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Direito Constitucional 
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Constitucionalismo
- Conceito (Em sentido estrito): O termo Constitucionalismo geralmente é utilizado com referência a duas ideias básicas: O Princípio da Separação dos Poderes e a Garantia de Direitos, como instrumento de limitação do poder do Estado, consagrados com o objetivo de proteger as liberdades fundamentais. 
Karl Loewenstein: A história do constitucionalismo é a busca pela limitação do poder absoluto. O Constitucionalismo se contrapõe ao absolutismo. 
- Fases do Constitucionalismo: 
Constitucionalismo Antigo: Vai desde a Antiguidade até o final do séc. XVIII. A primeira experiência constitucional. Neste período, é possível identificar quatro experiências principais nas quais existe um conjunto de princípios limitadores do poder do Estado. São elas:
 Estado Hebreu: Primeira experiência constitucional, o Estado era limitado pelos dogmas religiosos, inclusive os soberanos deveriam se submeter a estes dogmas. 
 Grécia
Roma 
Inglaterra 
Características: Constituições consuetudinárias (costumes + precedentes judiciais), Supremacia do Parlamento e alguns Estados são fortemente influenciados pela religião.
Constitucionalismo Clássico ou Liberal: Vai do séc. XVIII até a o fim da 1ª Guerra Mundial. Ocorre o surgimento de constituições escritas, sendo possível identificar duas experiências:
Norte Americana: 
Surgimento da 1ª Constituição escrita (1787), rígida (processo mais solene para a alteração de suas normas) e dotada de supremacia (Formal: A supremacia formal da Constituição, pressuposto indispensável para o controle de constitucionalidade, decorre da rigidez.).
 Criação do controle difuso de constitucionalidade (Madison vs. Marbury em 1803). 
Fortalecimento do Poder Judiciário: Era um poder mais neutro, politicamente neutro, pois havia muita desconfiança com o Poder Executivo e Legislativo Inglês.
 Federalismo (antes eram Estados Unitários)
 Presidencialismo (Na Europa predominava a Monarquia)
 Regime Democrático 
Declaração de Direitos: “Virginia Bill Of Rights” em 1776. 
- Consequência: Responsável por garantir a Constituição, a sua supremacia, fazendo o Controle de Constitucionalidade. 
França: Sua primeira Constituição foi em 1791.
Criação de Constituições escritas regulamentares ou prolixas
Importância atribuída às ideias de separação dos poderes em garantia dos Direitos. Declaração Universal dos Direitos do Homem e de Cidadão de 1789, Art. 16. 
Supremacia do Parlamento: Escola da Exegese, a lei deveria ser aplicada sem interpretação, sob pena de estragar a lei. 
Distinção entre Poder Constituinte (Sieyès - formulador da teoria) Originário e Derivado. 
- Direitos Fundamentais de Primeira Geração ou Primeira Dimensão: “Liberdade”. 
Direitos Civis (livre manifestação, pensamento, locomoção) e Políticos (maior participação no Estado). 
Direitos Negativos (abstenção). Estado não deveria intervir.
Estado de Direito ou Liberal: A primeira institucionalização coerente e com certo caráter geral ocorreu a partir da Revolução Francesa, com o chamado, “État Légal” na França, “Rule of Law” na Inglaterra e “Rechtsstaat” na Prússia. 
Características: 
O Liberalismo Político postula um Estado limitado. No Estado Liberal, os Direitos Fundamentais basicamente correspondem aos Direitos da burguesia, exigindo do Estado uma postura abstencionista. 	
O Liberalismo Econômico postula um Estado mínimo, ou seja, o papel do Estado deve se limitar a defesa da Ordem e Segurança Públicas assim como as atividades que não despertem o interesse da livre iniciativa. 
Constitucionalismo Moderno ou Social: Vai da 1ª Guerra Mundial, até a 2ª Guerra Mundial. Com o fim da 1ª Guerra Mundial, houve uma crise do Liberalismo, em razão de sua impotência diante das demandas sociais que abalaram o séc. XIX.
Constituição Mexicana de 1917
Constituição de Weimar de 1919
 	- Direitos Fundamentais de Segunda Geração: “Igualdade” material. 
Direitos Sociais, Direitos Econômicos e Direitos Culturais.
Direitos Positivos. Exige-se do Estado prestações materiais e jurídicas. 
Garantias Institucionais: São garantias atribuídas a determinadas instituições consideradas fundamentais para a sociedade (funcionalismo público, família, imprensa livre).
Estado Social: Questões que antes eram restritas ao âmbito individual, passam a ser assumidas pelo Estado, que se transforma num verdadeiro prestador de serviços. O modelo de Estado abstencionista é substituído por um modelo de Estado que atua intervindo no âmbito social econômico e laboral. 
Constitucionalismo Contemporâneo ou Neoconstitucionalismo: Surge a partir do fim da 2ª Guerra Mundial.
Princípios eram diferentes de Normas.Reconhecimento definitivo da normatividade da Constituição: Em que pese o constitucionalismo norte americano, sem ter tratado a Constituição como norma jurídica, no constitucionalismo europeu a força normativa da Constituição só passa a ser plenamente reconhecida a partir da segunda metade do séc. XX. As Declarações de Direitos não limitava o Legislativo, e sim dependiam dele para serem obrigatórias. 
Supremacia formal e material da Constituição.
Rematerialização das Constituições: São constituições extremamente prolixas, com vários assuntos, dispositivos, que antes não eram tratados. 
Centralidade da Constituição e dos Direitos Fundamentais (Constitucionalização do Direito): Consagração nas Constituições de um expressivo número de matérias, próprias de outros ramos do Direito; Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais; Interpretação conforme a Constituição. 
Constitucionalismo Contemporâneo ou Neoconstitucionalismo:
 Fortalecimento da jurisdição constitucional e do Poder Judiciário: Esse fenômeno chama-se de “Judicialização das Relações Políticas e Sociais”. Temas que antes ficavam no âmbito social e político agora quem decide é o Poder Judiciário. 
- Direitos Fundamentais de Terceira Geração: “Fraternidade” ou Solidariedade. Art. 4º, 225, 5º, CF. 
Direito ao Desenvolvimento ou Progresso, Direito à autodeterminação dos povos, Direito ao Meio Ambiente, Direito de Comunicação e Direito de Propriedade sob o patrimônio histórico-cultural comum da humanidade. Direitos citados por Paulo Bonavides. Por outros autores: Direito dos Idosos e das crianças, o Direito do Consumidor e a Justiça Transnacional.
Rol meramente Exemplificativo. 
São direitos Transindividuais 
- Direitos Fundamentais de Quarta Geração: Foram introduzidos nos ordenamentos jurídicos em razão da globalização política.
Direito à Democracia (democracia direta): Nesta fase, as Constituições começam a consagrar alguns mecanismos de participação direta. Art. 14, I, II e III da CF. Como o plebiscito (consulta prévia à população), referendo (consulta posterior) e iniciativa popular. Paulo Bonavides. 
Direito à Informação: Abrange três aspectos distintos, como: o direito a informar (Art. 220 a 224, CF), direito de se informar (Art. 5º, XIV) e o direito de ser informado (Art. 5º, XXXIII). Lei 12.527/11, Lei de Acesso à Informação. Habeas Data Art. 5º. 
Direito ao Pluralismo: Foi consagrado pela CF como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, Art. 1ª CF. Em sentido amplo, o Pluralismo Político abrange o Pluralismo Econômico (economia de mercado, distinção de setor público e privado), Pluralismo Partidário (diversidade de partidos e concepções políticas), ideológico, religioso, artístico e cultural. A diversidade tem de ser respeitadas, as diferenças, ao dissenso. 
Visão de José Alcebíades de Oliveira Júnior: Direitos relacionados à Biotecnologia e a Bioengenharia. Ex: identificação genética do indivíduo. 
- Direitos Fundamentais de Quinta Geração: Visão também de Paulo Bonavides. 
Direito à Paz: A colocação deste direito em uma dimensão nova e autônoma tem por finalidade lhe conferir um devido reconhecimento. Segundo Bonavides, a paz é um axioma da democracia participativa, supremo direito da humanidade. Por se um requisito indispensável a convivência humana, o direito à paz deve ser reconhecido pelasConstituições. Possui um caráter prescritivo. Art. 4ª, VI.
Na visa de José Alcebíades, ele menciona: Direitos relacionados à cibernética, à tecnologia da informação e a comunicação de dados. Art. 5º, XII CF. 
Estado Democrático de Direito (alguns autores dizem que esta nomenclatura remete à ideia de “império da Lei”): Também chamado de Estado Constitucional Democrático (remete à ideia de “Supremacia da Constituição”). Pode ter uma ideologia mais liberal ou mais social. Este modelo busca sintetizar as conquistas e superar as deficiências dos modelos anteriores. Quando falamos de Estado Democrático, obviamente esta palavra está associada à democracia, característica básica. Há uma ampliação do direito de sufrágio (direito subjetivo de participação) e dos mecanismos de participação popular direta. O próprio legislador deve respeitar a Constituição. 
Princípios Instrumentais
-Terminologia: 
Diferenças entre Princípios e Regras: São vistos como espécies do gênero norma jurídica. É um assunto já pacificado na doutrina. 
Distinção da Teoria Clássica: De acordo com essa teoria, a diferença é de grau, onde os princípios são considerados mais gerais, abstratos e importantes do que as regras (Celso Antonio Bandeira de Mello). Nesta teoria o Art. 3ª seria uma norma programática. 
 Distinção da Teoria Moderna: Segunda esta teoria, a diferença não é de grau e sim de estrutura (qualitativa). Segundo essa teoria, o conceito se dá: 
Princípios: Os princípios estabelecem metas, impõe a promoção de determinados fins, mas o governo deverá atingir essas metas. (Art. 3º CF). Nesta teoria, o Art. 3º é um princípio. Segundo Robert Alexy: Princípios são mandamentos de otimização, ou seja, são normas que exigem que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes. São compridos, segundo a lógica do “Mais ou Menos”. 
Os princípios fornecem razões “Prima Facie” (razões provisórias), isto é, as razões fornecidas por um princípio poderão ser afastadas no caso concreto para que outras razões de peso maior possam prevalecer. Ex: As cotas, a igualdade material prevalece sobre a igualdade formal. 
Regras: São imediatamente descritivas, são normas que proíbem, impõem ou permitem determinadas condutas. Segundo Robert Alexy as Regras são normas que são sempre satisfeitas ou não satisfeitas. Se uma regra vale, então deve ser feito exatamente aquilo que ela exige (nem mais nem menos).
As regras fornecem razões definitivas, isto é, razões que são decisivas para uma determinada conclusão. 
Alguns autores dizem que os princípios fornecem razões relativas e as regras fornecem razões absolutas.
A diferença de estrutura irá se refletir no modo de aplicação e na forma de solução de conflitos entre estas normas:
Modo de Aplicação: os princípios são aplicados através da Ponderação e as regras através da subsunção. *STF ADPF 101. 
Forma de Solução de Conflitos: no conflito entre dois princípios ocorre na chamada dimensão importância peso-valor, já o conflito entre regras ocorre na dimensão da validade (uma das regras vai ser considerada inválida), onde três critérios serão analisados:
Critério Hierárquico
Critério Cronológico ou Temporal
Critério da Especialidade 
Derrotabilidade ou Superabilidade das Regras: Em determinadas hipóteses excepcionais, existe a possibilidade de que uma regra deixe de ser aplicada a um caso concreto em virtude das razões fornecidas por outras normas serem mais fortes naquela situação. Alguns autores como Humberto Ávila e Ana Paula de Barcellos admitem a ponderação de regras em determinadas situações excepcionalíssimas. Outros, como Robert Alexy, só admitem a ponderação de princípios. 
Postulado Normativo: São metanormas que impõem um dever de segundo grau consistente em estabelecer a estrutura de aplicação e prescrever modos de raciocínio e argumentação em relação a outras normas. 
Metanorma: É uma norma de 2º grau, não resolve o caso concreto, mas define o modo de aplicação princípios e regras, como o Princípio da Proporcionalidade. As regras de 1º grau resolvem o caso concreto. 
- Princípios Instrumentais de Interpretação da Constituição: Konrad Hesse e Friedrich Müller. 
Princípio da Unidade da Constituição: A Constituição deve ser interpretada de forma a evitar conflitos, antagonismos e antinomias entre suas normas. A principal utilização deste princípio é para afastar a tese de hierarquia entre normas originárias de uma Constituição. *STF ADI 4097 (o Art. 14, §4ª violaria o direito ao sufrágio universal, o princípio da isonomia e o princípio da não discriminação. O pedido foi considerado juridicamente impossível). 
Principio do Efeito Integrador: É uma especificação do Princípio da Unidade. Nas resoluções de problemas jurídico-constitucionais deve ser dada primazia a soluções que favoreçam a integração política e social. 
Princípio da Concordância Prática ou Harmonização: Cabe ao intérprete coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito realizando uma redução proporcional do âmbito de alcance de cada um deles.
Princípio da Relatividade ou Convivência das Liberdades Públicas: Não existem direitos absolutos, pois, todos encontram limites em outros direitos (de terceiros) ou em interesses coletivos também consagrados na CF. *STF AI 595395/SP, MS 23452/RJ. Há autores que defendem que a dignidade da pessoa humana seria um direito absoluto. Para Norberto Bobbio alguns direitos excepcionalíssimos teriam direito absoluto, como o Direito a não ser escravizado e nem torturado. 
Princípio da Força Normativa da Constituição: Há uma obra clássica escrita por Konrad Hesse chamada “A força normativa da Constituição”. Na aplicação da Constituição deve ser dada preferência a soluções concretizadoras de suas normas que as tornem mais eficazes e permanentes. No STF tem sido usado na prática, para afastar interpretações divergentes, que enfraquecem a força normativa da Constituição. Desta forma o STF tem admitido a relativização da Coisa Julgada. *STF AI 555806 AGR/SP
Princípio da Máxima Efetividade: Invocado no âmbito dos Direitos Fundamentais, impõe lhe seja atribuído maior efetividade possível para que cumpram a sua função social. O Art. 5ª, §1ª é visto como um instrumento de extração deste princípio. 
Eficácia: A eficácia significa a aptidão (tem capacidade para cumprir os seus efeitos, não necessariamente os cumpre) da norma para produzir os efeitos que lhe são próprios.
Efetividade: Ocorre quando a norma cumpre os fins para os quais foi criada, quando atende a sua função social. Ela está apta e cumpre a sua finalidade. 
Validade: Consiste na compatibilidade de forma e conteúdo de uma norma inferior com o seu fundamento de validade (norma superior). Tem que ser compatível tanto materialmente quanto formalmente com a lei superior (CF). 
 - Afastar interpretação divergente inclusive, com a Relativização da Coisa Julgada. Súm 343 STF. É aplicável ao Princípio da Força Normativa da CF e da Máxima Efetividade.
- A divergência de interpretação entre os tribunais não é motivo para Ação Rescisória. Esta Súmula 343 não se aplica às hipóteses de divergência sobre interpretação constitucional. “Distinguish” (distinção entre a interpretação de texto legal e de texto constitucional). No caso de interpretação constitucional poderá se usar a Ação Rescisória durante o período de 2 anos de cabimento da A.R. É uma forma de conciliar a Segurança Jurídica e essa Relativização.
Princípio da Justeza ou da Conformidade Funcional (agir conforme a função atribuída): Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta o esquema organizatório funcional estabelecido pela Constituição. O principal destinatário deste princípio é o STF, onde limita o seu poder de interpretar a CF, pois cada poder tem suas funções e interpretações. A doutrina usa esse princípio para criticar as decisões do STF, o próprio STF não o usa. *STF RC 4335/AC. 
OBS: Mutação constitucional: A propostade mutação foi no seguinte sentido, a decisão do STF mesmo quando proferida no Controle Difuso teria o efeito Erga Omnes, cabendo ao Senado apenas dar publicidade a esta decisão. RC 4335/AC. Essa Mutação é considerada ilegítima. 
	
Controle de Constitucionalidade
- Supremacia da Constituição: 
Material: A Constituição possui um conteúdo qualitativo diverso das normas infraconstitucionais, e considerado superior ao conteúdo delas. Toda a Constituição independentemente de ser rígida ou flexível possui supremacia material. 
Matérias Constitucionais: Direitos Fundamentais, Estrutura do Estado e Organização dos Poderes. 
Formal: A supremacia formal, que decorre da rigidez, é a espécie de supremacia relevante para fins de Controle de Constitucionalidade. Só tem supremacia formal quando há rigidez constitucional (processo de elaboração mais solene que as leis ordinárias). 
- Parâmetro para o Controle de Constitucionalidade (norma de referência): As normas da Constituição que servem como parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade. 
A CF/88 exceto o Preâmbulo. Segundo o entendimento do STF, o Preâmbulo não tem caráter normativo e, portanto, não serve como parâmetro para o Controle de Constitucionalidade. Tirando o Preâmbulo, todo resto é norma de referência (parte permanente e ADCT). 
Tratado Internacional de Direitos Humanos: Se forem aprovados com quórum de 3/5 em dois turnos terão status de EC. Art. 5º, §3º, CF. No Brasil só temos um T.I.D.H que possui esse status é o Dec. 6949/09. O controle encima deste parâmetro chama-se de Controle de Convencionalidade (o parâmetro é uma convenção internacional). 
O STF adota uma tripla hierarquia destes Tratados Internacionais: RE 466343/SP. No topo estão os T.I.D.H aprovados por 3/5 em dois turnos (mesmo status da Constituição), abaixo temos os T.I.D.H mas que não foram aprovados por 3/5 em dois turnos (possuem status supralegal – acima da lei e abaixo da CF, exemplo é o Pacto São José da Costa Rica) e por último os T.I (com status de lei ordinária). 
- Bloco de Constitucionalidade: Expressão que passou a ser usada pelo Min. Celso de Mello em seus votos. O francês Louis Favoreu utilizou a expressão para se referias as normas com valor constitucional. É muito usada na França. 
Sentido Amplo: Refere-se não apenas às normas formalmente constitucionais, mas também aquelas materialmente constitucionais e ainda a normas infraconstitucionais vocacionadas a desenvolver a eficácia de preceitos da CF. CF, T.I.D.H, preâmbulo e até normas infraconstitucionais (regulamentação legal de uma norma de eficácia restrita).
Sentido Estrito: É utilizada como sinônimo de parâmetro para o Controle de Constitucionalidade. É nesse sentido que o Min. Celso de Melo vem utilizando. *STF ADI 595/ES e ADI 54/PI
- Formas de Inconstitucionalidade: 
Quanto ao tipo de conduta do Poder Público: 
Inconstitucionalidade por Ação: O Poder Público pratica uma conduta comissiva incompatível com a CF. *STF HC 82959
Inconstitucionalidade Por Omissão: O Poder Público deixa de praticar uma conduta exigida pela CF. *STF MI 702. Art. 37, VII da CF ( é uma norma de eficácia limitada). Para esse tipo de inconstitucionalidade usa-se o MI (concreto) e o ADO (abstrato).
Quanto à norma constitucional ofendida: 
Inconstitucionalidade Formal: Também chamada de Constitucionalidade Nomodinâmica (essas normas ofendidas tratam do processo de produção de outras normas, um processo dinâmico).
Propriamente dita: Está relacionada ao processo legislativo
Subjetiva: quando relacionada às autoridades competentes para tomar a iniciativa do processo legislativo. Ex: violação do Art. 61, §1ª da CF. 
Objetiva: quando relacionada às demais fases do processo legislativo. Ex: Art. 60, §2ª da CF. 
Orgânica: Ocorre no caso de violação de norma constitucional que estabelece competência legislativa para tratar da matéria. Ex: a CF estabelece no Art. 22 da CF matérias que são de competência legislativa da União, por exemplo, legislar sobre Direito Penal, se um estado edita uma lei acerca disso, estaremos diante de uma inconstitucionalidade orgânica. 
Por violação de pressupostos objetivos: Ocorre quando há violação de normas que estabelecem pressupostos objetivos para a elaboração de algum ato. Ex: Art. 62 da CF. 
Inconstitucionalidade Material: Também chamada de Nomoestática. Ocorre quando o conteúdo de uma lei é incompatível com o conteúdo de uma norma constitucional que estabelece direitos ou deveres. Ex: STF HC 82959 
Quanto à extensão:
Inconstitucionalidade Total: Ocorre quando a incompatibilidade atinge toda a lei ou todo o dispositivo de uma lei. Geralmente decorre de uma inconstitucionalidade formal, toda a lei está maculada. 
Inconstitucionalidade Parcial: Refere-se apenas a uma parte da lei ou de um determinado dispositivo. É diferente do veto jurídico parcial do presidente (Art. 66 da CF). A inconstitucionalidade parcial pode se dar apenas por uma palavra ou expressão * STF ADI 347/SP. A declaração parcial só é admitida quando a parte do dispositivo ou da lei for autônoma e não alterar o restante da lei ou do dispositivo. *STF ADI 2645-MC
Quanto ao momento: 
Originária: Ocorre quando o objeto impugnado (lei ou ato normativo) é produzido após o parâmetro constitucional invocado. Ex: A CF de 88 foi promulgada em 5 de outubro de 88, uma lei de 1990 é posterior ao parâmetro invocado, se esta lei é incompatível com a CF ela nasceu inconstitucional, tendo então uma inconstitucionalidade originária. 
Superveniente: Também chamada de Não Recepção. Ocorre quando o objeto impugnado é anterior ao parâmetro constitucional invocado. Ex: uma lei foi feita em 80, quando ela foi feita estava de acordo com a CF de 67, só que veio a nova CF e esta que era compatível com a antiga CF, então esta lei se torna incompatível com a nova CF. *STF ADPF 130. Em regra a inconstitucionalidade superveniente é tratada no Direito Brasileiro como uma hipótese de não recepção. No entanto, existe uma hipótese excepcional em que ela é admitida por alguns autores: quando o parâmetro constitucional é anterior, mas, a interpretação conferida a ele e incompatível com o objeto é posterior a este (objeto impugnado). Sustentada por Gilmar Mendes. 
Quanto ao prisma de apuração: 
Direta ou Antecedente: Ocorre quando o objeto impugnado está ligado diretamente à Constituição.
Indireta:
Consequente: Ocorre quando a inconstitucionalidade de um ato (decreto) é decorrente da inconstitucionalidade de outro (lei) ADI 2758.
Reflexa ou Oblíqua: Ocorre nos casos em que existe uma norma interposta (constitucional) entre a CF e o objeto impugnado. ADI 3132 e ADI 996-MC/DF
- Formas de Controle de Constitucionalidade:
Quanto à natureza do órgão:
Controle Jurisdicional: É aquele controle feito por um órgão do Poder Judiciário.
Controle Político: É aquele realizado por qualquer órgão que não tenha natureza jurisdicional. Caracterizado por exclusão. Pode ser feito pelo Poder Executivo, Legislativo ou órgão específico criado para este fim. 
Sistemas: 
Jurisdicional: É aquele adotado nos países em que o Judiciário tem a função precípua de exercer o controle repressivo. Não quer dizer que só o Judiciário exerce essa função, mas ele exerce de forma principal. O Brasil e os EUA.
Político: Adotado nos países em que o controle de constitucionalidade não é atribuído ao Poder Judiciário. Ex: França (jurisdição dualista).
Sistema Misto: Adotado nos países em que o controle de constitucionalidade de algumas leis é atribuído a órgão jurisdicional e de outras a órgãos políticos. Ex: Suíça. 
Quanto ao momento: 
Preventivo/prévio: Pode ser feito pelo Executivo, pelo Legislativo e excepcionalmente pelo Judiciário. 
Esses dois controles reforçam a presunção de constitucionalidade das leis.Poder Legislativo: O controle é exercido pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), todo PL antes de ser votado ele passa por essa comissão, seja no Senado, seja na Câmara. É um parecer terminativo, que pode arquivar o projeto delei que entenda inconstitucional. Acontece em todo projeto de lei.
Poder Executivo: Também acontece em todo o projeto de lei, por meio do veto (Art. 66, §1º CF). Nesse caso, ocorre o veto jurídico, ou seja, o presidente entende que há inconstitucionalidade, se ele entender que contraria o interesse público, o veto será político.
Poder Judiciário: É o único caso de controle preventivo feito pelo Judiciário. No caso de Mandado de Segurança, impetrado por parlamentar (da respectiva casa onde a proposta esteja sendo discutida, se não for, ele não estará tendo um Direito Público Subjetivo violado) por inobservância do devido processo legislativo constitucional. O processo legislativo pode ser previsto: Na Constituição (pode ocorrer somente neste caso, exemplo, o Art. 60, §4ª CF), uma pequena parte em Lei Complementar e outra parte no Regimento Interno. 
Trata-se de um controle concreto ou incidental, pois visa assegurar o direito subjetivo do parlamentar e não a Supremacia da Constituição (hipótese em que qualquer legitimado poderia suscitar). Para alguns autores, como Pedro Lenza, trata-se de um controle concentrado, pois somente o STF teria competência para julgar esse MS. 
OBS: Só a deliberação acerca das Cláusulas Pétreas (tendentes a abolir), já se considera uma violação constitucional.
Repressivo/posterior: Conhecido como controle Típico, cabendo ao judiciário exerce principalmente. Também pode ser exercido pelos três poderes. 
Poder Legislativo: pode ocorrer em três situações. A primeira está no Art. 49, V, CF; a segunda está no Art. 62 da CF e a terceira na Súm. 347 do STF.
Art. 49, V, CFPoder regulamentar do Chefe do Executivo: pode expedir decretos e regulamentos para a fiel execução da lei. Art. 84, IV, CF. Toda ilegalidade é uma inconstitucionalidade.
Edição de Lei Delegada: Art. 68, §2º, CF. Não existe lei delegada após a CF/88. Porém de o presidente exorbitar os limites da delegação, o congresso pode sustar (suspender) esse ato, também. 
Art. 62, CFMedidas Provisórias: Já produzem efeitos imediatamente, portanto, a CF já estaria sendo violada (controle posterior e não prévio). Em caso de Violação de Pressuposto Objetivo. O Congresso se perceber que esses pressupostos não foram respeitados ele pode negar a MP. E Também quanto ao conteúdo Art. 62, CF. 
Súmula 347 STFControle exercido por um órgão auxiliar do Poder Legislativo, o TCU. Súm. 347 do STF. Essa súmula foi criada em 63, época que se iniciava a Ditadura e não exercia controle de constitucionalidade. Gilmar Mendes entende que esta súmula deve ser abandonada. 
Poder Executivo: O chefe do Poder Executivo (governador, prefeito e presidente) pode negar cumprimento a uma lei (sentido amplo) que entenda ser inconstitucional. Para isso, deve motivar e dar publicidade ao seu ato, geralmente se dá através de um decreto. Após da CF/88 que ampliou o rol de legitimados para propor ADIN (incluindo o Governador e o Presidente) alguns autores veem sustentando que não se justifica mais a negativa de cumprimento por estas autoridades. Outros como Gilmar Mendes, defendem que esta possibilidade permanece, mas que por uma questão de coerência juntamente com a negativa de cumprimento, deve ser ajuizada a ADIN. STF AO 1415/SE; STF ADIN 221 MC e STJ Resp 23121/GO. É como se a decisão de mérito em ADIN, ADC e ADPF transformasse a presunção relativa de constitucionalidade em presunção absoluta para o Executivo.
OBS: O Poder Executivo e o Judiciário não se submetem ao Legislativo e sim à Constituição. 
Poder Judiciário: O controle feito pelo Judiciário poderá ser Difuso ou Concentrado. Estudaremos na próxima aula.
Quanto à finalidade do Controle Jurisdicional: 
Controle Concreto/Incidental/por via de exceção ou por via de defesa: Sua finalidade precípua é assegurar Direitos Subjetivos e não a Supremacia da Constituição, mas incidentalmente naquela ação o juiz terá que analisar se aquela lei é inconstitucional ou não. No controle concreto a apreciação da inconstitucionalidade pode ser feita inclusive de ofício. 
Controle Abstrato/Principal/por via direta ou por via de ação: Sua finalidade é assegurar a Supremacia da Constituição, onde a lei é analisada em tese (de uma forma indireta se está assegurando os direitos subjetivos). Quando se fala em processo constitucional objetivo se fala da proteção da ordem constitucional. 
Quanto à competência jurisdicional: Só vale para o Judiciário. 
Na verdade ocorreram duas decisões antes, como: 
Hayburn’s
 case (1792) e 
Hylton’s
 case (1796
)Controle Difuso ou Aberto: É aquele que pode ser exercido por qualquer órgão do Judiciário, dentro de suas atribuições. Também chamado de sistema norte americano (Em 1803, pelo juiz Marshall no famoso caso Marbury X Madison). Essa decisão foi a responsável por estabelecer as linhas teóricas do controle de constitucionalidade. A primeira CF a tratar do Controle Difuso foi a CF de 1891.
OBS: Nos EUA adota-se o “Stare Decisis” as decisões dos tribunais superiores devem ser observadas pelos tribunais inferiores (chamado de “Binding Effect”, o efeito vinculante dentro do judiciário). “Common Law”. No Brasil a decisão do controle difuso não tem esse efeito vinculante, e sim efeito inter partes. Para suprir esse problema, criou-se a competência do Senado para suspender a lei ou ato normativo, Art. 52, X, CF.
Controle Concentrado/Reservado ou Fechado: É aquele cuja competência é atribuída com exclusividade a um determinado órgão jurisdicional. É chamado também de sistema austríaco ou europeu (Surgiu em 1920 por Hans Kelsen, que criou a ideia de tribunal constitucional). No Brasil esse sistema foi introduzido com a EC 16/65, na CF de 1946. 
Quando o parâmetro é a CF: Somente o STF pode exercer esse controle concentrado.
Quando o parâmetro é a CF do estado: Somente o TJ pode exercer esse controle. 
OBS: A CF/88 adota um controle jurisdicional misto ou combinado (difuso + concentrado). Não confundir com a classificação quanto à natureza. 
 A regra é o Controle Difuso-Concreto ou Incidental e Controle Concentrado-Abstrato.
A Exceção é o Controle Concentrado Incidental
 (Hipóteses: ADIN Interventiva Art. 36, III; ADPF Incidental Lei 9882 Art. 1º, §único e MS impetrado por parlamentar no controle preventivo). 
Controle Concentrado Abstrato de Constitucionalidade
-Introdução:
ADI: Fazer com que o Tribunal declare determinada lei inconstitucional.
ADC: Foi criada pela EC 03/03. Fazer com que o Tribunal declare a lei constitucional. O pressuposto de admissibilidade inerente à ação declaratória é a presença de uma controvérsia judicial relevante (não basta ser doutrinária). Art. 14, III da lei 9868/99. 
ADPF: É muito mais ampla que a ADI e a ADC, pois descumprimento abrange não apenas uma inconstitucionalidade, mas também, outras violações à Constituição. Está regulamentada pela Lei 9882/99. Possui um caráter subsidiário, que significa a inexistência de outro meio eficaz (mesma imediaticidade, efetividade e amplitude da ADPF, se couber qualquer outra ação abstrata, não cabe a ADPF) para sanar a lesividade. Ver ADPF 128 
OBS: Lei 11.417/06 – regulamenta as Súmulas Vinculantes. 
OBS: São ações que tem a mesma natureza, possuem um caráter dúplice ou ambivalente. Costuma-se dizer que são ações com sinal trocado. Art. 24 da Lei 9868/99 (lei da ADC/ADI). 
- Fungibilidade: O STF pode conhecer uma ADPF como ADI, uma ADI como ADPF ou de uma ADI com um ADO ou mesmo de uma ADO como uma ADI. 
- Aspectos Comuns: Por ser um controle abstrato, impede que se analise questões fáticas? De forma alguma, mesmo o controle sendo em tese, admiti-se essa análise, inclusive há previsão na lei deste sentido, no caso da ADC (lei 9869/99, ART. 9º, §1º) e na lei da ADPF (lei 9.882/99, Art. 6º). 
A causa de pedir é aberta, ou seja, abrange todas as normas da CF independentemente das que foram mencionadas (não restringe o Tribunal ao parâmetro), a análise será de toda a CF (princípio da congruência). *ADPF 139
Causa de pedir: Violação do parâmetro. É aberta.
Pedido: Declaraçãode inconstitucionalidade. Em relação ao objeto, há necessidade de haver impugnação expressa (adstrição ao pedido). É restrito. 
Decisão de mérito é irrecorrível, salvo os Embargos de Declaração. Não há a previsão de nenhum outro recurso cabível.
Não cabimento de Ação Rescisória, ambas as leis não admitem. 
Legitimidade ativa: Art. 103 da CF. O rol de legitimados é taxativo (interpretação restritiva), ou seja, Numerus Clausus (exemplo, o vice-presidente e vice-governador, só podendo se estiver exercendo a função ou de presidente ou de governador; mesa do Congresso). 
Legitimados Universais: Não precisam demonstrar Pertinência Temática
Presidente da República
Mesas da Câmara e do Senado
Procurador-Geral da República
Partidos Políticos com representação no CN
Conselho Federal da OAB
Legitimados Especiais: Precisam demonstrar Pertinência Temática (demonstração de que o objeto impugnado viola um interesse que o legitimado representa)
Governador de estado 
Mesa da Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa
Confederações Sindicais e entidades de classe de âmbito nacional
- A legitimidade do Partido Político deve ser aferida no momento da propositura da ação. Essa mudança ocorreu após 2004, com o Gilmar Mendes.
- Antes de 2004, o STF só permitia que as entidades de classe (é aquela formada por integrantes de uma determinada atividade ou categoria profissional, social, ou econômica) compostas por pessoas físicas, após 2004, admitiu àquelas formadas por pessoas jurídicas, as chamadas “Associação de Associação. Ex: CUT e CGT não possuem legitimidade. Entidade de classe de âmbito nacional (lei 9.096/95, tem que estar presente em pelo menos 1/3 dos estados brasileiros (ADI 2866-M é a exceção à essa regra, que admitiu a ABERSAL como legitimada, apesar de não ter 1/3 dos estados brasileiros, porém essa categoria exerce uma atividade de relevância nacional). 
- Capacidade postulatória: Não possuem de capacidade postulatória - os Partidos Políticos, as Confederações Sindicais e as Entidades de Classe de âmbito Nacional. O resto não precisa de advogado, pois já possuem capacidade postulatória. 
Parâmetro: 
ADI/ADC: Bloco de constitucionalidade em sentido estrito. A norma deve ser formalmente constitucional. Então o parâmetro será toda a CF de 88 e os T.I.D.H (aprovados com 3/5 em 2 turnos) com exceção do preâmbulo. Esse parâmetro tem que estar vigente para que essas ações sejam cabíveis. Ex: O Pacto São José da Costa Rica não serve como parâmetro
ADPF: Não é de toda a CF, são apenas os preceitos fundamentais. São aqueles imprescindíveis à identidade da Constituição e ao regime por ela adotado. Título I da CF (do art. 1 ao 4º), boa parte do Título II (do art. 5ª ao 17), os chamados princípios constitucionais sensíveis (Art. 34, VII),as Cláusulas Pétreas (art. 60, §4ª), Meio Ambiente, Saúde etc. 
Objeto destas ações: 
Natureza: 
ADI/ADC: Art. 102, I “a”, CF. Lei (inclusive leis de efeitos concretos) ou Ato Normativo (ver ADI 4048). Esse ato normativo tem que ter a densidade normativa (generalidade e abstração). Ex: Art. 59, Regimento Interno, Resoluções e até Decretos e Portarias (podem ser não necessariamente deverão ser admitidos, somente se forem gerais e abstratos, além disso, devem violar diretamente a CF). 
Não são admitidos como objeto de ADI ou ADC: 
Atos regulamentares *ADI 3664: pois pressupõe a existência de lei para ele ser considerado um ato regulamentar, não violando assim, a CF de forma direta. 
Normas constitucionais originárias *ADI 4097 – Princípio da Unidade da Constituição (não há hierarquia entre as normas constitucionais)
Projeto de lei e lei aprovada, mas não promulgada: seria uma espécie de controle preventivo. *ADI 466 (não é necessário que a lei esteja em vigor, não cabe ADI em lei durante a vacatio legis). *ADI 3367 (EC/45 – a publicação superveniente corrige a carência de ação). 
Leis revogadas ou Medidas Provisórias rejeitadas: Não estão mais no ordenamento jurídico, não ameaçando assim, a supremacia da Constituição. Não precisam mais ser expulsas do ordenamento, pois já não se encontram nele. Exceção: fraude processual *ADI 3306 – no caso de revogações sucessivas feitas com claro intuito de burlar a jurisdição constitucional, o STF tem admitido o prosseguimento da ação mesmo que a lei tenha sido revogada. *ADI 1244/QO
Lei ou norma de efeitos concretos já exauridos *ADI 2980. A ideia é a mesma que a da lei revogada, não ameaçando mais a supremacia da Constituição.
Leis Temporárias, salvo quando a impugnação ocorrer em tempo adequado (inclusão em pauta antes do exaurimento da eficácia) ou quando produzir efeitos após a sua duração. *ADI 4426
ADPF: Lei 9882/99 Art. 1º. Evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público (qualquer ato do Poder Público). Esse objeto é mais amplo que o da ADI e da ADC. Ex: uma decisão judicial é um ato do Poder Público (ADPF 101). Aqui a violação também tem que ser direta.
Não são admitidos como objeto da ADPF: 
Atos tipicamente regulamentares (ADPF 169)
Súmulas comuns (ADPF 80-AGR), Súmulas Vinculantes (ADPF 147), PEC (ADPF 43/AGR) e veto (ADPF 73 e 1-QO). 
Limite Temporal: 
ADI/ADC: O objeto impugnado deve ser posterior ao parâmetro (constituição ou emenda). 
ADPF: O objeto pode ser posterior ou anterior ao parâmetro. Ex: ADPF 54, seu objeto era anterior à CF, só caberia naquele caso a ADPF.
Limite Espacial: 	 
Art. 102, 
I ,
 “a”, CFADC: Lei ou ato normativo da esfera Federal 
ADI: Lei ou ato normativo da esfera Federal ou Estadual
ADPF: Ato do Poder Público da esfera Federal, Estadual ou Municipal (Lei 9882/99, Art. 1º - ADPF autônoma, §único – ADPF incidental). 
OBS: Atos emanados do DF, a ADPF por ser arguida (por que a lei do DF tanto pode ter caráter estadual quanto municipal). No caso da ADI depende se o conteúdo do ato impugnado for de caráter estadual. *Súm. 642. A ADC não é possível em hipótese alguma. 
- Tutela de Urgência: 
Quórum: presença de 8 ministros pelo menos, e para que a liminar seja concedida é de maioria absoluta (6 ministros). Em regra, deve ser concedida pelo plenário. 
Exceções ao julgamento pelo plenário: 
ADC: não existe exceção, somente o plenário pode conceder liminar.
Sempre com análise 
Ad Referendum
 do Plenário. ADI: durante o período de recesso, a liminar poderá ser concedida monocraticamente, Art. 10 da lei 9868/99. Outra exceção, ADI 4638, o Regimento Interno do STF autoriza que o relator conceda a liminar fora do período de recesso quando houver urgência ou perigo de grave lesão (hipótese excepcionalíssima). 
ADPF: lei 9882/99, Art. 5º, §1º. Caso de extrema urgência, quando houver perigo de lesão grave, e também durante o período de recesso. 
Efeitos da liminar concedida: No controle concentrado abstrato os efeitos nunca será Inter Partes, sempre será Erga Omnes, pois não há partes formais, e sim legitimados. Terão, também, efeito vinculante. 
ADC: suspender o julgamento dos processos em que há controvérsia relevante. O prazo máximo para essa suspensão é de 180 dias. Lei 9868/99 Art. 21. 
ADI: adota o mesmo efeito da ADC. Não há previsão na lei, o STF aplica por analogia o Art. 21 da lei 9868/99. Outro efeito é de que a lei ou ato normativo que estão sendo impugnados poderão ter a sua eficácia (e vigência) suspensa. Observa-se que não são somente os processos que ficam suspensos, mas a lei e o ato normativo impugnado também. Este é um entendimento do Gilmar Mendes, que argumenta que a vigência também fica suspensa por não ser concebível que duas leis incompatíveis entre si tenham vigência simultânea. Na regra geral o efeito é Ex Nunc (“de agora em diante”) quando concedida a liminar, salvo quando o tribunal entender cabível eficácia retroativa (excepcionalmente de forma expressa poderá operar efeito Ex Tunc). Pode ocorrer o efeito chamado “Repristinatório Tácito” lei 9868/99, Art. 11, §§ 1ª e 2ª, se a lei tiver sido revogada pela lei suspensa. Então essa “forma expressa” é para evitar que a lei inconstitucionalrevogada volte a produzir efeitos. 
OBS: Se o STF negar a concessão de liminar ou cassar depois pelo Plenário: O STF entende que a decisão que nega a liminar não produz efeitos. Podendo assim, o juiz continuar decidindo da forma que ele quiser. 
ADPF: Art. 5ª, §3º da lei 9882/99. Suspende o andamento dos processos, ou os efeitos de decisões judiciais ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da ação, salvo se a decisão tiver transitado em julgado. Então, conclui-se que quando há coisa julgada, a liminar não suspende os efeitos da decisão. 
- Decisão de Mérito: 
ADPF: Art. 10 da lei. 
Em geral, apesar da redação do dispositivo, a doutrina entende que não há vinculação do Poder Legislativo/Executivo em sua função legiferante. 
ADC/ADI:
Quórum: Em regra, presença de 8 (2/3) ministros e maioria absoluta de 6 ministros para a procedência ou improcedência do pedido. Exceções: ADI 4167/11, quando o quórum de 6 ministros não é atingido, a decisão não se reveste de eficácia vinculante e Erga Omnes. 
Diferença entre efeito Erga Omnes e Vinculante: Art. 102, §2º da CF.
	Erga Omnes
	Vinculante
	- Aspectos subjetivos: sujeitos atingidos 
Eficácia contra todos (tanto os particulares, quanto os poderes públicos). 
	- Aspectos subjetivos: sujeitos atingidos
Só atinge os Poderes Públicos: demais órgãos do judiciário (exceto o próprio STF***); Administração Pública de todas as esferas (direta e indireta – federal, estadual e municipal). 
Poder Legislativo: Não fica vinculado com a decisão do STF, no que se refere à sua função legiferante.
Poder Executivo: O chefe do PE não fica vinculado quando se tratar de atos relacionados ao processo legislativo. Ex: iniciativa de lei, sanção, MP, lei delegada e T.I. 
	- Aspecto Objetivo: O dispositivo da decisão vai operar efeito Erga Omnes e vinculante.
Esse efeito vinculante atinge também a fundamentação da decisão (racio recidendi são as razões ou motivos que levaram àquela decisão)? Teoria dos efeitos Transcendentes dos Motivos Determinantes (Transcendência dos Motivos). Essa teoria defende que a racio decindendi também vincularia. O STF já adotou essa teoria em alguns julgados, mas atualmente ela não tem sido admitida. RC 3114, 2990-Agr e 2475-Agr. 
	
 
***OBS: A não vinculação do STF significa apenas que ele poderá futuramente através do plenário, rever uma determinada decisão, caso exista uma justificativa razoável para isso. Pois se isso não fosse possível, o entendimento do STF iria de engessar, não iria evoluir. Isso só vale para leis consideradas constitucionais. 
O “voto de qualidade” só é admitido no controle difuso, em caso de empate. 
OBS: O entendimento do STF deve ser aberto à possibilidade de diálogo entre os Poderes, para evitar o fenômeno da “Fossilização da Constituição”. Por isso que nem o próprio STF e o poder legislativo se vinculam ás decisões finais do judiciário. 
OBS: As questões secundárias da decisão são chamadas Obter Dicta, não opera efeito vinculante. 
Eficácia Temporal: uma lei inconstitucional tem uma natureza de ato nulo (entendimento do STF). Tem um vício de origem, não é a decisão do tribunal que irá fazê-la inconstitucional. Em regra, o efeito será Ex Tunc (maioria absoluta, regra geral). Todavia o STF pode fazer a chamada “Modulação Temporal” dos efeitos da decisão (quórum de 8 ministros, por motivo de segurança jurídica ou excepcional interesse social – Art. 27 da lei 9868), fazendo com que a decisão tenha efeito Ex Nunc ou Pró-Futuro ou efeito Prospectivo. *ADI 3558. Essa eficácia vale tanto para a ADI/ADC quanto para a ADPF. 
Técnicas de Decisão: Só podem ser utilizadas no controle concentrado abstrato. 
Declaração de Nulidade
Com redução total ou parcial de texto. 
Sem redução de texto. No caso das normas chamadas “Polissêmicas ou Plurissignificativas”. O dispositivo ficaria da seguinte forma: o dispositivo Y é inconstitucional se for interpretado da maneira B, ou seja, o tribunal confere um sentido ao dispositivo ou afasta uma determinada interpretação. O texto continua o mesmo. Princípio da Interpretação Conforme. 
Ex: ADI 3685, mostra a aplicação destas 2 técnicas
Inconstitucionalidade por arrastamento, por atração ou consequencial ou por reverberação normativa: A exceção à adstrição ao pedido é quando existe uma relação de interdependência entre dispositivos de uma mesma lei ou entre uma lei e o ato que a regulamenta. *ADI 4451 e 1923. Essa técnica também pode ser utilizada na inconstitucionalidade consequente. 
Teoria dos Direitos Fundamentais
- Art. 5º, §1º, CF: Não se refere apenas aos direitos elencados no Art. 5º, se refere a todos os direitos e garantias fundamentais e não apenas àqueles elencados no Art. 5º. Todos os direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Porém muitos destes direitos precisam de lei para ser aplicados. O meio eficaz para fazer com que esses direitos que necessitam de lei e são omissas é o Mandado de Injunção. Os Direitos Fundamentais que tem aplicação imediata são a regra, os que necessitam de lei são a exceção. 
“Este dispositivo não deve ser interpretado como uma regra, mas sim, como um princípio que impõe a aplicação imediata dos Direitos Fundamentais na maior medida possível.” Ingo Sarlet. Consagra um princípio e não uma regra.
- Relembrando: Princípios são “mandamentos de otimização”, ou seja, normas que exigem que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes. Esse conceito baseou Ingo Sarlet. 
“Este dispositivo consagra uma regra geral que pode ser excepcionada quando houver disposição constitucional expressa exigindo lei regulamentadora”. Entendimento do Marcelo Novelino. 
- Art. 5º, §2º, CF: Adota a Teoria Material. A CF consagra neste dispositivo uma teoria material dos Direitos Fundamentais, de acordo com a qual esses direitos podem ser reconhecidos não apenas pela sua forma, mas também pelo seu conteúdo. Alguns doutrinadores internacionais dizem que os tratados internacionais de direitos humanos tem status constitucional. 
- Art. 5º, §3º: Direitos Humanos e Direitos Fundamentais: Com o objetivo de proteger a dignidade da pessoa humana, ambos consagram direitos relacionados à vida, liberdade, igualdade propriedade. A diferença é o plano no qual se encontram consagrados. Enquanto os Direitos Humanos são contemplados nos Tratados e Convenções Internacionais (plano externo), os Direitos Fundamentais encontram-se previstos na CF (plano interno). Esses direitos são materialmente iguais, mas formalmente distintos. 
 
 Tratados Internacionais de Direitos Humanos (3/5 e 2 turnos)
 Tratados Internacionais de Direitos Humanos (Supralegais)
 Tratados Internacionais (Lei Ordinária)
- Classificação dos Direitos Fundamentais: 
Classificação feita pela própria CF/88: 
Direitos Fundamentais (gênero): art. 5º ao 17. 
Direitos Individuais: Art. 5º,
Direitos Coletivos: Art. 5º, 6º e seguintes. 
Direitos Sociais: Art. 6º até o 11. 
Direitos de Nacionalidade: Art. 12
Direitos Políticos: Art. 16.
OBS: Apesar de estarem sistematicamente consagrados no Título II (Art. 5º ao 17), os Direitos e Garantias Fundamentais não se restringem a ele, podendo ser encontrados também em outras partes da CF. 
Classificação feita pela doutrina:
Teoria Unitária: A profunda semelhança entre todos os Direitos Fundamentais impede sua classificação em categorias estruturalmente distintas. 
Teoria Dualista (ou dicotômica): Os Direitos Fundamentais são divididos em Direitos de Defesa (incluindo os direitos políticos) e Direitos Prestacionais. 
Teoria Trialista (ou tricotômica): 
Direitos de defesa: são aqueles os quais o indivíduo goza de um espaço de liberdade contra as ingerências do Estado, são os direitos liberais clássicos, possuindo assim um status negativo: Exigem uma abstenção do Estado. São os Direitos Individuais.Direitos Prestacionais ou direitos a prestações: o indivíduo tem o direito de exigir atuações positivas por parte do Estado. Exigem uma atuação positiva por parte do Estado, tem status positivo. Ex: os Direitos Sociais. 
Direitos de Participação: Os indivíduos possuem determinadas competências para influenciar na formação da vontade política do Estado. Esse direitos de participação possuem status ativo, pois através destes direitos, os indivíduos vão participar ativamente na formação do estado. Ex: Direitos Políticos, que pressupõem a nacionalidade brasileira. 
- Características dos Direitos Fundamentais: 
Universalidade: A vinculação destes direitos à dignidade da pessoa humana conduz a sua universalidade, no sentido de exigir o núcleo mínimo de proteção que deve estar presente em qualquer sociedade, independentemente de suas características culturais. Entra em conflito com o multiculturalismo e com aspectos as vezes infranacionais. “Cultural Defense” consiste na defesa fundada na ideia de que o crime não deve ser punido quando quem cometeu pertence a uma cultura na qual esse fato não é reputado merecedor de punição. Tem uma base jusnaturalista.
Historicidade: Os direitos Fundamentais são históricos por terem surgido em épocas diferentes, sendo que o seu conteúdo de sentido podem variar com o passar do tempo. Tem base juspositivista. 
Inalienabilidade, Imprescritibilidade e Irrenunciabilidade: Por não terem o conteúdo patrimonial, os Direitos Fundamentais são considerados intransferíveis, inegociáveis, indisponíveis e imprescritíveis. Não se admite renúncia, prescrição ou negociação da titularidade do direito (total e perpétua), mas se admite em relação ao seu exercício (parcial e temporário). Esta inadmissibilidade é apenas prima facie (se contrapõe a definitivo, seria algo provisório), que é consagrado em um princípio. Já quando esse direito é definitivo ele está consagrado em uma regra. Esse entendimento é de Virgílio Afonso da Silva. 
Relatividade ou Limitabilidade: Não existem direitos absolutos, pois todos encontram limites em outros direitos de terceiros ou interesses coletivos. Há uma tendência natural de conflito entre eles. Segundo Norberto Bobbio, existe apenas dois direitos com valor absoluto, o direito a não ser torturado e o direito a não ser escravizado (Dignidade da Pessoa Humana). 
- Distinção entre Direitos e Garantias: Valores os quais se originam os Direitos Fundamentais são: a vida, liberdade, igualdade e propriedade. As garantias tem um caráter instrumental, ou seja, são mecanismos criados para proteger os Direitos Fundamentais e assegurar a sua efetividade. Ex: o HC é uma garantia ao direito de liberdade de locomoção. Todas as ações constitucionais são garantias. 
- Eficácia Vertical, Horizontal e Diagonal: A Eficácia Vertical dos Direitos Humanos é uma aplicação dos Direitos Fundamentais às relações entre o Estado e seus súditos. A Eficácia Horizontal é a aplicação dos Direitos Fundamentais as relações entre particulares (pois estão no mesmo plano). A eficácia Diagonal consiste na aplicação dos Direitos Fundamentais àquelas relações entre particulares que não se encontram no mesmo plano (patrão e empregado nas relações trabalhistas). Ex: RE 161243 
Teoria da Ineficácia Horizontal: É a teoria adotada pela doutrina e jurisprudência americana. De acordo com essa teoria, os Direitos Fundamentais não se aplicam às relações entre particulares. Fundamentos para adoção desta teoria nos EUA. Doutrina da “State Action” 
Texto da constituição: na época da criação da Constituição norte americana só existia a eficácia vertical. 
Liberalismo: não interferência do Estado, nas relações privadas.
Autonomia privada: o Estado tem que respeitar se essa relação privada não aplicar os Direitos Fundamentais. 
Doutrina “State Action”: A violação de um Direito Fundamental só pode ocorrer por meio de uma ação estatal, no mais é a autonomia da vontade. Sua finalidade é tentar afastar a impossibilidade de aplicação, definindo, ainda que de forma casuística, em que situações os Direitos Fundamentais poderia ser aplicados às relações entre particulares. O mecanismo usado para afastar essa impossibilidade é a equiparação dos atos privados aos atos estatais. Ex: “Company Town”
- Dignidade da Pessoa Humana: É um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Tem uma característica de “Valor Constitucional Supremo”, é considerado o valor mais importante consagrada no texto constitucional. É uma qualidade intrínseca de todo ser humano. Para alguns autores a dignidade é algo absoluto, isso não significa que seja um direito fundamental absoluto, no sentido de não comportar gradações, o que significa que todas as pessoas possuem a mesma dignidade. Beátrice Maurer “a pessoa não tem mais ou menos dignidade em relação à outra pessoa não se trata, destarte, de uma questão de valor, de hierárquica, de uma dignidade maior ou menor. É por isso que a dignidade do homem é um absoluto”. 
D.F	A dignidade é o núcleo em torno do qual gravitam os direitos fundamentais. É ela que confere unidade e o caráter sistemático a esses direitos. Os D.F servem para proteger a Dignidade e para promover condições dignas de sobrevivência. 
D.F
D.F
Dignidade
 da Pessoa Humana
Existem derivações de 1º e de 2º grau.
D.F
D.F
D.F
D.F
- A consagração da Dignidade como um dos fundamentos do Estado brasileiro gera as seguintes consequências jurídicas: Dever de respeito, dever de proteção e dever promoção de condições dignas de vida. O dever de respeito são impostos não apenas aos poderes públicos, mas também aos particulares. Os demais deveres referem-se basicamente ao poder público.
Dever de Respeito: Exige basicamente uma abstenção, o seja, impede que o Estado e os particulares adotem medidas que possam violar a dignidade. Aqui a violação vem associada à chamada “Fórmula do Objeto” que em regra, haverá uma violação da dignidade quando o ser humano for tratado não como um fim em si mesmo, mas como mero instrumento para se atingir outras finalidades. Juntamente vêm a chamada “Expressão de Desprezo” onde a dignidade será violada todas as vezes em que o ser humano for tratado como um objeto e este tratamento for fruto de expressão de desprezo por aquele ser humano. 
Dever de Proteção: É efetivado através dos Direitos Fundamentais. Impõe ao legislador a criação de normas adequadas à proteção da dignidade (princípio da proibição de proteção insuficiente) e ao judiciário a utilização da dignidade como vetor interpretativo nos casos relacionados a Direitos Fundamentais. 
Dever de Promoção: Impõe aos poderes públicos a adoção de medidas que promovam o acesso a bens e utilidades indispensáveis a uma vida digna (mínimo existencial). 
Direitos Individuais em espécie
- Estão consagrados de forma sistemática no Art. 5º, em seus 78 incisos. Valores consagrados: Vida, liberdade, igualdade, propriedade e a segurança jurídica (garantias). Apesar de estarem sistematizados no Art. 5º, os Direitos Individuais não se restringem a ele.
- Destinatários dos Direitos Individuais: Brasileiros (pessoas físicas – natos e naturalizados) e aos estrangeiros residentes do país. Para José Afonso da Silva os estrangeiros não residentes teriam que recorrer aos Tratados Internacionais de Direitos Humanos, não podendo invocar os direitos fundamentais. Tanto o STF quanto a doutrina fazem uma interpretação extensiva deste dispositivo. Tendo o objetivo de incluir os estrangeiros não residentes. *STF HC 944043. Essa interpretação extensiva é feita a partir da Dignidade da Pessoa Humana, se a Dignidade é uma qualidade intrínseca de todo ser humano e se os direitos individuais existem para protegê-la de forma direta, logo não se pode negar a proteção desses direitos em virtude de uma condição específica do indivíduo.
 Quanto às pessoas jurídicas é possível que elas invoquem os direitos individuais, alguns deles, se for um ente estatal ou um ente público, hoje em dia admite-se que até essas pessoas podem invocaralguns desses direitos individuais, em particular, os de caráter procedimental. A fundamentação para essa argumentação é de que em Estado Constitucional Democrático, o exercício abusivo os arbitrário de uma autoridade não pode ser tolerado. 
Alguns conceitos: 
Âmbito de Proteção: Está relacionado ao bem jurídico constitucionalmente protegido 
Intervenção: No sentido de violação. Consiste na interferência indevida no âmbito de proteção de um direito. É ilegítima. 
Restrição: Consiste em uma intervenção constitucionalmente fundamentada no âmbito de proteção de um direito. É uma intervenção legítima.
Direito à vida: 
Âmbito de proteção: 
Dupla acepção: Segundo parte da doutrina, a acepção do direito a permanecer vivo e direito a uma vida digna. Não basta que a pessoa sobreviva, é necessário que a pessoa tenha uma vida digna. 
Dimensão Subjetiva e Objetiva: A dimensão subjetiva consiste na proteção do direito é pensada sob a perspectiva do indivíduo que o titulariza. Ex: Voto do Min. Ayres Brito na ADI 3510. A dimensão objetiva consiste na proteção do direito sob o ponto de vista da comunidade. Ex: Voto do Min. Lewandovisk na ADI 3510. 
Inviolabilidade X Irrenunciabilidade: A inviolabilidade consiste na proteção do direito contra violações por parte do Estado ou por terceiros. A Irrenunciabilidade protege o direito em face do seu próprio titular, pois no caso do direito a vida, essa renúncia não seria possível, como a controvérsia acerca da Eutanásia, e das Testemunhas de Jeová. 
Restrições: São intervenções legítimas, que encontram fundamentação no texto constitucional. 
A primeira hipótese seria no caso da pena de morte em guerra declarada (Art. 5ª, LXVII, “a” da CF também prevista no Art. 56 do CPM). A restrição ao direito à vida será considerada legítima quando imposta para proteger o mesmo direito titularizado por terceiros ou outros direitos de peso relativo igual ou maior (é o peso do direito no caso concreto e não em abstrato). 
A segunda hipótese seria o Aborto (tanto o necessário quanto o sentimental, Art. 128, I e II do CP). 
 A terceira hipóteses seria a da ADPF 54 (anencefalia), o STF declarou a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificada como aborto pelo CP. 
A quarta hipóteses está prevista na Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05) que fora discutida na ADI 3510, que de acordo com o entendimento adotado pelo STF a intervenção no direito a vida do embrião resultante das pesquisas com células tronco embrionárias é constitucionalmente fundamentada por outros direitos, tais como a vida e a saúde das pessoas beneficiadas com o resultado das pesquisas. 
Aborto: 
Argumentos contrários a não criminalização: A inviolabilidade do direito à vida deve ser protegida desde a concepção e qualquer medida que não seja a criminalização do aborto será insuficiente para proteger este direito de modo adequado (Princípio da Proibição de Proteção Insuficiente). A não criminalização aumentaria o número de casos de aborto, seria outro argumento invocado. 
Argumentos favoráveis a não criminalização: O primeiro de grupo é de argumentos ligados a Direitos Fundamentais seria a autonomia reprodutiva e a liberdade de escolha da mulher, pois não há método contraceptivo 100% seguro, um segundo argumento seria de que a dignidade da pessoa humana abrange a autodeterminação sem interferência do Estado; um terceiro argumento estaria ligado ao direito à igualdade (teoria do impacto desproporcional) que permite o reconhecimento da inconstitucionalidade de normas que embora aparentemente regulares causam um ônus desproporcional em determinados grupos que estejam em situação de inferioridade; a criminalização do aborto causam um impacto desproporcional nas mulheres, sobretudo nas mais pobres. O terceiro e último argumento seria com base no direito à privacidade, no sentido de que o direito à privacidade é amplo o suficiente para permitir que a mulher decida sobre a interrupção ou não de sua gravidez. 
Direito à Igualdade: 
Âmbito de proteção: Distinção entre a igualdade formal (civil, perante a lei ou jurídica) e material (real ou fática). 
Igualdade formal: Consiste no tratamento isonômico conferido a todos os seres de uma mesma categoria essencial. Art. 5ª, caput da CF.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Igualdade Material: Consiste em um tratamento diferenciado conferido com a finalidade de igualização dos desiguais, por meio da concessão de certos direitos substanciais. Art. 3º, III e Art. 6º da CF. 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
- Critério de Justiça de Aristóteles: Consiste no tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na medida de suas desigualdades. Este critério originariamente está relacionado a igualdade formal. 
Igualdade perante a lei: Refere-se ao momento de aplicação da lei pelo judiciário e pelo executivo. 
Igualdade na lei: Refere-se também ao momento de elaboração da lei pelo poder legislativo. Não basta que a aplicação da lei seja igual para todos, mas que também ela trate todas as pessoas de forma igual. 
OBS: Apesar de o texto constitucional de 1988 fazer referência à igualdade perante a lei, é inquestionável que a igualdade se dirige a todos os poderes públicos, inclusive ao legislador. *STF AI 360461-AgR. Hoje todos os Direitos Fundamentais vinculam todos os poderes, em consequência se tem a eficácia vertical e horizontal.
Restrições: Intervenções legítimas.
Editais de concursos públicos: Regra geral (Art. 7º, XXX), a exceção para ser estabelecida deve atender a dois requisitos: Previsão legal – requisito formal (STF RE 307112); razoabilidade da exigência decorrente da natureza das atribuições do cargo a ser estabelecido – requisito material (STF Súm. 683). 
Art. 7º XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; O STF aplica esse dispositivo também aos servidores públicos. 
Súm. 683 do STF - O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Direito à diferença: “Uma democracia constitucional exige um tratamento de todos com igual respeito e consideração, o que só é possível quando reconhecido o direito de ser diferente e de ser tratado de acordo com esta diferença” Ronald Dworkin. “Temos o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. Boaventura de Souza Santos. 
Ações Afirmativas ou Discriminações positivas: Consistem em políticas públicas ou programas privados em geral, de caráter temporário, desenvolvidos com a finalidade de reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência, por meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória de tais condições. Seu fundamento é a igualdade material. 
- Sistemas de cotas - Argumentos contrários: 
Viola o mérito que é um critério republicano. Art. 208, V da CF. 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
Viola a igualdade formal por criar uma discriminação reversa. Deve haver um equilíbrio para o número de cotas, não deve ser um número muito elevado. 
Trata-se de uma medida imediatista e inapropriada. Não resolve o problema na sua origem, mascara um problema existente. 
Fomenta o ódio e o racismo.
Favorece negros de classe média e classe alta.
Inexistência de critérios objetivos.- Sistema de cotas – Argumentos favoráveis:
Justiça compensatória: A ação é baseada na retificação de injustiças ou falhas cometidas no passado pelo governo ou por particulares. 
Justiça distributiva: consiste na promoção de oportunidades para aqueles que não conseguem se fazer representar de forma igualitária. Está ligado à concretização da igualdade material, pois neste argumento, a ideia é que, aquelas pessoas que não conseguem se fazer representar se promovam certas medidas para reduzir uma desigualdade fática existente. 
Promoção da diversidade: Argumento adotado pela Suprema Corte norte americana, em um caso envolvendo a Universidade de Michigan. O sistema de cotas pode ser considerado constitucional quando contribuir para o surgimento de uma sociedade mais aberta, diversificada, tolerante, miscigenada e multicultural. 
Igualdade entre homens e mulheres: Art. 5º, I da CF. A intervenção do legislador ordinário deve ser fundamentada na igualdade material. 
Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; A lei pode estabelecer distinções desde que seja com o objetivo de atenuar desníveis ou reduzir desigualdades. 
Direito à Privacidade: 
Inviolabilidade da vida privada, intimidade, honra e imagem das pessoas: Art. 5º, X: 
Art. 5º, X - são invioláveis (prima facie) a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; A inviolabilidade prima facie significa que em determinados casos esses direitos poderão ser restringidos em razão de Direitos Fundamentais de terceiros ou de interesses coletivos que forneçam razões mais fortes.
Teorias das esferas: Esfera da publicidade (a mais ampla de todas), esfera da vida privada (mais ampla) e esfera da intimidade (mais próxima do indivíduo). Esfera da privacidade: Declarações de imposto de renda, informações bancárias, dados de um computador. Esfera da intimidade: Segredos, informações pessoais etc. 
- Hipóteses de restrições legítimas à intimidade: 
Gravações clandestinas: É a captação de uma conversa telefônica pessoal ou ambiental feita por um dos interlocutores sem o conhecimento dos demais. As gravações clandestinas não são consideradas necessariamente ilícitas. Elas só não são admitidas quando não houver justa causa ou quando houver violação de causa legal específica de sigilo. *STF AI 560223-AgR.
Quebra de sigilo: Consiste no acesso a informações constantes de um registro bancário, fiscal, telefônico ou informático. Pode ser determinada pelo juiz, CPI federal e estadual (Art. 58, §3º da CF *STF ACO 730), o MP em regra não pode determinar a quebra diretamente (*STF MS 20729), TC também não pode quebrar sigilo, autarquias fazendárias (STF RE 389808) o qual deve ser feita uma interpretação conforme da lei para permitir a requisição apenas com ordem judicial. 
Inviolabilidade de domicílio: Art. 5º, XI 
Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
Âmbito de proteção: Conceito de casa para fins de proteção constitucional – Deve ser entendido de forma ampla abrangendo inclusive espaços privados não abertos ao público onde alguém exerça sua atividade profissional. *STF HC 93050 (Art. 150, §4º do CP) 
 - Hipóteses de restrições legítimas ao domicílio: 
Durante o dia: Critério cronológico (6h às 18h); critério físico-astronômico (da aurora ao crepúsculo). Razões – noite é considerado período de descanso e para permitir uma maior fiscalização do cumprimento. Poucos autores admitem o prolongamento após o anoitecer. Deve-se analisar cada caso concreto, por exemplo, ações de grande complexidade poderiam justificar de forma excepcional o prolongamento. 
Direito à Privacidade:
- Hipóteses de restrições legítimas:
Interceptação Ambiental: Um terceiro faz a gravação sem o conhecimento dos interlocutores. Ex: câmeras de segurança. Em regra a interceptação ambiental é lícita, no entanto, quando houver expectativa de privacidade; também quando houver violação de confiança decorrente de relações pessoais ou profissionais. Ex: conversa de um advogado com seu cliente. Lei 9034/95 em seu Art. 2º, IV trata de uma possibilidade de interceptação ambiental. *STF Inq 2424, o STF decidiu que a interceptação ambiental em escritório de advocacia durante o período noturno passa pelo teste da proporcionalidade mesmo por que se realizado durante o dia provavelmente seria infrutífero. Reserva de Jurisdição (em determinados temas cabe apenas ao Poder Judiciário dar não só a última palavra, mas também, a primeira). STF MS 23452
Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (nem uma outra autoridade pode autorizar a violação de domicílio) 
Além da inviolabilidade do domicílio, a interceptação das comunicações telefônicas (Art. 5º, XII), a prisão (Art. 5º, LXI), sigilo imposto a processo judicial (MS 27483, Art. 5º, LX c/c 69 da CF) há outras hipóteses de “Reserva de Jurisdição”. 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
Autoridades Fazendárias – Autoexecutoriedade: STF HC 103325-MC. O atributo da autoexecutoriedade não pode prevalecer sobre a regra constitucional que garante a inviolabilidade do domicílio. 
Direitos de Liberdade: A liberdade é divida pela doutrina em duas, por Benjamin Constant na Revolução Francesa. As duas definições são dadas por Norberto Bobbio.
Liberdade Negativa (ou Liberdade Civil ou Liberdade de agir ou Liberdade dos Modernos): É a situação na qual um sujeito tem a possibilidade de agir sem ser impedido ou de não agir sem ser obrigado por outros. Significa uma ausência de impedimento ou de constrangimento. 
Liberdade Positiva (ou Liberdade Política ou Liberdade de querer ou Liberdade dos antigos): É a situação na qual um sujeito tem a possibilidade de orientar o seu próprio querer no sentido de uma finalidade sem ser determinado pelo querer dos outros. Está ligada a autodeterminação, a autonomia da vontade. 
Liberdade de Manifestação do pensamento: É uma liberdade Prima Facie
Âmbito de proteção. Art. 5º, IV da CF.
 Art. 5º, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; (não só o pensar, mas também, o manifestar).
- Restrições à liberdade de pensamento:
Vedação do anonimato: possui basicamente duas finalidades, uma preventiva (evitar manifestações abusivas do pensamento); a outra finalidade é repressiva (permitir a responsabilização – Art. 5º, V).
Art. 5ª, V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
Denúncias anônimas ou Bilhetes Apócrifos (sem assinatura): Em regra, denúncias anônimas ou bilhetes apócrifos não podem ser utilizados como fundamento para instauração de inquérito policial ou como prova processual lícita (STF Inq. 1957). A finalidade do disque denúncia levar ao conhecimento da autoridade (notitia criminis Inqualificada) determinados fatos criminosos, a investigação é considerada autônoma em relação à denúncia (STF MS 24369). A prova obtida na investigação não é contaminada pela ilicitude da denúncia. No case de bilhetes apócrifos, dois casos são admitidos como prova, a primeira quando produzido pelo próprio acusado e a segunda quando constituir o próprio corpode delito do crime. 
Liberdade de Consciência, de crença e de culto: 
Âmbito de proteção: Art. 5º, VI
Art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
OBS: A liberdade de consciência é a mais ampla de todas. Consiste na adesão a certos valores morais ou espirituais independentemente de qualquer aspecto religioso. Uma parte da liberdade de consciência está a liberdade de crença (recebe proteção em ambientes de interação – Art. 5º, VII). A liberdade de culto (em ambientes reservados ou públicos) é uma forma de exteriorização da liberdade de crença. Art. 150, VI, “b” (imunidade tributária). 
- Objeção de consciência: bem conhecido como Imperativo ou Escusa de consciência (Art. 5º, VIII). A objeção de consciência deve ser baseada em convicções seriamente arraigadas que causam um grave tormento moral, segundo a corte Europeia de Direitos Humanos a objeção deve surgir de um pensamento suficientemente estruturado coerente e sincero. 
Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; (A prestação alternativa não tem cunho sancionatório, porém se se recusa a prestar, ocorrerá a suspensão ou perda dos direitos políticos). Art. 15, IV da CF.
Art. 15, IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
	Distinção conforme o tipo de obrigação que o Estado pretende impor. Uma violação absoluta e outra relativa. 
Absoluta: É aquela que obriga a pessoa a assumir uma determinada conduta sob pena de perda da liberdade ou de determinados direitos. Ex: voto e serviço militar. Art. 143, §1º. 
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. § 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. Em tempo de guerra, não pode ser alegada a objeção de consciência.
Relativa: Ocorre quando o comportamento objetado é condição para obter um benefício ou evitar um prejuízo. 
Ex: *STF STA 389 Designar uma data alternativa apenas para um determinado grupo religioso viola o Princípio da Isonomia e dever de neutralidade do Estado. 
- Dever de neutralidade do Estado: A República exige o uso público da razão, e normalmente se mostra um Estado laico (ou secular ou não confessional). Art. 19 da CF. Devemos saber que o Brasil não é um país antirreligião. Há três situações distintas que não se confundem: 
Laicidade (dever de neutralidade do Estado em relação a todas as concepções religiosas é uma forma de se respeitar o pluralismo religioso); 
Laicismo (tem uma conotação antirreligiosa, há uma espécie de preconceito pelo Estado em algumas religiões); 
Ateísmo (nega a existência de Deus).
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; 
OBS: Símbolos religiosos em locais públicos: O CNJ decidiu que os crucifixos são símbolos da cultura brasileira e sua colocação em espaços públicos não viola o dever de neutralidade do Estado. 
Liberdade de Comunicação Pessoal: Art. 5º, XII da CF.
Âmbito de Proteção: 
Art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados (dados informáticos) e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual pena; 
OBS: STF - que o Art. 5º, XII protege não são os dados em si, mas apenas a sua comunicação *STF MS 20729 
Restrições: 
Liberdade de Correspondência: Essa inviolabilidade é apenas Prima Facie. Por razões de segurança pública (STF HC 70814) “O sigilo epistolar não pode servir como escudo protetivo para salvaguardar práticas ilícitas”. Pode ser restringido durante o estado defesa (Art. 136, §1º, I, “b”) e também durante o estado de sítio (Art. 139, III). 
Interceptação Telefônica: Consiste na interceptação feita por um terceiro sem o conhecimento de um ou de ambos dos interlocutores. A CF exige três requisitos: Ordem judicial (Cláusula da Reserva de Jurisdição), na forma da lei (Lei 9296/96) e para fins de investigação criminal ou instrução processual penal (STF Inq QO QO 2424) - a interceptação telefônica legitimamente autorizada para fins de investigação criminal ou instrução processual penal pode ser utilizada em um PAD não apenas contra o mesmo servidor, mas também em relação a outros servidores.
Direito de Propriedade: 
Âmbito de proteção: Art. 5º, XXII da CF – “é garantido o direito de propriedade” é uma garantia Prima Facie. O regime do direito de propriedade é um regime de direito público (posição de José Afonso da Silva). A estrutura do direito de propriedade está consagrada na Constituição, o que o CC disciplina são as relações civis decorrente do direito de propriedade. 
Restrições: 
Função social da propriedade Art. 5º, XXIII – “a propriedade atenderá a sua função social”. 
Interpretação de José Afonso da Silva: o direito de propriedade só é assegurado pela CF quando ela cumpre a sua função social. A função social é considerada parte integrante da própria estrutura do direito de propriedade. ADI 2213-MC. O posicionamento do STF é de que o não cumprimento da função social não autoriza invasões de terras por movimentos sociais organizados e nem a retirada arbitrária deste direito. 
Interpretação: A proteção conferida à propriedade que não cumpre sua função social possui um peso menor do que a conferida àquela que cumpre. Quando a propriedade cumpre a sua função social exige-se um ônus argumentativo maior para que a proteção a este direito, seja afastada em nome de outros interesses. 
- Função Social da propriedade urbana. Art. 182, §2º da CF – “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor”. O plano diretor só é obrigatório para cidades que tenham mais de 20 mil habitantes. 
- Função Social da propriedade rural: Art. 186 da CF. Há uma preocupação maior pelo Estado, pois é através da propriedade rural que se tem alimentos e outros produtos de grande importância para a sociedade. 
Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: Norma de eficácia limitada na classificação de José Afonso da Silva. Para Robert Alexy seria um princípio. 
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
A propriedade que não atende a sua função social ela poderá sofrer uma desapropriação sanção (é uma forma de penalidade). Para a propriedade urbana (Art. 182, §4º, III da CF); para a propriedade rural (Art. 184 da CF). Para fins de reforma agrária.
Art. 182, §4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorialurbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Art. 184 - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
 § 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. 
Art. 185 - São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: O que não pode haver é desapropriação sanção nestes casos, para fins de reforma agrária. 
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva
OBS: Qualquer propriedade pode ser desapropriada por necessidade ou utilidade públicas, mas nem todas podem para fins de reforma agrária. 
Desapropriação e Requisição: 
	Desapropriação Art. 5º, XXIV
	Requisição Art. 5º, XXV (civil) e Art. 139, VII (militar) 
	 - Bens 
	- Bens ou serviços 
	 - Aquisição da propriedade 
	- Uso ou ocupação temporária
	 - Necessidades permanentes 
	- Necessidades transitórias
	 - Depende de acordo ou processo judicial
	- Autoexecutória 
	 - Sempre indenizável (justa e prévia), em regra em dinheiro. Salvo desap. Sanção.
	- A indenização só é devida posteriormente e se houver dano. 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Confisco: Art. 243 da CF. Não há qualquer tipo de indenização. Glebas destinadas à plantação de psicotrópicos e bens usados para o tráfico ilícito de entorpecentes. E provavelmente poderá vir a acrescentar uma terceira hipóteses, a PEC do trabalho escravo. 
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. *STF RE 543974 (glebas como um todo). 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.
Usucapião: tanto para o imóvel urbano quanto para o rural. A posse não pode ser precária, tem que ser pacífica e ininterrupta. Requisitos:
Imóvel utilizado como moradia u da própria pessoa ou da família. 
Sem imóvel no nome tanto urbano quanto rural. 
Prazo de 5 anos. (Art. 191 da CF)
Urbano: 250 m² (Art. 183 da CF)
Rural: 50 hectares e deve tornar a propriedade produtiva. 
OBS: A CF não admite que imóveis públicos não podem ser usucapidos. 
Art. 183 - Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 191 - Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Parágrafo único - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
OBS: A interpretação mais adequada parece ser no sentido de que o Art. 183, §2º não seja estendido à hipótese de usucapião rural. Fundamentos: O legislador optou por não consagrar esta hipótese no caso de imóveis rurais; a função social da propriedade urbana (moradia) é diferente da função social da propriedade rural (produção). 
- Direitos Sociais: Art. 6º da CF. 
Introdução: Discute-se se os direitos sociais são ou não direitos fundamentais, mas no Brasil essa discussão não é forte, pois a própria CF assim estabelece. Os direitos sociais devem ser considerados materialmente fundamentais, pois em muitos casos são pressupostos para que o indivíduo possa usufruir os direitos individuais em toda a sua plenitude. 
“A liberdade é esvaziada quando não são asseguradas as condições materiais mínimas para que as pessoas possam desfruta-la de forma consciente” (Daniel Sarmento). 
“Oferecer direitos políticos ou salvaguardas contra o Estado a homens seminus, analfabetos, subnutridos e doentes é zombar de sua condição; eles precisam de ajuda médica ou de educação antes de poderem compreender ou aproveitar um aumento em sua liberdade.” (Isaiah Berlin). 
- Os Direitos Sociais estão elencados no Art. 6º e encontram-se densificados (tratamento mais preciso, concreto) não só no Capítulo II do Título II (Art. 6º ao 11) mas também na Ordem Social. 
Efetividade: É quando a norma cumpre sua função social na prática. A efetividade dos direitos de defesa é uma efetividade maior do que a dos direitos sociais. Os direitos de defesa possuem um status negativo (abstenção do Estado). Já os direitos sociais são direitos de caráter prestacional (exige do Estado uma atuação positiva). Esses direitos para serem colocados em prática dependem de recursos financeiros “custos”. De outro lado há uma limitação orçamentária por parte do Estado. 
“Custos” X Limitação orçamentária = “Escolhas Trágicas” (toda decisão alocativa de recursos é implicitamente uma decisão desalocativa de recursos). 
- A quem cabe fazer essas “escolhas trágicas”? Essas prioridades devem ser definidas pelo Executivo e pelo Legislativo. A maioria das normas que tratam de direitos sociais possuem uma “textura aberta”, ou segundo Robert Alexy, uma norma com estrutura de princípios. Não é defeito, é uma característica da CF. 
Intervenção judicial: Adjudicação ou sindicabilidade. Art. 6º da CF. 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança (segurança pública), a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
1ª Fase: ausência de normatividade: as normas eram consideradas programáticas, portanto, sem normatividade. 
2ª Fase: Intervenção excessiva sem critérios racionais: é uma fase de reação à ausência de normatividade. 
3ª Fase: Intervenção com critérios: “As normas programáticas não podem se transformar em promessas constitucionais inconsequentes, sob pena de fraudar justas expectativas depositadas nos poderes públicos pelos cidadãos”. STF RE 393175-AgR e S TF STA 178 (paradigma para esta nova fase) 
Teorias:
Reserva do Possível: Surgiu na jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal Alemã no caso “Numerus Clausus”. Nem tudo que é desejável é possível, por que existe uma limitação orçamentária (é o limite).
Normas Constitucionais no Tempo
- Teoria da Desconstitucionalização: de acordo com a tese exploradapor Esmein na linha teórica de Carl Schmitt quando do surgimento de uma nova constituição ocorre duas situações distintas: 1ª situação: as normas materialmente constitucionais (“constituição propriamente dita”) são inteiramente revogadas. 2º situação: as normas que são apenas formalmente constitucionais (“leis constitucionais”) e cujo conteúdo for compatível com o da nova constituição serão recepcionadas por ela como leis infraconstitucionais. 
Normas materialmente constitucionais: são aquelas que tratam da estrutura do Estado, da organização dos poderes e dos direitos fundamentais. 
Segundo a Teoria decisionista de Carl Schmitt só é “constituição propriamente dita” aquilo que decorre de uma decisão política fundamental a qual define as normas materialmente constitucionais. 
Normas formalmente constitucionais: são aquelas normas consagradas no texto de uma constituição independentemente do seu conteúdo. 
OBS: Carl Schmitt adota uma concepção política de constituição. 
No direito brasileiro esta teoria não é admitida pela grande maioria da doutrina. Dentre os poucos autores que a defendem estão: Manuel Gonçalves Ferreira Filho e Pontes de Miranda. 
- Quando surge uma constituição nova, a anterior deve ser considerada inteiramente revogada. É o chamado fenômeno de Revogação por Normação Geral. Esse fenômeno é adotado no Brasil. 
- Recepção: Quando do surgimento de uma nova constituição ocorre dois fenômenos distintos em relação às normas infraconstitucionais anteriores: 
1ª: as que foram materialmente compatíveis com a nova constituição serão recepcionadas por ela. 
2º: as que forem materialmente incompatíveis não poderão ser recepcionadas. Ocorre a não recepção, pois trata-se de normas hierarquicamente diferentes. 
A incompatibilidade formal superveniente não impede a recepção, mas faz com que a lei adquira uma nova roupagem, um novo status. Ex: CTN. 
Exceção: a incompatibilidade formal irá impedir a recepção quando a nova constituição atribuir a competência para tratar da matéria a um ente federativo diverso e maior que o da constituição anterior. 
- Teoria da Constitucionalização Superveniente: Ocorre quando uma norma originariamente inconstitucional é constitucionalizada por uma emenda constitucional ou por uma nova constituição. STF ADI 2158 e ADI 2189. O STF não admite esta tese por considerar que a lei inconstitucional tenha natureza de um ato nulo. Se o Supremo adotasse a tese de que a lei inconstitucional é um ato anulável, a constitucionalidade superveniente provavelmente seria admitida. 
- Repristinação tácita ou efeito repristinatório tácito: Ocorre quando uma lei revogada automaticamente passa a ter vigência em virtude da revogação da lei que a revogou. Está no Art. 2º, §3º da LINDB. 
Ex 1: Hipótese prevista na Lei 9868/99, art. 11, 2º que trata da concessão de medida cautelar em ADI. Uma lei “A” é revogada por uma lei “B”, e esta lei “B” é objeto de ADI (ocorre o pedido de medida cautelar para suspender a aplicação desta), se o STF conceder esta cautelar, a lei “A” é automaticamente restaurada quanto a sua eficácia. 
Ex 2: Uma lei “A” é revogada pela lei “B”, i STF em sede de ADI profere uma decisão de mérito acerca da lei “B”. O efeito automático é Ex Tunc já que essa lei “b” é um ato nulo. Se essa lei nunca foi válida ela nunca poderia ter revogado a lei “A”. 
Casos práticos: STF AI- AGr-ED 645623 e AI-AGr 618255 e RE-AGr 402098
- Mutação constitucional: São processos informais de alteração da constituição sem que haja modificação em seu texto. Esta teoria se contrapõe a reforma constitucional (art. 60 da CF). Instrumentos:
Interpretação: disposição normativa (dispositivo consagrado no texto - significante) é diferente de norma (produto da interpretação do texto - significado). HC 82959/SP. Ex: Art. 5, XLVI (crimes hediondos). Rcl 4335/Ac 
Costumes: mais comuns em países que adotam o sistema Common Law, não possuem constituição escrita. Ex: no Brasil ocorre com o voto de liderança.
Requisitos para a legitimidade de uma mutação constitucional: 
A interpretação deve ser enquadrável no texto normativo.
Não pode a interpretação contrariar, princípios estruturantes da constituição. Ex: art. 1º, 2º da CF. 
Poder Constituinte
- Noções introdutórias: Pode o Poder Constituinte Derivado criar novas Cláusulas Pétreas? Ou ampliar aquelas que já existem? Neste último caso, a ampliação também se tornaria Cláusula Pétrea (limites materiais impostos ao PCO)? Art. 60, §4º da CF. O entendimento amplamente majoritário na doutrina é o de que o rol de Cláusulas Pétreas não pode ser ampliado, pois elas são limitações impostas pelo PCO ao PCD. 
1ª C: Os direitos e garantias individuais podem ser ampliados, mas os novos direitos não podem ser considerados como Cláusulas Pétreas. Gilmar Mendes
2ª C: Uma vez ampliado o rol de Direitos e Garantias Individuais (Art. 60, §4º, IV da CF) os novos direitos devem ser considerados como Cláusulas Pétreas, seja em razão do dispositivo legal, seja em razão da proibição de retrocesso. 
- Direitos Adquiridos: 
Poder Constituinte Originário: Não se podem invocar direitos adquiridos. A nova CF pode sim violar esses direitos adquiridos. 
Poder Constituinte Derivado: Art. 5º, XXXVI (Cláusula Pétrea). A divergência está se o dispositivo se refere à lei em sentido estrito ou à lei em sentido amplo (incluindo as emendas). ADI 3133. ADI 3143 e ADI 3184. A maioria decidiu que essa lei deve ser interpretada em sentido amplo, ou seja, a EC também estaria incluída, não podendo, portanto, violar direitos adquiridos.
Competências
- Repartição de Competências: Princípio da Predominância de Interesses. 
Campos específicos de competência: já falado
Possibilidade de delegação: Art. 22, §único da CF. Pode delegar apenas aos estados e ao DF. Não pode delegar matéria por inteiro, somente matérias específicas para aquele ente. Já falado
As competências comuns e concorrentes são atribuídas a mais de um ente federativo ou órgão: 
Competências comuns: São atribuídas a todos os entes federativos e se referem a competências administrativas. Art. 23 da CF. Indiretamente atribui uma competência legislativa.
Competências concorrentes: Art. 24 da CF. Não é atribuída a todos os entes federativos e se refere diretamente a competências legislativas. Aqui os municípios ficam excluídos. Apesar do Art. 24 não fazer qualquer referência aos municípios, em razão do disposto no Art. 30, II, os municípios poderão suplementar as leis e federais e estaduais referentes a esses temas. 
Não será cabível legislação municipal para suplementar leis federais e estaduais decorrentes de competências privativas ou exclusivas. 
A União estabelecerá somente normas gerais. Estabelecerá as diretrizes essenciais em relação a essas matérias. 
Essa competência da União não exclui a competência suplementar dos estados. Repartição vertical de competências não cumulativas
Na omissão de lei federal sobre normas gerais, os estados exercerão a competência legislativa plena, para atender às suas peculiaridades. 
Alguns autores dividem a competência suplementar em duas espécies: 
1ª competência complementar quando dependente da prévia existência de lei federal a ser especificada (Art. 24, §2º da CF). 
2ª competência supletiva quando surge em virtude da inércia da União para editar normas gerais. Andre Ramos Tavares e Alexandre de Moraes. 
A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Não pode ocorrer a revogação de uma lei federal e uma estadual, pois uma norma só pode ser revogada e outra emanada do mesmo órgão e que tenha a mesma hierarquia (Princípio do Paralelismo das Formas). 
Ex: uma Medida Provisória (presidente da República) não pode revogar uma lei (congresso), pois apesar de ambas serem federais não são emanadas pelo mesmo órgão. Na revogação não há a possibilidade de a lei voltar a ter vigência, já a lei, sendo suspensa, poderá voltar a produzir efeitosnovamente (efeito repristinatório tácito). 
As competências privativas e exclusivas não são usadas neste sentido pela CF/88:
Competência privativa: É aquela atribuída a um determinado ente federativo ou órgão com a possibilidade de denegação. 
Competência exclusiva: É aquela atribuída a um determinado ente federativo ou órgão sem a possibilidade de ser delegada.
Exceções: Art. 22, §único e Art. 84, §único.
OBS: A CF/88 não adota este critério quando faz referências às competências. 
- Organização Político-Administrativa: Art. 18 da CF: A União, os Estados, os Municípios e o DF são todos autônomos, até mesmo a União, pois estão limitados à Constituição. Somente é soberana a República Federativa do Brasil. Art. 1º da CF: Princípio da Indissolubilidade do Pacto Federativo veda o direito à sucessão. 
Estados membro: De acordo com José Afonso da Silva, os Estados membro são limitados por três tipos de princípios constitucionais. 
Princípios constitucionais sensíveis: Aqueles referentes à própria essência da organização constitucional da federação brasileira. Esse termo foi uma denominação dada por Pontes de Miranda. Art. 34, VII da CF. 
ADI Interventiva ou Representação Interventiva: é uma exceção à regra do direito brasileiro, é um instrumento de controle concentrado concreto. Art. 36, III da CF (Lei 12.562/2011). 
O PGR, que é o único legitimado, no caso de violação de princípios sensíveis e no caso de violação de lei federal. O STF deve dar provimento a essa representação interventiva, se julgar improcedente, não será permitida a sua decretação pelo presidente. 
O cabimento da liminar está regulado no Art. 5º da Lei. Deve ser feito por decisão da maioria absoluta dos membros do STF. 
A natureza da decisão de mérito proferida pelo STF tem natureza político-administrativa. O ato do presidente será um ato vinculado (Art. 11 da Lei). 
O controle prévio pelo STF dispensa esse controle pelo Congresso. 
A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido de representação interventiva é irrecorrível, insuscetível de impugnação por ação rescisória. 
Princípios constitucionais extensíveis: São normas organizatórias referentes à União que deverão obrigatoriamente ser estendidas aos Estados. Alguns destes princípios estão expressos e outros implícitos (o STF quem determina). 
Expressos:
Art. 27, §§1º e 2º da CF. 
Art. 28 da CF. 
Art. 75 da CF. 
Implícitos:
Art. 58, §3º da CF. Normas referentes à criação de CPI.
Art. 59 e seg. da CF. Princípios básicos do processo legislativo. 
Art. 83 e outros. Separação dos poderes. É de observância obrigatória dos estados. 
Princípios constitucionais estabelecidos: São aqueles dirigidos aos estados de forma expressa ou implícita que se encontram espalhados de forma assistemática na CF. 
Art. 37 da CF. direcionado diretamente de forma expressa aos estados, União e municípios. 
Art. 19 da CF. 
Implícitos: Art. 22 e 30 da CF. Implicitamente os estados foram limitados a tratar dessas matérias.
Atenção! Todas essas limitações contêm normas de observância obrigatória pelos estados. Princípio da Simetria. 
- Distrito Federal: ADI 3756 O DF não é nem estado nem município. Trata-se de uma unidade federada com competência parcialmente tutelada pela União. Art. 48, IX e 21, XIII da CF. O Poder judiciário, MP, bombeiros, polícia civil e militar são custeados pela União, para compensar essa divisão, sendo a sua configuração, mais próxima dos estados. A defensoria pública, antes da EC 69/12, pertencia da União, mas agora ao próprio DF em matéria de competência para tratar da matéria. 
O Distrito Federal é um território neutro onde fica a sede do governo federal. 
- Territórios: Atualmente não existem territórios no Brasil. Os que existiam antes foram transformados ou incorporados em estados. Na CF de 69 eram considerados entes federativos, hoje são meras autarquias, ou descentralizações administrativo-territoriais pertencentes à União. Se vier a ser criado, quem irá escolher seu governador será o presidente da república (Art. 84, XIV). Serão eleitos 4 deputados federais, não interessando a população (Art. 45, §2º). 
- Município: Art. 1º e 18 da CF. Possui as mesmas autonomias (organização, legislação, governo e administração) dos demais entes. José Afonso da Silva considera que os municípios não são entes federativos por duas razões: Não existe nenhuma federação formada por municípios e eles não participam da formação da vontade nacional. 
Organização do Estado
- Tipos de Federalismo:
Quanto ao surgimento do Federalismo: de que maneira surgiu um determinado estado federado, qual o movimento que deu origem a este Estado.
Federalismo por agregação: É aquele que surge quando Estados soberanos sedem uma parcela de sua soberania para formar um ente único. Neste caso, o novo Estado surge a partir de um movimento centrípeto (de fora pra dentro, da periferia para o centro, sai dos Estados soberanos e é conferido ao ente central, o poder vai para perto do centro). O Estado resultante da extinção de Estados soberanos, agregados como entes autônomos é também denominado de Estado perfeito ou por associação ou por aglutinação. Ex: Estados Unidos, Alemanha e Suíça.
Federalismo por segregação: É aquele que surge com a descentralização política de um Estado unitário, através de um movimento centrífugo (de 
dentro para fora). Os estados que surgem são chamados e estados imperfeitos ou por dissociação. Ex: Brasil, Áustria e Bélgica. 
Quanto à repartição de competências: o modo em que as competências são constitucionalmente repartidas. 
Federalismo Dual ou Dualista: Caracteriza-se pela repartição horizontal de competências entre a União e os Estados. Neste caso, há uma relação de coordenação entre os entes federativos. É o modelo clássico de Federalismo. Há uma repartição rígida de competências entre a União e os Estados, não há qualquer relação de subordinação, é uma relação de igualdade, de coordenação. Não há uma sujeição de um em relação ao outro. Hoje um dia não funciona muito bem, pois o Estado deve ser tipicamente liberal, não intervencionista, Estado mínimo. Ex: Estados Unidos até 1929. 
Federalismo de Integração: Tem como nota característica a sujeição dos estados membros à União. Neste caso, a repartição de competências geralmente é vertical, havendo uma relação de subordinação dos estados em relação à União. É uma relação de desequilíbrio. Ex: Brasil durante a Constituição de 67 e 69. 
Federalismo Cooperativo: Consiste em uma tentativa de reduzir as dificuldades advindas da distribuição de competências e de se estabelecer uma fórmula geral para melhor cooperação entre os entes federativos. Vai agregar os dois modelos anteriores, haverá algumas competências horizontais (competências de cada um – Arts. 21, 22 e 30 da CF) e outras verticais (competências concorrentes – Art. 24 da CF). Ex: Estados Unidos atualmente, Alemanha e Brasil atualmente. 
Quanto à concentração do poder: onde o poder está concentrado
Federalismo Centrípeto ou Centralizador: Caracteriza-se pelo fortalecimento pode poder central decorrente da predominância de competências atribuídas à União. Ex: Brasil. 
Federalismo Centrífugo ou Descentralizador: Caracteriza-se pelo fortalecimento do poder dos estados em detrimento do poder da União. O poder não se concentra do ente central. Ex: Estados Unidos. 
 OBS: O nosso federalismo surgiu de um federalismo centrípeto, mas o poder é centrípeto.
Federalismo de Equilíbrio: Busca-se uma relação harmoniosa e equânime por meio de uma repartição equilibrada de competências entre a União e os estados. É uma relação de desequilíbrio. Ex: Alemanha 
Quanto à homogeneidade na repartição de competências: como as competências são distribuídas pela Constituição. 
Federalismo Simétrico ou homogêneo: Estados Unidos
Simetria fática: revela-se quando há a ocorrência de homogeneidade na realidade subjacente ao ordenamento jurídico. Ex: homogeneidade de língua, cultural, desenvolvimento social e econômico. A simetria fática conduza uma simetria jurídica.
Simetria jurídica: Ocorre quando se verifica a existência de um equilíbrio na distribuição de competências entre os entes federativos, ou seja, o grau de autonomia atribuído a um deles não se difere dos demais que se situam na mesma esfera. Todos os estados tem que tem competências idênticas, dentro dos municípios também. 
Federalismo Assimétrico ou heterogêneo: Há assimétrica fática decorrente de aspectos sócio culturais ou econômicos por vezes exige um tratamento jurídico assimétrico capaz de acomodar as diversidades e reduzir as desigualdades existentes. Ideia das ações afirmativas. O Brasil apesar de adotar um Federalismo Simétrico (Art. 25, §1º e 30 da CF) tem também algumas regras assimétricas em sua Constituição. Ex: Art. 3º, III; Art. 43; Art. 151, I da CF. 
Quanto às características dominantes: Nesta classificação, as características de uma determinada federação são analisadas em comparação com as características clássicas do federalismo. 
Federalismo Simétrico ou homogêneo: É aquele dotado de homogeneidade e que pressupõe a existência de características dominantes frequentemente encontradas nesta forma de Estado. O modelo padrão possui algumas características dominantes:
Possibilidade de intervenção federal nos estados. Art. 34, CF
Poder judiciário com órgãos federais e estaduais. Também temos no nosso federalismo.
Poder constituinte originário e poder constituinte decorrente (elaboração das constituições estaduais).
Poder legislativo bicameral. Também temos no nosso federalismo. 
Federalismo Assimétrico ou heterogêneo: É aquele em que há um rompimento com as linhas tradicionais caracterizadoras do federalismo simétrico. Características principais: 
Município ser consagrado como ente federativo. Esta característica é adotada pelo nosso federalismo, rompendo com as características tradicionais do federalismo. Para alguns autores, o federalismo brasileiro seria assimétrico. Para outros o Brasil adota um federalismo simétrico com algumas assimetrias excepcionais. 
Quanto às esferas de competência: 
Federalismo típico ou bidimensional ou bipartite ou de 2º grau: Caracteriza=de pela existência de duas esferas de competência: a esfera central (União) e a esfera regional (estados). Ex: qualquer outra federação, a não ser o Brasil. Ferreira Filho: O Brasil adora essa classificação em razão do poder de auto organização dos municípios, estar subordinado tanto à Constituição estadual quanto à CF. Art. 29 da CF. 
Federalismo atípico ou tridimensional ou tripartite ou de 3º grau: Caracteriza-se pela existência de três esferas de competência: a esfera central (União), a esfera regional (estados) e a esfera local (municípios). Ex: Brasil 
- Controle Concentrado no âmbito estadual: Art. 125, §2ª da CF. É uma norma de observância obrigatória (mesmo que não tenha um dispositivo na constituição estadual, ele se aplica diretamente). STF RE 598016-AgR 
Legitimidade Ativa: As constituições estaduais não precisam observar o Princípio da Simetria em relação aos legitimados ativos (Art. 103 da CF).
Competência: o único tribunal competente é o TJ. Ver. ADI 717 e ADI 1669 
Parâmetro: Art. 125, §2º da CF. Leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual. Ver ADI 508, RE 175087 
Normas de mera repetição: são as normas da constituição estadual que reproduzem normas da CF por vontade própria, adaptando à realidade dos estados. Serve como parâmetro. Ex: legitimados da ADI estadual no TFDFT. STF Rec 4432
Normas de observância obrigatória: são aquelas normas das constituições estaduais que obrigatoriamente tem que observar o modelo estabelecido pela CF. Serve como parâmetro. STF Rec 383/SP 
Normas remissivas: são aquelas normas da constituição estadual que não tem um conteúdo próprio, que apenas fazem remissão ao tratamento dado pela CF. Ex: Art. 5º da constituição do Piauí. Servem como parâmetro. STF Rec 4375-MC e Rec 4432 
OBS: Quando o TJ considerar o próprio parâmetro inconstitucional ele poderá declarar de ofício através de um controle incidental. Dessa decisão do TJ cabe um RE para o STF e o STF irá analisar em última instância se de fato o parâmetro viola a CF. 
Objeto: Art. 125, §2º. Lei ou ato normativo estadual ou municipal. Quando duas ações estão tramitando a respeito do mesmo parâmetro, a ação que tramita perante o TJ fica suspensa aguardando a decisão do STF, podendo julgar procedente e declarar a lei inconstitucional ou improcedente, declarar a lei constitucional. Se STF julgar a ADI procedente, a lei inconstitucional não poderá mais ser aplicada. Por isso, a ação no TJ deverá ser extinta por perda do objeto. Se o STF julga a ADI improcedente, o TJ poderia dar uma decisão diferente, pois está analisando a lei em face da constituição estadual, ou seja, em face de outro parâmetro. 
Decisão de mérito: o controle não tem partes formais, tem legitimados, então a decisão nunca terá efeito Inter Partes, então terá efeito Erga Omnes (isso vale para qualquer ação de controle concentrado). No âmbito estadual não se fala em efeito vinculante, somente em âmbito federal. 
Cabimento de RE: há duas situações em que o RE é cabível: 
Quando o TJ considerar o parâmetro da CE inconstitucional. 
Quando o parâmetro for dispositivo da CE interpretado contrariamente ao sentido de uma norma de observância obrigatória da CF. 
- Controle Difuso no TJ: A decisão terá efeito Inter Partes. Algumas CE adotam a seguinte regra: quando o TJ julga uma lei inconstitucional, não importa se é municipal ou estadual, quem irá suspender será a Assembleia Legislativa (RS, RN, MS, TO, SE e AM). Nos demais estados, a lei estadual quando declarada inconstitucional, o TJ comunica a Assembleia Legislativa, quando for lei municipal, o TJ comunica a Câmara Municipal. É o mecanismo adotado pela maioria das CE (inclusive o DF). Faz parte da capacidade de auto-organização
Organização dos Poderes 
- Poder Legislativo:
Comissões Parlamentares de Inquérito: 
CPI Federal: a CF/88 valorizou muito as Comissões, decorrente da complexidade e da diversidade de matérias a serem tratadas no âmbito do poder Legislativo. 
Objetivos: Auxiliar o Poder Legislativo em suas funções típicas 
Ajudar na atividade legiferante
Servir de instrumento de fiscalização e controle do Poder Executivo e da administração pública. 
Informar o público em geral sobre determinados fatos considerados relevantes para a sociedade. 
Investigados: Os poderes conferidos são os relacionados ao legislativo. Investiga fatos relacionados à gestão da “coisa pública”. São eles: Poder Executivo, pessoas físicas ou jurídicas, órgãos ou instituições ligados à gestão da coisa pública ou, que de alguma forma, tenham que prestar contas sobre dinheiro, bens ou valores públicos. 
Requisitos para a criação: Art. 58, §3º da CF. Podem ser exclusivas ou mistas (Câmara e Senado). Só investiga, não acusa e nem pune ninguém, sendo suas conclusões encaminhadas ao MP ou à Advocacia Geral da União. Todos esses requisitos são normas de observância obrigatória (serve para o âmbito estadual e municipal). Ver ADI 3619
Mediante requerimento de 1/3 de seus membros: STF MS 26441 (Momento do requerimento: esta exigência deve ser atendida no momento do protocolo do pedido perante a mesa da casa legislativa, independentemente de posterior ratificação). 
Exclusiva: 1/3 da Câmara ou 1/3 do Senado
Mista: 1/3 dos membros da Câmara + 1/3 dos membros do Senado.
- Constituição de Weimar de 1919: consagrou a ideia de CPI como direito das minorias sendo uma forma de fiscalização do poder. 
Atenção! “Judicialização da Política”: questões que deveriam ser debatidas no âmbito político acabam sendo decididas pelo judiciário. É diferente da “Politização da Justiça ou do Judiciário”: fatores políticos interferem no resultado das decisões judiciais.
Apuração de fato determinado: não pode ter um objeto genérico, deve ter um fato determinado a serem apurados. Deve haver a delimitação a ser investigado pela CPI.Interesse público envolvido 
Interesse relacionado à União. Interesse geral. O Princípio Federativo vai impedir a apreciação de fato de interesse exclusivamente regional ou exclusivamente local, pois se houverem ligação com interesse geral poderão ser apurados. 
OBS: Nada impede que uma CPI já instaurada investigue também fatos novos que sejam conexos com o objeto inicial. Ver STF INQ. 2245
Por prazo certo: 
Permanentes: permanecem por mais de uma legislatura. Ex: CCJ (mudam-se os membros). 
Temporárias: tem um prazo determinado de duração ou se extinguem com os fins do trabalho ou ainda com o término da legislatura (4 anos de mandato dos deputados federais – Art. 44, §único). OBS: O senador é eleito para 2 legislaturas. 
Senado: o que for estabelecido no requerimento. RISF Art. 145, §1º.
Câmara dos Deputados: 120 dias, prorrogáveis pela metade. RICD Art. 35, §3º. 
Atenção! A legislatura não se confunde com a sessão legislativa (Art. 57 da CF), que é anual, começando no dia 02/02 e vai até 17/07, recomeçando em 01/08 e terminando em 22/12.
Poderes: 
Previstos no regimento interno de cada uma das casas.
Próprio de autoridades judicial: poderes investigatórios e poderes instrutórios (somente estes é que a CPI possui). Não possui poderes acautelatórios (como não pune ninguém, não faz sentido ter poderes acautelatórios). 
Natureza desses poderes: os poderes atribuídos às CPIs têm natureza instrumental, não sendo reconhecidos como poderes autônomos. 
Apesar de ter amplo poder investigativo, a CPI encontra limites nos direitos e garantias individuais consagrados na CF. 
Quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico (acesso aos dados, ao registro e ao histórico das ligações) e de dados (do computador). STF MS 25668. Não confundir com interceptação telefônica (reserva de jurisdição).
Determinação para busca e apreensão de documentos e equipamentos. STF HC 71039 Não pode invadir domicílio (também reserva de jurisdição). 
Realização de exames periciais. 
Pode determinar condução coercitiva
Atenção! Para poder exercer esses poderes, a CPI deve fazer uma fundamentação adequada e contemporânea à deliberação. STF HC 80420 Se não observados esses poderes a deliberação poderá ser nula. 
Limites: 
Cláusula da Reserva de Jurisdição: Algumas matérias são reservadas exclusivamente ao Poder Judiciário, a quem cabe dar não só a última palavra, mas também a primeira. Ex: interceptação telefônica (Art. 5º, XII da CF), inviolabilidade de domicílio (Art. 5º, IX da CF), prisão (Art. 5º, LXI da CF, existe a previsão no RI, mas não fora recepcionado pela CF) STF MS 23452, sigilo imposto a processo judicial (Art. 5º, X , LX e 93, IX da CF – se o processo está tramitando em segredo de justiça, a CPI não pode quebrá-lo) STF MS 27483. 
Direitos Fundamentais: Privilégio da não autoincriminação (direito ao silêncio Art. 5º, LXIII da CF) STF HC 100200, sigilo profissional (Art. 5º, XIV da CF). 
Medidas acautelatórias: indisponibilidade de bens, proibição de ausentar-se do pais, arresto, sequestro e hipoteca judiciária. 
Princípio Federativo: CPI pode investigar governador de estado, pois não pode obrigá-lo a prestar esclarecimentos (o CN exerce competência federal e o governador é uma autoridade estadual) STF MS 31689. 
MS e HC são impetrados em face da autoridade coatora da CPI ou de seu presidente e impetrados originariamente no STF. 
CPI Estadual: 
Requisitos: são normas de observância obrigatória. 
Fato determinado: deve ser de interesse regional. 
Autoridades investigadas: as CPIs estaduais não têm competência para investigar autoridades que estão submetidas a foro privilegiado federal. STJ PET 1611-Ag Rg. Não está impedida de investigar o fato e sim a pessoa. 
Quebra de sigilo: ACO 730 a CPI estadual pode determinar quebra de sigilo bancário, apesar da decisão não mencionar, todos podem ser quebrados. 
CPI Municipal: 
Princípio da Simetria: admite a criação de CPI municipal, para isso, alguns autores entendem que há necessidade de previsão na Lei Orgânica Municipal ou no regimento interno da câmara. 
Poderes: como não existe poder judiciário no município, o entendimento majoritário é de que a CPI municipal não pode ter poderes de investigação próprios de autoridade judicial, pois isso representaria uma ampliação indevida das competências municipais estabelecidas pela CF. Serão somente aqueles estabelecidos no regimento interno. Não pode haver quebra de sigilo por não haver Judiciário municipal. STF RE 96049 
- Garantias do Poder Legislativo: A principal finalidade é assegurar a independência do Poder Legislativo. São irrenunciáveis. São inerentes ao Legislativo e não à pessoa que ocupa o cargo. Iniciam-se a partir da diplomação, que é um ato anterior a posse e terminam no final do mandato (fim da legislatura, cassação ou renúncia). O entendimento atual do STF é que com o afastamento, o parlamentar deixa de ter imunidade material e formal (ficam suspensas), mas permanece a prerrogativa de foro, até o fim do mandato. (Súm. 4 do STF - cancelada). Os suplentes não são atingidos pelas garantias do Legislativo: “Não existe senador suplente, deputado suplente ou vereador suplente. O que existe é suplente de senador, de deputado ou de vereador”. (Carmen Lúcia) 
- Durante o Estado de Sítio (caso mais grave), as prerrogativas (Art. 53, §8º da CF) permanecem, porém, podem ser suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. Se durante o Estado de Sítio, que é o estado de legalidade extraordinária mais grave, as imunidades material e formal subsistem como regra durante o Estado de Defesa, que é uma situação de menor gravidade, essas imunidades não podem ser suspensas. Normas excepcionais devem ser interpretadas restritivamente, por isso, tais exceções não podem ser estendidas ao Estado de Defesa. 
Parlamentares Federais: 
Prerrogativa de foro: Arts. 53, §1º c/c 102, I, “b” da CF. Inicia-se desde a expedição do diploma. A competência para julgar as infrações penais comuns é do STF. Ver Recl. 511 STF (as infrações penais comuns compreendem os crimes dolosos contra a vida, os delitos eleitorais e as contravenções penais). Princípio da Especialidade. Quanto ao inquérito, ver PET 3825-QO do STF (a iniciativa do procedimento investigatório deve ser confiada ao MPF sob a supervisão do ministro relator do STF. A polícia Federal não está autorizada a abrir de ofício inquérito policial no caso de parlamentares federais ou do Presidente da República). O inquérito não precisa ser autorizado pela respectiva casa. Tramitará no STF desde a diplomação até o fim do mandato (regra). Terminado o mandato, aquele processo deixa de ser de competência do STF e passa a ser do juiz de 1º grau. 
- Duas exceções: 1ª: Inq 2295 STF – quando o julgamento já tiver sido iniciado antes do término do mandato. 2º - AP 396 STF – quando houver renúncia com “abuso de direito”. 
OBS: os deputados estaduais, em crimes eleitorais, são julgados perante o TRE. 
- Exceção da verdade: Regra geral é de que a admissibilidade, o processamento e o julgamento devem ser feitos pelo mesmo órgão. Exceção: Quanto às autoridades julgadas pelo STF cabem a estes apenas, o seu julgamento. A admissibilidade e o processo são de competência da instância ordinária. STF AP 602 
- Conexão e continência: Súm. 704 do STF. 
Imunidade Material: Também é conhecida como freedom of speach (liberalidade do discurso). Na CF é chamada de Inviolabilidade (art. 53 da CF). 
Por atos praticados dentro do CN: presunção de que tem conexão com o exercício do mandato. O STF entende que eventuais abusos ocorridos dentro do CN, a própria casa deve coibir, tomando as medidas necessárias. 
Por atos praticados fora do CN: fora do recinto é necessário que haja conexão com o exercício do mandato. Não é presumida. 
Penal e Civil: EC 35/01 (O STF já admitia antes). 
Administrativa e Política: Adotam esse entendimento Alexandre de Moraes eUadi Lamedo Bullos. 
Natureza: O STF adotou, no Inq. 2273 o posicionamento da Min. Ellen Gracie, é de causa excludente de tipicidade. 
Ver: AI 401600 STF – O entendimento do STF (a imunidade se estende aos fatos cobertos e divulgados na imprensa). Inq. 1247 (a resposta imediata, à injúria perpetrada por parlamentar, também fica acobertada pela imunidade). 
Imunidade formal: foi profundamente midificada com a EC 35/01. É chamada de Freedom from arrest (liberdade em relação à prisão). Também é chamada no STF de Incoercibilidade pessoal relativa. Súm. 245 do STF (não se refere à prerrogativa de foro, nem à imunidade material, pois não há réu). 
Prisão: Art. 53, §2º da CF. Desde a expedição do diploma, não poderá ser preso, salvo em flagrante de crime inafiançável. Os autos serão remetidos dentro de 24 horas a Casa respectiva, para que, decidam pela maioria absoluta sobre a prisão. A maioria relativa é a maioria dos presentes, já a maioria absoluta é a do total de membros. Se condenados definitivamente poderão ser presos, a ressalva, segundo o STF se refere à prisão cautelar e flagrante de crimes afiançáveis. No caso de prisão por alimentos, não há nenhuma decisão do STF acerca desse tema. 
Processo: até 2001, os congressistas, para serem processados necessitavam de autorização da respectiva casa. Após a EC 35, essa autorização passou a ser desnecessária. O PGR oferece a denúncia perante o STF e quando o STF recebe a denúncia, independentemente de autorização, dará ciência à respectiva Casa (se entender que é uma perseguição política, poderá suscitar a suspensão do processo, pela maioria absoluta dos membros). Este procedimento só pode ocorrer em relação a crimes ocorridos após a diplomação, portanto, o crime tem que ter sido praticado após a diplomação naquela legislatura específica (AC 700-Agr). 
- Prescrição na suspensão do processo: A prescrição também deve ser suspensa. Art. 53, §§§3º ao 5º da CF. 
Parlamentares Estaduais: A CF não possui dispositivos específicos tratando das garantias dos deputados estaduais, ela apenas determina que se estenda a eles as mesmas garantias dos deputados federais. Art. 27, §1º da CF. O STF interpreta a palavra “imunidades” de forma a abranger tanto a imunidade formal, quanto a prerrogativa de foro. Determina que se apliquem de forma integral e imediata (nem mais, nem menos, tem que ser exatamente as mesmas) as mesmas regras relativas aos parlamentares federais. Neste caso (intervalo entre a EC), se aplica a CF, e não as CE’s. 
A diferença é somente em relação a prerrogativa de foro. Em caso de crimes comuns, serão os TJ’s. Porém, nos crimes eleitorais, será, a competência, do TRE. Se crimes contra bens e serviços ou interesse da União, EPF e AF, será competente o TRF. Ver. Súm. 721 do STF! No caso dos parlamentares estaduais, ver decisão do STF Recl. 7936/MC e HC 95506 (a prerrogativa de foro do deputado estadual não é estabelecida exclusivamente pela Constituição Estadual, em razão do disposto no Art. 27, §1º da CF, ou seja, prevalece a competência do TJ). Esta súmula não se aplica ao deputado estadual. 
OBS: Possuem imunidade em todo o território nacional. 
Parlamentares Municipais: Art. 29, VIII da CF. Possuem somente a imunidade material, e não a formal na prerrogativa de foro. Esta imunidade foi criada pela CF/88. No caso de vereador, essa imunidade se restringe aos limites territoriais do município. HC 74201. Súm. 3 do STF (superada). 
Imunidade formal: Vereador não tem imunidade formal e nem se admite que a Constituição Estadual lhe estenda esta imunidade. ADI 558 do STF. 
Prerrogativa de foro: o STF admite que a CE atribua ao TJ. Neste caso, os crimes dolosos contra a vida, serão submetidos ao Tribunal do Júri (Súm. 721 do STF). 
- Perda de mandato do parlamentar: Art. 55 da CF. Se aplicam integralmente aos vereadores e deputados estaduais (normas de observância obrigatória). Em ambos os casos, tem que ser assegurada ampla defesa ao parlamentar. O STF só pode se manifestar a respeito da observância das garantias formais, sendo inviável o controle judicial sobre o mérito da acusação (questão interna corporis) no caso da cassação. MS 23388 STF 
Cassação do mandato: É decidida pela respectiva casa do parlamentar. 
Incompatibilidades 
Incompatibilidade com decoro parlamentar (Ver MS 23388 STF – o fato não precisa ter ocorrido na legislatura) 
Condenação criminal em sentença transitado em julgado 
Extinção de mandato: É apenas declarada, ou seja, é um ato vinculado. 
Deixar de comparecer a 1/3 das sessões legislativas
Perder os tiver suspensos os direitos políticos
Decretação pela Justiça Eleitoral
Atenção! Deputado e Senador não praticam crime de responsabilidade!!!
- Terminologias:
- Poder: É a capacidade, a possibilidade, aptidão de impor vontades sobre a vontade de terceiros. O Estado exerce o denominado poder político, exerce sua vontade sobre a vontade de terceiros através da utilização da violência legítima (Max Weber). Ex: mandado de busca e apreensão, 
- Acepções do termo “poder” na Constituição:
Art. 1º, §único: “todo poder emana do povo”. Denominação de “Democracia”, soberania popular.
Art. 2º: “São poderes da União”. Poder aqui, significa órgão. A nossa CF adota a divisão orgânica de Montesquieu. Tecnicamente, não é correto falar em divisão tripartite de Montesquieu. O poder é uno, indivisível, se manifesta através de órgãos independentes e harmônicos. 
Desde Aristóteles, no livro “Política”, houve a identificação, naquele ser que exercia poder, a manifestação de três funções, sendo um único ser. Este “ser” se manifesta em três diferentes funções: 1ª a criação de regras para se viver em sociedade/ 2º aplicação das regras no caso concreto/ 3º resolve possíveis conflitos decorrentes da aplicação da regra. 
Por volta de 1660/70, Jonh Locke, no livro “Um segundo Tratado do Governo Civil”, tratou do mesmo tema, afirmando o que Aristóteles havia dito. 
Em 1748, Montesquieu escreveu o “Espírito das Leis”, confirmou Aristóteles e Locke, porém, se levar essa ideia ao pé da letra, ter-se-ia um poder absoluto, hipertrofiado, o ideal seria que cada um desses poderes exercesse sua função de forma independente e harmônica, para se evitar o arbítrio, o absolutismo, a hipertrofia, a hiperforça, o autoritarismo. 
OBS: Todas as nossas Constituições adotam a divisão orgânica do Montesquieu, exceto a de 1824, que adotou o pensamento de Benjamim Constant, o chamado Poder Moderador ou O Quarto Poder.
Atenção! Teoria do Órgão: Quem fala é o Estado, através de vários órgãos, em suas decisões etc. 
Arts. 44, 76 e 92 da CF: “O Poder Legislativo, Executivo e Judiciário”. Nesses três artigos, a palavra “poder” significa função. 
- Função Legislativa: O legislativo, no Brasil desempenha basicamente/tipicamente, duas atribuições: Inova a ordem jurídica, criado aquilo genericamente conhecido como “lei” (espécies normativas ou modalidades legislativas previstas no Art. 59 da CF); fiscaliza, de duas formas – fiscalização político-administrativo (desempenhada pelas Comissões Art. 58) e econômico-financeiro (é auxiliado pelo Tribunal de Contas Art. 70 a 75). 
OBS: Os parlamentos europeus até 1789 (Revolução Francesa) somente fiscalizavam e não inovavam o ordenamento jurídico. 
Funções atípicas: 
Julga: cabe ao Senado, julgar o presidente e outras autoridades pelos crimes de responsabilidade. Art. 52, I da CF.
Administra: Art. 51, IV e 52 da CF. Polícia do Senado, da Câmara, processo licitatório, autogestão etc. 
No Brasil, o legislativo da União é exercido pelo Congresso Nacional, que é bicameral: Câmara e Senado Federal. É uma opção do constituinte de 88. É um bicameralismo com características próprias. Espécies:
Bicameralismo do tipo aristocrático: Existe na Inglaterra, com a Câmara Baixa (câmara dos comuns) e Câmara Alta (Câmara dos lordes ou dos nobres). É um bicameralismo vertical. 
Bicameralismo do tipo federativo: Em razão de nossa forma de Estado, a CF de 88 adota esse tipo. No Senado os representantes dos Estados e do DF, e naCâmara, o representantes do povo. Uma das características da Federação é a participação das unidades parciais na formulação da vontade geral. Além disso, esse bicameralismo é de equilíbrio, de equivalência, horizontal. 
O legislativo da União se manifesta de várias maneiras:
Só o Senado Federal: Art. 52 da CF. Se manifesta através de uma Resolução. 
Só a Câmara dos Deputados: Art. 51 da CF. 
Câmara dos Deputados depois Senador ou Senado depois Câmara: Com a participação do Presidente criando leis ordinárias ou complementares. Art. 48 da CF. 
Congresso Nacional: Art. 49 da CF. Se manifesta independentemente da CD e do SF. Se manifesta através do Decreto Legislativo. 
Legislativo da União investido do Poder Constituinte Derivado Reformador: Art. 60. Manifesta-se através de uma Emenda à Constituição. 
Conceitos: 
Legislatura: Estamos da 54º legislatura. É o prazo de 4 anos que corresponde ao mandato de um Deputado Federal. Art. 44, §único. Cada legislatura se divide em 4 sessões legislativas: cada uma 1 ano. Cada sessão legislativa divide-se em 2 períodos legislativos (Art. 57 da CF):
02/02 até 17/07
01/08 até 22/12
Nos intervalos, temos os recessos parlamentares, são 54 dias por ano. 
- Câmara dos Deputados: 
É composto de 513 deputados federais. 
São representantes do povo. Art. 45 da CF
Povo: no sentido de nacional (Art. 12 da CF). Brasileiros natos e naturalizados. 
São eleitos pelo sistema proporcional: É adotados eleições dos deputados federais, estaduais e vereadores. Não leva em conta o número de votos válidos ofertados ao candidato, mas sim o partido político que representa. 
População: É um conceito demográfico, geográfico, matemático. Aqui entram os estrangeiros. 
Não pode ter menos de 8 nem mais de 70 deputados federais. Art. 45 da CF. 
Território: é uma descentralização autárquica da União. Se criados, terão 4 deputados federais. 
O número dos deputados federais repercute no número dos deputados estaduais. Art. 27 da CF. Ex: 8 deputados federais X 3: 24 deputados estaduais. 10 X 3 = 30. 12 X 3 = 36. 13 X 3 = 36 + 1 = 37 e assim sucessivamente. 
Mandato do deputado federal: 4 anos. A cada 4 anos, pode ter uma renovação de 100% dos deputados. 
A suplência aqui será aquele que tiver um número menor de votos.
- Senado Federal:
Mandato do senador: Cada estado elege 3 senadores, independentemente de sua população. Hoje, são 81 senadores. São 8 anos de mandato (desenvolve 2 legislaturas).
O Sistema majoritário: adotado pela presidente, governador, prefeitos e senador. Aqui valoriza-se o número de votos válidos ofertados ao candidato. 
É uma renovação alternada: a cada ano, o senado se renova em 1/3 e 2/3. 
Cada senador é eleito com 2 suplentes. 
- Mesas de Direção: Art. 57, §4º da CF. É um órgão administrativo de direção de um colegiado. Ex: presidente e vice do STF e STJ. Aqueles que exercem cargos nas mesas, exercem mandato de 2 anos. A CF veda a reeleição para o mesmo cargo na mesa na eleição seguinte (Art. 57, §4º da CF). Essa vedação não se aplica aos legislativos estaduais e municipais. 
Mesa câmara: É composta só por deputados federais. Presidente, Primeiro Vice- Presidente, segundo vice e 4 secretários
Mesa do Senado: É composta só por senadores. Presidente
Mesa do Congresso Nacional: Quem preside é o Presidente do Senado Federal. Os cargos são exercidos alternadamente por senadores e deputados. Quem preside o Senado automaticamente preside o Congresso e segue a ordem. 
Importância das mesas: É o presidente quem define a pauta dos projetos que serão debatidos, conduz os trabalhos legislativos. A mesa da câmara e do Senado promulgam emendas à Constituição (Art. 60, §5º da CF). A mesa da Câmara e do Senado podem fazer o controle de constitucionalidade, através de ADI’s (Art. 103, II e III da CF). O presidente do Senado e da Câmara estão na linha sucessória do Presidente da República. 
Comissão: organismo parlamentar com número restrito de membros que tem por objetivo apresentar, debater, aprimorar, votar proposições legislativas e fiscalizar. São dotadas de poder de aprovar projetos de lei independentemente da participação do plenário, é a chamada “Delegação Interna”(decisão terminativa), não sendo qualquer projeto, somente os previstos no RI. Art. 58 da CF. Gilmar Mendes chama de “Processo Legislativo Abreviado”. 
Espécies:
Temática ou material: debate, aprimora, vota projetos de lei. Ocorre através das audiências públicas. A mais importante é a CCJ, pois faz o controle preventivo de constitucionalidade. 
Permanente: É aquela que ultrapassa uma legislatura.
Temporária: É aquela que é criada, desenvolve seus trabalhos e se encerra na mesma legislatura. 
Mistas: composta somente por deputados ou senadores 
Conjuntas: composta pelas duas casas. 
Representativa ou de Representação: Ocorre durante os recessos. É mista/conjunta e temporária (Art. 58, §4º da CF). 
Parlamentares de inquérito: aula do Novelino.
Deve ser respeitado o número das representações partidárias nas constituições mesas e de cada comissão. 
Processo Legislativo: Inova a ordem jurídica, criando, genericamente as leis. “Tudo é permitido, desde que não seja proibido”, porém, só para o particular Art. 5º, II e III. Já no Art. 37 da CF, a legalidade possui outro sentido, podendo, o administrador fazer somente aquilo que é permitido. A lei precisa ser constitucional materialmente, além disso, precisa ser criada em obediência ao devido processo legislativo constitucional. Se violar, será inconstitucional organicamente ou formalmente (a lei violou o devido processo legislativo constitucional). 
Conceito: É uma garantia do cidadão. É o conjunto de atos previstos constitucionalmente que tem por objetivo a criação da norma jurídica. 
Espécies: 
Ordinário ou comum: É a regra, aquele que deve ser seguido, obedecido, atendido, pelos projetos de lei ordinário ou complementar. 
Sumário: É algo curto, acanhado, pequeno. O presidente, chefe do executivo, solicita urgência nos projetos de lei de sua iniciativa. 
Especial: É aquele que foge à regra, diferente, deve ser obedecido por outras espécies normativas, que não seja lei ordinária nem complementar (Art. 59 da CF). 
OBS: Tecnicamente, a Medida Provisória não é uma modalidade legislativa, até o limite da promulgação, não constava do rol do Art. 59. 
- Processo Legislativo ordinário ou comum: 
Fases: 
Iniciativa: recebe uma série e apelidos, como, proposição, disposição, competência legislativa, capacidade legiferante. Quem pode apresentar o projeto de lei. 
Regra: todo projeto de lei, em regra, começa a tramitação na Câmara (casa iniciadora) e o Senado a casa revisora. 
Exceções: Se iniciam no Senado o projeto de LO ou LC apresentado pelo Deputado. Projeto de lei apresentado por comissão do Senado. 
Espécies de iniciativa:
Privativa ou reservada: É aquela em que a CF expressamente delega a apenas um dos legitimados, autorização para apresentar projeto de lei sobre determinado tema. Ex: Art. 61, §1º. Súm. 5 do STF (foi cancelada), Art. 93 da CF, Art. 125 da CF, Art. 96, II, “c” da CF (criação dos TRF’s). 
Concorrente: a CF reserva a dois dos legitimados o poder de apresentar projeto de lei. Ex: MP (PGR e Presidente da República). 
Promulgação: É a certificação formal de existência da lei, promulga-se para atestar que a lei existe, é executável e potencialmente obrigatória. O projeto já foi convertido em lei na fase de deliberação executiva ou na eventual derrubada do veto. Promulga-se lei, e não projeto (Art. 66, §5ª – possui em erro com a utilização de “projeto”). Nas 48h em que o Presidente do Senado pode promulgar a lei entende-se doutrinariamente que o Presidente da República também pode fazê-lo; teríamos então uma concorrência. 
Publicação: É regida pela Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. É a publicação que torna a lei obrigatória, através de uma ficção jurídica. Inexiste prazo constitucional expresso para a efetivação da publicação. Temos hoje, 2 correntes disputando as consequências dessa ausênciade prazo: 1ªC – o que há no texto constitucional é um silencia eloquente, ou seja, não há prazo. 2ªC – há uma laguna técnica, mais uma falha redacional do texto constitucional, resolvendo através da analogia com a promulgação (48h). José Afonso da Silva. Ver Art. 4º do Dec. Lei 201/67 (Art. 1º - crimes de responsabilidade impróprios); Art. 9º, I da Lei 1.079/50. 
Controle jurisdicional preventivo do processo legislativo: o parlamentar (legitimidade ativa) tem o direito líquido e certo de só participar de um processo legislativo que esteja em consonância com a normatização constitucional, levando a questão ao STF por meio de Mandado de Segurança. O STF só tem a competência de avaliar o processo legislativo e não seu conteúdo. 
Parlamentar federal: STF. O parlamentar deve integrar a casa o qual o projeto está sendo discutido. 
- Procedimento especial: Em termos constitucionais só há uma única distinção entre o procedimento de LC e o procedimento de LO, a maioria de aprovação. LC (maioria absoluta – Art. 69 da CF) e LO (maioria simples – Art. 47 da CF). Existem outras distinções formais entre as duas nos regimentos internos. Vale ressaltar que nos regimentos internos das casas legislativas temos algumas outras diferenças procedimentais entre as espécies normativas, como, LC nunca segue o trâmite legislativo terminativo do Art. 58, §2º, I da CF. 
Diferença formal: Maioria de aprovação
Diferença Material: LC tem matéria taxativa ou reservada enquanto LO tem um campo material de aprovação residual. A LO será portanto, utilizada quando a CF não exigir expressamente nenhuma outra espécie normativa. Segundo o STF não há hierarquia normativa entre LO e LC; havendo, tão somente, entre elas, campo material de atuação distinto. 
Lei formalmente complementar e materialmente ordinária: vale frisar que segundo o STF esta LC pode ser revogada por uma lei ordinária posterior. 
- Processo Legislativo Sumário: Art. 64, §§1 ao 4º da CF. É um procedimento mais célere. Também pode ser intitulado como regime de urgência constitucional (diferente do regime de urgência regimental). Art. 157 do RICD. Prazo para deliberação e para a votação são os mecanismos utilizados para tornar o processo mais célere.
Pressupostos:
Iniciativa: Somente do Presidente da República (iniciativa concorrente ou privativa).
Solicitação de urgência. Estando presentes os requisitos, o Congresso terá que atender ao pedido. 
Prazos: 
45 dias para cada casa. 45 para a Câmara + 45 dias para o Senado. A Câmara deve ser a Casa Iniciadora. 
Art. 64, §2º da CF: ocorre um trancamento de pauta especial, não gerando o sobrestamento das deliberações constitucionais que tenham prazo constitucional determinado, como a MP, por exemplo. No recesso os prazos não correm e também não se aplicam aos projetos de código. 
- Leis Delegadas: no âmbito federal perderam a utilização pelo fato do Presidente poder se utilizar das Medidas Provisórias. Art. 68 da CF. É uma modalidade de delegação chamada de Externa Corporis, pois é feita do CN para o Presidente da República. 
Iniciativa: do Presidente da República. É uma iniciativa solicitadora (pedido para apresentar Lei Delegada). Não existe direito público subjetivo do Presidente a receber a delegação. O congresso se reunirá em até 72h e em maioria simples decidirá a solicitação. 
Autorização: Se autorizar ocorrerá em forma de Resolução (Art. 68, §2º da CF). Não pode ser substituída por LO, sob pena de termos uma autorização inconstitucional.
Atípica: Art. 68, §3º da CF: O CN solicita que o Presidente apresente um projeto de Lei Delegada. Também chamado de processo legislativo invertido. Na apresentação do projeto é vedada emendas pelo CN.
Típica: O presidente pede, e o CN delibera, não há apresentação de projeto. 
OBS: Não importa se a delegação será típica ou atípica, a Resolução que a autoriza deverá trazer a especificação do conteúdo, bem como os termos de seu exercício. 
Limites materiais: Art. 68, §1º da CF. Relação com a MP. 
A resolução do CN gera uma faculdade ao Presidente em editar a LD.
O CN pode sustar a Resolução autorizativa da LD. 
O CN pode ele mesmo editar a lei objeto de LD. 
Que impõe as regras é o primeiro interessado a fiscalizar a aplicação delas. A fiscalização é feita nos termos do Art. 49, V da CF. “Exorbitem do poder regulamentar” (controle de legalidade); “limites da delegação legislativa” (Controle de constitucionalidade político repressivo). Esse Decreto de sustação também é passível de controle de constitucionalidade, os legitimados do Art. 103 da CF podem propor ADI. 
- Medida Provisória: Art. 59, V da CF. As MP foram inseridas no texto constitucional em 88 em substituição aos antigos Decretos Leis (possuem DL ainda em vigor, como o CP). Os que continuam em vigor estão devidamente em compatibilidade com a CF. 
Sistema de Governo Parlamentar (melhor adequação): As MP possuem origem italiana. Isso por que somente no sistema parlamentar não há identidade física entre o chefe de estado e o chefe de governo, sendo este último membro do parlamento, sem mandato fixo e com o governo dependente para se manter do apoio da maioria parlamentar. Nesse sentido provimentos provisórios impopulares ou inadequados podem acarretar a queda do gabinete por meio da moção ou voto de desconfiança. 
Espécie normativa primária: não há hierarquia entre as LC, LO, LD e MP. São aquelas que retiram seu fundamento de validade diretamente do texto constitucional. 
Art. 59, V da CF: MP’s não deveria constar do Art. 59, V da CF, haja vista não existir um processo legislativo destinado à sua confecção, afinal, as MP’s são fruto de um ato monocrático e unipessoal do Presidente da República. 
EC 32/01: modificação com relação ao trâmite das MP’s. 
Edição das MP’s: Art. 62 da CF. Quem edita é o Presidente da República, em âmbito federal.
Estado: também podem editar MP, desde que haja previsão expressa no texto da Constituição Estadual (poder derivado decorrente). Art. 11 do ADCT. Ver ADI 425 e ADI 2391 (sustenta que existe MP em âmbito estadual – Art. 25, §2º da CF). 
Município: 1ªC – pode ocorrer, desde que previsto na Lei Orgânica do Município. 2ªC – Em que pese uma leve divergência doutrinária, majoritariamente entende-se que uma Lei Orgânica Municipal somente poderia prever em seu texto medidas provisórias, se já houvesse previsão deste instrumento no texto constitucional estadual. A justificativa é a dupla subordinação (Art. 11, único do ADCT). 
Pressupostos constitucionais legitimadores da edição de MP: 
Relevância e urgência. São cumulativos
Urgência: Impossibilidade de aguardar até mesmo o procedimento sumário. 
Relevância: Alto significado para o Estado ou para a sociedade. 
Controle jurisdicional dos pressupostos constitucionais autorizadores da edição de MP: Atualmente, o STF defende que sim (ADI 2527), sendo um controle absolutamente excepcional, sendo viável somente quando houver evidente abuso do poder de legislar ou flagrante inocorrência dos pressupostos constitucionais. 
Conversão da MP em lei no curso da ADI: Antigamente (ADI 1417) o STF entendia que a conversão da MP em lei sanava os vícios da MP. Atualmente, o STF entende de forma diversa, afinal, só haverá a prejudicialidade da ação em razão da perda do objeto se na conversão houver modificação substancial dos dispositivos que estavam sendo impugnados na ação. Em não havendo alterações significativas a ação segue, devendo haver o aditamento da inicial. ADI 3090, 4048 e 4049 
Limites materiais à edição de MP: Art. 62, §1º, Art. 25, §2º, Art. 246 da CF e 73 do ADCT. Limites implícitos (Arts. 49, 51 e 52 da CF). 
Inc. I – nacionalidade e direitos políticos lato sensu. Direito civil pode ser objeto. Organização do MP e poder judiciário (LC). Não pode tratar de matéria orçamentária, salvo abertura de créditos extraordinários (despesas urgentes e imprevisíveis). 
Inc. II - Caso Collor. 
Inc. III – Matéria reservada à LC.
 Inc. IV – Falta urgência.
Art. 246 da CF: a MP não poderá regulamentar artigo da CF cuja redaçãotenha sido alterada por meio de emenda, no período de 01/01/95 até 11/09/01 (EC/5 e EC/32). 
Limites materiais:
Medida provisória e matéria tributária: Art. 62, §2º da CF. MP pode sim tratar de matéria tributária, desde que sejam observadas as regras constantes do Art. 62, §2º da CF. Princípio da Anterioridade Tributária. A MP pode majorar ou instituir impostos, no entanto, a cobrança só poderá ser feita no exercício financeiro seguinte ao da conversão da MP em Lei (e não da edição da medida). Isso em homenagem ao Princípio da Anterioridade tributária, constante do Art. 150, III, “b” da CF, que segundo o STF (ADI 939) é uma garantia individual do contribuinte, portanto, cláusula pétrea. 
Produção de efeitos: Art. 62, §§3º e 7º d CF. Determina que as MP’s produzirão efeitos por 60 dias, prorrogável uma única vez por igual período. 
Termo inicial: publicação da MP, seus efeitos são imediatos. 
Art. 62, §4º determina que durante o período do recesso congressual o prazo da MP é suspenso, continuando a produzir efeitos durante este prazo. 
Procedimento: É especial. 
Sessão bicameral: A CD sempre será a Casa Iniciadora (Art. 62, §8º da CF) e o Senado responsável pela deliberação revisional. 
Art. 62, §9º da CF: comissão mista para a análise da MP antes de se submeter ao plenário. Ver Res 01/02 do CN. Atalho: relator ofertava um parecer (direito costumeiro inconstitucional – Gilmar Mendes). A partir de 2012 esse dispositivo passou a ser de observância obrigatória.
Prazo ideal de votação da MP:
Aprovação e rejeição: 45 dias (prazo ideal). É considerado ideal por que impede que haja trancamento de pauta. A votação da MP deve acontecer prioritariamente nos 45 dias contados de sua publicação, no intuito de evitar o chamado trancamento de pauta previsto no Art. 62, §6º. No entanto, é importante recordar que o prazo de 45 dias vencido não inviabiliza a votação da MP, que pode ser feita até o fim do prazo de eficácia (60 + 60 dias). MS 27931 (não concluído). O alcance do trancamento de pauta previsto no §6º do Art. 62 da CF está em discussão no STF. 
Conversão em lei:
Sem alteração de texto: deverá ser encaminhada ao Presidente do Congresso Nacional para que ele promova sua promulgação e publicação. Art. 12 da Res. 1/02 do CN. 
Com alteração de texto: é intitulada projeto de lei de conversão e passa a respeitar o processo legislativo ordinário. O projeto de lei de conversão devidamente aprovado pelas duas casas legislativas será encaminhado ao Presidente da República para a deliberação executiva (15 dias úteis). Observar a regra do Art. 62, §12 da CF (também estende o prazo de eficácia da MP). 
Rejeição: Art. 63, §§3º e 11 da CF. 
Expressa: qualquer uma das duas casas discorda da MP e a refeita expressamente. Se a rejeição se der na Casa Iniciadora, poderá ser reeditada em próxima sessão legislativa. Se a Casa Revisora rejeitar também poderá ser resgatada, só que na próxima sessão legislativa. A rejeição ocorrerá dentro de seu período de eficácia (60 + 60). 
Tácita (perda de eficácia por decurso de prazo): sem dúvida ocorreu o trancamento de pauta de algumas das casas ou das duas. Vencido o prazo e não fora votada. 
Perda de eficácia: perde a eficácia desde a edição, operando efeito ex tunc. 
Últimas observações:
Não editada esse Dec. Legislativo pelo CN no prazo de 60 após a rejeição, cabe MI? Não, por que mesmo depois da rejeição ela continua regulando as relações decorrentes de dela, não estamos diante de uma ausência de regulamentação.
Pode o Presidente da República retirar da apreciação do CN uma MP por ele editada? Não. Depois ele edita, é um ato normativo com força de lei, o único ato que poderá impedir é a rejeição pelo CN ou mesmo solidificar seus efeitos, convertendo-a em lei.
O que ele poderá fazer? Editar MP 2 (tratando do mesmo assunto de forma distinta) suspendendo a eficácia da MP 1. A MP 2 poderá ser rejeitada, voltado a MP 1 a produzir seus efeitos (pelo período que lhe resta), não sendo rejeitada, a MP 1 perderá definitivamente seus efeitos. 
Se tivéssemos uma Lei ocorreria a mesma coisa. 
EC 32, Art. 2º: as MP editadas antes da vigência desta emenda não poderão ser rejeitadas tacitamente. 
- Emendas Constitucionais: Art. 60 da CF. A nossa CF quanto à estabilidade é considerada rígida. No mundo ocidental não existem mais constituições imutáveis. As mudanças são feitas pelo poder derivado reformador, é limitado, de 2º grau, condicionado (ao poder constituinte originário). 
Limitações ao poder de reformar:
Expressas: Art. 60 da CF. 
Circunstanciais: Art. 60, §1º da CF. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou estado de sítio. A intervenção estadual não impede a emenda. 
Formais:
Subjetivas: Art. 60, caput, I a III da CF. Rol taxativo
Proposta de 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara ou do Senado. 
Presidente da República
+ da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
Objetivas: Art. 60, §§ 2º, 3º e 5º
A proposta será discutida e votada, em cada casa do CN (sessão bicameral), em dois turnos (cada casa estipula um prazo entre as sessões), considerando-se aprovada se obtiver em ambos, 3/5 dos votos dos respectivos membros (maioria qualificada). 
A EC será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Inexiste sanção ou veto presidencial para proposta de EC (informação implícita). 
A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
Materiais: Art. 60, §4º da CF. Se que será objeto de discussão (direito líquido e certo do parlamentar ao devido processo legislativo). 
Forma federativa de Estado
Sistema de governo (presidencialismo) não é cláusula pétrea implícita. 
Forma de estado (república): não há compatibilização com o voto. É cláusula pétrea implícita. A República em si não é cláusula pétrea, mas os princípios que a norteiam em relação à alternância do poder são. 
O voto direto, secreto, universal e periódico
Separação dos poderes
Direitos e Garantias Individuais. Uma EC que não cria direito novo deriva de direito já existente, por isso, a “melhora” de um direito é cláusula pétrea.
O certo seria “direitos e garantias fundamentais”, pois englobaria os Direitos Sociais. Percepção de Ingo Sarlet. 
Somente estão petrificados expressamente os Direitos e Garantias Individuais. Doutrina majoritária. 
Temporal: Não há. Segundo a doutrina majoritária não há limite por lapso temporal previamente estipulado na CF de 88. A Constituição do Império de 1824 (1ª constituição histórica), em seu Art. 174 adotou um limite de tempo, impedindo que aquela constituição fosse reformada nos primeiros 4 anos de sua promulgação. 
Na CF de 88 temos um limite para a atividade revisional, prevista no Art. 3º do ADCT. O prazo fora de 5 anos. Não confundir com a atividade de reforma. 
Implícitas:
A impossibilidade de o poder reformador alterar sua própria titularidade e também a titularidade do poder originário. 
Impossibilidade de alterarmos o Art. 60 da CF. É ela quem impede a adoção do procedimento da dupla revisão. 
- Sessão Revisional:
Sessão unicameral do Congresso Nacional
Maioria absoluta. 
Responsabilização do chefe do executivo
- Formas de governo: Estabelece com se dá a relação entre governantes e governados. 
República: 
Princípio da Eletividade: todos os governantes serão eleitos
Princípio da Temporalidade: os governantes são eleitos por prazo certo e determinado.
Princípio da Responsabilização: os atos praticados dos governantes são passíveis de responsabilização. 
Monarquia:
Princípio da Hereditariedade: não são eleitos, são escolhidos através de uma linhagem sanguínea familiar.
Princípio da Vitaliciedade: o cargo é vitalício.
Ausência da responsabilização. O rei não erra. 
- Prerrogativas do Presidente da República: Não são vantagens pessoais, estão vinculadas ao cargoe, portanto, são irrenunciáveis. 
Material: somente dada aos membros do legislativo no exercício do cargo. O Presidente por não ser integrante do legislativo, não as tem. 
Formal: 
Prisão: Art. 86, §3º da CF. O Presidente não pode sofrer nenhuma prisão processual, não podendo ser preso em flagrante, temporariamente ou preventivamente. Só pode ser preso em virtude de uma sentença condenatória definitiva, em razão de infração penal comum (pelo STF – Art. 102, I, “b” da CF). 
Cláusula de irresponsabilidade penal relativa (temporária): Art. 86, §4º da CF. Na vigência do mandato, só será responsabilizado por atos relacionados à função presidencial. É uma cláusula de imunidade e não de impunidade. Será responsabilizado quando o mandato finalizar. Os atos praticados pelo Presidente da República podem ser atos relacionados à função presidencial (in officio ou propter officium) ou podem ser estranhos à atividade presidencial. Os primeiros atos, que guardam relação com a atividade presidencial, podem ensejar responsabilização durante a vigência do mandato. Já em se tratando de atos desconectados da atividade presidencial a responsabilização só é possível após o término do mandato, perante a justiça comum. No caso dos atos estranhos, a prescrição fica suspensa enquanto durar o mandato. 
Autorização: Art. 51, I c/c 86, caput da CF. O presidente só pode ser processado se houver autorização da Câmara por 2/3 dos seus membros, por meio de Resolução. 
- Demais membros: As 3 imunidades formais do presidente são extensíveis ou não aos demais chefes do executivo? As duas primeiras prerrogativas estudadas para o Presidente da República (Art. 86, §§3º e 4º da CF), lhe foram dadas enquanto chefe de estado e por isso não são extensíveis aos demais chefes do executivo. A terceira imunidade formal prevista para o Presidente da República, referente à autorização (Art. 86, caput da CF) lhe foi entregue enquanto chefe de governo, e por isso, é extensível aos governadores de estado e do DF, se houver previsão na constituição do estado (ADI 1021). Os prefeitos municipais, por outro lado, não possuem nenhum tipo de prerrogativa. Atenção, pois, o STF em 2010 no HC 102732 superou parte do entendimento que houvera sido fixado no HC 80511, ao determinar que autorização prévia da casa legislativa só é necessária para o início do processamento, e não para a instauração do inquérito, tampouco para a determinação de prisão (Inq 650). Art. 105, I, “a” da CF. 
- Sistema de governo refere-se ao modo como se relacionam dois poderes da república (legislativo e executivo), basicamente existem dois modelos, o presidencialista e o parlamentarista (adotado durante o regime monárquico e entre 1961 a 1963). 
- A característica central do presidencialismo é a reunião de todas as funções executivas no Poder Executivo o que faz com que a chefia seja una (o presidente é simultaneamente chefe de estado e chefe de governo – identidade física) e o legislativo não pode abreviar o mandato do chefe do executivo, salvo se o Senado condena-lo por crime de responsabilidade. 
- Responsabilização do Presidente da República: 
Crimes comuns: Infrações penais comuns previstas no CP e legislação penal extravagante, abrangendo também as contravenções penais, crimes eleitorais e os dolosos contra a vida. 
Julgamento pelo judiciário (STF – Art. 102, I, “b” da CF):
Crimes de responsabilidade: Infrações político-administrativas descritas no Art. 85 da CF (rol exemplificativo). Lei 1079/50 (estabelece as normas de processo e julgamento dos crimes de responsabilidade), que o STF declarou recepcionada pela CF/88. Súm. 722 do STF (competência privativa da União a definição do crime de responsabilidade). 
Julgamento pelo legislativo (Senado Federal – Art. 52, I e §único da CF). 
Fases do procedimento: 
Autorização: sabemos que o Presidente da República somente será processado se antes for dada uma autorização da Câmara dos Deputados por 2/3 de seus membros. 
É um juízo de admissibilidade da acusação. Essa acusação pode ser apresentada por qualquer cidadão (em sentido amplo - contrair obrigações e exercer direitos). É um juízo político, acerca da estabilidade do país (mesmo que comprovado a materialidade e autoria do crime). 
Direito de defesa: MS 21564 do STF. Mesmo ainda estando em um juízo de admissibilidade da acusação, já existe um direito de defesa. 
Vincula o Senado Federal que deverá instaurar o processo (não significa que tem que condenar), mas não vincula o STF que fará um novo juízo da admissibilidade da denúncia apresentada pelo PGR ou da queixa-crime apresentada pelo ofendido ou seu representante. De 
Acordo com o Art. 86, §§1º e 2º não é a autorização, dada pela Câmara, que ocasiona a suspensão do Presidente de suas funções por no máximo, 180 dias. Em se tratando de crime comum, a suspensão do Presidente será iniciada se e quando o STF receber a denúncia ou a queixa-crime; em sendo o crime de responsabilidade a suspensão se inicia com a instauração do processo pelo Senado Federal. 
Crime comum: 
O Presidente não se submete ao inquérito policial, mas sim ao inquérito judiciário, relatado por um ministro do STF. 
Encaminhamento ao PGR ou ao ofendido para decidirem se procederão à denúncia ou não. 
A peça acusatória é enviada à Câmara para a análise da aplicação ou não da cláusula de irresponsabilidade penal relativa pela Câmara dos Deputados. 
Se autorizado pela Câmara, a acusação seguirá para o STF para que ele, agora, possa analisar a peça acusatória. O Presidente ficará afastado de suas funções até no máximo 180 dias. 
A pena aplicada pelo STF será aquela em abstrato pelo tipo penal (preceito secundário). Nos crimes comuns a perda do cargo não é uma pena aplicável, mas sim uma consequência reflexa da condenação, conforme determina o Art. 15, III da CF (suspensão dos direitos políticos). 
Crime de responsabilidade: 
A sessão de julgamento no Senado Federal é presidida pelo Presidente do STF, e a condenação só pode ocorrer por 2/3 dos votos dos membros do Senado. Art. 52, §único da CF. 
A condenação ocorrerá por meio de Resolução. 
No crime de responsabilidade a perda do cargo é pena e também a inabilitação por 8 anos para exercer função pública. Estas penas são independentes e autônomas entre sí. STF MS 21689 (o mérito da decisão não pode ser analisado pelo STF, somente o procedimento, sua legalidade). Res. 101 do Senado Federal (condenação do Collor). 
- Responsabilização dos governadores: Crime comum é julgado pelo STJ (Art. 105, I, “a” da CF). em se tratando de crime de responsabilidade, o julgamento se dará por um tribunal especial formado por 5 desembargadores (sorteio) e 5 deputados estaduais (eleição) sob a presidência do presidente do TJ respectivo. O prazo de inabilitação do governador é de 5 anos (e não 8). 
- Responsabilização dos prefeitos: Crime comum (Art. 29, X da CF) é julgado pelo TJ (se for eleitoral será o TER, se ofender o interesse da União, será o TRF). Ver Súm. 702 do STF. Para os crimes de responsabilidade o julgamento será conforme o Art. 4ª do Dec. Lei 201/67 (determina que a competência é da Câmara Municipal). O início do processo não depende da autorização prévia, pois não é contemplado com nenhuma prerrogativa formal. Os crimes descritos no Art. 1º do Dec. Lei 201/67 são em verdade, crimes comuns e por isso, serão julgados no Poder Judiciário. A doutrina os intitula “crimes de responsabilidade impróprios”. Por outro lado, os crimes que estão descritos no Art. 4º do Dec. Lei 201 são verdadeiros crimes de responsabilidade, por isso o julgamento é feito na Câmara Municipal e a doutrina os intitula de crimes de responsabilidade próprios. Ver Súm. 208 e 209 do STJ. 
- Processo interventivo: Segundo Temer, a previsão do processo interventivo é um dos mecanismos tendentes a assegurar e conservar a manutenção da federação. 
- Intervenção: É a suspensão temporária e excepcional, determinada nas hipóteses taxativamente previstas na CF, da autonomia do ente federado. A União poderá promover a intervençãosomente em município localizados em territórios federais.
- Intervenção estadual: É aquela feita pelos estados membros em seus municípios. 
Princípios:
Excepcionalidade: suspensão excepcional e temporal da autonomia dos estados federados. A autonomia é a regra, sendo a intervenção uma exceção. Art. 34 e 35 da CF. 
Taxatividade: A intervenção só pode ser determinada nas hipóteses previstas expressa e taxativamente no texto constitucional. Causas ou pressupostos materiais estão no Art. 34 e 35 da Cf.
Temporalidade: Intervenção não é sanção, mas tão somente um mecanismo constitucional para contornar crises institucionais e que vigora por período certo de tempo (o suficiente). 
Intervenção federal: Os pressupostos materiais estão previstos no Art. 34 da CF. os formais (procedimento) estão no Art. 36 da CF. Lei 12.562 
Espontânea: Art. 34, I, II, III e V da CF. É aquela que ocorre quando o Presidente a decreta ex officio, ou seja, independentemente de qualquer provocação externa, não havendo, portanto, procedimento no Art. 36 para a sua decretação. 
Há a consulta ao Conselho da República e da Defesa Nacional, que ofertarão parecer meramente opinativos. 
Provocada: Art. 34, IV, VI e VII. Pode ser provocada por solicitação (pedido) ou por requisição (ordem). 
Solicitação do Poder Legislativo ou Executivo, coacto ou impedido. 
Requisição do Supremo Tribunal Federal se a coação for exercida contra o Poder Judiciário. 
Desobediência à ordem ou decisão judiciária do STF, STJ ou TSE. Se outro órgão do judiciário a requisição será do STF. 
ADI interventiva em caso de afetação dos Princípios Constitucionais sensíveis. O PGR é o legítimo para o ajuizamento da ADI e o STF competente para julgar, sendo procedente o Presidente deverá decretar. 
Recusa a dar executoriedade á Lei Federal, também por requisição do STF.