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WBA1195_v1.0 Planejamento tributário e infrações tributárias Dolo, fraude e simulação em matéria tributária Dolo, fraude e simulação Bloco 1 Edmo Colnaghi Neves Dolo, fraude e simulação • Dolo: intenção ou assunção do risco de praticar o delito. • Fraude: atitude com o objetivo de enganar, ludibriar e assim obter vantagem indevida. • Simulação: ação conjunta de duas ou mais pessoas com o objetivo de criar situação falsa e assim obter resultado diferente daquele estabelecido por lei; nos temas tributários, são aqueles relativos às obrigações tributárias principal e acessória. Dolo, fraude e simulação Fontes principais de estudo • CTN – Código Tributário Nacional. • Lei Ordinária Federal n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. • Recepção pela Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988. • Recepção como lei complementar. • Função da lei complementar: estabelecer normas gerais de direito tributário (artigo 146, CF). • Lei Ordinária Federal n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990. • Lei de crimes contra a ordem tributária. • Entre outras. Dolo, fraude e simulação • Previsões no CTN, na Lei n. 8.137/1990 e nas leis nacionais, federais, estaduais e municipais ao estabelecer normas sobre os tributos de competência da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. • Premissa: obrigações principal e acessória são estabelecidas por lei. • Lei: decorrência do Princípio da Legalidade. • Dolo, fraude e simulação são violações da lei; violação do Princípio da Legalidade. • Princípio da Legalidade: artigo 5º CF e artigo 97 CTN. Dolo, fraude e simulação • Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei. • Código Penal: não há crime nem pena sem prévia lei que assim os defina (Código Penal, artigo 1º). • CTN, regras de interpretação e integração sobre ilícitos e penalização: a interpretação deve ser mais favorável ao acusado, em caso de dúvida sobre a capitulação legal do fato, a natureza ou circunstância material do fato, natureza da pena e sua graduação. Dolo, fraude e simulação Dolo do agente no ilícito tributário • CTN – Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. • Regra geral: salvo disposição expressa em contrário. • A responsabilidade do agente ou do responsável. • Independência da responsabilidade em relação ao fato de serem efetivas a ação, sua natureza e a extensão de seus efeitos. Dolo, fraude e simulação em matéria tributária Matéria tributária Bloco 2 Edmo Colnaghi Neves Dolo, fraude e simulação • Responsabilidade dos administradores por dolo, fraude e simulação. • Administrador atua de acordo com a lei, o estatuto e o contrato social: responsabilidade da pessoa jurídica. • Administrador atua com dolo, fraude e simulação: responsabilidade pessoal do administrador. • Administradores: conselheiros, diretores, gestores, gerentes, prepostos, mandatários, representantes etc. Dolo, fraude e simulação A denúncia espontânea Benefício Condições CTN – Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Dolo, fraude e simulação: efeitos na ANISTIA CTN – Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando: I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele. II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas. Dolo, fraude e simulação • Evasão e sonegação: práticas ilícitas, infrações, contravenções e crimes tributários. • Elisão fiscal: prática lícita, planejamento tributário, imunidades tributárias, isenções tributárias, incentivos fiscais, estruturas societárias mais apropriadas, contencioso tributário, observância de regimes tributários menos onerosos etc. • Regimes tributários: lucro real, lucro presumido, Simples Nacional. Dolo, fraude e simulação • Regime do Simples Nacional: empresas com faturamento até R$ 4,8 milhões. Carga tributária mais favorável. Simulação: transformação de uma empresa com faturamento acima em várias empresas com faturamento dentro do limite. • Regime do lucro presumido: benefício pela definição do lucro como percentual previsto em lei aplicado sobre o faturamento, conforme o tipo de empresa. • Regime do lucro real: apuração de todas as receitas e despesas para a apuração do lucro; obrigatório para empresas com faturamento acima de R$ 780 milhões. Dolo, fraude e simulação em matéria tributária Crimes materiais/Crimes formais Bloco 3 Edmo Colnaghi Neves Dolo, fraude e simulação • Crimes contra a ordem tributária. • Lei n. 8.137, de 1990. • Crimes materiais: dependem de resultado. • Crimes formais: independem de resultado. • Necessidade de prova do resultado nas ações penais. • Diferença de gravidade e de penalidades. Dolo, fraude e simulação/crimes materiais Lei n. 8.137 – Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias. II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal. III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável. Dolo, fraude e simulação/crimes materiais IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato. V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. Dolo, fraude e simulação/crimes formais Lei n. 8.137 – Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo. II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos. III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal. Dolo, fraude e simulação/crimes formais IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento. V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.Teoria em Prática Bloco 4 Edmo Colnaghi Neves Reflita sobre a seguinte situação Uma determinada empresa produz cosméticos e utiliza insumos para sua produção. Uma parte desses insumos é produzida pelas empresas B, C e D. Para revender aos seus clientes, esses produtos precisam ser industrializados, mediante a inserção em embalagens, processo considerado também uma industrialização pela legislação do IPI. Esse processo de inserção em embalagens é feito pela empresa E. Todas as empresas têm como sócios individuais pessoas da mesma família e atuam em estabelecimentos contíguos. Todas recolhem tributos pelo Regime do Simples, que exige como condição que cada empresa tenha um faturamento no máximo de R$ 4,8 milhões e garante uma tributação menor. O regime tributário adotado leva a alguma infração tributária? Norte para a resolução • O planejamento tributário é feito muitas vezes por meio de reorganizações societárias. • É lícito criar várias empresas com áreas de atuação distintas. • O regime tributário do Simples leva a uma carga tributária menor, mas estabelece várias condições. • Além do limite de faturamento, exige também que as empresas não tenham como sócias outras pessoas jurídicas. Dica do(a) Professor(a) Bloco 5 Edmo Colnaghi Neves Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental Indicação de leitura 1 ACÓRDÃO DO CARF Acórdão: 9303-012.945 Número do Processo: 16004.720317/2016-31 Data de Publicação: 06/05/2022 Contribuinte: SUPRICEL LOGISTICA LTDA. Relator(a): Não informado Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2011 a 30/11/2011 MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. Demonstrado o intuito de sonegação do contribuinte por ter deixado de declarar os débitos em DCTF (art. 71, Lei n.º 4.502/1964), mantém-se a multa qualificada aplicada (art. 44, Lei n.º 9.430/96). SÓCIO-ADMINISTRADOR. INFRAÇÃO A LEI. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Os diretores, gerentes Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e no mérito, em negar-lhe provimento. (documento assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego - Presidente (documento assinado digitalmente) Valcir Gassen - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Tatiana M. https://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/consultarJurisprudenciaCarf.jsf Indicação de leitura 2 ACÓRDÃO DO CARF Acórdão: 9303-012.925 Número do Processo: 12585.720470/2011-18 Data de Publicação: 03/06/2022 Contribuinte: LOUIS DREYFUS COMPANY BRASIL S.A. Relator(a): Não informado Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Ano-calendário: 2011 FRAUDE. DISSIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO. NEGÓCIO ILÍCITO. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa inexistente de fato, com o fim exclusivo de gerar crédito maior que o legalmente admitido, devem os mesmos serem glosados. Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Érika Costa Camargos Autran (relatora) e Tatiana Midori Migiyama, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire. Dica do(a) Professor(a) ACÓRDÃO DO CARF Acórdão: 3302-012.447 Número do Processo: 10845.725892/2014-81 Data de Publicação: 10/02/2022 Contribuinte: OLAM AGRICOLA LTDA. Relator(a): Não informado Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2011 a 30/03/2011 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo demonstrar, por meio de provas hábeis, a composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. FRAUDE NA VENDA DE CAFÉ EM GRÃO. COMPROVADA A SIMULA Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer de parte do recurso. Na parte conhecida, por unanimidade de votos, em negar provimento, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente (documento assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad - Relator Participara. https://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/consultarJurisprudenciaCarf.jsf Referências BRASIL. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte [...]. Brasília: Presidência da República, 2006. BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional [...]. Brasília: Presidência da República, 1976. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília: Presidência da República, 1976. BRASIL. Ministério da Economia. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Acórdãos CARF. Gov.br, 2022. Disponível em: http://idg.carf.fazenda.gov.br/jurisprudencia/acordaos-carf-2. Acesso em: 13 set. 2022. Bons estudos!