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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ES SUMÁRIO 1 O ESTUDO DA FILOSOFIA................................................................................ 4 2 O QUE É FILOSOFIA? ....................................................................................... 4 3 ANTIGAS CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA .......................................................... 7 4 HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA .................................................. 8 5 O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO ............................................... 10 6 A EDUCAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE .............................. 12 7 O LUGAR EFETIVO DA EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES MODERNAS ........ 14 8 ESTRUTURA E DINÂMICA DO ENSINO NO BRASIL ..................................... 16 9 OS DONOS DO SABER E O SABER DOS DONOS ........................................ 17 10 SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO. ...................................................................... 19 11 PRINCIPAIS REPRESENTANTES: JEAN JACQUES ROUSSEAU ................. 25 12 PENSADORES INFLUENCIADOS PELO PENSAMENTO DE ROUSSEAU.... 26 13 A EDUCAÇÂO COMO CENTRO FILOSÓFICO ............................................... 28 14 A EDUCAÇÃO BIZANTINA .............................................................................. 29 15 MURALHAS DE CONSTANTINOPLA .............................................................. 31 16 A EDUCAÇÃO ISLÂMICA ................................................................................ 32 17 ESCOLAS MONACAIS ..................................................................................... 33 18 RENASCIMENTO CAROLÍNGIO ...................................................................... 34 19 PERFIL DE CARLOS MAGNO ......................................................................... 35 20 RENASCIMENTO DAS CIDADES: AS ESCOLAS SECULARES ..................... 36 21 COMO ERA A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA? .............................................. 43 22 AS UNIVERSIDADES ....................................................................................... 44 23 A EDUCAÇÃO DAS MULHERES ..................................................................... 45 24 PAGANISMO E CRISTIANISMO ...................................................................... 46 25 PATRÍSTICA ..................................................................................................... 48 26 ESCOLÁSTICA ................................................................................................. 49 27 AS CARACTERÍSTICAS FILOSÓFICAS DO CRISTIANISMO ......................... 51 28 FILOSOFIA MEDIEVAL E O CRISTIANISMO .................................................. 54 29 ANTIGUIDADE ROMANA: EDUCAÇÃO HEROICO-PATRÍCIA ....................... 55 30 EDUCAÇÃO COSMOPOLITA .......................................................................... 57 31 EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO ............................................................................... 62 32 FILOSOFIA TOMISTA: TOMÁS DE AQUINO ................................................... 63 33 ANTIGUIDADE ROMANA: A HUMANISTAS .................................................... 66 34 EXISTENCIALISMO ......................................................................................... 67 35 ESSENCIALISMO ............................................................................................. 69 36 A EDUCAÇÃO DIFUSA .................................................................................... 70 37 QUATRO IMPORTANTES FILÓSOFOS DA EDUCAÇÃO ............................... 72 38 A CONDUTA HUMANA E A EDUCAÇÃO ........................................................ 76 39 MORAL CIENTÍFICA E MORAL TRADICIONAL .............................................. 77 40 MORALIDADE ÉTICA ....................................................................................... 79 41 UMA NOVA FORMA DE CONHECIMENTO SEGUNDO A FILOSOFIA E SEUS PENSADORES ......................................................................................................... 82 42 O EMPIRISMO DE JOHN LOCKE .................................................................... 84 43 O PENSAMENTO: A GNOSIOLOGIA .............................................................. 85 44 IDEIAS METAFÍSICAS ..................................................................................... 86 45 MORAL E POLÍTICA ........................................................................................ 87 46 IDEIAS PEDAGÓGICAS ................................................................................... 88 47 DESCARTES E AS CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO VERDADEIRO ....... 94 48 LOCKE: A CONSCIÊNCIA – O EU, A PESSOA, O CIDADÃO E O SUJEITO.. 95 49 NA EDUCAÇÃO ................................................................................................ 97 50 O MÉTODO CIENTÍFICO E AS CIÊNCIAS HUMANAS ................................... 99 51 O PENSAMENTO GREGO: PLATÃO ............................................................. 100 52 ARISTÓTELES ............................................................................................... 103 53 O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO ...................................................... 104 54 OS SOFISTAS ................................................................................................ 105 55 TEORIA DOS DOIS MUNDOS DEFENDIDA POR PLATÃO .......................... 106 56 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR: UMA CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO ...................................................................................................... 108 57 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ................................................................................. 110 4 1 O ESTUDO DA FILOSOFIA Fonte: pt.slideshare.net "A Filosofia contribui para o estudo da Ética e Moral, demanda social negligenciada na formação do cidadão brasileiro" - Arthur Meucci. Desde 2006, Filosofia é disciplina obrigatória no Ensino Médio brasileiro. Para muitos, perda de tempo, pois exige maturidade intelectual que a maioria dos alunos não tem. Mas há defensores fervorosos de sua inclusão no currículo, caso do filósofo e psicanalista Arthur Meucci. "É a única disciplina da grade escolar que faz a ponte entre o português, a sociologia, a história e a matemática, além de contribuir para o estudo da Ética e Moral, demanda social negligenciada na formação do cidadão brasileiro", destaca. 2 O QUE É FILOSOFIA? A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. A filosofia é uma maneira de pensar e é também uma postura diante do mundo. 5 Fonte: www.nacaojuridica.com.br Antes de mais nada, ela é uma forma de observar a realidade que procura pensar os acontecimentos além da sua aparência imediata. Ela pode se voltar para qualquer objeto: pode pensar sobre a ciência, seus valores e seus métodos; pode pensar sobre a religião, a arte; o seu cotidiano, o próprio homem em sua cultura e imagem. A filosofia em síntese não é tão somente uma interpretação do já vivido, daquilo que esta você possa estar objetivando, mais também a interpretação das aspirações e desejos do que ainda está por vir e do que está para chegar. Para iniciar o exercício de filosofa, a primeira coisa a fazer é admitir o que vivemos e vivenciamos valores e que é preciso saber quais são eles. Filosofia é inventariar os valores que explicam e orientam nossa vida e a vida da sociedade, e que dimensionam as finalidades da prática humana. O segundo momento é o momento da crítica que é um modo de penetrar dentro desses valores, descobrindo -lhe a sua existência. A filosofia e educação estão vinculadasno tempo e no espaço. A pedagogia inclui mais elementos do que o pressuposto filosófico da educação, tais como os processos socioculturais, a concepção psicológica do educando e a forma do processo educacional. Para que possamos compreender ainda mais essa filosofia e como ela é parte de uma educação inteiramente possuía pela realidade e construção http://Fonte:%20www.nacaojuridica.com.br 6 cultural, segundo o filósofo e educador Demerval Saviani, a reflexão filosófica deve possuir as seguintes características: RADICALIDADE Chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é, aos seus fundamentos; à sua origem, não só cronológica, mas no sentido de chegar aos valores originais que possibilitaram o fato. A reflexão filosófica, portanto, é uma reflexão em profundidade. RIGOR A filosofia não considera os problemas isoladamente, mas dentro de um conjunto de fatos, fatores e valores que estão relacionados entre si. A reflexão filosófica contextualiza os problemas tanto verticalmente, dentro do desenvolvimento histórico, quanto horizontalmente, relacionando- os a outros aspectos da situação da época. CONTEXTUALIDADE Seguir um método adequado ao objeto em estudo, com todo o rigor, colocando em questão as respostas mais superficiais, comuns à sabedoria popular e a algumas generalizações científicas apressadas. 7 3 ANTIGAS CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA Fonte: www.hotfrog.com.br A história resulta da necessidade de reconstituirmos o passado, relatando os acontecimentos que decorreram da ação transformadora dos indivíduos no tempo, por meio da seleção e da construção dos fatos considerados relevantes e que serão interpretados a partir de métodos diversos. Os povos tribais, por exemplo, não privilegiam os acontecimentos da vida da comunidade, porque, para eles, o passado os remete aos “primórdios”, às origens dos tempos sagrados em que os deuses realizaram seus feitos extraordinários. Fazer história, nesse caso, é recontar os mitos, os acontecimentos sagrados que são “reatualizados” nos rituais, pela imitação dos gestos dos deuses. A civilização micênica a.C., quando ainda predominava o pensamento mítico: constatamos nesse período a ações humanas. A partir do século VI a.C., a filosofia surgiu na colônia grega da Jônia (atual Turquia) como uma maneira reflexiva de pensar o mundo, que rejeita a prevalência religiosa do mito e admite a pluralidade de interpretações racionais sobre a realidade. Para os gregos, o Universo era dividido em mundo sublunar e supralunar: o primeiro é o mundo terreno, temporal, sujeito à mudança, à corrupção e à morte, enquanto o supralunar é o mundo perfeito das esferas fixas, constituído pela “quinta essência” e, portanto, imóvel e eterno. 8 Apesar da novidade dessa investigação histórica, aberta à mudança, o que permaneceu na antiguidade e na Idade Média foi a visão platônica-aristotélica de um mundo estático em que se busca o universal, o que não garantia à história o status de ciência, sendo vista, portanto, como uma forma menor de retórica destituída de rigor e na qual, segundo alguns historiadores, eram feitas concessões demais à imaginação no relato dos fatos. Cabe a cada homem exercitar o seu “ser filósofo”, pôr-se em busca de uma apreensão significativa da cultura, de uma crítica leitura da realidade e de uma ação engajada no mundo. A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões: Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? 4 HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA www.slideplayer.com.br http://www.slideplayer.com.br/ 9 As imagens, assim como quadros, retratam a bem a fundamentação e característica história dentro de uma perspectiva transcendente da época, seja antiga ou moderna. Somente a partir da modernidade, com as mudanças que começaram a ocorrer no século XVII, o estudo da história tomou nova configuração, consolidada no Iluminismo do século XVIII. A história cíclica foi então substituída pela descrição linear dos fatos no tempo, segundo as relações de causa e efeito, então os historiadores não mais se orientavam pelo passado como modelo a seguir, mas desenvolveram a noção de processo, de progresso, investigando o que entendiam por “aperfeiçoamento da humanidade”. A pintura barroca na Itália Características: Disposição de elementos dos quadros, que sempre forma uma composição em diagonal; Contraste de claro-escuro nas cenas, o que intensifica a expressão dos sentimentos; Realismo, retratando não só a vida na burguesia, mas a vida do povo simples. A história da educação é um dos meios mais eficazes para cultivar um saudável ceticismo que evita a “agitação” e promove a “consciência” crítica. História que nasce nos problemas do presente e que surge pontos de vista ancorados num estudo rigoroso do passado. Uma das funções principais do historiador da educação é compreender esta lógica de “múltiplas identidades”, por meio da qual se definem memórias e tradições, pertenças e filiações, crenças e solidariedades. As palavras do cineasta Manuel de Oliveira na apresentação do seu último filme merecem ser recordadas: “O presente não existe sem o passado, e estamos a fabricar o passado todos os dias. Ele é um elemento de nossa memória, é graças a ele que sabemos quem fomos e como somos”. Com base nessas duas funções da história da educação devem exercer fecunda influência na política educacional, sobretudo nas situações críticas em que são gestadas as reformas educativas, depois transformadas em leis, a fim de que se possa defender a implantação de uma educação pública democrática e de qualidade. 10 5 O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO Com o pensamento de Marx (1818-1883) estamos diante do processo de desmascaramento da política liberal. O liberalismo, com a sua ênfase no homem como indivíduo que busca a satisfação de suas necessidades, subjugando a natureza, obtendo riquezas e bem-estar crescentes. Fonte: www.aulasdeyoruba.blogspot.com.br Nessa concepção o pressuposto subjacente é a de que a propriedade privada é um direito natural, socialmente útil e moralmente legítimo, uma vez que estimula o trabalho concorrencial e competitivo, combatendo o vício da preguiça e estimulando o crescimento social. Contudo, Marx parte de outro pressuposto. O homem é essencialmente ser histórico e social, marcado pela produção de sua existência em sociedade. Marx e Engels escrevem: "nós conhecemos somente uma única ciência: a ciência da história". Para Marx, o nosso jeito de ser e pensar é determinado pelas relações sociais de produção. Isso significa o termo materialismo. Nele, a consciência humana é determinada a pensar as ideias oriundas das condições materiais. Materialismo se opõe a idealismo. No caso, Marx se opõe ao idealismo de Hegel, que considera que http://Fonte:%20www.aulasdeyoruba.blogspot.com.br 11 são as ideias que movem o mundo. Para Marx. Hegel é pensador utópico, que interpreta o mundo de cabeça para baixo: é ideológico. Para Hegel, as instituições existentes derivam de necessidades racionais, legitimando uma certa ordem como imutável. Assim, Hegel, na concepção de Marx, transforma em verdades filosóficas dados que são puros fatos históricos e empíricos. Exemplificando, seria o mesmo que dizer que a constituição cria o povo, ou a religião cria o homem. É um pensamento essencialista, a-histórico, que fica nas frases e não mergulha no mundo real do qual as frases são um reflexo. Marx une a teoria à prática. Busca perceber as relações existentes entre ideiase fatos. Percebe que a prática, os conflitos, a luta entre os homens / classes é que gera as ideias e não o contrário. Estamos diante de fatos produzidos e não diante de leis a priori, eternas. Fazer essa inversão é ideologia, criticada por Marx. Para Marx, somos decorrência das práxis, da ação, dos conflitos históricos. O materialismo é histórico, pois a sociedade e política não são de instituição divina nem naturalmente dadas. Ao contrário, nascem e dependem da ação concreta dos seres humanos situados no tempo, fazendo história. O materialismo histórico pretende-se explicativo da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. "No caso do estado moderno, as ideias de estado de natureza, direito natural, contrato social e direito civil fundam o poder político na vontade dos proprietários dos meios de produção, que se apresentam como indivíduos livres e iguais que transferem seus direitos naturais ao poder político, instituindo a autoridade do estado e das leis" (CHAUÍ, M. Convite à filosofia, 2003, p.386). A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infraestrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as ideias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc.). A base da sociedade é a produção econômica. Sobre esta base econômica se ergue uma superestrutura, um estado e as ideias econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. Para Marx, as relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas, econômicas, sendo estas as determinantes. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, bem como modificam a maneira de ganhar a vida, modificando todas as relações sociais. Na medida em que 12 mudam os modos de produção, a consciência dos seres humanos também se transforma. Por isso, ao contrário do que muitos afirmam, não são as ideias humanas que movem a história, mas as condições históricas que produzem as ideias em cada época. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual. Mas uma vez, dizemos, portanto: "não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência". Assim, diz Meier (2009) em seu artigo “Karl Marx e a crítica à consciência moderna”, que Marx tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria injustiça social, onde a riqueza é resultante de um processo de exploração sobre o trabalhador. O capitalismo, de acordo com Marx é selvagem, considerando que o operário produz para o seu patrão, produz riqueza e colhe pobreza. O capitalismo se apresenta necessariamente como um regime econômico de exploração e degradação da vida, sendo a mais-valia a lei fundamental do sistema. Considerando que o fruto do trabalho não pertence ao trabalhador, e este permanece preso ao patrão, ocorre então o fenômeno da alienação, do trabalho alienado, na medida em que se manifesta como produção de um objeto que é alheio ao sujeito criador. Dessa forma, o operário se nega (é negado) no objeto criado. É o processo de objetificação, coisificação ou reificação. Por isso, o trabalho que é alienado permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Havendo essa apropriação do valor incorporado ao objeto graças à força de trabalho do sujeito-produtor, promove-se a negação da negação. Ora, se a negação é alienação, a negação da negação é a desalienação, a libertação. 6 A EDUCAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE Durante muito tempo se pensou que a educação formal, ou escolarização, seria um instrumento fundamental para o desenvolvimento social, cultural e econômico de um país. As grandes polêmicas do passado sobre escola pública ou privada, ensino leigo ou religioso, educação técnica ou humanística, partiam do suposto de que o que se estava decidindo era o próprio futuro do país. 13 Fonte: www.pt.slideshare.net Esta visão otimista do papel da educação coincidiu com os anos de grande expansão e modernização da sociedade brasileira, pela formação de grandes centros urbanos, o desenvolvimento da indústria e dos serviços e a expansão do setor público. Neste quadro de expansão e crescimento, ir à escola e obter as qualificações formais equivalia a adquirir o direito de acesso às novas oportunidades. Esta visão otimista da educação formal é hoje muito discutida, e existem muitos que acham que, na realidade, as escolas trazem muito mais malefícios do que benefícios à sociedade. Os críticos da educação formal se utilizam, principalmente, dos seguintes argumentos: O ensino formal discrimina contra as pessoas de origem social mais humilde, e não permite, de fato, nenhuma mobilidade social. As pessoas mais pobres têm mais dificuldade de ir à escola e aprender os conteúdos dos cursos, que são vasados em linguagem e cultura das classes mais favorecidas. Ao final dos estudos, os filhos de classes sociais mais favorecidas continuam nas melhores posições, e os das classes menos favorecidas, nas piores. Muito pouco do que é ensinado nas escolas realmente serve para alguma coisa. A maioria dos conteúdos transmitidos, em todos os níveis, são conhecimentos fragmentados e estéreis, sem ligação com a vida real das 14 crianças e dos adultos. O processo educacional, ao invés de ser formativo, se transforma na maioria das vezes em um ritual burocrático de memorização e repetição de informações inúteis, que penaliza as pessoas mais criativas e não conformistas. A imposição de conteúdos homogêneos a todo o sistema de ensino, principalmente no ensino da língua, leva à destruição da variedade linguística e cultural do país, intensificando a hierarquia e a discriminação entre campo e cidade, ricos e pobres, centro e periferia. Dada a pouca relevância e pertinência dos conteúdos transmitidos nas escolas, as exigências de diplomas para o trabalho profissional só servem para garantir os privilégios dos diplomados contra os demais, sob o manto da busca da competência e da qualificação. O surgimento da visão pessimista da educação formal coincide com o esgotamento do processo de expansão e modernização acelerados da sociedade brasileira. Ao final da década de 80, o Brasil é um país predominantemente urbano, a industrialização pela substituição fácil de importações já chegou a seus limites, as burocracias governamentais incharam tanto quanto podiam, e os empregos de classe média já não se expandem de forma a absorver o número crescente de pessoas que saem das escolas. 7 O LUGAR EFETIVO DA EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES MODERNAS Os adeptos mais fervorosos da visão pessimista da educação chegam ao extremo de propor o fim da escola formal, e sua substituição por uma grande variedade de mecanismos informais, espontâneos e não hierárquicos de transmissão de conhecimentos e desenvolvimento da criatividade e competência. 15 Fonte: www.educacaonabocadopovo.blogspot.com.br No entanto, da mesma forma que a Escola formal não pode, sozinha, promover o progresso social e eliminar as desigualdades, sua eliminação tampouco poderia produzir estes efeitos, e o mais provável é que aumentasse, ainda mais, os problemas com que hoje nos defrontamos. A realidade é que o Brasil de hoje precisa, mais do que nunca, de um sistema educacional moderno, adequado, que possa preparar nossa população para um mundo onde o manejo adequado da língua falada e escrita, do raciocínio formal e abstrato e da informação são cada vez mais importantes. Mas esta necessidade, para se transformar em realidade, não pode ser atingida com a ingenuidade dos que achavam, trinta ouquarenta anos atrás, que educar era, simplesmente, construir escolas. Apesar de nunca termos atingido o nível de investimentos em educação de outros países mais adiantados, e de nunca termos dado à educação a prioridade que ela recebe em outros tempos e lugares, o fato é que já acumulamos um volume suficientemente de problemas, equívocos e dificuldades que não recomenda a pura e simples injeção de mais dinheiro em nosso sistema educacional, sem, ao mesmo tempo, examinarmos em profundidade seus problemas, e tratarmos de procurar suas soluções. (SIMON, 1987) 16 8 ESTRUTURA E DINÂMICA DO ENSINO NO BRASIL Fonte: letrasmt.blogspot.com.br O ensino primário está praticamente estacionado em seu crescimento. Ele atende pouco mais de 80% da população, principalmente nos centros urbanos de centro-sul; a qualidade tende a ser baixa. O ensino secundário tem crescido mais, mas atende a uma parcela pequena da população, não proporciona formação profissional, dado o fracasso da lei 7044 de 1970; as melhores escolas são as particulares, e são as que selecionam para o vestibular. Existe ainda um pequeno ensino técnico de qualidade, englobando os sistemas SESI-SENAI e algumas escolas técnicas e agrícolas. Todo o ensino brasileiro está marcado por grandes discriminações sociais. A pré-escola, e principalmente o ensino superior, são quase privativos dos grupos de renda mais alta; os que ganham até um salário mínimo dificilmente terminam o primeiro grau; os de 2 a 5, dificilmente chegam ao segundo. O ensino superior é altamente estratificado, com divisões entre: Pós graduação e graduação Centro sul e Nordeste Profissões tradicionais e novas profissões setor público e setor privado. http://letrasmt.blogspot.com.br/ 17 9 OS DONOS DO SABER E O SABER DOS DONOS Fonte: www.overmundo.com.br Nenhum profissional pode considerar-se capacitado no momento em que recebe o diploma de graduação, pois ele nada mais é do que uma “chave” com a qual abrirá novas portas em busca de novos desafios, assim refletir acerca do conhecimento e da utilização do mesmo torna-se essencial no processo de formação do profissional das diferentes áreas. Todo aquele que quer ensinar-aprender, deve estar de posse da arte de manter-se firme em suas convicções sem ser dogmático, e respeitoso das convicções alheias sem ser subserviente. O conhecimento traz à luz da realidade e a partir dele é que a mesma pode ser transformada. Do ponto de vista da Filosofia o conhecimento que se pode ter do mundo humano pode oferecer bases mais sólidas nas interações sociais que produzem, mantêm ou transformam a sociedade. O estudante só apreende na medida em que aquilo que é ensinado é significativo para esse estudante, é compreendido como capaz de satisfazer suas necessidades. Dessa forma, passa-se a entender que todos os programas de ensino devem ter as necessidades dos alunos, no contexto do mundo em que vivem como ponto de partida para que sejam alcançados os objetivos educacionais mais amplos. Por um lado, na concepção da educação, o estudante passa a ser visto como o centro e o sujeito do processo educativo; por outro lado, os métodos ativos de aprendizagem passam a ser cada vez mais considerados como os mais adequados 18 para a eficiência do processo educativo. A filosofia, em contrapartida às demais áreas científicas, preocupadas com o entendimento adequado de algo a elas externo, debruça-se sobre si mesma, a fim de expor o procedimento do pensar enquanto tal. Ela legitima sua importância para a educação pela prática de um procedimento autocrítico. A educação está fundada em vertentes pedagógicas que divergem quanto a sua concepção de ser humano, que refletem claramente na prática educativa, já que convergem para um ideal de educação em função de metas e fins. Por isso, é que nos deparamos com o momento atual da educação em que sentimos a necessidade de unir as formas de pensamento que já vigoraram, buscando horizontes e novas perspectivas. A ênfase da pós-modernidade deve estar na sensibilidade, na flexibilidade e na cultura da imagem. A educação deve cumprir os compromissos que lhe são dados pelo seu tempo, fazendo o conhecimento ser vivenciado. A escola e os próprios alunos também exigem que ele atenda a outras necessidades que não a de educar. Há um certo esquecimento da formação do sujeito e o que é ensinado na escola afastou-se da vida dos alunos. Sem esta proximidade extremamente necessária, os alunos estão se afastando das escolas, o que implica numa série de problemas de ordem social, como a marginalização e a proliferação da violência. Por tudo isso, é que se faz necessária a reformulação da prática educativa. Faz-se necessário retomar velhos preceitos, aprender com antigas teorias, remodelar as novas e assim enfrentar os desafios da pós-modernidade, onde não podemos nos prender a nada, mas sim utilizar de nossa liberdade para formarmos nossa própria ação. 19 10 SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO. Fonte: www.pt.slideshare.net O que é socialização afinal? A socialização pressupõe a interação social, a capacidade de integrar-se a um grupo, assimilando padrões sociais. O que interfere na maneira como o sujeito percebe o mundo, o outro e a si mesmo. O processo de interação, a socialização, inicia-se no nascimento do sujeito e só se encerra com a morte, fazendo uso da linguagem para interagir e integrar os indivíduos. O ato de educar acontece no processo histórico/filosófico de cada grupo social no qual são repassadas as tradições, mas também, os valores e normas no sentido de contribuir com a personalidade do jovem estudante. Notadamente, educar vai além de transmissão de conhecimentos. É a forma de fornecer a alguém os cuidados necessários ao pleno desenvolvimento físico, intelectual e moral. É promover o processo de formação do outro como ser humano integral. Destacamos que a educação escolarizada não é o único espaço na sociedade que promove processos educativos e que orienta a vivência dos estudantes. Ao contrário, o estudante quando chega à universidade traz experiências e concepções construídas na família e na comunidade e em outros espaços. Tais experiências e concepções construídas, muitas vezes, entram em choque com os valores e normas 20 estabelecidas pela educação escolarizada. O debate sobre papel de ser educador e como este necessita pensar sobre a realidade em que estamos inseridos é fundante para que nossos estudantes compreendam que vamos precisar de pessoas éticas e responsáveis para construir outra nação. Daí a necessidade de professores/as e estudantes discutirem no mundo contemporâneo as suas práticas e lutarem decididamente por relações em que todos e todas se sintam sujeitos históricos. Questão 01 Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida. KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa: a) A reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressãoda maioridade. b) O exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas. c) A imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma. d) A compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento. ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 21 e) A emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão. Questão 2 Texto I O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos — seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes. Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010. Texto II Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a: a) Incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle policial. b) Manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos administrativos. c) Inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras. d) Dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com valores democráticos. 22 e) Incapacidade das instituições político legislativas em formular mecanismos de controle social específicos à realidade social brasileira. Questão 3 Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça. KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963 (adaptado). O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos Estados Unidos nos anos 1950, conduziu à mobilização social. Nessa época, surgiram reivindicações que tinham como expoente Martin Luther King e objetivavam: a) A conquista de direitos civis para a população negra. b) O apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço urbano. c) A supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade negra sulista. d) A incorporação dos negros no mercado de trabalho. e) A aceitação da cultura negra como representante do modo de vida americano. Questão 4 É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder. MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado). A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito: a) Ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo. b) Ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis. c) À possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis. 23 d) Ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das consequências. e) Ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais. Questão 5 Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das ideias formava- se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012. O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C. 346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação? a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles. c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis. d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não. e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão. Questão 6 Texto I Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por filtragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). 24 Texto II Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha. ” GILSON, E.: BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado). Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que: a) Eram baseadas nas ciências da natureza. b) Refutavam as teorias de filósofos da religião. c) Tinham origem nos mitos das civilizações antigas. d) Postulavam um princípio originário para o mundo. e) Defendiam que deus é o princípio de todas as coisas. 25 11 PRINCIPAIS REPRESENTANTES: JEAN JACQUES ROUSSEAU Fonte: www.oespiritualismoocidental.blogspot.com.br Na história das ideias, o nome do suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) se liga inevitavelmente à Revolução Francesa. Dos três lemas dos revolucionários - liberdade, igualdade e fraternidade -, apenas o último não foi objeto de exame profundo na obra do filósofo, e os mais apaixonados líderes da revolta contra o regime monárquico francês, o admiravam com devoção. O princípio fundamental de toda a obra de Rousseau, pelo qual ela é definida até os dias atuais, é que o homem é bom por natureza, mas está submetido à influência corruptora da sociedade. Um dos sintomas das falhas da civilização em atingir o bem comum, segundo o pensador, é a desigualdade, que pode ser de dois tipos: a que se deve às características individuais de cada ser humano e aquela causada por circunstâncias sociais. Entre essas causas, Rousseauinclui desde o surgimento do ciúme nas relações amorosas até a institucionalização da propriedade privada como pilar do funcionamento econômico. O primeiro tipo de desigualdade, para o filósofo, é natural; o segundo deve ser combatido. A desigualdade nociva teria suprimido gradativamente a liberdade dos indivíduos e em seu lugar restaram artifícios como o culto das aparências e as regras de polidez. Ao renunciar à liberdade, o homem, nas palavras de Rousseau, abre mão da própria qualidade que o define como humano. 26 Ele não está apenas impedido de agir, mas privado do instrumento essencial para a realização do espírito. Para recobrar a liberdade perdida nos descaminhos tomados pela sociedade, o filósofo preconiza um mergulho interior por parte do indivíduo rumo ao autoconhecimento. Mas isso não se dá por meio da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa entrega sensorial à natureza. Até aqui o pensamento de Rousseau pode ser tomado como uma doutrina individualista ou uma denúncia da falência da civilização, mas não é bem isso. O mito criado pelo filósofo em torno da figura do bom selvagem - o ser humano em seu estado natural, não contaminado por constrangimentos sociais - deve ser entendido como uma idealização teórica. Além disso, a obra de Rousseau não pretende negar os ganhos da civilização, mas sugerir caminhos para reconduzir a espécie humana à felicidade. Não basta a via individual. Como a vida em sociedade é inevitável, a melhor maneira de garantir o máximo possível de liberdade para cada um é a democracia, concebida como um regime em que todos se submetem à lei, porque ela foi elaborada de acordo com a vontade geral. Não foi por acaso que Rousseau escolheu publicar simultaneamente, em 1762, suas duas obras principais, Do Contrato Social - em que expõe sua concepção de ordem política - e Emílio - minucioso tratado sobre educação, no qual prescreve o passo-a-passo da formação de um jovem fictício, do nascimento aos 25 anos. 12 PENSADORES INFLUENCIADOS PELO PENSAMENTO DE ROUSSEAU Fonte:www.pensador.com 27 Johann Friedrich Herbart: Nasceu em Oldenburgo, Alemanha, em maio de 1776, vindo a falecer em agosto de 1841. Filho de um brilhante advogado e mãe inteligente com forte gosto literário a qual sempre o acompanhou em seus estudos. Seu pai enviou-o Iena com o objetivo de prepará-lo para a profissão de advogado, no entanto Herbart não apresentava nenhuma inclinação para o Direito. Tornou-se filósofo, psicólogo e teórico da educação a partir de sua experiência como preceptor particular dos três filhos do governador de Interlaken, na Suíça e também sob a influência de “Schiller, que nesta época, estava escrevendo suas Cartas sobre a Educação Estética do Homem”. (EBY, 1978, p.409) Foi educando seus três alunos que Herbart confrontou-se com situações práticas de ensino, daí surgindo toda a sua contribuição para a pedagogia como ciência, dando rigor e cientificidade ao seu método; sendo o primeiro também a elaborar uma pedagogia que pretendia ser uma ciência da educação, foi o precursor de uma psicologia experimental aplicada pedagogia. Por isso acabou sendo considerado o “Pai da Psicologia Moderna” e “Pai da moderna ciência da educação”. Friedrich Froebel: Natural de Oberweibach na Alemanha, filho de um pastor protestante, ficou órfão de mãe em tenra idade e foi criado com certa aspereza pela sua madrasta, dos 10 aos 14 anos foi morar com seu tio materno, também pastor, anos que considerou feliz. Resultado de seu temperamento introspectivo passou a observar e interpretar as atividades das crianças, despertando nele um grande interesse pelas experiências de natureza infantil. Após várias tentativas em encontrar uma profissão de acordo com sua vocação, acabou por descobrir na atividade educativa uma sua aptidão que correspondia aos seus anseios. Sua vida acadêmica iniciou-se com a escola primária, depois entrou para a Universidade de Iena, onde revelou grande aptidão para a matemática, ciências naturais, agricultura e arquitetura. Tornou-se em seguida, professor da escola de Grüner, discípulo de Pestalozzi a quem visitou em Yverdun. Para Froebel, a unidade social era sempre um princípio de unidade universal, inclusive cósmica. Esse propósito de naturalização de um sentimento de amor pelo universo criado por Deus e transferido para a sociedade deveria ser compreendido e defendido pela educação. A identificação da educação com o desenvolvimento, a 28 subordinação da ação educativa atividade interessada da criança, a utilização do jogo e do trabalho manual como instrumentos da aprendizagem, são caracteres do sistema froebeliano que o tornam precursor das teorias educacionais contemporâneas. Todavia, a pedagogia científica rejeita o método das formas geométricas de Froebel, por abstrato e artificial. 13 A EDUCAÇÂO COMO CENTRO FILOSÓFICO A Educação na Idade Média é marcada predominantemente pela filosofia religiosa e heranças culturais Greco-romanas, Germânicas, Bizantinas e Islâmicas adaptadas ao Cristianismo. Restringia-se à preservação dos princípios religiosos em que a razão se encontrava a serviço da fé. Sua finalidade era a salvação da alma e a vida eterna. Fonte: www.slideplayer.com.br A Educação na Idade Média é marcada predominantemente pela filosofia religiosa e heranças culturais Greco-romanas, Germânicas, Bizantinas e Islâmicas 29 adaptadas ao Cristianismo. Restringia-se à preservação dos princípios religiosos em que a razão se encontrava a serviço da fé. Sua finalidade era a salvação da alma e a vida eterna. A Idade Média compreendeu um período de mil anos, desde a queda do Império Romano (476) até a tomada de Constantinopla (atual Istambul) pelos turcos (1453). Esse período sofreu diversas transformações econômicas, sociais e culturais; porém a educação permaneceu praticamente estática, sem grandes alterações e progressos. Com a decadência do antigo Império Romano do Ocidente provocada pela fragmentação em inúmeros reinos bárbaros de diversas origens no início do século V, o Império Bizantino ou Romano do Oriente em contrapartida, manteve-se econômico e culturalmente adiantado. 14 A EDUCAÇÃO BIZANTINA Fonte: pt.slideshare.net O Império Bizantino foi herdeiro do Império Romano do Oriente tendo sua capital em Constantinopla ou Nova Roma. Durante o seu período de existência, o 30 grande governante que teve em sua região foi Justiniano, um legislador que mandou compilar as leis romanas desde a República até o Império; combateu as heresias, procurando dar unidade ao cristianismo, o que facilitaria na monarquia. Internamente enfrentou a Revolta de Nika (fruto da insatisfação popular contra a opressão geral dos governantes e aos elevados tributos), já no aspecto externo realizou diversas conquistas, pois tinha o objetivo de reconstruir o antigo Império Romano. Contudo, esse império conseguiu atravessar toda a Idade Média como um dos Estados mais fortes e poderosos do mundo mediterrâneo. É importante ressaltar que o Império Bizantino ficou conhecido por muito tempo por Império Romano do Oriente. No entanto, este não foi capaz de resistir à migração ocorrida por germanos e por hunos, o que acabou por fragmentar em reinos independentes. Como população teve a concentração dos Sírios, Judeus, Gregos e Egípcios. Destacando-se três governadores durante todo império: Constantino (fundador de Constantinopla); Teodósio (dividiu efetivamente o império); e, Justiniano. Este durante o seu governo atingiu o apogeu da civilização bizantina. Pois, teve uma política externa; retomou vários territórios; modificou aspectos do antigo Direito Romano (o Corpus juris Civilis – Corpo do Direito Civil); e ainda, realizou a construção da Igreja de Santa Sofia, altamente importante por seu legado cultural arquitetônico. Com a utilizaçãode uma política déspota e teocêntrica, utilizou uma economia com intervenção estatal, com comércio e desenvolvimento agrícola. Além do mais, durante o período denominado por Império Bizantino, a economia era bastante movimentada, principalmente no comércio marítimo e sob o controle o estado. Sendo que, o seu controle deu-se por Constantinopla até o século XI. 31 15 MURALHAS DE CONSTANTINOPLA Fonte: www.papodehomem.com.br A sociedade urbana demonstrou enorme interesse pelos assuntos religiosos, facilitando o surgimento de heresias, como por exemplo, a dos monofisistas e dos iconoclastas, e de disputas políticas. No âmbito religioso, as heresias deram-se através do arianismo que negaram a Santíssima Trindade; além do caso do arianismo, teve ainda, a questão monofisista, esta nega a natureza humana de Cristo, afirmando que Cristo tinha apenas natureza divina (o monofisismo foi difundido nas províncias do Império Bizantino e acabou identificada com aspirações de 48 independência por parte da população do Egito e da Síria); por fim, no tocante à iconoclastia, ocorre a grande destruição de imagens e a proibição das mesmas nos templos. Durante o período que ficou conhecido por Cisma do Oriente, ocorre a divisão da Igreja do Oriente, a igreja divide-se em Católica Romana e Ortodoxa Grega. 32 16 A EDUCAÇÃO ISLÂMICA Fonte: www.academiaislamica.org.br Por volta do século VII, a Arábia era ocupada por tribos de origem semita, hostis entre si, politeístas, místicas e supersticiosas. Eram cerca de trezentas tribos, distribuídas no litoral da península Arábica (tribos urbanas) e no deserto (beduínos). As tribos urbanas tinham boas condições de sobrevivência, vivendo da agricultura e do comércio; já a vida no deserto era muito difícil e os beduínos não conseguiam sobreviver só como pastores e, por isso, praticavam o butim (saques a caravanas). A cidade de Meca era o centro comercial e religioso mais importante da Arábia pré-islâmica; ali eram realizadas as feiras, e ali ficava o santuário da Caaba, com a Pedra Negra e as diversas imagens cultuadas pelas tribos de então. Foi nesse cenário que nasceu Maomé, na tribo dos coraixitas, guardiã da Caaba. Ele era de uma família pobre e ficou órfão aos seis anos de idade; aos quinze, passou a trabalhar como guia de caravanas, que percorriam os desertos do Oriente Médio. Nessas viagens, fez contato com povos e religiões diferentes, que muito iriam influenciar o seu futuro. Conheceu o judaísmo e o cristianismo, assimilou os ensinamentos dessas religiões e integrou-as num sincretismo, isto é, somou elementos das duas religiões e alguns costumes e tradições árabes, surgindo assim, o Islamismo. 33 Isso só foi possível graças ao seu casamento com Cadidja, uma viúva rica, que possibilitou a Maomé a tranquilidade econômica para que ele pudesse dedicar-se à meditação. Maomé, então, iniciou a propagação do Islamismo (abandono à vontade de Alá). Se sentido seguro começou a pregação pública aos coraixitas, de quem viria a maior oposição, visto que estavam ligados ao politeísmo que dominava a Arábia. A perseguição e uma tentativa de assassinato fizeram com que Maomé fugisse de Meca para Medina em 622. É a Hégira, ou a fuga, que marca o início do calendário muçulmano. Em Medina, Maomé conseguiu adeptos e começou a atacar caravanas, cujos hábitos ele conhecia muito bem. Seus êxitos militares eram transformados em prova da existência de Alá. Seu prestígio cresceu na mesma proporção que aumentaram os problemas de Meca. Em 630, com o apoio dos árabes do deserto, Maomé destruiu os ídolos da Caaba, menos a Pedra Negra. Estava implantado o monoteísmo e com ele surgia o Islão, o mundo dos submissos de coração a Alá e obedientes ao seu representante, o Profeta Maomé. Dessa forma, a Arábia foi unificada como um Estado teocrático. 17 ESCOLAS MONACAIS Fonte: www.pt.slideshare.net 34 Com a queda do Império, escolas leigas e pagãs continuaram funcionando precariamente em algumas cidades e com a decadência da sociedade merovíngia as escolas entraram também em desagregação, então surgiram as escolas cristas, ao lado dos mosteiros e catedrais, e com isso os funcionários leigos do Estado passaram a ser substituídos por religiosos, que eram os únicos que sabiam escrever e ler. O monarquismo é um movimento religioso que começou lentamente com a vida solitária dos monges e com o tempo exerceu influência na cultura da Alta Idade Média. Criar escolas não era a finalidade principal dos mosteiros, porém as atividades pedagógicas tornaram-se inevitável à medida que era preciso instruir os novos irmãos, então começaram a surgir novas escolas monacais em que se aprendiam o latim e as humanidades, os melhores alunos coroavam a aprendizagem com o estudo da filosofia e a teologia. Os Mosteiros foram assumindo o monopólio da ciência, tornando-se principal reduto da cultura medieval, guardavam nas bibliotecas grandes tesouros da cultura greco-latina e traduziam obras para o latim adaptando algumas e reinterpretavam outras à luz do cristianismo. 18 RENASCIMENTO CAROLÍNGIO Fonte: www.pt.slideshare.net 35 Logo após a coroação de Carlos Magno como imperador dos Francos, o mesmo introduziu uma moeda, uma escrita e um sistema de pesos e medidas comuns no império. Carlos Magno, consagrado como eficiente comandante que, junto aos seus dozes pares, cristianizou e modernizou a Europa, também impulsionou as artes e as ciências. Em torno de si ele reuniu os mais importantes pensadores da época e os incumbiu de compilar todo o saber conhecido até o período, o que estabeleceu um florescimento cultural, conhecido como renascimento carolíngio. Carlos Magno criou escolas nos mosteiros, nas catedrais e nos palácios, conhecidas como Escolas Palacianas. A principal escola palaciana foi criada em Aachen, capital do Império Franco. Esse "Renascimento carolíngio" é de fenomenal importância, pois foi através dele que os francos se tornaram um elo entre a Antiguidade e a Europa da Idade Média. Com isso o medievo ficou definitivamente influenciado pelas ideias dos mestres da Antiguidade. As primeiras universidades Europeia, como foram os casos de Bolonha e Oxford, surgiram dessa tradição criada por Carlos Magno, principalmente dos conhecimentos produzidos nos mosteiros. 19 PERFIL DE CARLOS MAGNO Fonte: www.pt.slideshare.net 36 Carlos Magno foi um grande líder militar da Idade Média. Expandiu os seus domínios, sobretudo em duas frentes: a leste conquista a Saxónia e a Caríntia e impõe derrotas aos povos pagãos - ávaros e eslavos; a sul, adquire domínios na região itálica, apropriando-se mesmo da Lombardia em 774. Todas estas campanhas granjearam-lhe, mais tarde, os estatutos de Imperador, Patrício dos Romanos e Protector da Santa Sé, visto que foi responsável pela difusão do Cristianismo. Recuperou a glória imperial que já havia sido testemunhada no Império Romano. Para além disso, enriqueceu, em parte, a economia estatal porque, ao alargar o seu território, conseguiu impor novos impostos sobre as populações agora submetidas ao seu poder. Com amargura, não conseguiu concretizar o sonho de tomar a Península Ibérica, na altura dominada maioritariamente pelos muçulmanos, isto sem falar dos imprevisíveis montanheses bascos (vascões) que, com as suas emboscadas, causaram sérias baixas nas suas tropas (em Roncesvales - 778, a retaguarda do exército carolíngio foi mesmo varrida, tendo mesmo tombado em combate o conde Rolando, importante vassalo de Carlos Magno). Mesmo assim, as forças cristãs conseguiriam, mais tarde, chegar até Barcelona que cairá entre 800 e 801 d. C. (feito que se deve a Luís, o Pio - filho de Carlos Magno que o tinha enviado), gerando assim a Marca Hispânica. Mas Carlos Magno não foi apenas mais um grande soberano medievalque somou variados e elogiosos triunfos no campo belicista, até porque a sua genialidade propagou um notável eco na vertente cultural. A necessidade de criar um povo mais astuto fazia parte dos objetivos prioritários do seu reinado. 20 RENASCIMENTO DAS CIDADES: AS ESCOLAS SECULARES As escolas seculares, prefiguravam uma revolução, no sentido de contestar o ensino religioso, muito formal ao qual contrapunham uma proposta ativa, voltada para os interesses da classe burguesa em ascensão. 37 Fonte: www.pt.slideshare.net Inicialmente as escolas não tinham acomodações adequadas e os mestres recebiam os alunos em diferentes locais. No século XIII a burguesia dividiu-se entre o rico praticamente urbano, dedicado as atividades bancarias, e os seguimentos de pequenos comerciantes e artesões. Os primeiros começaram a se aproximar a classe nobre então dirigente desprezando o trabalho manual dos artesões, com consequência disso eles preferiram uma educação voltada para a cultura desinteressada deixando para a burguesia plebeia as escolas profissionais em que leitura e escrita se achavam reduzida mínimo. Por volta do século XI, o comércio ressurge, as moedas voltas a circular, as cidades crescem e aos poucos as vilas se libertam e transforma-se em comunas ou cidades livres. As modificações no sistema de educação fazem surgir às escolas seculares. Secular significa do século, do mundo, qualquer atividade não-religiosa. O desenvolvimento do comércio faz reaparecer a necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular. Os burgueses de início frequentaram as escolas monacais e catedrais, mas logo procuraram uma educação que atendia aos objetivos da vida prática. Por volta do século XII surgem pequenas escolas nas cidades mais importantes, com professores leigos nomeados pela autoridade municipal. O latim foi substituído pela língua nacional. As escolas seculares prefiguram uma revolução, contestando o ensino religioso contrapondo umas propostas ativas, voltadas para os interesses da classe burguesa em ascensão. No início as escolas não dispõem de 38 acomodações adequadas. Procuraram restabelecer a educação voltada para a cultura “desinteressada”, deixando para a burguesia plebeia as escolas profissionais em que a leitura e escrita se acham reduzidas ao mínimo. Outro elemento na educação secular da Idade Média foi constituído pelo desenvolvimento da cavalaria. A educação do cavaleiro realizava-se no seio da família. Dos sete aos quinze anos, eram mandados para outro castelo a ser pajem. Aos vinte e um anos, após rigorosas provas de valentia, o escudeiro é sagrado cavaleiro. A educação deles não destacava as atividades intelectuais, muitos não sabiam ler e escrever, mas valorizava as habilidades da caça e da guerra e cuidavam mais com a formação espiritual. Questão 01 A importância do ensino de Filosofia, no Ensino Médio, está, dentre outros vários fatores, na possibilidade de propiciar ao aluno a condição de aprender a pensar. Dito isto, é CORRETO afirmar que: a) O ensino de Filosofia, no atual contexto pós-moderno, se apresenta como superado e descartável. b) A Filosofia, como uma disciplina acadêmica, firma-se como um objeto de indagação e investigação para os estudantes secundaristas. c) A Filosofia, como uma forma encontrada pelo homem para compreender a realidade que o cerca, não se enquadra na proposta pedagógica do Ensino Médio. d) Os estudos referentes à Filosofia podem ser abarcados por outras disciplinas, como a História, o que tornaria o ensino de Filosofia, no nível médio, algo supérfluo. e) O estudo descritivo e crítico dos processos gerais do conhecimento não deve ser uma preocupação na formação dos alunos secundaristas. Questão 02 ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 39 O ensino de Filosofia deve propiciar aos alunos a possibilidade da reflexão. Sobre o conceito de reflexão, é CORRETO afirmar que se trata da (do): a) Operação discursiva do pensamento que consiste em encadear logicamente juízos e deles tirar uma conclusão. b) Operação lógica em que, de dados singulares suficientemente enumerados, inferimos uma verdade universal. c) Ato do conhecimento que se volta sobre si mesmo, tomando como objetivo seu próprio ato. d) Ato de influenciar as pessoas por meio da comunicação de massa. e) Relação estabelecida entre as pessoas, entre os sujeitos. Questão 03 Moral e Ética, muitas vezes, na linguagem cotidiana, são tidas como sinônimos; porém, para a Filosofia, compõem áreas distintas do pensamento filosófico. Partindo desta constatação, estaria CORRETA a afirmação que se completa na alternativa: a) A Ética se aplica à disciplina filosófica que trata de estabelecer os fundamentos e a validade das normas morais e dos juízos de valor ou de apreciação sobre as ações humanas, qualificando-as de boas ou más. b) A Ética não chamou a atenção de filósofos gregos como Aristóteles. c) A questão da moral não se enquadra nos estudos sobre Ética. d) No século XVII, Spinosa negou a importância dos estudos sobre Ética. e) Os estudos sobre Ética só tomaram fôlego no século XX com a obra de filósofos, como Michel Foucault e Jean Paul Sartre. Questão 04 Quando os filósofos se referem à Teoria do Conhecimento, eles estão se remetendo a uma área da Filosofia que tem por meta: a) Se opor à chamada Epistemologia. b) A crítica da Gnoseologia, negando sua importância nos estudos sobre o conhecimento humano. 40 c) A reestruturação do conceito de racionalidade, substituindo-o pelo de subjetividade. d) Ao estudo exclusivo das atitudes subjetivas, negando a importância das atitudes lógico-racionais. e) O estudo descritivo e crítico dos processos gerais do conhecimento. Questão 05 Considerando-se o conhecimento metafísico, no que concerne ao conhecimento humano, é CORRETO afirmar que este: a) Ocorre, porque a razão humana é capaz de apreender, muito naturalmente, a essência das coisas. b) Foge da esfera de atuação da iluminação divina. c) Partindo da abstração, nega as experiências sensíveis. d) Não está ligado às noções de verdade e de ação boa. e) Não se consubstancia a partir de modelos prototípicos, como pensava Platão. Questão 06 A cosmologia é a parte da filosofia, que estuda o mundo, a natureza, dialogando com a parte da metafísica, que se ocupa da essência da matéria. Acerca deste conhecimento, podemos associá-lo: a) À chamada Epistemologia pós-moderna. b) À atuação filosófica dos pré-socráticos. c) Ao mito da caverna de Platão. d) Aos estudos de Foucault sobre a sexualidade ocidental. e) Ao estudo desenvolvido por Spinoza sobre a metafísica. Questão 07 A Lógica investiga a validade dos argumentos e dá as regras do pensamento correto. Acerca desta área da Filosofia, é CORRETO afirmar que: a) Se trata do estudo normativo das condições da verdade, ou seja, da consequência e da verdade da argumentação. 41 b) Só teve reflexo na obra dos pensadores pré-socráticos. c) Se limita ao estudo da chamada lógica formal. d) Encontra em Karl Marx um dos seus mais notórios teóricos. e) É o principal objeto das indagações filosóficas de Simone de Beauvoir. Questão 08 Sobre Pitágoras de Samos (século VI a. C.), filósofo, matemático e místico, que atuou em Atenas e lá fundou uma escola filosófica dedicada à investigação dos mistérios do universo. Sobre o pensamento de Pitágoras, é CORRETO afirmar que: a) Renovou ideias herdadas de Aristóteles. b) Acreditava que o conhecimento deveria modificar as pessoas, e estas deveriam merecer o conhecimento. c) Pregava uma relação de total liberdade entre o mestre e seus discípulos. d) Encontrou eco na obra de filósofos posteriores, como Marco Aurélio. e) Limitou-se ao estudo dos fenômenos da natureza. Questão 09 O conceito de Dialética tomou parte naspreocupações filosóficas de pensadores, como Hegel, Engels e Marx. Sobre o conceito de dialética em Hegel, é CORRETO afirmar que se trata da: a) Ciência das leis gerais do movimento, tanto do mundo externo como do pensamento humano. b) Marcha do pensamento que procede por contradição, passando por três fases - tese, antítese e síntese -, reproduzindo o próprio movimento do ser absoluto ou ideia. c) Sistematização do chamado materialismo histórico. d) Organização política e econômica que torna comuns os bens de produção. e) Situação do filósofo cujo pensamento supõe comprometimento com a situação social e política vivida. 42 Questão 10 Sócrates teve um papel importantíssimo na configuração da Filosofia em Atenas, no século V a. C. Sobre este fato, é CORRRETO afirmar que a preocupação maior da filosofia socrática era a de: a) Interpretar o mundo como sendo espiritual e organizado, segundo uma moral fundamentada em verdadeiros conceitos imutáveis. b) Compreender as causas primeiras e os fins últimos de todas as coisas. c) Que o autoconhecimento poderia ser obtido por meio da ironia e da maiêutica. d) Fazer um estudo crítico da história, comparando a história grega com a dos povos orientais, a fim de mostrar que o mundo era mais amplo do que se imaginava. e) Mostrar que todo o conhecimento era obtido por intermédio dos sentidos humanos e que, por esses serem falhos, era relativo e limitado. 43 21 COMO ERA A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA? Fonte: www.pt.slideshare.net A educação era para poucos, pois só os filhos (nem todos) dos nobres estudavam a maioria era analfabeta. Marcada pela influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros. A Igreja era a dona da cultura e conhecimento, pois controlava grande parte do saber herdado da Antiguidade Clássica. Os mosteiros medievais ficaram célebres por sua política de hospitalidade, dando abrigo temporário a peregrinos e andarilhos e pelas minuciosas e caprichosas cópias manuais de textos e livros da Antiguidade Clássica. Como os livros, pergaminhos, manuscritos e documentos ficavam nos mosteiros e nas universidades da igreja, os padres detinham praticamente o monopólio da cultura erudita que, segundo a visão predominante na época, representava um perigo para as mentes e as crenças cristãs (isso foi bem retratado no filme O Nome da Rosa). Educação bizantina: Inicialmente, não era para pobres, era só para filhos de ricos... as escolas bizantinas baseavam a instrução na literatura grega clássica. Os escritores imitavam a prosa de Tucídides, porque foi o mais profundo historiador da antiguidade, e tinha uma visão realista e racional, pois se preocupava em narrar os http://www.pt.slideshare.net/ 44 acontecimentos com imparcialidade e precisão, explicando suas causas. A educação feminina: As moças de famílias nobres não iam à escolas, mas tutores particulares as orientavam com boa educação em sua própria casa, mesmo assim havia mulheres que eram médicas. 22 AS UNIVERSIDADES Fonte: www.pt.slideshare.net As universidades surgidas na Idade Média representaram um modelo novo e original de educação superior que exerce até hoje um importante papel de desenvolvimento da cultura. No século XII, procurava-se ampliar os estudos de filosofia, teologia, leis e medicina, a fim de atender as solicitações de uma sociedade mais complexa, surgindo a necessidade de certos mestres. A atividade docente na universidade era desenvolvida conforme o método da Escolástica, baseado na literatura e nas discussões, pelas quais os estudantes exercitavam as artes da dialética. A universidade tornou-se centro de fermentação intelectual, a Igreja que mantivera a hegemonia da cultura e espiritualidade no Ocidente passou a ser afrontada, o temor provocado pelas heresias teve a difusão do 45 ressurgimento da cidade. A Igreja conservadora resolveu instalar a Inquisição ou Santo Ofício, para apontar o “desvio da fé”. As universidades entraram em decadência no século XIV, pelo dogmatismo decorrente da ausência de debate, resistindo às mudanças, tentavam manter a influência escolástica de recusa à observação e experimentação, das tendências que prenunciavam o nascimento da ciência moderna. 23 A EDUCAÇÃO DAS MULHERES Fonte: www.slideplayer.com.br Na Idade Média as mulheres não tinham acesso à educação formal, a mulher pobre trabalhava muito ao lado do marido e permaneciam analfabeta, as meninas nobres só aprendiam algumas coisas quando recebiam aulas em seu próprio castelo, estudavam músicas, religião, artes liberais. As meninas da burguesia começaram a ter acesso à educação apenas quando surgiram as escolas seculares. No século VI os mosteiros recebiam meninas de 6 ou 7 anos a fim de serem educadas a consagradas servas de Deus, aprendiam a ler, escrever, ocupavam-se com as artes da miniatura e com cópia de manuscritos. http://www.slideplayer.com.br/ 46 24 PAGANISMO E CRISTIANISMO Fonte: www.youtube.com Não há propriamente uma história da filosofia cristã, assim como há uma história da filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no pensamento cristão, o máximo valor, o interesse central, não é a filosofia, e sim a religião. Entretanto, se o cristianismo não se apresenta, de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas como uma religião, uma sabedoria, pressupõe uma específica concepção do mundo e da vida, pressupõe uma precisa solução do problema filosófico. É o teísmo e o cristianismo. O cristianismo fornece ainda uma? Imprescindível? Integração à filosofia, no tocante à solução do problema do mal, mediante os dogmas do pecado original e da redenção pela cruz. E, enfim, além de uma justificação histórica e doutrinal da revelação judaico- cristã em geral, o cristianismo implica uma determinação, elucidação, sistematização racional do próprio conteúdo sobrenatural da Revelação, mediante uma disciplina 47 específica, que será a teologia dogmática. Pelo que diz respeito ao teísmo, salientamos que o cristianismo o deve, historicamente, a Israel. Mas entre os hebreus o teísmo não tem uma justificação, uma demonstração racional, como, por exemplo, em Aristóteles, de sorte que, em definitivo, o pensamento cristão tomará na grande tradição especulativa grega esta justificação e a filosofia em geral. Isto se realizará graças especialmente à Escolástica e, sobretudo, a Tomás de Aquino. Pelo que diz respeito à solução do problema do mal, solução que constitui a integração filosófica proporcionada pelo cristianismo ao pensamento antigo? Que sentiu profundamente, dramaticamente, este problema sem o poder solucionar? Frisamos que essa representa a grande originalidade teórica e prática, filosófica e moral, do cristianismo. Soluciona este o problema do mal precisamente mediante os dogmas fundamentais do pecado original e da redenção da cruz. Finalmente, a justificação da Revelação em geral, e a determinação, dilucidarão, sistematização racional do conteúdo da mesma, têm uma importância indireta com respeito à filosofia, porquanto implicam sempre numa intervenção da razão. Foi esta, especialmente, a obra da Patrística e, sobretudo, de Agostinho. A Idade Média inicia-se com a desorganização da vida política, econômica e social do Ocidente, agora transformado num mosaico de reinos bárbaros. Depois vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. O cristianismo propaga- se por diversos povos. A diminuição da atividade cultural transforma o homem comum em um ser dominado por crenças e superstições. O período medieval não foi, porém, a “Idade das Trevas”, como se acreditava. A filosofia clássica sobrevive, confinada nos mosteiros religiosos. O aristotelismodissemina-se pelo Oriente bizantino, fazendo florescer os estudos filosóficos e as realizações científicas. No Ocidente, fundam-se as primeiras universidades, ocorre a fusão de elementos culturais greco-romanos, cristãos e germânicos, e as obras de Aristóteles são traduzidas para o latim. 48 25 PATRÍSTICA Fonte: www.corujasapiens.wordpress.com Desde que surgiu o cristianismo, tornou-se necessário explicar seus ensinamentos às autoridades romanas e ao povo em geral. Mesmo com o estabelecimento e a consolidação da doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente ser impostos pela força. Eles tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de conquista espiritual. Foi assim que os primeiros Padres da Igreja se empenharam na elaboração de inúmeros textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido como patrística por terem sido escritos principalmente pelos grandes Padres da Igreja. Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia Greco- Romana, tentou munir a fé de argumentos racionais. Esse projeto de conciliação entre o cristianismo e o pensamento pagão teve como principal expoente o Padre Agostinho. “Compreender para crer, crer para compreender”. (Santo Agostinho) 49 Fonte: www.pt.slideshare.net 26 ESCOLÁSTICA No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Fonte: www.resumoescolar.com.br 50 No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias: gramática, retórica e dialética (o trivium) e geometria, aritmética, astronomia e música (o quadrivium). Todas elas estavam, no entanto, submetidas à teologia. A fundação dessas escolas e das primeiras universidades do século XI fez surgir uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (de escola). A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de muitas obras de Aristóteles, descobertas até então, e a tradução para o latim de algumas delas, diretamente do grego. A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no entanto, como problema básico de especulação filosófica. Nesse sentido, o período escolástico pode ser dividido em três fases: Primeira fase – (do século IX ao fim do século XII): caracterizada pela confiança na perfeita harmonia entre fé e razão. Segunda fase – (do século XIII ao princípio do século XIV): caracterizada pela elaboração de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaques nas obras de Tomás de Aquino. Nesta fase, considera-se que a harmonização entre fé e razão pôde ser parcialmente obtida. Terceira fase – (do século XIV até o século XVI): decadência da escolástica, caracterizada pela afirmação das diferenças fundamentais entre fé e razão. 51 Fonte: www.pt.slideshare.net 27 AS CARACTERÍSTICAS FILOSÓFICAS DO CRISTIANISMO Não há propriamente uma história da filosofia cristã, assim como há uma história da filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no pensamento cristão, o máximo valor, o interesse central, não é a filosofia, e sim a religião. Entretanto, se o cristianismo não se apresenta, de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas como uma religião, uma sabedoria, pressupõe uma específica concepção do mundo e da vida, pressupõe uma precisa solução do problema filosófico. É o teísmo e o cristianismo. 52 Fonte: www.slideshare.net Não há propriamente uma história da filosofia cristã, assim como há uma história da filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no pensamento cristão, o máximo valor, o interesse central, não é a filosofia, e sim a religião. Entretanto, se o cristianismo não se apresenta, de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas como uma religião, uma sabedoria, pressupõe uma específica concepção do mundo e da vida, pressupõe uma precisa solução do problema filosófico. É o teísmo e o cristianismo. O cristianismo fornece ainda uma? Imprescindível? Integração à filosofia, no tocante à solução do problema do mal, mediante os dogmas do pecado original e da redenção pela cruz. E, enfim, além de uma justificação histórica e doutrinal da revelação judaico-cristã em geral, o cristianismo implica uma determinação, elucidação, sistematização racional do próprio conteúdo sobrenatural da Revelação, mediante uma disciplina específica, que será a teologia dogmática. Pelo que diz respeito à solução do problema do mal, solução que constitui a integração filosófica proporcionada pelo cristianismo ao pensamento antigo? Que sentiu profundamente, dramaticamente, este problema sem o poder solucionar? http://www.slideshare.net/ 53 Frisamos que essa representa a grande originalidade teórica e prática, filosófica e moral, do cristianismo. Soluciona este o problema do mal precisamente mediante os dogmas fundamentais do pecado original e da redenção da cruz. Finalmente, a justificação da Revelação em geral, e a determinação, dilucidação, sistematização racional do conteúdo da mesma, têm uma importância indireta com respeito à filosofia, porquanto implicam sempre numa intervenção da razão. Foi esta, especialmente, a obra da Patrística e, sobretudo, de Agostinho. Foi conquistada a cidade que conquistou o universo. Assim definiu São Jerônimo o momento que marcaria a virada de uma época. Era a invasão de Roma pelos germanos e a queda do Império Romano. A avalancha dos bárbaros arrasou também grande parte das conquistas culturais do mundo antigo. Fonte: www.slideplayer.com.br A Idade Média inicia- se com a desorganização da vida política, econômica e social do Ocidente, agora transformado num mosaico de reinos bárbaros. Depois vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. O cristianismo propaga-se por diversos povos. A diminuição da atividade cultural transforma o homem comum em um ser dominado por crenças e superstições. Sob a influência da Igreja, as especulações se concentram em questões filosófico-teológicas, tentando conciliar a fé e a razão. E é nesse esforço que Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino trazem à luz reflexões fundamentais para a história do pensamento cristão. 54 28 FILOSOFIA MEDIEVAL E O CRISTIANISMO Fonte: www.pt.slideshare.net Ao longo do século V d.C., o Império Romano do Ocidente sofreu ataques constantes dos povos bárbaros. Do confronto desses povos invasores com a civilização romana decadente desenvolveu-se uma nova estruturação europeia de vida social, política e econômica, que corresponde ao período medieval. Em meio ao esfacelamento do Império Romano, decorrente, em grande parte, das invasões germânicas, a Igreja católica conseguiu manter-se como instituição social mais organizada. Ela consolidou sua estrutura religiosa e difundiu o cristianismo entre os povos bárbaros, preservando muitos elementos da cultura pagã greco- romana. 55 29 ANTIGUIDADE ROMANA: EDUCAÇÃO HEROICO-PATRÍCIA Fonte: www.pt.slideshare.net Os aristocratas patrícios (proprietários e guerreiros) recebem uma educação que visa perpetuar os valores da nobreza de sangue e cultuar os ancestrais. Na Antiguidade, a família não era nuclear como a nossa, mas extensa (composta por pais, filhos solteirose casados, escravos e clientes dos quais o paterfamilias é proprietário, juiz e chefe religioso). Até os sete anos as crianças permanecem sob os cuidados da mãe ou de outra matrona, “mulher especial”. Depois dos sete anos, as meninas continuam no lar aprendendo os serviços domésticos, enquanto o pai se encarrega pessoalmente do filho. O menino acompanha o pai às festas e aos acontecimentos mais importantes, ouve o relato as histórias dos heróis e dos antepassados, decora a Lei das Doze Tábuas, desenvolvendo a sua consciência histórica e o patriotismo. O menino aprende a cuidar da terra, trabalho que coloca lado a lado o senhor e o escravo. Aprende a ler, escrever e contar. Torna-se hábil no manejo das armas, na natação, na luta e na equitação. 56 Aos 15 anos, o menino acompanha o pai ao foro, praça central onde se faz o comércio e são tratados os assuntos públicos e privados, e em torno do qual se erguem os principais monumentos da cidade, inclusive o tribunal, onde aprende o civismo. Aos 16 anos, o jovem é encaminhado para a função militar ou política. (Educação voltado mais para a formação moral, que intelectual) à Aprendizagem baseada na vivência cotidiana, entremeada de exemplos que reforçam a importância da imitação de modelos representados pelo pai e pelos antepassados. Fonte: www.pt.slideshare.net 57 30 EDUCAÇÃO COSMOPOLITA Fonte: www.pt.slideshare.net Roma republicana: desenvolvimento do comércio, enriquecimento de uma camada de plebeus e início da expansão romana tornam mais complexa a sociedade romana, exigindo outro modo de educar. Século IV a.C: criação de escolas elementares particulares – escolas do ludi (jogo, divertimento) magister (mestre), nas quais aprende-se demoradamente a ler, escrever e contar, dos sete aos doze anos. Os mestres eram pessoas simples e mal remuneradas. Para desempenhar seu ofício, ajeitavam-se em qualquer espaço. As crianças escreviam com estiletes em tabuinhas enceradas, aprendendo tudo de cor, ameaçados por castigos. Com o contato com os povos helênicos, inúmeros professores gregos ensinam a sua língua, dando início à formação bilíngue dos romanos. Surgiram as escolas dos gramáticos, em que os jovens de 12 a 16 anos conheciam os clássicos gregos, ampliando seus conhecimentos literários. Ao mesmo tempo estudavam geografia, aritmética, geometria e astronomia (disciplinas reais). Iniciavam-se na arte de bem escrever e bem falar. Surge um terceiro grau de educação (escola do retor = professor de retórica), pois a retórica exigia o aprofundamento do conteúdo e da forma do discurso. Diferentemente dos ludi magister e dos gramáticos, os retores eram professores mais respeitados e bem remunerados. 58 As escolas superiores: Desenvolveram-se no decorrer do século I a.C e cresceram durante o Império. Eram frequentadas pelos jovens da elite, que se destacavam na vida pública e que, por isso, deveriam se preparar para as assembleias e tribunas. Estudavam política, direito e filosofia, sem esquecer as disciplinas reais, próprios de um saber enciclopédico. A educação física mereceu a atenção dos romanos, mas com características mais voltadas para as artes marciais. Questão 01 Platão é apontado como o grande discípulo de Sócrates, do qual fez uma defesa pública no processo movido contra ele pela aristocracia ateniense. A obra de Platão que nos apresenta a essa situação é: a) Diálogos. b) O Banquete. c) Ética. d) Apologia de Sócrates. e) A Política. Questão 02 Uma das obras de Aristóteles essenciais aos estudos da sociedade é A Política; escrita no século III a. C., que influenciou bastante o pensamento de gerações seguintes. Sobre A Política de Aristóteles, é INCORRETO afirmar que: a) Os sistemas de governos são estudados. b) A sociedade doméstica ou familiar é analisada. c) Não se importa em tematizar os modos de se gerir a coisa pública. ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 59 d) A formação do cidadão e a educação dos jovens aparecem como uma das temáticas. e) A situação das mulheres e dos escravos na sociedade é nela abordada. Questão 03 A Estética, uma das áreas da Filosofia, pode ser identificada como uma das preocupações filosóficas de Aristóteles: a) A principal preocupação da filosofia medieval. b) A manifestação maior do espírito crítico, segundo os humanistas. c) O tema excluído dos estudos de adorno e walter benjamin. d) A área na qual se inaugurou o discurso da pós-modernidade. Questão 04 Dentre os nomes que se destacaram na Filosofia na Roma Antiga, podemos destacar: a) Marco Aurélio e suas Meditações. b) Júlio César e sua Guerra da Gália. c) Tito Lívio e sua História de Roma. d) Heródoto e sua História. e) Petrônio e seu Satiricon. Questão 05 Acerca da filosofia patrística, é CORRETO afirmar que: a) Dialogava constantemente com os pressupostos filosóficos de Aristóteles. b) Negou a influência do pensamento de Platão. c) Surge no contexto histórico de transição da Idade Antiga para a Idade Média. d) Renegou temas, como a natureza de Deus e da alma e a vida moral. e) Encontrou em Santo Agostinho o seu maior contestador e crítico. Questão 06 60 Sobre a Escolástica, surgida na Idade Média e tida como uma das manifestações da filosofia medieval, é CORRETO afirmar que: a) É o único movimento filosófico originado da sociedade normanda. b) Consiste no conteúdo formado pela síntese das doutrinas platônico- aristotélicas com as doutrinas cristãs. c) Não tinha ligações com a prática pedagógica. d) Sofreu duras críticas por parte do pensamento de são tomás de aquino. e) Resistiu a um caráter formalista, repetitivo, verbalista e dogmático. Questão 07 Sobre a obra de Erasmo de Rotterdam (1466-1536), grande humanista holandês dos primórdios do século XVI, é CORRETO afirmar que: a) Não manteve diálogos nem reflexos na reforma luterana. b) Adotou uma postura de neutralidade em relação às críticas feitas, na época, às posturas da igreja católica. c) Evitou envolvimento em polêmicas religiosas comuns à época. d) Adotou um conceito de loucura retomado posteriormente, por Michel Foucault, no século XX. e) Sua obra mais conhecida, elogio da loucura (1509), foi escrita na Inglaterra, na casa de Thomas More. Questão 08 "O silêncio desses espaços infinitos me apavora..." (Pascal). Esta frase do grande filósofo do século XVII revela muito dos impulsos da chamada revolução científica deste período. Sobre este período da História da Filosofia Ocidental, podemos constatar a afirmação de que: a) Ele não teve nenhuma ligação com o chamado Renascimento. b) Tinha em Copérnico um dos seus críticos mais argutos, dado a suas ligações com a Inquisição Católica. c) Nomes, como Galileu Galilei, tiveram um destaque inconteste no movimento. 61 d) As ideias de Newton não tiveram tanto impacto na comunidade científica da época. e) Na Matemática, as contribuições de Fermat ofuscaram as de nomes, como Leibniz, Pascal, Newton e Descartes. Questão 09 A obra de René Descartes (1596-1650) foi uma das bases da filosofia moderna, constituindo-se como referência indiscutível na formação do pensamento pós- medieval. Sobre a obra cartesiana, é CORRETO afirmar que: a) Rompeu com o aparato conceitual da escolástica medieval para edificar um sistema de pensamento próprio. b) Sua produção se resume à publicação do discurso do método. c) Nega veementemente a existência de deus em franco ataque à filosofia medieval. d) Não se ocupou da matemática no seu processo de construção do conhecimento. e) Sua influência no devir da história da filosofia pode ser caracterizado como limitada ao trabalho dos autores pós-estruturalistas. Questão 10 Sobre o chamado Racionalismo Empiricista de tendência anglo-saxônica, que marcoua filosofia produzida na Europa do século XVII, podemos considerar a: a) Negação das ideias herdadas do pensamento aristotélico. b) Recusa na crença da atuação das impressões sensoriais na produção do conhecimento. c) Reestruturação do pensamento escolástico medieval. d) Continuidade de algumas ideias de Platão. e) Produção de nomes, como bacon, Locke, Berkeley e Hume. 62 31 EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO Fonte: www.slideplayer.com.br Aumenta a intervenção do Estado nos assuntos educacionais: uma bem montada máquina burocrática para a administração do império requeria funcionários com instrução elementar, pelo menos. Notável procura por cursos de estenografia (taquigrafia) – sistema de notação rápida. Recurso exigido cada vez mais na atividade dos notários (hoje conhecidos como tabeliões, mas inicialmente eram apenas secretários incumbidos de fazer anotações, ao acompanhar os magistrados e altos funcionários). Século I a.C: o Estado estimulou a criação de escolas municipais em todo o Império. O próprio César concedeu o direito de cidadania aos mestres de arte liberais. Século I d.C: Vespasiano libera de impostos os professores de ensino médio e superior e institui o pagamento a alguns cursos de retórica, de que beneficia o mestre Quintiliano. Trajano manda alimentar os estudantes pobres. Outros http://www.slideplayer.com.br/ 63 importantes imperadores legislam sobre a exigência de as escolas particulares pagarem com pontualidade os professores, definindo o montante a lhes ser pago. Juliano, no ano 362, oficializou toda a nomeação de professor pelo Estado. Opunha-se à expansão do cristianismo e pretendia, impedir a contratação de professores cristãos, com essa medida. Outro destaque da época do Império é o desenvolvimento do ensino terciário, com os cursos de filosofia e retórica e a criação de cátedras de medicina, matemática, mecânica e escolas de direito. 32 FILOSOFIA TOMISTA: TOMÁS DE AQUINO Fonte: www.pensador.com TOMÁS DE AQUINO - (1225-1274) Teve uma vida inteiramente dedicada a Igreja Católica, com muita meditação e estudo. Mas a sua filosofia parte da pergunta: Deus existe? Contribuiu muito com a Filosofia e a Teologia, mas ao contrário de Agostinho ele via a filosofia e a teologia como ciências distintas. Escreveu valiosos tratados, como a “Suma Teológica, ” onde relata as cinco vias para a prova da existência de Deus. Tomás de Aquino foi totalmente Aristotélico, e como atribuem a Agostinho a 64 cristianização do pensamento de Platão, a ele é atribuída a cristianização da Filosofia de Aristóteles. 5 VIAS PARA APROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS 1ª Via: Movimento – Utiliza-se do pensamento de Ato e Potência de Aristóteles, definindo o Movimento não como mero movimentar, mas as mudanças do ser. Se tudo é movimento é preciso que reconheça um primeiro motor a movimentar todas as coisas. 2º Via: Causalidade Eficiente – Fundamentada no pensamento Socrático, e tem muito a ver com a primeira via. O Movimento é limitado? Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? Sim o movimento e finito, por todo causa chega-se a um causante, se investigar a fundo chega a um causante incausado. A quem ele atribui a Deus. 3º Via: Contingente – Também partindo de uma investigação de ato e potência. Nem tudo tem sua razão por existi em si mesmo, por se chega a compreensão de um ser incontingente. 4º Via: Graus de Perfeição – Da filosofia platônica, Tomás de Aquino diz que na observância do mundo se percebe em todas as coisas a hierarquia, uma escada de submissão. Do m menos não é possível se extrair o que for mais. “Os estercos servem as ervas, as ervas a vaca, que dela se alimenta. A vaca serve ao homem com o leite. E o homem a quem serve se não a Deus? 5º Via: Ordem do Universo – Há uma ordem perfeita em todas as coisas, não existe ordem sem haver uma inteligência ordenadora. Seria impossível acreditar que foi uma mera explosão que deu origem ao Universo, explosão é caos e não ordem. Como as águas estão perfeitamente reunidas no oceano? As estações do ano, Distância exata do Sol a Terra, nem próximo demais que mate todos queimados, e nem distante de mais que congelasse toda a superfície da Terra. 65 Leitura complementar A relação da filosofia com a educação existe desde o mundo grego. Os filósofos gregos, em busca da virtude humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação e seu sentido no mundo. Pode-se dizer que a filosofia da educação surgiu do forte vínculo entre a filosofia e a pedagogia estabelecido no decorrer dos anos, pois a filosofia, preocupada com as formas do conhecimento perfeito, orientou o homem segundo a razão, inferindo um pensamento pedagógico que busca a perfeição. Presente na dicotomia e na relação que parece animá-la, a filosofia da educação da segunda metade do séc. XX tematiza o contraste entre cultura científica e cultura humanística. A diversificação, bastante clara nos últimos anos, permeia de um lado a filosofia de cunho descritivo e, de outro, a filosofia de tipo histórico e ontológico. A filosofia da educação, no seu acontecer histórico, esclareceu muitas dúvidas, contribuindo para transformações qualitativas na sociedade. Torna-se importante retomar e discutir o sentido do filosofar nos cursos de formação de professores, para que os futuros profissionais da educação possam atribuir novos significados às práticas docentes. Na medida em que há uma racionalidade que não podem mais simplesmente explicitar o modelo de ensino idealizado ou lógico de filosofia, introduz- se a possibilidade de reconduzir as propostas pedagógicas a partir do reconhecimento intersubjetivo e hermenêutico de conjugação entre a filosofia e a prática educativa. Acredita-se que a Filosofia leva ao trabalho de pensar, refletir, raciocinar e, assim, despertar o senso crítico e, consequentemente, auxiliar a construir uma nova visão de sociedade, onde, pressupõe-se que a educação é a principal responsável pelas transformações da mesma. Historicamente, pode-se ver que a educação vem sofrendo modificações, as quais, por sua vez, visam torná-la mais adequada à realidade. Entretanto, a Filosofia afirma que é a partir do convívio e da ação do homem com e sobre a realidade, que ele se forma e se estrutura. Assim sendo, constata-se que o senso comum a respeito da educação é o de uma formação fragmentária, incoerente, desarticulada, enfim, totalmente desprovida de certeza. Enquanto na consciência filosófica acontece o contrário, pois, é uma concepção com total coerência, unidade e articulação. E ainda 66 fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está situada. Entretanto, compreende-se que a educação está aberta a questionamentos. Por isso, acredita-se que a Filosofia é uma das muitas alternativas para se tentar pensar a educação como instrumento de transformação social. Dessa forma, concorda-se com LUCKESI (1990, p.33) quando afirma que, "a reflexão filosófica sobre a educação é que dá o tom a pedagogia, garantindo-lhe a compreensão dos valores que, hoje, direcionam a prática educacional e dos valores que deverão orientá- la para o futuro". Então, se constata que a Pedagogia nada mais é do que uma concepção filosófica da Educação, a qual deve ser exercida nas práxis, para obter seus melhores resultados. 33 ANTIGUIDADE ROMANA: A HUMANISTAS Podemos distinguir três fases na educação romana: a latina original, de natureza patriarcal; depois, a influência do heletismo é criticada pelos defensores da tradição; por fim, dá-se a fusão entre a cultura romana e a helenística, que já supõe elementos orientas, mas nítida supremacia dos valores gregos. A educação na Roma arcaica teve, sobretudo, caráter prático, familiar e civil, destinada e formar em particular o civis romanus, superior aos outrospovos pela consciência do direito como fundamento da própria “romanidade”. Fonte:www.slideplayer.com.br 67 Os civis romanusera, porém, formado antes de tudo em família pelo papel central do pai, mas também da mãe, por sua vez menos submissa e menos marginal na vida da família em comparação com a Grécia. A mulher em Roma era valorizada como mater famílias, portanto reconhecida como sujeito educativo, que controlava a educação dos filhos, confiando-os a pedagogos e mestres. Diferente, entretanto, é o papel do pai, cuja auctoritas, destinada a formar o futuro cidadão, é colocada no centro da vida familiar e por ele exercida com dureza, abarcando cada aspecto da vida do filho (desde a moral até os estudos, as letras, a vida social). Para as mulheres, porém, a educação era voltada a preparar seu papel de esposas e mães, mesmo se depois, gradativamente, a mulher tenha conquistado maior autonomia na sociedade romana. O ideal romano da mulher, fiel e operosa, atribui a ela, porém, um papel familiar e educativo. Os romanos tinham uma mentalidade prática; procuravam alcançar resultados concretos adaptando os meios aos fins. Enquanto os gregos julgavam e mediam todas as coisas pelo padrão da racionalidade, da harmonia ou da proporção, os romanos julgavam tudo pelo critério da utilidade ou da eficácia. Por isso os romanos sempre consideraram os gregos como um povo visionário e ineficiente, enquanto os gregos consideravam os romanos como bárbaros sórdidos, com força de caráter e valor militar, mas incapazes de apreciar os aspectos superiores da vida. 34 EXISTENCIALISMO Fonte: www.pt.slideshare.net 68 Para o existencialismo a essência humana se constrói na existência concreta. O homem nasce sem essência, e somente depois, a partir de sua existência, irá construir sua essência como homem. Esta essência dependerá da decisão que o homem tomará. Poderá ele acomodar-se com os fatos, não correr o risco da liberdade, e assim deixar-se tragar pela massa insossa constituída por todos os outros, e assim perder sua identidade, assumindo a moral do rebanho. Será então o inautêntico, o nojento, repleto de vícios, o homem de "má-fé" que existe como coisa, pois não teve coragem para assumir o risco da liberdade. Ou então, o homem poderá assumir o verdadeiro risco da liberdade. Assim enfrentará o nada, e a possibilidade da morte, que o fará inicialmente sentir-se angustiado perante o fato de que a morte seja o fim de todos os projetos e possibilidades, mas depois de encarado tal desafio, ele finalmente se tornará autêntico, construindo sua essência como ser humano. Assim, para o existencialista, a educação verdadeira é aquela que possibilita o homem a construção de sua essência a partir da liberdade. A educação deve transformar o homem em ser autêntico, e não em apenas mais um no rebanho. Portanto a educação como impositora de normas para a reprodução do sistema não serve para o existencialismo, pois transforma o homem em inautêntico, já que o ensina a respeitar a moral da aceitação e da submissão. A educação, então, deverá libertar o homem das amarras, permitir a ele que se construa como homem dentro do processo histórico, sem que seja condicionado por forças que lhe vendam os olhos e que lhe impeça de construir sua existência/essência. O homem existencialista é o homem da luta, da coragem, que não tem medo do terrível desafio que a liberdade lhe impõe com todo o risco de solidão e angústia. A educação deve levar o homem a enfrentar este risco. Aliás, a educação não deve levar o homem, pois ele deverá conduzir-se a isso. A educação então deverá lhe abrir a possibilidade, talvez lhe mostrar o caminho. E isto só é possível através de uma educação libertadora em todos os sentidos. Esta educação deverá também mostrar ao homem que a sua liberdade está estritamente vinculada à responsabilidade pois o ato responsável do homem também é o ato responsável por toda a humanidade. 69 35 ESSENCIALISMO O essencialismo desconsidera os seres reais considerando-os em seus aspectos ideais. O ideal de bondade, justiça, felicidade etc. São ideais que transcendem o aspecto natural, isto é, que não é acessível a um conhecimento por meio da experiência. A leitura essencialista de mundo se estabelece no período da Antiguidade grega, século V a.C. e Idade Média. Para o essencialismo há uma substância, uma essência humana que identifica cada espécie e tem por característica ser universal, vale dizer, que se estende a tudo, por toda parte e que tem o caráter de absoluta generalidade. Fonte: www.dicio.com.br Nesta perspectiva existe uma natureza humana, desde sempre dada, sendo que a ação humana é resultado desta necessidade intrínseca, ou seja, desde sempre estabelecida e dada. Em outras palavras, já nascemos com certa potencialidade que deve passar por um trabalho em direção a um fim que seria a perfeição. O homem, nessa perspectiva é um ser educável. Sua essência é a racionalidade. Trata-se, portanto, de uma educação dirigida ao espírito. Podemos destacar como principais representantes desta filosofia educacional os filósofos Platão (428-347 a.C.), Aristóteles (384-324 a.C.), Santo Agostinho, (354-430 d.C.) e Santo 70 Tomás de Aquino (1227-1274 d.C.). Na perspectiva essencialista O real constitui uma ordem ontológica: tanto o mundo como o homem são vistos como entes/substâncias que realizam uma essência. A essência de cada ente contém e define as características específicas de cada um, que são universais e comuns a todos os indivíduos da mesma espécie. A perfeição de cada ente se avalia pela plenitude de realização dessas potencialidades intrínsecas. 36 A EDUCAÇÃO DIFUSA Fonte: www.pt.slideshare.net Nas sociedades tribais, a educação das crianças se dava de forma difusa. Elas aprendiam imitando os ofícios dos adultos, tendo assim já a certeza do papel que Assim sendo a educação tem características ESSENCIALISTA quando é concebida como processo de atualização da potência da essência humana, mediante o desenvolvimento das características específicas contidas em sua substância, visando sempre um estágio de plena perfeição e atualização total. 71 deviam desempenhar quando fossem adultos. Ainda hoje, na sociedade contemporânea a educação difusa permanece, embora sob um diferente aspecto. O conhecimento técnico, científico, não é passível de ser transmitido por imitação, requer metodologia e um processo sistematizado de transmissão e avaliação. Este conhecimento tecnicista visa formar profissionais para o mercado de trabalho e as exigências do mundo capitalista. Porém, não é só nos bancos escolares que se dá a educação. Visto que educação não é só um saber técnico, é uma maneira de ver o mundo, de entender a sociedade, de exercer o papel de cidadão dentro dela, com direitos e deveres conscientes. Não basta se inserir no mercado de trabalho é preciso aprender para a vida também. A criança se auto educa em todos os ambientes que ela frequenta. Os comportamentos de todos os adultos com que ela convive, formam a base da sua educação. Constituem os seus valores e complementam a formação da pessoa como um todo. O educando imita o adulto, principalmente quando tem com ele laços afetivos bem estabelecidos e seguros. Por isso a melhor maneira de se ter uma criança bem- educada e compreendê-la enquanto criança. Se ela se sentir amada, valorizada e respeitada, a educação difusa que se dá em casa, soma-se, para complementar seu desempenho escolar. A criança precisa construir sua identidade e acreditar no seu potencial para se encaixar neste meio. Isso requer autoconfiança, segurança, é a base que se constrói no lar. A educação formal pode até reafirmar valores e princípios, mas desde que essa semente tenha sido plantada na educação difusa. E essepapel é dos pais, não há como delegá-lo a outros, nem o deixar unicamente ao encargo da escola. Na tribo, no gineceu, na casa ou no apartamento, o papel da família continua sendo fundamental. 72 37 QUATRO IMPORTANTES FILÓSOFOS DA EDUCAÇÃO Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) Fonte: www.ebah.com.br No texto do livro Emile, de Rousseau, é bastante clara a passagem da Filosofia da Educação para uma Teoria Educacional, e um Método pedagógico. O pressuposto básico de Rousseau, quando sua filosofia aborda o tema da educação, era a crença na bondade natural do homem, e a atribuição à civilização da culpa de corrompê-lo. O modo adequado de educar seria proteger o indivíduo da influência corruptora da sociedade, estimulando adequadamente o desenvolvimento de sua bondade natural no processo educativo. Para isto o aluno deveria ser educado com base na sua curiosidade e nas suas motivações naturais. Enquanto ao mesmo tempo mantendo-se em mente o contexto social no qual o aluno futuramente se integrará. Isto somente pode ser conseguido através de um método muito bem controlado. Método Pedagógico Seu método de educação era o de retardar o crescimento intelectual, permitindo à criança demonstrar seus próprios interesses em um assunto e fazer suas próprias perguntas. No estágio da puberdade a sensibilidade do jovem deveria ser Não há nada que esteja menos sob o nosso domínio que o coração, e, longe de podermos comandá-lo, somos forçados a obedecer-lhe. 73 educada sem que houvesse qualquer restrição moral em seu ambiente, até os 15 anos. O objetivo é que o aluno desenvolva plenamente seu Eu natural. Obviamente, uma tal educação só seria possível se o aluno fosse totalmente isolado da sociedade e não tivesse contato social, senão com seu mestre. O aluno somente entraria na sociedade quando a tendência para a socialização surgisse como uma de suas necessidades naturais. Herbart: (1776-1841) Fonte: www.slideplayer.com.br O Ocidente havia quase um século seguia as diretrizes fundamentalista Educação propostas pelo filósofo alemão Johann Friedrich Herbart, que teve várias gerações de seguidores, a partir da Alemanha. Segundo ele, a ação pedagógica se orienta por três procedimentos: o governo, a instrução e a disciplina. a) O governo: é a forma de controle da agitação da criança, inicialmente exercido pelos pais e depois pelos mestres, com a finalidade de submeter a criança às regras do mundo adulto e viabilizar o início da instrução. b) A instrução é o principal procedimento da educação e pressupõe o desenvolvimento dos interesses. O interesse determina quais as ideias e experiências que receberão atenção por parte do indivíduo. Herbart não separa a instrução intelectual da instrução moral, pois para ele, uma é condição da outra. 74 c) Para que a educação seja bem-sucedida é conveniente que sejam estimulados o surgimento de múltiplos interesses. d) A disciplina é a responsável por manter firme a vontade educada, no caminho e propósito da virtude, supondo autodeterminação, que é uma característica do amadurecimento moral levando para a formação do caráter que está sendo proposta, ao contrário do governo, que é heterônomo e exterior, mais adequado ao trato com as crianças pequenas. O Método de Instrução Herbartiano. Herbart propõe 5 passos formais que favorecem o desenvolvimento da aprendizagem do aluno: Preparação: o mestre recorda o que a criança já sabe para que o aluno traga ao nível da consciência a massa de ideias necessárias para criar interesse pelos novos conteúdos; Apresentação: a partir do concreto, o conhecimento novo é apresentado; Assimilação: o aluno é capaz de comparar o novo com o velho, distinguindo semelhanças e diferenças; Generalização: além das experiências concretas, o aluno é capaz de abstrair, chegando a conceitos gerais, sendo que esse passo deve predominar na adolescência; Aplicação: através de exercícios, o aluno evidencia que sabe usar e aplicar aquilo que aprendeu em novos exemplos e exercícios. É deste modo, e somente deste modo, que a massa de ideias passa a ter um sentido vital, perdendo o aspecto de acumulação de informações inúteis para o indivíduo. Os fatores determinantes de sua influência no pensamento pedagógico foram: a) O caráter de objetividade de análise, b) A tentativa de psicometria, c) O rigor dos passos a serem seguidos para a instrução e a sistematização que imprimiu ao seu método. 75 Para ele, o conhecimento é dado pelo mestre ao aluno, de modo que só mais tarde este o aplica a experiências vividas. Sua educação é pela instrução, e neste caso, possui um caráter mais intelectualista. Uma das contribuições mais duradouras de Herbart para a educação é o princípio de que a doutrina pedagógica, para ser realmente científica, precisa comprovar-se experimentalmente – uma idéia do filósofo Immanuel Kant que Herbart desenvolveu. Surgiram daí as escolas de aplicação, que conhecemos até hoje. Elas respondem à necessidade de alimentar a teoria com a prática e vice-versa, num processo de atualização e aperfeiçoamento constantes. Muitas das contribuições de Herbart para a psicologia e a pedagogia continuam valiosas, mas seu pensamento e a prática que dele se originou no século 19 se tornaram ultrapassados, sobretudo com o aparecimento do movimento da escola ativa. O norte-americano John Dewey, por exemplo, fez duras críticas à doutrina Herbartiana. John Dewey (1859-1952) Fonte: www.educarparacrescer.abril.com.br 76 38 A CONDUTA HUMANA E A EDUCAÇÃO Fonte: www.slideplayer.com.br A análise da relação da conduta humana e a da educação tem três premissas basilares e apresenta algumas consequências. I) A natureza humana é corrompida ou bárbara. Concepção religiosa da natureza humana. Concepção da filosofia do século XVIII. Determinismo spenceriano do século XIX. A função do conhecimento, segundo Dewey. Concepção atual da natureza humana. Indeterminismo do progresso social ou moral. II) A atividade humana é um simples meio para se atingir o bem, que é um fim estranho ou superior a atividade. Vida é preparação. Diferentes aspectos dessa concepção. Erro de fato e erro de compreensão. Erro de fato: o homem é, por sua natureza, passivo; a atividade é um dever. Origem geral desse erro: a imperfeita organização social. III) Erro de compreensão: concepção inadequada do funcionamento de meios e fins na vida humana. Desenvolvimento da teoria de John Dewey a respeito do seu verdadeiro funcionamento. Ilustração demonstrativa da inversão que se opera, com a explicação da moral tradicional, na ordem real dos fatos. Espiritualismo e materialismo, vítimas do mesmo equívoco. 77 IV) A organização atual da vida justifica esse erro. Exceções: vida infantil, vida de alguns homens. Identidade da atividade com o próprio fim da vida. V) As regras da conduta humana fluem de princípios eternos e estranhos à experiência positiva dos homens. Princípios extra-humanos ou, puramente, ideais. Necessidade de fundamentos experimentais para os "princípios" ou "hipóteses" diretores da moral. Assim, o bem ou a felicidade está na atividade presente, dirigida inteligentemente. 39 MORAL CIENTÍFICA E MORAL TRADICIONAL Fonte: www.mundodasmensagens.com Há uma ciência da moral e da conduta humana. E também ela está a passar por uma transformação sensível, baseada no estudo objetivo da natureza humana. Essa transformação deve impregnar toda a vida da escola, se é que lhe cabe, conforme vimos, o papel predominante na formação do homem. Até os dias de hoje a conduta humana não se pôde guiar por conceitos positivos e experimentais similares aos que caracterizam asdemais ciências. E isso por quê? Porque, como em relação às ciências naturais quando eram tratadas pelo método da magia, o problema tem sido fundado em pressupostos falsos. Que era a magia? A sua concepção básica era a mesma da ciência - causalidade dos fenômenos. Reputavam-se, porém, misteriosas as causas que http://www.mundodasmensagens.com/ 78 governavam esses fenômenos e misteriosos os meios de controlá-las. Ainda encontramos, nas religiões, vestígios dessa concepção. Para o indiano, a malária que lhe mina o organismo, não é causada pelos germes com que o infetam os mosquitos, mas pela necessidade, em que se acha, de purgar nesta vida os pecados de vidas pregressas. Não há, pois, outro meio de tratar-se, senão pela oração e penitência. A essência da magia está aí: o tratamento dos fenômenos naturais como efeitos originários de causas misteriosas. Está claro que, enquanto assim pensar, não poderão progredir, com aquele indiano, a biologia ou a patologia. Para todo o sempre, ele continuará a rezar, a fazer penitência e a ter malária. Tem sucedido com a Moral uma coisa semelhante. Os moralistas - ao traçarem a ciência do Bem - têm partido do pressuposto de que a natureza humana é essencialmente má e que o ideal seria se a pudéssemos substituir por qualquer outra coisa. Daí decorre que o reinado da moral ou do bem, como os moralistas o concebem, é estranho à natureza humana. Qualquer coisa acima ou fora dela, a que temos de conformá-la ou que temos de conquistar com o sacrifício dessa pobre natureza. E como uma e outra coisa são mais ou menos impossíveis, estamos como estávamos em relação à ciência, no tempo da magia - absolutamente incapazes de progresso. Hoje, como ontem, como há vinte e há trinta séculos, nós continuamos a pregar, em moral, uma coisa e a fazer outra. E a moral que nos devia fazer felizes, apenas nos faz mais infelizes. O estudo recente da natureza biológica e social do homem, em bases positivas e científicas, que nos deverá dar, afinal, uma ciência da saúde, da eficiência e da felicidade do homem. Longe de nós a suposição ingênua de que se irão suprimir da vida as suas perplexidades, as suas incertezas e os seus fracassos. Não se irão suprimir, mas chegaremos a explicá-los. E tornando-os, desse modo, compreensíveis, torná-los- emos aproveitáveis para uma crescente reorganização do futuro. A grande transformação estará em fazer da conduta moral do homem uma consequência dos conhecimentos positivos a que o homem vai chegando em fisiologia e em psicologia. Quando chegarmos a conceber o mal como um simples funcionamento anormal dos órgãos biossociais do homem - digamos assim -, e tivermos para com ele a mesma atitude experimental que temos para com os males físicos, teremos dado o primeiro passo para uma ciência moral. 79 Em vez da moral "espiritual", isto é, presa a preconceitos imutáveis e eternos, uma moral experimental baseada nas conclusões de uma ciência do homem. Na sua glorificação da "natureza", o que realmente glorificam são os impulsos, os apetites e os desejos - tudo que é mais vulgar e menos pessoal na natureza humana. Submeter- se às paixões, tornando-se delas miseráveis ou elegantes escravos, a fórmula suprema da liberdade. Escandalizar os burgueses é o dístico romântico que insculpem em seus escudos de Dom Quixotes do prazer. Nunca uma concepção de individualidade foi tão limitada e, sobretudo, tão ininteligente. Os grandes burgueses são, pelos menos, inteligentes. Na vida eles querem alguma coisa e o querem com força e lucidez, e manipulam devidamente os meios, inclusive a moral, para consegui-la. 40 MORALIDADE ÉTICA Fonte: www.blog.maxieduca.com.br Aqueles românticos, vencidos no que desejam, o que, bem possivelmente, seria o mesmo que os burgueses, refugiam-se num amor tolo e indiscriminado à natureza e aos seus impulsos. Há, porém, um terceiro grupo. É o dos que tomam a sério a moral como qualquer coisa estranha às atualidades da vida e à natureza do organismo humano. Esses se preocupam com o progresso espiritual de suas almas. 80 Com a perfeição interior. Com a análise inquieta dos seus motivos de ação. Vivem a perscrutar a natureza íntima de suas ações. ‘A "vida quotidiana" é para esses homens uma coisa atroz. A vida de ação, de negócios, de política - a inconsciência organizada. A vida daqueles apaixonados da "natureza", uma degradação sem limites. Vivem fora do mundo. Mas, pelo menos, dir- se-ia, esses são perfeitos e felizes, esses vingam a maldade e a corrupção dos outros. Não é verdade. Primeiro, esse grupo confirma os outros dois. É uma razão, às avessas, em favor dos outros. Se a vida moral exige que desprezemos a própria vida, exige que a renunciemos - de que mais se precisa para provar que ela está errada, está afastada de seu objetivo? Segundo, estão longe da pureza imaginada os componentes desse terceiro grupo. O isolamento mental em que se comprazem, o desprezo que alimentam pela vida material, a convicção em que se mantêm de que são os últimos homens de espírito em um mundo sórdido de materialistas, fazem brotar em seus corações uma qualidade de orgulho de que não têm sequer conhecimento os homens comuns, os que viajam na planície. Esse orgulho gera uma inumanidade característica. As fórmulas doces do amor dos homens não são percebidas por esses cavalheiros do espírito. Foi tal inumanidade que, em outros tempos, permitiu todos os suplícios e que hoje continua a permiti-los sob formas mais sutis e mais encobertas. Analisemos as premissas em que se funda essa moral que faz da vida de cada um a tragédia ou a comédia que todos conhecemos e, do mesmo passo, indiquemos o que nos pareceria a correção dos seus erros. São três as premissas fundamentais da moral tradicional, como foi entendida até os começos deste século. 1. Considerar a natureza humana como qualquer coisa impura e corrompida ou bárbara, incapaz de chegar naturalmente a um desenvolvimento feliz. 2. Considerar a atividade humana em si, não como o bem, mas como simples meio de atingir o bem, que era estranho ou superior a essa atividade. 3. Considerar que as regras da conduta humana fluem de princípios morais preconcebidos e estranhos à experiência racional ou positiva. Esses princípios se prendem a uma ordem espiritual sagrada, que se não pode modificar sem graves prejuízos para os homens. 81 Essas três premissas fizeram da vida humana a trama obscura e contraditória onde não há lugar para a felicidade, entendida como resultado de um desenvolvimento normal e progressivo da individualidade. A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existem há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes. Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório. Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. A Moral sempre existiu, pois, todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, poisse exigi maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis. Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias, e desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética é uma espécie 82 de legislação do comportamento Moral das pessoas. Mas a função fundamental é a mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade. 41 UMA NOVA FORMA DE CONHECIMENTO SEGUNDO A FILOSOFIA E SEUS PENSADORES Fonte: www.slideplayer.com.br A nova forma de pensar da Filosofia Moderna culminou no Racionalismo (René Descartes) e no Empirismo (Francis Bacon, John Locke, David Hume) e preparou, de certa forma, o caminho para o Criticismo Kantiano. Veja um pouco de cada uma dessas correntes. Em Descartes, a ideia de sujeito é o mesmo que: substância pensante, descobrindo com isso a posição do cogito (do pensamento), definindo-o como substância do sujeito, (metafísica da subjetividade). Para ele, a verdade está no interior do próprio sujeito: a certeza da consciência de si. O conhecimento está na consciência do sujeito pensante enquanto representação e/ou adequação entre a “coisa” (o mundo) e o pensamento (o cogito). A substancialização do sujeito, em Descartes, reduz o corpo a uma extensão física e que não contribui positivamente na busca da verdade. A garantia da existência 83 das coisas, do mundo, nos é dada pela substância pensante que se reconhece através dos seus modos e de suas ações como sendo a afirmação do próprio pensar, ou seja, os modos de vida do indivíduo ou a sua ética. A subjetividade é constituída justamente em sua autonomia para com o mundo pelo processo de afirmação da consciência, do pensamento. A modernidade se consolida a partir de Descartes, acentuando suas bases no poder da razão caracterizando o sujeito moderno cartesiano, fundador do conhecimento, já que a verdade se encontra no interior de si mesmo enquanto certeza da consciência de si. O sujeito pensante é, então, um sujeito individual. O importante em Descartes é mostrar como se dá o distanciamento na constituição da subjetividade (do pensamento, da consciência) entre o pensar e a realidade corpórea. Sendo assim, ele surge na modernidade como o filósofo criador do sujeito individual, totalmente separado do mundo das coisas. Jhon Locke, David Hume e Francis Bacon foram os primeiros empiristas e fundadores da ciência moderna, viam a mente como uma tábula rasa, e que o conhecimento vem de nossos sentidos e experiências. Francis Bacon, influenciado pelo contexto histórico político da Inglaterra - cuja ciência do momento era focada na experiência, observações e julgamentos do senso comum - começou a questionar a mente humana e as suas falhas, afirmando que o entendimento humano, de sua natureza peculiar facilmente supõe um maior grau de ordem e igualdade nas coisas do que realmente encontra. Locke compara as mentes a uma lousa em branco, ou tabula rasa. Em vez de ser o conhecimento inato, Locke escreve todo o conhecimento baseia-se e, finalmente, deriva-se de sentido, ou algo análogo a ele, que pode ser chamado de sensação. Hume considera que de um lado há o conhecimento obtido pela aplicação do raciocínio, pela construção de relações lógicas e de outro, há o conhecimento das questões de fato, que busca expressar conexões e relações descrevendo ou explicando fenômenos concretos. Ele acredita que o conhecimento tem por fundamento princípios da mente: impressões, ideias, imaginação, hábito e crença. A experiência seria assim, uma apreensão da realidade externa através dos sentidos que forma a base necessária de todo conhecimento. Para Kant e o Iluminismo Criticista, o sujeito seria constituído de uma estrutura racional dotada de formas a priori da sensibilidade, do entendimento e da razão que 84 indicaria aquilo que o homem poderia ou não conhecer, existindo duas formas da sensibilidade responsáveis por ordenar as sensações ou impressões no sujeito: espaço e tempo. Ele critica na tradição da filosofia é a iniciativa dos filósofos em colocar a realidade objetiva como prioridade sem se perguntarem pela natureza da própria razão. 42 O EMPIRISMO DE JOHN LOCKE Fonte: www.znfilosofica.blogspot.com.br Sobre a linha do desenvolvimento do empirismo, Locke representa um progresso em confronto com os precedentes: no sentido de que a sua gnosiologia fenomeniza-empirista não é dogmaticamente acompanhada de uma metafísica mais ou menos materialista. Limita-se a nos oferecer, filosoficamente, uma teoria do conhecimento, mesmo aceitando a metafísica tradicional, e do senso comum pelo que concerne a Deus, à alma, à moral e à religião. Com relação à religião natural, não muito diferente do deísmo abstrato da época; o poder político tem o direito de impor essa religião, porquanto é baseada na razão. Locke professa a tolerância e o respeito às religiões particulares, históricas, positivas. Locke viajou fora da Inglaterra, especialmente em França, onde ampliou o seu horizonte cultural, entrou em contato com movimentos filosóficos diversos, em especial com o racionalismo. Tornou-se mais consciente do seu empirismo, que http://www.znfilosofica.blogspot.com.br/ 85 procurou completar com elementos racionalistas (o que, entretanto, representa um desvio na linha do desenvolvimento do empirismo, procedente de Bacon até Hume). John Locke nasceu em Wrington, em 1632. Estudou na Universidade de Oxford filosofia, ciências naturais e medicina. Em 1665 foi enviado para Brandenburgo como secretário de legação. Passou, em seguida, ao serviço de Loed Ashley, futuro conde de Shaftesbury, a quem ficou fiel também nas desgraças políticas. Foi, portanto, para a França, onde conheceu as personalidades mais destacadas da cultura francesa do "grand siècle". Em 1683 refugiou-se na Holanda, aí participando no movimento político que levou ao trono da Inglaterra Guilherme de Orange. De volta à pátria, recusou o cargo de embaixador e dedicou-se inteiramente aos estudos filosóficos, morais, políticos. Passou seus últimos anos de vida no castelo de Oates (Essex), junto de Sir Francisco Masham. Faleceu em 1704. As suas obras filosóficas mais notáveis são: o Tratado do Governo Civil (1689); o Ensaio sobre o Intelecto Humano (1690); os Pensamentos sobre a Educação (1693). As dotes principais do pensamento de Locke são: o nominalismo escolástico, cujo centro famoso era Oxford; o empirismo inglês da época; o racionalismo cartesiano e a filosofia de Malebranche. 43 O PENSAMENTO: A GNOSIOLOGIA Locke julga, como Bacon, que o fim da filosofia é prático. Entretanto - diversamente de Bacon, que julgava fim da filosofia o conhecimento da natureza para dominá-la (fim econômico) - Locke pensa que o fim da filosofia é essencialmente moral; quer dizer: a filosofia deve proporcionar uma norma racional para a vida do homem. E, como os seus predecessores empiristas, ele sente, antes de mais nada, a necessidade de instituir uma investigação sobreo conhecimento humano, elaborar uma gnosiologia, para achar um critério de verdade. Podemos dizer que a sua filosofia se limita a este problema gnosiológico, para logo passar a uma filosofia moral (e política, pedagógica, religiosa), sem uma adequada e intermédia metafísica. Locke não parte, realisticamente, do ser, e sim, fenomenisticamente, do pensamento. No nosso pensamento acham-se apenas ideias (no sentido genérico das representações): qual é a sua origem e o seu valor? Locke exclui absolutamente as http://www.mundodosfilosofos.com.br/bacon.htm http://www.mundodosfilosofos.com.br/hume.htm http://www.mundodosfilosofos.com.br/descartes.htm http://www.mundodosfilosofos.com.br/cartesianismo.htm 86 ideias e os princípios que deles se formam, derivam da experiência; antes da experiência o espírito é como uma folha em branco, uma tabula rasa. No entanto, a experiência é dúplice: externa e interna. A primeira realiza-se através da sensação, e nos proporciona a representação dos objetos (chamados) externos: cores, sons, odores, sabores, extensão, forma, movimento, etc. A segunda realiza-se através da reflexão, que nos proporciona a representação das próprias operações exercidas pelo espírito sobre os objetos da sensação, como: conhecer, crer, lembrar, duvidar, querer, etc. Nas ideias proporcionadas pela sensibilidade externa, Locke distingue as qualidades primárias, absolutamente objetivas, e as qualidades secundárias, subjetivas (objetivas apenas em sua causa). O nominalismo de Locke, compreende-se como, para ele, é impossível a ciência verdadeira da natureza, considerada como conhecimento das leis universais e necessárias. Locke julga também inaplicável à natureza a matemática - reconhecendo-lhe embora o caráter de verdadeira ciência - isto é, não acredita na físico-matemática, à maneira de Galileu. Entretanto, mesmo que a ciência da natureza não nos desse senão a probabilidade, a opinião, seria útil enquanto prática. Até aqui foram analisados e descritos os conteúdos de consciência. É mister agora propor a questão do seu valor lógico. Costuma-se dizer que as ideias são "verdadeiras ou falsas"; melhor seria chamá-las "justas ou erradas", porque, propriamente, "a verdade e a falsidade pertencem às proposições", em que se afirma ou se nega uma relação entre duas ideias. E esta relação, afirmada ou negada, pode ser precisamente falsa ou verdadeira. O conhecimento da relação positiva ou negativa entre as ideias é, segundo Locke, de dois tipos: intuitivo e demonstrativo. No primeiro caso a relação é colhida intuitiva, imediata e evidentemente. Por exemplo: 3 = 2 + 1. No segundo caso a relação é colhida mediatamente, recorrendo às ideias intermediárias, ao raciocínio. Por exemplo: a existência de Deus demonstrada pela nossa existência e pelo princípio de causalidade. Naturalmente, a demonstração é inferior à intuição. 44 IDEIAS METAFÍSICAS Estamos, porém, ainda fechados no mundo subjetivo, fenomênico; de fato, tratou-se, até agora, de relações positivas ou negativas, concordes ou desacordes 87 com as ideias. Podemos nós sair desse mundo subjetivo e atingir o mundo objetivo, isto é, podemos conhecê-lo imediatamente ou mediatamente na sua existência e na sua natureza? Locke afirma-o, sem mostrar, entretanto, como este conhecimento do mundo externo possa concordar com a sua geral (fenomenista) concepção e definição do conhecimento. É a sólita posição de um fenomenismo ainda não plenamente consciente de si mesmo. Corta as relações com o ser e vai para o fenomenismo absoluto, mas tem ainda saudade desse ser do qual se isolou. Em todo caso, Locke acredita poder atingir, antes de tudo, o nosso ser, depois o de Deus, e, finalmente, o das coisas. O nosso ser seria intuitivamente percebido através da reflexão. A existência de Deus seria racionalmente demonstrada mediante o princípio de causa, partindo do conhecimento imediato de uma outra existência (a nossa). A existência das coisas seria sentida invencivelmente, porque nos sentimos passivos em nossas sensações, que deveriam ser causadas por seres externos a nós. Entretanto, pelo que diz respeito ao nosso ser, é mister ter presente que nós não conhecemos intuitivamente a substância da alma, e sim as suas atividades. Pelo que diz respeito a Deus, a prova da sua existência vale, se vale absolutamente o princípio de causa - o que Locke não demonstrou. Enfim, pelo que diz respeito às coisas externas, mesmo admitida a prova aduzida por Locke - segundo a confissão do próprio filósofo - tal prova vale apenas pelo que concerne à existência das coisas, e não pelo que concerne à natureza delas. De fato, segundo a filosofia de Locke, não sabemos se as ideias da natureza das coisas correspondem à realidade das coisas. 45 MORAL E POLÍTICA Locke não admite, naturalmente, ideias e princípios inatos nem sequer no campo da moral. A sua moral, todavia, é muito mais intelectualista do que empirista, pois ele lhe reconhece o caráter de verdadeira ciência, universal e necessária. Entretanto, não basta ter construído uma moral em abstrato, embora racional. É preciso torná-la praticamente eficaz, isto é, faz-se mister uma obrigação moral, que se imponha à nossa vontade. Ora, visto que é natural, no homem, a tendência para o próprio bem-estar, é natural que ele seja atingido pelas penas, pelas sanções, que precisamente lhe impedem tal realização. Que parte tem a liberdade da vontade em 88 tudo isto? Locke nega, propriamente, o livre arbítrio, porquanto nós nos inclinamos necessariamente para um bem determinado e devemos desejar o bem maior. Quanto à política, Locke deriva a lei civil da lei natural, racional, moral, em virtude da qual todos os homens - como seres racionais - são livre iguais, têm direito vida e à propriedade; e, entretanto na vida política, não podem renunciar a estes direitos, sem renunciar à própria dignidade, à natureza humana. Locke admite um originário estado de natureza antes do estado civilizado. Não, porém, no sentido brutal e egoísta de inimizade universal; mas em um sentido moral, em virtude do qual cada um sente o dever racional de respeitar nos outros a mesma personalidade que nele se encontra. Também Locke admite a passagem do estado de natureza ao estado civilizado, porquanto, no primeiro, falta a certeza e a regularidade da defesa e da punição, que existe no segundo, graças à autoridade do superior. Entretanto, estipulando este contrato social, os indivíduos não renunciam a todos os direitos, porquanto os direitos que constituem a natureza humana (vida, liberdade, bens), são inalienáveis; mas renunciam unicamente ao direito de defesa e de fazer justiça, para conseguir que os direitos inalienáveis sejam melhor garantidos. Antes, se o estado violasse esses direitos inalienáveis, os indivíduos teriam o direito e o dever de a ele resistir e de se revoltar contra o poder usurpador. A doutrina política de Locke, contida no seu Tratado sobre o Governo Civil, é a expressão teórica do constitucionalismo liberal inglês, em contraste com a doutrina do absolutismo naturalista de Hobbes. 46 IDEIAS PEDAGÓGICAS Fonte: www. pt.slideshare.net 89 Com respeito à religião, Locke toma uma atitude racionalista moderada. Admite uma religião natural, exigível também politicamente, porquanto fundamentada na razão. E professa a tolerância a respeito das religiões particulares, históricas, positivas. Locke interessou-se especialmente pelos problemas pedagógicos, escrevendo os Pensamentos sobre a Educação. Aí afirma a nossa passividade, pois nascemos todos ignorantes e recebemos tudo da experiência; mas, ao mesmo tempo, afirma a nossa parte ativa, enquanto o intelecto constrói a experiência, elaborando as ideias simples. Afirma-se que todos nascemos iguais, dotados de razão; mas, ao mesmo tempo, todos temos temperamentosdiferentes, que devem ser desenvolvidos de conformidade com o temperamento de cada um. Esta educação individual não exclui, mas implica a educação, a formação social, para ampliar, enriquecer a própria personalidade. Tem muita importância a obra do educador, mas é fundamental a colaboração do discípulo, pois trata-se da formação do intelecto, da razão, que é, necessariamente, autônoma. A formação educacional consiste, portanto, fundamentalmente, no desenvolvimento do intelecto mediante a moral, precisamente pelo fato de que se trata de formar seres conscientes, livres, senhores de si mesmos. Por conseguinte, a educação deve ser formativa, desenvolvendo o intelecto, e não informativa, erudita, mnemônica. Igualmente Locke é fautor de educação física, mas como o meio para o domínio de si mesmo. Questão 01 A chamada Escola de Frankfurt marcou a Filosofia da primeira metade do século XX, tendo como temática chave a(o) desestruturação das ideias herdadas do materialismo histórico. a) Crítica da indústria cultural e do capitalismo. b) Reestruturação do socialismo francês do século xix. c) Dilema entre a ética e as políticas públicas liberais. d) Crítica da razão em moldes pós-estruturalistas. ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 90 Questão 02 Nos estudos sobre Fenomenologia, a obra de Martin Heidegger se destaca como referência indiscutível. Sobre este grande pensador do século XX, é CORRETO afirmar que: a) Se opôs ao Nazismo alemão, sendo uma das figuras emblemáticas da resistência ao totalitarismo e ao antissemitismo. b) Desenvolveu uma filosofia da existência totalmente pautada nas contribuições de seu mestre Husserl. c) Defendeu a reestruturação do conceito de subjetividade, apresentando-o como substituto do conceito de racionalidade. d) Dentre suas obras, destaca-se a publicação de Ser e Tempo. e) Não se interessou pelo estudo das relações entre ciência e tecnologia. Questão 03 "O homem é condenado a ser livre". Esta frase de Jean Paul Sartre sintetiza o movimento filosófico, que marcou a Europa no pós-Segunda Guerra Mundial, a saber o (a): a) Estruturalismo. b) Pós-modernidade. c) Pós-estruturalismo. d) Dodecafonismo. e) Existencialismo. Questão 04 O estruturalismo, surgido na França da primeira metade do século XX, exerceu uma forte influência em relação ao modo de pensar de vários intelectuais, nas mais distintas áreas com abrangências na Antropologia, na Filosofia, na História. Essa forma de pensar as estruturas sociais encontra respaldo, principalmente, na obra de: a) Jürgen Habermas. b) Marti Heidegger. c) Antonio Gramsci. 91 d) Gilles Deleuze. e) Claude Levi-Strauss. Questão 05 A perspectiva neopositivista da filosofia do século XX encontra repercussão na obra dos autores citados abaixo, com EXCEÇÃO de: a) Ludwig Wittgenstein. b) Jacques Lacan. c) Karl Popper. d) Bertrand Russell. e) Rudolf Carnap. Questão 06 Nascido em Viena, Áustria, em 1859, este filósofo, lógico e matemático, que faleceu em 1951, concentrou suas investigações filosóficas na análise da lógica da linguagem e nos seus diversos usos, tendo suas idéias influenciado diversas áreas do pensamento contemporâneo. Dentre seus trabalhos, podemos destacar o Tractatus Logico - Hilosophicus e a Investigação Filosáfica. Estamos nos referindo a: a) Cornelius Castoriadis. b) Sören Kierkegaard. c) Matthew Lipman. d) Karl Jaspers. e) Ludwig Wittgenstein. Questão 07 O pensamento de Michel Foucault exerce influência atualmente em várias áreas do conhecimento humano e da produção científica. Foucault produziu sua obra na segunda metade do século XX, e sobre ela é CORRETO afirmar que: a) Sofreu forte influência do positivismo. b) Abordou, de forma praticamente pioneira, temas, como a loucura e a sexualidade. 92 c) Refutou ideias defendidas por Nietzsche no século XIX. d) Desenvolveu propostas levantadas anteriormente por Habermas. e) Encontrou no pragmatismo sua melhor classificação. Questão 08 As obras de Gilles Deleuze e de Michel Foucault estão ligadas à chamada: a) Arqueogenealogia. b) Psicanálise. c) Fenomenologia. d) Hermenêutica. e) Linguística. Questão 09 - Considere as proposições abaixo acerca das caraterísticas de alguns filósofos contemporâneos. I- Simone de Beauvoir, além de ser uma das grandes teóricas do feminismo moderno, se destacou no existencialismo. II- Hannah Arendt, em sua obra, procurou articular a reflexão sobre política, técnica, ética, trabalho e a própria atividade intelectual da reflexão. III- Cornelius Castoriadis busca dar sua contribuição ao pensamento filosófico contemporâneo, recuperando a tradição grega em confronto com as principais correntes de pensamentos da atualidade, como o marxismo e a fenomenologia. Considerando-se as afirmativas acima, é CORRETO afirmar que: a) Todas as proposições são falsas. b) Apenas II está correta. c) Todas as afirmações estão corretas. d) Apenas III está incorreta. e) Só I está correta. Questão 10 A Educação e a Sociedade andam sempre em constante compasso. O professor de Filosofia tem de estar atento a esta realidade. A sociedade vem mudando nos últimos 93 anos e desejando outro tipo de pessoa, tanto no nível de relações com o conhecimento quanto no de relações afetivas, éticas e político-sociais. Neste contexto, a Filosofia: a) Pode ajudar nesse sentido, pois atua no aprimoramento do pensar e oferece oportunidades de aprender a aprender. b) É completamente dispensável, já que a sociedade contemporânea prioriza o conhecimento tecnicista. c) Se torna incapaz de responder às inquietações da sociedade, por trabalhar com utilidades imediatas. d) Não encontra espaço no currículo escolar, por ser um conhecimento dispensável no atual projeto pedagógico. e) Não dialoga com as necessidades exigidas do pensar, comunicar-se, agir e sentir. 94 47 DESCARTES E AS CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO VERDADEIRO Fonte: www.recreiobrasil.com René Descartes (1596-1650), filósofo francês, e reconhecidamente o “pai da filosofia moderna” é o principal representante do racionalismo, cujos fundamentos se encontram em suas obras Discurso sobre o método e Meditações metafísicas. Movido pelo espírito científico da época e apoiado na matemática, uma de suas paixões, Descartes encaminha suas reflexões filosóficas em direção à verdade. A percepção de que o homem se engana com facilidade e de que os conhecimentos provenientes dos sentidos são muitas vezes duvidosos, impulsiona Descartes na busca de certezas inabaláveis. Dessa maneira, ele encontra na dúvida um caminho seguro para encontrar a verdade: Converte a dúvida em método. Começa duvidando de tudo, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, dos testemunhos dos sentidos, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade do seu próprio corpo. A dúvida metódica conduz Descartes a um primeiro conjunto de verdades: “Eu duvido, isso é certo. Se duvido, é porque eu penso, isso também é certo. Se eu penso, 95 eu existo: é certo que eu existo porque eu penso”. Cogito, ergo sum, isto é, “Penso, logo existo”: eis a primeira certeza cartesiana, da qual é possível ter-se uma ideia clara e distinta. O Cogito cartesiano (“eu penso”) fundamenta a possibilidade da ciência: admitem-se como verdade apenas ideias claras e distintas. A evidência racional é o critério que deve guiar todo o ser humano na construção do conhecimento. 48 LOCKE: A CONSCIÊNCIA – O EU, A PESSOA, O CIDADÃO E O SUJEITO. Fonte: www.slideplayer.com.br John Locke (1632-1704), tambémfilósofo inglês, expõe em sua obra Ensaio acerca do entendimento humano, os fundamentos do empirismo. Tem como finalidade principal “investigar a origem, certeza e extensão do conhecimento humano”. Para Locke, a mente humana é uma folha de papel em branco (tabula rasa) e todas as ideias têm origem em duas fontes, a sensação e a reflexão. 96 Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovido de todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela será suprida? De onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento. Empregada tanto nos objetos sensíveis externos como nas operações internas de nossas mentes, que são por nós mesmos percebidas e refletidas, nossa observação supre nossos entendimentos com todos os materiais do pensamento. Dessas duas fontes jorram todas as nossas ideias, ou as que possivelmente teremos. Em primeiro lugar, os sentidos percebem os objetos sensíveis e imprimem na mente as imagens desses objetos. Nisso consiste a sensação, uma experiência externa, primeira fonte das ideias para efetivar o conhecimento humano. Em segundo lugar, as operações da própria mente sobre as ideias que já possui constituem a segunda fonte de ideias, denominada reflexão, uma experiência interna, que consiste na percepção das operações que a própria mente realiza – a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar, o conhecer, o querer e todos os diferentes atos de nossas próprias mentes. Quanto à política, Locke deriva a lei civil da lei natural, racional, moral, em virtude da qual todos os homens – como seres racionais – são livres iguais, têm direito vida e à propriedade; e, entretanto, na vida política, não podem renunciar a estes direitos, sem renunciar à própria dignidade, à natureza humana. Locke admite um originário estado de natureza antes do estado civilizado. Não, porém, no sentido brutal e egoísta de inimizade universal; mas em um sentido moral, em virtude do qual cada um sente o dever racional de respeitar nos outros a mesma personalidade que nele se encontra. 97 49 NA EDUCAÇÃO Fonte: www.pt.slideshare.net A relação da filosofia com a educação existe desde o mundo grego. Os filósofos gregos, em busca da Arete humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação e seu sentido no mundo. Viam na educação um meio necessário para o alcance de uma cultura ideal e de uma alma purificada, capaz de elevar o homem ao conhecimento inteligível, apostando na busca de um ideal artístico de cultura. A busca pela educação ideal é representada por Platão na metáfora da “alegoria da caverna”, no momento em que um dos homens presos no fundo de uma caverna consegue se libertar do conhecimento da roxa, enxergando a luz da verdadeira realidade. “O caminho da Filosofia, para Platão, era o de conhecer a realidade por conceitos, até perceber que a própria realidade é ela mesma, o mundo das ideias, dos conceitos puros, ou mais exatamente, das formas puras” (Ghiraldelli, 2001, p.32-33). 98 Na visão platônica, a filosofia deveria transcender a contingência histórica, contribuindo para o processo de esclarecimento da verdadeira sabedoria, na superação das falsas crenças, lançando a ideia de uma educação para a virtude, uma educação perfeita, com a qual o homem se torna culto e erudito. A epistemologia, enquanto teoria do conhecimento, é o campo da filosofia que se debruça sobre uma série de questões representadas pelo seguinte esquema: Assim, a nossa “missão” nesta aula é acompanhar as diferentes respostas dadas pelos filósofos a esses questionamentos e, se possível, criamos, nós mesmos, novas e intrigantes perguntas. Mas, antes, precisamos refletir sobre algumas questões preliminares. Objetivos de aprendizagem: Relacionar os diversos tipos de conhecimento; Identificar e compreender as condições de possibilidade do conhecimento; Diferenciar e articular os principais argumentos das epistemologias abordadas. E, nessa expectativa, a educação acabou tornando-se objeto de estudos e reflexão da filosofia desde os tempos gregos. Pode-se dizer que a filosofia da educação surgiu do forte vínculo entre a filosofia e a pedagogia estabelecido no decorrer dos anos, pois a filosofia, preocupada com as formas do conhecimento perfeito, orientou o homem segundo a razão, inferindo um pensamento pedagógico que busca a perfeição. Assim, percebe-se a disciplina sendo marcada pela história do pensamento filosófico, com fundamentos e objetivos voltados aos entendimentos da tradição. Na questão da educação, Locke afirma-se que todos nascemos iguais, dotados de razão; mas, ao mesmo tempo, todos temos temperamentos diferentes, que devem ser desenvolvidos de conformidade com o temperamento de cada um. Esta educação individual não exclui, mas implica a educação, a formação social, para ampliar, enriquecer a própria personalidade. Tem muita importância à obra do educador, mas fundamental a colaboração do discípulo, pois se trata da formação do intelecto, da razão, que é, necessariamente, autônoma. A formação educacional consiste, portanto, fundamentalmente, no desenvolvimento do intelecto mediante a moral, precisamente pelo fato de que se trata de formar seres conscientes, livres, senhores 99 de si mesmos. Por conseguinte, a educação deve ser formativa, desenvolvendo o intelecto, e não informativa. 50 O MÉTODO CIENTÍFICO E AS CIÊNCIAS HUMANAS Fonte: www.slideplayer.com.br O filósofo Francis Bacon, no início do século XVII, criou uma expressão ao referir-se ao objeto do conhecimento científico: “A Natureza atormentada”, ou seja, fazer a natureza reagir a condições artificiais criadas pelo homem, que poderia controlar e dominar a natureza. Dessa forma, o homem não se contenta somente em conhecer as coisas, mas transformá-las, de modo artificial, a construção do mundo físico, biológico e humano (psíquico, social, político e histórico). Assim, por exemplo, a organização do processo de trabalho nas indústrias é considerada científica, pois se baseia nos conceitos de psicologia, sociologia, economia etc., que permite dominar e controlar o trabalho humano (controle mente e corpo, segundo Foucault). 100 A lógica, a serviço da razão e a medida em que esta se torna instrumental, a ciência torna-se um instrumento de dominação, mas que não seja percebida como tal, cria suas ideologias através da escola e dos meios de comunicação de massa. A ciência humana considera o próprio homem como seu objeto. Esta ideia do homem como objeto de estudo científico surgiu no século XIX, bastante recente, e procura empregar meios racionais para definir os acontecimentos históricos, a razão do homem nesse aspecto e suas relações com o meio, as transformações das sociedades e das estruturas sociais. 51 O PENSAMENTO GREGO: PLATÃO Fonte: www.pt.slideshare.net O pensamento político de Platão é decorrente da sua forma de explicar a realidade através da Teoria das Ideias. Vamos, então, explicar a Teoria das Ideias. Platão afirma que existem dois mundos: um mundo sensível e um mundo inteligível. O mundo sensível é marcado pelas aparências porque é apenas cópia e sombra do mundo das Ideias. O mundo das Ideias é o lugar das essências imutáveis de todas as 101 coisas, dos verdadeiros modelos e arquétipos. O mundo das Ideias é o único mundo verdadeiro. As ideias, tambémchamadas de protótipos ou formas, são modelos únicos e perfeitos de todas as coisas existentes. As ideias não têm matéria e são inacessíveis aos sentidos. Somente a alma tem acesso ao conhecimento das ideias. As Ideias são eternas, perfeitas e imutáveis. Há uma Ideia para cada série de homens, mulheres, animais e demais seres existentes. Estas ideias obedecem uma hierarquia e em seu ponto mais alto está a Ideia do BEM, a mais perfeita e mais geral de todas. Todos os seres existem à medida em que participam do BEM, considerado a Beleza Suprema, isto é, o Deus de Platão. Todos os seres são criados pelo Demiurgo (um ser divino artesão), que contempla as Ideias e, usando uma matéria-prima, vai moldando tudo o que existe. A matéria resiste a essa fabricação e surge a diversidade dos seres da mesma espécie. Platão tem uma concepção dualista do ser humano. Nós somos formados pelo corpo e pela alma. O corpo está ligado ao mundo sensível e a alma está ligada ao mundo das Ideias. Os dois estão juntos, mas a convivência é marcada pela violência. A alma vivia no mundo das Ideias de forma livre e independente. Ao se encarnar, a alma imortal deve viver aprisionada num corpo corruptível e mortal, que resiste à sua orientação. O corpo é fonte dos baixos instintos e das paixões e precisa ser conduzido pela alma. A alma precisa se libertar dos desejos e paixões físicas para voltar purificada ao mundo das Ideias, onde ficará de acordo com a sua evolução, aguardando o momento de voltar ao mundo sensível ou ficar definitivamente no Mundo das Ideias (Platão acreditava na reencarnação). A alma racional ou intelectiva, que corresponde à razão, reside na cabeça. A alma irascível reside no peito e corresponde às emoções e à agressividade. A alma concupiscível está localizada no ventre e fica voltada para os prazeres do mundo sensível. A alma racional tem a tarefa de manter a harmonia entre elas. O conhecimento verdadeiro ocorre através da alma racional. A alma teve uma vida anterior no mundo das Ideias e contemplou os objetos únicos e perfeitos. Vivendo no mundo sensível, a alma vai se recordando das Ideias que havia contemplado na vida anterior no mundo das Ideias. As almas precisam recordar o conhecimento porque ao voltarem para o mundo material, elas bebem a água do rio do esquecimento, ainda no mundo das Ideias. 102 Vocês notaram, assim, que para Platão, a alma é superior ao corpo, que é considerado a prisão da alma. É necessário que a alma se liberte do corpo para que possa retornar ao Mundo das Ideias, onde tudo é perfeito. A partir desse pensamento, Platão considera que as atividades intelectuais são mais importantes do que as atividades manuais. Em função dessa teoria e devido a sua frustração em relação à democracia ateniense (é importante lembrar que foram os políticos atenienses que condenaram Sócrates à morte), Platão propôs a constituição de um governo e de uma sociedade totalmente diferentes - a República - para superar a democracia decadente e autoritária de Atenas. A República, idealizada por Platão, seria governada por pessoas inspiradas pelo bem comum. A República de Platão deveria ser dividida em três grupos sociais, semelhança das almas dos indivíduos: os filósofos, grupo dirigente que corresponde alma racional, os guardiães ou soldados, encarregados da defesa da cidade, equivalem à alma irascível, os produtores (agricultores e artesãos) são comparados à alma concupiscível. Os dirigentes receberiam uma longa, complexa e exigente educação, que teria por base a ginástica, a música, a poesia e a história, passando pela matemática e culminando na filosofia, a ciência do Bem. Só tendo contemplado o Bem, alguém seria capaz de participar do governo da cidade, voltando-se para o interesse geral. A classe dos produtores receberia uma educação elementar até os vinte anos e depois as pessoas assumiriam as suas funções de trabalho manual. A classe dos guardiões receberia uma educação até os trinta anos para o melhor desempenho da defesa da cidade. A classe dirigente continuaria seus estudos. Aos cinquenta anos, os membros da classe dirigente que passassem por todos os testes e provações seriam admitidos no corpo supremo dos magistrados. Vejam, de forma esquemática, como seria a estrutura social da República defendida por Platão. República o Classe Dirigente - Filósofos - Alma Racional - Governo da Cidade o Classe dos Guardiães - Soldados - Alma Irascível - Defesa da Cidade o Classe dos Produtores - Agricultores e Artesãos - Alma Concupiscível - Manutenção da Cidade 103 52 ARISTÓTELES Fonte: www.netmundi.org Aristóteles afirmava que o ser humano é, por natureza, um animal social e político. Portanto, o fato do homem viver em sociedade é uma consequência natural da sua própria essência. O ser humano, por ser social e político, deve viver na pólis, ou seja na cidade. Aristóteles defendia que o dever do Estado era garantir o bem-estar do cidadão. No entanto, Aristóteles tem uma visão elitista da política. Para ele, só poderia exercer um cargo político quem tivesse tempo livre para atuar nas assembleias. Ora, trabalhadores e escravos estariam eliminados de participar dos destinos da pólis, ou seja, de serem cidadãos participativos da política, porque deveriam estar continuamente trabalhando. Somente os proprietários (elite) teriam condições efetivas de trabalharem como políticos. http://www.netmundi.org/ 104 53 O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO Fonte: www.pt.slideshare.net Maquiavel (1469-1527) realiza uma revolução no modo de pensar a política. O seu pensamento difere dos gregos que tratavam a política numa linha normativa, isto é, a idealização de um governante para administrar os assuntos da polis, e do pensamento medieval que abordava a política em uma perspectiva religiosa. Maquiavel trabalha a política com uma postura autônoma, isto é, não busca mais idealizar um governante ou explicar os acontecimentos políticos sob a ótica da religião. Pelo contrário, Maquiavel desenvolve um pensamento realista, por isso é considerado o fundador da ciência política. Por isso, sua preocupação é analisar como os homens agem de fato para conquistarem e se manterem no poder, a fim de proporcionar a melhor prática da ação política. Maquiavel garante a autonomia da ciência política, afastando-a do controle da religião, fazendo da reflexão política uma atividade secularizada, ou seja, centrada nas questões concretas do cotidiano independente da autoridade religiosa. Para Maquiavel, o governante virtuoso é aquele que age certo na hora certa, ou seja, sabe http://www.pt.slideshare.net/ 105 aproveitar os momentos certos para agir, a fim de conquistar e manter o poder. Todos os valores éticos são vistos sob a ótica das consequências do ato político. Em determinados momentos, por exemplo, o governante precisará agir com força, caso seja necessária para conter uma revolta que esteja ameaçando o controle da situação de quem está no poder. Podemos ver em Maquiavel um pensador que tem uma visão pragmática da ação política, ou seja, sua preocupação é mostrar como e porque pessoas conseguiram se manter ou não no poder. Sua contribuição está exatamente no fato de estabelecer a autonomia da ciência política. 54 OS SOFISTAS Os mitos gregos eram recolhidos pela tradição e transmitidos oralmente pelos medos e lapsodos, cantores ambulantes que davam forma poética a esses relatos e os recitavam de cor em praça pública. A grande aventura intelectual não começa propriamente na Grécia Continental, mas nas colônias gregas: na Jônia e na Magna, foi lá que se originou o pensar filosófico. Neste trabalho mostraremos quem eram os sofistas, o pensamento político de Platão (suas obras e legadopara a Filosofia), mostraremos também que foi Aristóteles e suas formas de governo. Fonte: www.pt.slideshare.net http://www.pt.slideshare.net/ 106 Um tanto difícil discorrer sobre tudo, mas tentaremos expor através de pesquisas (em livros didáticos e também livros de autoria de Platão e Aristóteles) o pensamento político grego e sua política normativa. Os sofistas sempre foram mal interpretados devido às críticas que deles faziam Sócrates e Platão. A história da filosofia nos dá nem faz referência a eles. A palavra sofista, etimologicamente, vem de sophos, que significa “sábio”, ou melhor, “professor de sabedoria”. Mas no sentido pejorativo, significa “homem que emprega sofismas”, ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, de má fé, com intenção de enganar. Bem verdade que este momento não se dirige ao povo em geral, mas a uma elite, àqueles bons oradores que poderiam, nas assembleias públicas, fazer uso da palavra livre e pronunciar discursos convincentes e oportunos. A retórica será o instrumento desse processo e os sofistas, os mestres, da nova arte política. 55 TEORIA DOS DOIS MUNDOS DEFENDIDA POR PLATÃO Fonte: pt.slideshare.net 107 O centro de suas teorias era a de ideias e formas. Platão defendia que nós seres humanos participamos de dois mundos diferentes. O primeiro é o mundo físico no qual experimentamos através de nossos sentidos corporais e através desses sentidos temos contato com o mundo inferior. O outro mundo no qual Platão chama de mundo superior ou mundo das formas composto de essência imaterial e eterna que para ele é o mundo ideal no qual aprendemos com nossas mentes. Ele defendia que o que encontramos no mundo físico são cópias ou exemplos imperfeitos de absolutos imutáveis como bondade, justiça, beleza e verdade. E também acreditava que essas formas do mundo ideal existiriam independente de alguém pensar nelas e que são universais, ou seja, podem estar em várias coisas ao mesmo tempo. Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Ideias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua categoria de uma Ideia perfeita. Uma determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Ideia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo. Os mais famosos sofistas foram: Protágoras, Górgias, Híppias, Trasímaco, Pródico, Hipódamos, etc. vindos de todas as partes do mundo grego desenvolvem um ensino itinerante pelos locais em que passam, mas não se fixam em lugar nenhum. Para escândalo dos seus contemporâneos costumam cobrar pelas aulas. Por esse motivo, Sócrates os acusava de prostituição. Outra obra importante foi a sistematização do ensino. Formam um currículo de estudos: gramática - da qual foram os iniciadores - retórica e dialética. Com o brilhantismo da participação no debate público, deslumbram os jovens do seu tempo. Desenvolvem um espírito crítico e a facilidade de expressão, mas são com frequência acusados de superficialidade e logo maquia, ou seja, de pronunciar um discurso vazio, um palavreado oco. Não deixaram obra escrita, apenas citações de outros filósofos, e como já vimos sempre tendenciosas. 108 56 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR: UMA CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO Fonte: www.pt.slideshare.net Vive-se um momento de profundas transformações. Não se sabe ao certo para onde se caminha e nem qual o caminho a trilhar. A sociedade atual encontra-se em profunda crise, na qual somos remetidos a repensar nossos valores e atitudes. Nesse contexto incerto, o papel do profissional da educação precisa ser repensado. É necessário que o professor se posicione não mais neutro, ele pode ascender à sociedade usando a educação como instrumento de luta, levando a população a uma consciência crítica que supere o senso comum. Nessa perspectiva, entende-se que o povo de posse desse saber mais elaborado poderá vir a ter condições de se proteger contra a exploração das classes dominantes se organizando para a construção de uma sociedade melhor, menos excludente, e realmente democrática. Não se pode esperar que tal organização brote espontaneamente, mas sim por meio da educação que pode caminhar lado a lado com a prática política do povo. http://www.pt.slideshare.net/ 109 Educadores e educadoras precisam engajar-se social e politicamente, percebendo as possibilidades da ação social e cultural na luta pela transformação das estruturas opressivas da sociedade classista. Para isso, antes de tudo necessitam conhecer a sociedade em que atuam, e o nível social, econômico e cultural de seus alunos e alunas. Educadores e educadoras não podem se colocar na posição de ser superiores, que ensinam um grupo de ignorantes, mas sim na posição humilde daqueles que comunicam um saber relativo a outros que possuem outro saber relativo. Como educadores engajados em um processo de transformação social, necessita-se que esses profissionais acreditem na educação, e, mesmo não tendo uma visão ingênua, acreditando que essa sozinha possa transformar a sociedade em que está inserida, e acreditem que sem ela nenhuma transformação profunda se realizará. É preciso confiar nessas mudanças e esperar o inesperado. Observamos nesse curso que toda teoria pedagógica tem seus fundamentos baseados num sistema filosófico. É a filosofia que, expressando uma concepção de homem e de mundo, dá sentido à Pedagogia, definindo seus objetivos e determinando os métodos da ação educativa. Nesse sentido, não existe educação neutra. Ao trabalhar na área de educação, é sempre necessário tomar partido, assumir posições. E toda escolha de uma concepção de educação é, fundamentalmente, o reflexo da escolha de uma filosofia de vida. Ao pensar filosoficamente, o educador foge da simplicidade, da ingenuidade e das explicações mágicas ao interpretar os problemas do cotidiano, buscando aprofundar sua análise, não se satisfazendo com as aparências, buscando a causalidade dos fatos de forma inquieta e intensa. A educação é considerada o único instrumento apropriado para a construção de uma sociedade laica e justa, gerenciada por um aparelho estatal que se inaugura a partir de um projeto político iluministicamente concebido e juridicamente implementado. Nessa perspectiva, cabe à filosofia da educação empenhar-se na construção de uma imagem de homem como sujeito da educação, buscando uma visão integradora que leve em consideração a historicidade desse ser. 110 57 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 3.ed. São Paulo: Moderna, 2006. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2002. GHIRALDELLI Jr., Paulo (Org.). Estilos em filosofia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR COELHO, Wilson Ferreira. Psicologia da Educação. 1ª Ed. Pearson. São Paulo, 2015. GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2004. GALLO, Silvio. Ética e cidadania: caminhos da filosofia. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2000. GHIRALDELLI Jr., Paulo (Org.). O que é filosofia da educação. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2.ed. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2000.