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FILOSOFIA TOTAL – QUESTIONÁRIO 01 (100% CORRETO) Respostas 1 Questão 1 Atente para a seguinte passagem, que trata do alvorecer da filosofia: “A derrocada do sistema micênico ultrapassa, largamente, em suas consequências, o domínio da história política e social. Ela repercute no próprio homem grego; modifica seu universo espiritual, transforma algumas de suas atitudes psicológicas. A Grécia se reconhece numa certa forma de vida social, num tipo de reflexão que definem a seus próprios olhos sua originalidade, sua superioridade sobre o mundo bárbaro: no lugar do Rei cuja onipotência se exerce sem controle, sem limite, no recesso de seu palácio, a vida política grega pretende ser o objeto de um debate público, em plena luz do Sol, na Ágora, da parte de cidadãos definidos como iguais e de quem o Estado é a questão comum; no lugar das antigas cosmogonias associadas a rituais reais e a mitos de soberania, um pensamento novo procura estabelecer a ordem do mundo em relações de simetria, de equilíbrio, de igualdade entre os diversos elementos que compõem o cosmos”. VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996, p.6/adaptado. Com base na passagem acima, é correto afirmar que a mudança de pensamento do povo grego e originalidade de sua reflexão sobre o cosmo se relacionam às transformações da vida política grega, na qual o debate público por parte de cidadãos iguais substituiu a onipotência do poder real ancorada em mitos de soberania.(Sua resposta) 2 Questão 2 “Como se sabe, a palavra mythos raramente foi empregada por Heródoto (apenas duas vezes). Caracterizar um logos (narrativa) como mythos era para ele um meio claro de rejeitá-lo como duvidoso e inconvincente. [...] Situado em algum lugar além do que é visível, um mythos não pode ser provado.” HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Brasília, Editora da UnB, 2003, p. 37. Sobre a diferença entre mythos e logos acima sugerida, é INCORRETO afirmar que o problema do mythos era limitar-se ao que é visível e, por isso, não podia ser pensado.(Sua resposta) 3 Questão 3 Texto I Eis aqui, portanto, o princípio de quando se decidiu fazer o homem, e quando se buscou o que devia entrar na carne do homem. Havia alimentos de todos os tipos. Os animais ensinaram o caminho. E moendo então as espigas amarelas e as espigas brancas, Ixmucaná fez nove bebidas, e destas provieram a força do homem. Isto fizeram os progenitores, Tepeu e Gucumatz, assim chamados. A seguir decidiram sobre a criação e formação de nossa primeira mãe e pai. De milho amarelo e de milho branco foi feita sua carne; de massa de milho foram feitos seus braços e as pernas do homem. Unicamente massa de milho entrou na carne de nossos pais. (Adaptado: SUESS, P. Popol Vuh: Mito dos Quiché da Guatemala sobre sua origem do milho e a criação do mundo. In: A conquista espiritual da América Espanhola: 200 documentos – Século XVI. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 32-33.) Texto II “Se você é o que você come, e consome comida industrializada, você é milho”, escreveu Michael Pollan no livro O Dilema do Onívoro, lançado este ano no Brasil. Ele estima que 25% da comida industrializada nos EUA contenha milho de alguma forma: do refrigerante, passando pelo Ketchup, até as batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – isso se não contarmos vacas e galinhas que são alimentadas quase exclusivamente com o grão. O milho foi escolhido como bola da vez devido ao seu baixo preço de mercado e também porque os EUA produzem mais da metade do milho distribuído no mundo. (Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida agora vira combustível. Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p. 33.) Com base nos Textos I e II e nos conhecimentos sobre as relações entre organização social e mito, é correto afirmar. Na busca de um princípio fundante e ordenador de todas as coisas, como ocorre na mitologia grega, a narrativa mítica justifica as bases de legitimação de organização política e de coesão social.(Sua resposta) 4 Questão 4 Antes do surgimento do pensar racional- filosófico, os povos antigos possuíam outra forma de explicação do mundo: o pensamento mítico. Considerando as características do conhecimento mítico, atente para o que se afirma a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso. ( ) A mitologia foi a segunda forma de explicação sobre o mundo, sucedendo as explicações fornecidas pelas ciências dos antigos povos, como a agrimensura e a astrologia. ( ) Os mitos eram transmitidos por gerações, principalmente através da forma narrativa e faziam parte da tradição cultural de um povo, não sendo originários da criação por parte de um indivíduo específico. ( ) A mitologia explicava a origem do mundo e dependia da adesão, pelas pessoas, de um conjunto de verdades tidas como inquestionáveis e imunes à crítica. ( ) Baseado, principalmente, nas forças da natureza – physis –, as mitologias antigas, ao contrário das religiões que as sucederam, evitavam o recurso às forças sobrenaturais como fonte de explicação da existência. A sequência correta, de cima para baixo, é: F, V, V, F.(Sua resposta) 5 Questão 5 Atente para a seguinte passagem que expressa uma das mais importantes e longevas formas de explicação e de interpretação do mundo e da vida humana: “Odin é o mais poderoso e mais velho dos deuses. Ele conhece muitos segredos. Abriu mão de um dos seus olhos em troca de sabedoria. Odin tem muitos nomes. É o Pai de Todos, o senhor dos mortos, o deus da força”. Gaiman, Neil. Mitologia nórdica. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018. P. 19-20 (adaptado). Sobre esta forma de explicação da realidade, é correto afirmar que representa a maneira mitológica de explicação da realidade, baseada, essencialmente, na existência de seres sobrenaturais que conduzem a vida humana.(Sua resposta) 6 Questão 6 A passagem que se apresenta a seguir revela uma narrativa mítica em um contexto de explicação e de interpretação do mundo: “Existem novos deuses crescendo nos Estados Unidos, apoiando-se em laços cada vez maiores de crenças: deuses de cartão de crédito e de autoestrada, de internet e de telefone, de rádio, de hospital e de televisão, deuses de plástico, de bipe e de néon. Deuses orgulhosos, gordos e tolos, inchados por sua própria novidade e por sua própria importância. Eles sabem da nossa existência e têm medo de nós, e nos odeiam – disse Odin. – Vocês estão se enganando se acreditam que não. Eles vão nos destruir, se puderem. É hora de a gente se agrupar. É hora de agir”. Gaiman, Neil. Deuses americanos. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2011. P.114-115. Considerando as características do conhecimento mítico e a citação acima, atente para o que se afirma a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso. ( ) A narrativa mítica foi a primeira e mais duradoura forma de explicação do mundo, persistindo até os dias atuais, mesmo que de forma não preponderante. ( ) A interpretação do mundo e dos acontecimentos baseada na existência de divindades supremas reflete a necessidade humana por respostas que nem mesmo a ciência pode dar. ( ) Divindades são criaturas eternas e sobrenaturais. Elas existem, de fato, e não podem ser representadas por objetos ou pessoas. ( ) Persiste, mesmo na sociedade contemporânea, o que era habitual das civilizações totêmicas: o culto de objetos concretos, aos quais se atribui o poder de controle sobre a vida dos indivíduos. A sequência correta, de cima para baixo, é: V, F, F, V.(Sua resposta) 7 Questão 7 Os mitos apresentaram funções específicas na Antiguidade Grega, porém outros significados na sociedade atual. Nesse sentido, analise se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas e se existe relação de causalidade entre elas. Afirmação 1 Embora na atualidade o termo “Mito” corresponda a significados diversos; no mundo antigo grego, a perspectiva mítica esteve fundamentada no ato de questionar tanto os dogmas instituídos para a conduta das pessoas quanto as origens da realidade natural. Afirmação2 Dentre as funções das narrativas míticas, constavam: justificar, tranquilizar e acomodar os seres humanos frente à realidade que se apresentava, inclusive no que diz respeito aos fenômenos da natureza. A alternativa em que as informações estão corretas é a A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.(Sua resposta) 8 Questão 8 Parafraseando o dito de Kant, poderíamos dizer que intuição mítica, sem o elemento formador do Logos, ainda é “cega” e que a conceitualização lógica, sem o núcleo vivo da “intuição mítica” originária, permanece “vazia”. (JAEGUER. W. Paideia: a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p.192.) Sobre essa frase, considere as afirmativas a seguir. I. A imaginação tem um papel fundamental na constituição abstrata de conceitos. II. A Filosofia não surge com o abandono do mito, mas como transposição das estruturas mitológicas para a esfera conceitual. III. A Filosofia contribui com o mito, na medida em que este, por si só, é vazio de sentido. IV. O mito é um estado provisório do pensamento humano até que este atinja a razão. Assinale a alternativa correta. Somente as afirmativas I e II são corretas.(Sua resposta) 9 Questão 9 A divisão entre o mito, por um lado, entendido como uma narrativa fabulosa das origens e que coloca em cena personagens imaginários ou divindades, assegurando a coesão de um grupo social primitivo, e a filosofia, por outro, entendida como discurso explicativo e coerente do logos, remete a pesquisas e estudos, em que o que está em jogo, em ambos os registros, é a veracidade característica do contexto a que pertencem. Com base nessas informações e nos conhecimentos acerca da diferença entre mito e filosofia, assinale a alternativa correta. A distinção entre mito e filosofia tem sua validade porque permite tanto uma compreensão dos mitos em sua lógica quanto uma compreensão da constituição do discurso filosófico em sua racionalidade.(Sua resposta) 10 Questão 10 A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento lento e processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação do real conviveram sem que se traçasse um corte temporal mais preciso. Com base nessa afirmativa, é correto afirmar: A atividade comercial e as constantes viagens oportunizaram a troca de informações/conhecimentos, a observação/assimilação dos modos de vida de outros povos, contribuindo, assim, de modo decisivo, para a construção da passagem do Mito ao Logos.(Sua resposta)