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<p>Alterações Funcionais da Micção e Fístulas</p><p>A fístula urinária é uma formação anormal de um canal entre a bexiga e outras partes do corpo, como a vagina, o intestino ou a pele. Esta condição resulta em um vazamento incontrolável de urina, podendo causar desconforto, constrangimento e complicações de saúde.</p><p>Segundo prof. Dr. Cássio Andreoni, Fístula é toda a comunicação de um tecido para outro, por exemplo, do trato intestinal para a urina, do cérebro para o nariz, do nariz para a boca ou o ouvido, do nariz para o intestino, enfim, qualquer lugar que possa comunicar duas áreas distintas.</p><p>Tudo isso pode acontecer porque o esófago está localizado ao lado da traqueia e por conta de algum acidente ou doença, eles podem se comunicar.</p><p>Causas da Fístula Urinária</p><p>As causas da fístula urinária podem ser variadas, incluindo:</p><p>Trauma ou lesão: Lesões durante procedimentos cirúrgicos, especialmente cirurgias pélvicas, podem levar ao desenvolvimento de fístulas.</p><p>Complicações obstétricas: Lesões durante o parto, particularmente em partos obstruídos ou prolongados, são causas comuns de fístulas vesicovaginais.</p><p>Exposição à radiação: Pacientes que passam por radioterapia para tratar cânceres pélvicos podem desenvolver fístulas como uma complicação.</p><p>Doenças inflamatórias: Condições como a doença de Crohn podem causar fístulas entre a bexiga e o intestino.</p><p>Tipos de Fístula Urinária</p><p>Existem diferentes tipos de fístulas urinárias, classificadas com base na sua localização e na estrutura com a qual a bexiga está conectada:</p><p>Fístula vesico vaginal: É a conexão anormal entre a bexiga e a vagina, sendo uma das mais comuns em mulheres. E ou pode se dizer que é uma comunicação anómala entre a bexiga e a vagina, sem passar pela uretra, portanto sem o controle do esfíncter:</p><p>· Representam o grupo mais frequente de fístulas uro genitais.</p><p>· A relação anatómica entre a vagina e a bexiga favorece a formação de fístulas por causas iatrogênicas e não iatrogénicas.</p><p>Fístula uretrovaginal: é a comunicação anormal da uretra e vagina.</p><p>Fístula vesicointestinal: Caracteriza-se pela ligação entre a bexiga e o intestino.</p><p>Fístula vesicocutânea: Esta fístula conecta a bexiga directamente à pele, resultando em vazamento de urina para fora do corpo através de uma abertura na pele.</p><p>No sexo masculino, a fístula mais comum é: fístulas entero-vesicais, comunicação de algum órgão do tracto digestivo com a bexiga.</p><p>Cada tipo de fístula urinária apresenta seus próprios desafios e sintomas, e o tratamento pode variar de acordo com o tipo e a gravidade da condição.</p><p>Sintomas Associados</p><p>A fístula urinária, dependendo de sua localização e gravidade, pode manifestar uma variedade de sintomas. Os mais comuns incluem:</p><p>· Vazamento contínuo de urina: Pode ocorrer sem a sensação de urgência para urinar.</p><p>· Infecções urinárias recorrentes: Devido à entrada de bactérias através da fístula.</p><p>· Cheiro desagradável: Originado pela presença constante de urina.</p><p>· Irritação ou infecção na área afectada: Especialmente se a fístula estiver ligada à pele ou à vagina.</p><p>· Presença de gases ou fezes na urina: No caso de fístulas vesico intestinais.</p><p>No que tange aos tipos de fístulas especialmente a Fístula vesico vaginal que é designada pela sigla (FVV) é o tipo mais comum de fístula no trato urinário, podendo decorrer de trauma obstétrico, cirurgia, infecção, doença maligna ou anomalias congénitas. Em países desenvolvidos, resulta geralmente de cirurgias ginecológicas, particularmente histerectomia. Em contraste, nos países em desenvolvimento, a FVV está associada a complicações obstétricas, como trabalho de parto prolongado. Há pelo menos três milhões de pacientes com FVV em países em desenvolvimento, com aproximadamente 33 mil novos casos relatados por ano, apenas na África Subsaariana. Mulheres com fístula vesico vaginal apresentam perda contínua de urina pela vagina, em geral com ausência de micção uretral, o que leva a consequências devastadoras em termos de sua saúde física e psicológica. O tratamento clássico é cirúrgico e a abordagem vaginal é a primeira opção actual.</p><p>Etiologia</p><p>· Trabalho de parto arrastado ou traumático.</p><p>· Cirurgias pélvicas ou trans-vaginais sobre o tracto urinário ou órgãos genitais.</p><p>· Radiação pélvica.</p><p>· Tumores pélvicos (Ca colo).</p><p>· Infecções (por ex: TB; Shistosomiase).</p><p>· Patologias no cólon (Carcinoma, Diverticulite, Doença de Crohn).</p><p>Quadro clínico</p><p>· Incontinência urinária total, que pode ser de esforço.</p><p>· Dor pélvica.</p><p>· ITU.</p><p>· Alterações do hábito intestinal nos casos de fístula entero-vesicais como constipação, distenção abdominal e diarréia.</p><p>Diagnóstico da Fístula Urinária</p><p>Segundo prof. Dr. Cássio Andreoni, O diagnóstico de uma fístula urinária começa com uma avaliação detalhada dos sintomas apresentados pelo paciente e um exame clínico realizado por um médico uroginecologista ou urologista. O histórico médico e cirúrgico do paciente também é essencial para identificar possíveis causas.</p><p>A história clínica e o exame físico de um paciente com fístula urinária são a base do diagnóstico. Além disso, é fundamental identificar a etiologia e avaliar os factores de risco para recorrência de fístula urinária antes de programar o tratamento cirúrgico.</p><p>Exames e Avaliações Clínicas</p><p>Para confirmar a presença e a localização da fístula urinária, diversos exames e avaliações podem ser realizados:</p><p>Avaliação clínica: O médico pode observar e tocar a área afectada para identificar a fístula.</p><p>Cistos-copia: Utiliza um cistoscópio para examinar o interior da bexiga e localizar a fístula.</p><p>Exames de imagem: Como ultra-sonografia ou tomografia computadorizada, que ajudam a visualizar a fístula e determinar sua extensão.</p><p>Teste de corante: Um corante é introduzido na bexiga e, em seguida, verifica-se se há vazamento para identificar a presença e localização da fístula.</p><p>Urografia excretora: Um tipo de raio-X que avalia a função renal e pode ajudar a identificar fístulas.</p><p>Após a realização dos exames, o médico poderá determinar a melhor abordagem de tratamento para o paciente, levando em consideração a localização, tamanho e causa da fístula urinária.</p><p>Tratamento</p><p>O tratamento das fístulas urinárias com medidas conservadoras tem pouca eficiência e a grande maioria das fístulas requer correcção cirúrgica. Esta pode ser feita com abordagens variadas, dependendo da localização da fístula, integridade dos órgãos do trato urinário e da preferência e experiência do cirurgião.</p><p>E também dizer que, A fístula urinária possui diversas opções de tratamento que visam restabelecer a função normal da bexiga e melhorar a qualidade de vida do paciente. A escolha do tratamento depende da localização, tamanho e causa da fístula, bem como da saúde geral do paciente. As opções de tratamento variam desde medicamentos e métodos conservadores até procedimentos cirúrgicos mais invasivos.</p><p>Medicamentos e Terapias</p><p>Antes de considerar abordagens cirúrgicas, os médicos geralmente tentam tratamentos menos invasivos para controlar os sintomas e promover a cura:</p><p>Antibióticos: São frequentemente prescritos para tratar ou prevenir infecções urinárias que podem surgir devido à fístula.</p><p>Medicamentos para controle da dor: Podem ser recomendados para aliviar o desconforto associado à condição.</p><p>Cateterização: Em alguns casos, a inserção de um cateter pode ser necessária para drenar a bexiga e permitir que a área afectada cure. Isso pode ser uma solução temporária enquanto se aguarda uma cirurgia ou como uma abordagem de longo prazo para pacientes que não são elegíveis à cirurgia.</p><p>Estimulação eléctrica: Em determinadas situações, a fisioterapia que utiliza a estimulação eléctrica pode ajudar a fortalecer os músculos ao redor da bexiga e melhorar os sintomas.</p><p>Estimulação da trofia vaginal: são usados hormônios locais e/ou energias de laser ou radiofrequência para melhorar a atrofia da mucosa vaginal facilitando na diminuição da fístula.</p><p>Procedimentos Cirúrgicos</p><p>Quando os tratamentos conservadores não são eficazes ou a fístula é de grande proporção, a cirurgia pode ser a melhor opção:</p><p>Reparo directo da fístula:</p><p>Este é o procedimento mais comum, onde o cirurgião acessa a fístula e a fecha, restaurando a função normal da bexiga.</p><p>Reparo com enxerto de tecido: Em fístulas maiores ou em áreas onde o tecido circundante está danificado, um enxerto de tecido (muitas vezes retirado de outra parte do corpo do paciente) pode ser usado para fechar a fístula.</p><p>Desvio urinário: Em casos extremos, onde a fístula não pode ser reparada, o fluxo de urina pode ser desviado para uma bolsa externa.</p><p>Procedimentos minimamente invasivos: Com o avanço da tecnologia médica, algumas fístulas podem ser tratadas com técnicas menos invasivas, como a laparoscopia, que requer incisões menores e oferece um tempo de recuperação mais rápido.</p><p>É fundamental que o paciente discuta com seu médico as melhores opções de tratamento para o seu caso individual. A decisão deve levar em consideração os benefícios e riscos de cada abordagem, bem como as expectativas e preocupações do paciente.</p><p>Prevenção e Cuidados</p><p>A prevenção e os cuidados adequados são essenciais para evitar o surgimento da fístula urinária ou para minimizar seus efeitos adversos.</p><p>É crucial manter um acompanhamento médico regular, principalmente para aqueles com condições de saúde que possam predispor o surgimento de fístulas. Esse acompanhamento permite identificar precocemente problemas e implementar intervenções adequadas.</p><p>Para aqueles que já foram diagnosticados com fístula urinária ou estão em recuperação após o tratamento, alguns cuidados são essenciais:</p><p>Higiene Pessoal: Manter a área afectada limpa e seca é crucial para evitar infecções e irritações. Trocar regularmente os absorventes ou fraldas e lavar a área com água morna pode ajudar.</p>