Text Material Preview
Todos os direitos reservados à Editora Grupo UNIASSELVI - Uma empresa do Grupo UNIASSELVI Fone/Fax: (47) 3281-9000/ 3281-9090 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Proibida a reprodução total ou parcial da obra de acordo com a Lei 9.610/98. Rodovia BR 470, km 71, n° 1.040, Bairro Benedito Caixa postal n° 191 - CEP: 89.130-000. lndaial-SC Fone: (0xx47) 3281-9000/3281-9090 Home-page: www.uniasselvi.com.br Curso de Tópicos em Educação II Centro Universitário Leonardo da Vinci Organização Tania Cordova Equipe Tutoria Interna de Pedagogia Reitor da UNIASSELVI Prof. Malcon Anderson Tafner Pró-Reitor de Ensino de Graduação a Distância Prof. Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância Prof. Hermínio Kloch Diagramação e Capa Lucas Albino Hack Revisão: Harry Wiese José Roberto Rodrigues 3 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II A PRESENTAÇÃO As discussões contemporâneas a respeito da educação têm sido marcadas pela preocupação com a qualidade e as condições necessárias para assegurar o direito de crianças, jovens e adultos às aprendizagens imprescindíveis ao desenvolvimento de suas capacidades. Cada vez mais, os governos e a iniciativa privada vêm investindo em políticas públicas que visam à acessibilidade à Educação. Um exemplo disso é a ampliação do número de vagas para os níveis de escolarização (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e para a modalidade da Educação de Jovens e Adultos proposta pelo governo do país, a formação de professores, entre outros. Sob este aspecto, caro(a) acadêmico(a), organizamos esta etapa em tópicos que o auxiliará na apropriação de informações fundamentais à formação de professores. Eles estão organizados a partir de reflexões sobre: a alfabetização, o ensino da língua escrita, a modalidade de Educação de Jovens e Adultos, Parâmetros Curriculares Nacionais e metodologias de ensino. Vamos iniciar pela alfabetização. 4 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II AlfAbetizAção; o ensino dA línguA escritA; A modAlidAde de educAção de Jovens e Adultos, os PArâmetros curriculAres nAcionAis; metodologiAs. de ensino 1 ALFABETIZAÇÃO FIGURA 1 – ALFABETIZAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://mdemulher.abril.com.br/familia/ reportagem/educacao/dominar-portugues-essencial- filhos-638064.shtml>. Acesso em: 20 set. 2011. A alfabetização é o aprendizado do alfabeto e de seu uso enquanto código de comunicação. É definida como um processo no qual o sujeito se apropria de um sistema que envolve a escrita, a leitura e a fala. Na leitura, a alfabetização é a capacidade de decodificar 5 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II ATENÇÃO: Os termos fonema e grafema correspondem, respectivamente, a som e letra, usados na linguagem corrente. No Brasil, a partir dos anos 80 do século XX, os estudos sobre a aquisição da língua escrita deram novos rumos às discussões sobre a alfabetização. Caro(a) acadêmico(a), entre os estudiosos dessa área destaca-se a psicolinguista argentina Emilia Ferreiro. Esta pesquisadora é referência para o ensino brasileiro. Seu nome está ligado ao construtivismo, campo de estudo que tem sua origem nos estudos do biólogo suíço Jean Piaget (os estudos de Piaget já foram abordados no Curso de Nivelamento Tópicos em Educação 1), que investigou os processos de aquisição e elaboração do conhecimento pela criança, isto é, o modo como esta aprende. Os estudos de Ferreiro, que trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita. Os livros desta psicolinguista, difundidos no Brasil a partir de meados dos anos 1980, causaram impactos sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização. FIGURA 2 – EMILIA FERREIRO FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua- portuguesa/alfabetizacao-inicial/estudiosa-revolucionou- alfabetizacao-423543.shtml>. Acesso em: 20 set. 2011. os sinais gráficos (grafemas), transformando-os em sons (fonemas), e, na escrita, é a capacidade de codificar os sons da fala, transformando-os em sinais gráficos. 6 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Os estudos de Emilia Ferreiro desenvolvidos em conjunto com a pedagoga espanhola Ana Teberosky produziram conhecimentos que alteraram o olhar e a compreensão sobre a aquisição da leitura e da escrita. No final dos anos de 1970, estas pesquisadoras publicaram o livro Psicogênese da Língua Escrita. Esta obra apresentava novos elementos para a compreensão do processo vivido pela criança que está aprendendo a ler e escrever. As pesquisas desenvolvidas por Ferreiro e Teberosky retiraram a alfabetização do âmbito exclusivo da pedagogia, levando-a para a psicologia. Segundo os novos estudos, o aprendizado do sistema de escrita não se reduz ao domínio da associação entre grafema e fonema (decodificação e codificação), mas se caracteriza como um processo ativo por meio do qual o sujeito, desde seus primeiros contatos com a escrita, constrói hipóteses sobre o uso (natureza e funcionamento) da língua escrita, entendida como um sistema de representação. (BRASIL, 2007). Nessa perspectiva, o termo alfabetização passa a designar não somente o processo de ensinar e aprender as habilidades de codificação e decodificação, mas também, o domínio dos conhecimentos que permitem o uso dessas habilidades nas práticas sociais de leitura e escrita. Diante dessas novas exigências, no contexto da alfabetização, surge uma nova adjetivação para o termo: alfabetização funcional. Este termo foi criado com a finalidade de incorporar a habilidade do uso da leitura e da escrita em situações sociais. Posteriormente, esta ação passou a ser designada, também, pelo termo letramento. 7 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II O termo letramento surge no discurso dos especialistas das Ciências Linguísticas e da Educação, na segunda metade dos anos de 1980. O termo é uma tradução da palavra inglesa literacy. Sua tradução se faz na busca de ampliar o conceito de alfabetização, chamando a atenção não apenas para o domínio do ler e do escrever, mas também para o uso dessas habilidades em práticas sociais em que estas ações são necessárias. (BRASIL, 2007). O conceito de letramento está associado à ideia de que o domínio e o uso da língua escrita trazem consequências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas, linguísticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o indivíduo que dela se aproprie e que dela faça uso. (BRASIL, 2007). Os conceitos de alfabetização e letramento auxiliam na compreensão do processo de aquisição da língua escrita. Vamos refletir sobre esse processo no próximo item. 2 ENSINO DA LÍNGUA ESCRITA: MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO E A PRÁTICA CONSTRUTIVISTA Para a compreensão do processo de ensino da língua escrita, vamos acompanhar o texto Ensino da Língua Escrita. Para além deste processo, o texto apresenta informações sobre os métodos de alfabetização, alertando-nos para eventuais equívocos cometidos a partir da não compreensão da prática fundamentada no ideário construtivista e para as distorções a respeito da relação 8 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II entre alfabetização e letramento. A língua é um sistema que se estrutura no uso e para o uso, escrito e falado, sempre contextualizado. No entanto, a condição básica para o uso escrito da língua,que é a apropriação do sistema alfabético, envolve, da parte dos alunos, aprendizados muito específicos, independentes do contexto de uso, relativos aos componentes do sistema fonológico da língua e às suas inter-relações. Explicando e exemplificando: as relações entre consoantes e vogais, na fala e escrita, permanecem as mesmas, independentemente do gênero textual em que aparecem e da esfera social em que circulem; numa piada ou nos autos de um processo jurídico, as consoantes e vogais são as mesmas e se inter-relacionam segundo as mesmas regras. O estágio atual dos questionamentos e dilemas no campo da educação nos impõe a necessidade de firmar posições consistentes, evitando polarizações e reducionismos nas práticas de alfabetização. Algumas questões relacionadas aos métodos de alfabetização podem tornar mais acessíveis essas ponderações. A opção pelos princípios do método silábico, por exemplo, contempla alguns aspectos importantes para a apropriação do código escrito, mas supõe uma progressão fixa e previamente definida e reduz o alcance dos conhecimentos linguísticos, quando desconsidera as funções sociais da escrita. Da mesma forma, os métodos de base fônica, embora 9 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II focalizando um ponto fundamental para a compreensão do sistema alfabético, que é a relação entre fonema e grafema, restringem a concepção de alfabetização, quando valorizam exclusivamente o eixo da codificação e decodificação pela decomposição de elementos que se centram em fonemas e sinais gráficos. Por sua vez, os métodos analíticos orientam a apropriação do código escrito pelo caminho do todo para as partes (de palavras, sentenças ou textos para a decomposição das sílabas em grafemas/fonemas). Apesar de procurarem situar a relação grafema/fonema em unidades de sentido, como palavras, sentenças e textos, os métodos analíticos tendem a se valer de frases e textos artificialmente curtos e repetitivos, para favorecer a estratégia de memorização, considerada fundamental. Essas três tendências podem ser consideradas perseverantes e coexistentes no atual estado das práticas escolares em alfabetização e da produção de livros didáticos e materiais didáticos em geral. As práticas fundamentadas no ideário construtivista, ao longo das últimas décadas, trazem como ponto positivo a introdução ou o resgate de importantes dimensões de aprendizagem significativa e das interações, bem como dos usos sociais da escrita e da leitura, articulados a uma concepção mais ampla de letramento. Mas, em contrapartida, algumas compreensões equivocadas dessas teorias têm acarretado outras formas de reducionismo. Isso se verifica quando essas práticas negam os aspectos psicomotores ou grafomotores, desprezando seu impacto no processo inicial de alfabetização e descuidando de instrumentos e equipamentos imprescindíveis a quem se inicia nas 10 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II práticas da escrita e da leitura. Essa postura prejudica, sobretudo, as crianças que vivem em condições sociais desfavorecidas e que, por isso, só têm oportunidade de contato mais amplo com livros, revistas, cadernos, lápis e outros instrumentos e tecnologias quando ingressam na escola. Outra questão controversa diz respeito à oposição do construtivismo ao ensino meramente transmissivo, que limita o aluno a apenas memorizar e reproduzir conceitos e regras. O problema é que, em nome dessa crítica, algumas interpretações equivocadas do construtivismo têm recusado a apresentação de informações relevantes ao avanço dos alunos, como se todos os conhecimentos pertinentes à apropriação da língua escrita pudessem ser construídos pelos próprios alunos, sem a contribuição e a orientação de um adulto mais experiente. Mais um problema resultante de interpretações errôneas do construtivismo tem sido a defesa unilateral de interesses e hipóteses das crianças, o que acaba limitando a ação pedagógica ao nível dos conhecimentos prévios dos alunos. Essa limitação gera fracassos, porque compromete a proposição e a avaliação de capacidades progressivas e acaba sendo usada, pela própria ação pedagógica, como justificativa para o que não deu certo. Do mesmo modo que as opções por métodos e práticas, algumas orientações inadequadas fundadas no conceito de letramento podem produzir distorções. Há propostas pedagógicas e livros didáticos que valorizam, de forma parcial, importantes conquistas, como o prazer pelo ato de escrever e a inserção nas práticas sociais da leitura e da escrita, mas não garantem 11 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II o acesso da criança ao sistema alfabético e às convenções da escrita, deixando em segundo plano a imprescindível exploração sistemática do código e das relações entre grafemas e fonemas. Como consequência, dissociam, equivocadamente, o processo de letramento do processo de alfabetização, como se um dispensasse ou substituísse o outro. [...] entende-se a alfabetização como um processo específico e indispensável de apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabéticos e ortográficos que possibilita ao aluno ler e escrever com autonomia. Entende-se letramento como um processo de inserção e participação na cultura escrita. Trata-se de um processo que tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade (placas, rótulos, embalagens comerciais, revistas etc.) e se prolonga por toda a vida, com a crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita (leitura e redação de contratos, livros científicos, de obras literárias, por exemplo). Esta proposta considera que alfabetização e letramento são processos diferentes, cada um com suas especificidades, mas complementares e inseparáveis, ambos indispensáveis. Assim, não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar; trata-se de alfabetizar letrando. Também não se trata de pensar dois processos como sequenciais, isto é, vindo um depois do outro, como se o letramento fosse uma espécie de preparação para a alfabetização, ou, então, como se a alfabetização fosse condição indispensável para o início do processo de letramento. 12 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II O desafio que se coloca para os primeiros anos da Educação Fundamental é o de conciliar esses dois processos, assegurando aos alunos a apropriação do sistema alfabético- ortográfico e condições possibilitadoras do uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita. Considerando-se que os alfabetizandos vivem numa sociedade letrada, em que a língua escrita está presente de maneira visível e marcante nas atividades cotidianas, inevitavelmente eles terão contato com textos escritos e formularão hipóteses sobre sua utilidade, seu funcionamento, sua configuração. Excluir essa vivência da sala de aula, por um lado, pode ter o efeito de reduzir e artificializar o objeto de aprendizagem que é a escrita, possibilitando que os alunos desenvolvam concepções inadequadas e disposições a respeito desse objeto. Por outro lado, deixar de explorar a relação extraescolar dos alunos com a escrita significa perder oportunidades de conhecer e desenvolver experiências culturais ricas e importantes para a integração social e o exercício da cidadania. Assim, entende-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que contempla, de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento. FONTE: Brasil (2007, p. 11-13, grifos nossos). A aquisiçãoda língua escrita necessita do desenvolvimento de capacidades que devem ser focalizadas a partir do processo de alfabetização. Estas capacidades são: 13 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II - Compreensão e valorização da cultura escrita. - Apropriação do sistema de escrita. - Leitura. - Produção de textos. - Desenvolvimento da oralidade. ATENÇÃO: Um sistema de escrita é uma forma organizada com base em determinados princípios para a representação da fala. Nosso sistema de escrita (chamado alfabético ou alfabético-ortográfico) representa os fonemas (sons). Em geral, cada letra (representação) corresponde a um som ou em sentido inverso (onde cada som representa uma ou mais letras). 14 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II 3 A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Caro(a) acadêmico(a)! A proposta deste texto é estabelecer reflexões acerca do processo de alfabetização na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para tanto, as informações apresentadas iniciam a partir da contextualização do surgimento desta modalidade de educação no Brasil, tendo em vista que durante um longo tempo, esta modalidade não foi considerada como foco da educação, mas como uma forma de assistencialismo. FIGURA 3 – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS O aluno da EJA representa uma parcela da população excluída dos processos educativos, seja porque não pôde estudar na idade própria, ou por ser evadida do Ensino Regular. Para compreendermos como se deu essa exclusão e entendermos as ações que visam ampliar o acesso a esta modalidade, é importante retomar alguns aspectos históricos da educação no Brasil. FONTE: Disponível em: <http://seceducacaoata.blogspot.com/2010/10/alunos- da-eja-sao-exemplos-de-dedicacao.html>. Acesso em: 20 set. 2011. O desenvolvimento das capacidades citadas não está restrito ao universo da criança. Elas também dizem respeito ao processo de aquisição dos conhecimentos desenvolvidos pelos adultos. Portanto, prezado(a) acadêmico(a), vamos retomar informações sobre a Educação de Jovens e Adultos no próximo item. 15 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Nos dois primeiros períodos da História do Brasil, Colônia (1500-1822) e Império (1822-1889), a educação não foi considerada como direito do povo. No primeiro período, com a chegada dos jesuítas em 1549, o objetivo da educação era a difusão do evangelho, a transmissão de normas de comportamento e o ensino dos ofícios necessários ao funcionamento da economia colonial. Inicialmente, este processo se deu com os indígenas e depois com os escravos negros. Mais tarde, os jesuítas se encarregaram das escolas de humanidades para formar os filhos dos colonizadores. ATENÇÃO: O termo humanidades foi cunhado pelos jesuítas para designar os estudos intermediários entre os estudos de gramática e retórica. Posteriormente, este termo foi adotado pela Universidade de Paris, na França, para os estudos secundários. No segundo período, a Constituição outorgada em 1824 estabeleceu a gratuidade na instrução primária para todos os cidadãos, portanto, também para os adultos. Entretanto, uma questão se faz necessária para compreendermos as dimensões educativas no Brasil Império. Vamos pensar, prezado(a) acadêmico(a), que num contexto onde a economia era centrada no modo de produção escrava, “Quem era considerado cidadão?”. Segundo Haddad e Di Pierro (2000), neste período só possuía cidadania uma pequena parcela da população, pertencente à elite econômica, da qual ficavam excluídos negros, indígenas e grande 16 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II parte das mulheres. Desse modo, o que se percebe é que nesses dois períodos a preocupação em educar o adulto era inexistente. Com a proclamação da República, em 1889, uma nova Constituição é promulgada, no ano de 1891. No entanto, a nova ordem política vigente não assumia a obrigatoriedade do Estado brasileiro com a instrução pública, e ainda instituía o direito ao voto apenas aos alfabetizados. Caso os não alfabetizados quisessem exercer esse direito, eles teriam que buscar pela alfabetização. Eram alfabetizados por organizações próprias ou por instituições da sociedade civil, ficando o poder público isento de qualquer obrigação com a educação de aproximadamente 70% da população brasileira. Esse quadro se manteve até o início dos anos 1930, quando se evidenciava o descompasso entre o nível de escolaridade da população com os projetos desenvolvimentistas que se pretendia instaurar no país. Nas décadas seguintes (40 e 50), o Estado ampliou suas atribuições e responsabilidades em relação à educação. Entre as ações desenvolvidas encontra-se a Educação de Jovens e Adultos, inicialmente com uma proposta para a redução dos índices de analfabetismo. Segundo Haddad e Di Pierro (2000), a Educação de Jovens e Adultos passou a ser condição fundamental para que o país se encaminhasse ao tão propalado discurso desenvolvimentista. Em 1958, o Estado do Rio de Janeiro sediou o II Congresso 17 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Nacional de Educação de Adultos. As reflexões surgidas a partir deste Congresso perpassaram as necessidades de redefinir as características específicas e um espaço próprio para esta modalidade de ensino (HADDAD; DI PIERRO, 2000), uma vez que, até então, se reproduziam na educação de adultos as mesmas ações da educação das crianças. As discussões acerca da renovação pedagógica eram influenciadas pelas ideias políticas daquele período, que preconizavam mudanças no cenário brasileiro. O início da década de 1960 foi marcado por mobilizações em prol da conscientização política do país. Foi dentro dessa perspectiva que se desenvolveram campanhas e programas de adultos, como: • O Movimento de Cultura Popular do Recife, em 1961. • Os Centros Populares de Cultura – organizados pela UNE. • A Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, no Rio Grande do Norte. • O Movimento da Cultura Popular do Recife. • O Programa Nacional de Alfabetização do Ministério da Educação e Cultura – coordenado por Paulo Freire. O processo iniciado por estes movimentos trazia à tona a necessidade de educar para e pela vida. Paulo Freire, por exemplo, defendia que o objetivo não era educar para incluir no mercado de trabalho, mas o de preparar os educandos para a participação ativa nos aspectos da vida social e política, sem desconsiderar o trabalho como parte importante da sua existência. 18 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Com o golpe militar, em 1964, os movimentos de educação e cultura populares foram reprimidos. Os programas de educação de adultos foram extintos e criou-se, para suprir essa demanda no país, o MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização. De acordo com Haddad e di Pierro (2000), esse movimento passou a se configurar como um programa que, por um lado, atendia aos objetivos de dar uma resposta aos marginalizados do sistema escolar e, por outro, atendia aos objetivos políticos da ordem instituída pelos militares no país. Os cursos implantados correspondiam ao programa de alfabetização e ao programa de educação integrada. Nos primeiros anos da década 1980, com o processo de redemocratização da sociedade brasileira, os movimentos de Educação de Base e as discussões acerca da alfabetização de adultos ressurgem no cenário da educação. A partir da Constituição de 1988 reconheceram-se os direitosde pessoas, jovens e adultos, à educação como responsabilidade do Estado, tornado-a pública, gratuita e universal, bem como estabelece um plano para a erradicação do analfabetismo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9394/96 – (BRASIL, 1996), em seu Artigo 37 estabelece que “A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria”. No Artigo 38, a mesma lei estabelece que “os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular”. 19 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II ATENÇÃO: Uma das inovações introduzidas pela LDB foi reduzir a idade mínima para conclusão dos exames supletivos de Ensino Fundamental e Médio para, respectivamente, 15 e 18 anos (antes, as idades mínimas exigidas eram 18 e 21 anos). Como a LDB não se ateve a alguns detalhes, coube ao Conselho Nacional de Educação (CNE) criar normas sobre a duração mínima dos cursos e a idade mínima de ingresso, bem como fixar Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos. Para a duração dos cursos o CNE fixa que: para a conclusão do Ensino Fundamental será de 24 meses e para o Ensino Médio de 18 meses. O estabelecimento de exames como possibilidade para a certificação básica na EJA permitiu a criação do Exame Nacional para a Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), que se configura em um instrumento de mensuração das competências e habilidades desenvolvidas para este público. Outro momento importante desta modalidade de educação foi a criação da Declaração de Hamburgo. Este documento é o resultado da V Conferência Internacional de Educação de Adultos, realizada em 1997, na cidade de Hamburgo, na Alemanha. As discussões resultantes dessa Conferência ampliaram a concepção de EJA quando afirmaram que esta modalidade 20 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II [...] é a chave para o século XXI; é tanto consequência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de ser um requisito fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à cultura de paz baseada na justiça. A educação de adultos pode modelar a identidade do cidadão e dar um significado à sua vida. A educação ao longo da vida implica repensar o conteúdo que reflita certos fatores, como idade, igualdade entre os sexos, necessidades especiais, idioma, cultura e disparidades econômicas. [...] A educação de adultos engloba todo o processo de aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas consideradas ‘adultas’ pela sociedade desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as para a satisfação de suas necessidades e as de sua sociedade. A educação de adultos inclui a educação formal, a educação não formal e o espectro da aprendizagem informal e incidental disponível numa sociedade multicultural, onde os estudos baseados na teoria e na prática devem ser reconhecidos. (Brasília: SESI/UNESCO, 1999, p. 18-19). 21 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II ATENÇÃO: Você pode acessar o documento na íntegra no seguinte endereço: <http://www.dominiopublico. gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=14433>. Essa discussão reitera a orientação de uma EJA com característica reparadora, equalizadora e qualificadora, que assegura o direito da escolarização básica a todos, independente de idade. A Educação de Jovens e Adultos apresenta-se sob três características distintas e complementares: Função • reparadora – refere-se à restauração do processo escolar para os alunos que não tiveram acesso à educação. Função • equalizadora – contribui para que o aluno restabeleça a sua trajetória escolar e prossiga seus estudos. Função • qualificadora – diz respeito à tarefa de propiciar aos alunos a atualização de conhecimentos por toda a vida. Seu caráter é permanente. Atualmente, a EJA vive um processo de reconfiguração, de redefinição da identidade, provocada pela compreensão da diversidade sociocultural de seus educandos, onde a finalidade desta modalidade já não pode mais ser a de suprir carências 22 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II de escolarização, mas a de garantir direitos aos sujeitos que vivenciam esse processo. Até alguns anos atrás se acreditava que as pessoas não alfabetizadas não sabiam nada sobre a escrita, antes de se apropriarem do processo de codificação e decodificação formalmente ensinado, ou seja, os saberes adquiridos na vivência cotidiana não eram considerados válidos, somente os saberes formais proporcionados nos meios escolares eram valorizados. Se até alguns anos atrás essa visão perpassou a alfabetização de adultos, na contemporaneidade o movimento é inverso, pois os conhecimentos prévios, as experiências vividas pelos sujeitos, são elementos fundamentais a serem ressignificados pela escola no processo de ensino e aprendizagem. As novas orientações, estudos, pesquisas e a compreensão das formas de alfabetização, na atualidade, voltam-se para a percepção de que para aprender a ler e a escrever, o indivíduo precisa construir um conhecimento de natureza conceitual: precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também o que e de que forma ela representa graficamente a linguagem. Nessa perspectiva, compreende-se que a alfabetização não se reduz apenas ao desenvolvimento das capacidades relacionadas à percepção, memorização ou ao treino das habilidades sensório-motoras, mas constitui-se num processo no qual os sujeitos precisam resolver problemas de natureza lógica até chegarem à compreensão de que a forma escrita representa a linguagem. 23 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Como vimos anteriormente, Emilia Ferreiro e Ana Teberoski desenvolveram estudos sobre o processo de construção do sistema de escrita, a partir da ideia de que a criança, antes de ler e escrever, convencionalmente, apropria-se de hipóteses próprias acerca desse sistema. No processo de alfabetização de adultos, estas características também estão presentes. Para compreendermos como acontece o processo de construção cognitiva, vamos acompanhar o texto a seguir: Esse processo de construção cognitiva se caracteriza por estruturações e sucessivas reestruturações, geradas pelos desequilíbrios originados nas contradições entre esquemas diferentes, mas mesclados em um mesmo momento do processo ou entre os esquemas e a realidade. Ferreiro interpreta que o processo de conceitualização da escrita se caracteriza pela construção e sucessivas formas de diferenciação, tanto dos aspectos quantitativos, quanto dos qualitativos, em que é possível distinguir três grandes períodos: O primeiro período caracteriza-se pela distinção entre o modo de representação figurativo e o não figurativo, ou seja, o sujeito é capaz de fazer a distinção entre "desenhar" e "escrever"; começa a utilizar sinais gráficos diversos (linhas, bolinhas, letras e números) com determinada repetição para representar a escrita. Ou seja, nesse período o sujeito consegue diferenciaro sistema de representação da escrita de outros sistemas de representação: fundamentalmente, diferencia o desenho da escrita. Os sujeitos começam a utilizar marcas figurativas quando desenham e não figurativas quando escrevem. 24 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II No segundo período, verifica-se a construção de formas de diferenciação entre os sinais gráficos que se manifestam pelo controle progressivo das variações, tanto sobre o eixo quantitativo (o sujeito estabelece quantidades diferentes de grafias para representar diferentes palavras), como sob o eixo qualitativo (o sujeito varia o repertório e a posição das grafias para obter escritas diferentes). Essas variações realizadas nesse período correspondem à fase pré-silábica, sendo que uma das características da escrita é a correspondência da quantidade de sinais gráficos ao tamanho do objeto e não, ainda, aos sons da fala. No terceiro período, verifica-se a fonetização da escrita pela atenção que o sujeito começa a dar às propriedades sonoras dos significantes, ou seja, dá-se a descoberta de que as partes da escrita (letras) podem corresponder a outras tantas partes da palavra. Nesse período, a pessoa chega a diferenciar as escrituras, relacionando-as com a pauta sonora da fala. FONTE: Disponível em: <http://www.cereja.org.br/pdf/revista_v/Revista_ Raquel.pdf>. Acesso em: 20 set. 2011. Partindo da identificação destes períodos sucessivos de conceitos que se constroem na medida em que o sujeito (criança ou o adulto em processo de alfabetização) interage com a escrita, as pesquisadoras Emilia Ferreiro e Ana Teberoski caracterizaram os níveis de desenvolvimento da psicogênese da alfabetização. Estes níveis são: o pré-silábico; o silábico; o silábico alfabético e o alfabético. Vamos acompanhar as características de cada um no texto a seguir. 25 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II O NÍVEL PRÉ-SILÁBICO Neste nível, a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência entre grafia e sons. Interessam ao sujeito considerações tais como o tipo de grafismo (primitivo ou convencional), ou a quantidade de grafismos. Todas as escritas que não representam nenhum tipo de correspondência sonora com a escrita convencional denominam-se pré-silábicas. Elas representam a escrita de um longo período do processo de alfabetização. Ou seja, no nível pré-silábico, os sujeitos que aprendem têm uma visão sincrética (apreendem o real de maneira global, ligando tudo a tudo) dos elementos da alfabetização. Antes que o sujeito compreenda a possibilidade de que as letras possam ter algum vínculo com a expressão de alguma realidade, isto é, que as letras possam dizer algo, ele faz experiências de ler a realidade em desenhos, gravuras e fotos, ou seja, em imagens gráficas. Ele associa às imagens a capacidade de expressar aspectos do real e nem suspeita que com um conjunto de risquinhos se possa fazer o mesmo. Algumas ideias veiculadas pelas pessoas quando se encontram no nível pré-silábico: está escrito o que eu desejei escrever; escrita sem imagem, não dá para ler, é pura letra; letras ou sílabas não se repetem em uma mesma frase; só se leem palavras com três letras ou mais; a escrita de palavras não é estável, numa frase ou texto o código pode mudar; basta ter uma inicial para caracterizar-se uma palavra; a ordem das letras na palavra não é importante, basta que estejam todas elas. A imagem a seguir representa o período pré-silábico. 26 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Observe, caro(a) acadêmico, como foram sendo construídas as ideias referentes à imagem. FAZENDEIRO EU GOSTO DA MINHA FAZENDA E DOS MEUS BOIS, EU CUIDO BEM. EU GOSTO DE TODOS OS ANIMAIS. GOSTO TAMBÉM DO CAVALO QUE CARREGA CAPIM. Escrita de um aluno do ALFASOL – Chã Grande – PE 2004/2 O NÍVEL SILÁBICO Quando o sujeito compreende que as diferenças das representações escritas relacionam-se com as diferenças na pauta sonora das palavras, ele se encontra no nível silábico. O sujeito utiliza a hipótese da correspondência quantitativa entre a segmentação oral e os sinais gráficos. Realmente, o que define o nível silábico é a segmentação quantitativa das palavras em 27 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II tantos sinais gráficos quantas são as vezes que se abre a boca para pronunciá-las. Em geral, neste nível, o sujeito formula a hipótese de que para cada sílaba oral deve corresponder uma letra (ou sinal gráfico) e qualquer letra pode servir para qualquer som. Essa hipótese se apresenta muito plausível para a pessoa; ela pode optar por associar cada sílaba, ou à sua vogal, ou à sua consoante. Por exemplo, boneca poderá ser escrita como BNC ou OEA, ou como o representado na imagem a seguir: RICARDO – ENGANEI O BOBO NA CASCA DO OVO QUEM CAIU, CAIU PRIMEIRO DE ABRIL. 28 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II O NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO O sujeito descobre que a sílaba não é uma unidade, mas pode ser reorganizada em elementos menores. Essa descoberta dá-se a partir dos conflitos que a pessoa experimenta na fase silábica, como por exemplo, a escrita de monossílabos. Isso porque, pelas suas descobertas anteriores, uma única letra não basta para representar uma palavra. Outro conflito se dá pelo contato e atenção maior que a pessoa passa a dar à escrita convencional, na qual verifica sempre um maior número de letras para cada palavra do que aquele que suas hipóteses consideravam necessário. O sujeito começa a se dar conta de que existem outras letras para escrever a palavra. A pessoa escreve parte da palavra aplicando a hipótese silábica e parte da palavra analisando os fonemas da sílaba. Geralmente acrescenta as letras no final da palavra, ou as coloca fora de ordem. Por exemplo: boneca poderá ser escrita como: BNCAOE ou BNEC ou BONCA, ou como mostra a imagem a seguir. ESCRITA DE UM ALUNO DO ALFASOL – CHÃ GRANDE – PE 2004/2 ELE PLANTA ROÇA, PLANTA MILHO, FEIJÃO, VERDURA, JERIMUM, BATATA E PIMENTÃO. 29 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II O NÍVEL ALFABÉTICO Este nível é evidenciado quando o sujeito começa a fonetizar a sílaba; inicia-se um processo de correspondência entre fonemas e grafemas. As letras começam a se diferenciar a partir da análise fonética. O sujeito consegue compreender que uma sílaba pode ser formada por uma, duas ou três letras. Ainda há uma forte ligação com a oralidade, não havendo total domínio da ortografia, podendo aparecer, também, a separação indevida de palavras não usuais. Ex.: FOLIA (para folha) ou CRIÃOÇAS (para crianças); A QUELE (para aquele). Nesse nível, a pessoa ouve a pronúncia de cada sílaba e começa a corresponder às letras. Consiste ainda em uma escrita bastante fonética, pois a tendência da pessoa é escrever exatamente como ela ouve. Verifica-se, nessa fase, a estruturação dos vários elementos que compõem o sistema de escrita. A pessoa distingue algumas unidades linguísticas: letras, sílabas e frases, como podem ser observados na imagem a seguir. ESCRITA DE UMA ALUNA DO PROGRAMA ALFASOL – 2004 CHÃ GRANDE – PE. 30 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Ler e escrever assumem seus papéis de ações inversas uma da outra, o que antes podia ser ignorado ou omitido. O sujeito faz aqui a correspondência precisa de uma letra para cada fonema da palavra. Passa, portanto,a escrever alfabeticamente. FONTE: Disponível em: <http://www.cereja.org.br/pdf/revista_v/Revista_ Raquel.pdf>. Acesso em: 20 set. 2011. A ação pedagógica docente deve buscar articular o saber prévio do aluno ao conhecimento científico, bem como contemplar as experiências vividas no cotidiano do educando como uma forma de contextualizar os conceitos e os conteúdos necessários à aprendizagem. No próximo item estudaremos um importante documento organizado para orientar a prática do professor. Trata-se dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Este documento propõe diretrizes aos programas de ensino. 4 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN) Os Parâmetros Curriculares Nacionais são referências para o Ensino Fundamental e Médio no Brasil. Este documento foi elaborado pelo Ministério da Educação com o objetivo de proporcionar subsídios à elaboração e reelaboração do currículo, tendo em vista um projeto pedagógico articulado com o exercício da cidadania do aluno. 31 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II A estrutura deste documento busca respeitar diversidades culturais, políticas, econômicas, étnicas e religiosas existentes nas diferentes regiões do país. Como proposta, este documento expressa o empenho em criar novos vínculos entre ensino e sociedade e apresenta ideias do "que se quer ensinar", "como se quer ensinar" e "para que se quer ensinar". Os PCN não são uma coleção de regras e, sim, um pilar para a construção de objetivos, conteúdo e didática do ensino. Os PCN auxiliam o professor na tarefa de reflexão e discussão de aspectos do cotidiano da prática pedagógica. Algumas possibilidades para sua utilização são: rever objetivos, conteúdos, formas de encaminhamento • das atividades, expectativas de aprendizagem e maneiras de avaliar; refletir sobre a prática pedagógica, tendo em vista • uma coerência com os objetivos propostos; preparar um planejamento que possa de fato orientar • o trabalho em sala de aula; discutir com a equipe de trabalho as razões que • levam os alunos a terem maior ou menor participação nas atividades escolares; identificar, produzir ou solicitar novos materiais • que possibilitem contextos mais significativos de aprendizagem; subsidiar as discussões de temas educacionais com • os pais e responsáveis. FONTE: Brasil (1997a). 32 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Os PCN são norteados pelos objetivos idealizados para o Ensino Fundamental e Médio e se encontram em consonância com as diretrizes gerais estabelecidas pela LDB. Entre os objetivos propostos para o Ensino Fundamental no Primeiro Segmento podem ser citados: compreender a cidadania como participação social e política, • assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; posicionar-se de maneira crítica, responsável e • construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; conhecer características fundamentais do Brasil nas • dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País; conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio • sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; perceber-se integrante, dependente e agente • transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente; 33 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o • sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania; conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando • hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva; utilizar as diferentes linguagens - verbal, matemática, gráfica, • plástica e corporal - como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação; saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos • tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; questionar a realidade formulando-se problemas • e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação. FONTE: Brasil (1997a). Como já sinalizado, os PCN são um guia curricular e estão organizados por disciplinas e por ciclos. O Ensino Fundamental está organizado em quatro ciclos, cada um composto por dois anos letivos, por exemplo: o 1º ciclo é composto pela 1ª e 2ª série. Em cada ciclo a proposta de ensino organiza-se a partir das disciplinas 34 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II de: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia, Educação Artística e Educação Física. Essas disciplinas são consideradas fundamentais para que os alunos possam adquirir os conhecimentos legitimados e socialmente necessários. Os PCN apontam, também, a existência de “questões urgentes que devem necessariamente ser tratadas, como a violência, a saúde, o uso de recursos naturais, os preconceitos, que não têm sido contempladas por essas áreas”. (BRASIL, 1997a, p. 23). Como fazer para abordá-las? Os PCN propõem que estas questões constituam temas transversais que atravessariam todas as áreas. São eles: ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural. Os temas transversais sinalizados pelos PCN configuram uma alternativa de organização do conhecimento no currículo, propondo que as temáticas fundamentais para a inserção dos alunos na vida social sejam trabalhadas transversalmente, isto é, sejam incorporadas às diferentes disciplinas sempre que os conteúdos e objetivos a serem trabalhados por essas disciplinas o permitirem. Sob este aspecto, é importante lembrar que: Os temas transversais não constituem novas áreas.• Os temas transversais devem ser integrados às • diferentes áreas do conhecimento. A integração das áreas do conhecimento e dos temas transversais propostos pelos PCN deve ser contínua e sistemática. Precisa ser delineada no projeto educativo da escola e fazer parte da programação, do planejamento do professor bem como de 35 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II ações pedagógicas em sala de aula. Caro(a) acadêmico(a)! No próximo item abordaremos alguns aspectos sobre as metodologias de ensino a partir das disciplinas escolares. 5 METODOLOGIA DE ENSINO O processo de ensino se caracteriza pela combinação de atividades de ensino e de aprendizagem, que estão contempladas nas ações desenvolvidas pelos docentes e discentes. O professor organiza uma série de ações que visam a aprendizagem dos alunos. No entanto, a ação eficaz deste processo depende do trabalho organizadopelo professor, que tem início na elaboração do planejamento e perpassa as diferentes ações desenvolvidas nas aulas, onde devem ser unificados objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino. Os métodos são definidos pela relação entre o objetivo da aprendizagem e os conteúdos ensinados, com vistas a oportunizar uma aprendizagem significativa. Nessa perspectiva, a metodologia de ensino procura apresentar diretrizes para diferentes situações didáticas, de acordo com a abordagem, tendência ou teoria pedagógica adotada pelo professor ou pela instituição de ensino, pois se concentra na área de conhecimento e procura descrever os métodos e técnicas que auxiliam o processo da aprendizagem. Assim, podemos afirmar que a metodologia de ensino subsidia as diferentes formas de ensino e as diferentes maneiras de apropriação do aluno aos conhecimentos propostos. 36 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Embora existam diversas concepções e práticas de ensino e aprendizagem, proporcionar ao aluno a apropriação do conhecimento implica escolher um método e ser coerente com ele. Ao optar por uma metodologia de ensino, o professor deve levar em consideração alguns aspectos, como: O desenvolvimento das capacidades cognitivas • (compreensão, análise, síntese, formulação de hipóteses, resolução de problemas), respeitando complexidades e especificidades dos conteúdos, bem como a faixa etária do aluno. Identificar conhecimentos prévios dos alunos sobre o • que será ensinado. Introduzir novos conteúdos por meio de relações com • conhecimentos prévios dos alunos. A metodologia de ensino deve possibilitar o desenvolvimento de competências de ordem cognitiva, física, afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, tendo em vista a ampla formação do educando. Para o desenvolvimento dessas competências o professor precisa criar situações que levem o aluno a solidificar sua aprendizagem, apropriando-se de informações, ressignificando-as e construindo novos conhecimentos. Nesse aspecto, considera- se o método de ensino um elo de integração entre o saber sistematizado e a interpretação das experiências vividas, inserindo os alunos na realidade social em que se encontram, de modo a interagir com ela. 37 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II A metodologia de ensino compreende a seleção e a forma como os conteúdos serão trabalhados. Assim, torna-se necessário, prezado(a) acadêmico(a), tecer algumas reflexões acerca dos conteúdos selecionados. Os conteúdos compõem o currículo escolar e não podem ser compreendidos como um fim em si mesmos, mas como meio para os alunos desenvolverem capacidades que lhes permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos. Sua seleção deve ser ressignificada para que se ampliem e incluam, além de fatos e conceitos, procedimentos, valores, normas e atitudes. Assim, destacam-se três categorias que integram a elaboração e seleção dos conteúdos escolares: conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. De acordo com Zabala (1998), os conteúdos conceituais referem-se à construção ativa de capacidades intelectuais para operar símbolos, imagens, ideias e representações que permitam organizar as realidades. Para a aquisição do conhecimento, o educando precisa buscar informações e vivenciar situações envolvendo conceitos, para assim construir generalizações parciais que, no decorrer de sua experiência, se transformarão em conceitualizações cada vez mais amplas e complexas. Os conteúdos procedimentais referem-se ao fazer com que os alunos construam instrumentos para analisar, por si mesmos, os resultados que obtêm e os processos que colocam em ação para atingir as metas que se propõem; e os conteúdos atitudinais referem-se à formação de atitudes e valores em relação à informação recebida, visando à intervenção do aluno em sua realidade. 38 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II A metodologia de ensino adotada pelo professor e os conteúdos trabalhados nas disciplinas escolares contribuem para a formação de um sujeito consciente de sua atuação no contexto social. As disciplinas escolares estão organizadas em áreas do conhecimento nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (2º ao 5º) e usualmente são trabalhadas por um único professor. As disciplinas são: Língua Portuguesa; Matemática; Geografia; História; Artes e Ciências. Vamos refletir sobre a contribuição destas disciplinas na educação escolar? Iniciamos pela História. 5.1 HISTÓRIA FIGURA 4 – APRENDENDO HISTÓRIA FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril. com.br/historia/fundamentos/passado- presente-juntos-ensinar-428266.shtml>. Acesso em: 20 set. 2011. A História é a ciência que estuda o processo das transformações das sociedades humanas ao longo do tempo, em seus aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, essa disciplina deve desenvolver a noção de alguns 39 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II conceitos, como: tempo histórico, sujeito histórico e memória. A disciplina de História deve ser trabalhada de forma autônoma, mas interdisciplinarmente com outras disciplinas, como, por exemplo, a Geografia e a Ciência, uma vez que as noções de espaço geográfico e meio ambiente complementam, muitas vezes, as noções de construção social, histórica e cultural dos povos. Ao organizar os conteúdos para o ensino da História nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o professor deve levar em consideração o desenvolvimento de temáticas como: a construção cultural humana, a construção das estruturas sociais, a construção dos papéis sociais ao longo do tempo, as rupturas e transformações nos modelos de organização, relacionamentos, entre outros. Devendo ainda, desenvolver noções de construção da sociedade, das estruturas e organizações políticas ao longo do tempo, dando ênfase à política nacional, desde o universo mais próximo do aluno (bairro, cidade) até as relações e funções políticas no país e no mundo. As temáticas citadas devem considerar a construção do ser humano como ser social, a partir de sua individualidade, em direção ao convívio com o outro, com a família, com a comunidade e a sociedade, tanto no que se refere à construção do conhecimento sobre o mundo quanto no que se refere às atitudes e ações em relação aos outros e ao meio. Um dos conceitos básicos no ensino de História é o de marco histórico, que deve ser desenvolvido no primeiro ano do Ensino 40 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Fundamental, com a identificação das vivências (fatos/processos) importantes da vida do aluno e de sua família, que irão consistir nos primeiros marcos estudados pelo educando. Ao longo dos próximos anos, o educando deverá construir outros conceitos fundamentais ao estudo desta área do conhecimento, conceitos como: fontes históricas, agente histórico, os vários pontos de vista sobre os processos históricos, estrutura e conjuntura, entre outros. A abordagem dos conteúdos deve sempre partir de situações do cotidiano ou universo conhecido do aluno, para que essa familiaridade o aproxime dos conceitos a serem estudados, possibilitando uma aprendizagem significativa. Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o ensino de História deve oportunizar ao educando as seguintes competências: identificar o próprio grupo de convívio e as relações que • estabelecem com outros tempos e espaços; organizar algunsrepertórios histórico-culturais que lhes • permita localizar acontecimentos numa multiplicidade de tempo, de modo a formular explicações para algumas questões do presente e do passado; conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes • grupos sociais, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles; reconhecer mudanças e permanências nas vivências • humanas, presentes na sua realidade e em outras comunidades, próximas ou distantes no tempo e no 41 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II espaço; questionar sua realidade, identificando alguns de seus • problemas e refletindo sobre algumas de suas possíveis soluções, reconhecendo formas de atuação política institucionais e organizações coletivas da sociedade civil; utilizar métodos de pesquisa e de produção de textos de • conteúdo histórico, aprendendo a ler diferentes registros escritos, iconográficos, sonoros; valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade, • reconhecendo-a como um direito dos povos e indivíduos e como um elemento de fortalecimento da democracia. FONTE: Brasil (1997g). 42 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II 5.2 GEOGRAFIA FIGURA 5 – O ENSINO DE GEOGRAFIA FONTE: Disponível em: <http:// passeandopelahistoria1.blogspot. com/2010/11/praticas-do-ensino-de- historia.html>. Acesso em: 20 set. 2011. O ensino de Geografia, durante muito tempo, esteve voltado para uma visão de ciência meramente descritiva da paisagem. Apresentava-se sob uma visão fragmentada, não oferecendo condições para que os sujeitos pudessem compreender a realidade em suas múltiplas relações e perceberem-se como seres atuantes e transformadores da sociedade. As novas orientações do ensino de Geografia rompem com esta visão. Na contemporaneidade, o ensino desta disciplina organiza os conteúdos para serem trabalhados de forma dinâmica, proporcionando aos alunos e ao professor a compreensão de que eles são partes integrantes dos processos de ensino e aprendizagem, e que possam conhecer a realidade e atuar na transformação dessa sociedade por meio de análise crítica. O ensino de Geografia deve, também, oferecer instrumentos para a 43 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II compreensão dos fatos sociais e possibilitar a compreensão das relações entre a sociedade, o trabalho e a natureza na produção do espaço geográfico. Esta perspectiva do ensino de Geografia mostra que não basta explicar o mundo, pois é importante compreendê-lo para transformá-lo. Para isso, é necessário criar situações em que o educando perceba que as ações individuais e coletivas têm consequências para si e para a sociedade. O Parâmetro Curricular Nacional para o ensino de Geografia (BRASIL, 1997d) sinaliza que um dos objetivos desta ciência, enquanto disciplina escolar, é o de criar condições de análise das diferentes formas de produção, organização e apropriação dos espaços naturais pelo homem, bem como as transformações destes espaços ao longo dos anos. A apropriação deste conhecimento deve oportunizar a conscientização e o desenvolvimento de atitudes de preservação do espaço natural. Para isso, o PCN (BRASIL, 1997d) organizou os conteúdos em duas perspectivas de trabalho, que contemplam o estudo da sociedade e da natureza. Estas duas perspectivas estão estruturadas em diferentes categorias de análise, que são: território, paisagem, lugar e região. De acordo com os PCN (BRASIL, 1997d), entende-se por território o conjunto de paisagens compreendido pelos limites políticos e administrativos de uma cidade, um estado ou país. Este 44 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II conceito está ligado ao homem e à forma como ele se apropria da natureza. Para compreender essa categoria é preciso perceber que a complexidade de convivência num mesmo espaço nem sempre é harmônica, pois a diversidade de tendências, ideias, crenças, sistema de pensamento e tradições de diferentes povos e etnias interfere nessa harmonia. A paisagem é definida como unidade visível do território, que possui identidade visual, caracterizada por fatores de ordem social, cultural e natural, contendo espaços e tempos distintos. Por exemplo, quando se fala da paisagem de uma cidade, fazem parte dela seu relevo, a parte hidrográfica (rios, córregos, lagos etc.). Na paisagem estão expressas as marcas da história de uma sociedade. A categoria de lugar refere-se aos espaços com os quais as pessoas têm vínculos mais afetivos e subjetivos do que racionais e objetivos, isto é, o lugar pode ser entendido como espaços onde as pessoas identificam, vivem situações mais próximas e significativas. São exemplos: a praça onde se brinca, a rua onde se mora, a escola, o campo de futebol, o parque, entre outros lugares. A noção de região é essencial para o contexto geográfico, pois possibilita a estrutura de um recorte de espaço onde se travam as soluções sociais com características físicas específicas que denominam tal local como a região, que pode ir desde o menor espaço até o maior e mais amplo. Isso permite agrupar semelhanças e regionalizá-las, como, por exemplo, na Região Sul onde alguns hábitos alimentares são comuns aos três estados 45 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II como o consumo de churrasco e chimarrão. Todavia, ao mesmo tempo em que estes hábitos são comuns, são distintos, pois não estão presentes em todas as localidades que compõem esta região. Vale destacar que cada região apresenta aspectos naturais, sociais, econômicos que, juntos, constituem uma unidade. A análise destas regiões possibilita a compreensão da realidade. O estudo dessas categorias e as suas relações oportuniza ao aluno maior compreensão do espaço geográfico local ou mundial no qual está inserido. A metodologia de ensino deve valorizar os conhecimentos empíricos das vivências cotidianas; permitir a compreensão de novos conceitos, relacionando-os ao que o aluno já sabe. A sala de aula precisa constituir-se em um espaço de questionamentos, de elaboração de hipóteses, de formulações, de associação de conhecimentos cotidianos aos novos saberes. O aluno precisa participar como sujeito do processo de ensino e aprendizagem, tanto na elaboração quanto na reelaboração da cognição. A disciplina de Geografia deve oportunizar ao aluno, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a construção de um conjunto de conhecimentos referentes a conceitos, procedimentos e atitudes, que lhes permitam ser capaz de: conhecer a organização do espaço geográfico e o • funcionamento da natureza em suas múltiplas relações, 46 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II de modo a compreender o papel das sociedades em sua construção e na produção do território, da paisagem e do lugar; identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade • e suas consequências em diferentes espaços e tempos, de modo a construir referenciais que possibilitem uma participação propositiva e reativa nas questões socioambientais locais; compreender a espacialidade e temporalidade dos • fenômenos geográficos estudados em suas dinâmicas e interações; compreender que as melhorias nas condições de vida, • os direitos políticos, os avanços técnicos e tecnológicos e as transformações socioculturais são conquistas decorrentes de conflitos e acordos, que ainda nãosão usufruídas por todos os seres humanos e, dentro de suas possibilidades, empenhar-se em democratizá- las; conhecer e saber utilizar procedimentos de pesquisa • da Geografia para compreender o espaço, a paisagem, o território e o lugar, seus processos de construção, identificando suas relações, problemas e contradições; fazer leituras de imagens, de dados e de documentos • de diferentes fontes de informação, de modo a interpretar, analisar e relacionar informações sobre o espaço geográfico e as diferentes paisagens; saber utilizar a linguagem cartográfica para obter • informações e representar a espacialidade dos 47 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II fenômenos geográficos; valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a • sociodiversidade, reconhecendo-a como um direito dos povos e indivíduos e um elemento de fortalecimento da democracia. FONTE: Brasil (1997d). A disciplina de Geografia deve ser um instrumento que contribui para uma educação que desenvolva o raciocínio lógico, a criticidade no contexto político, social e econômico mundial, nacional e da sociedade real e concreta em que vivemos. 5.3 MATEMÁTICA FIGURA 6 – APRENDER E FAZER FONTE: Disponível em: <http://revistaescola. abril.com.br/matematica/fundamentos/ multiplicacao-divisao-ja-series-iniciais- 500495.shtml>. Acesso em: 4 set. 2011. 48 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II O ensino de Matemática, na contemporaneidade, volta- se à compreensão das ideias das operações e à resolução de problemas. A valorização do raciocínio lógico e argumentativo é objetivo da educação matemática. O aluno deve ser estimulado a realizar trabalhos que o levem a investigar, que lhe despertem o hábito de utilizar o raciocínio, que cultivem o gosto pela resolução de problemas. As questões trabalhadas devem permitir mais de uma solução, admitindo a aplicação de estratégias pessoais e valorizando a criatividade dos alunos. O uso pedagógico da resolução de problemas justifica-se porque motiva o aluno à busca de conhecimentos ao resolver os desafios propostos. Trabalhar a resolução de problemas amplia os valores educativos do saber matemático: o desenvolvimento dessa competência contribui na capacitação do aluno para melhor enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. O Parâmetro Curricular Nacional para o ensino da Matemática (BRASIL, 1997f) sinaliza que os conhecimentos produzidos por esta ciência fazem parte da vida de todas as pessoas, ora nas experiências mais simples de contar, comparar e operar quantidades, ora como conhecimento de intensa aplicabilidade em cálculos de salários, pagamentos, consumo, na organização de atividades como agricultura e pesca, entre outros. O documento propõe a exploração das potencialidades do conhecimento matemático da forma mais ampla possível, no decorrer da trajetória escolar dos alunos. Esta disciplina desempenha um papel fundamental na formação das capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização de 49 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II raciocínios dedutivos e indutivos dos alunos, contribuindo para a formação básica necessária à cidadania. No que diz respeito aos conteúdos trabalhados nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o PCN (BRASIL, 1997f) propõe a organização da disciplina em quatro blocos: números e operações; espaço e forma; grandezas e medidas; tratamento das informações. Esta organização tem como objetivo desenvolver a autonomia do aluno e a compreensão das ideias matemáticas. O bloco números e operações deve ser organizado segundo um processo de valorização da aplicabilidade para resolver determinados problemas. O contexto de surgimento de um sistema numérico deve levar o aluno a associar situações cotidianas de uso desse sistema aos conteúdos apresentados pelo professor. O estudo do espaço e da forma (geometria) deve auxiliar a criança a organizar seu pensamento por meio do reconhecimento e da análise das propriedades características de modelos geométricos semelhantes aos objetos do mundo em que a criança está inserida. No bloco medidas e grandezas devem ser exploradas situações vivenciadas pelo aluno, destacando as que conduzem à comparação de grandezas de mesma natureza e as que introduzem a ideia de medida e o desenvolvimento de procedimentos para o uso adequado de balanças, relógios, réguas, fitas métricas, entre outros. Os conteúdos trabalhados nesse bloco devem conferir um 50 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II caráter prático, pela própria necessidade cotidiana em ressignificar estes conhecimentos. O bloco tratamento das informações coloca em questão que ser alfabetizado no século XXI pressupõe saber ler e interpretar as diversas informações veiculadas nos diferentes meios de comunicação. A necessidade de ler e interpretar está associada diretamente com as características que conferem ao ensino desta disciplina a necessidade de organizar a abordagem a elementos da estatística (organização de dados, construção de tabelas, construção de gráficos, entre outros), combinatória e probabilidade, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. As finalidades do ensino de Matemática indicam, como objetivos do Ensino Fundamental, levar o aluno a: identificar os conhecimentos matemáticos como meios • para compreender e transformar o mundo à sua volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas; fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos • e qualitativos do ponto de vista do conhecimento e estabelecer o maior número possível de relações entre eles, utilizando para isso o conhecimento matemático (aritmético, geométrico, métrico, algébrico, estatístico, combinatório, probabilístico); selecionar, organizar e 51 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II produzir informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las criticamente; resolver situações-problema, sabendo validar • estratégias e resultados, desenvolvendo formas de raciocínio e processos, como dedução, indução, intuição, analogia, estimativa, e utilizando conceitos e procedimentos matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos disponíveis; comunicar-se matematicamente, ou seja, descrever, • representar e apresentar resultados com precisão e argumentar sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral e estabelecendo relações entre ela e diferentes representações matemáticas; estabelecer conexões entre temas matemáticos de • diferentes campos e entre esses temas e conhecimentos de outras áreas curriculares; sentir-se seguro da própria capacidade de construir • conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na busca de soluções; interagir com seus pares de forma cooperativa, • trabalhando coletivamente na busca de soluções para problemas propostos, identificando aspectos consensuais ou não na discussão de um assunto, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles. FONTE: Brasil (1997f) Caro(a) acadêmico(a)! Antes de finalizar as reflexões acerca 52 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II do ensino da Matemática, vamos considerar que o acesso às tecnologias vem se ampliando na contemporaneidade. No ensino de Matemática, este acesso vaido uso da calculadora ao uso do computador. Assim, é necessário destacar que estes recursos devem ser compreendidos pelo professor como ferramentas que auxiliam na construção dos conceitos matemáticos, sem, no entanto, substituir o estímulo ao raciocínio. Nesse sentido, a utilização de tecnologias deve estabelecer versáteis possibilidades ao processo de ensino e aprendizagem desta área do conhecimento. 5.4 PORTUGUÊS FIGURA 7 – PRODUÇÃO E REFLEXÃO e LEITURA DIÁRIA. FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com. br/lingua-portuguesa/fundamentos/papel-letras- interacao-social-432174.shtml?page=0>. Acesso em: 4 set. 2011. No ensino brasileiro, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997e), até a década de 70 do século XX, a aprendizagem da Língua Portuguesa era organizada em dois estágios. O primeiro ia até a alfabetização, em que a 53 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II criança aprendia o sistema de escrita. E o segundo iniciava a partir do domínio básico dessa habilidade, em que a criança era convidada a produzir textos, aprender as normas gramaticais e ler produções clássicas. Nos primeiros anos deveria ser garantida a aprendizagem da escrita, considerada um código de transcrição da fala. Para isso, eram utilizados dois métodos de ensino: o sintético e o analítico. O primeiro começava da parte e ia para o todo, mostrando pequenas partes das palavras, como as letras e as sílabas, para, então, formar sentenças. Compõem o grupo os métodos alfabético, fônico e silábico. O segundo, denominado de método analítico, o movimento era contrário, o que deveria garantir uma visão mais ampliada do aluno sobre aquilo que lhe era apresentado (no papel ou no quadro negro), facilitando o seu entendimento. Neste método, o ensino partia das frases e palavras, decompostas em sílabas ou letras. A aquisição da leitura ocorria pelo treinamento da capacidade de identificar, suprimir, agregar ou comparar fonemas. No que se refere à escrita, o aluno deveria reproduzir textos da literatura clássica e caprichar no desenho do formato das letras. A leitura destes textos tinha como orientação compreender o que o autor quis dizer – sem interpretar ou dar-lhe sentido. Os anos 80 foram caracterizados por novas orientações conceituais que deram novos rumos ao ensino da Língua Portuguesa. A linguagem passou a ser vista como um instrumento 54 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II de comunicação, que envolveu interlocutor e uma mensagem que precisava ser compreendida. As classes gramaticais da Língua Portuguesa como os substantivos, adjetivos, pronomes, verbos, entre outros passam a ser vistos como instrumentos essenciais para a transmissão da mensagem: o aluno precisava aprender as características de cada uma destas classes para reproduzi-las na escrita e também identificá-las nos textos lidos. Nessa perspectiva, o ensino passa a ser compreendido como um processo contínuo. Inicia-se um processo de desenvolvimento das competências e habilidades por meio de situações didáticas onde as orientações passam a organizar-se no: ler e ouvir a leitura, escrever, produzir textos oralmente e realizar atividades para desenvolver a linguagem oral, a análise da língua, as características e normas. Caro(a) acadêmico(a)! Lembramos que na década de 80, as pesquisadoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky lançaram o livro Psicogênese da Língua Escrita, e que esta obra, como já estudado no início desta etapa, contribuirá para a modificação da concepção de linguagem, onde o foco desta concepção recairá sobre a interação entre as pessoas. Na década de 90, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997e) reforçam as práticas sociais (interação) de linguagem no ensino da Língua Portuguesa. O ensino da Língua Portuguesa deve levar o educando a refletir sobre o sistema de escrita, seus usos e suas funções. Os objetos de ensino são o sistema alfabético e os comportamentos dos leitores e escritores. 55 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II As estratégias de ensino partem da leitura e escrita, produção de textos, leitura (individual e coletiva) dos próprios estudantes e reflexão sobre a língua. Textos de diversos gêneros devem ser trabalhados, desde o início da alfabetização até os anos finais. Os PCN (BRASIL, 1997e) estabelecem eixos que organizam os conteúdos de Língua Portuguesa. Os eixos partem do pressuposto de que a língua se realiza no uso, nas práticas sociais em que os indivíduos se apropriam dos conteúdos, transformando-os em conhecimento próprio, através da ação sobre eles. Nessa perspectiva, é importante que o indivíduo possa expandir sua capacidade de uso da língua e adquirir outras que não possui, em situações linguisticamente significativas, situações de uso em situações cotidianas. A linguagem verbal como atividade discursiva tem como resultado textos orais ou escritos. Textos que são produzidos para serem compreendidos. Os processos de produção e compreensão, por sua vez, se desdobram, respectivamente, em atividades de fala e escrita, leitura e escuta. Assim, as capacidades desenvolvidas devem estar relacionadas às quatro habilidades linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. (BRASIL, 1997e). Os conteúdos de Língua Portuguesa devem ser selecionados a partir de dois eixos propostos pelos PCN (BRASIL, 1997e): o uso da língua oral e escrita e a análise e reflexão sobre a língua, conforme demonstra o quadro dos blocos de conteúdo. 56 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II QUADRO 1 – EIXOS DOS CONTEÚDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA FONTE: Brasil (1997e) Ao final do Ensino Fundamental, o ensino da Língua Portuguesa deve possibilitar que o aluno saiba: Compartilhar a escolha de obras literárias, a leitura, • a escuta, os comentários e os efeitos das obras lidas com colegas. Usar o conhecimento que tem sobre os autores para • interpretar o texto. Perceber no texto lido a relação entre propósito e • gênero de que faz parte. Planejar o texto antes e enquanto está escrevendo, • levando em consideração o propósito, o destinatário e a posição do enunciador. Consultar outros materiais de leitura que colaborem • para a elaboração do texto. Revisar a própria produção enquanto escreve, refazendo diversas versões para elaborar um texto bem escrito e tomando decisões 57 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II sobre a apresentação final dele. Buscar e selecionar informações, reunindo material • sobre um tema, decidindo que textos serão escolhidos, registrando por escrito aspectos importantes encontrados. Aprofundar e reorganizar o conhecimento, fazendo • resumos com as ideias principais do texto lido e relacionando as informações lidas com o propósito estabelecido. Elaborar textos escritos para explicitar o que aprendeu • e preparar exposições orais. Narrar oralmente fatos do cotidiano, compartilhando • opiniões e debatendo temas polêmicos. Informar-se sobre notícias divulgadas em jornais e • revistas e prestar atenção em como a publicidade comporta-se, refletindo, identificando o destinatário e discutindo sobre o que vê. FONTE: Santomauro (2011a) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997e) destacam que o domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação ativa no contexto social. A partir desta orientação, a metodologia de ensino desta área do conhecimento deve organizar-se de modo a garantir ao aluno o acesso aos saberes linguísticos,necessários para o exercício da cidadania. 58 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II 5.5 CIÊNCIAS NATURAIS FIGURA 8 – ENSINO DE CIÊNCIAS FONTE: Disponível em: <http://www. africaeafricanidades.com/edicao8.html>. Acesso em: 3 set. 2011. O ensino da disciplina de Ciências vem passando por modificações significativas nas últimas décadas. A primeira LDB, em 1961 (Lei nº 4.024/61), determinava que o ensino desta disciplina deveria ser ministrado apenas nas duas últimas séries ginasiais. Em 1970, a partir da Lei nº 5692, a disciplina passou a ter caráter obrigatório nas oito séries do Ensino Fundamental, denominado naquela época de Ensino de Primeiro Grau. Essas modificações foram organizadas a partir da transmissão dos conhecimentos científicos com tendência a ser neutros, da qualidade do ensino definido pela quantidade de conteúdos, às atividades práticas que se evidenciavam para a compreensão dos conceitos, e da implantação do método científico a fim de o aluno redescobrir o já conhecido pela ciência. 59 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II No final da década de 80, a organização dos conteúdos de Ciência ganhou contornos interdisciplinares. Os pressupostos de aprendizagem passaram a ser compreendidos a partir da interação professor/aluno/conhecimento, onde se enfatizam as discussões das ideias prévias dos alunos e a visão científica com mediação do professor. O objetivo do ensino de Ciências, a partir desta nova orientação, define-se pelo reconhecimento dos valores humanos e estabelece associações ao aprendizado como elaboração humana para compreender o mundo e nele promover transformações. O ensino de Ciências Naturais visa reconstruir a relação ser humano/natureza sob a ideia de que o aprendizado deve estar centrado no fazer e no pensar ativo e crítico, a fim de desenvolver a consciência social dos estudantes. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997c) concebem objetivos de ensino desta área do conhecimento que possibilitem ao aluno desenvolver competências, para que compreenda o mundo e atue como indivíduo e cidadão, utilizando conhecimentos de natureza científica e tecnológica. Os eixos temáticos, organizados pelos PCN (BRASIL, 1997c), representam a articulação de conceitos, procedimentos, atitudes e valores compatíveis à escolaridade: Ambiente, Ser Humano e Saúde, Recursos Tecnológicos e Terra e Universo. Sendo que este último só é destacado a partir do terceiro ciclo e não integra o rol de explicações do documento. 60 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II Os três primeiros blocos se desenvolvem ao longo de todo o Ensino Fundamental e devem ser associados aos temas transversais: meio ambiente, saúde, ética, pluralidade cultural e orientação sexual, que proporcionam o envolvimento de questões relevantes, enfrentando o desafio de uma sociedade que se transforma e exige decisões de todos os cidadãos. Nesse aspecto, reflexão, pensamento crítico e convivência social são capacidades estruturadas no processo de ensino e aprendizagem desta disciplina. Os conteúdos selecionados devem ser abordados de forma contextualizada, instigando a curiosidade e oportunizando a pesquisa. A metodologia de ensino deve criar situações de aprendizagem significativa, possibilitar ao aluno a reelaboração e a ampliação de seus conhecimentos prévios e prosseguir com a articulação entre os conceitos construídos, organizando-os em um corpo de conhecimentos sistematizados que oportunizem um encaminhamento metodológico que desafie o aluno a construir novas significações. O ensino de Ciências Naturais deverá então se organizar de forma que, ao final do Ensino Fundamental, os alunos tenham as seguintes capacidades: compreender a natureza como um todo dinâmico, • sendo o ser humano parte integrante e agente de transformações do mundo em que vive; identificar relações entre conhecimento científico, • produção de tecnologia e condições de vida, no mundo 61 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II de hoje e em sua evolução histórica; formular questões, diagnosticar e propor soluções • para problemas reais a partir de elementos das Ciências Naturais, colocando em prática conceitos, procedimentos e atitudes desenvolvidos no aprendizado escolar; saber utilizar conceitos científicos básicos, associados • a energia, matéria, transformação, espaço, tempo, sistema, equilíbrio e vida; saber combinar leituras, observações, experimentações, • registros etc., para coleta, organização, comunicação e discussão de fatos e informações; valorizar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação • crítica e cooperativa para a construção coletiva do conhecimento; compreender a saúde como bem individual e comum, • que deve ser promovido pela ação coletiva; compreender a tecnologia como meio para suprir • necessidades humanas, distinguindo usos corretos e necessários daqueles prejudiciais ao equilíbrio da natureza e ao homem. FONTE: Brasil (1997c) 5.6 ARTE 62 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II FIGURA 9 – REFLETIR – APRECIAR – PRODUZIR FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/arte/ fundamentos/conhecer-cultura-soltar-imaginacao-427722. shtml>. Acesso em: 3 set. 2011. A proposta apresentada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997b) compreende a Arte como área de conhecimento equiparada às demais áreas. No entanto, por muito tempo na História da Educação Brasileira, esta área do conhecimento não teve seu status reconhecido. Durante muitos anos, o ensino de Arte ficou resumido ao desenvolvimento de atividades repetitivas e pouco criativas. Na década de 90 do século XX, o ensino de Arte ganha novo sentido. No Brasil, Ana Mae Barbosa idealizou a metodologia da proposta triangular, que está fundamentada no fazer artístico, na história da arte e na leitura de obras. A proposta de Barbosa é considerada uma matriz dos eixos de aprendizagem que devem ser organizados a partir dos conteúdos ensinados nesta disciplina. Esta matriz considera a produção, a apreciação artística e a reflexão como competências a serem desenvolvidas pela escola. 63 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II A educação em Arte deve propiciar o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, caracterizando um modo próprio de organizar e dar sentido à experiência humana. Deve levar o aluno a desenvolver sensibilidades, percepções e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele, por outras pessoas, pela natureza e nas diferentes culturas. (BRASIL, 1997b). A disciplina de Arte deve ser desenvolvida de forma a oportunizar a interdisciplinaridade, ou seja, deve favorecer a relação com as outras áreas do conhecimento. Cabe ao professor escolher os modos e recursos didáticos adequados para apresentar as informações, observando sempre a necessidade de introduzir formas artísticas, porque ensinar arte com arte é o caminho mais eficaz. Na atualidade, a tendência que guia o conhecimento produzido pela área é a sociointeracionista. Nesta perspectiva, o fazer artístico permite que o educando exercite e explore diferentes formas de expressão artística. A proposta metodológica desta tendência visa favorecer a formação do aluno por meio do ensino das quatro linguagens da Arte: dança, artes visuais, música e teatro, onde o conhecimentoe a experiência já vivida pelo aluno em seu cotidiano devem ser consideradas como elementos imprescindíveis ao desenvolvimento de novos conhecimentos. O ensino é baseado em três eixos interligados: produção (fazer e desenvolver um percurso de 64 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II criação), apreciação (interpretar obras artísticas) e reflexão sobre a arte (contextualizar e pesquisar). Apesar dessa divisão, não deve haver uma ordem rígida ou uma priorização desses elementos ao longo do ano letivo (SANTOMAURO, 2011b). Como já sinalizado, a seleção e a ordenação dos conteúdos de Artes devem contemplar as quatro linguagens artísticas: dança, artes visuais, teatro e música. As diferentes manifestações culturais devem promover a formação artística e estética do aprendiz e a sua participação na sociedade. Sob este aspecto, o ensino de Arte deverá organizar-se de modo que, ao final do Ensino Fundamental, os alunos sejam capazes de: expressar e saber comunicar-se em arte, mantendo • uma atitude de busca pessoal e/ou coletiva, articulando a percepção, a imaginação, a emoção, a sensibilidade e a reflexão ao realizar e fruir produções artísticas; interagir com materiais, instrumentos e procedimentos • variados em artes (Arte Visuais, Dança, Música, Teatro), experimentando-os e conhecendo-os de modo a utilizá- los nos trabalhos pessoais; edificar uma relação de autoconfiança com a produção • artística pessoal e conhecimento estético, respeitando a própria produção e a dos colegas, no percurso de criação que abriga uma multiplicidade de procedimentos e soluções; compreender e saber identificar a arte como fato • 65 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II histórico contextualizado nas diversas culturas, conhecendo, respeitando e podendo observar as produções presentes no entorno, assim como as demais do patrimônio cultural e do universo natural, identificando a existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos; observar as relações entre o homem e a realidade • com interesse e curiosidade, exercitando a discussão, indagando, argumentando e apreciando arte de modo sensível; compreender e saber identificar aspectos da função e • dos resultados do trabalho do artista, reconhecendo, em sua própria experiência de aprendiz, aspectos do processo percorrido pelo artista; buscar e saber organizar informações sobre a arte • em contato com artistas, documentos, acervos nos espaços da escola e fora dela (livros, revistas, jornais, ilustrações, diapositivos, vídeos, discos, cartazes) e acervos públicos (museus, galerias, centros de cultura, bibliotecas, fonotecas, videotecas, cinematecas), reconhecendo e compreendendo a variedade dos produtos artísticos e concepções estéticas presentes na história das diferentes culturas e etnias. FONTE: (BRASIL, 1997b) Prezado(a) acadêmico(a)! Chegamos ao final desta etapa. Esperamos que as reflexões tecidas a partir das temáticas apresentadas tenham contribuído para a construção de uma 66 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II aprendizagem significativa, que perpassa a sua formação acadêmica e que contribui para a sua formação profissional. Estamos lhe aguardando na próxima etapa deste curso. Antes, porém, vamos responder às autoatividades. 67 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II A UTOATIVIDADE AUTOATIVIDADES 1 Sobre a alfabetização, classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas: a) ( ) É o domínio parcial das competências da leitura e da oralidade. b) ( ) É o aprendizado inicial da leitura e da escrita. c) ( ) É um processo específico e indispensável de apropriação do sistema de escrita. d) ( ) Representa a conquista dos princípios alfabéticos e ortográficos que possibilitam ao sujeito ler e escrever com autonomia. 2 O termo letramento surge a partir da tradução da palavra inglesa literacy e tem como significado a condição do sujeito em ser letrado. No contexto educacional o termo refere-se ao: a) ( ) Domínio do sujeito sobre a ação de ler, escrever e falar. b) ( ) Conhecimento das letras e suas representações. c) ( ) Resultado da ação de ensinar e de aprender a ler e escrever, bem como o resultado da ação de uso dessas habilidades em práticas sociais. d) ( ) Resultado do ensinar a ler e escrever na sua individualidade. 3 Em 1981, Emília Ferreiro lança o livro Reflexões sobre a Alfabetização. Esta obra constitui-se em um importante material 68 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II para a compreensão do processo de aquisição da leitura e da escrita. Leia o trecho desta obra: Temos uma imagem empobrecida da língua escrita: é preciso reintroduzir, quando consideramos a alfabetização, a escrita como sistema de representação da linguagem. Temos uma imagem empobrecida da criança que aprende: a reduzimos a um par de olhos, um par de ouvidos, uma mão que pega um instrumento para marcar e um aparelho fonador que emite sons. Atrás disso há um sujeito cognoscente, alguém que pensa, que constrói interpretações, que age sobre o real para fazê-lo seu. Um novo método não resolve os problemas. É preciso reanalisar as práticas de introdução da língua escrita, tratando de ver os pressupostos subjacentes a elas, e até que ponto funcionam como filtros de transformação seletiva e deformante de qualquer proposta inovadora. Os testes de prontidão também não são neutros. [...] É suficiente apontar que a 'prontidão' que tais testes dizem avaliar é uma noção tão pouco científica como a 'inteligência' que outros pretendem medir. (FERREIRO, 1981, p. 32). O referido material apresenta informações: I- Que aproximam o leitor da pesquisa que representa uma revolução conceitual na alfabetização, colocando o foco naquele que aprende. II- Do percurso pelo qual as crianças elaboram seu conhecimento a partir das ideias infundidas pelo professor sobre o sistema de 69 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II escrita. III- Que expõe exemplos de como se dá o pensamento infantil sobre o sistema de escrita, demonstrando a originalidade e a provisoriedade dessas concepções. IV- Que não fornece elementos para a compreensão do por que a escola tem formado analfabetos funcionais. V- Que convida o educador à consciência da dimensão política da alfabetização, entendida como ferramenta de construção de cidadania. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e V estão corretas. b) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I, III e V estão corretas. d) ( ) Nenhuma das sentenças diz respeito às ideias de Emilia Ferreiro. 4 Sobre o método silábico, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Contempla aspectos importantes para a apropriação do código escrito, mas supõe uma progressão fixa e previamente definida. b) ( ) Considera as funções sociais da escrita como condição primeira no processo de alfabetização. c) ( ) Amplia o alcance dos conhecimentos linguísticos. d) ( ) Focaliza um ponto fundamental para a compreensão do sistema alfabético. 5 Sobre o método analítico, analise as sentenças a seguir: 70 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II I- Orienta a apropriação do código escrito pelo caminho do todo para as partes. II- Possibilita a redução do alcance dos conhecimentos linguísticos, pois desconsidera asfunções sociais da escrita. III- Utiliza textos curtos e repetitivos, para favorecer a estratégia de memorização, considerada fundamental. IV- Desconsidera a relação grafema/fonema como unidades de sentido. V- Valoriza exclusivamente o eixo da codificação e decodificação pela decomposição de elementos que se centram nos fonemas e sinais gráficos. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças I e III estão corretas. c) ( ) As sentenças II e V estão corretas. d) ( ) As sentenças I e V estão corretas. 6 Com o Golpe Militar em 1964, os programas de educação popular foram extintos. Em substituição, o governo criou o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização). Referente ao objetivo deste programa, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Garantir a preparação do educando para a participação ativa nos aspectos da vida social e política. b) ( ) Atender aos objetivos políticos da ordem instituída no país. 71 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II c) ( ) Oportunizar ao educando uma formação integral e a sua inserção no mercado de trabalho. d) ( ) Inserir o educando no sistema escolar reconhecendo-o como sujeito de diretos. 7 Sobre a função reparadora da Educação de Jovens e Adultos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Refere-se aos mecanismos de mobilização da frequência às salas de aula. b) ( ) Refere-se à ação de oportunizar ao educando a atualização de conhecimento por toda a vida. c) ( ) Refere-se à restauração do processo escolar para os alunos que não tiveram acesso à educação. d) ( ) Refere-se à estratégia de manutenção destes alunos em sala de aula. 8 Sobre os temas transversais, assinale a alternativa CORRETA: ( ) Constituem uma nova área de ensino. ( ) São parte obrigatória do currículo escolar. ( ) Devem ser integrados às diferentes áreas do conhecimento. ( ) São trabalhados individualmente na escola. 9 No que diz respeito à escolha de uma metodologia de ensino, analise as sentenças a seguir: I- Deve levar à memorização e repetição dos conteúdos propostos. II- Deve respeitar as complexidades e especificidades dos 72 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II conteúdos e a faixa etária dos educandos. III- Deve levar em consideração o conhecimento prévio dos discentes. IV- Deve introduzir novos conteúdos, associando-os à vivência do aluno. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença IV é correta. 10 Os conteúdos procedimentais devem oportunizar o desenvolvimento de aspectos que dizem respeito a desenvolver: a) ( ) Aspectos referentes à construção de símbolos e ideias. b) ( ) A apropriação de generalizações parciais que serão transformadas, posteriormente, em conceitos complexos. c) ( ) Aspectos relacionados ao saber fazer. d) ( ) Atitudes e valores frente às situações de aprendizagem. 73 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II R EFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BRASÍLIA: SESI/UNESCO. Declaração de Hamburgo: agenda para o futuro (Conferência Internacional sobre a Educação de Adultos (V: 1997: Hamburgo, Alemanha), 1999. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília: Imprensa Oficial, 1996. ______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEE, 1997a. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Artes. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997b. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997c. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997d. 74 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997e. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997f. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: História. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997g. ______. MEC/Secretaria da Educação Básica. Pró- Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem, 2007. FERREIRO, E. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Ed. Cortez, 1981. HADDAD, S.; DI PIERRO, M. C. Escolarização de jovens e adultos. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, ANPED, n. 14, 2000. Disponível em: <http://www.anped.org.br/rbe/rbe. htm>. Acesso em: 20 set. 2011. SANTOMAURO, B. O que ensinar em Língua Portuguesa. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ linguaportuguesa/fundamentos/papel-letras-interacao-social- 75 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II 432174.shtml?page=6>. Acesso em: 4 set. 2011a. ______. O que ensinar em Arte. Disponível em: <http:// revistaescola.abril.com.br/arte/fundamentos/conhecer-cultura- soltar-imaginacao-427722.shtml?page=0>. Acesso em: 4 set. 2011b. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 76 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II G ABARITO 1 Sobre a alfabetização, classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas: R.: A sequência correta é: F – V – V – V. 2 O termo letramento surge a partir da tradução da palavra inglesa literacy e tem como significado: c) ( ) Resultado da ação de ensinar e de aprender a ler e escrever, bem como o resultado da ação de uso dessas habilidades em práticas sociais. 3 Em 1981, Emília Ferreiro lança o livro Reflexões sobre a Alfabetização. Esta obra constitui-se em um importante material para a compreensão do processo de aquisição da leitura e da escrita. Leia o trecho desta obra: Temos uma imagem empobrecida da língua escrita: é preciso reintroduzir, quando consideramos a alfabetização, a escrita como sistema de representação da linguagem. Temos uma imagem empobrecida da criança que aprende: a reduzimos a um par de olhos, um par de ouvidos, uma mão que pega um instrumento para marcar e um aparelho fonador que emite sons. Atrás disso há um sujeito cognoscente, alguém que pensa, que constrói interpretações, que age sobre o real para fazê-lo seu. Um novo método não resolve os problemas. É preciso reanalisar as práticas de 77 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II introdução da língua escrita, tratando de ver os pressupostos subjacentes a elas, e até que ponto funcionam como filtros de transformação seletiva e deformante de qualquer proposta inovadora. Os testes de prontidão também não são neutros. [...] É suficiente apontar que a ‘prontidão’ que tais testes dizem avaliar é uma noção tão pouco científica como a ‘inteligência’ que outros pretendem medir. (FERREIRO, 1981, p. 32). O referido material apresenta informações: I- Que aproximam o leitor da pesquisa que representa uma revolução conceitual na alfabetização, colocando ofoco naquele que aprende. II- Do percurso pelo qual as crianças elaboram seu conhecimento a partir das ideias infundidas pelo professor sobre o sistema de escrita. III- Que expõe exemplos de como se dá o pensamento infantil sobre o sistema de escrita, demonstrando a originalidade e a provisoriedade dessas concepções. IV- Que não fornece elementos para a compreensão do por que a escola tem formado analfabetos funcionais. V- Que convida o educador à consciência da dimensão política da alfabetização, entendida como ferramenta de construção de cidadania. ( ) As sentenças I, III e V estão corretas. 4 Sobre o método silábico, assinale a alternativa CORRETA: 78 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II a) ( ) Contempla aspectos importantes para a apropriação do código escrito, mas supõe uma progressão fixa e previamente definida. 5 Sobre o método analítico, analise as sentenças a seguir: I- Orienta a apropriação do código escrito pelo caminho do todo para as partes. II- Possibilita a redução do alcance dos conhecimentos linguísticos, pois desconsidera as funções sociais da escrita. III- Utiliza textos curtos e repetitivos, para favorecer a estratégia de memorização, considerada fundamental. IV- Desconsidera a relação grafema/fonema como unidades de sentido. V- Valoriza exclusivamente o eixo da codificação e decodificação pela decomposição de elementos que se centram nos fonemas e sinais gráficos. b) ( ) As sentenças I e III estão corretas. 6 Com o Golpe Militar em 1964, os programas de educação popular foram extintos. Em substituição, o governo criou o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização). Referente ao objetivo deste programa, assinale a alternativa CORRETA: b) ( ) Atender aos objetivos políticos da ordem instituída no país. 7 Sobre a função reparadora da Educação de Jovens e Adultos, 79 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Tópicos em Educação II assinale a alternativa CORRETA: c) ( ) Refere-se à restauração do processo escolar para os alunos que não tiveram acesso à educação. 8 Sobre os temas transversais, assinale a alternativa CORRETA: c) ( ) Devem ser integrados às diferentes áreas do conhecimento. 9 No que diz respeito à escolha de uma metodologia de ensino, analise as sentenças a seguir: I- Deve levar à memorização e repetição dos conteúdos propostos. II- Deve respeitar as complexidades e especificidades dos conteúdos e a faixa etária dos educandos. III- Deve levar em consideração o conhecimento prévio dos discentes. IV- Deve introduzir novos conteúdos, associando-os à vivência do aluno. b) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. 10 Os conteúdos procedimentais devem oportunizar o desenvolvimento de aspectos que dizem respeito a desenvolver: c) ( ) Aspectos relacionados ao saber fazer.