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Avaliação clínico-laboratorial aplicado ao módulo: Desordens nutricionais e metabólicas Desnutrição e anemias carenciais Baixos níveis hemoglobina ou hematócrito. Insuficiência da massa de glóbulos vermelhos para o transporte adequado de oxigénio aos tecidos periféricos. Adultos: Avaliação Laboratorial: Permitem a classificação morfológica das anemias e orientação etiológica. Índices Eritrocitários; Volume Corpuscular Médio (VCM); Hemoglobina Corpuscular Média (HCM); Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM); Dispersão do volume corpuscular médio (RDW). Classificação laboratorial das anemias Diabetes tipo 1 e 2 Metabolismo da Glicose A imagem mostra o ciclo do metabolismo da glicose e o papel do pâncreas e do fígado na regulação dos níveis de glicose no sangue, destacando o papel dos hormônios insulina e glucagon. Alta taxa de glicose (após alimentação): Quando há alta concentração de glicose no sangue, as células beta do pâncreas são estimuladas a liberar insulina, que promove a absorção de glicose pelo fígado, onde a glicose é armazenada na forma de glicogênio. A insulina inibe a ação das células alfa, que produzem glucagon. Baixa taxa de glicose: Quando a glicose no sangue está baixa, as células alfa do pâncreas liberam glucagon, que estimula o fígado a quebrar o glicogênio e liberar glicose no sangue. O glucagon inibe a ação das células beta e a liberação de insulina. Esse processo mantém a homeostase glicêmica, equilibrando os níveis de glicose no sangue, crucial para o funcionamento adequado do corpo. A imagem mostra a diferença entre um pâncreas saudável e os tipos de diabetes, em relação à produção de insulina e à resposta celular à insulina. O pâncreas produz insulina normalmente. A insulina permite que a glicose entre nas células através dos receptores de insulina, para que a glicose possa ser usada como energia. Diabetes Tipo 1: O pâncreas não produz insulina (falha na produção de insulina). Como resultado, a glicose não consegue entrar nas células, uma vez que não há insulina disponível para realizar esse transporte. O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, poligênica, decorrente da destruição das células beta pancreáticas, ocasionando, portanto, deficiência completa na produção da insulina. Diabetes Tipo 2: O pâncreas ainda produz insulina, mas as células do corpo são resistentes à insulina. Isso significa que, mesmo com a insulina presente, os receptores de insulina nas células não funcionam adequadamente, impedindo a entrada da glicose nas células. A DM2 é uma doença que cursa primariamente com resistência periférica a insulina, a qual, ao longo do tempo, se associa à disfunção progressiva das células beta. Ou seja, a insulina é secretada, porém, é incapaz de controlar a glicemia. Complicações Fatores que geram hiperglicemia 1. Diminuição da secreção de insulina: O pâncreas não produz insulina suficiente, limitando a entrada de glicose nas células. 2. Diminuição do efeito incretina: As incretinas são hormônios intestinais que estimulam a secreção de insulina após a ingestão de alimentos. Quando seu efeito é reduzido, a produção de insulina cai. 3. Aumento da lipólise: A quebra de gordura libera ácidos graxos no sangue, que podem contribuir para a resistência à insulina, aumentando a glicose sanguínea. 4. Aumento da secreção de glucagon: O glucagon é um hormônio que estimula o fígado a liberar glicose no sangue. A alta secreção de glucagon exacerba a hiperglicemia. 5. Aumento da produção hepática de glicose: O fígado libera mais glicose no sangue, o que aumenta os níveis de glicemia. 6. Disfunção de neurotransmissores: Pode afetar o controle da glicemia pelo sistema nervoso central, agravando a regulação da glicose. 7. Aumento da reabsorção de glicose nos rins: Os rins absorvem mais glicose de volta para o sangue, elevando ainda mais os níveis de glicemia. Papel do GLP1: O GLP1 tem um papel importante no efeito incretina, que promove a liberação de insulina após as refeições e aumenta a saciedade, reduzindo a ingestão de alimentos. Nos pacientes com diabetes tipo 2, o efeito do GLP1 está reduzido, contribuindo para a hiperglicemia e para a dificuldade de controlar a ingestão alimentar. Fatores de risco para o diabetes Diagnóstico e rastreamento do diabetes • Hemoglobina glicada Cetoacidose diabética A cetoacidose diabética é uma complicação grave que pode ocorrer durante a evolução do DM tipos 1 e 2. Apesar de inicialmente ser considerada uma complicação exclusiva da DM1, a literatura tem publicado vários relatos de CAD em indivíduos com DM2, inclusive em idosos acima de 70 anos. A lipólise é um evento essencial na fisiopatologia, pois a liberação de ácidos graxos livres do tecido adiposo sofre beta-oxidação no fígado, se transformando em corpos cetônicos (ácido betahidroxibutírico e acetoacético). A avaliação inicial deve incluir: 1- Glicemia plasmática: >200 mg/dL; 2- Ureia e creatina: encontram-se elevados pela depleção de volume intravascular (IRA prérenal); 3- Cetonemia e cetonúria: presença de corpos cetônicos no sangue e urina; 4- Eletrólitos: • Hipernatremia (pode ser pseudo-hiponatremia), devido ao efeito osmótico da hiperglicemia, que acaba “diluindo” o sódio plasmático, a hipertrigliceridemia também tem esse efeito). • Normo ou hipercalemica (risco de arritmia). • Normo ou hiperfosfatemia. 5- Hemogasometria: Acidose metabólica importante (pH e bicarbonato diminuídos); 6- Leucocitose: em 60% dos casos (atividade adrenocortical – aumento do glicocorticóides). Obesidade, dislipidemia e síndrome metabólica Diagnóstico de dislipidemia Dislipidemia é elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL (high-density lipoprotein) que contribuem para a aterosclerose. As causas podem ser primárias (genéticas) ou secundárias. O diagnóstico é realizado pela medida das concentrações totais de colesterol, triglicerídios e lipoproteínas individuais. Classificação Laboratorial das dislipidemias: As dislipidemias podem ser classificadas de acordo com a fração lipídica alterada em: • Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL). • Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicérides (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). • Hiperlipidemia mista: aumento do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL) e dos TG (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). Se TG ≥ 400 mg/dL, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedewald é inadequado, devendo-se considerar a hiperlipidemia mista quando o não HDL-c ≥ 190 mg/dL. • HDL-c baixo: redução do HDL-c (homens 400 mg/dL, optar por dosagem de LDL-c. Na fórmula de Martin: LDL-c = CT – HDL-c – TG/x onde x varia de 3,1 a 11,9 e o valor de x depende da relação entre colesterol não HDL (não HDL-c) e do TG da amostra do paciente, obtidos em tabela específica. Síndrome metabólica É importante destacar a associação da SM com a doença cardiovascular, aumentando a mortalidade geral e cardiovascular em cerca de 2,5 vezes. Distúrbios da Glândula Tireóide É uma glândula extremamente vascularizada, que produz e armazena hormônios em grande quantidade, os quais participam da regulação do metabolismo de todas as células do organismo. A tireoide é composta por dois tipos principais de células: Foliculares: produtoras de T3 (tri- iodotironina) e T4 (tetraiodotironina ou tiroxina). Parafoliculares (oucélulas C): produtoras de calcitonina (regulador do metabolismo do cálcio no organismo). O eixo hipotálamo-hipófise-tireoide regula a produção dos hormônios tireoidianos, essenciais para o metabolismo corporal. O hipotálamo secreta o hormônio liberador de tireotropina (TRH). O TRH atua sobre a hipófise para estimular a liberação do TSH. A hipófise, sob estímulo do TRH, libera o hormônio estimulante da tireoide (TSH). O TSH viaja pela corrente sanguínea e age diretamente sobre a tireoide. Sob a ação do TSH, a tireoide secreta os hormônios tireoidianos T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). Esses hormônios regulam o metabolismo em vários tecidos do corpo. Os hormônios T3 e T4 são liberados na corrente sanguínea e atuam em diversos tecidos, regulando processos metabólicos, como a taxa de consumo de oxigênio e a produção de calor. Os níveis de T3 e T4 no sangue enviam sinais de feedback negativo para o hipotálamo e a hipófise, inibindo a secreção de TRH e TSH quando suas concentrações estão altas. Esse feedback ajuda a manter o equilíbrio hormonal adequado. Esse mecanismo garante a regulação dos hormônios tireoidianos, que são fundamentais para o funcionamento normal do metabolismo celular. Quando há disfunção nesse eixo, pode ocorrer hipo ou hipertireoidismo. Hipotireoidismo X Hipertireoidismo O hipotireoidismo é uma hipoatividade da tireóide que resulta na produção inadequada dos hormônios tireoidianos e na redução das funções vitais do corpo. Características clínicas: Ganho de peso; Intestino preso; Diminuição dos batimentos cardíacos; Cansaço e sonolência excessivos; Dores musculares; Aumento de colesterol no sangue. O hipertireoidismo é a hiperatividade da tireóide que resulta em níveis elevados de hormônios tireoidianos e aceleração das funções vitais do corpo. Características clínicas: Perda de peso; Suor excessivo e sensação de mais calor; Irritabilidade; Aceleração dos batimentos cardíacos; Intestino solto; Agitação; • Hipotireoidismo e Tireoidite de Hashimoto É uma doença autoimune assintomática nos primeiros meses ou anos de sua instalação, porém, apresenta auto anticorpos que lentamente destroem o parênquima glandular, levando a uma falência progressiva da tireóide. Hipotireoidismo primário: o achado clássico é uma elevação do TSH e redução de T3 e T4 (totais e livres). Nos casos subclínicos, é possível encontrar uma elevação isolada do TSH, com T4 livre normal. Hipotireoidismo central (secundário ou terciário): o achado clássico é um TSH baixo ou normal com T3 e T4 (totais e livres) sempre baixos. (Ressonância para pesquisa de tumores). Anticorpo antitireoglobulina (ATG) e antiperoxidase (TPO): indica um processo autoimune, quase sempre a tireoidite de Hashimoto que laboratorialmente, é marcada pela elevação dos níveis de autoanticorpos anti-TPO. • Hipertireoidismo e doença de Graves Hipertireoidismo pode ser classificado em: Primário: o problema está na própria glândula, e não na hipófise ou no hipotálamo. Secundário: o problema não se encontra na tireoide. A Doença de Graves é a principal etiologia do hipertireoidismo, sendo responsável por até 90% dos casos de tireotoxicose na prática médica. Nessa doença, há a síntese de anticorpos contra receptores de TSH (TRAb), localizados na superfície da membrana da célula folicular da tireoide, gerando aumento no volume e função da glândula. Hormônios tireoideanos: ↓TSH ↑T3 e T4 livre e total.