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Processo Penal 89 Inquérito Policial - Conceito: Trata-se de procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, que consiste em um conjunto de diligências objetivando a identificação das fontes de prova (tudo aquilo que está relacionado ao crime) e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da Ação Penal ingresse em juízo. Termo Circunstanciado: Usado em infrações de menos potencial ofensivo (abrange as contravenções e crimes com pena máxima não superior a 2 anos , cumulada ou não com multa, submetidos ou não a procedimento especial , ressalvadas as hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher.) A lei prevê um procedimento mais simples para crimes mais simples . - Natureza Jurídica: Procedimento de natureza administrativa (não é processo!), pois dele não resulta a imposição de sanções. OBS: Persecução Pena: O Estado desenvolve mecanismos para punir o criminoso, divide-se em duas fases: 1ª Investigações (mero procedimento administrativo, ocorre a colheita de provas, elementos de informação) 2ª Processo Penal ( já possui natureza processual). - Eventuais vícios constantes do Inquérito Policial não produzem qualquer nulidade (não contaminam o processo) no processo, salvo em se tratando de provas ilícitas. *STF HC 94034 - Finalidade do Inquérito Policial: A colheita de elementos informativos (não se confunde com prova) quanto à autoria e materialidade da infração penal. Elementos de Informação X Provas: Ver art. 155 CPP Elementos Informativos Provas - Produzidos na fase investigatória - Não há contraditório nem ampla defesa (trabalho da polícia deve ser rápido) - Papel do juiz: “Garante das regras do jogo”. O juiz quanto à produção dos elementos informativos, só deve intervir quando for provocado e desde que sua intervenção seja indispensável. - Finalidade: Auxiliar na formação da convicção do titular da Ação Penal (opinio delicti), assim como subsidiar a decretação de medidas cautelares. - “Exclusivamente”: Elementos informativos isoladamente considerados, não podem fundamentar uma decisão, todavia, podem se somar a prova produzida em juízo servindo como mais um elemento para a formação da convicção do juiz. Art. 155 CPP. *STF HC 83348 - Em regra é produzida na fase judicial - Obrigatório a observância do Contraditório e da Ampla Defesa. - Deve ser produzida na presença do juiz: Princípio da Identidade Física do Juiz (Art. 399, §2ª CPP). - Presença: Direta: presença física (fórum) Remota: Videoconferência (passou a ser admitida no Processo Penal com a Lei 11.900). - Finalidade: Auxiliar na formação da convicção do juiz. - Exceção: Provas produzidas na fase investigatória: Provas Cautelares: São aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo, em relação às quais o contraditório será diferido. Urgente. Contraditório postergado. Em regra, tais provas dependem de autorização judicial, podendo ser produzidas tanto na fase investigatória quanto na fase judicial. Provas não repetíveis: É aquela que, uma vez produzida, não tem como ser novamente coletada, em virtude do desaparecimento da fonte probatória. Em regra tais provas não dependem de autorização judicial, podendo ser produzidas tanto na fase investigatória quanto na fase judicial. O Contraditório será diferido. Ex: exame de corpo de delito nas infrações cujos vestígios podem desaparecer. Provas Antecipadas: São aquelas produzidas com a observância do Contraditório real (o contraditório será no momento da produção da prova, na presença do juiz), perante a autoridade judiciária, seja durante o inquérito, seja durante o processo, em virtude de situação de urgência e relevância. Art. 225 CPP (depoimento = depoimento ad perpetuam rei memorium) - Características do Inquérito Policial: Procedimento escrito: Tudo deve ser documentado. Art. 9ª CPP. Gravação audiovisual de diligências: Art. 405 §1ª, CPP. É possível. Este termo somente “escrito” está ultrapassado. Procedimento dispensável: Se o titular da Ação Penal contar com elementos informativos fornecidos a partir de peça autônoma de investigação (ex: CPI), poderá dispensar o Inquérito Policial. Art. 39 §5ª CPP. Procedimento sigiloso: O sigilo e consequentemente o elemento da surpresa são essenciais para assegurar a eficácia das investigações. Não se confunde com a CF Art. 93, IX (julgamentos do Poder Judiciário – fase processual). A quem não se opõe o sigiloso do Inquérito Policial: juiz, /MP, Advogado (CF, Art. 5ª, LXIII – Assistência de Advogado; Lei 8.906/94 Art. 7ª, XIV – Não há necessidade de procuração, salvo se houver informações sigilosas; Súm. Vinculante nº 14 – o advogado tem acesso aos elementos já documentados no procedimento investigatório, mas não quanto às diligências em andamento; negativa de acesso aos autos pelo advogado – Reclamação ao STF Art. 103 A §3º/ MS em nome do advogado/ HC em favor do investigado, mesmo que o investigado esteja solto, subsiste a possibilidade de impetração de HC caso haja risco potencial a liberdade de locomoção *STF Súm. 693). Procedimento inquisitorial: 1ªC: No Inquérito Policial, não é obrigatória a observância do Contraditório e da Ampla Defesa. Corrente majoritária. 2ªC: Admite o direito de defesa no Inquérito Policial. Pode ser exercido de duas formas: Exercício Exógeno (é aquele que é exercido fora dos autos do Inquérito. Ex: HC, requerimentos ao MP e ao juiz). Exercício Endógeno (é aquele exercido dentro dos autos do Inquérito. Ex: oitiva do investigado, requerimentos ao delegado). OBS: Inquérito para expulsão do estrangeiro, neste caso é obrigatória a observância do Contraditório. Procedimento discricionário: A autoridade policial deve determinar as diligências a serem realizadas de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Art. 6ª, CPP e Art. 14, CPP. Discricionariedade (liberdade de atuação dentro dos limites traçados pela lei) não se confunde com Arbitrariedade (atuação em desacordo com a lei). OBS: Art 14, CPP: Diligências inúteis, desnecessárias, protelatórias devem ser indeferidas. Diligências obrigatórias devem ser obrigatoriamente realizadas. Ex: exame de corpo de delito das infrações que deixam vestígios. Procedimento indisponível: O delegado de polícia não pode arquivar autos de Inquérito Policial. Art. 17 CPP Procedimento temporário: Investigado solto: o prazo (30 dias) para conclusão do Inquérito pode ser prorrogado (razoável duração do processo, que também abrange a fase de investigação.) STJ HC 96.666. Art. 10 §3º CPP. - Formas de instauração do Inquérito Policial: Crimes de Ação Penal Pública Condicionada à representação ou requisição do Ministro da Justiça/ Ação Penal Privada: depende de requisição do Ministro da Justiça ou de requerimento do ofendido. O Inquérito não pode ser instaurado de ofício e não há necessidade de formalismo, o importante é que haja algum tipo de manifestação da vítima na persecução penal. Ação Penal Privada/Pública Condicionada: Depende de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. Ação Penal Pública Incondicionada: Representam a maioria dos crimes do CP, é a (regra). De ofício: Caso a autoridade policial tome conhecimento do fato delituoso, através de suas atividades rotineiras, deve instaurar o Inquérito Policial. O Princípio da Obrigatoriedade também se aplica à autoridade policial. O delegado deverá lavrar uma portaria (peça inaugural). Requisição do juiz ou do MP: Art. 5ª, II CPP. Alguns doutrinadores acha que essa requisição do juiz viola a Imparcialidade e o próprio sistema acusatório, no qual devemos ter a distribuição das funções, então ele deve remeter em autos ou em papel para o MP. (art. 40 CPP). A peça inaugural do Inquérito é a própria requisição do MP. Requerimento do ofendido ou de seu representante legal: Art. 5º, §1º, CPP.Também se materializa através de portaria. Esse requerimento pode ser indeferido, cabendo: Recurso Inominado ao chefe de polícia (Secretário de Segurança Pública, ou o Delegado-Geral da Polícia Civil): Art. 5º, §2º CPP. Requerimento ao MP: Se o MP concordar, ele mesmo pode requerer. Notícia oferecida por qualquer do povo (Delatio Criminis): Art. 5º, §3º, CPP. A autoridade policial deve verificar a procedência da notícia, lavrando também uma portaria. Auto de Prisão em flagrante: A peça inaugural é o próprio auto de prisão em flagrante (APF). Art. 27, CPPM – suficiência do APF. - Impetração de Habeas Corpus para fins de trancamento do inquérito: Portaria do delegado: O delegado será a autoridade coatora, o HC deverá ser julgado por um juiz de primeiro grau. Requisição do MP (estadual): O HC deverá ser julgado pelo Tribunal de Justiça. - Notitia Criminis: É o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial acerca de um fato delituoso. Notitia Criminis de Cognição Imediata: O delegado toma conhecimento do fato delituoso através de suas atividades rotineiras. A consequência é a instauração do Inquérito de ofício. Notitia Criminis de Cognição Mediata ou de Cognição Provocada: A autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através de um expediente escrito. Alguém por escrito vai provocar o delegado de polícia. Pode ser através da requisição da vítima ou do MP. Notitia Criminis de Cognição Coercitiva: A autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante. É obrigatória, o delegado é obrigado a tomar conhecimento do fato delituoso. Notitia Criminis Inqualificada: É a conhecida denúncia anônima. Art. 5º, IV, CF. Por si só não serve para fundamentar a instauração de um Inquérito Policial, porém a partir dela, é possível que a polícia realize diligências preliminares para apurar a veracidade das informações e então instaurar o procedimento investigatório propriamente dito. A denúncia anônima isoladamente considerada não deve fundamentar a instauração do Inquérito. *STF HC 95244 - Incomunicabilidade do indiciado preso: Art. 21, CPP – Não foi recepcionado pela CF/88. Art. 136, §3º, IV, CF – É vedada a incomunicabilidade no Estado de Defesa, se não permitida em um Estado de crise, imagina em época comum. Regime Disciplinar Diferenciado (RDD): Art. 52 LEP. Não há incomunicabilidade, mas sim maior restrição à visitação. - Indiciamento: É atribuir a alguém a autoria (ou participação) de determinada infração penal. Início das investigações Elementos quanto à autoria Durante o processo criminal Após o trânsito em julgado da sentença condenatória Suspeito ou Investigado. Indiciado Denunciado ou Acusado Réu ou Condenado Pressupostos para o Indiciamento: Elementos Informativos quanto à autoria e participação Deve ser fundamentada pela autoridade policial. *Instrução Normativa 11/2011 da Polícia Federal – impões ao delegado de polícia federal o dever de fundamentar. Espécies de Indiciamento: Direto: Ocorre quando o indiciado está presente, e o indiciamento ocorre na sua presença. É a regra. Indireto: Ocorre quando o indiciado está ausente, em local incerto e não sabido. Atribuição para o Indiciamento: É um ato privativo do delegado de polícia, da mesma forma que o delegado não pode impor que ele denuncie alguém, o promotor também não cabe forçar o delegado a indiciar. OBS: 1) Não é possível o indiciamento no Termo Circunstanciado. 2) Desindiciamento: Ocorre quando anterior indiciamento é cassado em virtude da ausência de elementos quanto à autoria. Feito de maneira arbitrária e ilegal. *STJ HC 43599 Sujeito Passivo do Indiciamento: Em regra qualquer pessoa pode ser objeto de indiciamento. Excepcionalmente não podem ser indiciados membros do MP (Lei 8625/93, ART. 41, II e § único) e membros da Magistratura (LC 35/79, Art. 33 § único); pessoa titulares de foro por prerrogativa de função (STF Inq. 2411 QO – Senadores não podem ser investigados nem tampouco indiciados sem prévia autorização do STF) Indiciamento e Afastamento do Servidor Público de suas funções: Lei 9613/98 Art. 17D, com redação dada pela Lei 12683/12. Diante do indiciamento o servidor será afastado (pelo delegado) de suas funções até que o juiz competente autorize o seu retorno. Devemos adotar a seguinte ideia: Não é possível o afastamento do servidor a partir do indiciamento (como o afastamento ou suspensão é uma medida cautelar, cabe somente ao poder jurisdicional determiná-lo). Art. 319, VI, CPP. - Identificação Criminal: Antes da CF/ 88 era obrigatória, mesmo que o acusado se identificasse civilmente (STF Súm. 568). Após a CF/88 (Art. 5º, LVIII), se o investigado se identificar civilmente (Lei 12037/09, Art. 2º.), não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. Identificação Datiloscópica: Colheita de impressões digitais. Não é um método 100%, infalível. Identificação Fotográfica: foto 3X4. Também não é um método infalível, pois as pessoas mudam. - Leis relativas à identificação criminal: Lei 8069/90 - ECA: Art. 109 (adolescente) Lei 9034/95 – Lei das Organizações Criminosas: Art. 5º (Revogado tacitamente pela Lei 10054/00) Lei 10054/00 – Lei das Identificações Criminais: Art. 3º não ressalvou o crime praticado por Org. Criminosas *STJ RHC 12965. Lei 12037/09 – Atual Lei de Identificações Criminais: Art. 3º dispõe quando será possível a identificação criminosa. Revogou Expressamente a Lei 10054/00. Também revogou tacitamente os demais dispositivos referentes à identificação criminal. - Conclusão do Inquérito Policial: Prazo: Preso *não é possível a prorrogação, salvo as exceções Solto *é possível a prorrogação do prazo Art. 10 §3º. CPP: Art. 10 10 dias 30 dias Justiça Federal 15 dias + 15 dias (prorrogado) 30 dias CPPM 20 dias 40 dias Lei de Drogas 11. 343/96 30 dias + 30 dias 90 dias + 90 dias Crimes contra a Economia Popular 10 dias 10 dias Prisão Temporária em crimes Hediondos e equiparados 30 dias + 30 dias Não se aplica a quem está solto, por se trata de prisão temporária. Natureza Jurídica do prazo: Art. 10 CP. O dia do começo é levado em consideração. Art. 798 CPP. Não inclui o dia do começo. Investigado solto: prazo de natureza processual Investigado preso: Há controvérsia. 1ªC: Natureza penal, Art. 10 CP.(Nucci)/ 2ªC: Natureza processual penal (Mirabete e Denílson Feitosa) Relatório da Autoridade Policial: Art. 10, §1º, CPP. Peça de caráter descritivo: O delegado deve descrever as principais diligências que foram realizadas ao longo do inquérito. O delegado não deve fazer qualquer juízo de valor, pois não é o titular da Ação Penal, salvo na Lei de Drogas (11.343/96, Art. 52, I), o delegado deverá dizer se trata de trafico ou de uso para consumo próprio. O relatório não se trata de peça indispensável ao oferecimento da denúncia. Destinatário dos autos do Inquérito Policial: De acordo com o CPP Art. 10, §1ª, uma vez concluída as investigações, devem ser encaminhados ao juiz, após receber, abre vista ao MP. Portarias (resoluções dos Tribunais): Ex: Resolução 63 do CJF. Estabelecem uma tramitação direta dos autos do Inquérito entre a polícia e o MP, salvo se houver a necessidade de intervenção do juiz (Ex: prisão em flagrante – seja para relaxar a pena, seja para converter em temporária). Neste caso de tramitação direta, o advogado tem acesso aos autos, Art. 5ª da mesma Resolução. Providências a serem adotadas após a remessa dos autos do Inquérito: Ação Penal Privada: Deve requerer a permanência dos autos em Cartório, aguardando-se a iniciativa do ofendido. Ação Penal Pública: Oferecer denúncia Arquivamento do Inquérito Requisição de diligências: As indispensáveis à formação da Opinio Delicti (convicção do titular da Ação Penal). Devem ser requisitadas diretamente à autoridade policial, salvo se houver necessidade intervenção do juiz. O MP possui o chamado“Poder de Requisição”. Art. 129, VIII, CF. Caso o juiz indefira o retorno dos autos à polícia, caberá correição parcial. Fazer um pedido de declinação de competência (o primeiro a se manifestar acerca da competência): Deve ser feito quando o MP concluir que o juízo perante o qual atua não é dotado de competência para o julgamento do crime. *Súm 73 STJ Suscitar um: Conflito de competência: já houve prévia manifestação de outra autoridade jurisdicional acerca da competência entre autoridades judiciais. Art. 114 CPP. Dois ou mais juízes se considerem competentes: Conflito Positivo de competência Dois ou mais juízes se consideram incompetentes: Conflito Negativo de competência Exemplos: Juiz Estadual SP X Juiz Federal SP: STJ (órgão jurisdicional comum e superior) Juiz do JECRIM Federal MG X Juiz Federal de MG: *Súm. 348 STJ (cancelada pelo próprio STJ em virtude da decisão do STF no RE 590409 e editou uma súmula nova sobre o assunto, Súm. 428). Juiz do JECRIM Federal MG X Juiz Federal de RJ: STJ Conflito de atribuições: divergência entre órgãos do MP quanto à responsabilidade ativa para a persecução penal. Exemplo: MP/GO X MP/GO: Procurador – Geral de Justiça do Estado de GO MPF/SC X MPF/RS: Câmara de Coordenação e Revisão - MPF MPF/DF X MPM/DF: PGR MPU (o chefe do Ministério Público da União é o PGR): MPF, MPM, MPDFT, MPT MP/BA (Estado) X MPF/BA (União): Conflito virtual de competência – possibilidade dos promotores virem a atuar perante seus respectivos juízos. É uma visão doutrinária. Art. 102, I “l” CF. A competência é do Supremo. *STF ACO 853 e ACO 889 MP/BA: juiz estadual e MPF/BA: Juiz federal BA (STJ). MP/MS (estado) X MP/GO (estado): STF - Arquivamento do Inquérito Policial: É uma decisão judicial É um ato complexo: O MP fará uma Promoção de Arquivamento, que será submetida à apreciação do juiz, chamada Decisão Judicial Homologatória. É possível o arquivamento do Termo Circunstanciado e de outras peças de informação. Art. 28 CPP. Fundamentos do Arquivamento: O CPP não fala expressamente sobre isso. Ausência de Pressuposto Processual ou de Condição da Ação Penal: Ex: retratação da representação em um crime de estupro. Coisa Julgada Formal Falta de lastro probatório para o inicio do processo (ausência de justa causa). Coisa Julgada Formal Atipicidade formal/ material da conduta delituosa: Ex: atipicidade material – Princípio da Insignificância. Coisa Julgada Formal e Material *STF HC 84156 Causas excludentes da Ilicitude ou da Culpabilidade: Ex: crime praticado em legitima defesa, coação moral irresistível. Deve-se ter certeza, na dúvida deve oferecer denúncia, in dúbio pro societa. Coisa Julgada Formal e Material *STF HC 95211 – só faria coisa julgada formal nesta decisão! *STF HC 87395 – em tramitação no plenário. Causa extintiva da Punibilidade: Ex: prescrição, morte (certidão de óbito falsa – não faz coisa julgada, sendo possível a reabertura das investigações ou do processo *STF HC 84525), decadência, perdão, perempção. Coisa Julgada Formal e Material Coisa Julgada na decisão de Arquivamento: Formal: Imutabilidade da decisão no processo em que foi proferida, seus efeitos são endoprocessuais, estão limitados ao processo. Material: Imutabilidade da decisão projeta-se para fora do processo em que foi proferida. A decisão não poderá ser alterada em nenhum outro processo. Pressupõe Coisa Julgada Formal - Desarquivamento e ulterior oferecimento de denúncia: O desarquivamento nada mais é do que a abertura das investigações. Quando o arquivamento se dá em virtude da ausência de lastro probatório, esta decisão é baseada na cláusula Rebus sic Stantibus ( enquanto perdurar a situação fática, mantidos seus pressupostos, a decisão deve ser mantida, alterados seus pressupostos, a decisão pode ser modificada). Para apenas reabrir as investigações basta que se tenha a notícia de provas novas, não necessariamente irá oferecer denúncia. Art. 18 CPP. Provas novas: são aquelas provas capazes de alterar o contexto probatório dentro do qual foi proferida a decisão de arquivamento. Substancialmente nova: inédita, ou seja, aquela que era desconhecida. Formalmente nova: Aquela que já era conhecida, mas ganhou nova versão. Ex: testemunha ameaçada *Súm. 524 STF - Procedimento do Arquivamento: Procedimento no âmbito da Justiça Estadual: Art. 28 do CPP Promoção de Arquivamento: essa promoção é encaminhada a apreciação do juiz estadual, diante disso, o juiz pode: concordar ou discordar. Concordar: Arquivamento dos autos do Inquérito. É uma decisão judicial. Discordar: Remete os autos ao Procurador Geral de Justiça (aplicação do Art. 28 do CPP), consagrando o Princípio da Devolução, ou seja, se o juiz não concorda com a promoção de arquivamento, deve remeter os autos à chefia do MP, a quem compete dar a decisão final. Súm. 696 do STF. Ao aplicar o Art. 28, o juiz está exercendo uma função anômala de fiscal no Princípio da Obrigatoriedade. OBS: O Art. 28 sempre será aplicado quando houver divergência entre o promotor e o juiz. O Procurador Geral pode: Oferecer denúncia: Requisitar Diligências Insistir no Arquivamento, hipótese em que o juiz é obrigado a arquivar o inquérito, na medida em que o MP é o titular da Ação Penal Pública. Designar outro órgão do MP atuar no caso concreto (promotor do 28). Esse “outro órgão” quer dizer que essa designação não pode recair sobre o mesmo promotor que pediu o arquivamento. Quanto a esse “outro órgão”, prevalece o entendimento de que ele age como longa manus do PGJ (por delegação), logo é obrigado a oferecer denúncia. Procedimento na Justiça Federal (procuradores da República) e na Justiça comum do DF (MPDFT): MPU – LC 75/93 (MPF, MPDTF, MPM e MPT). Promoção de Arquivamento: O procurador da REp. submete sua promoção de arquivamento à apreciação do juiz federal, tendo duas opções: Concordar: Procede ao Arquivamento. Discordar: deverá remeter os autos à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão, que tem caráter opinativo. Depois os autos são encaminhados ao Procurador Geral da República, na medida em que a decisão recai sobre o PGR. Na prática ocorre a delegação à 2ª CCR/MPF, ou seja, é a CCR é quem realmente decide. Ver enunciados 7 e 9 da 2ª CCR/MPF. Procedimento na Justiça Eleitoral: Promoção de arquivamento: relacionada ao crime eleitoral. Será o promotor de justiça estadual atuando como promotor eleitoral. Essa promoção é submetida ao juiz estadual (atuando como juiz eleitoral). Discordar: fará remessa dos autos ao Procurador Regional Eleitoral (CE, Art. 357, §1º). Os autos deverão ser enviados à CCR (LC 75/95, Art. 62, IV). Procedimento nas hipóteses de atribuição originária do PGR ou do PGJ: Como não há um órgão superior ao PGR, ele mesmo profere essa decisão. Não devendo remeter à apreciação do STF. Não faz coisa julgada material nem formal, pois ele não é juiz. Nas hipóteses de atribuição originária do PJG ou do PGR, não há necessidade de se submeter à decisão administrativa do arquivamento ao tribunal competente, salvo nas hipóteses em que o arquivamento for capaz de fazer coisa julgada formal e material. (STF INQ 2.341, 1.443) - Arquivamento Implícito: Ocorre quando o MP deixa de incluir na denúncia algum fato delituoso ou algum dos investigados, sem expressa manifestação quanto ao pedido de arquivamento. Caso o juiz não aplique o Art. 28 do CPP, parte da doutrina entende que teria havido o arquivamento implícito do inquérito. Esse arquivamento implícito não é admitido pela maioria da doutrina e pelos tribunais superiores. Toda decisão do promotor deve ser fundamentada. *STH HC 95141 - Arquivamento Indireto: Ocorre quando o juiz, não concordando com o pedido de declinação de competência formulado pelo MP, recebe tal manifestação como se tratasse de um pedido de arquivamento, aplicando por analogia o Art. 28 do CPP. - Recorribilidade contra a decisão de arquivamento: Em regra essa decisão de arquivamento pelo MP trata-se de uma decisão irrecorrível, não sendo cabível ação penal privada subsidiáriada pública. Exceções: Crimes contra a economia popular ou contra saúde pública: Lei 1.521/51, Art. 7ª, prevê o cabimento do Recurso de Ofício. Contravenções do jogo do bicho e corrida de cavalos (fora do hipódromo): Lei 5.508/51 prevê o RESE. Atribuições originárias do PGJ: A lei orgânica do MP prevê o pedido de revisão ao colégio de procuradores. - Arquivamento determinado por juízo absolutamente incompetente: Parte minoritária da doutrina sustenta que se essa decisão de arquivamento tiver sido proferida por juiz absolutamente incompetente não faz coisa julgada formal nem material. Para o STF, essa decisão mesmo que prolatada por um juiz incompetente faz coisa julgada formal e material. *STJ HC 1073397. - Trancamento do Inquérito Policial: É uma medida de força pleiteada pelo investigado junto ao Poder Judiciário. É uma medida de natureza excepcional, sendo cabível nas seguintes situações: Manifesta atipicidade: Causa extintiva da punibilidade: Ausência de manifestação do ofendido nos crimes de ação penal privada ou pública condicionada à representação. - Instrumento a ser utilizado: Habeas Corpus, desde que haja risco potencial à liberdade de locomoção. Algumas contravenções não possuem pena privativa de liberdade, neste caso não podendo se valer do HC. Caso não haja esse risco, utiliza-se o Mandado de Segurança (no caso da PJ). - Investigação criminal pelo MP: Há divergência. Argumentos Favoráveis à investigação pelo MP Argumentos Contrários à investigação pelo MP - Não há violação ao sistema acusatório, pois os elementos informativos colhidos pelo MP na fase investigatória devem ser ratificados em juízo sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. - Atenta contra o sistema acusatório, pois cria um desequilíbrio na paridade armas (as partes precisam ter os mesmos instrumentos). - Teoria dos Poderes Implícitos: ao conceder uma atividade fim a determinado órgão, CF implícita e simultaneamente também concede a ele todos os meios para atingir tal objetivo. *STF HC 91661 - A CF/88 dotou o MP do poder de requisitar diligências e a instauração de inquéritos, mas não o presidir inquéritos policiais. (Min. Marco Aurélio). - O MP pode sim realizar investigações mediante o procedimento investigatório criminal (PIC). Esse procedimento consiste no instrumento de natureza administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido por órgão do MP com atribuição criminal, cuja finalidade é a apuração de infrações de natureza pública. Resolução 13 do CNMP. - Não há previsão legal de instrumento idôneo para as investigações do MP. *STJ HC 43030, Súm. 234 STJ RE 593727 STF: Min. Gilmar Mendes, Celso de Melo, Ayres Brito e Joaquim Barbosa. 2ª Turma HC 89837 e HC 94173. STF: Min. Marco Aurélio, Peluso e Lewandovisk - Controle Externo da atividade policial: CF Art. 129, VII. Consiste no conjunto de normas que regulam a fiscalização exercida pelo MP em relação à polícia na investigação de fatos delituosos, na preservação dos direitos fundamentais dos presos sob custódia policial e na fiscalização cumprimento de determinações judiciais. Este controle externo não pressupõe subordinação dos organismos policiais, funcionando como desdobramento do sistema de freios e contrapesos inerente ao regime democrático. Controle Difuso: É aquele exercido por todos os órgãos do MP com atribuição criminal, sendo possível a adoção das seguintes medidas: Controle de ocorrências policiais Verificação dos prazos de inquéritos policiais Verificação da qualidade do inquérito policial Verificação de bens apreendidos Propositura de medidas cautelares. Ex: suspensão das funções públicas Controle Concentrado: É aquele exercido por órgãos do MP com atribuição específica para o controle externo da atividade policial, sendo possível a adoção das seguintes medidas: Ações de improbidade administrativa Ações civis públicas na defesa de interesses difusos Procedimentos investigatórios criminais Recomendações e termos de ajustamento de conduta. Lei da Ação Civil Pública. Visitas às delegacias de polícia e às unidades prisionais. Verificação de comunicações de prisão em flagrante. OBS: Ver Resolução nª20 do CNMP, STF ADIN 4220 (não conhecida). Ver. LC 75/93, Art. 9ª e 10. - Investigação criminal defensiva: É o conjunto de atividades investigatórias desenvolvido pelo defensor em qualquer fase da persecução criminal, com ou sem a assistência de investigador particular, cujo objetivo é: Comprovação de eventual álibi do investigado Exploração de fatos que revelam a ocorrência de causas excludentes de ilicitude e da culpabilidade. Demonstração de vícios existentes na investigação policial Identificação e localização de possíveis testemunhas OBS: Essa investigação criminal defensiva não tem previsão expressa no atual CPP. Porém a doutrina diz que apesar do silencio, essa investigação pode ser feita a título de investigação particular (Dec. 50532/61). Essa investigação particular é válida, desde que respeitados direitos e garantias individuais e não tem poder de polícia, ou seja, não há imperatividade. Ação Penal - Conceito: O direito de ação é o direito público subjetivo de pedir ao estado-juiz a aplicação do direito objetivo a determinado caso concreto. Art. 5ª, XXXV da CF. - Condições da Ação Penal: São necessárias para o exercício regular do direito de ação. Muitos doutrinadores também chamam de Condição de procedibilidade. Verificação da presença dos pressupostos: Ausência por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória, nesta situação o magistrado rejeita a peça acusatória. CPP, Art. 395, II. Ausência durante o curso do processo, ou seja, após o recebimento da peça acusatória: O magistrado deve declarar a nulidade absoluta do processo. Possibilidade da utilização do Art. 564, II do CPP. Esse artigo se refere somente à legitimidade, mas a doutrina estende esse raciocínio para as demais condições. Majoritária Também seria possível a extinção do processo sem a apreciação do mérito. Entende a aplicação subsidiária do Art. 267, do CPC Entendimento de Pacelli. Podem ser de duas espécies: Genéricas: É aquela que deve estar presente em toda e qualquer ação penal. Específicas: Sua presença será necessária apenas em relação a determinadas infrações penais, determinados acusados, ou em situações especificas. Ex: representação do ofendido e a requisição do ministro da justiça. - Condições Genéricas da Ação Penal: Possibilidade jurídica do pedido: o pedido deve se referir a uma providência admitida em tese pelo direito objetivo. Ex: cobrança em juízo de dívida de jogo. Não se dá muita importância ao pedido, o acusado irá se defender não do pedido, mas dos fatos. A peça acusatória deve imputar ao acusado a prática de fato aparentemente (a certeza só terá no final do processo) criminoso (conduta típica, ilícita e culpável) e punível. Ex: processo penal instaurado contra menor de 18 anos. Art. 228, CF. Falta aos menores de 18 anos a capacidade de culpabilidade. Neste caso está ausente a possibilidade jurídica do pedido. Pode-se alegar também a incompetência do juízo (vara da criança e do adolescente). Legitimidade das partes: É a pertinência subjetiva da ação. Também chamada de Legitimatio ad causam. Quem é o titular do direito (legitimado ativo) e contra quem essa ação poderá ser ajuizada (legitimado passivo). Legitimidade Ativa: MP: ação penal pública Ofendido ou representante legal: ação penal privada Ex. 1: Tício e Mévio trocam ofensas durante a propaganda eleitoral. Tício ajuíza queixa-crime em face de Mévio pelo crime de difamação (Art. 139, CP). Temos aqui um crime eleitoral, pois as ofensas foram trocadas durante o período de propaganda. (Art. 325 CE). Quando se trata em crime eleitoral a ação penal é pública incondicionada. (Art. 355 do CE). Tício é parte ilegítima na ação, pois cabe ao MP oferecer a denúncia. Assim, como promotor, nessa situação deve opinar pela rejeição da peça acusatória (Art.395, II). Ex. 2: Tício foi vítima de injúria racial no dia 30/08/09. No dia 30/10/09, Tício procura um advogado para ajuizar uma queixa-crime. De quem é a legitimidade? Se um crime era de ação penal privada e uma lei nova o transforma em crime de ação penal pública condicionada à representação (exemplo, lei 12.033/09) trata-se de norma processual material, porquanto repercute no direito de punir do Estado, visto que quando o crime é de ação penal privada são 4 as possíveis causas extintivas da punibilidade (decadência, renúncia, perdão e perempção). Quando o crime passa a ser de ação penal pública condicionada à representação, subsiste apenas a decadência, logo, como se trata de norma mais gravosa, não pode retroagir. Legitimidade Passiva: o provável autor do fato delituoso com 18 anos completos ou mais. Ex: Homônimos (STF HC 72451). - Legitimação Ativa da pessoa jurídica no processo penal: pode figurar como querelante em crimes contra a honra (ativa). Legitimação Passiva da pessoa jurídica no processo penal: Teoria da Dupla Imputação pode ocorre em crimes ambientais, somente se houver a imputação simultânea ao ente moral e à pessoa física que atua em seu nome ou benefício. *REsp 5643960 e STF RE 628582 AgR (entendeu que há a necessidade da dupla imputação, sendo possível a condenação apenas da pessoa jurídica, mesmo havendo a absolvição da pessoa física). - Legitimidade Ordinária e Extraordinária no processo penal: Ordinária: Art. 6ª do CPC. Alguém age em nome próprio na defesa de interesse próprio. É a regra do processo. Ex: Ação penal pública (Art. 129, I, CF) Extraordinária: Art. 6ª do CPC. Alguém age em nome próprio na defesa de interesse alheio. Ocorre somente em casos autorizados por lei. Ex: ação penal privada (o querelante age em nome próprio, porém na defesa de interesse do Estado, que é o titular da pretensão punitiva. O Estado transfere ao indivíduo a possibilidade de entrar em juízo). Nomeação de curador especial (Art. 33 do CPP). Ação civil ex delicto (ação civil indenizatória em razão do delito) proposta pelo MP em favor de vítima pobre (Art. 68 do CPP – STF RE 135328, inconstitucionalidade progressiva). Neste julgado, o STF entendeu que, enquanto não houver defensoria pública na comarca, subsiste a validade do Art. 68. Interesse de agir: Necessidade: no processo penal, a necessidade é presumida, pois não há pena sem processo. Adequação: em se tratando de um processo penal condenatório, a adequação não tem relevância, pois não há diferentes espécies de ações penais condenatórias. Porém, em uma ação penal não condenatória, a adequação passa a ter relevância. Ex: Habeas Corpus, só pode ser utilizado para fins de tutela da liberdade de locomoção (não cabe em pena de multa). STF Súm. 693 Utilidade: eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. DE alguma forma é útil, necessário, eficaz para satisfazer o interesse do autor. - Prescrição em perspectiva: Pode ser chamada também de virtual ou hipotética. Consiste no reconhecimento antecipado da prescrição, em virtude da constatação de que, no caso de possível condenação, eventual pena que venha a ser imposta ao acusado estará fulminada pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, tornando inútil a instauração do processo penal. A lei 12.234/10 alterou o Art. 109, VI e extinguiu a prescrição da pretensão punitiva retroativa entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da peça acusatória. De acordo com os Tribunais Superiores não é possível o reconhecimento da prescrição virtual, pois não está prevista expressamente no texto da lei. STJ Súm. 438 e STF RE 602527, reconhecida a RG. Pela doutrina, deve o MP pedir o arquivamento diante da falta de interesse de agir. Afinal, qual a utilidade de se deflagrar processo penal fadado à prescrição? Justa Causa: Lastro probatório mínimo que deve estar presente para a instauração de um processo penal. Não se pode admitir acusações levianas, temerárias. Daí a grande relevância do Inquérito Policial, utilizado para colher esse lastro probatório mínimo. O depoimento exclusivo da vítima é suficiente para a instauração do processo, no caso, por exemplo, de crime sexual. Art. 395, III, CPP. Natureza: Condição genérica da ação penal. Porém as vezes a doutrina processual civil só admitem as três (legitimidade das partes, possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir), funcionando como um requisito para o oferecimento da peça acusatória. Justa Causa Duplicada: É utilizada em relação aos crimes de lavagem de capital, pois o crime de lavagem é um crime acessório, dependendo de outra infração penal, somente se os valores ocultados forem provenientes de crimes antecedentes. Art. 2º, §1º da lei de lavagem. Há necessidade de lastro probatório quanto à lavagem e quanto à infração penal antecedente. - Condições específicas da Ação Penal: São necessárias apenas em certos crimes, ou em relação a alguns acusados. Representação do ofendido Requisição do Ministro da justiça: crimes contra a honra do presidente ou chefe de governo estrangeiro. Laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial Qualidade de militar nos crimes de deserção. - Condição de Prosseguibilidade: Também chamada de Condição Superveniente da ação. Diferença com a Condição da Ação (Condição de Procedibilidade): A Condição de Procedibilidade funciona como uma condição que deve estar presente para que o processo penal possa ter início. Ex: estupro cometido hoje, a representação deste crime funciona como condição de procedibilidade, pois é um crime de ação penal pública condicionada a representação do ofendido. Condição de Prosseguibilidade o processo já está em andamento, e uma condição deve ser implementada para que o processo possa seguir o seu curso normal. Ex: representação em relação aos crimes de lesão corporal leve e lesão culposa. Antes da lei 9.099, esse crimes eram de ação penal pública incondicionada, com essa lei seu artigo 88 passou a dizer que esses crimes dependem de representação. Para os processos que ainda não estavam em andamento, a representação teve natureza jurídica de condição de procedibilidade, porém, para os processos que estavam em andamento a representação funcionou como condição de Prosseguibilidade. Art. 91 da lei 9.099/95. Ex: crime de estupro cometido com violência real (força física sobre o corpo da vítima). No dia 10/06/09 ocorreu o início do processo de estupro com violência real, sendo ainda crime de ação penal pública incondicionada. Em 10/08/09 entra em vigor a lei 12.015 que passou a exigir a representação a esse delito. Há necessidade de representação? 1ª Corrente restritiva – se à época do início do processo não havia necessidade de representação, o fato de ter havido mudança na espécie de ação penal, não repercute em relação aos processos que já estavam em andamento. 2ª Corrente ampliativa: ao transformar o crime de estupro com violência real em delito de ação penal pública condicionada à representação, a lei 12.015/09 assume nítida natureza penal, já que cria, em favor do acusado, nova causa extintiva da punibilidade, qual seja a decadência pelo não exercício do direito de representação. Portanto, se o processo já estava em andamento, a representação passa a funcionar como condição de Prosseguibilidade, sob pena de decadência. Quanto ao prazo para o oferecimento desta representação, há quem entenda que seria de 30 dias, por aplicação analógica do Art. 91 da lei 9.099/95. Há, no entanto, que entenda que a analogia deve ser feita com o CPP. Logo, o prazo seria de 6 meses. Antes da lei 12.015/09 Depois da lei 12.015/09, entrou em vigor em 10/08/09 - Ação Penal Pública Incondicionada Ex: início do processo de estupro com violência real - Ação Penal Pública Condicionada à Representação. - Classificação das Ações Penais Condenatórias: É feita a partir do legitimado ativo. Ação Penal Pública: tem como titular o MP (Art. 129, I da CF). A peça acusatória é chamada de denúncia. Ação Penal PúblicaIncondicionada: a atuação do MP não depende da manifestação da vítima, ou do implemento de qualquer condição. Cabe ao MP analisar se o fato é típico, ilícito e culpável. É a regra no CP e na Legislação Especial. Art. 100 do CP. Ação Penal Pública Condicionada: a atuação do MP depende de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. Ex: 182 do CP. Ação Penal Pública subsidiária da Pública: Dec. Lei 201/67 Art. 2ª, §2º: Se verificada a inércia do MP estadual, pode-se requisitar providências ao PGR. Há um entendimento de que esse §2º, não foi recepcionado pela CF/88. Código eleitoral, Art. 357, §§3º e 4º: solicitação do Procurador Regional, em caso de inércia. Ocorre no caso do Incidente de Deslocamento de Competência: o conhecido IDC. Art. 109, §5º. Foi cometido um crime com grave violação aos direitos humanos, na justiça estadual, atuando assim, o MP dos estados. Se ficar demonstrada a inércia da justiça estadual, a CF passou a prever que esse crime sairia da justiça estadual e iria para a justiça federal, atuando, o MP federal. Ação Penal de iniciativa Privada: afetam interesses tão particulares da vítima que o Estado não tem interesse, então o ele outorga a legitimidade para a vítima para que possa proceder com a ação. O titular então será o ofendido ou seu representante legal. A peça acusatória é a queixa-crime. Ação Penal Privada Personalíssima: a queixa crime só pode ser oferecida pelo ofendido (com advogado). Razão de ser personalíssima. Havendo a morte do ofendido, não haverá sucessão processual. A morte da vítima extingue a punibilidade? Sim. Ex: adultério, hoje, somente o crime previsto no Art. 236 do CP, que é o crime de induzimento a erro essencial. Ação Penal Exclusivamente Privada: É possível a sucessão processual. Em crimes de ação penal privada, a exclusiva funciona como a regra. A maioria dos crimes contra a honra. Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: Só é cabível diante da inércia do MP. Serve como controle externo do MP. - Princípios da Ação Penal Pública e Privada: Princípios aplicáveis à Ação Penal Pública Princípios aplicáveis à Ação Penal Privada - Ne Procedat Iudex ex Officio: É também conhecido como Princípio da Inércia da Jurisdição. O juiz não pode de ofício, dar início a um processo penal condenatório. Art. 129, I da CF - Adota um Sistema Acusatório. *Processo Judicialiforme: era conhecido como um processo instaurado de ofício pelo juiz. Art. 26 do CPP. Não foi recepcionado pela CF. *De ofício o juiz pode conceder uma ordem em Habeas Corpus. Art. 654, §2º, CPP. - Ne Procedat Iudex ex Officio: É também conhecido como Princípio da Inércia da Jurisdição. O juiz não pode de ofício, dar início a um processo penal condenatório. Art. 129, I da CF – Adota um Sistema Acusatório. *Processo Judicialiforme: era conhecido como um processo instaurado de ofício pelo juiz. Art. 26 do CPP. Não foi recepcionado pela CF. *De ofício o juiz pode conceder uma ordem em Habeas Corpus. Art. 654, §2º, CPP. - Ne Bis in Idem Processual: Ninguém pode ser processado 2X pela mesma imputação (ligado à segurança jurídica). É tratado na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, Art. 8ª, §4ª. *Decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade proferida por juízo absolutamente incompetente. É uma decisão nula, então ela vai surtir efeitos regulares, dentre eles, o de impedir nova acusação pelos mesmos fatos delituosos. (STF HC 86606) - Ne Bis in Idem Processual: Ninguém pode ser processado 2X pela mesma imputação (ligado à segurança jurídica). É tratado na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, Art. 8ª, §4ª. *Decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade proferida por juízo absolutamente incompetente. É uma decisão nula, então ela vai surtir efeitos regulares, dentre eles, o de impedir nova acusação pelos mesmos fatos delituosos. (STF HC 86606) - Princípio da Intranscendência: A peça acusatória só pode ser oferecida em face do suposto autor do fato delituoso. É um claro desdobramento do Princípio da Pessoalidade da Pena. Art. 5º, XLV. Eventuais efeitos extrapenais da sentença condenatória (Ex: obrigação de reparar o dano) podem ser exercidos contra os sucessores, de acordo com o patrimônio transferido. - Princípio da Intranscendência: A peça acusatória só pode ser oferecida em face do suposto autor do fato delituoso. É um claro desdobramento do Princípio da Pessoalidade da Pena. Art. 5º, XLV. Eventuais efeitos extrapenais da sentença condenatória (Ex: obrigação de reparar o dano) podem ser exercidos contra os sucessores. - Princípio da Indisponibilidade/Indesistibilidade: Art. 42 e 576 do CP. O MP não pode desistir do processo em andamento. É um desdobramento do Princípio da Obrigatoriedade. - Exceção: suspensão condicional do processo. Art. 84 da lei dos juizados. Não se aplica a Ação Penal Privada. - Princípio da Indivisibilidade: A queixa crime oferecida contra um dos coautores obriga ao processo de todos. Art. 48 CPP. - A renúncia cocedida a um dos coautores estende-se aos demais; da mesma forma o perdão concedido a um dos querelados se estende aos demais, desde que haja aceitação. Art. 49 e 51 do CPP. - Fiscal do princípio: O MP art. 48 in fine. O MP não pode aditar a queixa para incluir coautores em crimes de ação penal exclusivamente privada ou personalíssima. Pois não tem legitimidade ativa. Se o MP verificar que a omissão do querelante foi voluntária, ou seja, apesar de ter consciência do envolvimento de mais de um agente, o ofendido ofereceu queixa em relação a apenas um dele, deve ser reconhecido que houve renúncia tácita quanto àquele que não constou da queixa, renúncia esta que se estende a todos os demais acusados. Se o MP verificar que a omissão foi involuntária, ou seja, que o querelante não tinha a consciência do envolvimento de outras pessoas, deve requer a intimação do querelante para que proceda ao aditamento da queixa crime, para fins de inclusão dos demais coautores e partícipe, com a advertência de que, não o fazendo, dar-se-ia renúncia tácita e consequente extinção da punibilidade. ATT: No STF esse princípio é chamado de Princípio da Divisibilidade: o MP pode oferecer denúncia contra alguns investigados, sem prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos demais. A doutrina diz que o MP é obrigado a oferecer denúncia, se houver lastro probatório, contra todos os coautores e partícipes. - Princípio da Oportunidade ou Conveniência: Mediante critérios próprios de oportunidade ou conveniência, incumbe ao ofendido optar pelo exercício (ou não) do direito de queixa. Deve ser usado antes do oferecimento da queixa. Caso a vítima não queixa exercer o seu direito de queixa: Decadência: perda do direito de queixa pelo seu não exercício no prazo de 6 meses. Renúncia: causa extintiva da punibilidade. Abre mão do direito de queixa. - Princípio da Disponibilidade: É possível que o querelante desista do processo em andamento. Possibilidades: Perdão: depende de aceitação Perempção: causa extintiva da punibilidade, que o ocorre nos casos de negligência do querelante. Art. 60 do CPP Conciliação e desistência do processo no procedimento dos crimes contra a honra de competência do juiz singular. Art. 522 CPP. - Representação do Ofendido: É a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que tem interesse na persecução penal. Não há necessidade de formalismo. STF HC 86122. Ex: exame de corpo de delito, boletim de ocorrência. Natureza Jurídica: Se o processo já estiver em andamento e a lei passar a exigir a representação, assume a condição de Prosseguibilidade. Se o processo ainda não está em andamento e a lei exige a representação, assume a condição específica de procedibilidade. Titularidade para o oferecimento da representação e queixa crime: O ofendido com 18 anos completos ou mais. CC, o cidadão adquire sua capacidade plena aos 18. Não há necessidade de representante legal,nem tampouco de curador. Ver Súm. 594. O ofendido menor de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental: Representante legal: É qualquer pessoa que seja responsável pelo incapaz. Desnecessidade de formalismo. Inércia do representante legal e decadência de direito de queixa: 1ªC: se o incapaz tinha representante legal e este não exerceu o direito de queixa ou de representação, haverá decadência e consequente extinção da punibilidade. Eugênio Pacelli. 2ªC: não há falar em decadência de um direito que não pode ser exercido pelo incapaz. Nucci e Mirabete. Lei 12.650/12, Art. 111, V (trata de prescrição nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes – Lei Joana Maranhão). A prescrição começa a contar quando a vítima atinge 18 anos. Se o ofendido incapaz não tiver representante legal ou se houver colidência de interesses, deve ser nomeado pelo juiz um curador especial. Art. 33 do CPP. O curador especial não é obrigado a oferece representação ou queixa. Princípio da Oportunidade/Conveniência. Ofendido casado com idade entre 16 e 18 anos completos: a emancipação neste caso, não confere ao ofendido capacidade plena para exercer o direito de queixa ou de representação. Diante da ausência de representante legal para exercer o direito de queixa ou de representação, há duas possibilidades: Nomeação de curador especial. Aguardar até que o ofendido complete 18 anos. Neste caso não há decadência, pois o direito não podia ser exercido. Morte da vítima: Ocorrerá a chamada sucessão processual, o direito de queixa ou de representação será transmitido aos sucessores (CADI). Art. 31 do CP. OBS: Não se inclui o companheiro, pois seria analogia In malam partem. Há uma ordem preferencial caso todos os sucessores tenham interesse na persecução penal. Todavia, caso haja divergência, prevalece a vontade do sucessor que tem interesse na persecução penal. Art. 36 CPP. O prazo decadencial do sucessor é o que restou da vítima, sendo que seu prazo só começa a fluir a partir do conhecimento da autoria. Prazo decadencial para o exercício do direito de representação/queixa: Decadência: causa extintiva da punibilidade. É a perda do direito de queixa/representação em virtude do seu não exercício no prazo legal. Art. 38 CPP, é de 6 meses. A natureza jurídica deste prazo é de natureza material, então o dia do início é computado (Art. 10, CPP). Nos crimes de ação privada, este prazo decadencial de 6 meses não é interrompido, nem suspenso em virtude da instauração do inquérito policial. Em regra, o prazo decadência começa a correr a partir do conhecimento da autoria, exceto no Art. 236, § único. A queixa crime oferecida antes do decurso do prazo de 6 meses obsta o reconhecimento da decadência, ainda que oferecida perante juízo incompetente. OBS: ADPF 130-7 – a Lei de Imprensa não tem mais valor. Retratação da representação: Retratar-se significa volta atrás, está se arrependendo de um direito que foi exercido. Pode se dar até o oferecimento da denúncia. Art. 25 CPP. Lei Maria da Penha, Art. 16. Este dispositivo continua sendo aplicável a crimes que depende de representação (ameaça, estupro). Apesar de o Art. 16 usar a palavra renúncia, trata-se na verdade de retratação, pois não há falar em renúncia de um direito que já fora exercido. - Representação: Requisição do Ministro da Justiça: Condição específica da Ação Penal. Ex: Art. 7º, §3º, “b” e Art. 141, I c/c Art. 145, §único. Não é sinônimo de ordem, pois o titular da ação penal pública é o MP. Não está sujeita ao prazo decadencial de 6 meses. Prevalece o entendimento de que é possível a retratação da requisição. É dotada de eficácia objetiva. - Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: Art. 5º, LIX da CF. Somente é cabível diante da inércia do MP. Funciona como importante instrumento de controle do Princípio da Obrigatoriedade. Somente é cabível se o delito possuir com um ofendido determinado. Restrição: Lei 8.078/90, Art. 80 c/c Art. 82, III e IV; Lei 11.101/05, Art. 184. Está submetida ao prazo decadencial de 6 meses (Art. 38 CPP), que começa a fluir a partir da inércia do MP. Como em sua origem, a ação penal é pública, esta decadência não irá acarretar a extinção da punibilidade. Esta decadência é chamada de Imprópria. Poderes do MP: Opinar pela rejeição da peça da queixa subsidiária. Art. 395 do CPP Aditar a queixa subsidiária, tanto para incluir circunstâncias de tempo ou de lugar, quanto para acrescentar novos fatos delituosos e outros coautores. Deve intervir em todos os termos do processo, a lei exige que nesta ação, obrigatoriamente, forneça os elementos de prova, interponha recurso etc. Ainda a queixa crime subsidiária esteja em perfeitas condições é possível que o MP repudie a peça acusatória (afastar, descartar). Porém, nesta hipótese é obrigado a oferecer denúncia substitutiva. Art. 29 do CPP. Verificada a negligência do querelante, como não é possível o reconhecimento da perempção, o MP deve retomar a ação como parte principal. Isso é chamado pela doutrina de Ação Penal Indireta. - Ação Penal Popular: É aquela que pode ser ajuizada por qualquer pessoa. Habeas Corpus (Art. 654 do CPP). Pode ser ajuizado por qualquer pessoa. A pesar de ser possível seu ajuizamento por qualquer pessoa, não se trata de espécie de ação penal condenatória. O que se busca aqui é o reconhecimento de um constrangimento ou uma ameaça à locomoção. Faculdade de qualquer cidadão oferecer denúncia (mera notícia criminis) contra certos agentes políticos por crime de responsabilidade (infração político-administrativa que não prevê pena privativa de liberdade). - Ação Penal Adesiva: 1ªC: ocorre no direito alemão, em crimes de ação penal privada, o MP pode oferecer denúncia, se visualizar a presença de interesse público, hipótese em que o ofendido pode se habilitar como parte acessória. 2ªC: ocorre quando a há litisconsórcio ativo entre o MP, que oferece denúncia em relação ao crime de ação penal pública, e o ofendido, que oferece queixa em relação ao crime de ação penal privada (um mesmo processo com dois crimes). - Ação de Prevenção Penal: É aquela ajuizada contra o inimputável do Art. 26, caput do CP, objetivando a aplicação de medida de segurança. (absolvição imprópria – sentença absolutória imprópria). - Ação Penal Secundária: Ocorre quando as circunstâncias do delito acarretam a mudança da espécie de ação penal. Um mesmo crime prevê mais de uma ação penal. Ex: crime de estupro. - Ação Penal nos crimes contra a honra: A regra, de acordo com o CP é que eles sejam se ação penal privada. As exceções são: Injúria real (Art. 140, §2º): Se for praticado mediante vias de fato a ação será de iniciativa privada. Se resultar lesão corporal leve, a ação penal será pública condicionada à representação. Se resultar lesão corporal grave ou gravíssima será de ação penal pública incondicionada. Crimes contra a honra do Presidente ou Chefe de Governo estrangeiro: ação penal pública condicionada a requisição do Min. da Justiça. Crimes eleitorais contra a honra (durante a propaganda eleitoral): Ação penal pública incondicionada (todos do Código Eleitoral). Crimes militares contra a honra: Ação Penal Pública Incondicionada. Injúria Racial (Art. 140, §3º do CP). Antes da lei 12.033/09 era ação privada e passou a ser de Ação Penal Pública Condicionada a Representação. Essa lei é exemplo de novatio legis in pejus, então essa mudança produzida pela lei aplica-se apenas aos crimes cometidos a partir do dia 30/09/09. Esse crime não se confunde com o delito de racismo (ocorre uma oposição indistinta a toda uma raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional). Vale acrescentar, que é um crime de ação penal pública incondicionada. *STF HC 90157 Crime contra a honra de servidor público em razão de suas funções (propter officio). Súm. 714 do STF: No inquérito 1939, o STF decidiu que uma vez reconhecida a representação, autorizando o MP a agir, não é mais possível o oferecimento de queixa crime. Essa decisão do STFdemonstra que não se trata de uma legitimação concorrente, pois os dois não podem agir de maneira simultânea, sendo uma legitimação alternativa. Legitimidade do ofendido mediante o oferecimento da queixa Legitimidade do MP mediante ação penal pública condicionada a representação. - Ação Penal nos crimes de Lesão leve/culposa no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher: Para os crimes de lesão leve/culposa, antes da lei 9.099/95 eram crimes de ação penal pública incondicionada, com a lei, em seu Art. 88 passa a ser de ação penal pública condicionada a representação. A Lei Maria da Penha (11.340/06 Art. 41). Art. 16 Art. 41 - Ação Penal Pública Condicionada à Representação. - STJ: ao apreciar o Resp 1097042 entendeu que o crime de lesão leve/culposa praticada no contexto familiar seria condicionada a representação. - O crime de lesão leve/culposa praticado no contexto familiar é crime de ação penal pública incondicionada. - STF: ao apreciar a ADI 4424 entendeu que seria de ação penal pública incondicionada. O próprio STJ passou a adotar esse posicionamento. OBS: O STF entendeu que outros crimes espalhados como, estupro e ameaça continuam sendo pública condicionada à representação, mesmo que praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra mulher, sob o argumento de não poder mudar dispositivo legal. - Ação Penal nos Crimes Sexuais: Antes da Lei 12.015/09 Depois da Lei 12.015/09 - Regra: Ação Penal Privada. Aqui entra a violência presumida. - Exceções: Vítima pobre: A ação penal seria pública condicionada à representação, mesmo que houvesse defensoria pública na comarca. STF HC 88043 Abuso do poder familiar: A ação penal pública seria incondicionada. Crime qualificado pela morte ou pela lesão grave (preterdoloso): ação penal pública incondicionada. Emprego de violência real (emprego de força física sobre o corpo da vítima como forma para constrangê-la): ação pena pública incondicionada, mesmo que dele resultasse lesão leve. Súm. 608 do STF. O Supremo aplicava o Art. 101 do CP, que prevê a ação penal extensiva. Em crimes complexos (são aqueles crimes que resultam na fusão de duas ou mais figuras típicas), se um dos crimes for de ação penal pública, opera-se uma extensão da natureza pública, e o crime complexo passa a ser de ação penal pública. OBS: O estupro não é crime complexo. Regra: Ação Penal Pública Condicionada à Representação (Art. 225 do CP). É uma novatio legis in pejus. - Exceções: Menor de 18 anos: ação penal pública incondicionada. Pessoa vulnerável: Art. 217-A: ação penal pública incondicionada (§único do Art. 225). Princípio da Proporcionalidade – vedação da proteção insuficiente. - Renúncia ao direito de queixa e perdão do ofendido: Renúncia Perdão - É o ato unilateral e voluntário, por meio do qual a pessoa legitimada ao exercício da ação penal privada abre mão do seu direito de queixa, com a consequente extinção da punibilidade (natureza jurídica) em crimes de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima. Momento: Ocorre antes do início do processo. Está relaciona ao Princípio da Oportunidade ou Conveniência. Ato Unilateral: Não depende de aceitação. Princípio da Indivisibilidade: A renúncia de um implica à renúncia de todos os acusados (coautores e partícipes). Pode ser expressa (feita por meio de uma declaração inequívoca) ou tácita (é a mais comum, que ocorre diante da prática de ato incompatível com a vontade de processar). Art. 57 do CPP. OBS 1: No CPP o recebimento de indenização não acarreta a renúncia tácita. Art. 104, §único do CPP. OBS: 2 Nos juizados a composição civil dos danos acarreta renúncia ao direito de queixa ou de representação. Art. 74, §único da Lei 9.099/95. - É o ato bilateral e voluntário, por meio do qual, durante o curso do processo, o querelante resolve perdoar o acusado, com a consequente extinção da punibilidade nos crimes de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima. Momento: Durante o processo até o trânsito em julgado de eventual sentença condenatória. Art. 106, §2º do CP. Após a sentença cabe ao Estado executar a pena. Está relacionado ao Princípio da Disponibilidade. Ato Bilateral: Depende de aceitação. Se não aceitar o processo prossegue. Se aceitar extingue-se a punibilidade. O silencio do querelado importa a aceitação. (Art. 58 do CPP) Princípio da Indivisibilidade: O perdão concedido a um dos querelados estende-se aos demais, mas desde que haja aceitação. Pode ser expresso ou tácito também. O perdão do ofendido não se confunde com o perdão judicial. Porém, os dois são causas extintivas da punibilidade. Art. 107 do CP. - Perempção: É a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em virtude da negligência do querelante, com a consequente extinção da punibilidade nos crimes de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima. Também tem natureza jurídica de extinção da punibilidade. Art. 60 do CPP. Funciona como a perda do direito de prosseguir, ou seja, o processo já estava em andamento. OBS: Não de confunde com a Decadência. A decadência é a perda do direito de dar início ao processo. - Hipóteses de Perempção: Art. 60 do CPP. Após 30 dias de abandono do processo. Prevalece o entendimento de que o querelante deve ser intimado para justificar o abandono do processo. Motivo de falecimento ou incapacidade do querelante e ninguém aparecer (sucessão) em 60 dias. Deixar de comparecer sem motivo quando deveria comparecer a um ato do processo. Se o querelante não comparecer à audiência de conciliação significa que ele não quer acordo e não está abandonando o processo (não é causa de perempção). Ou deixar de formular pedido de condenação (o ideal é que seja de maneira expressa) nas alegações final; não confundir com os crimes de ação penal pública que mesmo que o MP não peça a condenação o juiz pode condenar. Quando a pessoa jurídica se extinguir sem deixar sucessor. - Peça Acusatória: Recebe o nome de denúncia nos crimes de ação penal pública (MP), e quando se trata de ação penal prima é chamada de queixa crime (ofendido ou representante legal). Em regra é apresentada por escrito, mas pode ser apresentada verbalmente nos juizados e reduzidas a temo (Princípio da Oralidade). Deve ser apresentada em vernáculo (língua portuguesa). Em tese é possível um litisconsórcio ativo entre o MP e o querelante. Requisitos: Exposição (narrativa, descrição com dados fáticos da realidade) do fato criminoso com todas as suas circunstâncias. “O que aconteceu? Como? Quando? Quem? Contra quem? Qual o motivo?” Elementos Essenciais X Elementos Acidentais da peça acusatória: Essenciais: são aqueles necessários para identificar a conduta delituosa como fato típico. Devem constar da peça acusatória, visto que a falta de um deles significa descrição de fato não criminoso. Logo, sua ausência é causa de nulidade absoluta. Ex: denúncia por crime culposo sem que o MP descreva em que consistiu a imprudência, negligência ou imperícia. STJ HC 188023 Acidentais ou acessórios: são aqueles relacionados às circunstâncias de tempo, lugar e modus operandi, cuja ausência nem sempre prejudica o exercício do direito de defesa, por isso trata-se de mera nulidade relativa. Se o MP tem consciência desses elementos deve inseri-los na peça acusatória. Todavia, se forem desconhecidos, isso não inviabiliza o oferecimento da peça acusatória. Atenuantes e agravantes: Devem constar da peça acusatória. Art. 385 do CPP (agravantes podem ser reconhecidas de ofício). STF HC 93211 Denúncia genérica em crimes societários: A denúncia genérica significa que neste caso não há a descrição individualizada da com “crimes de gabinete”, aqueles praticados sob o manto protetor da pessoa jurídica. Para os tribunais, a denúncia deve estabelecer, mesmo que minimamente, a ligação entre a empreitada criminosa e cada um dos denunciados, o simples fato de ser sócio, gerenteou administrador não permite a instauração de processo penal pelos crimes praticados no âmbito da sociedade, se não se comprovar a relação de causa e efeito entre as imputações e a função do denunciado na sociedade, sob pena de indevida responsabilidade penal objetiva. Não é admitida nos tribunais. Pacelli fez uma distinção, entre: Denúncia genérica: vários fatos delituosos são imputados, genericamente, a diversos acusados, sem qualquer individualização (nulidade absoluta por violação da ampla defesa). Denúncia geral: um único fato delituoso é imputado a várias pessoas, sem qualquer individualização (não há violação à ampla defesa). Qualificação do acusado: o nome, prenome, endereço, RG, CPF, filiação etc. caso o indivíduo não se identifique civilmente, poderá proceder na identificação criminal e na decretação de sua prisão preventiva (Art. 313 do CPP). Oferecimento de denúncia sem a qualificação do acusado: é possível desde que haja esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo (Art. 41 do CPP). Na prática isso não é viável. Classificação do crime: deve indicar o CP ou legislação especial e indicar o dispositivo legal em que o acuso está incurso. Ex: Art. 121, caput c/c Art. 14, II do CP. No processo penal, prevalece o entendimento de que o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados, pouco importando a classificação formulada. (imendatio e mutatio libelli). Art. 383 e 384 do CPP. Rol de testemunhas: Apenas se necessário. Se houver, o rol deve constar da peça acusatória, sob pena de preclusão. Caso o rol não seja apresentado no momento oportuno, a solução é pedir que o juiz ouça as testemunhas como se fossem do juízo (Art. 156, II do CPP). Número máximo de testemunhas: Procedimento comum ordinário: 8 testemunhas Procedimento comum sumário: 5 testemunhas Procedimento sumaríssimo: 3 testemunhas (simetria)/5 testemunhas Tribunal do júri: 1ª fase – 8 e 2º fase -5 Procedimento ordinário do CPPM: 6 testemunhas Lei de drogas: 5 testemunhas (Lei 11.342/06) OBS: o juiz poderá indeferir os meios de prova desde demonstradas irrelevantes, impertinentes e protelatórias. Art. 400 do CPP. Para a acusação o número de testemunhas varia de acordo com a quantidade de ações delituosas. Para a defesa o número varia de acordo com a quantidade de ações e de acordo com a quantidade de acusados. Deve ser subscrita pelo promotor ou pelo advogado do querelante: deve trazer uma procuração com poderes especiais que deve constar o nome do querelado e deve fazer menção ao fato delituoso. Eventuais vícios podem ser supridos se o querelante assinar a queixa em conjunto com seu advogado e podem ser supridos mesmo após o decurso do prazo decadencial. Art. 44 do CPP. Prazo para o oferecimento da peça acusatória: Preso Solto - CPP: Denúncia (Art. 46 do CPP) / Queixa 5 dias (denúncia)/5 dias (queixa) 15 dias (denúncia)/6 meses (queixa) - Lei de drogas 10 dias 10 dias - CPPM 5 dias + 5 dias 15 dias + 15 dias + 15 dias - Crimes contra a economia popular 2 dias 2 dias - Abuso de autoridade 48 horas 48 horas - Código eleitoral 10 dias 10 dias - Consequências da inobservância do prazo pelo MP: cabimento de ação penal privada subsidiária da pública; perda do subsídio por dia de atraso (art. 801 do CPP) para muitos este artigo não foi recepcionado pela CF (Art. 128, §5º, I “c” da CF); em se tratando de investigado preso se o excesso for abusivo é cabível o relaxamento da prisão sem prejuízo da continuidade do processo. Provas - Princípios: Presunção de Inocência: Consiste no direito de não ser declarado culpado se não após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, ao término de um processo no qual tenham sido observadas todas as garantias fundamentais. Terminologia: Convenção Americana de Direitos Humanos: Dec. 688/92 Art. 8º, 2. Toda pessoa tem direito a que se presuma sua inocência. Princípio da Presunção de inocência. Enquanto não for legalmente comprovada a sua culpa (até o exercício do duplo grau de jurisdição); Constituição Federal: Art. 5º, LVII da CF. “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Princípio da Presunção da Não Culpabilidade. Limite mais amplo que o CADH, por isso, deve prevalecer (Princípio Pro Homini). Duas regras fundamentais derivam desse princípio: Regra probatória: Recai sobre a acusação o ônus de comprovar a culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável, sob pena de sua pretensão ser julgada improcedente. In Dubio Pro Reo: regra de julgamento a ser usada pelo juiz caso tenha dúvida razoável ao final do processo. Revisão Criminal: Só pode ser ajuizada após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória ou absolutória imprópria. Na Revisão criminal, não se aplica o In Dubio Pro Reo. O Princípio que se aplica aqui é o In Dubio Contra Reum. No caso de empate, na votação de Revisão Criminal, prevalece a posição mais favorável ao acusado (Art. 615, §1º do CPP). Regra de tratamento: Em regra, o acusado deve permanecer em liberdade durante a persecução penal. Todavia, se houver necessidade, é possível a decretação de medidas cautelares de natureza pessoal, inclusive a própria prisão cautelar. Em situações excepcional, desde que comprovada sua necessidade em uma decisão judicial fundamentada. Art. 5º, LXI da CF. Ausência de efeito suspensivo do RE e do Resp: A prisão era efeito automático de acórdão condenatório do TJ ou do TRF, justamente pelo fato desses dois recursos não serem dotados de efeito suspensivo (Art. 637 do CPP e Lei 8.038, Art. 27, §2º). Execução provisória da pena: a pena era executada apesar de não ter havido o trânsito em julgado a sentença condenatória. STF HC 84078: entendeu que essa execução provisória não é mais possível. Como o conhecimento do RE e do Resp obsta (efeito obstativo) o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, não é possível a execução provisória da pena, sob pena de violação ao Princípio da Presunção de Inocência. Gerou a Lei 11.403/11 que alterou o Art. 283 do CPP. Todavia, não impede a decretação de prisão preventiva, desde que presentes seus pressupostos. OBS: Apesar e não mais se admitir s execução provisória da pena, isso não impede a concessão antecipada de benefícios prisionais ao preso cautelar. Súm 716 e 717 do STF. Recursos manifestamente protelatórios usados apenas para impedir o trânsito em julgado, neste caso é possível o início do cumprimento da pena. Exercício abusivo de direito (STF AO 1046). Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere: o acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Art. 5º, LXIII da CF e CADH Art. 8º, §2º, “g”. Titular do direito à não auto incriminação: “o preso” (Art. 5º, LXII). Na verdade é qualquer pessoa que possa se incriminar. Mero suspeito, pessoa figurando na condição de investigado, indiciado, denunciado também podem. Enquanto testemunha, tem a obrigação de dizer a verdade, sob pena de responder por falso testemunho (Art. 342 do CP), no entanto, se das respostas puder resultar auto incriminação, o depoente poderá permanecer em silêncio. Advertência quanto ao direito de não produzir prova contra si mesmo: Art. LXIII da CF. STF e STJ defendem que o indivíduo deve ser informado quanto ao direito a não auto incriminação, sob pena de ilicitude da prova. STF HC 80949 (gravação clandestina de conversa informa entre delegado e preso, sem prévia advertência quanto ao direito ao silêncio). Assemelha-se ao “Aviso de Miranda” no direito norte americano, nenhuma validade será conferida às declarações feitas pela pessoa à polícia, a não ser que antes tenha sido informada que: tem direito de não responder; tudo o que disser pode ser usado contra ela e; tem direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado. A imprensa também tem que informar? Esse dever de informação também se aplica aos particulares. Eficácia Horizontal dos Direitos Humanos. É uma corrente doutrinária. STF HC 99558 o STFentendeu que o dever e informação aplica-se apenas ao Poder Público. Desdobramentos do princípio: Direito ao silêncio ou de permanecer calado. Art. 186 do CPP e Art. 198 (in fine não foi recepcionado pela CF/88, pois o exercício do direito ao silêncio não pode ser interpretado em desfavor do acusado). Tribunal do júri: Antes da Lei 11.689/08, se o crime era inafiançável, a presença do acusado no júri era indispensável. Com o advento da Lei 11.689/08, o júri pode ser realizado sem a presença do acusado, regularmente intimado, pouco importando a natureza do delito (afiançável/inafiançável). Se o acusado pretende permanecer em silêncio, talvez seja melhor não comparecer à sessão de julgamento. O exercício do direito ao silêncio não pode ser usado como argumento de autoridade para se convencer os jurados. Art. 172 do CPP. OBS: Direito à mentira - No Brasil há uma inexigibilidade da verdade, pois no Brasil, o crime de Perjúrio não é tipificado. Se a mentira do acusado incriminar terceiro inocente, deverá responder por denunciação caluniosa. RE 640139 – O STF entendeu que o Nemo Tenetur não abrange o crime de falsa identidade. STJ HC 151866 Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incrimina-lo. Provas que demandam participação ativa: Reconstituição do crime, fornecimento de material para exame grafotécnico, fornecimento do padrão vocal (espectograma da voz). Se a prova não demandar qualquer comportamento ativo, ou seja, uma prova que exija cooperação meramente passiva, não está protegida pelo Nemo Tenetur. Ex: reconhecimento pessoal, fotográfico, bafômetro passivo. Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva. - Princípios: Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere: o acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Art. 5º, LXIII da CF e CADH Art. 8º, §2º, “g”. Desdobramentos do princípio: Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva: são as intervenções corporais que pressupõem penetração no organismo humano. Ex: exame de sangue. Essas provas estão protegidas pelo Nemo Tenetur. Prova não invasiva: mera inspeção ou verificação corporal, produzida sem qualquer penetração no organismo humano. Ex: guimba de cigarro, exame de raio X, lixo, exame de DNA. Não está protegida pelo Nemo Tenetur. *STJ HC 149146 e STF Rcl 2040. Súm. 301 do STJ. OBS: Lei 12.654/12, essa lei passou a prever a coleta do material biológico para fins de identificação do perfil genético, desde que esse material seja coletado a partir de um material descartado (não invasivo). Bafômetro e nova redação do Art. 306 do CTB: Antes da Lei Seca – Art. 306 do CTB Depois da Lei Seca – Art. 306 do CTB - “Expondo a dano potencial a incolumidade de outrem”. - Crime de perigo concreto (a situação se perigo está inserida no próprio tipo penal, deve ser comprovado). - “Sob a influência de álcool”. Deve ser comprovado a través de um exame de corpo de delito direto. Pode ser feito por um exame de sangue, ou pelo bafômetro. - Caso o condutor se recursasse a fazer o exame direto, era possível que a prova testemunhal ou um exame clínico suprisse a ausência do exame direto (corpo de delito indireto). - Crime de perigo abstrato. - Esse crime de perigo abstrato, segundo o STF, está de acordo com a CF. - “estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 decigramas” (é uma elementar). - Exame de corpo de delito direito, podendo ser de duas formas: sangue e bafômetro. - Caso o condutor se recuse a fazer o exame direto, não será possível a comprovação do crime do Art. 306. *STJ Resp 1111566 - Pode caracterizar infração administrativa. Princípio da Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: Art. 5º, LVI da CF. Fundamentos: Proteção aos Direitos e Garantias Fundamentais. Fator de inibição e dissuasão à adoção de práticas probatórias ilegais. Distinção entre provas ilícitas e provas ilegítimas: Provas ilícitas Provas ilegítimas - Produzida mediante violação à regra de direito material. - Ex: confissão mediante tortura, invasão de domicílio. - Momento da produção: em regra, ocorre em momento anterior ou concomitante ao processo, mas sempre externamente a este. - Consequência: reconhecida a ilicitude da prova, esta será desentranhada dos autos do processo. É o chamado “direito de exclusão”. - Art. 157, §3º do CPP. Deve haver uma decisão judicial reconhecendo a ilicitude desta prova, devendo ser proferida o quanto antes possível, para se evitar a contaminação de outras provas. Poderá ocorrer através de uma decisão interlocutória (caberá RESE Art. 581, XIII do CPP), ou de uma sentença (apelação criminal). Não é de se desprezar o HC nem o MS. - Quando não couber mais recurso contra essa decisão, a prova que já havia sido desentranhada deve ser inutilizada (destruída), salvo em duas hipóteses: quando a prova consistir em objeto lícito pertencente a terceiro e quando a prova consistir no corpo de delito de crime praticado por ocasião de sua produção. - Produzida mediante violação à regra de direito processual. - Ex: Art. 479 do CPP. - Momento da produção: em regra, ocorre durante o curso do processo. Endoprocessual. - Consequência: deve ser declarada a nulidade do ato processual. Podendo ser absoluta ou relativa, a depender do caso concreto. OBS: Nova redação do Art. 157, caput do CPP dada pela Lei 11.690/08. 1ªC: Como o Art. 157, caput, não faz qualquer ressalva quanto à espécie de norma legal violada, entende-se que, doravante, a violação de normas constitucionais ou legais, de natureza material ou processual, dará ensejo à prova ilícita. (LFG) 2ªC: o Art. 157, caput, deve ser objeto de interpretação restritiva. Na verdade quando o dispositivo faz menção à violação de normas legais, refere-se apenas às normas de direito material. (Ada Pellegrini) Descontaminação do julgado: o juiz que tiver contato com a prova ilícita, não poderá julgar o caso concreto. Art. 157, §4º do CPP (revogado). Prova ilícita por derivação: São os meios probatórios que, não obstante produzidos validamente em momento posterior, encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, que acaba por causar sua contaminação, por efeito de repercussão causal. Precedente norte Americano “Silverthorng Lumber Co Vs. US”. Teoria dos frutos da árvore envenenada. *STF HC 73351 Teoria da Fonte Independente: Se órgão da persecução penal demonstrar que obteve legitimamente novos elementos de informação a partir de fontes autônomas de prova, que não guardem qualquer relação com a prova ilícita originária, esses elementos probatórios são plenamente válidos. Tem precedente no direito norte americano no caso “Bynum Vs. US”. *STF HC 83921 (Lei 11.690/08, Art. 157, §1º do CPP) Teoria da Descoberta Inevitável: Também é chamada de Teoria da Fonte Hipotética Independente. Esta teoria deve ser aplicada quando se demonstrar que a prova derivada da ilícita seria produzida de qualquer maneira, independentemente da prova ilícita originária. Esta teoria só pode ser aplicada com base em dados concretos que confirmem que a descoberta seria inevitável e não em dados meramente especulativos. Precedente no direito norte americano “Nix Vs. Williams-Williams II”. *não há precedentes no STF. A lei 11.690 no seu Art. 157, §2º teria introduzido essa teoria (onde se lê “fonte independente”, leia-se “descoberta inevitável”). *STJ HC 52995 Teoria do Encontro Fortuito de Provas: Essa teoria deve ser utilizada quando no curso de determinada investigação relacionada a um delito, forem encontrados elementos probatórios relacionados a outros crimes e/ou a outras pessoas além do investigado. Se esses elementos probatórios foram encontrados de maneira fortuita ou casual, são considerados válidos. Porém, se restar demonstrado que houve desvio de finalidade por ocasião da diligência inicial, esses novos elementos probatórios são ilícitos. Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva. Ex 1: interceptaçãotelefônica: pelo menos em tese, uma interceptação telefônica só pode ser autorizada no curso de persecução penal envolvendo crimes punidos com pena de reclusão. Todavia, se a interceptação já tiver sido autorizada nesse sentido, nada impede a utilização dos elementos probatórios aí obtidos em persecução penal de crimes punidos com pena de detenção (Teoria da Serendipidade). Ex 2: Busca e apreensão em escritório de advocacia: o mandato deve ser específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB. Nesse caso é vedada a apreensão de documentos pertencentes a clientes do advogado investigado, salvo se tais clientes estiverem sendo investis também investigados pela prática do mesmo crime que deu ensejo à expedição do mandado. - Terminologia da Prova: Indícios: Possui dois significados distintos. Usada com o sentido de prova indireta: Prova direta é aquela que recai diretamente sobre a afirmação a ser provada, permitindo que se conheça o fato por meio de uma única operação inferencial. Prova indireta é a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato delituoso, autoriza, por indução, concluir-se acerca de sua existência. Indícios, como prova indireta, podem servir para fundamentar um decreto condenatório. Esse significado é usado exatamente neste sentido no Art. 239 do CPP. Sentido de prova semiplena: É aquela prova com menor valor persuasivo. Não autoriza um juízo de certeza, mas sim, se mera probabilidade. Como prova semiplena, indícios não autorizam um decreto condenatório, mas podem servir para a fundamentação de medidas cautelares. Art. 312 do CPP. “Prova de existência do crime” (juízo e certeza) e “indício suficiente de autoria” (juízo de probabilidade). Suspeita: É um estado subjetivo, que pode gerar desconfiança em relação à prática de um fato delituoso. Não se confunde com os indícios, por que estes são baseados em elementos objetivos. Art. 244 do CPP. STF HC 81305 Objeto da prova: É a veracidade ou falsidade de alguma afirmação que interessa à solução do processo. Deve ser objeto da prova: imputação constante da peça acusatória, costumes (causa de aumento de pena do furto), regulamentos e portarias (salvo se funcionarem como complementos de norma pena em branco – portaria 344), vigência do direito estrangeiro, estadual e municipal (salvo nos últimos dois casos, daquele referente à localidade em que o juiz e competente) e fatos não contestados e incontroversos (mesmo assim). No processo penal, a revelia não acarreta a presunção de veracidade dos fatos narrados na peça acusatória. Não deve ser objeto da prova: fatos notórios (fatos de conhecimento público geral), fatos axiomáticos (evidentes intuitivos), fatos inúteis ou irrelevantes (não interessa a solução do processo), presunções legais (absoluta – inimputabilidade do menor de 18 anos - e relativa – imputabilidade do maior de 18 anos, ver HC 73662 e 99993 do STF, Art. 217-A do CP). Prova emprestada: Consiste na utilização em um processo de prova que foi produzida em outro. Forma: é uma forma documentada. Juntada através de uma certidão. Valor probatório: tem o mesmo valor da prova originalmente produzida. Requisitos: o contraditório deve ter sido observado no primeiro processo em relação às mesmas partes. STF HC 95186 Exemplo: caso uma interceptação telefônica tenha sido autorizada no curso de um processo penal, é plenamente possível a utilização dos elementos probatórios aí obtidos em eventual processo administrativo. STF Inq. 2725 Prova inominada, nominada, típica ou atípica, anômala e irritual: Nominada: É aquela que tem previsão legal. Inominada: Não tem previsão legal. No processo penal, por conta de dois princípios (Busca da verdade e liberdade probatória). Típica: é aquela cujo procedimento probatório está previsto em lei. Ex: Art. 226 do CPP. Atípica: É aquela que não tem procedimento probatório previsto em lei. Ex 1: o reconhecimento de pessoas e coisas (prova nominada e típica). Ex 2: reconstituição do fato delituoso, Art. 7º do CPP (nominada e atípica). Anômala: É aquela utilizada para fins diversos daqueles que lhe são próprios, ou seja, existem meio de prova legalmente previsto, porém, deixa-se de lado esse meio de prova típico para se valer de outro. Cuida-se de prova ilegítima, cuja nulidade deve ser declarada. Irritual: É aquela prova colhida em desacordo com o modelo típico previsto em lei. Ex: testemunho pelo telefonema feito pelo oficial de justiça. - Ônus da Prova: Objetivo: Funciona como regra de julgamento a ser aplicada pelo juiz quando permanecer em dúvida por ocasião do julgamento da demanda (In Dubio Pro Reo). Subjetivo: Deve ser compreendido como encargo que recai sobre as partes de buscar as fontes de prova capazes de comprovar as afirmações por elas formuladas ao longo do processo, sabendo que, caso não se desincumbam a contento desse ônus, poderão experimentar uma situação de desvantagem perante o direito. Como é feita a distribuição do ônus da prova no processo penal: 1ªC: em virtude do Princípio da Presunção de Inocência, o ônus da prova é exclusivo da acusação no processo penal. 2ªC: No processo penal, mesmo diante do Princípio da Presunção de Inocência, é possível a distribuição do ônus da prova no processo penal. Ônus da prova da acusação: Existência do fato típico, dolo e a culpa (podem ser provados através dos elementos objetivos do caso concreto), autoria e participação e, por fim, a relação de causalidade (laudo pericial, exame de corpo de delito). O juiz aqui, precisa atingir um juízo de certeza. Ônus da prova da defesa: causas excludentes de ilicitude, da culpabilidade, causas extintivas da punibilidade e a prova de um eventual álibi. A defesa deve criar uma dúvida razoável pelo menos no juiz. Art. 386, VI do CPP. - Sistemas de avaliação da prova: Sistema da íntima convicção do magistrado: o juiz tem ampla liberdade para valorar quaisquer provas, inclusive, aquelas que não estão nos autos do processo, porquanto, não é obrigado a fundamentar seu convencimento. Também chamado de Sistema da certeza moral do magistrado. Pelo menos em regra, esse sistema não é adotado pelo CPP, salvo no júri em relação aos jurados. Sistema da prova tarifada: Os meios de prova têm valor probatório previamente fixado pelo legislador, cabendo ao juiz tão somente fazer a dosimetria das provas. Também chamado de Sistema da certeza moral do legislador. Pelo menos em regra, não é adotado pelo CPP, salvo nas seguintes hipóteses: prova quanto ao estado das pessoas (está sujeito às restrições estabelecidas pela lei civil, Súm. 74 do STJ), exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios (Art. 158 do CPP). Sistema do livre convencimento motivado: O juiz tem ampla liberdade na valoração das provas constantes do processo, que em abstrato, possuem o mesmo valor, mas é obrigado a fundamentar seu convencimento. Também chamado de Sistema da Persuasão racional do juiz. É o sistema que vigora em regra no sistema jurídico brasileiro (Art. 93, IX da CF e Art. 155 do CPP). - Provas em espécie: Exame de corpo de delito: Alguns conceitos: Corpo de delito: conjunto de vestígios materiais deixados pela infração penal. Não necessariamente necessita de um corpo. Ex: porta arrombada, cadeiras quebradas no bar etc. Exame de corpo de delito: uma análise feita por pessoas com conhecimentos técnicos ou científicos sobre o corpo de delito. Em regra, pode ser determinado pela autoridade policial, judiciária e pelo MP. Porém, somente o juiz pode determinar o exame de insanidade penal. Art. 149 do CPP. Laudo pericial: É a peça técnica elaborada pelos peritos após a realização do exame pericial. Prazo máximo e 10 dias, podendo ser prorrogado a requerimento dos peritos (o prazo para a juntada do laudo pericial aos autos do processo é de pelo menos 10 dias de antecedência à audiência una de instrução e julgamento – Art. 159, §5º, I). Em regra, o laudo não é condição específica da ação penal (em situações específicas, o laudopericial deve constar do processe sob pena de não poder oferecer denúncia, como drogas, crimes contra a propriedade imaterial, Divide-se em 4 partes: Preâmbulo: É feita uma qualificação dos peritos e do objeto da perícia. Exposição: Descrição daquilo que foi observado pelos peritos. Fundamentação: Dar mais credibilidade ao laudo. Conclusão: Resposta a eventuais quesitos que foram apresentados. Art. 160 do CPP. Sistemas de apreciação dos laudos periciais: Sistema Vinculatório: Nele, o juiz, fica adstrito às conclusões dos peritos. Sistema Liberatório: O juiz não fica vinculado ao laudo pericial. Art. 182 e 181 do CPP Princípio do Contraditório e o exame pericial: Em regra, o exame pericial é realizado imediatamente após a prática do fato delituoso. Portanto, o contraditório, será diferido (ou postergado). Ex: exame de corpo de delito em uma mulher que acabou de ser estuprada, indicação do assistente técnico (essa indicação só pode ocorrer durante o processo, Art. 159, §5º, II). Obrigatoriedade do exame de corpo de delito: Infrações penais transeuntes (passageira): não deixa vestígios. Não há necessidade do exame de corpo de delito. Ex: injúria verbal (crimes contra a honra). Infrações penais não transeuntes: Também chamado de delito de fato permanente, costumam deixar vestígios. Aqui há a necessidade de exame de corpo de delito. Art. 158 do CPP. Exame de corpo de delito direto: É aquele feito sobre o próprio corpo de delito. Exame de corpo de delito indireto: 1ªC: quando houver o desaparecimento dos vestígios, os peritos deverão elaborar o laudo pericial com base no depoimento de testemunhas e mediante analise de documentos. Ex: mulher que apanhou do marido, mas essa mulher não procurou a polícia de imediato, fez isso após 2 semanas, mas leva depois ao delegado o prontuário médico e duas testemunhas. 2ªC: O exame de corpo de delito ocorre quando houver o desaparecimento dos vestígios, a prova testemunhal ou documental poderá suprir a ausência do exame direto. Art. 167 do CPP. Peritos e assistentes técnicos: Perito Assistente técnico - Auxiliar do juízo dotado de conhecimentos técnicos, que tem a função de realizar exames periciais. - São aplicáveis as causas de impedimento e suspeição. - Pode ser de duas espécies: Perito oficial: funcionário público de carreira. Perito não oficial: É a pessoa nomeada pelo juiz ou pela autoridade policial quando não houver perito oficial. Também chamado de perito leigo. - Número de peritos necessários (Lei 11.690/08): antes da lei era necessário 2 peritos (Súm. 361 do STF), após a lei se é um perito oficial, basta somente 1 perito (não oficial, 2 peritos) - Perícia complexa: envolve o conhecimento de mais de uma área do conhecimento humano. Aqui pode ser nomeado mais de um perito oficial. - Tanto o perito oficial, quanto o perito não oficial são considerados funcionários públicos para fins penais. - Auxiliar das partes, dotado de conhecimento técnico. - Não são aplicáveis as causas de impedimento e suspeição. - Atuação parcial. - Não é considerado funcionário público para fins penais. - Ao contrário dos peritos, o assistente técnico, não responde pelo crime de falsa perícia (Art. 342). - Não há número máximo de assistente técnico. Interrogatório Judicial: É o ato processual por meio do qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe é feita (duas partes). Art. 187 do CPP. Natureza Jurídica: 1ªC: meio de prova. 2ªC: meio de defesa (sob os fundamentos de: direito ao silêncio, presunção de inocência e último ato da instrução probatória). STF RHC 89892 Momento para a realização do interrogatório: Procedimento comum do júri: Antes da reforma processual de 2008, era o primeiro ato da instrução. Depois passou a ser o último ato da instrução probatória. Art. 400 do CPP. Procedimentos especiais: o interrogatório, ainda funciona como primeiro ato da instrução probatória. Ex: lei de drogas, Código de Processo Penal Militar, procedimento originário dos tribunais. STF AP 528 AgR/DF (o interrogatória também deve ser realizado ao final da instrução probatória). Condução coercitiva: Art. 260 do CPP. Como a acusado tem o direito ao silêncio, não é possível, a condução coercitiva para fins de realização do interrogatório, o que, no entanto, não impede sua condução para eventual reconhecimento. Características: É um ato personalíssimo, somente o acusado pode ser interrogado. É um ato contraditório, antes de sua alteração em 2003, não era necessária a presença das partes. Depois da alteração, passou a ser obrigatória a presença das partes, que podem, inclusive, fazer reperguntas ao acusado. É um ato tecnicamente assistido, é obrigatória a presença de defensor, sob pena de nulidade absoluta. Este defensor tem direito à entrevista prévia e reservada com o acusado. Caso haja mais de um acusado, a defesa técnica deve ser exercida por advogados distintos, caso haja colidência de defesas. Havendo advogados distintos, todos poderão fazer reperguntas a cada um dos acusados. Interrogatório por vídeo conferência: STF HC 90900 A Lei paulista foi declarada a inconstitucionalidade formal (violação do Art. 22, I da CF). Entra em vigor a Lei 11900/09, que não tem o condão de retroagir. Os interrogatórios realizados antes de sua vigência são nulos. Finalidades do uso da vídeo conferência: Prevenir risco à segurança pública Viabilizar a participação do acusado no ato processual Impedir a influência do acusado no ânimo de testemunhas Responder à gravíssima questão de ordem pública (In) constitucionalidade da vídeo conferência no processo penal: É plenamente constitucional: Intimação com 10 dias de antecedência Presença de dois advogados Canal reservado de comunicação Questões Prejudiciais - Conceito: É a questão com valoração penal ou extrapenal que deve ser apreciada pelo juiz antes do julgamento do mérito principal. Ex: no crime de bigamia (questão prejudicada), a validade do primeiro casamento. No CPP, Arts. 92, 93 e 94. - Natureza Jurídica: 1ª C: funciona como verdadeira elementar da infração penal. Elementar X Circunstância: Elementares são dados essenciais da figura típica, cuja ausência pode produzir uma atipicidade absoluta (conduta atípica) ou relativa (desclassificação). Ex: “matar alguém”. Circunstâncias são dados periféricos cuja ausência não interfere no tipo penal, mas tão somente na aplicação da pena. Ex: agravantes e atenuantes. Art. 30 do CP 2ªC: Espécie de conexão, ou seja, uma relação entre duas figuras, uma dependência lógica e necessária entre elas. - Características: Anterioridade: A questão prejudicial deve ser apreciada antes da questão prejudicada. Ex: Na lei de lavagem e capitais deve ser apreciada primeiramente a infração penal antecedente. Essencialidade, Interdependência ou Necessariedade: A questão prejudicial está relacionada á própria existência da infração penal. Ex: Art. 93 do CPP. Autonomia: A questão prejudicial pode ser objeto de análise em um processo autônomo. - Distinção entre Questões prejudiciais e Questões preliminares: Questões Prejudiciais Questões Preliminares - É a questão com valoração penal ou extrapenal que deve ser apreciada pelo juiz antes do julgamento do mérito principal. - Estão relacionadas ao direito material, ligadas à própria existência da infração penal. - Têm existência autônoma. Pode ser objeto de um processo autônomo. - Podem ser analisadas pelo juízo penal ou extrapenal. - Consistem no fato processual ou de mérito que impede que o juiz aprecie o fato principal. - Estão relacionadas com os pressupostos processuais ou com as condições da ação. - Não são dotadas de existência autônoma. Têm sua existência condicionada à existência daquele processo. - Só podem ser analisadas pelo juízo penal. - Classificação das Questões Prejudiciais: Quanto à natureza: Homogênea, comum ou imperfeita: A questão prejudicial pertence ao mesmo ramo do direitoda questão prejudicada. Ex: questão ligada ao direito penal, como o Art. 180 do CP. OBS: Ao tratar das questões prejudiciais nos Arts. 92, 93 e 94 do CPP, o legislador não está preocupado com as questões prejudiciais homogêneas. Na verdade, as questões homogêneas são resolvidas pelo CPP com a aplicação da conexão probatória (Art. 76, III do CPP), com a consequente reunião das infrações penais em um simultaneus processus. Heterogênea, jurisdicional ou perfeita: É aquela que versa sobre outro ramo do direito. Ex: Art. 244 do CP. Quanto à competência: Prejudicial não devolutiva: É aquela apreciada pelo próprio juízo penal. Corresponde à prejudicial homogênea. Prejudicial devolutiva: É aquela que pode ser apreciada pelo juízo extrapenal. Devolutiva absoluta: É aquela que deve ser obrigatoriamente apreciada pelo juízo extrapenal. Corresponde às prejudiciais heterogêneas relativas ao estado civil das pessoas. Devolutiva relativa ou facultativa: Eventualmente, podem ser apreciadas pelo juízo penal. Corresponde às prejudiciais heterogêneas não relativas ao estado civil das pessoas. Quanto aos efeitos: Obrigatória ou necessária: Sempre acarreta a suspensão do processo penal. Corresponde à prejudicial devolutiva absoluta. Prejudicial facultativa ou em sentido amplo: É aquela que nem sempre acarreta a suspensão do processo penal, pois pode eventualmente ser apreciada pelo próprio juiz penal. Corresponde à prejudicial devolutiva relativa. - Sistemas de solução das prejudiciais: Sistema da Cognição Incidental (ou Sistema do Predomínio da Jurisdição Penal): O juiz penal sempre terá competência para apreciar a questão prejudicial, ainda que pertença a outro ramo do direito. Vantagem: atende à economia e celeridade processual. Desvantagem: pode haver uma violação ao Princípio do juiz natural. Sistema da Prejudicialidade Obrigatória: O juiz penal nunca será competente para apreciar prejudiciais heterogêneas. Vantagem: vem ao encontro do Princípio do juiz natural. Desvantagem: vai de encontro à celeridade e economia processual. Sistema da Prejudicialidade Facultativa: O juiz penal poderá, a seu critério, remeter a solução da prejudicial heterogênea ao juízo extrapenal. Sistema Misto ou Eclético: É o sistema adotado pelo CPP. Resulta da fusão do Sistema da Prejudicialidade Obrigatória com a Facultativa. Em relação às questões prejudiciais heterogêneas relacionadas ao estado civil das pessoas, vigora a prejudicialidade obrigatória (Art. 92 do CPP). Porém, em relação às questões prejudiciais heterogêneas não relacionadas ao estado civil das pessoas, vigora a prejudicialidade facultativa (Art. 93 do CPP). - Questão Prejudicial Devolutiva Absoluta: Pressupostos: Deve estar relacionada à existência da infração penal. Controvérsia séria e fundada. Precisa ser uma questão prejudicial relativa ao estado civil das pessoas. Ex: parentesco, casamento, idade e etc. Ver, STF HC 77278 Consequências: O juiz irá determinar a inquirição das testemunhas e a produção de outras provas de natureza urgente. Não se confunde com o Art. 366 do CPP (Súm. 455 do STJ). Ocorrerá a suspensão do processo (Art. 92 do CPP) e da prescrição (Art. 116, I do CP). Ficarão suspensos até o trânsito em julgado da decisão cível. Intervenção do MP no processo cível. Em virtude do Princípio da Obrigatoriedade, deve o MP intervir no cível, ainda que não tenha legitimação originária para tanto. Causas de suspensão do processo e da prescrição: Questões prejudiciais Citação por edital e não apresentação da resposta à acusação (Art. 366 do CPP). Suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei 9.099/95) Parcelamento do débito tributário formalizado antes do recebimento da denúncia (Art. 83, §§ 2º e 3º da Lei 9.430, com redação dada pela Lei 12.383/11). Recebida denúncia pelo STF contra Senador ou Deputado por crime ocorrido após a diplomação, é possível que a Casa respectiva delibere pela suspensão do processo, enquanto durar o mandato, hipóteses em que a prescrição também ficará suspensa (Art. 53, §§ 3º e 5º da CF). Causa de suspensão do processo em que a suspensão não fica suspensa: Doença mental superveniente à infração penal (Art. 152 do CPP). Causa de suspensão da prescrição em que o processo não fica suspenso: Acusado em lugar sabido no estrangeiro, cuja citação deve ser feita mediante carta rogatória (Art. 368 do CPP). - Questão Prejudicial Devolutiva Relativa: Art. 93 do CPP. Pressupostos: Existência da infração; Questão prejudicial heterogênea não relativa ao estado civil das pessoas. Ex: furto de coisa sua, a coisa tem que ser alheia móvel para a infração ser configurada. A ação cível deve estar em andamento Questão de difícil solução Ausência de limitações quanto à prova na lei civil. Art. 227 do CC. Na legislação cível, há a limitação de algumas provas. No processo penal, como está em jogo a liberdade de locomoção, todo e qualquer meio de prova podem ser utilizado, ressalvadas, logicamente, as provas ilícitas e imorais (liberdade probatória). Portanto, para que o acusado não sofra qualquer prejuízo, a solução da prejudicial somente poderá ser remetida ao cível caso não haja limitações quanto à prova. Ex: Art. 227 do CC. Consequências: Inquirição das testemunhas e produção de outras provas de natureza urgente. A própria inquirição de testemunhas já é vista como uma prova urgente. Acarreta a suspensão do processo e da prescrição. O juiz penal delimita um prazo razoável, que pode ser prorrogado, findo o qual retoma a competência para a solução da questão prejudicial. Intervenção do MP no âmbito cível. Princípio da Obrigatoriedade. - Recursos cabíveis: Art. 581, XVI do CPP. O RESE é cabível apenas quando determinada a suspensão do processo em virtude de questão prejudicial, sendo ela absoluta ou relativa. Quando não houver o reconhecimento da prejudicial (tanto a devolutiva obrigatória quanto a relativa), neste caso, o CPP trata como uma decisão irrecorrível. Art. 93, §2º do CPP. Esta matéria pode ser questionada em futura preliminar de apelação, HC e MS. - Observações finais: Se o juiz penal apreciar uma questão prejudicial facultativa, essa apreciação é feita apenas de maneira incidental. Logo, a decisão por ele proferida quanto à prejudicial não faz coisa julgada no âmbito cível. Porquanto, não está protegida pelos limites objetivos da coisa julgada. A decisão proferida no cível em relação às questões prejudiciais heterogêneas (obrigatórias e facultativas) faz coisa julgada no âmbito penal, ainda que não tenham sido determinada a suspensão do processo penal. STF, HC 75169. O que significa o Princípio da Suficiência da Ação Penal? Em algumas situações, o processo penal de per si, é suficiente para a solução de todas as controvérsias, sem que haja a necessidade de remeter as partes ao juízo extrapenal. É o que ocorre com as questões prejudiciais homogêneas e heterogêneas não relativas ao estado civil das pessoas que não sejam de difícil solução. Exceções Processuais - Conceito: São procedimentos incidentais da competência do juízo penal nos quais são alegados determinados fatos processuais referentes à ausência de pressupostos processuais ou de condições da ação, objetivando a extinção do processo, ou a mera dilação do feito. - Exceções X Objeções: Exceção: é a matéria de defesa que só pode ser apreciada pelo juiz se arguida pelas partes (ex: no processo civil, incompetência relativa). Art. 95 do CPP, este artigo faz uso da expressão “exceções”, porém de maneira equivocada, pois trata-se de matéria que poder ser reconhecida de ofício pelo juiz (“objeções”). Objeção: é a matéria de defesa que pode ser apreciada de ofício pelo juiz (ex: no processo civil, incompetência absoluta). - Espécies de Exceções: Dilatórias: visa ao retardamento do processo. Ex: suspeição, incompetência, ilegitimidade ad processum. Peremptórias: visa à extinção do feito. Ex: litispendência, coisa julgada, ilegitimidade ad causam. - Exceção de Suspeição: é omesmo procedimento da exceção de impedimento e de incompatibilidade. Impedimento do juiz: São circunstâncias objetivas relacionadas a fatos internos ao processo capazes de prejudicar a imparcialidade do juiz. Consequências da atuação de um juiz impedido: ato inexistente, em virtude da gravidade. As causas de impedimento constam do rol taxativo (numerus clausus) dos Art. 252 e 253 do CPP. Hipóteses: Cônjuge, ou parente em linha reta e colateral consanguíneo ou afim em linha reta, até o 3ª grau inclusive. Se o cônjuge atuou primeiro como defensor, o juiz estará impedido; caso contrário, o cônjuge defensor é que deve ser declarar impedido. No Art. 252, I do CPP, também devem ser incluídos, companheiros em união estável. O juiz não pode ser juiz e defensor, delegado, promotor, auxiliar etc. Se o juiz no curso das investigações, decreta determinada medida cautelar (prisão temporária), não estará impedido para funcionar como juiz durante o processo. Se o magistrado atuou como juiz de primeira instância, não terá isenção suficiente para julgar a mesma demanda no segundo grau como desembargador. Para a incidência dessa causa de impedimento, é indispensável que o juiz tenha se pronunciado de fato e de direito, sobre a questão. Logo, se o juiz praticou mero despacho de movimentação processual, não há falar em impedimento. STJ HC 16129. Após a prolação de uma sentença, o magistrado não está impedido de fazer o juízo de admissibilidade de determinado recurso. STF HC 94089. Se um juiz atuou em um processo criminal contra um determinado acusado, não haverá impedimento caso venha a funcionar como juiz em outro processo criminal instaurado contra o mesmo acusado. Não haverá impedimento se o juiz atuar previamente em um processo administrativo, já que se trata de uma atividade meramente administrativa e não jurisdicional. STJ HC 131792. Interessado, cônjuge, parente em linha reta e colaterais afins ou consanguíneos até o 3º grau inclusive, forem diretamente interessados em um processo. Juízes parentes, cônjuges, parentes e etc. Suspeição: São circunstâncias subjetivas relacionadas a fatos externos ao processo, capazes de prejudicar a imparcialidade do magistrado. Consequência: causa de nulidade absoluta. Art. 564, I CPP. Causas de suspeição: constam de rol exemplificativo (Art. 254 do CPP). Hipóteses: Amigo íntimo e inimigo capital de qualquer das partes. Segundo a maioria da doutrina, amizade íntima com o advogado, que é mero representante da parte, não é causa de suspeição. Isso, no entanto, não impede que, por razões e foro íntimo, possa o magistrado se afastar do processo. Quando se tem um parente respondendo por um processo criminal semelhante. Uma pessoa responda um processo e depois ser julgado por uma das partes Credor, devedor e tutor de qualquer das partes. Sócio e acionista de empresa interessada no processo. Incompatibilidade: 1ªC – Há quem entenda que a incompatibilidade é o gênero do qual o impedimento e a suspeição são espécies. 2ºC – Incompatibilidade são todas as causas que prejudicam a imparcialidade do juiz mas que não são listadas como causas de impedimento e suspeição. Ex: juiz assaltado, julgando o crime de roubo. - Procedimento da suspeição, impedimento e incompatibilidade: O juiz deve reconhecer de ofício a suspeição, podendo inclusive responder criminalmente por prevaricação caso não o faça. A apreciação de causas de impedimento /suspeição/incompatibilidade, deve anteceder a análise de todas as demais questões processuais e de mérito. Reconhecida de ofício a suspeição, os autos serão encaminhados ao substituto legal, que não pode devolver os autos ao magistrado que se declarou suspeito. Isso, no entanto, não impede a expedição de ofício aos órgãos correicionais. CNJ Res. 82: as razões de foro íntimo deviam ser explicitadas em ofício reservado às corregedorias. Essa resolução caiu por terra em virtude do MS 28215 ajuizado pela Associação dos Magistrados Brasileiros perante o STF. Se o juiz não se declarar suspeito, as partes deverão opor a exceção de suspeição na primeira oportunidade, sob pena de preclusão. Para o MP, a exceção de suspeição deve ser oposta em conjunto com a própria denúncia. Caso a exceção seja oposta pela defesa, a primeira oportunidade é por ocasião da apresentação da resposta à acusação. Art. 396-A do CPP. Ao contrário das demais exceções, que podem ser apresentadas oralmente, a exceção de suspeição, deve ser obrigatoriamente oposta por escrito, devendo o advogado contar com procuração com poderes especiais. No entanto, no Tribunal do Júri, a exceção de suspeição deve ser oposta oralmente. Princípio da Oralidade. O assistente da acusação (vítima que se habilita no processe em crimes de ação penal pública): prevalece o entendimento de que o assistente da acusação também pode opor exceção de suspeição. Arguida a suspeição do magistrado, havendo concordância de sua parte, os autos serão remetidos ao substituto legal. Na hipótese de não haver concordância, os autos da exceção serão encaminhados ao respectivo tribunal. Ao contrário das demais exceções, que são apreciadas pelo juiz de 1ª instância, a exceção de suspeição deve ser analisada pelo tribunal competente. Ao contrário das demais exceções que acarretam a suspensão do processo, a exceção de suspeição pode acarretar a suspensão do feito, desde que haja a concordância da parte contrária. Art. 581, III do CPP. Ao contrário das demais exceções, que admitem RESE quando julgadas procedentes, a exceção de suspeição, não admite RESE, pois é a única apreciada pelo tribunal. Apesar de não se admitir a interposição de RESE, é possível a interposição de recursos extraordinários e remédios constitucionais (MS e HC). - Exceção de Suspeição do MP: São aplicáveis as mesmas causas de impedimento, suspeição e incompatibilidade dos juízes. Art. 258 do CPP. Essas causas são aplicáveis ao promotor de justiça quando ele é parte ou quando é fiscal da lei. A atuação do MP na fase investigatória não é causa de impedimento e de suspeição. Ver Súm. 234 do STJ. Consequências da atuação do MP impedido ou suspeito: É causa de nulidade relativa. Eugênio Pacelli. Deve ser arguida oportunamente e o prejuízo deve ser comprovado. O MP deve se declarar suspeito ou impedido de ofício. Se o MP não se declarar suspeito de ofício, poderá ser recusado pelas partes. Art. 104 do CPP, cabe ao juiz decidir sobre a suspeição em decisão irrecorrível. É possível a impetração do Mandado de Segurança para se opor à decisão do juiz. - Suspeição da Autoridade Policial: Art. 107 do CPP. Não é possível a oposição das autoridades policiais. Porém elas poderão se declarar suspeitas quando ocorrer motivo legal. - Exceção de Incompetência: Será tanto para a incompetência absoluta quanto a relativa. Podem ser declaradas de ofício pelo juiz (diferentemente do que ocorre do processo civil). A Súm. 33 do STJ não se aplica ao processo penal. Ver STJ HC 95722 (a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício no processo penal, parece que o tribunal desconhece sua própria jurisprudência). A incompetência absoluta pode ser declarada de ofício pelo juiz enquanto exercer jurisdição no processo, ou seja, antes da sentença. A incompetência relativa pode ser declarada de ofício pelo juiz até o início da instrução probatória. Principio da Identidade Física do juiz. Procedimento da Exceção de Incompetência: Pode ser oposta oralmente ou por escrito. Art. 108 do CPP. A incompetência também pode ser arguida pela acusação, pelo assistente da acusação e também pela defesa. Em se tratando de incompetência relativa, deve ser arguida oportunamente sob pena de preclusão. Para a defesa deve ocorrer na resposta à acusação. Em se tratando de incompetência absoluta, desde que o acusado esteja em liberdade, talvez seja mais interessante para a defesa postergar sua arguição. Recursos adequados: Se a competência for declarada de ofício pelo juiz, seria o RESE (Art. 581, II do CPP). Se julgada procedentea exceção de incompetência, também se usa o RESE, só que no inc. III. Se negada, o reconhecimento da incompetência, a decisão é irrecorrível, podendo ser alegada em futura preliminar de apelação, cabendo também o HC e o MS. - Exceção de Ilegitimidade: Ilegitimidade: Ad causam: É uma condição da ação. Pertinência subjetiva da ação. É um crime de ação penal pública condicionada à representação. Ad processum: É um pressuposto processual de validade. Procedimento: Deve o juiz rejeitar a peça acusatória se verificada a ilegitimidade. Art. 395, II do CPP. A exceção pode ser oposta por qualquer das partes. Recursos adequados: Rejeição da peça acusatória: RESE. Art. 581, I do CPP Anulado o processo em razão da ilegitimidade: RESE. Art. 581, XIII do CPP. Procedente a exceção: RESE, Art. 581, III do CPP Improcedente: decisão irrecorrível. Pode ser tratada em futura preliminar de apelação, HC e MS. - Exceção de Litispendência: Ocorre quando o mesmo acusado responde a dois processos simultaneamente a dois processos penais condenatórios relativos à mesma imputação. No processo civil deve haver a identidade de partes, de pedido e de causa de pedir, ocorrendo a partir da citação válida. No processo penal basta que estejamos diante do mesmo acusado (o legitimado ativo não interessa para fins de reconhecimento da litispendência), da mesma causa de pedir (imputação – fato delituoso atribuído ao agente, independentemente da classificação). O pedido não interessa para fins de reconhecimento da litispendência (na ação penal condenatória, há sempre um pedido genérico de condenação). Haverá litispendência no processo penal a partir do recebimento da peça acusatória no outro processo. Trabalhando na ideia de que o processo penal começa no recebimento da peça acusatória. O procedimento é o mesmo das exceções. Recursos adequados: Se houver o reconhecimento de ofício da litispendência, acarretando a extinção do processo. É uma decisão com força de definitiva que não admite RESE (não consta do rol do 581), sendo cabível a apelação (Art. 593, II do CPP). Julgada procedente a exceção, o recurso será o RESE. Se julgada improcedente, será irrecorrível (apelação, MS e HC). - Exceção de Coisa Julgada: Não se confunde com a litispendência (dois processos simultâneos). Na coisa julgada há uma decisão com trânsito em julgado em face do mesmo acusado e da mesma imputação. Espécies de coisa julgada: Coisa julgada formal: Refere-se à imutabilidade da decisão dentro do processo em que foi proferida. Ex: arquivamento do inquérito por falta de prova, rejeição da peça acusatória e impronúncia. Coisa julgada material: Pressupõe a coisa julgada formal, projeta seus efeitos para fora do processo (imutabilidade). Ex: absolvição sumária ou julgamento antecipado da lide (Art. 197). Coisa julgada X Coisa Soberanamente julgada: Em se falando de coisa julgada, a imutabilidade da coisa julgada é meramente relativa, que dizer, faz coisa julgada no processo penal a sentença condenatória e a absolutória imprópria, podendo ser rescindidas por meio de revisão criminal e HC. Já a coisa soberanamente julgada está ligada à imutabilidade absoluta, ou seja, a decisão não pode mais ser mudada nunca mais. Faz coisa soberanamente julgada no processo penal a sentença absolutória própria com trânsito em julgado (Ne Bis in Idem), ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente. OBS: No Brasil não se admite revisão criminal pro societate, podendo assim, se falar em coisa soberanamente julgada. Limites da Coisa Julgada: Limites objetivos: Dizem respeito ao fato da vida que foi imputado ao acusado no primeiro processo e objeto de posterior sentença, pouco importando a classificação formulada. OBS: A exceção de coisa julgada só pode ser oposta em relação ao fato principal que foi objeto da sentença. Logo, eventual questão prejudicial facultativa apreciada pelo juiz penal não estará acobertada pelos limites objetivos da coisa (no juízo cível, quando não difícil solução). Ex: absolvição de lavagem sem comprovação do tráfico (crime antecedente). - Crime continuado: Supondo que determinado acusado tenha sido processado e condenado pela prática de 3 crimes sexuais em continuidade delitiva, é perfeitamente possível o oferecimento de nova denúncia em relação a um 4º crime sexual, ainda que cometido na mesma série de continuidade delitiva, porquanto tal delito isoladamente considerado, não foi objeto de imputação no 1º processo. Posteriormente, é possível que o juízo da execução reconheça a continuidade delitiva desses 4 crimes sexuais, com a consequente unificação das penas. - Concurso formal de delitos: 1 ação, 2 ou mais crimes Supondo que determinado acusado tenha praticado dois crimes em concurso formal (homicídio culposo e lesão culposa), caso seja denunciado por apenas um dos crimes, eventual absolvição em relação a esse delito não faz coisa julgada em relação ao outro que não lhe foi imputado, salvo se reconhecida categoricamente a inexistência da ação ou que o acusado não concorreu para a infração penal. Art. 386, I e IV do CPP - Crimes habituais e permanentes: Supondo que determinado acusado tenha sido processado e condenado pela prática de crimes permanentes , se restar demonstrado que, após a propositura da peça acusatória, continuou praticando o delito, esse novo fato delituoso poderá ser objeto de nova acusação, porquanto não protegido pelo limites objetivos da coisa julgada. Se acaso reconhecida a continuidade delitiva, poderá ser feita a unificação das penas pelo juízo da execução. STF HC 103.171 Limites subjetivos: São dados pela identidade do imputado, ou seja, não é possível a instauração de novo processo em face do mesmo acusado em relação à mesma imputação. OBS 1: a absolvição de um acusado de ser o autor de um homicídio não impede novo processo como partícipe desse mesmo homicídio, pois as imputações são distintas. OBS 2: a absolvição de um dos coautores de um homicídio não impede o processamento dos demais, que não estão protegidos pelos limites subjetivos da coisa julgada. OBS 3: Se houver duas condenações, ambas com trânsito em julgado, pelo mesmo fato delituoso e contra o mesmo acusado, deve prevalecer aquela decisão que transitou em julgado em primeiro lugar, pouco importando o quantum de pena cominado. STF HC 101131 Comunicação dos atos processuais - Notificação: Dá ciência das partes acerca de um ato futuro - Intimação: Dá ciência a parte de um ato já praticado - Citação: É o ato de comunicação processual por meio do qual se dá ciência ao acusado acerca da instauração de um processo penal contra a sua pessoa, chamando-o para se defender. Princípio do Contraditório (ciência acerca da instauração do processo) e Ampla Defesa (chamamento para que o acusado possa se defender). Consequência de eventuais vícios da Citação: Nulidade absoluta devido à violação de dois princípios constitucionais. Essa consequência é chamada de Circundução. Se o acusado, a despeito dos vícios da citação, tomar conhecimento do processo, essa nulidade estará sanada (convalidada). Finalidade da Citação no procedimento comum: Antes da Lei 11.719/08 e da Lei 11.689/08: a pessoa era citada para comparecer em juízo e ser interrogada (era o primeiro ato do processo). Depois da reforma processual de 2008: o interrogatório já não é mais o ato da instrução probatória. Agora, o acusado é citado para apresentar a resposta à acusação (Art. 396 do CPP). Finalidade da Citação nos procedimentos especiais em que o interrogatório ainda é o primeiro ato processual: No CPPM, na Lei de Drogas (tráfico) e o procedimento originário dos tribunais (Lei 8.038/90). Ver STF AP 528 Agr/DF (o interrogatório, deve ser feito ao final da instrução no procedimento originário dos tribunais). Efeitos da Citação válida: é completamente diferente do processo civil. Estabelece a angularidade da relação processual (Art. 363 do CPP). A prevenção (é um critério residual de fixação da competência)estará caracterizada com a prática de ato decisório, ainda que anterior ao oferecimento da peça acusatória (Art. 83 do CPP). No processo penal haverá litispendência a partir do recebimento de outra peça acusatória em face do mesmo acusado e da mesma imputação (causa de pedir). No processo penal a prescrição será interrompida com o recebimento da peça acusatória pelo juízo competente. Espécies de citação: Real ou pessoal: é aquela feita pessoalmente. Pode ser feita através de mandado, de precatória (acusado de outra comarca), carta de ordem (tribunal mandando o juiz citar), carta rogatória (acusado no estrangeiro) e mediante requisição. OBS: Aplica-se a Lei 11.419 no processo penal, exceto no caso de citação. Art. 6º da Lei. Ficta ou presumida: Trabalha-se com uma presunção de que o acusado tomou ciência do processo. São feitas através da citação por edital e por hora certa. - Modalidades de Citação Pessoal: Citação por mandado: funciona como regra. Quando se trata por pessoa jurídica (crimes ambientais) é feita na pessoa do representante legal ou na pessoa que tenha poderes para receber. No caso dos inimputáveis a citação é feita na pessoa do curador (citação imprópria). Requisitos: Extrínsecos: Art. 357 do CPP Intrínsecos: Art. 352 do CPP No processo penal a citação pode ser feita a qualquer hora e em qualquer lugar, respeitada inviolabilidade domiciliar. Citação por carta precatória: Deve ser feita quando o acusado residir em outra comarca, desde que este se encontre em local certo e sabido. Carta precatória itinerante: Caminha sozinha, segue a pessoa doa acusado, o próprio juízo deprecado enviar a carta para onde o acusado se encontra. Art. 355, 1º do CPP. Art. 355, §2º do CPP. Com a reforma processual de 2008, se o oficial de justiça verificar que o acusado está se ocultando para não ser citado, deverá proceder à citação por hora certa. Não há a necessidade de devolver a carta para o juízo deprecante. Citação do militar: Aplica-se apenas ao militar da ativa. Art. 358 do CPP e Art. 280 do CPPM Citação do funcionário público: Art. 359 do CPP. É citado por mandado de citação em sua residência. Caso haja necessidade de ausência do funcionário público, a data designada também deve ser comunicada ao chefe do órgão. Citação do preso: Art. 360 do CPP. É pessoalmente citado, e se na for encontrado será citado por edital no prazo de 15 dias. De acordo com a doutrina, se a pessoa está presa, deve ser citada pessoalmente, pouco importando a unidade da federação em que localizada a prisão. Na jurisprudência entende que se o acusado estiver preso em outra unidade federativa e o juiz não souber, continua sendo possível a citação por edital. Súm. 351 do STF e HC 162339. Essa posição da jurisprudência é muito criticada, pois deve haver uma comunicação entre os estados. Art. 289-A do CPP. Citação do acusado no estrangeiro: É feito por Carta Rogatória pouco importando a natureza do delito (inafiançável ou afiançável). O acusado no exterior deve estar em local certo e sabido. Suspensão da prescrição (Art. 368 do CPP). Atenção! O Art. 222-A não se aplica à citação do acusado no estrangeiro, mas apenas à intimação de testemunhas por carta rogatória. Não cabe citação por rogatória nos juizados. Citação em legações estrangeiras: Legação estrangeira são os consulados, embaixadas etc. Devemos ter atenção às imunidades diplomáticas. Também será feita mediante carta rogatória (Art. 369 do CPP). Aqui não se aplica a suspensão da prescrição por ocorrer uma analogia in malam partem. Citação feita por carta de ordem: É quando a solicitação é feita por órgão jurisdicional de hierarquia superior. Art. 9º, §1º da Lei 8.038 - Citação por edital: Art. 365 do CPP. Não é necessária a transcrição integral da denúncia (Súm. 366 do STF). Não cabe citação por edital nos juizados. Hipóteses que autorizam citação por edital: Quando o acusado estiver em local incerto e não sabido. Art. 361 do CPP. A citação por edital é uma medida de última racio, só podendo ocorrer depois de esgotadas as diligências no sentido de localização do acusado. Ver STF HC 88548. O prazo de 15 dias é chamado de “prazo de dilação”. Quando o acusado estiver em local inacessível. Aplicação subsidiária do art. 231, II do CPC. Acusado que se oculta para não ser citado: A Lei 11.719/08 que neste caso, o acusado deve ser citado por hora certa. Art. 362 do CPP. Aplicação do Art. 366 do CPP: Direito intertemporal: Antes da Lei 9.271/96: citado por edital, se o acusado não comparece, era decretada a revelia do acusado e o processo seguia normalmente com a nomeação de dativo. Depois da Lei 9.271/96: citado por edital, se o acusado não comparece, o juiz deveria determinar a suspensão do processo e da prescrição. OBS: A suspensão do processo é uma norma de natureza processual, aplica-se o Princípio da Aplicação Imediata (“Tempus Regit Actum”). Já a suspensão da prescrição consiste em uma norma de direito material, prejudicial, sendo considerada uma norma mista (O Art. 366). Só podendo ser aplicada após a vigência da Lei 9.271/96, pelo critério da irretroatividade. STF HC 83864 Audiência una de instrução e julgamento - Realização topográfica dessa audiência no procedimento comum: Oferecimento da denúncia/queixa: Juízo de admissibilidade: recebimento ou rejeição (Art. 395 do CPP). Se receber a peça acusatória: será determinada a citação do acusado. Essa citação pode ser por mandado, por edital ou por hora certa. O acusado é citado para apresentar a resposta à acusação (Art. 396-A do CPP). Sob pena de nulidade absoluta por violação do Princípio da Ampla Defesa. Manifestação da acusação diante da juntada de documentos novos Possível absolvição sumária (julgamento antecipado da lide – Art. 397 do CPP). Possível proposta de suspensão condicional do processo. Só deve ser apresentada se rejeitado o pedido de absolvição sumária. Para o STF, se a pena de multa estiver cominada de maneira alternativa será cabível a suspensão condicional do processo mesmo que a pena mínima seja superior a 1 ano (HC 83926, STF). Deve ser designada uma audiência prévia para possível aceitação da proposta. Se o acusado não for absolvido sumariamente, deve ser designada audiência uma de instrução e julgamento. Prazo para a designação da audiência: 60 dias (Art. 400 do CPP - procedimento ordinário). 30 dias (Art. 531 do CPP – procedimento sumário). Esses prazos são cabíveis tanto para o acusado preso quanto para o solto. O acusado preso tem prioridade. - Princípio da Oralidade: deve se dar preponderância à palavra falada sobre a escrita, sem que esta seja excluída. Até a reforma de 2008 era usado somente no júri e nos juizados. Passou a ser utilizado no procedimento comum e bifásico do júri, através das leis 11.719/08 e 11.689/08. Subprincípios da oralidade: Da Concentração: tentativa de redução do procedimento à uma única audiência. Do Imediatismo: o juiz deve proceder diretamente à colheita das provas, mantendo contato imediato com as partes. Não impede a realização de atos processuais por Carta precatória nem por vídeo conferência. Da Irrecorribilidade das decisões interlocutórias: apesar de irrecorríveis, podem ser impugnadas em preliminar de futura e eventual apelação, sem prejuízo da utilização do MS e do HC. Da Identidade física do juiz: foi introduzido no procedimento comum pela Lei 11.719/08 (no CPP, Art. 399, §2ª). O juiz que presidiu a instrução deve proferir a sentença. Não é aplicável no ECA (STF, HC 105198). Aplicam-se subsidiariamente as exceções ou ressalvas do Art. 132 do CPC. Continua sendo possível a expedição de cartas precatórias e a realização de atos processuais por vídeo conferência (STJ CC 99023). (Ver STF AP 470 QO 4/MG) Magistrado instrutor: São desembargadores dos TJ’s ou TRF’s ou juízes criminais convocados pelos ministros do STF e do STJ pelo prazo máximo de 2 anos para a realização do interrogatório e outros atos da instrução probatória. Nos feitos da competênciaoriginária dos tribunais. E também nas extradições. Lei 12.019/09 e Art. 3ª, III da Lei. 8.038/90 - Instrução probatória em audiência: Indeferimento de provas pelo magistrado: Pode indeferir, mas deve ser fundamentado. Devem ser indeferidas as seguintes provas: Ilícitas: É aquela que está em desconformidade com as normas de direito material ou constitucional. Provas irrelevantes: É aquela que apesar de se referir ao objeto da demanda, não possui aptidão de influenciar no julgamento da causa. Prova impertinente: É aquela que não diz respeito ao objeto da causa. Prova protelatória: é aquela que visa tão somente ao retardamento do processo. Declarações do ofendido: Art. 400 do CPP. O ofendido não é testemunha. O ofendido não responde por falso testemunho (Art. 342 do CP). É crime de mão própria que só pode ser praticado por testemunha, mas pode responder por denunciação caluniosa (Art. 339 do CP). É possível condução coercitiva da vítima para exame pericial, desde que não seja invasivo. Art. 201, §1º do CPP. A palavra da vítima possui valor probatório relativo, mesmo tendo sido praticado as escondidas. O acusado tem o direito de presença (autodefesa). Porém este direito não é absoluto. Art. 217 do CPP Oitiva das testemunhas: Substituição de testemunhas: aplica-se por analogia, o Art. 408 do CPC. A parte so pode substituir a testemunha: que falecer. que, por enfermidade nãoestiver em condições de depor. que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça. Desistência da oitiva de testemunhas: é possível, antes do inicial do depoimento da testemunha. E não há necessidade da concordância da parte contraria. No júri, uma vez instalada a sessão, a desistência depende da concordância da outra parte, dos jurados e do juiz. Contradita e Arguição de parcialidade: Art. 214 do CPP. Contradita: contraditar significa impugnar o depoimento de uma testemunha, com o objetivo de impedir que uma testemunha proibida de depor seja ouvida (Art. 207 do CPP). Arguição de parcialidade: na arguição de parcialidade, o objetivo da parte é apontar circunstâncias ou defeitos que tornem a testemunha suspeita de parcialidade. Nesse caso, a testemunha será ouvida normalmente, mas o fato de se tratar de testemunha tendenciosa será levado em consideração pelo magistrado por ocasião da valoração de seu depoimento. Método de colheita de depoimento das testemunhas: antes da reforma de 2008, o sistema utilizado era conhecido como Sistema Presidencialista (o juiz pergunta primeiro e as partes perguntam na sequencia, por intermédio do juiz). Com o advento da reforma, por conta da Lei 11.690/08 deu nova redação ao Art. 212 do CPP. Sistema do exame direto e cruzado: Art. 201, §1º do CPP. As perguntas são formuladas pelas partes diretamente à testemunha. Preserva a imparcialidade do juiz. Direto: Feita pela parte que arrolou a testemunha. Cruzado ou Cross Examinatio: É aquele feito pela parte contrária. Pode ser de duas espécies: As to facts: diz respeito aos fatos. As to credit: visa aferir a credibilidade da testemunha. OBS: Eventual inobservância do art. 212 tem prevalecido o entendimento de que se trata de mera nulidade relativa (deve ser arguida em momento oportuno). Ver. STF, HC 103525 *Pergunta de concurso: O Sistema Presidencialista ainda é utilizado? Testemunhas do juízo: Art. 209 do CPP. Plenário do Júri: Art. 473 do CPP. Inversão da ordem de oitiva das testemunhas: em regra, ouve-se as testemunhas da acusação e depois as da defesa. Art. 400 do CPP. Não é possível essa inversão da ordem, salvo quando: Quando houver expedição de precatória: Art. 222 do CPP. Quando houver concordância por parte da defesa OBS! Eventual inversão da ordem é causa de mera nulidade relativa. STF HC 75345 Fase de Diligências: Art. 402 do CPP. Se dá ao final da audiência, salvo no caso de expedição de carta precatória. Pelo menos em tese, só é possível o requerimento de diligências cuja necessidade tenha surgido ao longo da instrução probatória. O CPP faz menção expressa ao requerimento de diligências por parte do assistente da acusação. Ao juiz também é permitido determinar ex officio a realização de diligências (iniciativa probatória residual). Art. 404 do CPP. Recursos adequados: Deferimento: correição parcial (error in procedendo do juiz). Indeferimento: voltar a abordar o assunto em preliminar de futura e eventual apelação. Utilização subsidiária de MS e HC. - Alegações orais: consiste em ato postulatório das partes apresentado ao final da instrução probatória, cujo objetivo é influenciar o juiz no sentido da procedência ou improcedência do pedido condenatório, fornecendo-lhe subsídios para a sentença (não há replica nem tréplica). Com a Lei 11.719/08 elas passam a ser orais. Art. 401 do CPP. É a regra, porém pode ser substituída por Memoriais: Complexidade do caso ou em virtude do número de acusados. Quando houver o deferimento de diligências Quando o interrogatório for realizado por precatória. Quando há um acordo entre as partes. - Procedimento a ser adotado pelo juiz diante da não apresentação de alegações orais: Art. 403 do CPP. Promotor não apresentou memoriais: tentativa de desistência do processo. Porém é incompatível com o Princípio da Indisponibilidade da Ação Penal (Art. 42 do CPP). Então, aplica-se o Princípio da Devolução (Art. 28 do CPP), remetendo os autos ao PGJ. Assistente não apresenta memorial: não gera qualquer prejuízo. É considerada uma parte acessória, colateral. Querelante não apresenta memorial: Ação penal privada subsidiária da publica: O MP reassume como parte principal. Ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima: não haverá pedido de condenação dando ensejo à perempção (causa extintiva da punibilidade). Art. 60, III do CPP. Defesa não apresenta memoriais: o processo não pode seguir sem a apresentação da defesa, sob pena de nulidade absoluta. Ver Súm. 523 do STF. Diante da não apresentação de memoriais, por advogado constituído, o acusado deve ser intimado para constituir novo defensor, sob pena de nomeação da Defensoria Pública. Ver. Súm. 707 do STF. Aplica-se apenas nas hipóteses de advogado constituído. Ver. Art. 265 do CPP (multa de 10 a 100 salários mínimos). Ver ADI 4398, STF. - Sentença: Art. 800 do CPP. Aula específica - Diferenças entre o procedimento comum ordinário e o procedimento comum sumário: Art. 394, §1º do CPP (crimes sujeitos ao procedimento sumário). A audiência deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias. Ao contrário do que acontece no procedimento ordinário (60 dias). Número de testemunhas no procedimento ordinário é 8 testemunhas ao passo que no sumário este número é de 5 testemunhas. No procedimento sumário não há previsão expressa quanto à possibilidade de requerimento de diligências ao final da audiência. No procedimento sumário, não há previsão legal expressa quanto à possibilidade de substituição das alegações orais por memoriais. Tribunal do Júri - Princípios Constitucionais do Júri: Art. 5º, XXXVIII da CF. O Júri é órgão do Poder Judiciário. É um instrumento de participação da sociedade no Poder Judiciário. Plenitude de defesa: Art. 5º, XXXVIII, “a” da CF. É assegurada exclusivamente do júri. Diferença com a Ampla Defesa: Art. 5º, LV da CF. É assegurada a todos os acusados, inclusive no júri. Principal argumento que as diferencia: O acusado e seu defensor não precisam se restringir a uma atuação exclusivamente técnica, podendo se valer de argumentos de ordem social, emocional e de política criminal, já que o julgamento é feito por pessoas do povo, que não necessariamente têm formação jurídica. Outro argumento: Se, porventura, houver a apresentação de tese distinta pelo acusado, o juiz é obrigado a quesitar tal tese, em conjunto com aquela apresentada pela defesa técnica. Ver HC 85969, STF e HC 96605 Sigilo das votações: A ninguém é dado saber o sentido do voto do jurado. Sala especial (secreta): Art. 485 do CPP. É uma hipótesede publicidade restrita (Art. 5º, LX da CF e 93, IX da CF). Não têm acesso: o público e o acusado, salvo quando exercer sua própria defesa técnica. Incomunicabilidade dos jurados: Art. 466 do CPP. Os jurados serão advertidos nos termos do §2° do art. 436 do CPP, os jurados não devem se comunicar por celular. Existe inclusive, um quarto para cada jurado. Esta nulidade diz respeito exclusivamente ao processo. Eventual violação: ensejará nulidade absoluta. Esta nulidade diz respeito exclusivamente ao processo. Antes da Lei 11.689/08: eram contados os 07 votos.A votação unânime violava o sigilo do voto, pois se o juiz dizia que a votação tinha terminado 7x0, ambos tinham votado no mesmo sentido.Depois da Lei 11.689/08, houve uma mudança, pois agora a lei passou a prever que os votos devem ser contados até o momento em que se atingir a maioria necessária, ou seja, 04. Soberania dos veredictos: um tribunal formado por juízes togados não pode modificar, no mérito, a decisão dos jurados. Cabimento de apelação contra decisões do júri: Se a matéria desenvolvida ao conhecimento do TJ/TRF disser respeito ao mérito da imputação, só se admite que o acusado seja submetido a novo julgamento pelo júri, provocando mera desconstituição de julgamento anterior. Art. 593, III do CPP, hipóteses de cabimento: Se ocorrer nulidade posterior à denúncia Se a sentença do juiz presidente for contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados. Se houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança. Se a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos. Aqui, em último caso, proceder-se-á a novo julgamento. Art. 483, CPP: da ordem dos quesitos Materialidade do fato Autoria ou participação Se o acusado deve ser absolvido Se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa Se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecido na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. Art. 492, CPP: da sentença No caso de condenação, o juiz: Considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates. Se a matéria impugnada no recurso não disser respeito ao mérito, o juízo ad quem é livre para modificar a decisão (voltada contra o juiz-presidente). - Juízo Rescindente (cassa a decisão anterior) X Juízo Rescisório (prolata uma nova decisão em substituição à anterior). Cabimento de revisão criminal contra decisão do júri: É dominante o entendimento de que é cabível o ajuizamento de revisão criminal contra decisões do tribunal do júri. Neste caso, apesar de certa controvérsia, prevalece o entendimento de que o TJ pode fazer o juízo rescindente e o rescisório. - Competência do júri para os crimes dolosos contra vida: Ocorre a chamada “competência mínima”, ou seja, não pode ser suprimida nem mesmo por emenda constitucional, mas pode ser ampliada. Ex: crimes conexos. Infrações penais envolvendo mortes dolosas que não são julgadas pelo júri. Hipóteses: Latrocínio (Súm. 603 do STF) Atos infracionais Genocídio: não se trata de crime doloso contra a vida, mas crime contra a existência de grupo nacional, étnico, racial ou religioso, logo, da competência de um juiz singular. No entanto, se o genocídio for praticado mediante morte de membros do grupo, o agente deverá responder pelos crimes de homicídio com concurso formal impróprio com o delito de genocídio, neste caso, perante o tribunal do júri. Militar da ativa das forças armadas (ou da PM) que mata outro militar em serviço em lugar sujeito à administração militar. Ver. HC 91003, STF Foro por prerrogativa de função prevista da CF. Crime político que enseja na morte do Presidente da República, Presidente do Senado, da Câmara e do STF. Tiro de abate (tiro de destruição) será julgado pela Justiça Militar da União. OBS: A Súmula 721 do STF enuncia que a competência constitucional do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função quando estabelecido exclusivamente pela constituição estadual. Ex: deputado estadual que mata alguém será submetido a julgamento por juiz singular. Ver CC 105227 do STF. - Procedimento bifásico (escalonado) do júri: Iudicium Ascusationis: 1ª fase Iudicium Causae: 2º fase Iudicium Accusationis Iudicium Causae - apenas o juiz sumariante - Início: oferecimento da peça acusatória. A denúncia é a regra, já a queixa-crime somente nas ações penais privadas subsidiária da pública ou com conexão com crime de ação penal pública. - Término: Impronúncia, desclassificação, absolvição sumária ou pronúncia. - juiz presidente + 25 jurados (7 do conselho de sentença) - Início: preparação do processo para o julgamento pelo Plenário (preclusão da pronúncia) Art. 421 e 422 do CPP. - Término: sessão de julgamento, com sentença condenatória ou absolutória. - O Iudicium Accusationis assemelha-se com o procedimento comum ordinário, porém com as seguintes diferenças: Na 1º fase do procedimento do júri há previsão expressa no sentido da oitiva de acusação após a apresentação da resposta à acusação. Após a apresentação da resposta à acusação no procedimento comum, é possível a absolvição sumária do acusado. No procedimento do júri prevalece o entendimento de que a absolvição sumária só deve ocorrer ao final da audiência, e não no início do processo. Na 1º fase de júri não há previsão legal de requerimento de diligências, nem tampouco da substituição das alegações orais por memorial. No procedimento comum, as alegações orais (ou memoriais) devem ser obrigatoriamente apresentados pela defesa sob pena de nulidade absoluta. Na 1º fase do júri não haverá nulidade diante da apresentação de alegações orais genéricas por parte da defesa, ou mesmo na omissão em não apresentá-las, desde que evidenciado que se trata de uma estratégia da defesa em benefício do acusado. - Da Impronúncia: Cabimento: quando o juiz sumariamente não estiver convencido da existência do crime ou de indícios suficientes de autoria e de participação. Art. 414 do CPP. Natureza jurídica: a maioria da doutrina entende que é uma decisão interlocutória mista terminativa. Interlocutória pois não há apreciação do mérito, mista por que encerra a primeira fase do procedimento do júri e terminativa tendo em vista por fim ao processo. Recurso: Art. 416, contra sentença de impronúncia caberá apelação. Natureza da coisa julgada: coisa julgada formal, tendo em vista que o surgimento de provas novas (substancialmente inéditas e formalmente em nova versão) e poderá acarretar o oferecimento de outra denúncia. OBS: Difere da Absolvição Sumária, prevista no Art. 415 do CPP. Infração conexa: deve ser encaminhada ao juiz singular comum. Decisão de despronúncia: advém da pronúncia transformada em impronúncia por conta da interposição de um RESE, podendo ser feita tanto pelo juízo ad quem como pelo juiz sumariante. Recurso adequado: Apelação Podem interpor recurso: MP/querelante, assistente, acusado/defensor (teria interesse na reforma de impronúncia para possível absolvição sumária, o que levaria à coisa julgada material, e não mais formal). - Desclassificação: É quando o juiz entende que não se trata de crime doloso contra a vida. Art. 419 do CPC. Não se confunde com desqualificação, trata-se de exclusão de qualificadoras por ocasião da pronúncia (é de natureza excepcionalíssima). É perfeitamente possível a desclassificação para crime mais grave. STJ HC 178687 Nova classificação: o juiz sumariante não deve fixar a nova classificação, limitando-se a apontar a inexistência de crime doloso contra a vida. Para não haver um prejulgamento, e não é de sua competência. Procedimento a ser observado pelo juiz singular competente: depois da Lei 11.689/08 o Art. 419 do CPP nada diz acerca da oitiva da defesa. A despeito do silêncio do CPP, continua sendo obrigatória a oitiva da defesa (Princípio da Ampla Defesa). Infração conexa: essa infração também deve ser encaminhada ao juiz singular competente. Art. 81, §único. Deve o juizsingular aguardar o julgamento de eventual recurso interposto contra a desclassificação, pois, havendo a pronúncia do acusado (provimento ao recurso), ao júri também caberá o julgamento do crime conexo. Situação do acusado preso: a desclassificação não necessariamente acarreta a sua soltura (Art. 419, §único), ficará à disposição do juiz singular competente. Recurso adequado contra a decisão de desclassificação: RESE, Art. 581, II do CPP. Apresentação de razões e contrarrazões, volta para o próprio juízo sumariante, pois o recurso é dotado de efeito translativo, proferindo uma decisão de pronúncia, que também é cabível o RESE (interposto através de uma simples petição. Não havendo necessidade de razões pelo fato de que essas razoes já haviam sido apresentadas). Procede-se à remessa dos autos ao TJ, e não terá direito ao novo juízo de retratação. Art. 589 do CPP. Interesse recursal para impugnar a desclassificação: MP Assistente da acusação: 1ºC – contrária, sob o argumento de que não haveria previsão legal. 2ºC – favorável ao recurso do assistente da acusação, pois tem interesse na justa aplicação da lei. Acusado: se o acusado demonstrar que tem interesse na reforma de uma desclassificação para possível absolvição sumária, também poderá recorrer contra uma desclassificação. Conflito de competência suscitado pelo juiz singular competente. Seria julgado pela Câmara especial do TJ. 1ªC – Se houve a preclusão da decisão de desclassificação, ao juiz singular competente não é permitido suscitar um conflito negativo de competência, sob pena de indevido retrocesso do procedimento. 2ªC – se trata de incompetência absoluta, pouco importa a preclusão da decisão de desclassificação. De mais a mais, cabe a Câmara Especial do TJ dar a última palavra acerca da competência. Logo, é perfeitamente possível que seja suscitado um conflito negativo de competência. - Absolvição Sumária: Causas: Quando provada a inexistência do fato Provada a negativa de autoria ou de participação Quando o fato não constituir infração penal: atipicidade formal e material Quando o juiz verificar uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade - Inimputável do Art. 26, caput: no procedimento do júri, pode ser absolvido sumariamente, desde que a inimputabilidade seja sua única tese defensiva. É chamada de absolvição sumária imprópria e o juiz determinará a aplicação de medida de segurança imprópria. Crime conexo: não é afetado. Coisa julgada: faz coisa julgada formal e material. Recurso adequado: apelação. Art. 416 do CPP. O Art. 574, II do CPP foi revogado tacitamente. Interesse recursal para impugnar a absolvição sumária: Acusação (MP/querelante) Assistente da acusação Acusado/defensor: Há interesse recursal se demonstrar que a mudança do fundamento da absolvição sumária pode ser mais benéfico sob o ponto de vista dos efeitos civis. - Pronúncia: Funciona como um juízo de admissibilidade da imputação de crime doloso contra a vida. Pressupostos: Art. 413 do CPP. O juiz precisa de prova da existência do crime (convencido da materialidade – o juiz deve ter certeza). Presença de indícios suficientes de autoria ou de participação (prova semiplena – prova de menor valor persuasivo). Regra probatória: In Dúbio Pro Societat. Para o STJ e STF, quanto à materialidade é necessário um juízo de certeza. Logo, na dúvida, o acusado deve ser impronunciado. Natureza Jurídica: É uma decisão interlocutória mista (encerra uma fase do procedimento) não terminativa (não põe fim ao processo). Fundamentação: Deve ser fundamentada, sob pena de nulidade absoluta. Deve o juiz utilizar termos sóbrios e comedidos, para que não haja uma eloquência acusatória. (excesso de fundamentação). Pode influenciar indevidamente os jurados. Art. 413, §2º do CPP. - STF HC 96.123 (Rel. Min. Marco Aurélio): diante da Lei 11.689/08 a eloquência acusatória deixou de ser causa de nulidade da pronúncia, pois não se admite a leitura de pronúncia como argumento de autoridade. Conteúdo da pronúncia: Indicar o dispositivo legal. Ex. art. 121, caput, CP Indicar tipo penal por extensão: art. 14, II, CP (tentativa); art. 29, CP (concurso de agentes); art. 13,§ 2º, CP (omissão penalmente relevante) Indicar qualificadoras e causas de aumento de pena. Ex. art. 121, § 6º, CP – Lei 12.720/12. Não deve constar da pronúncia: Causa de diminuição de pena Agravantes e atenuantes Concurso de crimes - Infrações conexas: Diante da pronúncia, deverão também ser julgadas pelo Tribunal do Júri. Constatação do envolvimento de outras pessoas: Retorno dos autos ao MP. Art. 417, CPP: Aditar a denúncia ou oferecer nova denúncia, com a separação dos processos (Art. 80 do CPP). - Efeitos da Pronúncia: Julgamento perante o Tribunal do Júri Limitação da acusação em plenário: Aqui, aplica-se o Princípio da Correlação entre a pronúncia e a quesitação. Art. 482 do CPP Preclusão das nulidades relativas não arguidas até a pronúncia: Art. 593 do CPP Interrupção da prescrição: Súm. 191 do STJ. “A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda q8e o tribunal do júri venha a desclassificar o crime”. Preclusão da pronúncia e sua modificabilidade: operando-se a preclusão, esta não mais poderá ser modificada, salvo diante de circunstância fática superveniente que altere a classificação do crime. Ex: Pronúncia (Art. 121, caput c/c Art. 14, II do CP – homicídio tentado). Ocorrendo a morte superveniente à pronúncia (juntada da certidão de óbito + exame pericial), o MP promoverá o aditamento, aplicando o Art. 121, caput (consumado), será aberto prazo para a defesa, ocorrerá nova instrução e consequentemente uma nova pronúncia (homicídio consumado). Decretação da prisão: Antes da Lei 11.689/08 era automática, depois da vigência da Lei passou a não ser mais. Art. 413 do CPP. Se o acusado estava preso preventivamente por ocasião da pronúncia, deve permanecer preso, salvo se desaparecerem os motivos que deram ensejo a decretação da prisão cautelar. Nesse caso, a manutenção da prisão deve ser fundamentada na pronúncia, podendo o juiz se valer dos mesmos argumentos inicialmente utilizados para a decretação do cárcere ad custodiam. Se o acusado estava em liberdade por ocasião da pronúncia, isso significa dizer que o juiz não visualizou nenhuma hipótese que autorizasse sua prisão preventiva. Logo, o acusado deve permanecer em liberdade, cumulada se for o caso com as medidas cautelares diversas da prisão, salvo se surgir alguma hipótese que autoriza sua prisão preventiva. - Intimação do acusado acerca da pronúncia: A regra é a intimação pessoal. Se o acusado não for encontrado e se encontrar em liberdade, será intimado por edital, se o crime for afiançável. Art. 420 do CPP e 361 do CPP. Estando o acusado preso, a intimação não poderá ser por edital, devendo ocorrer a intimação pessoal. Ver STJ HC 177.566 - Desaforamento:É o deslocamento da competência territorial para que o julgamento seja realizado em outra comarca. Segundo o CPP o desaforamento é exclusivo do tribunal do júri. Art. 427 do CPP. Já no CPPM o desaforamento pode ocorrer em qualquer crime. Art. 109 do CPPM. - Distinção entre Desaforamento e Incidente do Deslocamento de Competência: Este último trata-se de um deslocamento da competência da justiça, quando um crime é praticado com graves violações aos direitos humanos, ou constatada a inércia dos tribunais estaduais, oportunidade em que a competência será deslocada para a Justiça Federal. O desaforamento, por sua vez, se resume ao deslocamento da competência meramente territorial. Desaforamento de decisão de caráter jurisdicional: Legitimidade para o requerimento: MP/querelante/acusado Assistente de acusação Mediante representação do juiz, salvo nas hipóteses de excesso de prazo. Momento para o desaforamento: Deve ocorrer após a pronúncia. Art. 427 do CPP. Após a realização do julgamento poderá ocorrer somente se declarada a nulidade do julgamento e o fato tenha ocorrido durante ou após a realização do julgamento.Hipóteses: Interesse de ordem pública: ocorre nos casos de crimes que provocam uma convulsão social ou risco à incolumidade dos jurados. STJ HC 85.707/BA Dúvida sobre a imparcialidade do júri. STJ HC 90.801 Falta de segurança pessoal dos acusados Excesso de prazo: não realização do julgamento dentro de prazo de 6 meses, após a preclusão da pronúncia, desde que o excesso não tenha sido causado pela defesa. - Caso não haja excesso de serviço, o Art. 428, §2º autoriza a aceleração do julgamento. Oitiva da defesa: Súm. 712 do STF. É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do júri sem audiência da defesa. Crimes conexos e coautores: Não haverá a separação dos processos, também serão desaforados. O desaforamento não atinge apenas um crime e não apenas uma pessoa. Todos os crimes e todos os coautores são também desaforados. Não há o desmembramento do processo. Comarca para qual o processo será desaforado: O julgamento deve ser desaforado para uma comarca próxima, onde não existam os mesmo motivos. No âmbito da Justiça Federal é possível o desaforamento para outro estado da federação desde que dentro da competência territorial do TRF (região). Efeito suspensivo: Essa questão passou a ser prevista pela Lei 11.689/08 que, expressamente passou a tratar da questão, por meio do Art. 427, §2º do CPP. Recursos cabíveis: Não há previsão legal de recurso contra a decisão que acolhe ou rejeita o desaforamento. Seria possível um HC, desde que houvesse um constrangimento à liberdade de locomoção. Indeferido o desaforamento, como esta decisão é baseada na cláusula Rebus Sic Stantibus, é possível novo pedido. Art. 110 do CPPM. Reaforamento: nada mais é do que o retorno do julgamento à comarca de origem de onde havia sido desaforado. Apesar de não ser possível o reaforamento, nada impede um novo desaforamento. - Preparação do processo para julgamento no Plenário: Art. 421 e 422 do CPP. Marca o início da 2º fase do procedimento do júri. Preclusão da pronúncia Intimação das partes para especificação das provas no prazo de 5 dias Rol de testemunhas: 5 Assistente de acusação: O assistente também pode arrolar testemunha, desde que não exceda o limite máximo de 5 testemunhas para a acusação. É possível o requerimento de expedição de precatória para a intimação das testemunhas. É, do mesmo modo, possível que a testemunha seja ouvida por carta precatória. Porém, se a testemunha quiser, poderá se deslocar para ser ouvida em julgamento. Ordenamento do processo: o próximo passo do procedimento as 2º fase do Júri é o este. É a fase em que o juiz profere seu despacho saneador, no qual poderá: Ordenar diligências para sanar quaisquer nulidades Elaborar relatório do processo, tendo como destinatário os jurados. Art. 472 do CPP. Inclusão do processo na pauta de julgamento da reunião do Júri, designando a data da sessão de julgamento. É a época do ano em que o tribunal se reúne para a realização da sessão de julgamento. Ordem de julgamentos: Art. 429 do CPP. Salvo motivo relevante, a ordem poderá ser alterada. Acusados presos Dentre os presos aqueles que estiverem a mais tempo na prisão Em igual condição aqueles precedentemente pronunciados Habilitação do assistente de acusação: Se quiser atuar no plenário, o assistente terá que habilitar previamente, com antecedência mínima de 5 dias. Art. 430 do CPP - Sessão de Julgamento: Verificação da presença de pelo menos 15 jurados. Art. 463 do CPP Composição: Juiz presidente 25 jurados, 7 que comporão o Conselho de Sentença. Atenção! Jurados excluídos por impedimento ou suspeição são computados. - Empréstimo de jurados: É a chamada de jurados convocados para atuar em outros plenários do Júri. Para a doutrina majoritária não é possível, pois inviabiliza a utilização das recusas. STF HC 88.801 (entendeu que se trata de nulidade absoluta) Recusas: Número máximo de recusas é de 3 Recusa motivada: Baseada numa causa de impedimento ou suspeição. Podem ser utilizadas quantas as vezes forem necessárias. Art. 448 e 449 do CPP Recusa imotivada (peremptória): Não há a necessidade de se declinar o motivo da recusa. Ex: crimes passionais. Havendo mais de um acusador (MP e assistente), as recusas deverão ser feitas pelo promotor. Havendo um único acusado com pluralidade de defensores, estes terão direito de recusar até 3 jurados. Havendo mais de um acusado, cujas defesas técnicas sejam patrocinadas por um mesmo advogado, o que pode ocorrer apenas se não houver colidência de teses defensivas. Também no máximo de 3 recusas. Havendo mais de um acusado com advogados distintos, se houver acordo entre eles, serão no máximo 3 recusas. Caso não haja acordo entre eles, cada um terá direito a 3 recusas. Se determinado jurado por recusado por uma das partes, será automaticamente excluído. Estouro e urna: ocorre quando não é possível a formação do Conselho de Sentença com 7 jurados, seja em virtude do não comparecimento de alguns dos 25 jurados, seja por conta das recusas motivadas e imotivadas. Neste caso, o julgamento deverá ser adiado, convocando-se jurados suplentes. Art. 468 do CPP Jurados Advogado “A” Advogado “B” MP 1 Aceito Recusado - 2 Aceito Aceito Recusado 3 Recusado - - Debates: Art. 477 do CPP Réplica/Tréplica: É a manifestação da acusação após a sustentação oral da defesa. Não é obrigatória. Inovação da tese defensiva na tréplica: 1ªC – a defesa não pode inovar na tréplica; 2ºC – a defesa pode inovar, sem a necessidade de manifestação da acusação; 3ºC – A defesa pode inovar, mas a acusação deve ter a oportunidade de se manifestar quanto a nova tese. Exibição e Leitura de documentos em plenário: A regra do CPP quanto a juntada de documentos estabelece que pode ser feita a qualquer momento. Art. 231 do CPP. Exceção: Art. 47 do CPP. Apresentação em 3 dias úteis de antecedência do julgamento. Diz respeito a documentos a objetos que guardem relação com a matéria do fato. Causa nulidade absoluta. Art. 479 do CPP. STF HC 102.442 (a restrição do Art. 479 é bilateral). Argumentos de autoridade: O Art. 478 do CPP veda. O rol deste artigo é de natureza exemplificativa. - Quesitação: São perguntas formuladas aos jurados para que se pronunciem quanto ao mérito da acusação. São feitos através de proposições simples e afirmativas. Sistema de quesitação adotado: O sistema adotado pelo CPP é o Sistema Francês (são formulados vários quesitos) + Sistema Anglo-Americano (é feita uma única indagação). Art. 483, §único do CPP. Fontes dos quesitos: Art. 482, §único do CPP. Pronúncia Interrogatório Alegações das partes Leitura dos quesitos: Eventual impugnação aos quesitos deve ser feita neste momento, sob pena de preclusão. STF HC 87.358 Ordem dos quesitos: Materialidade: Ex – homicídio consumado deve ser desdobrado em 2 quesitos (ofensa à integridade corporal – nexo causal/autoria e participação). “Tício foi autor dos disparos?”. Ex – homicídio tentado ou desclassificação para outro crime da competência do júri. “Tício de u início a execução de um homicídio que não se consumou em virtude da intervenção dos policiais?”. Ofensa à integridade corporal – nexo causal Autoria/participação Quesito genérico acerca da absolvição: “O jurado absolve o acusado?”. Este quesito é obrigatório, pouco importando se a tese de defesa já havia sido rechaçada pelos jurados ao votar afirmativamente os dois quesitos anteriores. STF HC 137.710. Se ausente, gera nulidade absoluta. Súm. 156 do STF Causas de diminuição: Súm. 163 do STF. Se os jurados reconhecerem o privilégio do Art. 121, §1º do CP, estarão prejudicados os quesitos referentes às qualificadoras de natureza subjetiva. Qualificadoras ou causas de aumento de pena: Devem ter constado pra pronúncia Este quesito deve ser individualizado - Questões polêmicas: Absolvição imprópria Inimputável do Art. 26, caput do CP. Medida de Segurança Só é levado a júri quando há outra tese defensiva. Na hipótese de cumulaçãoda tese da inimputabilidade com outra tese defensiva, o quesito genérico absolutório deve ser desdobrado nos seguintes termos: O jurado absolve o acusado? OBS: aos jurados deve ser explicado que este primeiro quesito fica reservado apenas para as teses defensivas diversas da inimputabilidade. O acusado era, ao tempo da ação, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento em virtude de doença mental? Falso testemunho em plenário: Deve ser incluído um quesito específico acerca do assunto. Este quesito só pode ser incluído mediante pedido das partes. Art. 211, §único do CPP Agravantes e atenuantes: Súm. 156 do STF Antes da Lei 11.689/08: agravantes e atenuantes eram quesitadas aos jurados. Depois da Lei 11.689/08: agravantes e atenuantes não são mais quesitadas aos jurados. Art. 61 do CPP. Se determinado circunstância agravante também estiver definida como qualificadora do crime de homicídio, deve ser incluída como tal na quesitação. Portanto, o juiz presidente só pode reconhecer agravantes não elencadas como qualificadoras do crime de homicídio (STF HC 90.265). Homicídio praticado por grupo de extermínio: Grupo de extermínio à época da Lei 8.930/94 Lei 12.720/12 deu nova redação ao Art. 121, §6º do CP - O fato de o homicídio ser praticado por grupo de extermínio não fora inserido como elementar ou circunstância do Art. 121, mas sim como mero pressuposto da hediondez. - Não havia necessidade de quesitação aos jurados, a matéria era da competência do juiz presidente. - O fato de o homicídio ser praticado por grupo de extermínio passa a funcionar como causa de aumento de pena (1/3 até ½). - Hoje, a competência para o reconhecimento da majorante passa a ser dos jurados. - Desclassificação pelos jurados: Espécies: Desclassificação própria: ocorre a desclassificação pelos jurados, que, no entanto, não dizem qual teria sido o crime praticado. Neste caso, o juiz presidente assume total capacidade decisória, podendo, inclusive absolver o acusado se pertinente. Desclassificação imprópria: nesse caso os jurados desclassificam a imputação, mas dizem qual teria sido o crime praticado. Ex: homicídio doloso para o culposo. A doutrina entende que nesses casos o juiz presidente fica vinculado à decisão dos jurados. Desclassificação e infração de menor potencial ofensivo: O próprio juiz presidente aplicará a lei dos juizados. Necessidade de representação: O prazo decadencial de 6 meses deve ser contado a partir da desclassificação. Desclassificação pelos jurados e crimes conexos: Operando-se a desclassificação quanto ao crime doloso contra a vida, caberá ao juiz presidente não apenas o julgamento da imputação desclassificada, como também dos crimes conexos. Art. 492, §2º do CPP. Porém, se os jurados votarem pela absolvição quanto ao crime doloso contra a vida, implicitamente terão reconhecido sua competência, razão pela qual aos jurados continuará cabendo o julgamento dos crimes conexos. Ex: tentativa de homicídio + estupro Princípio da Correlação entre acusação e sentença - Conceito: A sentença deve guardar plena consonância com o fato delituoso descrito na peça acusatória, não podendo dele se afastar, sob pena de violação aos princípios do contraditório, a ampla defesa e ao próprio sistema acusatório. - Emendatio Libelli: Ocorre quando o juiz, sem modificar a imputação constante da peça acusatória, a ela atribui classificação diversa, mesmo se tiver que aplicar pena mais grave. Significa “Corrigindo a acusação”. Art. 418 (restrito ao Tribunal do Júri). Ex: imputação (furto qualificado pela fraude) e classificação (Art. 171 do CP). O juiz corrigirá o erro, enquadrando o agente no Art. 155, §4º, II do CP. O acusado já teve a oportunidade de se defender na denúncia, mesmo que a correção seja para um crime mais gravoso, além do mais, o acusado defende-se dos fatos e não do direito. Momento: A doutrina majoritária estabelece que a Emendatio Libelli pode ser feita apenas por ocasião da sentença. Ver HC 87.324 do STF. Art. 383 do CPP Oitiva das partes: Não há necessidade de prévia manifestação das partes. Emendatio Libelli nas várias espécies de ação penal: É cabível independentemente da espécie de ação penal. Pode ser feita na 2º instância? A Emendatio Libelli pode ser feita na 2º instância, desde que respeitado o Princípio da Non Reformatio in Pejus (Art. 617 do CPP). STJ HC 147.047 - Mutatio Libelli: Art. 384 do CPP. Durante o curso da instrução probatória, surge prova de elementar ou circunstância não contida na peça acusatória. Nesse caso, como há uma alteração da base fática de imputação, é evidente que há necessidade de aditamento da peça acusatória, com posterior oitiva da defesa e renovação da instrução processual, sob pena de se permitir que o acusado seja condenado por fato diverso daquele constante da peça acusatória, o que violaria o Princípio da Correlação entre a acusação e a sentença. Significa “Mudança de Acusação”. Ex: imputação constante da peça acusatória (furto simples), classificação (Art. 155 do CP). Já na instrução probatória fica provada a ocorrência de violência (elementar não descrita na peça acusatória). Elementares X Circunstância: Elementares: São dados essenciais da figura típica, cuja ausência pode produzir uma atipicidade absoluta ou relativa (desclassificação). Enfim, é tudo aquilo que interfere no tipo penal básico. Circunstâncias: São dados periféricos que gravitam ao redor da figura típica. Podem aumentar ou diminuir a pena, mas não interferem no tipo penal básico. Enfim, é tudo aquilo que interfere no preceito secundário (pena). Quando se tratar de agravantes não há necessidade de aditamento da peça acusatória (Art. 385 do CPP). Ver STF HC 93211/08 Fato novo X Fato diverso: Fato novo: Quando os elementos de seu núcleo essencial constituem acontecimento criminoso completamente diferente daquele resultante dos elementos do núcleo essencial da imputação. Enfim, o fato novo não se soma àquele inicialmente imputado, mas o substitui por completo. Nesse caso, não há necessidade de aplicação do procedimento da Mutatio Libelli. Na verdade, deve ser oferecida uma nova denúncia, sem prejuízo da reunião dos processos em virtude de eventual conexão probatória. Fato diverso: Ocorre quando os elementos de seu núcleo essencial correspondem parcialmente àqueles inicialmente imputados ao acusado, porém, como um acréscimo de alguma elementar ou circunstância capaz de modificá-lo. É para o fato diverso que se reserva a Mutatio Libelli. Art. 384 do CPP. Necessidade de aditamento: Antes da Lei 11.719/08 (Se da alteração resultasse pena superior, era necessário o aditamento – Art. 384, §único – Se da alteração resultasse pena inferior ou igual, não havia necessidade de aditamento – Art. 384, caput). Depois da Lei (sempre será necessário o aditamento, independentemente da pena cominada). Aditamento espontâneo ou provocado: É feito independentemente de qualquer provocação por parte do juiz (espontâneo). Resultado do exercício da função anômala de fiscalização do Princípio da Obrigatoriedade na qual o juiz provoca o MP a fazer o aditamento (provocado). Antes da Lei 11.719/08: Tinha-se apenas o aditamento provocado. Art. 384, §único do CPP. “O juiz deverá baixar o processo” Depois da Lei 11.719/08: o legislador passou a prever o aditamento espontâneo. Art. 384, caput do CPP. O Art. 384, §1º do CPP prevê uma espécie de aditamento provocado, ou seja, persistem os dois tipos. Se não houver o aditamento espontâneo, aplica-se o Art. 28 do CPP. STF HC 109.098 Remetidos os autos ao PGJ, são duas as possibilidades: Se o PGJ (ou promotor por ele designado) oferecer o aditamento, o processo retomará seu curso normal. Caso não seja oferecido o aditamento, outra opção não terá o juiz senão julgar o acusado com base na imputação originária que teria constado da denúncia, absolvendo ou condenando-o. Procedimento:Denúncia Instrução processual Aditamento - Imputação: furto - Classificação: Art. 155, caput. - Prova do emprego de violência (elementar do crime de roubo não contida na peça acusatória). - Em regra: aditamento espontâneo (promotor 1º instância). Pode ser feito oralmente ou por escrito no prazo de 5 dias. - Art. 384, §1º do CPP: diante da inércia do promotor, aplica-se o Art. 28 do CPP. Oitiva da Defesa Juízo de admissibilidade do aditamento Nova instrução probatória - Se dá antes do juízo de admissibilidade do aditamento. - Prazo de 5 dias. - Funciona como um misto de defesa preliminar e resposta à acusação - Determinar o recebimento do aditamento Ou - Rejeitar o aditamento por força do Art. 395 do CPP. Se essa rejeição ocorrer através de: Decisão interlocutória: RESE (Art. 581, I do CPP), interpretação analógica. Sentença condenatória/absolutória: Apelação (ainda que a parte pretenda impugnar apenas a rejeição do aditamento – Art. 593, §4º do CPP). - Art. 384, §§2º e 4º do CPP. - Ainda que as partes não tenham arrolado testemunhas, será obrigatória a realização de novo interrogatório. - Alegações orais serão apresentadas em seguida. Sentença - Antes da Lei o juiz poderia julgar pela imputação originária e pela superveniente (imputação alternativa superveniente). - Agora, o CC em seu Art. 384, §4º prevê que havendo o aditamento, o juiz fica adstrito aos termos do aditamento. OBS! O fato imputado passa a ser exclusivamente o fato superveniente, que substitui o fato originário, salvo nas seguintes hipóteses: Atenção para duas situações nas quais o acusado ainda pode ser sentenciado pela imputação originária. No caso de imputação por um crime simples, com posterior aditamento para inclusão de elemento especializante, permitindo o surgimento de outro delito. Se o juiz entender que não ficou provado o elemento especializante, ainda poderá condenar o acusado pela imputação originária. No caso de crime complexo: se a imputação originária disser respeito a um crime simples, com posterior aditamento para se somar a tal imputação outro delito, de modo a ser forma um crime complexo, é possível que o juiz condene o acusado tão somente pela imputação originária. Mutatio nas diferentes ações penais: de acordo com o Art. 384, caput do CPP a legitimidade para o aditamento é apenas do MP (denúncia ou queixa – apenas nos casos de ação penal privada subsidiária da pública). Mutatio na 2º instância: Súm. 453 do STF. Não pode ser feita na 2º instância. Tem como fundamento legal o Art. 617 do CPP. Não pode ser feita por que violaria o duplo grau de jurisdição, pois envolve uma nova imputação. OBS! Apesar se não se admitir mutatio libelli na 2º instância, se o procedimento previsto no Art. 384 não for observado pelo juiz de 1º grau, tal decisão será absolutamente nula, sobretudo se o acusado for condenado por fato diverso daquele constante da peça acusatória. Nesse caso, é perfeitamente possível que, no julgamento de recurso da acusação ou defesa, seja reconhecido o error in procedendo com a consequente anulação da decisão impugnada, com o retorno dos autos à 1º instância para que seja observado o Art. Nulidades - Tipicidade penal e processual penal: Tipicidade penal Tipicidade processual penal - É a subsunção da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto pela lei penal. - Sanção prevista para a prática de uma infração penal: pena - Os atos processuais devem ser praticados em consonância com a CF e a legislação processual. Está ligada à segurança jurídica - Sanção aplicada ao ato processual defeituoso: nulidade. Espécies de irregularidades: Irregularidades sem consequências: Art. 169, §1ª do CPP. Irregularidades que acarretam tão somente consequências extraprocessuais: Art. 265 do CPP. Irregularidade que pode acarretar a invalidação do ato processual: atenta contra o interesse público e das partes. Pode gerar nulidade absoluta ou relativa. Ex: sentença desprovida de fundamentação. Irregularidade que acarreta inexistência jurídica: Violação muito grave. Deve ser tratado como não ato. Ex: Não juiz proferindo uma sentença. Espécies de atos processuais: Atos perfeitos: É aquele praticado em fiel observância ao modelo típico. É válido e eficaz. Atos meramente irregulares: É dotado de irregularidade sem consequência ou de irregularidade com sanções extraprocessuais. É válido e eficaz. Ex: Súm. 366 do STF Ato nulo: diante da gravidade da irregularidade é passível de anulação, porém enquanto não reconhecida a irregularidade, continua válido e eficaz. Ato inexistente: Não se discute a invalidação, por que a inexistência representa um defeito que antecede qualquer análise sobre a validade do ato processual. Jamais será sujeito à convalidação. Conceito de nulidade: É a sanção processual de ineficácia de ato defeituoso. Continuação de Nulidades - Nulidade Absoluta e Relativa: No processo penal não se trata de anulabilidade Nulidade Absoluta Nulidade Relativa - Prejuízo: Será presumido (posição majoritária) por se tratar de violação de preceito constitucional. Essa presunção de prejuízo seria uma presunção relativa. Ver STJ HC 227.263 Atenção! Julgados recentes do STF: o prejuízo deve ser comprovado mesmo nas hipóteses de nulidade absoluta. STF RHC 110.623 - Momento da arguição: pode ser arguida a qualquer momento, pelo menos até o trânsito em julgado da sentença. Não é convalidada (saneada) pelo decurso do tempo. Em se tratando de sentença condenatória ou absolutória imprópria, uma nulidade absoluta pode ser arguida mesmo após o trânsito em julgado por meio de HC ou Revisão Criminal. Art. 621 e 626 do CPP. - Prejuízo: Deve ser comprovado. Art. 225 e 226 do CPP. STJ HC 127.000 (mera nulidade relativa). - momento: dede ser arguida oportunamente, sob pena de preclusão. Art. 571 do CPP (1ª oportunidade que a parte tem para se manifestar no processo). No prazo a que se refere a nova redação do Art. 403 do CPP. Hipóteses de nulidade absoluta: Violação de normas constitucionais ou convencionais. Art. 564, I, II do CPP: rol exemplificativo de nulidades (Ver Art. 572 do CPP). Hipóteses de nulidade relativa: Violação de norma protetiva de interesse das partes. STF Súm. 273 e STF Súm. 155. Ex: interesse probatório Nulidades do Art. 564, ressalvadas no Art. 572 do CPP. - Princípios: Princípio do Prejuízo: Pas de Nulite Sans Grief. Não haverá nulidade sem prejuízo (Art. 563 do CPP). Ex: inversão da ordem de oitiva das testemunhas. Princípio da Instrumentalidade das Formas: mesmo a forma não tendo sido observada, se o ato processual atingiu sua finalidade, não há por que invalidar o ato processual. Art. 570 do CPP. Princípio da Eficácia dos Atos Processuais: No âmbito processual, os atos nulos continuam a produzir os seus efeitos regulares enquanto não houver uma decisão judicial expressamente declarando a invalidação do ato, privando de sua eficácia para produzir efeitos no mundo jurídico. Princípio da Restrição Processual à Decretação da Ineficácia: A invalidação de um ato processual somente pode ocorrer se houver instrumento processual adequado e se o momento ainda for oportuno. Depois do trânsito em julgado, somente se for sentença condenatória imprópria ou absolutória caberá Revisão Criminal ou HC. Princípio da Causalidade: A nulidade de um ato provoca a invalidação dos atos que lhe forem consequência ou decorrência. Art. 573, §1º do CPP. Ex: Uma citação nula contaminará todos os atos processuais subsequentes, tendo-se uma nulidade originária e por conta de nexo causal, os demais terão uma nulidade derivada. STJ HC 50.875 e HC 28.830 Princípio da Conservação dos atos processuais: Também chamado de Confinamento da Nulidade. Art. 248, 2º parte do CPC. Princípio do Interesse: Nenhuma parte pode arguir nulidade referente à inobservância de formalidade que interesse apenas à parte contrária. Ex:ausência do promotor de justiça no interrogatório judicial. Este princípio não se aplica às nulidades absolutas, pois quando estamos diante de uma nulidade absoluta, em regra, essa violação atinge o interesse público. Este princípio não se aplica ao MP. Princípio da Boa-Fé: Art. 565 do CPP. Não se aplica às nulidades absolutas, pois tutelam norma protetiva de interesse público. Ex: questionamento das testemunhas (Art. 212 do CPP). STJ HC 212.618 - Reconhecimento das Nulidades: Na 1º instância: se houver arguição pelas partes, o juiz poderá reconhecer de ofício pelo juiz (absoluta ou relativa). Art. 251 do CPP. Art. 423, I do CPP. Na 2º instância: no julgamento de um recurso o juízo ad quem fica restrito ao objeto da impugnação (efeito devolutivo). STF Súm. 160 Nos casos de recurso de ofício, o tribunal é livre para reconhecer qualquer nulidade, seja ela favorável ou prejudicial à defesa. No julgamento de um recurso interposto pela acusação, o tribunal é livre para reconhecer qualquer nulidade em prejuízo do acusado, desde que o conhecimento desse vício tenha sido expressamente devolvido à apreciação do juízo ad quem. No julgamento de um recurso interposto pela acusação ou pela defesa, o tribunal é livre para reconhecer qualquer nulidade em benefício do acusado, ainda que a matéria não tenha sido devolvida ao conhecimento do juízo ad quem, haja vista o Princípio da Reformatio in melius. Art. 617 do CPP (Non reformatio in pejus). Recursos - Conceito: É o instrumento processual voluntário de impugnação de decisões judiciais previsto em lei federal utilizado antes da preclusão e na mesma relação jurídica processual, objetivando a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da decisão impugnada. - Princípios: Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Consiste na possibilidade de reexame integral da matéria de fato e de direito da decisão do juízo a quo, a ser confiado a órgão jurisdicional diverso e em regra, de hierarquia superior. Ademais, à exceção das hipóteses de competência originária dos tribunais, o processo deve ser examinado uma vez no 1ª grau de jurisdição e reexaminado novamente em sede recursal pelo tribunal. Em síntese, não se pode permitir que o tribunal faça o exame de determinada matéria pela primeira vez, sob pena de supressão do 1ª grau de jurisdição, o que também seria causa de violação ao duplo grau de jurisdição. Ex: apelação, ROC (Art. 102, II, “a” da CF). Ver Súm. 453 do STF Previsão implícita na CF. Previsão expressa na Convenção Americana de Direito Humanos: Art. 8º, §2º, “h” Medidas Assecuratórias - Noções introdutórias: São medidas cautelares de natureza patrimonial que visam assegurar a reparação do dano e o perdimento de bens como efeito da sentença condenatória transitado em julgado. Art. 91 do CPC. O combate à certos crimes passa pela recuperação dos ativos: O confisco dos bens provoca a asfixia econômica de certos crimes; A capacidade de controle das organizações criminosas do interior dos presídios; A rápida substituição dos administradores das organizações criminosas - Teoria Geral: Jurisdicionariedade: Essas medidas só poderão ser aplicadas pelo Poder Judiciário. Está sujeita à Cláusula de Reserva de Jurisdição. Pressupostos: Periculum in mora. Art. 126 do CPP Contraditório: o contraditório é postergado/diferido. Art. 182, §3ª (contraditório prévio como regra, nas medidas cautelares de natureza pessoal). - Medidas Assecuratórias em espécie: Sequestro: Trata-se de medida cautelar de natureza patrimonial fundada no interesse privado do ofendido na reparação do dano, e, no interesse público referente ao confisco dos bens, que recai sobre bens móveis ou imóveis adquiridos pelo investigado com os proventos (produto indireto) da infração. Art. 125 e 132 do CPP Lei 12.694/12: Art. 91, §§1ª e 2º do CP. Bem de família: Art. 3º, VI da Lei 8.009/90. Essa impenhorabilidade não protege o bem adquirido por meio ilícito. Momento: pode ser decretado em qualquer momento da persecução penal. Art. 127 do CPP. Pode ocorrer a chamada “Ação Controlada”: Lei 9.613/98, Art. 4º-B e Lei 11.343/06, Art. 60, §4º. Essa medida não é aplicada somente no caso da prisão. Defesa: Embargos do acusado: somente sob o fundamento de que os bens não forma adquiridos com os proventos da infração. Art. 130, I do CPP. STJ RMS 28627. O ônus da prova é do acusado. Ao final do processo esse Ônus será da acusação. Lei de drogas (Art. 4º, §3º) e de lavagem de capitais: condicionam o sucesso dos embargos ao comparecimento pessoa dos acusado. Embargos de terceiro estranho à infração penal: Art. 129 do CPP c/c Art. 1046 do CPC. Embargos de terceiro que comprou o bem do acusado: Art. 130, II do CPP. Requisitos: essa transmissão deve ter se dado a título oneroso e exige-se também a presença da boa-fé. STF AC 1011 AgR OBS! Esses embargos serão apreciados pelo juízo criminal. Art. 130, §único do CPP. Também caberá HC em caso de prova pré-constituída. Levantamento do sequestro: É a perda eficácia do sequestro. Hipóteses: Não oferecimento da peça acusatória no prazo de 60 dias, contados da data de conclusão da diligência. Art. 131, I do CPP. STJ Resp 865163 Admissão judicial de caução prestada pelo terceiro (o criminoso não pode). Art. 131, II do CPP. Extinção da punibilidade ou absolvição do acusado. Art. 131, III do CPP. Procedência dos embargos. Especialização e registro da Hipoteca Legal: Art. 1489, II do CC. Art. 134 do CPP. O CPP prevê um procedimento incidental destinado a fazer uma avaliação do prejuízo causado pelo delito e determinar o registro em cartório. Comparação entre CC/16 e o CC/02: antes tanto a vítima quanto a Fazenda Pública eram legitimados para promover a hipoteca, agora, somente a vítima é legitimada, a Fazenda Pública já não pode mais querer promover no processo penal a especialização e o registro da hipoteca legal. Finalidade: assegurar a reparação do dano causado pelo delito. Bens: somente bens imóveis de origem lícita. Caráter subsidiário da inscrição e registro da hipoteca legal: Antes se deve analisar a presença de bens móveis passíveis de sequestro. Art. 137 do CPP Bem de família: O registro pode ser feito que seja o único bem pertencente àquela família. Art. 3º da Lei do Bem de Família. Momento: Só pode ser registrada durante a fase processual. Art. 134 do CPP Legitimidade: Ofendido MP (Art. 142 do CPP): se houver interesse da Fazenda Pública (não fora recepcionada pela CF de 88 – Art. 129, IX da CF) se o ofendido for pobre e o requerer (Art. 68 do CPP – O STF decidiu acerca da inconstitucionalidade progressiva do dispositivo – STF RE 135328). Em virtude do Novo CC essa hipoteca não existe mais (em favor da Fazenda Pública). Defesa: Embargos do terceiro estranho à infração penal: igual ao sequestro. Art. 1046 do CPC Substituição da Hipoteca Legal por caução: Art. 135, §6º do CPP Oitiva das partes do curso do procedimento: Art. 135, §3º do CPP Arresto prévio ou preventivo: Art. 136 do CPP. Trata-se de medida preparatória da inscrição do registro da hipoteca legal, de natureza pré-cautelar, cuja finalidade é tornar os bens imóveis do acusado inalienáveis durante o lapso temporal necessário à tramitação do pedido de registro do gravame real. Deve ser promovido perante o juízo criminal. Arresto subsidiário de bens móveis: Art. 137 do CPP. Alienação antecipada: consiste na venda antecipada de bens, direitos ou valores constritos em razão de medida cautelar patrimonial ou que tenham sidos objetos de apreensão, desde que haja risco de perda de valor econômico pelo decurso do tempo, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. Lei de drogas: só era prevista nessa Lei. A Lei 9.613/98 (Lei de Lavagem de Capitais) também passou a prever a alienação antecipada em seu Art. 4º, §1º e Art. 4-A. A Lei 12.694/12 (Lei das Organizações Criminosas) que alterou o Art. 144-A também passou a prever a possibilidade de alienação antecipada no CPP.Momento: Pode ser feita apenas durante o curso do processo. Pressupostos: Quando o bem estiver sujeito a qualquer grau de depreciação. Quando houver dificuldade para manutenção do bem constrito. Legitimados: Juiz de ofício Aplicação subsidiária do Art. 4º-A da Lei 9.613/98 ao CPP MP Parte interessada: vítima (assistente da acusação), acusado/defensor, terceiro interessado. Destinação final dos valores arrecadados: Art. 144-A, §3º do CPP. Em caso de condenação: revertido à União, Estados ou DF. Art. 133, §único do CPP. Na verdade a destinação deverá ser analisada de acordo com a medida aplicada anteriormente, cabendo ao Estado o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. Em caso de absolvição: devolução ao acusado Sentença - Atos jurisdicionais: Despachos: É um ato de mera movimentação do processo. Quem pratica: o juiz ou servidor judicial. Desde a reforma de 2004, o servidor pode receber a delegação do juiz para despachar, não há impedimento. Recurso: Em regra não cabe recurso, pois não tem conteúdo decisório. Exceção: despacho tumultuário ou despacho abusivo, será cabível recurso, pois o despacho está causando um tumulto, despachando em momento não apropriado (Exemplo, a inversão da ordem da oitiva das testemunhas). O recurso cabível será a Correição Parcial (é um recurso). E os Embargos de Declaração? Não há essa possibilidade de ED em despacho, porém em caso de obscuridade, e contradição, bastará uma petição pedindo o aclaramento do despacho (exercício do direito de petição). Coisa julgada: Não existe coisa julgada em despacho, pois não há conteúdo decisório. Decisão interlocutória: É a decisão que não encerra o processo, está entre seu início e o final (onde se encontra a sentença). Neste intervalo, todas as decisões serão interlocutórias. Há três modalidades de decisões interlocutórias: Decisão interlocutória simples: é a decisão que não encerra o processo, não conclui nenhuma fase do procedimento e não julgou pedido incidental. Ex: recebimento de uma denúncia (tem conteúdo decisório, mas não gera tantos reflexos); determinação da oitiva das testemunhas. Em regra não cabe recurso. Exceção: cabível em casos excepcionais, como recebimento de denúncia inepta, caberá HC para se trancar a ação penal. Decisão interlocutória mista não terminativa: É a decisão que encerra uma fase do procedimento, ou seja, não encerra o processo. Ex: pronúncia (encerra a 1º fase do procedimento do Júri), neste caso é cabível o RESE. Decisão interlocutória mista terminativa: julga o pedido incidente, mas não o principal. Ex: pedido de unificação de penas, livramento condicional, restituição de coisas apreendidas, prisão preventiva ou liberdade provisória. É cabível eventuais recursos, como o Art. 581, e preliminar de apelação e HC. Sentença: Encerra o processo com ou sem julgamento do mérito. No processo civil, o conceito de sentença é diferente. Espécies de sentença: Sentença Terminativa ou Formal: Encerra o processo por razões processuais. É sentença no sentido formal, pois nem absolveu nem condenou. Ex: exceção de litispendência. Boa parte da doutrina considera uma decisão terminativa (causa confusão em virtude do nome, podendo ser confundido com decisão interlocutória). Sentença condenatória: É uma sentença em sentido material (condena ou absolve). É quando o juiz julga o pedido procedente (total ou parcial). O pedido de absolvição do MP vincula o juiz? 1ªC – o juiz é livre (Art. 385 do CPP); 2ºC – o juiz tem que absolver, o pedido é vinculante. Sentença absolutória: É quando o juiz julga improcedente o pedido. Própria: quando o juiz absolve e nenhuma consequência posterior resulta para o acusado. Imprópria: o juiz absolve, mas aplica Medida de Segurança, em se tratando de um réu inimputável. Sentença Declaratória de Extinção da Punibilidade: O juiz não condena, apenas declara extinta a punibilidade, ou também a concessão de perdão judicial (pai que mata filho em acidente de trânsito). Ver Súm. 18 do STJ Sentença que julga o mérito de uma ação autônoma: Ex: HC, Revisão Criminal, MS. Sentença Constitutiva: Quando o juiz concede reabilitação criminal. Sentença Homologatória de acordo de conciliação/transação penal: é uma sentença muito peculiar, está regida na Lei 9.099. Classificação das Sentenças: Sentença Simples: é aquela proferida um juiz singular. Sentença subjetivamente Plúrima: É a sentença que vem se um órgão colegiado, como uma Câmara, uma sentença. Neste caso, recebe o nome de Acórdão. Sentença Subjetivamente Complexa: É quando há a participação de vários órgãos, como o Júri (jurados + juiz), a vontade final resulta do decidido entre os jurados e a fixação da pena pelo juiz. Não confundir a “plúrima” (quantitativa) com “complexa”. Sentença Material: É a que julga o mérito principal, nem condena ou absolve Sentença formal: Terminativa, encerra o processo por razões processuais, nem condena ou absolve. Sentença Autofágica, ou de efeito Autofágico: É a sentença, que reconhece o crime e em seguida julga extinta a punibilidade. É o caso do perdão judicial, pois se reconhece o crime, deveria condenar (a primeira parte deveria “comer” a segunda). Extingue o Ius Puniendi. Esse fenômeno não ocorre na prescrição retroativa, pois primeiro condena, depois espera os prazos recursais, só ocorre depois da coisa julgada para o MP. Sentença Branca: É aquela que remete uma questão internacional para o julgamento do tribunal. O juiz não julga uma questão internacional, e remete essa questão ao 2º grau de jurisdição. Esse tipo de sentença não existe no Brasil. O juiz não pode remeter nenhuma questão ao tribunal (Princípio da Inderrogabilidade Judicial). Sentença Vazia: É uma sentença sem fundamentação, é nula, pois viola preceito constitucional. Toda sentença deve ser fundamentada. Sentença Suicida ou Incoerente: Quando o dispositivo conflita com a fundamentação. É nula, absolutamente. Sentença Executável: Pode ser executada imediatamente. Ex: réu absolvido (execução imediata). Sentença Não executável: Depende de recursos. Ex: sentença condenatória. Sentença Aditiva: É a que complementa um texto legal vago, indeterminado, e cria um critério complementar. Sentença Substitutiva ou Manipulativa: É a sentença do juiz que cria, inventa um direito, uma regra Ex Novo. Ex: descumprimento de uma transação penal cabe Denúncia (STJ e STF). Essa regra foi criada pela jurisprudência. É um ponto extremamente polêmico, considerado Ativismo Judicial. Sentença Equivocada: Error in procedendo (anulada), Error in judicando (reforma). Natureza Jurídica da Sentença: O juiz só declara o direito, quem cria é o legislador (Clássica). O juiz cria o direito na prática (Moderna). Ex: crime continuado (o crime só pode ser continuado se for cometido no lapso de 30 dias). Aqui se encontra a Sentença Aditiva. Publicação da Sentença: Publicada a sentença, aplica–se o Princípio da Imodificabilidade da Sentença. Exceções: pode modificar a sentença já publicada Corrigir inaxetidões materiais Erro de cálculo Embargos de Declaração (aclaramento da sentença) Surgimento de lei nova favorável ao réu: o próprio juiz pode aplicar, beneficiando o réu, de ofício. - Coisa Julgada: É uma garantia da imutabilidade da sentença e dos seus efeitos. O fundamento é a segurança jurídica, pois se não houvesse a coisa julgada, os litígios nunca terminariam. Hoje a doutrina processual moderna não vê tanta importância na distinção, mas para concursos ela é de suma importância. Se a sentença pena é condenatória, a coisa julgada será relativa (pode ser revisada – Revisão Criminal Pro Reo); sendo absolutória é absoluta (não existe Revisão Criminal Pro Societat). Premissa: Preclusão das vias recursais, ou seja, quando não couber mais recurso. Espécies: Formal: É a garantia da imutabilidade da sentença que se projeta para dentro do processo. Cuidado! As 4 modificações que podem ocorrer depois da publicação da sentença, persistem. Material: É a garantiada imutabilidade da sentença que se projeta para fora do processo. Função negativa: Impede o reinício do processo, a rediscussão da causa, vigorando o Ne Bis in Idem. Exceção: Revisão Criminal pro reo exclusivamente. É a revisão do processo protegido pela coisa formada pela ocorrência de uma injustiça no 1ª julgamento. Exceção ao Ne Bis in Idem: Extraterritorialidade da lei penal brasileira. Ex: atentado contra o Presidente da República, pode ser condenado no exterior e no Brasil, sendo ambas válidas, ocorrendo uma compensação das penas (o que cumpriu lá debita da que cumpriu aqui). Coisa julgada e a Revisão Criminal: A revisão é uma garantia maior do que a garantia da coisa julgada, pois vem para corrigir uma injustiça. Relativização da Coisa Julgada: Sempre foi relativa na sentença penal condenatória. Súm. 423 do STF: Nos casos que a lei exige recurso ex officio não há coisa julgada enquanto a sentença não for revista pelo tribunal. Limites da Coisa Julgada: Pelo Princípio da Tipicidade das Formas, a sentença tem relatório, fundamentação, dispositivo e autenticação. Objetivos: A fundamentação nunca faz coisa julgada, o que faz é a parte decisória da sentença, a parte dispositiva. Transita em julgado o fato narrado e decidido, este estará amparado pela coisa julgada. O fato compreende o pedido, causa de pedir e partes. Subjetivos: A coisa julgada vale somente para o réu julgado e não para um terceiro réu. O réu “a” processo é absolvido, esta absolvição pode beneficiar um réu “b”, dependendo da fundamentação, se atípico transmitirá ao “b”; se absolvido por falta de provas, não impedirá o processo contra “b” (individual). Fato narrado e julgado: Furto Coisa Julgada Descoberta de violência: Roubo Não cabe novo processo, pois aqui não estamos diante de fato novo, surgiu uma circunstância nova. Fato narrado e julgado: 1 homicídio no trânsito (houve um concurso formal na verdade, pois eram 2) Coisa Julgada Descoberta do outro homicídio (outro fato) Há fato novo, permitindo novo processo. Fato narrado e julgado: lesão corporal grave Coisa Julgada Descoberta de morte superveniente da vítima. Não há fato novo, não cabendo novo processo. Não há Revisão Criminal Pro Societat/MP. Fato narrado e julgado: roubo Coisa Julgada Descoberta na data do roubo a ocorrência de um estupro. Há novo processo, pois há novo fato, a ocorrência de outro crime. Fato narrado e julgado: Sequestro Coisa Julgada Descoberta de novo sequestro da mesma vítima pelo mesmo réu Admite novo processo, pois há fato novo. Fato narrado e julgado: quadrilha ou bando Coisa Julgada Descoberta: o grupo continua planejando Não cabe novo processo, pois estamos diante de crime permanente e a permanência prossegue, portanto o mesmo fato. Fato narrado e julgado: exercício ilegal da medicina Coisa Julgada Descoberta: fatos antigos (anteriores à condenação) Não cabe novo processo, o processo abarca os fatos pretéritos. Descoberta: fatos novos Cabe novo processo, pois não estão abarcados pelo 1º processo, está cometendo novo crime. Fato narrado e julgado: 3 roubos Coisa Julgada Descoberta: 4º roubo na mesma noite e contexto. Cabe novo processo, pois é fato novo. Na execução caberá unificação de penas. - Certidão de óbito falsa, que produz sentença extintiva da punibilidade, esta sentença: 1ªC – não existe revisão criminal pro societat, logo essa sentença deve ser mantida. 2ªC - A decisão não vale, é inexistente, devendo ser desentranhada dos autos e segue a execução do sujeito. - Réu processado como executor do crime: poderá ser processado novamente como partícipe, pois a causa de pedir é diferente. Lembrar da tríplice exigência para o mesmo fato, ou seja, mesmo pedido, mesma causa de pedir e mesmas partes. Aqui o réu não poderia alegar exceção de coisa julgada. - Transação penal não cumprida: Cabe nova denúncia, conforme jurisprudência pacífica do STJ e STF. É um caso de decisão manipulativo ou substitutiva do legislador. - “Risco Duplo”: No Brasil será processada novamente, cabendo Revisão Criminal Pro Reo do 1ª processo. A pena antiga não pode ser debitada da pena injusta, pelo fato de ser fato futuro, somente de fatos pretéritos, pois o criminoso teria um “crédito” para cometer crimes. Contudo, caberá indenização pela pena cumprida injustamente. Execução da sentença penal contra terceiros: Ação civil indenizatória contra uma empresa e condenação criminal contra o empregado pelo atropelamento de uma pessoa. Ações Autônomas de Impugnação - Habeas Corpus: Art. 5º, LXVIII da CF. Significa “mostre o corpo, exiba a pessoa”. Natureza jurídica: Art. 647 do CPP. O capítulo X está inserido no Título II (dos recursos em geral). Pelo CPP o HC teria natureza de recurso. Apesar do CPP inserir o HC no título dos recurso, o ideal é dizer que o HC é uma Ação Autônoma de Impugnação de natureza constitucional. Diferença com os recursos: Um recurso pressupõe a existência de um processo. O HC pode ser impetrado independentemente da existência de um processo. O recurso é o instrumento de impugnação de decisões judiciais. O HC pode ser impetrado contra decisões judiciais e contra atos administrativos ou de particulares. O recurso funciona como instrumento de impugnação de decisões judiciais não definitivas, ao passo que o HC pode ser usado mesmo após o trânsito em julgado, desde que subsista constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. Interesse de agir: Necessidade da tutela: quando estivermos diante de uma violência (já houve um atentado, uma agressão à liberdade de locomoção) ou coação (conduta positiva ou negativa que acarrete risco à locomoção, devendo-se demonstrar o risco concreto) decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. HC liberatório: quando já houve a violência, que se traduz em um alvará de soltura. HC preventivo: quando a violência ainda não foi concretizada, que se traduz na expedição de um Salvo-Conduto (ordem para que não seja constrangido em sua liberdade de locomoção). Ex: quando alguém irá depor em CPI. Adequação: O HC é o instrumento adequado para a tutela da liberdade de locomoção. - Doutrina brasileira do HC: Era utilizado não apenas nos casos de prisão ou ameaça de prisão, mas quando também quando a pessoa estivesse sofrendo ameaça de qualquer outro direito, pois não havia outro instrumento para isso. Essa doutrina vigorou durante a Constituição de 1891. Ensinamentos de Ruy Barbosa. A partir de 1926, todas as Constituições conferiram ao HC somente o poder de tutela da liberdade de locomoção e a consequente previsão do Mandado de Segurança. OBS! Não se pode impetrar HC em ato normativo em tese. Portanto, somente pode ser impetrado em caso de risco concreto. . Ver HC 140.861, STJ. Hipóteses que autorizam a impetração de HC: Anterior aceitação de proposta de suspensão condicional do processo e sujeição ao período de prova. STF RHC 82.365 Autorização judicial de quebra de sigilos destinada a fazer prova em persecução penal referente à infração a qual seja cominada pena privativa de liberdade. STF HC 84.869 Hipóteses que não autorizam a impetração de HC: Persecução penal referente à infração penal a qual seja cominada exclusivamente pena de multa. Ver Súm. 693 do STF Quando já tiver havido o cumprimento da pena privativa de liberdade. Ver Súm. 695 do STF Exclusão de militar, perda de patente ou de função pública. Ver Súm. 694 do STF Apreensão de veículos. Perda do cargo como efeito extrapenal específico de sentença condenatória com trânsito em julgado. STF RHC 93.308 HC substitutivo de Recursos Ordinários: Art. 105, II, “a”; Art. 102, II, “a” da CF. Essa admissão era admitida, porém a posição nova (1ª turma do STF e STJ) entende que quando houver previsão de interposição de recursos ordinários, não se revela adequada a utilização do HC (STF, HC 108.715; STJ, HC 239.550). Possibilidade jurídica do pedido: Cabimento do HCem relação a punições disciplinares militares: Art. 142, §2º da CF. Não caberá HC em relação ao mérito das punições disciplinares militares, porém, aspectos relacionados à legalidade do ato administrativo poderão ser questionados através do HC. STF RE 338.840 Prisão administrativa: Art. 650, §2º do CPP. Hoje já não existe mais prisão administrativa, desde o advento da CF/88. Legitimidade para agir: Distinção entre impetrante e paciente: Podem ou não ser a mesma pessoa. Impetrante: é a pessoa que pede a ordem de habeas corpus. Paciente: é a pessoa que sofre a violência ou coação em sua liberdade de locomoção. Legitimação ampla e irrestrita: Art. 654 do CPP. O HC pode ser impetrado por qualquer pessoa, não exigindo qualquer requisito especial (pessoa física, jurídica, capaz, incapaz, com capacidade postulatória ou não). A doutrina entende que essa legitimação ampla se estende aos recursos em desdobramento. STF HC 102.836 (agravo regimental em habeas corpus). Pessoa jurídica: pode ser paciente/impetrante em HC? Pode figurar como impetrante. Como paciente a PJ não pode figurar, pois não é dotada de liberdade de locomoção. STF HC 92.921 Ministério Público: pode sim impetrar HC, mas desde que em favor do acusado. STF HC 91.510 Legitimação passiva: É chamada de autoridade coatora. É a pessoa responsável pela ilegalidade ou o abuso de poder. Pode ser um particular, o MP (quem conhecerá o HC, será o tribunal que julga este promotor). Competência para o julgamento do HC: Súm. 690 do STF (esta súmula está ultrapassada). Ver HC 86.834 do STF (o STF passou a não julgar mais HC contra turma recursal, que agora são julgados pelo próprio TJ ou TRF). Ver Súm. 691 do STF (atenção para o HC 83.673 e HC 109.167). - Revisão Criminal: Art. 5º, LXXV da Cf. Segurança jurídica e a justiça: a segurança jurídica é inerente à coisa julgada. A Revisão Criminal visa a correção de um erro judiciário. O que irá preponderar é a justiça e não a segurança jurídica. Natureza Jurídica: Trata-se de ação autônoma de impugnação de competência originária dos tribunais (ou das turmas recursais), a ser ajuizada após o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, visando à desconstituição da coisa julgada nas hipóteses em que a decisão impugnada estiver contaminada por erro judiciário. Não existe Revisão Criminal no ordenamento brasileiro Pro Societat. Distinções entre Revisão Criminal e Ação Rescisória: A Ação Rescisória está sujeita ao prazo decadencial de 2 anos; a Revisão Criminal pode ser ajuizada a qualquer momento, inclusive depois do cumprimento da pena e até mesmo após a morte do condenado. A Ação Rescisória pode ser proposta por quem foi parte no processo, por seus sucessores a título singular ou universal, pelo terceiro juridicamente interessado ou pelo MP; a Revisão Criminal pode ser pedida pelo próprio acusado, por procurador legalmente habilitado, pelo MP, ou no caso de morte, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. A Ação Rescisória pode ser utilizada em favor do interesse de qualquer das partes; ao passo que a Revisão Criminal só pode ser ajuizada em favor do acusado. Condições da Ação: Legitimidade: Ativa: Art. 623 do CPP. O réu, MP, cônjuge/companheiro, ascendente, descendente e irmão. Morte do autor da Revisão Criminal durante a ação: o tribunal deverá nomear um curador (Art. 631 do CPP). Passiva: MP: há quem diga que seria o legitimado passivo (1ªC). Estado ou União: dependendo da justiça competente (2ªC). Interesse de agir: Após o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria. O trânsito em julgado é condição sine qua non para seu ajuizamento. Não é necessário o esgotamento das instâncias ordinárias (prequestionamento). É necessário somente dos recursos extraordinários (RE e REsp). Não é cabível Revisão Criminal contra sentença absolutória própria (somente contra a imprópria) para modificar seus fundamentos. Tribunal do Júri: é perfeitamente cabível contra das decisões do júri. Neste caso o tribunal deve fazer o juízo rescindente e o rescisório, desconstituído-a, prolatando uma nova decisão em substituição àquela impugnada. Revisão Criminal nos Juizados Especiais Criminais: Art. 59 da Lei 9.099/95. É cabível Revisão Criminal. Hipóteses de cabimento da Revisão Criminal: Arts. 621 e 626 do CPP (interpretação restritiva). Rol taxativo Contrariedade manifesta ao texto expresso da CF, CPP ou CP. Ver Súm. 343 do STF (também cabe para a Revisão Criminal). Contrariedade manifesta à evidência dos autos. Decisão fundada em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos. Descoberta de novas provas em favor do condenado. Ex: exame de DNA (Filme “A condenação”) Nulidade absoluta do processo Aspectos procedimentais: Capacidade postulatória: Não há necessidade de advogado para o ajuizamento da Revisão Criminal. Desnecessidade de recolhimento à prisão. Ver Súm. 393 do STF Efeito suspensivo: A Revisão Criminal não é dotada de efeito suspensivo. Ver STJ HC 88.586 Em situações excepcionais a doutrina entende que apesar de não haver previsão legal, seria possível uma tutela antecipada (CPC subsidiariamente) ou a utilização do Poder Geral de Cautela. STF HC 99.918 Ônus da prova: É do requerente, sendo inaplicável a regra de tratamento do Princípio da Presunção de Inocência, pois, já teria havido o trânsito em julgado. Aplica-se o In dubio Contra Reum. STF HC 68.437 e STJ HC 137.504 (havendo empate entre os desembargadores, deve prevalecer a decisão mais favorável ao acusado).