Conforme salienta a ABNT (2015b), dentro do escopo definido no SGA, a</p><p>organização deve determinar os aspectos ambientais de suas atividades,</p><p>produtos e serviços, quais ela possa controlar e aqueles que possa influenciar, e</p><p>seus impactos ambientais associados, considerando uma perspectiva de ciclo de</p><p>vida.</p><p>Ao determinar os aspectos ambientais, a organização deve levar em conta</p><p>os que têm ou podem ter um impacto ambiental; há diferentes métodos para isso.</p><p>É necessário um olhar mais atento aos aspectos ambientais significativos que</p><p>resultem em riscos e oportunidades associados.</p><p>A Tabela 1 apresenta um exemplo de análise de aspectos ambientais em</p><p>uma organização.</p><p>Tabela 1 – Exemplo de matriz de aspecto ambiental</p><p>SETOR TAREFA</p><p>ASPECTO</p><p>AMBIENTAL</p><p>DETALHE DO ASPECTO</p><p>Geral</p><p>Instalação do canteiro de obras /</p><p>Produção (onde necessário)</p><p>Desmatamento</p><p>Corte de árvores para preparação da área de</p><p>acampamento / produção</p><p>Os aspectos ambientais devem ser considerados de forma agrupada, não</p><p>necessariamente por individualidades. Segundo orienta a ABNT (2015b), na</p><p>determinação dos aspectos ambientais, a organização pode considerar:</p><p>• emissões para o ar;</p><p>12</p><p>• lançamentos em água;</p><p>• lançamentos em terra;</p><p>• uso de matérias-primas e recursos naturais;</p><p>• uso de energia;</p><p>• emissão de energia (por exemplo calor, radiação, vibração (ruído) e luz);</p><p>• geração de rejeito e/ou subprodutos;</p><p>• uso do espaço.</p><p>Além dos aspectos ambientais diretos, a organização pode estabelecer</p><p>aqueles que pode influenciar; ela determina a extensão de controle que é capaz</p><p>de exercer. A norma (ABNT, 2015b) prevê ainda que os aspectos ambientais</p><p>devem ser relacionados às atividades, produtos e serviços da organização, como:</p><p>• projeto e desenvolvimento de suas instalações, processos, produtos e</p><p>serviços;</p><p>• aquisição de matérias-primas, incluindo extração;</p><p>• processos operacionais ou de fabricação, incluindo armazenamento;</p><p>• operação e manutenção de instalações, recursos organizacionais e</p><p>infraestrutura;</p><p>• desempenho ambiental e práticas de provedores externos;</p><p>• transporte de produtos e prestação de serviços, incluindo a embalagem;</p><p>• armazenamento, uso e tratamento pós-uso dos produtos;</p><p>• gestão de rejeitos, incluindo a reutilização, recuperação, reciclagem e</p><p>disposição.</p><p>Para definir os aspectos, a organização precisará identificar critério</p><p>relacionado com o aspecto ambiental (tipo, tamanho, frequência etc.) ou o impacto</p><p>ambiental (escala, severidade, duração, exposição etc.).</p><p>TEMA 5 – NORMA ISO 45001: SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO</p><p>A norma de Saúde e Segurança no Trabalho é um conjunto de medidas</p><p>que visam tornar o ambiente de trabalho mais seguro, evitando riscos aos</p><p>trabalhadores. Ela pode ser aplicada a qualquer organização, independentemente</p><p>do porte e natureza dos negócios; é também projetada para atuar em conjunto</p><p>com outras normas de gestão existentes na organização (ABNT, 2018).</p><p>13</p><p>A ISO 45001:2018 substituiu a OHSAS 18001 (Occupational Health and</p><p>Safety Assessments Series) que até 2018 cuidada das tratativas do Sistema de</p><p>Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional. Na Figura 8, é possível observar as</p><p>alterações ocorridas entre as normas OHSAS 18001 e ISO 45001.</p><p>Figura 8 – Alterações entre as normas OHSAS 18001 e ISO 45001</p><p>Fonte: elaborado com base em Oliveira, [s.d.].</p><p>Os objetivos pretendidos com a norma (Figura 9) são gerar um ambiente</p><p>de trabalho favorável, que diminua a possibilidade de acidentes, lesões e danos,</p><p>promovendo bem-estar, beneficiando saúde do trabalhador, ao garantir sua</p><p>integridade física (ABNT, 2018).</p><p>Figura 9 – Objetivos da ISO 45001</p><p>Fonte: elaborada com base em ABNT, 2018.</p><p>Desenvolver e implementar uma política de</p><p>SGSSO</p><p>Aumentar a conscientização sobre os riscos</p><p>de saúde e segurança</p><p>Garantir que os trabalhadores tenham um</p><p>papel ativo nas decisões</p><p>Avaliar o desempenho do SGSSO e buscar</p><p>melhorá-lo por meio de ações apropriadas</p><p>14</p><p>A norma contribui para evitar o impacto na vida do trabalhador e sua família</p><p>em caso de acidentes e também evita possíveis custos a serem atribuídos à</p><p>empresa decorrentes dos acidentes (como transporte e assistência médica, e</p><p>paralisação da produção e maquinários). Além disso, auxilia na redução da</p><p>rotatividade de pessoal e diminui as quebras na produção, aumentando o</p><p>desempenho e a produtividade do trabalhador em sua função. Na Figura 10,</p><p>podemos conferir os benefícios da ISO 45001.</p><p>Figura 10 – Benefícios da ISO 45001</p><p>Fonte: elaborada com base em ABNT, 2018.</p><p>Melhoria da capacidade a questões de</p><p>conformidade regulamentar</p><p>Redução de incidentes e custos com</p><p>interrupções, seguros e rotatividade de</p><p>funcionários</p><p>Reconhecimento por alcançar uma certificação</p><p>internacional</p><p>Potencial para novos clientes</p><p>15</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9001:2015. Rio de</p><p>Janeiro: ABNT, 2015a.</p><p>_____. NBR ISO 14001:2015. Rio de Janeiro: ABNT, 2015b.</p><p>_____. NBR ISO 45001:2018. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.</p><p>ALBERTON, A. Meio ambiente e desempenho econômico-financeiro: o</p><p>impacto da ISO 14001 nas empresas brasileiras. 307 f. Tese (Doutorado em</p><p>Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de</p><p>Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.</p><p>ALBERTON, A.; COSTA JUNIOR, N. C. A. Meio ambiente e desempenho</p><p>econômico-financeiro: benefícios dos sistemas de gestão ambiental (SGAs) e o</p><p>impacto da ISO 14001 nas empresas brasileiras. RAC-Eletrônica, v. 1, n. 2, p.</p><p>153-171, 2007.</p><p>CHARLET, L. The ISO Survey. International Organization for Standardization.</p><p>[S.d.]. Disponível em: <https://www.iso.org/the-iso-survey.html>. Acesso em: 30</p><p>abr. 2019.</p><p>CHAVES, S.; CAMPELLO, M. A qualidade e a evolução das normas série ISO</p><p>9000. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 13.,</p><p>Resende, 31 out.-1 nov. 2016. Anais... Resende: AEDB, 2016. p. 1-15.</p><p>IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais</p><p>Renováveis. Guia de avaliação de impacto ambiental. Relação causal de</p><p>referência de sistema de transmissão de Energia. Brasília: Ibama, 2020.</p><p>Disponível em: <https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/noticias/2020/ibama-</p><p>lanca-guia-de-avaliacao-de-impacto-ambiental-para-licenciamento-de-linhas-de-</p><p>transmissao/20201229Guia_de_Avaliacao_de_Impacto_Ambiental.pdf>. Acesso</p><p>em: 13 dez. 2021.</p><p>ISO. International Organization for Standardization. The ISO Survey of</p><p>Management System Standard Certifications – 2020 – Explanatory Note. 2021.</p><p>Disponível em: <https://isotc.iso.org/livelink/livelink/fetch/-</p><p>8853493/8853511/8853520/18808772/0._Explanatory_note_and_overview_on_I</p><p>SO_Survey_2020_results.pdf?nodeid=21899356&vernum=-2>. 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