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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ES 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 O ESTUDO DA FILOSOFIA................................................................................ 4 
2 O QUE É FILOSOFIA? ....................................................................................... 4 
3 ANTIGAS CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA .......................................................... 7 
4 HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA .................................................. 8 
5 O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO ............................................... 10 
6 A EDUCAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE .............................. 12 
7 O LUGAR EFETIVO DA EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES MODERNAS ........ 14 
8 ESTRUTURA E DINÂMICA DO ENSINO NO BRASIL ..................................... 16 
9 OS DONOS DO SABER E O SABER DOS DONOS ........................................ 17 
10 SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO. ...................................................................... 19 
11 PRINCIPAIS REPRESENTANTES: JEAN JACQUES ROUSSEAU ................. 25 
12 PENSADORES INFLUENCIADOS PELO PENSAMENTO DE ROUSSEAU.... 26 
13 A EDUCAÇÂO COMO CENTRO FILOSÓFICO ............................................... 28 
14 A EDUCAÇÃO BIZANTINA .............................................................................. 29 
15 MURALHAS DE CONSTANTINOPLA .............................................................. 31 
16 A EDUCAÇÃO ISLÂMICA ................................................................................ 32 
17 ESCOLAS MONACAIS ..................................................................................... 33 
18 RENASCIMENTO CAROLÍNGIO ...................................................................... 34 
19 PERFIL DE CARLOS MAGNO ......................................................................... 35 
20 RENASCIMENTO DAS CIDADES: AS ESCOLAS SECULARES ..................... 36 
21 COMO ERA A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA? .............................................. 43 
22 AS UNIVERSIDADES ....................................................................................... 44 
23 A EDUCAÇÃO DAS MULHERES ..................................................................... 45 
24 PAGANISMO E CRISTIANISMO ...................................................................... 46 
 
 
 
25 PATRÍSTICA ..................................................................................................... 48 
26 ESCOLÁSTICA ................................................................................................. 49 
27 AS CARACTERÍSTICAS FILOSÓFICAS DO CRISTIANISMO ......................... 51 
28 FILOSOFIA MEDIEVAL E O CRISTIANISMO .................................................. 54 
29 ANTIGUIDADE ROMANA: EDUCAÇÃO HEROICO-PATRÍCIA ....................... 55 
30 EDUCAÇÃO COSMOPOLITA .......................................................................... 57 
31 EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO ............................................................................... 62 
32 FILOSOFIA TOMISTA: TOMÁS DE AQUINO ................................................... 63 
33 ANTIGUIDADE ROMANA: A HUMANISTAS .................................................... 66 
34 EXISTENCIALISMO ......................................................................................... 67 
35 ESSENCIALISMO ............................................................................................. 69 
36 A EDUCAÇÃO DIFUSA .................................................................................... 70 
37 QUATRO IMPORTANTES FILÓSOFOS DA EDUCAÇÃO ............................... 72 
38 A CONDUTA HUMANA E A EDUCAÇÃO ........................................................ 76 
39 MORAL CIENTÍFICA E MORAL TRADICIONAL .............................................. 77 
40 MORALIDADE ÉTICA ....................................................................................... 79 
41 UMA NOVA FORMA DE CONHECIMENTO SEGUNDO A FILOSOFIA E SEUS 
PENSADORES ......................................................................................................... 82 
42 O EMPIRISMO DE JOHN LOCKE .................................................................... 84 
43 O PENSAMENTO: A GNOSIOLOGIA .............................................................. 85 
44 IDEIAS METAFÍSICAS ..................................................................................... 86 
45 MORAL E POLÍTICA ........................................................................................ 87 
46 IDEIAS PEDAGÓGICAS ................................................................................... 88 
47 DESCARTES E AS CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO VERDADEIRO ....... 94 
48 LOCKE: A CONSCIÊNCIA – O EU, A PESSOA, O CIDADÃO E O SUJEITO.. 95 
49 NA EDUCAÇÃO ................................................................................................ 97 
50 O MÉTODO CIENTÍFICO E AS CIÊNCIAS HUMANAS ................................... 99 
 
 
 
51 O PENSAMENTO GREGO: PLATÃO ............................................................. 100 
52 ARISTÓTELES ............................................................................................... 103 
53 O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO ...................................................... 104 
54 OS SOFISTAS ................................................................................................ 105 
55 TEORIA DOS DOIS MUNDOS DEFENDIDA POR PLATÃO .......................... 106 
56 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR: UMA CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA 
DA EDUCAÇÃO ...................................................................................................... 108 
57 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ................................................................................. 110 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 O ESTUDO DA FILOSOFIA 
 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
"A Filosofia contribui para o estudo da Ética e Moral, demanda social 
negligenciada na formação do cidadão brasileiro" - Arthur Meucci. Desde 2006, 
Filosofia é disciplina obrigatória no Ensino Médio brasileiro. Para muitos, perda de 
tempo, pois exige maturidade intelectual que a maioria dos alunos não tem. Mas há 
defensores fervorosos de sua inclusão no currículo, caso do filósofo e psicanalista 
Arthur Meucci. "É a única disciplina da grade escolar que faz a ponte entre o 
português, a sociologia, a história e a matemática, além de contribuir para o estudo 
da Ética e Moral, demanda social negligenciada na formação do cidadão brasileiro", 
destaca. 
 
2 O QUE É FILOSOFIA? 
A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, 
fechado em si mesmo. A filosofia é uma maneira de pensar e é também uma postura 
diante do mundo. 
 
 
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Fonte: www.nacaojuridica.com.br 
 
Antes de mais nada, ela é uma forma de observar a realidade que procura 
pensar os acontecimentos além da sua aparência imediata. Ela pode se voltar para 
qualquer objeto: pode pensar sobre a ciência, seus valores e seus métodos; pode 
pensar sobre a religião, a arte; o seu cotidiano, o próprio homem em sua cultura e 
imagem. A filosofia em síntese não é tão somente uma interpretação do já vivido, 
daquilo que esta você possa estar objetivando, mais também a interpretação das 
aspirações e desejos do que ainda está por vir e do que está para chegar. Para iniciar 
o exercício de filosofa, a primeira coisa a fazer é admitir o que vivemos e vivenciamos 
valores e que é preciso saber quais são eles. Filosofia é inventariar os valores que 
explicam e orientam nossa vida e a vida da sociedade, e que dimensionam as 
finalidades da prática humana. O segundo momento é o momento da crítica que é um 
modo de penetrar dentro desses valores, descobrindo -lhe a sua existência. 
A filosofia e educação estão vinculadasno tempo e no espaço. A pedagogia 
inclui mais elementos do que o pressuposto filosófico da educação, tais como os 
processos socioculturais, a concepção psicológica do educando e a forma do 
processo educacional. Para que possamos compreender ainda mais essa filosofia e 
como ela é parte de uma educação inteiramente possuía pela realidade e construção 
http://Fonte:%20www.nacaojuridica.com.br
 
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cultural, segundo o filósofo e educador Demerval Saviani, a reflexão filosófica deve 
possuir as seguintes características: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RADICALIDADE 
Chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é, 
aos seus fundamentos; à sua origem, não só 
cronológica, mas no sentido de chegar aos 
valores originais que possibilitaram o fato. A 
reflexão filosófica, portanto, é uma reflexão 
em profundidade. 
 
 
RIGOR 
A filosofia não considera os problemas 
isoladamente, mas dentro de um conjunto de fatos, 
fatores e valores que estão relacionados entre si. 
A reflexão filosófica contextualiza os problemas 
tanto verticalmente, dentro do desenvolvimento 
histórico, quanto horizontalmente, relacionando-
os a outros aspectos da situação da época. 
 
CONTEXTUALIDADE 
Seguir um método adequado ao objeto 
em estudo, com todo o rigor, colocando 
em questão as respostas mais 
superficiais, comuns à sabedoria popular 
e a algumas generalizações científicas 
apressadas. 
 
 
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3 ANTIGAS CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA 
Fonte: www.hotfrog.com.br 
 
A história resulta da necessidade de reconstituirmos o passado, relatando os 
acontecimentos que decorreram da ação transformadora dos indivíduos no tempo, por 
meio da seleção e da construção dos fatos considerados relevantes e que serão 
interpretados a partir de métodos diversos. Os povos tribais, por exemplo, não 
privilegiam os acontecimentos da vida da comunidade, porque, para eles, o passado 
os remete aos “primórdios”, às origens dos tempos sagrados em que os deuses 
realizaram seus feitos extraordinários. Fazer história, nesse caso, é recontar os mitos, 
os acontecimentos sagrados que são “reatualizados” nos rituais, pela imitação dos 
gestos dos deuses. A civilização micênica a.C., quando ainda predominava o 
pensamento mítico: constatamos nesse período a ações humanas. 
 A partir do século VI a.C., a filosofia surgiu na colônia grega da Jônia (atual 
Turquia) como uma maneira reflexiva de pensar o mundo, que rejeita a prevalência 
religiosa do mito e admite a pluralidade de interpretações racionais sobre a realidade. 
Para os gregos, o Universo era dividido em mundo sublunar e supralunar: o primeiro 
é o mundo terreno, temporal, sujeito à mudança, à corrupção e à morte, enquanto o 
supralunar é o mundo perfeito das esferas fixas, constituído pela “quinta essência” e, 
portanto, imóvel e eterno. 
 
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Apesar da novidade dessa investigação histórica, aberta à mudança, o que 
permaneceu na antiguidade e na Idade Média foi a visão platônica-aristotélica de um 
mundo estático em que se busca o universal, o que não garantia à história o status de 
ciência, sendo vista, portanto, como uma forma menor de retórica destituída de rigor 
e na qual, segundo alguns historiadores, eram feitas concessões demais à imaginação 
no relato dos fatos. Cabe a cada homem exercitar o seu “ser filósofo”, pôr-se em busca 
de uma apreensão significativa da cultura, de uma crítica leitura da realidade e de uma 
ação engajada no mundo. 
A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de 
perguntas ou questões: 
 
 Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que 
fazemos? 
 O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando 
falamos, o que queremos fazer quando agimos? 
 Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que 
fazemos? 
 
4 HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA 
 
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As imagens, assim como quadros, retratam a bem a fundamentação e 
característica história dentro de uma perspectiva transcendente da época, seja antiga 
ou moderna. Somente a partir da modernidade, com as mudanças que começaram a 
ocorrer no século XVII, o estudo da história tomou nova configuração, consolidada no 
Iluminismo do século XVIII. A história cíclica foi então substituída pela descrição linear 
dos fatos no tempo, segundo as relações de causa e efeito, então os historiadores 
não mais se orientavam pelo passado como modelo a seguir, mas desenvolveram a 
noção de processo, de progresso, investigando o que entendiam por 
“aperfeiçoamento da humanidade”. 
 
A pintura barroca na Itália Características: 
 
 
 Disposição de elementos dos quadros, que sempre forma uma composição em 
diagonal; 
 Contraste de claro-escuro nas cenas, o que intensifica a expressão dos 
sentimentos; 
 Realismo, retratando não só a vida na burguesia, mas a vida do povo simples. 
 
A história da educação é um dos meios mais eficazes para cultivar um saudável 
ceticismo que evita a “agitação” e promove a “consciência” crítica. História que nasce 
nos problemas do presente e que surge pontos de vista ancorados num estudo 
rigoroso do passado. Uma das funções principais do historiador da educação é 
compreender esta lógica de “múltiplas identidades”, por meio da qual se definem 
memórias e tradições, pertenças e filiações, crenças e solidariedades. 
As palavras do cineasta Manuel de Oliveira na apresentação do seu último filme 
merecem ser recordadas: “O presente não existe sem o passado, e estamos a fabricar 
o passado todos os dias. Ele é um elemento de nossa memória, é graças a ele que 
sabemos quem fomos e como somos”. Com base nessas duas funções da história da 
educação devem exercer fecunda influência na política educacional, sobretudo nas 
situações críticas em que são gestadas as reformas educativas, depois transformadas 
em leis, a fim de que se possa defender a implantação de uma educação pública 
democrática e de qualidade. 
 
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5 O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO 
Com o pensamento de Marx (1818-1883) estamos diante do processo de 
desmascaramento da política liberal. O liberalismo, com a sua ênfase no homem como 
indivíduo que busca a satisfação de suas necessidades, subjugando a natureza, 
obtendo riquezas e bem-estar crescentes. 
 
 
Fonte: www.aulasdeyoruba.blogspot.com.br 
 
Nessa concepção o pressuposto subjacente é a de que a propriedade privada 
é um direito natural, socialmente útil e moralmente legítimo, uma vez que estimula o 
trabalho concorrencial e competitivo, combatendo o vício da preguiça e estimulando o 
crescimento social. Contudo, Marx parte de outro pressuposto. O homem é 
essencialmente ser histórico e social, marcado pela produção de sua existência em 
sociedade. Marx e Engels escrevem: "nós conhecemos somente uma única ciência: 
a ciência da história". 
 Para Marx, o nosso jeito de ser e pensar é determinado pelas relações sociais 
de produção. Isso significa o termo materialismo. Nele, a consciência humana é 
determinada a pensar as ideias oriundas das condições materiais. Materialismo se 
opõe a idealismo. No caso, Marx se opõe ao idealismo de Hegel, que considera que 
http://Fonte:%20www.aulasdeyoruba.blogspot.com.br
 
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são as ideias que movem o mundo. Para Marx. Hegel é pensador utópico, que 
interpreta o mundo de cabeça para baixo: é ideológico. Para Hegel, as instituições 
existentes derivam de necessidades racionais, legitimando uma certa ordem como 
imutável. Assim, Hegel, na concepção de Marx, transforma em verdades filosóficas 
dados que são puros fatos históricos e empíricos. Exemplificando, seria o mesmo que 
dizer que a constituição cria o povo, ou a religião cria o homem. É um pensamento 
essencialista, a-histórico, que fica nas frases e não mergulha no mundo real do qual 
as frases são um reflexo. 
Marx une a teoria à prática. Busca perceber as relações existentes entre ideiase fatos. Percebe que a prática, os conflitos, a luta entre os homens / classes é que 
gera as ideias e não o contrário. Estamos diante de fatos produzidos e não diante de 
leis a priori, eternas. Fazer essa inversão é ideologia, criticada por Marx. Para Marx, 
somos decorrência das práxis, da ação, dos conflitos históricos. O materialismo é 
histórico, pois a sociedade e política não são de instituição divina nem naturalmente 
dadas. Ao contrário, nascem e dependem da ação concreta dos seres humanos 
situados no tempo, fazendo história. 
O materialismo histórico pretende-se explicativo da história das sociedades 
humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente 
econômicos e técnicos. "No caso do estado moderno, as ideias de estado de natureza, 
direito natural, contrato social e direito civil fundam o poder político na vontade dos 
proprietários dos meios de produção, que se apresentam como indivíduos livres e 
iguais que transferem seus direitos naturais ao poder político, instituindo a autoridade 
do estado e das leis" (CHAUÍ, M. Convite à filosofia, 2003, p.386). A sociedade é 
comparada a um edifício no qual as fundações, a infraestrutura, seriam representadas 
pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria 
as ideias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc.). A base da 
sociedade é a produção econômica. Sobre esta base econômica se ergue uma 
superestrutura, um estado e as ideias econômicas, sociais, políticas, morais, 
filosóficas e artísticas. 
Para Marx, as relações sociais são inteiramente interligadas às forças 
produtivas, econômicas, sendo estas as determinantes. Adquirindo novas forças 
produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, bem como modificam a 
maneira de ganhar a vida, modificando todas as relações sociais. Na medida em que 
 
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mudam os modos de produção, a consciência dos seres humanos também se 
transforma. Por isso, ao contrário do que muitos afirmam, não são as ideias humanas 
que movem a história, mas as condições históricas que produzem as ideias em cada 
época. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, 
política e espiritual. Mas uma vez, dizemos, portanto: "não é a consciência do homem 
que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua 
consciência". 
Assim, diz Meier (2009) em seu artigo “Karl Marx e a crítica à consciência 
moderna”, que Marx tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria injustiça 
social, onde a riqueza é resultante de um processo de exploração sobre o trabalhador. 
O capitalismo, de acordo com Marx é selvagem, considerando que o operário produz 
para o seu patrão, produz riqueza e colhe pobreza. O capitalismo se apresenta 
necessariamente como um regime econômico de exploração e degradação da vida, 
sendo a mais-valia a lei fundamental do sistema. 
Considerando que o fruto do trabalho não pertence ao trabalhador, e este 
permanece preso ao patrão, ocorre então o fenômeno da alienação, do trabalho 
alienado, na medida em que se manifesta como produção de um objeto que é alheio 
ao sujeito criador. Dessa forma, o operário se nega (é negado) no objeto criado. É o 
processo de objetificação, coisificação ou reificação. Por isso, o trabalho que é 
alienado permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho 
seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Havendo essa apropriação do valor 
incorporado ao objeto graças à força de trabalho do sujeito-produtor, promove-se a 
negação da negação. Ora, se a negação é alienação, a negação da negação é a 
desalienação, a libertação. 
 
6 A EDUCAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE 
Durante muito tempo se pensou que a educação formal, ou escolarização, seria 
um instrumento fundamental para o desenvolvimento social, cultural e econômico de 
um país. As grandes polêmicas do passado sobre escola pública ou privada, ensino 
leigo ou religioso, educação técnica ou humanística, partiam do suposto de que o que 
se estava decidindo era o próprio futuro do país. 
 
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Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
Esta visão otimista do papel da educação coincidiu com os anos de grande 
expansão e modernização da sociedade brasileira, pela formação de grandes centros 
urbanos, o desenvolvimento da indústria e dos serviços e a expansão do setor público. 
Neste quadro de expansão e crescimento, ir à escola e obter as qualificações formais 
equivalia a adquirir o direito de acesso às novas oportunidades. 
Esta visão otimista da educação formal é hoje muito discutida, e existem muitos 
que acham que, na realidade, as escolas trazem muito mais malefícios do que 
benefícios à sociedade. Os críticos da educação formal se utilizam, principalmente, 
dos seguintes argumentos: 
 O ensino formal discrimina contra as pessoas de origem social mais humilde, e 
não permite, de fato, nenhuma mobilidade social. As pessoas mais pobres têm 
mais dificuldade de ir à escola e aprender os conteúdos dos cursos, que são 
vasados em linguagem e cultura das classes mais favorecidas. Ao final dos 
estudos, os filhos de classes sociais mais favorecidas continuam nas melhores 
posições, e os das classes menos favorecidas, nas piores. 
 Muito pouco do que é ensinado nas escolas realmente serve para alguma 
coisa. A maioria dos conteúdos transmitidos, em todos os níveis, são 
conhecimentos fragmentados e estéreis, sem ligação com a vida real das 
 
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crianças e dos adultos. O processo educacional, ao invés de ser formativo, se 
transforma na maioria das vezes em um ritual burocrático de memorização e 
repetição de informações inúteis, que penaliza as pessoas mais criativas e não 
conformistas. 
 A imposição de conteúdos homogêneos a todo o sistema de ensino, 
principalmente no ensino da língua, leva à destruição da variedade linguística 
e cultural do país, intensificando a hierarquia e a discriminação entre campo e 
cidade, ricos e pobres, centro e periferia. 
 Dada a pouca relevância e pertinência dos conteúdos transmitidos nas escolas, 
as exigências de diplomas para o trabalho profissional só servem para garantir 
os privilégios dos diplomados contra os demais, sob o manto da busca da 
competência e da qualificação. 
 
O surgimento da visão pessimista da educação formal coincide com o 
esgotamento do processo de expansão e modernização acelerados da sociedade 
brasileira. Ao final da década de 80, o Brasil é um país predominantemente urbano, a 
industrialização pela substituição fácil de importações já chegou a seus limites, as 
burocracias governamentais incharam tanto quanto podiam, e os empregos de classe 
média já não se expandem de forma a absorver o número crescente de pessoas que 
saem das escolas. 
 
7 O LUGAR EFETIVO DA EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES MODERNAS 
Os adeptos mais fervorosos da visão pessimista da educação chegam ao 
extremo de propor o fim da escola formal, e sua substituição por uma grande 
variedade de mecanismos informais, espontâneos e não hierárquicos de transmissão 
de conhecimentos e desenvolvimento da criatividade e competência. 
 
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Fonte: www.educacaonabocadopovo.blogspot.com.br 
 
No entanto, da mesma forma que a Escola formal não pode, sozinha, promover 
o progresso social e eliminar as desigualdades, sua eliminação tampouco poderia 
produzir estes efeitos, e o mais provável é que aumentasse, ainda mais, os problemas 
com que hoje nos defrontamos. 
A realidade é que o Brasil de hoje precisa, mais do que nunca, de um sistema 
educacional moderno, adequado, que possa preparar nossa população para um 
mundo onde o manejo adequado da língua falada e escrita, do raciocínio formal e 
abstrato e da informação são cada vez mais importantes. 
Mas esta necessidade, para se transformar em realidade, não pode ser atingida 
com a ingenuidade dos que achavam, trinta ouquarenta anos atrás, que educar era, 
simplesmente, construir escolas. 
 
 
 
 
Apesar de nunca termos atingido o nível de 
investimentos em educação de outros países mais 
adiantados, e de nunca termos dado à educação a 
prioridade que ela recebe em outros tempos e 
lugares, o fato é que já acumulamos um volume 
suficientemente de problemas, equívocos e 
dificuldades que não recomenda a pura e simples 
injeção de mais dinheiro em nosso sistema 
educacional, sem, ao mesmo tempo, examinarmos 
em profundidade seus problemas, e tratarmos de 
procurar suas soluções. 
 (SIMON, 1987) 
 
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8 ESTRUTURA E DINÂMICA DO ENSINO NO BRASIL 
 
Fonte: letrasmt.blogspot.com.br 
 
 O ensino primário está praticamente estacionado em seu crescimento. Ele 
atende pouco mais de 80% da população, principalmente nos centros urbanos 
de centro-sul; a qualidade tende a ser baixa. 
 O ensino secundário tem crescido mais, mas atende a uma parcela pequena 
da população, não proporciona formação profissional, dado o fracasso da lei 
7044 de 1970; as melhores escolas são as particulares, e são as que 
selecionam para o vestibular. 
 Existe ainda um pequeno ensino técnico de qualidade, englobando os sistemas 
SESI-SENAI e algumas escolas técnicas e agrícolas. 
 Todo o ensino brasileiro está marcado por grandes discriminações sociais. A 
pré-escola, e principalmente o ensino superior, são quase privativos dos grupos 
de renda mais alta; os que ganham até um salário mínimo dificilmente terminam 
o primeiro grau; os de 2 a 5, dificilmente chegam ao segundo. 
 O ensino superior é altamente estratificado, com divisões entre: 
 Pós graduação e graduação 
 Centro sul e Nordeste 
 Profissões tradicionais e novas profissões setor público e setor privado. 
 
http://letrasmt.blogspot.com.br/
 
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9 OS DONOS DO SABER E O SABER DOS DONOS 
 
Fonte: www.overmundo.com.br 
 
Nenhum profissional pode considerar-se capacitado no momento em que 
recebe o diploma de graduação, pois ele nada mais é do que uma “chave” com a qual 
abrirá novas portas em busca de novos desafios, assim refletir acerca do 
conhecimento e da utilização do mesmo torna-se essencial no processo de formação 
do profissional das diferentes áreas. Todo aquele que quer ensinar-aprender, deve 
estar de posse da arte de manter-se firme em suas convicções sem ser dogmático, e 
respeitoso das convicções alheias sem ser subserviente. O conhecimento traz à luz 
da realidade e a partir dele é que a mesma pode ser transformada. Do ponto de vista 
da Filosofia o conhecimento que se pode ter do mundo humano pode oferecer bases 
mais sólidas nas interações sociais que produzem, mantêm ou transformam a 
sociedade. 
O estudante só apreende na medida em que aquilo que é ensinado é 
significativo para esse estudante, é compreendido como capaz de satisfazer suas 
necessidades. Dessa forma, passa-se a entender que todos os programas de ensino 
devem ter as necessidades dos alunos, no contexto do mundo em que vivem como 
ponto de partida para que sejam alcançados os objetivos educacionais mais amplos. 
Por um lado, na concepção da educação, o estudante passa a ser visto como 
o centro e o sujeito do processo educativo; por outro lado, os métodos ativos de 
aprendizagem passam a ser cada vez mais considerados como os mais adequados 
 
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para a eficiência do processo educativo. A filosofia, em contrapartida às demais áreas 
científicas, preocupadas com o entendimento adequado de algo a elas externo, 
debruça-se sobre si mesma, a fim de expor o procedimento do pensar enquanto tal. 
Ela legitima sua importância para a educação pela prática de um procedimento 
autocrítico. 
A educação está fundada em vertentes pedagógicas que divergem quanto a 
sua concepção de ser humano, que refletem claramente na prática educativa, já que 
convergem para um ideal de educação em função de metas e fins. Por isso, é que nos 
deparamos com o momento atual da educação em que sentimos a necessidade de 
unir as formas de pensamento que já vigoraram, buscando horizontes e novas 
perspectivas. 
A ênfase da pós-modernidade deve estar na sensibilidade, na flexibilidade e na 
cultura da imagem. A educação deve cumprir os compromissos que lhe são dados 
pelo seu tempo, fazendo o conhecimento ser vivenciado. A escola e os próprios alunos 
também exigem que ele atenda a outras necessidades que não a de educar. Há um 
certo esquecimento da formação do sujeito e o que é ensinado na escola afastou-se 
da vida dos alunos. Sem esta proximidade extremamente necessária, os alunos estão 
se afastando das escolas, o que implica numa série de problemas de ordem social, 
como a marginalização e a proliferação da violência. Por tudo isso, é que se faz 
necessária a reformulação da prática educativa. Faz-se necessário retomar velhos 
preceitos, aprender com antigas teorias, remodelar as novas e assim enfrentar os 
desafios da pós-modernidade, onde não podemos nos prender a nada, mas sim 
utilizar de nossa liberdade para formarmos nossa própria ação. 
 
 
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10 SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO. 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
O que é socialização afinal? A socialização pressupõe a interação social, a 
capacidade de integrar-se a um grupo, assimilando padrões sociais. O que interfere 
na maneira como o sujeito percebe o mundo, o outro e a si mesmo. O processo de 
interação, a socialização, inicia-se no nascimento do sujeito e só se encerra com a 
morte, fazendo uso da linguagem para interagir e integrar os indivíduos. O ato de 
educar acontece no processo histórico/filosófico de cada grupo social no qual são 
repassadas as tradições, mas também, os valores e normas no sentido de contribuir 
com a personalidade do jovem estudante. Notadamente, educar vai além de 
transmissão de conhecimentos. É a forma de fornecer a alguém os cuidados 
necessários ao pleno desenvolvimento físico, intelectual e moral. É promover o 
processo de formação do outro como ser humano integral. 
Destacamos que a educação escolarizada não é o único espaço na sociedade 
que promove processos educativos e que orienta a vivência dos estudantes. Ao 
contrário, o estudante quando chega à universidade traz experiências e concepções 
construídas na família e na comunidade e em outros espaços. Tais experiências e 
concepções construídas, muitas vezes, entram em choque com os valores e normas 
 
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estabelecidas pela educação escolarizada. O debate sobre papel de ser educador e 
como este necessita pensar sobre a realidade em que estamos inseridos é fundante 
para que nossos estudantes compreendam que vamos precisar de pessoas éticas e 
responsáveis para construir outra nação. Daí a necessidade de professores/as e 
estudantes discutirem no mundo contemporâneo as suas práticas e lutarem 
decididamente por relações em que todos e todas se sintam sujeitos históricos. 
 
 
Questão 01 
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é 
culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu 
entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa 
menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta 
de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem 
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A 
preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, 
depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, 
no entanto, de bom grado menores durante toda a vida. KANT, I. 
Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). 
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão 
do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por 
Kant, representa: 
 
a) A reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressãoda 
maioridade. 
b) O exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades 
eternas. 
c) A imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma 
heterônoma. 
d) A compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de 
entendimento. 
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 
 
21 
 
e) A emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria 
razão. 
 
Questão 2 
Texto I 
O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da 
agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na 
criminalidade, que está presente em todos os redutos — seja nas áreas abandonadas 
pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não 
é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do 
reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se 
impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas 
raízes. Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 
2099, 3 fev. 2010. 
Texto II 
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do 
indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle 
desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e 
todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de 
um ou outro tipo. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. 
Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o 
argumento do Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira 
expressa a: 
 
a) Incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença 
de aparatos de controle policial. 
b) Manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a 
forma de leis e atos administrativos. 
c) Inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas 
migratórias nas grandes cidades brasileiras. 
d) Dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de 
controle social compatíveis com valores democráticos. 
 
22 
 
e) Incapacidade das instituições político legislativas em formular mecanismos de 
controle social específicos à realidade social brasileira. 
 
Questão 3 
Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a 
acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos 
trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito 
de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça. KING Jr., M. L. Eu 
tenho um sonho, 28 ago. 1963 (adaptado). O cenário vivenciado pela população 
negra, no sul dos Estados Unidos nos anos 1950, conduziu à mobilização social. 
Nessa época, surgiram reivindicações que tinham como expoente Martin Luther King 
e objetivavam: 
 
a) A conquista de direitos civis para a população negra. 
b) O apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço urbano. 
c) A supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade negra sulista. 
d) A incorporação dos negros no mercado de trabalho. 
e) A aceitação da cultura negra como representante do modo de vida americano. 
 
Questão 4 
É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade 
política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é 
independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis 
permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais 
liberdade, porque os outros também teriam tal poder. MONTESQUIEU. Do Espírito 
das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado). A característica de 
democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito: 
 
a) Ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si 
mesmo. 
b) Ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis. 
c) À possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da 
submissão às leis. 
 
23 
 
d) Ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente 
das consequências. 
e) Ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores 
pessoais. 
 
Questão 5 
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de 
conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer 
uma relação entre objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em 
detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das ideias formava-
se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: 
Odysseus, 2012. O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto 
essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C. 346 a.C.). De acordo com o texto, 
como Platão se situa diante dessa relação? 
 
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. 
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles. 
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são 
inseparáveis. 
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não. 
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão. 
 
Questão 6 
Texto I 
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, 
existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se 
dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens 
formam-se a partir do ar por filtragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em 
água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando 
condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras. BURNET, J. A aurora da 
filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). 
 
 
 
24 
 
Texto II 
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, 
está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos 
apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, 
para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam 
os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de 
quererem ancorar o mundo numa teia de aranha. ” GILSON, E.: BOEHNER, P. História 
da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado). Filósofos dos diversos tempos 
históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma 
explicação racional. 
As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em 
comum na sua fundamentação teorias que: 
 
a) Eram baseadas nas ciências da natureza. 
b) Refutavam as teorias de filósofos da religião. 
c) Tinham origem nos mitos das civilizações antigas. 
d) Postulavam um princípio originário para o mundo. 
e) Defendiam que deus é o princípio de todas as coisas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
11 PRINCIPAIS REPRESENTANTES: JEAN JACQUES ROUSSEAU 
 
Fonte: www.oespiritualismoocidental.blogspot.com.br 
 
Na história das ideias, o nome do suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) 
se liga inevitavelmente à Revolução Francesa. Dos três lemas dos revolucionários - 
liberdade, igualdade e fraternidade -, apenas o último não foi objeto de exame 
profundo na obra do filósofo, e os mais apaixonados líderes da revolta contra o regime 
monárquico francês, o admiravam com devoção. 
O princípio fundamental de toda a obra de Rousseau, pelo qual ela é definida 
até os dias atuais, é que o homem é bom por natureza, mas está submetido à 
influência corruptora da sociedade. Um dos sintomas das falhas da civilização em 
atingir o bem comum, segundo o pensador, é a desigualdade, que pode ser de dois 
tipos: a que se deve às características individuais de cada ser humano e aquela 
causada por circunstâncias sociais. 
Entre essas causas, Rousseauinclui desde o surgimento do ciúme nas 
relações amorosas até a institucionalização da propriedade privada como pilar do 
funcionamento econômico. O primeiro tipo de desigualdade, para o filósofo, 
é natural; o segundo deve ser combatido. A desigualdade nociva teria suprimido 
gradativamente a liberdade dos indivíduos e em seu lugar restaram artifícios como o 
culto das aparências e as regras de polidez. Ao renunciar à liberdade, o homem, nas 
palavras de Rousseau, abre mão da própria qualidade que o define como humano. 
 
26 
 
Ele não está apenas impedido de agir, mas privado do instrumento essencial 
para a realização do espírito. Para recobrar a liberdade perdida nos descaminhos 
tomados pela sociedade, o filósofo preconiza um mergulho interior por parte do 
indivíduo rumo ao autoconhecimento. Mas isso não se dá por meio da razão, e sim da 
emoção, e traduz-se numa entrega sensorial à natureza. 
Até aqui o pensamento de Rousseau pode ser tomado como uma doutrina 
individualista ou uma denúncia da falência da civilização, mas não é bem isso. O mito 
criado pelo filósofo em torno da figura do bom selvagem - o ser humano em seu estado 
natural, não contaminado por constrangimentos sociais - deve ser entendido como 
uma idealização teórica. Além disso, a obra de Rousseau não pretende negar os 
ganhos da civilização, mas sugerir caminhos para reconduzir a espécie humana à 
felicidade. 
Não basta a via individual. Como a vida em sociedade é inevitável, a melhor 
maneira de garantir o máximo possível de liberdade para cada um é a democracia, 
concebida como um regime em que todos se submetem à lei, porque ela foi elaborada 
de acordo com a vontade geral. Não foi por acaso que Rousseau escolheu publicar 
simultaneamente, em 1762, suas duas obras principais, Do Contrato Social - em que 
expõe sua concepção de ordem política - e Emílio - minucioso tratado sobre educação, 
no qual prescreve o passo-a-passo da formação de um jovem fictício, do nascimento 
aos 25 anos. 
 
12 PENSADORES INFLUENCIADOS PELO PENSAMENTO DE ROUSSEAU 
 
Fonte:www.pensador.com 
 
27 
 
Johann Friedrich Herbart: 
Nasceu em Oldenburgo, Alemanha, em maio de 1776, vindo a falecer em 
agosto de 1841. Filho de um brilhante advogado e mãe inteligente com forte gosto 
literário a qual sempre o acompanhou em seus estudos. Seu pai enviou-o Iena com o 
objetivo de prepará-lo para a profissão de advogado, no entanto Herbart não 
apresentava nenhuma inclinação para o Direito. Tornou-se filósofo, psicólogo e teórico 
da educação a partir de sua experiência como preceptor particular dos três filhos do 
governador de Interlaken, na Suíça e também sob a influência de “Schiller, que nesta 
época, estava escrevendo suas Cartas sobre a Educação Estética do Homem”. (EBY, 
1978, p.409) 
Foi educando seus três alunos que Herbart confrontou-se com situações 
práticas de ensino, daí surgindo toda a sua contribuição para a pedagogia como 
ciência, dando rigor e cientificidade ao seu método; sendo o primeiro também a 
elaborar uma pedagogia que pretendia ser uma ciência da educação, foi o precursor 
de uma psicologia experimental aplicada pedagogia. Por isso acabou sendo 
considerado o “Pai da Psicologia Moderna” e “Pai da moderna ciência da educação”. 
 
Friedrich Froebel: 
Natural de Oberweibach na Alemanha, filho de um pastor protestante, ficou 
órfão de mãe em tenra idade e foi criado com certa aspereza pela sua madrasta, dos 
10 aos 14 anos foi morar com seu tio materno, também pastor, anos que considerou 
feliz. Resultado de seu temperamento introspectivo passou a observar e interpretar as 
atividades das crianças, despertando nele um grande interesse pelas experiências de 
natureza infantil. Após várias tentativas em encontrar uma profissão de acordo com 
sua vocação, acabou por descobrir na atividade educativa uma sua aptidão que 
correspondia aos seus anseios. Sua vida acadêmica iniciou-se com a escola primária, 
depois entrou para a Universidade de Iena, onde revelou grande aptidão para a 
matemática, ciências naturais, agricultura e arquitetura. Tornou-se em seguida, 
professor da escola de Grüner, discípulo de Pestalozzi a quem visitou em Yverdun. 
Para Froebel, a unidade social era sempre um princípio de unidade universal, 
inclusive cósmica. Esse propósito de naturalização de um sentimento de amor pelo 
universo criado por Deus e transferido para a sociedade deveria ser compreendido e 
defendido pela educação. A identificação da educação com o desenvolvimento, a 
 
28 
 
subordinação da ação educativa atividade interessada da criança, a utilização do jogo 
e do trabalho manual como instrumentos da aprendizagem, são caracteres do sistema 
froebeliano que o tornam precursor das teorias educacionais contemporâneas. 
Todavia, a pedagogia científica rejeita o método das formas geométricas de Froebel, 
por abstrato e artificial. 
 
13 A EDUCAÇÂO COMO CENTRO FILOSÓFICO 
A Educação na Idade Média é marcada predominantemente pela filosofia 
religiosa e heranças culturais Greco-romanas, Germânicas, Bizantinas e Islâmicas 
adaptadas ao Cristianismo. Restringia-se à preservação dos princípios religiosos em 
que a razão se encontrava a serviço da fé. Sua finalidade era a salvação da alma e a 
vida eterna. 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
 
A Educação na Idade Média é marcada predominantemente pela filosofia 
religiosa e heranças culturais Greco-romanas, Germânicas, Bizantinas e Islâmicas 
 
29 
 
adaptadas ao Cristianismo. Restringia-se à preservação dos princípios religiosos em 
que a razão se encontrava a serviço da fé. Sua finalidade era a salvação da alma e a 
vida eterna. 
A Idade Média compreendeu um período de mil anos, desde a queda do Império 
Romano (476) até a tomada de Constantinopla (atual Istambul) pelos turcos (1453). 
Esse período sofreu diversas transformações econômicas, sociais e culturais; porém 
a educação permaneceu praticamente estática, sem grandes alterações e progressos. 
Com a decadência do antigo Império Romano do Ocidente provocada pela 
fragmentação em inúmeros reinos bárbaros de diversas origens no início do século V, 
o Império Bizantino ou Romano do Oriente em contrapartida, manteve-se econômico 
e culturalmente adiantado. 
 
14 A EDUCAÇÃO BIZANTINA 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
O Império Bizantino foi herdeiro do Império Romano do Oriente tendo sua 
capital em Constantinopla ou Nova Roma. Durante o seu período de existência, o 
 
30 
 
grande governante que teve em sua região foi Justiniano, um legislador que mandou 
compilar as leis romanas desde a República até o Império; combateu as heresias, 
procurando dar unidade ao cristianismo, o que facilitaria na monarquia. 
Internamente enfrentou a Revolta de Nika (fruto da insatisfação popular contra 
a opressão geral dos governantes e aos elevados tributos), já no aspecto externo 
realizou diversas conquistas, pois tinha o objetivo de reconstruir o antigo Império 
Romano. Contudo, esse império conseguiu atravessar toda a Idade Média como um 
dos Estados mais fortes e poderosos do mundo mediterrâneo. É importante ressaltar 
que o Império Bizantino ficou conhecido por muito tempo por Império Romano do 
Oriente. No entanto, este não foi capaz de resistir à migração ocorrida por germanos 
e por hunos, o que acabou por fragmentar em reinos independentes. 
Como população teve a concentração dos Sírios, Judeus, Gregos e Egípcios. 
Destacando-se três governadores durante todo império: Constantino (fundador de 
Constantinopla); Teodósio (dividiu efetivamente o império); e, Justiniano. Este durante 
o seu governo atingiu o apogeu da civilização bizantina. Pois, teve uma política 
externa; retomou vários territórios; modificou aspectos do antigo Direito Romano (o 
Corpus juris Civilis – Corpo do Direito Civil); e ainda, realizou a construção da Igreja 
de Santa Sofia, altamente importante por seu legado cultural arquitetônico. 
Com a utilizaçãode uma política déspota e teocêntrica, utilizou uma economia 
com intervenção estatal, com comércio e desenvolvimento agrícola. Além do mais, 
durante o período denominado por Império Bizantino, a economia era bastante 
movimentada, principalmente no comércio marítimo e sob o controle o estado. Sendo 
que, o seu controle deu-se por Constantinopla até o século XI. 
 
 
31 
 
15 MURALHAS DE CONSTANTINOPLA 
 
Fonte: www.papodehomem.com.br 
 
A sociedade urbana demonstrou enorme interesse pelos assuntos religiosos, 
facilitando o surgimento de heresias, como por exemplo, a dos monofisistas e dos 
iconoclastas, e de disputas políticas. No âmbito religioso, as heresias deram-se 
através do arianismo que negaram a Santíssima Trindade; além do caso do arianismo, 
teve ainda, a questão monofisista, esta nega a natureza humana de Cristo, afirmando 
que Cristo tinha apenas natureza divina (o monofisismo foi difundido nas províncias 
do Império Bizantino e acabou identificada com aspirações de 48 independência por 
parte da população do Egito e da Síria); por fim, no tocante à iconoclastia, ocorre a 
grande destruição de imagens e a proibição das mesmas nos templos. Durante o 
período que ficou conhecido por Cisma do Oriente, ocorre a divisão da Igreja do 
Oriente, a igreja divide-se em Católica Romana e Ortodoxa Grega. 
 
 
32 
 
16 A EDUCAÇÃO ISLÂMICA 
 
 
Fonte: www.academiaislamica.org.br 
 
Por volta do século VII, a Arábia era ocupada por tribos de origem semita, hostis 
entre si, politeístas, místicas e supersticiosas. Eram cerca de trezentas tribos, 
distribuídas no litoral da península Arábica (tribos urbanas) e no deserto (beduínos). 
As tribos urbanas tinham boas condições de sobrevivência, vivendo da agricultura e 
do comércio; já a vida no deserto era muito difícil e os beduínos não conseguiam 
sobreviver só como pastores e, por isso, praticavam o butim (saques a caravanas). 
A cidade de Meca era o centro comercial e religioso mais importante da Arábia 
pré-islâmica; ali eram realizadas as feiras, e ali ficava o santuário da Caaba, com a 
Pedra Negra e as diversas imagens cultuadas pelas tribos de então. Foi nesse cenário 
que nasceu Maomé, na tribo dos coraixitas, guardiã da Caaba. Ele era de uma família 
pobre e ficou órfão aos seis anos de idade; aos quinze, passou a trabalhar como guia 
de caravanas, que percorriam os desertos do Oriente Médio. Nessas viagens, fez 
contato com povos e religiões diferentes, que muito iriam influenciar o seu futuro. 
Conheceu o judaísmo e o cristianismo, assimilou os ensinamentos dessas religiões e 
integrou-as num sincretismo, isto é, somou elementos das duas religiões e alguns 
costumes e tradições árabes, surgindo assim, o Islamismo. 
 
33 
 
Isso só foi possível graças ao seu casamento com Cadidja, uma viúva rica, que 
possibilitou a Maomé a tranquilidade econômica para que ele pudesse dedicar-se à 
meditação. Maomé, então, iniciou a propagação do Islamismo (abandono à vontade 
de Alá). Se sentido seguro começou a pregação pública aos coraixitas, de quem viria 
a maior oposição, visto que estavam ligados ao politeísmo que dominava a Arábia. A 
perseguição e uma tentativa de assassinato fizeram com que Maomé fugisse de Meca 
para Medina em 622. É a Hégira, ou a fuga, que marca o início do calendário 
muçulmano. 
Em Medina, Maomé conseguiu adeptos e começou a atacar caravanas, cujos 
hábitos ele conhecia muito bem. Seus êxitos militares eram transformados em prova 
da existência de Alá. Seu prestígio cresceu na mesma proporção que aumentaram os 
problemas de Meca. Em 630, com o apoio dos árabes do deserto, Maomé destruiu os 
ídolos da Caaba, menos a Pedra Negra. Estava implantado o monoteísmo e com ele 
surgia o Islão, o mundo dos submissos de coração a Alá e obedientes ao seu 
representante, o Profeta Maomé. Dessa forma, a Arábia foi unificada como um Estado 
teocrático. 
 
17 ESCOLAS MONACAIS 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
34 
 
Com a queda do Império, escolas leigas e pagãs continuaram funcionando 
precariamente em algumas cidades e com a decadência da sociedade merovíngia as 
escolas entraram também em desagregação, então surgiram as escolas cristas, ao 
lado dos mosteiros e catedrais, e com isso os funcionários leigos do Estado passaram 
a ser substituídos por religiosos, que eram os únicos que sabiam escrever e ler. 
O monarquismo é um movimento religioso que começou lentamente com a vida 
solitária dos monges e com o tempo exerceu influência na cultura da Alta 
Idade Média. Criar escolas não era a finalidade principal dos mosteiros, porém as 
atividades pedagógicas tornaram-se inevitável à medida que era preciso instruir os 
novos irmãos, então começaram a surgir novas escolas monacais em que se 
aprendiam o latim e as humanidades, os melhores alunos coroavam a aprendizagem 
com o estudo da filosofia e a teologia. 
Os Mosteiros foram assumindo o monopólio da ciência, tornando-se principal 
reduto da cultura medieval, guardavam nas bibliotecas grandes tesouros da cultura 
greco-latina e traduziam obras para o latim adaptando algumas e reinterpretavam 
outras à luz do cristianismo. 
 
18 RENASCIMENTO CAROLÍNGIO 
 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
35 
 
Logo após a coroação de Carlos Magno como imperador dos Francos, o 
mesmo introduziu uma moeda, uma escrita e um sistema de pesos e medidas 
comuns no império. Carlos Magno, consagrado como eficiente comandante que, junto 
aos seus dozes pares, cristianizou e modernizou a Europa, também impulsionou as 
artes e as ciências. Em torno de si ele reuniu os mais importantes pensadores da 
época e os incumbiu de compilar todo o saber conhecido até o período, o que 
estabeleceu um florescimento cultural, conhecido como renascimento carolíngio. 
Carlos Magno criou escolas nos mosteiros, nas catedrais e nos palácios, 
conhecidas como Escolas Palacianas. A principal escola palaciana foi criada em 
Aachen, capital do Império Franco. Esse "Renascimento carolíngio" é de fenomenal 
importância, pois foi através dele que os francos se tornaram um elo entre a 
Antiguidade e a Europa da Idade Média. Com isso o medievo ficou definitivamente 
influenciado pelas ideias dos mestres da Antiguidade. As primeiras universidades 
Europeia, como foram os casos de Bolonha e Oxford, surgiram dessa tradição criada 
por Carlos Magno, principalmente dos conhecimentos produzidos nos mosteiros. 
 
19 PERFIL DE CARLOS MAGNO 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
 
36 
 
Carlos Magno foi um grande líder militar da Idade Média. Expandiu os seus 
domínios, sobretudo em duas frentes: a leste conquista a Saxónia e a Caríntia e impõe 
derrotas aos povos pagãos - ávaros e eslavos; a sul, adquire domínios na região 
itálica, apropriando-se mesmo da Lombardia em 774. Todas estas campanhas 
granjearam-lhe, mais tarde, os estatutos de Imperador, Patrício dos Romanos e 
Protector da Santa Sé, visto que foi responsável pela difusão do Cristianismo. 
Recuperou a glória imperial que já havia sido testemunhada no Império Romano. Para 
além disso, enriqueceu, em parte, a economia estatal porque, ao alargar o seu 
território, conseguiu impor novos impostos sobre as populações agora submetidas ao 
seu poder. 
Com amargura, não conseguiu concretizar o sonho de tomar a Península 
Ibérica, na altura dominada maioritariamente pelos muçulmanos, isto sem falar dos 
imprevisíveis montanheses bascos (vascões) que, com as suas emboscadas, 
causaram sérias baixas nas suas tropas (em Roncesvales - 778, a retaguarda do 
exército carolíngio foi mesmo varrida, tendo mesmo tombado em combate o conde 
Rolando, importante vassalo de Carlos Magno). Mesmo assim, as forças cristãs 
conseguiriam, mais tarde, chegar até Barcelona que cairá entre 800 e 801 d. C. (feito 
que se deve a Luís, o Pio - filho de Carlos Magno que o tinha enviado), gerando assim 
a Marca Hispânica. 
Mas Carlos Magno não foi apenas mais um grande soberano medievalque 
somou variados e elogiosos triunfos no campo belicista, até porque a sua genialidade 
propagou um notável eco na vertente cultural. A necessidade de criar um povo mais 
astuto fazia parte dos objetivos prioritários do seu reinado. 
 
20 RENASCIMENTO DAS CIDADES: AS ESCOLAS SECULARES 
As escolas seculares, prefiguravam uma revolução, no sentido de contestar o 
ensino religioso, muito formal ao qual contrapunham uma proposta ativa, voltada para 
os interesses da classe burguesa em ascensão. 
 
 
 
 
37 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
Inicialmente as escolas não tinham acomodações adequadas e os mestres 
recebiam os alunos em diferentes locais. No século XIII a burguesia dividiu-se entre o 
rico praticamente urbano, dedicado as atividades bancarias, e os seguimentos de 
pequenos comerciantes e artesões. Os primeiros começaram a se aproximar a classe 
nobre então dirigente desprezando o trabalho manual dos artesões, com 
consequência disso eles preferiram uma educação voltada para a cultura 
desinteressada deixando para a burguesia plebeia as escolas profissionais em que 
leitura e escrita se achavam reduzida mínimo. 
Por volta do século XI, o comércio ressurge, as moedas voltas a circular, as 
cidades crescem e aos poucos as vilas se libertam e transforma-se em comunas ou 
cidades livres. As modificações no sistema de educação fazem surgir às escolas 
seculares. Secular significa do século, do mundo, qualquer atividade não-religiosa. O 
desenvolvimento do comércio faz reaparecer a necessidade de se aprender a ler, 
escrever e calcular. Os burgueses de início frequentaram as escolas monacais e 
catedrais, mas logo procuraram uma educação que atendia aos objetivos da vida 
prática. Por volta do século XII surgem pequenas escolas nas cidades mais 
importantes, com professores leigos nomeados pela autoridade municipal. O latim foi 
substituído pela língua nacional. As escolas seculares prefiguram uma revolução, 
contestando o ensino religioso contrapondo umas propostas ativas, voltadas para os 
interesses da classe burguesa em ascensão. No início as escolas não dispõem de 
 
38 
 
acomodações adequadas. Procuraram restabelecer a educação voltada para a cultura 
“desinteressada”, deixando para a burguesia plebeia as escolas profissionais em que 
a leitura e escrita se acham reduzidas ao mínimo. 
Outro elemento na educação secular da Idade Média foi constituído pelo 
desenvolvimento da cavalaria. A educação do cavaleiro realizava-se no seio da 
família. Dos sete aos quinze anos, eram mandados para outro castelo a ser pajem. 
Aos vinte e um anos, após rigorosas provas de valentia, o escudeiro é sagrado 
cavaleiro. A educação deles não destacava as atividades intelectuais, muitos não 
sabiam ler e escrever, mas valorizava as habilidades da caça e da guerra e cuidavam 
mais com a formação espiritual. 
 
 
 
Questão 01 
A importância do ensino de Filosofia, no Ensino Médio, está, dentre outros vários 
fatores, na possibilidade de propiciar ao aluno a condição de aprender a pensar. Dito 
isto, é CORRETO afirmar que: 
 
a) O ensino de Filosofia, no atual contexto pós-moderno, se apresenta como 
superado e descartável. 
b) A Filosofia, como uma disciplina acadêmica, firma-se como um objeto de 
indagação e investigação para os estudantes secundaristas. 
c) A Filosofia, como uma forma encontrada pelo homem para compreender a 
realidade que o cerca, não se enquadra na proposta pedagógica do Ensino 
Médio. 
d) Os estudos referentes à Filosofia podem ser abarcados por outras disciplinas, 
como a História, o que tornaria o ensino de Filosofia, no nível médio, algo 
supérfluo. 
e) O estudo descritivo e crítico dos processos gerais do conhecimento não deve 
ser uma preocupação na formação dos alunos secundaristas. 
 
Questão 02 
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 
 
39 
 
O ensino de Filosofia deve propiciar aos alunos a possibilidade da reflexão. Sobre o 
conceito de reflexão, é CORRETO afirmar que se trata da (do): 
 
a) Operação discursiva do pensamento que consiste em encadear logicamente 
juízos e deles tirar uma conclusão. 
b) Operação lógica em que, de dados singulares suficientemente enumerados, 
inferimos uma verdade universal. 
c) Ato do conhecimento que se volta sobre si mesmo, tomando como objetivo seu 
próprio ato. 
d) Ato de influenciar as pessoas por meio da comunicação de massa. 
e) Relação estabelecida entre as pessoas, entre os sujeitos. 
 
Questão 03 
Moral e Ética, muitas vezes, na linguagem cotidiana, são tidas como sinônimos; 
porém, para a Filosofia, compõem áreas distintas do pensamento filosófico. Partindo 
desta constatação, estaria CORRETA a afirmação que se completa na alternativa: 
 
a) A Ética se aplica à disciplina filosófica que trata de estabelecer os fundamentos 
e a validade das normas morais e dos juízos de valor ou de apreciação sobre 
as ações humanas, qualificando-as de boas ou más. 
b) A Ética não chamou a atenção de filósofos gregos como Aristóteles. 
c) A questão da moral não se enquadra nos estudos sobre Ética. 
d) No século XVII, Spinosa negou a importância dos estudos sobre Ética. 
e) Os estudos sobre Ética só tomaram fôlego no século XX com a obra de 
filósofos, como Michel Foucault e Jean Paul Sartre. 
 
Questão 04 
Quando os filósofos se referem à Teoria do Conhecimento, eles estão se remetendo 
a uma área da Filosofia que tem por meta: 
 
a) Se opor à chamada Epistemologia. 
b) A crítica da Gnoseologia, negando sua importância nos estudos sobre o 
conhecimento humano. 
 
40 
 
c) A reestruturação do conceito de racionalidade, substituindo-o pelo de 
subjetividade. 
d) Ao estudo exclusivo das atitudes subjetivas, negando a importância das 
atitudes lógico-racionais. 
e) O estudo descritivo e crítico dos processos gerais do conhecimento. 
 
Questão 05 
Considerando-se o conhecimento metafísico, no que concerne ao conhecimento 
humano, é CORRETO afirmar que este: 
 
a) Ocorre, porque a razão humana é capaz de apreender, muito naturalmente, a 
essência das coisas. 
b) Foge da esfera de atuação da iluminação divina. 
c) Partindo da abstração, nega as experiências sensíveis. 
d) Não está ligado às noções de verdade e de ação boa. 
e) Não se consubstancia a partir de modelos prototípicos, como pensava Platão. 
 
Questão 06 
A cosmologia é a parte da filosofia, que estuda o mundo, a natureza, dialogando com 
a parte da metafísica, que se ocupa da essência da matéria. Acerca deste 
conhecimento, podemos associá-lo: 
 
a) À chamada Epistemologia pós-moderna. 
b) À atuação filosófica dos pré-socráticos. 
c) Ao mito da caverna de Platão. 
d) Aos estudos de Foucault sobre a sexualidade ocidental. 
e) Ao estudo desenvolvido por Spinoza sobre a metafísica. 
 
Questão 07 
A Lógica investiga a validade dos argumentos e dá as regras do pensamento correto. 
Acerca desta área da Filosofia, é CORRETO afirmar que: 
 
a) Se trata do estudo normativo das condições da verdade, ou seja, da 
consequência e da verdade da argumentação. 
 
41 
 
b) Só teve reflexo na obra dos pensadores pré-socráticos. 
c) Se limita ao estudo da chamada lógica formal. 
d) Encontra em Karl Marx um dos seus mais notórios teóricos. 
e) É o principal objeto das indagações filosóficas de Simone de Beauvoir. 
 
Questão 08 
Sobre Pitágoras de Samos (século VI a. C.), filósofo, matemático e místico, que atuou 
em Atenas e lá fundou uma escola filosófica dedicada à investigação dos mistérios do 
universo. Sobre o pensamento de Pitágoras, é CORRETO afirmar que: 
 
a) Renovou ideias herdadas de Aristóteles. 
b) Acreditava que o conhecimento deveria modificar as pessoas, e estas deveriam 
merecer o conhecimento. 
c) Pregava uma relação de total liberdade entre o mestre e seus discípulos. 
d) Encontrou eco na obra de filósofos posteriores, como Marco Aurélio. 
e) Limitou-se ao estudo dos fenômenos da natureza. 
 
Questão 09 
O conceito de Dialética tomou parte naspreocupações filosóficas de pensadores, 
como Hegel, Engels e Marx. Sobre o conceito de dialética em Hegel, é CORRETO 
afirmar que se trata da: 
 
a) Ciência das leis gerais do movimento, tanto do mundo externo como do 
pensamento humano. 
b) Marcha do pensamento que procede por contradição, passando por três fases 
- tese, antítese e síntese -, reproduzindo o próprio movimento do ser absoluto 
ou ideia. 
c) Sistematização do chamado materialismo histórico. 
d) Organização política e econômica que torna comuns os bens de produção. 
e) Situação do filósofo cujo pensamento supõe comprometimento com a situação 
social e política vivida. 
 
 
 
 
42 
 
Questão 10 
Sócrates teve um papel importantíssimo na configuração da Filosofia em Atenas, no 
século V a. C. Sobre este fato, é CORRRETO afirmar que a preocupação maior da 
filosofia socrática era a de: 
 
a) Interpretar o mundo como sendo espiritual e organizado, segundo uma moral 
fundamentada em verdadeiros conceitos imutáveis. 
b) Compreender as causas primeiras e os fins últimos de todas as coisas. 
c) Que o autoconhecimento poderia ser obtido por meio da ironia e da maiêutica. 
d) Fazer um estudo crítico da história, comparando a história grega com a dos 
povos orientais, a fim de mostrar que o mundo era mais amplo do que se 
imaginava. 
e) Mostrar que todo o conhecimento era obtido por intermédio dos sentidos 
humanos e que, por esses serem falhos, era relativo e limitado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
21 COMO ERA A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA? 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
A educação era para poucos, pois só os filhos (nem todos) dos nobres estudavam a 
maioria era analfabeta. Marcada pela influência da Igreja, ensinava-se o latim, 
doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte da população medieval era 
analfabeta e não tinha acesso aos livros. A Igreja era a dona da cultura e 
conhecimento, pois controlava grande parte do saber herdado da Antiguidade 
Clássica. Os mosteiros medievais ficaram célebres por sua política de hospitalidade, 
dando abrigo temporário a peregrinos e andarilhos e pelas minuciosas e caprichosas 
cópias manuais de textos e livros da Antiguidade Clássica. Como os livros, 
pergaminhos, manuscritos e documentos ficavam nos mosteiros e nas universidades 
da igreja, os padres detinham praticamente o monopólio da cultura erudita que, 
segundo a visão predominante na época, representava um perigo para as mentes e 
as crenças cristãs (isso foi bem retratado no filme O Nome da Rosa). 
Educação bizantina: Inicialmente, não era para pobres, era só para filhos de 
ricos... as escolas bizantinas baseavam a instrução na literatura grega clássica. Os 
escritores imitavam a prosa de Tucídides, porque foi o mais profundo historiador da 
antiguidade, e tinha uma visão realista e racional, pois se preocupava em narrar os 
http://www.pt.slideshare.net/
 
44 
 
acontecimentos com imparcialidade e precisão, explicando suas causas. A educação 
feminina: As moças de famílias nobres não iam à escolas, mas tutores particulares as 
orientavam com boa educação em sua própria casa, mesmo assim havia mulheres 
que eram médicas. 
 
22 AS UNIVERSIDADES 
 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
As universidades surgidas na Idade Média representaram um modelo novo e 
original de educação superior que exerce até hoje um importante papel de 
desenvolvimento da cultura. No século XII, procurava-se ampliar os estudos de 
filosofia, teologia, leis e medicina, a fim de atender as solicitações de uma sociedade 
mais complexa, surgindo a necessidade de certos mestres. 
A atividade docente na universidade era desenvolvida conforme o método da 
Escolástica, baseado na literatura e nas discussões, pelas quais os estudantes 
exercitavam as artes da dialética. A universidade tornou-se centro de fermentação 
intelectual, a Igreja que mantivera a hegemonia da cultura e espiritualidade no 
Ocidente passou a ser afrontada, o temor provocado pelas heresias teve a difusão do 
 
45 
 
ressurgimento da cidade. A Igreja conservadora resolveu instalar a Inquisição ou 
Santo Ofício, para apontar o “desvio da fé”. 
As universidades entraram em decadência no século XIV, pelo dogmatismo 
decorrente da ausência de debate, resistindo às mudanças, tentavam manter a 
influência escolástica de recusa à observação e experimentação, das tendências que 
prenunciavam o nascimento da ciência moderna. 
 
23 A EDUCAÇÃO DAS MULHERES 
 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
 
 
Na Idade Média as mulheres não tinham acesso à educação formal, a mulher 
pobre trabalhava muito ao lado do marido e permaneciam analfabeta, as meninas 
nobres só aprendiam algumas coisas quando recebiam aulas em seu próprio castelo, 
estudavam músicas, religião, artes liberais. As meninas da burguesia começaram a 
ter acesso à educação apenas quando surgiram as escolas seculares. 
No século VI os mosteiros recebiam meninas de 6 ou 7 anos a fim de serem 
educadas a consagradas servas de Deus, aprendiam a ler, escrever, ocupavam-se 
com as artes da miniatura e com cópia de manuscritos. 
http://www.slideplayer.com.br/
 
46 
 
 
24 PAGANISMO E CRISTIANISMO 
 
Fonte: www.youtube.com 
 
 
Não há propriamente uma história da filosofia cristã, assim como há uma 
história da filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no pensamento cristão, o 
máximo valor, o interesse central, não é a filosofia, e sim a religião. Entretanto, se o 
cristianismo não se apresenta, de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas como 
uma religião, uma sabedoria, pressupõe uma específica concepção do mundo e da 
vida, pressupõe uma precisa solução do problema filosófico. É o teísmo e o 
cristianismo. O cristianismo fornece ainda uma? Imprescindível? Integração à filosofia, 
no tocante à solução do problema do mal, mediante os dogmas do pecado original e 
da redenção pela cruz. 
E, enfim, além de uma justificação histórica e doutrinal da revelação judaico-
cristã em geral, o cristianismo implica uma determinação, elucidação, sistematização 
racional do próprio conteúdo sobrenatural da Revelação, mediante uma disciplina 
 
47 
 
específica, que será a teologia dogmática. Pelo que diz respeito ao teísmo, 
salientamos que o cristianismo o deve, historicamente, a Israel. Mas entre os hebreus 
o teísmo não tem uma justificação, uma demonstração racional, como, por exemplo, 
em Aristóteles, de sorte que, em definitivo, o pensamento cristão tomará na grande 
tradição especulativa grega esta justificação e a filosofia em geral. Isto se realizará 
graças especialmente à Escolástica e, sobretudo, a Tomás de Aquino. Pelo que diz 
respeito à solução do problema do mal, solução que constitui a integração filosófica 
proporcionada pelo cristianismo ao pensamento antigo? Que sentiu profundamente, 
dramaticamente, este problema sem o poder solucionar? Frisamos que essa 
representa a grande originalidade teórica e prática, filosófica e moral, do cristianismo. 
Soluciona este o problema do mal precisamente mediante os dogmas fundamentais 
do pecado original e da redenção da cruz. Finalmente, a justificação da Revelação em 
geral, e a determinação, dilucidarão, sistematização racional do conteúdo da mesma, 
têm uma importância indireta com respeito à filosofia, porquanto implicam sempre 
numa intervenção da razão. Foi esta, especialmente, a obra da Patrística e, sobretudo, 
de Agostinho. 
A Idade Média inicia-se com a desorganização da vida política, econômica e 
social do Ocidente, agora transformado num mosaico de reinos bárbaros. Depois 
vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. O cristianismo propaga- 
se por diversos povos. A diminuição da atividade cultural transforma o homem comum 
em um ser dominado por crenças e superstições. 
O período medieval não foi, porém, a “Idade das Trevas”, como se acreditava. 
A filosofia clássica sobrevive, confinada nos mosteiros religiosos. O aristotelismodissemina-se pelo Oriente bizantino, fazendo florescer os estudos filosóficos e as 
realizações científicas. No Ocidente, fundam-se as primeiras universidades, ocorre a 
fusão de elementos culturais greco-romanos, cristãos e germânicos, e as obras de 
Aristóteles são traduzidas para o latim. 
 
 
48 
 
25 PATRÍSTICA 
 
 
Fonte: www.corujasapiens.wordpress.com 
 
Desde que surgiu o cristianismo, tornou-se necessário explicar seus 
ensinamentos às autoridades romanas e ao povo em geral. Mesmo com o 
estabelecimento e a consolidação da doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses 
preceitos não podiam simplesmente ser impostos pela força. Eles tinham de ser 
apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de conquista espiritual. 
Foi assim que os primeiros Padres da Igreja se empenharam na elaboração de 
inúmeros textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos 
ficou conhecido como patrística por terem sido escritos principalmente pelos grandes 
Padres da Igreja. 
Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia Greco-
Romana, tentou munir a fé de argumentos racionais. Esse projeto de conciliação entre 
o cristianismo e o pensamento pagão teve como principal expoente o Padre 
Agostinho. “Compreender para crer, crer para compreender”. (Santo Agostinho) 
 
 
49 
 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
26 ESCOLÁSTICA 
No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império 
e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada 
nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência mais 
marcante nas reflexões da época. 
 
Fonte: www.resumoescolar.com.br 
 
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No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu 
império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, 
guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma 
influência mais marcante nas reflexões da época. Tendo a educação romana como 
modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias: gramática, retórica e 
dialética (o trivium) e geometria, aritmética, astronomia e música (o quadrivium). 
Todas elas estavam, no entanto, submetidas à teologia. 
A fundação dessas escolas e das primeiras universidades do século XI fez 
surgir uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (de escola). A partir 
do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, 
marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de muitas obras de 
Aristóteles, descobertas até então, e a tradução para o latim de algumas delas, 
diretamente do grego. 
A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no entanto, 
como problema básico de especulação filosófica. Nesse sentido, o período escolástico 
pode ser dividido em três fases: 
 
 Primeira fase – (do século IX ao fim do século XII): caracterizada pela confiança 
na perfeita harmonia entre fé e razão. 
 Segunda fase – (do século XIII ao princípio do século XIV): caracterizada pela 
elaboração de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaques nas obras 
de Tomás de Aquino. Nesta fase, considera-se que a harmonização entre fé e 
razão pôde ser parcialmente obtida. 
 Terceira fase – (do século XIV até o século XVI): decadência da escolástica, 
caracterizada pela afirmação das diferenças fundamentais entre fé e razão. 
 
51 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
27 AS CARACTERÍSTICAS FILOSÓFICAS DO CRISTIANISMO 
Não há propriamente uma história da filosofia cristã, assim como há uma 
história da filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no pensamento cristão, o 
máximo valor, o interesse central, não é a filosofia, e sim a religião. Entretanto, se o 
cristianismo não se apresenta, de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas como 
uma religião, uma sabedoria, pressupõe uma específica concepção do mundo e da 
vida, pressupõe uma precisa solução do problema filosófico. É o teísmo e o 
cristianismo. 
 
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Fonte: www.slideshare.net 
 
Não há propriamente uma história da filosofia cristã, assim como há uma 
história da filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no pensamento cristão, o 
máximo valor, o interesse central, não é a filosofia, e sim a religião. Entretanto, se o 
cristianismo não se apresenta, de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas como 
uma religião, uma sabedoria, pressupõe uma específica concepção do mundo e da 
vida, pressupõe uma precisa solução do problema filosófico. É o teísmo e o 
cristianismo. 
O cristianismo fornece ainda uma? Imprescindível? Integração à filosofia, no 
tocante à solução do problema do mal, mediante os dogmas do pecado original e da 
redenção pela cruz. E, enfim, além de uma justificação histórica e doutrinal da 
revelação judaico-cristã em geral, o cristianismo implica uma determinação, 
elucidação, sistematização racional do próprio conteúdo sobrenatural da Revelação, 
mediante uma disciplina específica, que será a teologia dogmática. 
Pelo que diz respeito à solução do problema do mal, solução que constitui a 
integração filosófica proporcionada pelo cristianismo ao pensamento antigo? Que 
sentiu profundamente, dramaticamente, este problema sem o poder solucionar? 
http://www.slideshare.net/
 
53 
 
Frisamos que essa representa a grande originalidade teórica e prática, filosófica e 
moral, do cristianismo. 
Soluciona este o problema do mal precisamente mediante os dogmas 
fundamentais do pecado original e da redenção da cruz. Finalmente, a justificação da 
Revelação em geral, e a determinação, dilucidação, sistematização racional do 
conteúdo da mesma, têm uma importância indireta com respeito à filosofia, porquanto 
implicam sempre numa intervenção da razão. Foi esta, especialmente, a obra da 
Patrística e, sobretudo, de Agostinho. 
Foi conquistada a cidade que conquistou o universo. Assim definiu São 
Jerônimo o momento que marcaria a virada de uma época. Era a invasão de Roma 
pelos germanos e a queda do Império Romano. A avalancha dos bárbaros arrasou 
também grande parte das conquistas culturais do mundo antigo. 
 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
 
A Idade Média inicia- se com a desorganização da vida política, econômica e 
social do Ocidente, agora transformado num mosaico de reinos bárbaros. 
Depois vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. O cristianismo 
propaga-se por diversos povos. A diminuição da atividade cultural transforma o 
homem comum em um ser dominado por crenças e superstições. Sob a influência da 
Igreja, as especulações se concentram em questões filosófico-teológicas, tentando 
conciliar a fé e a razão. E é nesse esforço que Santo Agostinho e Santo Tomás de 
Aquino trazem à luz reflexões fundamentais para a história do pensamento cristão. 
 
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28 FILOSOFIA MEDIEVAL E O CRISTIANISMO 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
Ao longo do século V d.C., o Império Romano do Ocidente sofreu ataques 
constantes dos povos bárbaros. Do confronto desses povos invasores com a 
civilização romana decadente desenvolveu-se uma nova estruturação europeia de 
vida social, política e econômica, que corresponde ao período medieval. Em meio ao 
esfacelamento do Império Romano, decorrente, em grande parte, das invasões 
germânicas, a Igreja católica conseguiu manter-se como instituição social mais 
organizada. Ela consolidou sua estrutura religiosa e difundiu o cristianismo entre os 
povos bárbaros, preservando muitos elementos da cultura pagã greco- romana. 
 
 
 
 
 
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29 ANTIGUIDADE ROMANA: EDUCAÇÃO HEROICO-PATRÍCIA 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
Os aristocratas patrícios (proprietários e guerreiros) recebem uma educação 
que visa perpetuar os valores da nobreza de sangue e cultuar os ancestrais. Na 
Antiguidade, a família não era nuclear como a nossa, mas extensa (composta por pais, 
filhos solteirose casados, escravos e clientes dos quais o paterfamilias é proprietário, 
juiz e chefe religioso). Até os sete anos as crianças permanecem sob os cuidados da 
mãe ou de outra matrona, “mulher especial”. 
Depois dos sete anos, as meninas continuam no lar aprendendo os serviços 
domésticos, enquanto o pai se encarrega pessoalmente do filho. O menino 
acompanha o pai às festas e aos acontecimentos mais importantes, ouve o relato 
as histórias dos heróis e dos antepassados, decora a Lei das Doze Tábuas, 
desenvolvendo a sua consciência histórica e o patriotismo. O menino aprende a cuidar 
da terra, trabalho que coloca lado a lado o senhor e o escravo. Aprende a ler, escrever 
e contar. Torna-se hábil no manejo das armas, na natação, na luta e na equitação. 
 
56 
 
Aos 15 anos, o menino acompanha o pai ao foro, praça central onde se faz o 
comércio e são tratados os assuntos públicos e privados, e em torno do qual se 
erguem os principais monumentos da cidade, inclusive o tribunal, onde aprende o 
civismo. Aos 16 anos, o jovem é encaminhado para a função militar ou política. 
(Educação voltado mais para a formação moral, que intelectual) à Aprendizagem 
baseada na vivência cotidiana, entremeada de exemplos que reforçam a importância 
da imitação de modelos representados pelo pai e pelos antepassados. 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
 
 
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30 EDUCAÇÃO COSMOPOLITA 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
Roma republicana: desenvolvimento do comércio, enriquecimento de uma 
camada de plebeus e início da expansão romana tornam mais complexa a sociedade 
romana, exigindo outro modo de educar. Século IV a.C: criação de escolas 
elementares particulares – escolas do ludi (jogo, divertimento) magister (mestre), nas 
quais aprende-se demoradamente a ler, escrever e contar, dos sete aos doze anos. 
Os mestres eram pessoas simples e mal remuneradas. Para desempenhar seu ofício, 
ajeitavam-se em qualquer espaço. As crianças escreviam com estiletes em tabuinhas 
enceradas, aprendendo tudo de cor, ameaçados por castigos. Com o contato com os 
povos helênicos, inúmeros professores gregos ensinam a sua língua, dando início à 
formação bilíngue dos romanos. 
Surgiram as escolas dos gramáticos, em que os jovens de 12 a 16 anos 
conheciam os clássicos gregos, ampliando seus conhecimentos literários. Ao mesmo 
tempo estudavam geografia, aritmética, geometria e astronomia (disciplinas reais). 
Iniciavam-se na arte de bem escrever e bem falar. Surge um terceiro grau de 
educação (escola do retor = professor de retórica), pois a retórica 
exigia o aprofundamento do conteúdo e da forma do discurso. Diferentemente dos ludi 
magister e dos gramáticos, os retores eram professores mais respeitados e bem 
remunerados. 
 
58 
 
 
As escolas superiores: 
 Desenvolveram-se no decorrer do século I a.C e cresceram durante o Império. 
 Eram frequentadas pelos jovens da elite, que se destacavam na vida pública e 
que, por isso, deveriam se preparar para as assembleias e tribunas. Estudavam 
política, direito e filosofia, sem esquecer as disciplinas reais, próprios de um 
saber enciclopédico. 
 A educação física mereceu a atenção dos romanos, mas com características 
mais voltadas para as artes marciais. 
 
 
 
Questão 01 
Platão é apontado como o grande discípulo de Sócrates, do qual fez uma defesa 
pública no processo movido contra ele pela aristocracia ateniense. A obra de Platão 
que nos apresenta a essa situação é: 
 
a) Diálogos. 
b) O Banquete. 
c) Ética. 
d) Apologia de Sócrates. 
e) A Política. 
 
Questão 02 
Uma das obras de Aristóteles essenciais aos estudos da sociedade é A Política; 
escrita no século III a. C., que influenciou bastante o pensamento de gerações 
seguintes. Sobre A Política de Aristóteles, é INCORRETO afirmar que: 
 
a) Os sistemas de governos são estudados. 
b) A sociedade doméstica ou familiar é analisada. 
c) Não se importa em tematizar os modos de se gerir a coisa pública. 
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 
 
59 
 
d) A formação do cidadão e a educação dos jovens aparecem como uma das 
temáticas. 
e) A situação das mulheres e dos escravos na sociedade é nela abordada. 
 
Questão 03 
A Estética, uma das áreas da Filosofia, pode ser identificada como uma das 
preocupações filosóficas de Aristóteles: 
 
a) A principal preocupação da filosofia medieval. 
b) A manifestação maior do espírito crítico, segundo os humanistas. 
c) O tema excluído dos estudos de adorno e walter benjamin. 
d) A área na qual se inaugurou o discurso da pós-modernidade. 
 
Questão 04 
Dentre os nomes que se destacaram na Filosofia na Roma Antiga, podemos destacar: 
 
a) Marco Aurélio e suas Meditações. 
b) Júlio César e sua Guerra da Gália. 
c) Tito Lívio e sua História de Roma. 
d) Heródoto e sua História. 
e) Petrônio e seu Satiricon. 
 
Questão 05 
Acerca da filosofia patrística, é CORRETO afirmar que: 
 
a) Dialogava constantemente com os pressupostos filosóficos de Aristóteles. 
b) Negou a influência do pensamento de Platão. 
c) Surge no contexto histórico de transição da Idade Antiga para a Idade Média. 
d) Renegou temas, como a natureza de Deus e da alma e a vida moral. 
e) Encontrou em Santo Agostinho o seu maior contestador e crítico. 
 
Questão 06 
 
60 
 
Sobre a Escolástica, surgida na Idade Média e tida como uma das manifestações da 
filosofia medieval, é CORRETO afirmar que: 
 
a) É o único movimento filosófico originado da sociedade normanda. 
b) Consiste no conteúdo formado pela síntese das doutrinas platônico-
aristotélicas com as doutrinas cristãs. 
c) Não tinha ligações com a prática pedagógica. 
d) Sofreu duras críticas por parte do pensamento de são tomás de aquino. 
e) Resistiu a um caráter formalista, repetitivo, verbalista e dogmático. 
 
Questão 07 
Sobre a obra de Erasmo de Rotterdam (1466-1536), grande humanista holandês dos 
primórdios do século XVI, é CORRETO afirmar que: 
 
a) Não manteve diálogos nem reflexos na reforma luterana. 
b) Adotou uma postura de neutralidade em relação às críticas feitas, na época, às 
posturas da igreja católica. 
c) Evitou envolvimento em polêmicas religiosas comuns à época. 
d) Adotou um conceito de loucura retomado posteriormente, por Michel Foucault, 
no século XX. 
e) Sua obra mais conhecida, elogio da loucura (1509), foi escrita na Inglaterra, na 
casa de Thomas More. 
 
Questão 08 
 "O silêncio desses espaços infinitos me apavora..." (Pascal). Esta frase do grande 
filósofo do século XVII revela muito dos impulsos da chamada 
revolução científica deste período. Sobre este período da História da Filosofia 
Ocidental, podemos constatar a afirmação de que: 
 
a) Ele não teve nenhuma ligação com o chamado Renascimento. 
b) Tinha em Copérnico um dos seus críticos mais argutos, dado a suas ligações 
com a Inquisição Católica. 
c) Nomes, como Galileu Galilei, tiveram um destaque inconteste no movimento. 
 
61 
 
d) As ideias de Newton não tiveram tanto impacto na comunidade científica da 
época. 
e) Na Matemática, as contribuições de Fermat ofuscaram as de nomes, como 
Leibniz, Pascal, Newton e Descartes. 
 
Questão 09 
A obra de René Descartes (1596-1650) foi uma das bases da filosofia moderna, 
constituindo-se como referência indiscutível na formação do pensamento pós-
medieval. Sobre a obra cartesiana, é CORRETO afirmar que: 
 
a) Rompeu com o aparato conceitual da escolástica medieval para edificar um 
sistema de pensamento próprio. 
b) Sua produção se resume à publicação do discurso do método. 
c) Nega veementemente a existência de deus em franco ataque à filosofia 
medieval. 
d) Não se ocupou da matemática no seu processo de construção do 
conhecimento. 
e) Sua influência no devir da história da filosofia pode ser caracterizado como 
limitada ao trabalho dos autores pós-estruturalistas. 
 
Questão 10 
Sobre o chamado Racionalismo Empiricista de tendência anglo-saxônica, que marcoua filosofia produzida na Europa do século XVII, podemos considerar a: 
 
a) Negação das ideias herdadas do pensamento aristotélico. 
b) Recusa na crença da atuação das impressões sensoriais na produção do 
conhecimento. 
c) Reestruturação do pensamento escolástico medieval. 
d) Continuidade de algumas ideias de Platão. 
e) Produção de nomes, como bacon, Locke, Berkeley e Hume. 
 
 
 
62 
 
31 EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
 
Aumenta a intervenção do Estado nos assuntos educacionais: uma bem 
montada máquina burocrática para a administração do império requeria funcionários 
com instrução elementar, pelo menos. Notável procura por cursos de estenografia 
(taquigrafia) – sistema de notação rápida. Recurso exigido cada vez mais na atividade 
dos notários (hoje conhecidos como tabeliões, mas inicialmente eram apenas 
secretários incumbidos de fazer anotações, ao acompanhar os magistrados e altos 
funcionários). 
Século I a.C: o Estado estimulou a criação de escolas municipais em todo o 
Império. O próprio César concedeu o direito de cidadania aos mestres de arte 
liberais. Século I d.C: Vespasiano libera de impostos os professores de ensino médio 
e superior e institui o pagamento a alguns cursos de retórica, de que beneficia o 
mestre Quintiliano. Trajano manda alimentar os estudantes pobres. Outros 
http://www.slideplayer.com.br/
 
63 
 
importantes imperadores legislam sobre a exigência de as escolas particulares 
pagarem com pontualidade os professores, definindo o montante a lhes ser pago. 
Juliano, no ano 362, oficializou toda a nomeação de professor pelo Estado. 
Opunha-se à expansão do cristianismo e pretendia, impedir a contratação de 
professores cristãos, com essa medida. Outro destaque da época do Império é o 
desenvolvimento do ensino terciário, com os cursos de filosofia e retórica e a criação 
de cátedras de medicina, matemática, mecânica e escolas de direito. 
 
 
32 FILOSOFIA TOMISTA: TOMÁS DE AQUINO 
 
Fonte: www.pensador.com 
 
TOMÁS DE AQUINO - (1225-1274) Teve uma vida inteiramente dedicada a 
Igreja Católica, com muita meditação e estudo. Mas a sua filosofia parte da pergunta: 
Deus existe? 
Contribuiu muito com a Filosofia e a Teologia, mas ao contrário de Agostinho 
ele via a filosofia e a teologia como ciências distintas. Escreveu valiosos tratados, 
como a “Suma Teológica, ” onde relata as cinco vias para a prova da existência de 
Deus. Tomás de Aquino foi totalmente Aristotélico, e como atribuem a Agostinho a 
 
64 
 
cristianização do pensamento de Platão, a ele é atribuída a cristianização da Filosofia 
de Aristóteles. 
 
5 VIAS PARA APROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS 
 
1ª Via: Movimento – Utiliza-se do pensamento de Ato e Potência de Aristóteles, 
definindo o Movimento não como mero movimentar, mas as mudanças do ser. Se tudo 
é movimento é preciso que reconheça um primeiro motor a movimentar todas as 
coisas. 
2º Via: Causalidade Eficiente – Fundamentada no pensamento Socrático, e tem 
muito a ver com a primeira via. O Movimento é limitado? Quem nasceu primeiro o ovo 
ou a galinha? Sim o movimento e finito, por todo causa chega-se a um causante, se 
investigar a fundo chega a um causante incausado. A quem ele atribui a Deus. 
3º Via: Contingente – Também partindo de uma investigação de ato e potência. 
Nem tudo tem sua razão por existi em si mesmo, por se chega a compreensão de um 
ser incontingente. 
4º Via: Graus de Perfeição – Da filosofia platônica, Tomás de Aquino diz que 
na observância do mundo se percebe em todas as coisas a hierarquia, uma escada 
de submissão. Do m menos não é possível se extrair o que for mais. “Os estercos 
servem as ervas, as ervas a vaca, que dela se alimenta. A vaca serve ao homem com 
o leite. E o homem a quem serve se não a Deus? 
5º Via: Ordem do Universo – Há uma ordem perfeita em todas as coisas, não 
existe ordem sem haver uma inteligência ordenadora. Seria impossível acreditar que 
foi uma mera explosão que deu origem ao Universo, explosão é caos 
e não ordem. Como as águas estão perfeitamente reunidas no oceano? As estações 
do ano, Distância exata do Sol a Terra, nem próximo demais que mate todos 
queimados, e nem distante de mais que congelasse toda a superfície da Terra. 
 
 
 
 
 
 
 
65 
 
Leitura complementar 
A relação da filosofia com a educação existe desde o mundo grego. Os filósofos 
gregos, em busca da virtude humana, foram os que deram início às discussões sobre 
a filosofia da educação e seu sentido no mundo. Pode-se dizer que a filosofia da 
educação surgiu do forte vínculo entre a filosofia e a pedagogia estabelecido no 
decorrer dos anos, pois a filosofia, preocupada com as formas do conhecimento 
perfeito, orientou o homem segundo a razão, inferindo um pensamento pedagógico 
que busca a perfeição. 
Presente na dicotomia e na relação que parece animá-la, a filosofia da 
educação da segunda metade do séc. XX tematiza o contraste entre cultura científica 
e cultura humanística. A diversificação, bastante clara nos últimos anos, permeia de 
um lado a filosofia de cunho descritivo e, de outro, a filosofia de tipo histórico e 
ontológico. 
A filosofia da educação, no seu acontecer histórico, esclareceu muitas dúvidas, 
contribuindo para transformações qualitativas na sociedade. Torna-se importante 
retomar e discutir o sentido do filosofar nos cursos de formação de professores, para 
que os futuros profissionais da educação possam atribuir novos significados às 
práticas docentes. Na medida em que há uma racionalidade que não podem mais 
simplesmente explicitar o modelo de ensino idealizado ou lógico de filosofia, introduz-
se a possibilidade de reconduzir as propostas pedagógicas a partir do reconhecimento 
intersubjetivo e hermenêutico de conjugação entre a filosofia e a prática educativa. 
Acredita-se que a Filosofia leva ao trabalho de pensar, refletir, raciocinar e, 
assim, despertar o senso crítico e, consequentemente, auxiliar a construir uma nova 
visão de sociedade, onde, pressupõe-se que a educação é a principal responsável 
pelas transformações da mesma. 
Historicamente, pode-se ver que a educação vem sofrendo modificações, as 
quais, por sua vez, visam torná-la mais adequada à realidade. Entretanto, a Filosofia 
afirma que é a partir do convívio e da ação do homem com e sobre a realidade, que 
ele se forma e se estrutura. Assim sendo, constata-se que o senso comum a respeito 
da educação é o de uma formação fragmentária, incoerente, desarticulada, enfim, 
totalmente desprovida de certeza. Enquanto na consciência filosófica acontece o 
contrário, pois, é uma concepção com total coerência, unidade e articulação. E ainda 
 
66 
 
fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está situada. Entretanto, 
compreende-se que a educação está aberta a questionamentos. 
Por isso, acredita-se que a Filosofia é uma das muitas alternativas para se 
tentar pensar a educação como instrumento de transformação social. Dessa forma, 
concorda-se com LUCKESI (1990, p.33) quando afirma que, "a reflexão filosófica 
sobre a educação é que dá o tom a pedagogia, garantindo-lhe a compreensão dos 
valores que, hoje, direcionam a prática educacional e dos valores que deverão orientá-
la para o futuro". Então, se constata que a Pedagogia nada mais é do que uma 
concepção filosófica da Educação, a qual deve ser exercida nas práxis, para obter 
seus melhores resultados. 
 
33 ANTIGUIDADE ROMANA: A HUMANISTAS 
Podemos distinguir três fases na educação romana: a latina original, de 
natureza patriarcal; depois, a influência do heletismo é criticada pelos defensores da 
tradição; por fim, dá-se a fusão entre a cultura romana e a helenística, que já supõe 
elementos orientas, mas nítida supremacia dos valores gregos. 
A educação na Roma arcaica teve, sobretudo, caráter prático, familiar e civil, 
destinada e formar em particular o civis romanus, superior aos outrospovos pela 
consciência do direito como fundamento da própria “romanidade”. 
 
Fonte:www.slideplayer.com.br 
 
67 
 
Os civis romanusera, porém, formado antes de tudo em família pelo papel 
central do pai, mas também da mãe, por sua vez menos submissa e menos marginal 
na vida da família em comparação com a Grécia. A mulher em Roma era valorizada 
como mater famílias, portanto reconhecida como sujeito educativo, que controlava a 
educação dos filhos, confiando-os a pedagogos e mestres. Diferente, entretanto, é o 
papel do pai, cuja auctoritas, destinada a formar o futuro cidadão, é colocada no centro 
da vida familiar e por ele exercida com dureza, abarcando cada aspecto da vida do 
filho (desde a moral até os estudos, as letras, a vida social). Para as mulheres, porém, 
a educação era voltada a preparar seu papel de esposas e mães, mesmo se depois, 
gradativamente, a mulher tenha conquistado maior autonomia na sociedade romana. 
O ideal romano da mulher, fiel e operosa, atribui a ela, porém, um papel familiar e 
educativo. 
Os romanos tinham uma mentalidade prática; procuravam alcançar resultados 
concretos adaptando os meios aos fins. Enquanto os gregos julgavam e mediam todas 
as coisas pelo padrão da racionalidade, da harmonia ou da proporção, os romanos 
julgavam tudo pelo critério da utilidade ou da eficácia. Por isso os romanos sempre 
consideraram os gregos como um povo visionário e ineficiente, enquanto os gregos 
consideravam os romanos como bárbaros sórdidos, com força de caráter e valor 
militar, mas incapazes de apreciar os aspectos superiores da vida. 
 
34 EXISTENCIALISMO 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
68 
 
Para o existencialismo a essência humana se constrói na existência concreta. 
O homem nasce sem essência, e somente depois, a partir de sua existência, irá 
construir sua essência como homem. 
Esta essência dependerá da decisão que o homem tomará. Poderá ele 
acomodar-se com os fatos, não correr o risco da liberdade, e assim deixar-se tragar 
pela massa insossa constituída por todos os outros, e assim perder sua identidade, 
assumindo a moral do rebanho. Será então o inautêntico, o nojento, repleto de vícios, 
o homem de "má-fé" que existe como coisa, pois não teve coragem para assumir o 
risco da liberdade. Ou então, o homem poderá assumir o verdadeiro risco da 
liberdade. Assim enfrentará o nada, e a possibilidade da morte, que o fará inicialmente 
sentir-se angustiado perante o fato de que a morte seja o fim de todos os projetos e 
possibilidades, mas depois de encarado tal desafio, ele finalmente se tornará 
autêntico, construindo sua essência como ser humano. 
Assim, para o existencialista, a educação verdadeira é aquela que possibilita o 
homem a construção de sua essência a partir da liberdade. A educação deve 
transformar o homem em ser autêntico, e não em apenas mais um no rebanho. 
Portanto a educação como impositora de normas para a reprodução do sistema não 
serve para o existencialismo, pois transforma o homem em inautêntico, já que o ensina 
a respeitar a moral da aceitação e da submissão. 
A educação, então, deverá libertar o homem das amarras, permitir a ele que se 
construa como homem dentro do processo histórico, sem que seja condicionado por 
forças que lhe vendam os olhos e que lhe impeça de construir sua existência/essência. 
O homem existencialista é o homem da luta, da coragem, que não tem medo 
do terrível desafio que a liberdade lhe impõe com todo o risco de solidão e angústia. 
A educação deve levar o homem a enfrentar este risco. Aliás, a educação não deve 
levar o homem, pois ele deverá conduzir-se a isso. A educação então deverá lhe abrir 
a possibilidade, talvez lhe mostrar o caminho. E isto só é possível através de uma 
educação libertadora em todos os sentidos. 
Esta educação deverá também mostrar ao homem que a sua liberdade está 
estritamente vinculada à responsabilidade pois o ato responsável do homem também 
é o ato responsável por toda a humanidade. 
 
 
69 
 
35 ESSENCIALISMO 
O essencialismo desconsidera os seres reais considerando-os em seus 
aspectos ideais. O ideal de bondade, justiça, felicidade etc. São ideais que 
transcendem o aspecto natural, isto é, que não é acessível a um conhecimento por 
meio da experiência. A leitura essencialista de mundo se estabelece no período 
 
da Antiguidade grega, século V a.C. e Idade Média. Para o essencialismo há uma 
substância, uma essência humana que identifica cada espécie e tem por característica 
ser universal, vale dizer, que se estende a tudo, por toda parte e que tem o caráter de 
absoluta generalidade. 
 
 
Fonte: www.dicio.com.br 
 
Nesta perspectiva existe uma natureza humana, desde sempre dada, sendo 
que a ação humana é resultado desta necessidade intrínseca, ou seja, desde sempre 
estabelecida e dada. Em outras palavras, já nascemos com certa potencialidade que 
deve passar por um trabalho em direção a um fim que seria a perfeição. 
O homem, nessa perspectiva é um ser educável. Sua essência é a 
racionalidade. Trata-se, portanto, de uma educação dirigida ao espírito. Podemos 
destacar como principais representantes desta filosofia educacional os filósofos Platão 
(428-347 a.C.), Aristóteles (384-324 a.C.), Santo Agostinho, (354-430 d.C.) e Santo 
 
70 
 
Tomás de Aquino (1227-1274 d.C.). Na perspectiva essencialista O real constitui uma 
ordem ontológica: tanto o mundo como o homem são vistos como entes/substâncias 
que realizam uma essência. A essência de cada ente contém e define as 
características específicas de cada um, que são universais e comuns a todos os 
indivíduos da mesma espécie. A perfeição de cada ente se avalia pela plenitude de 
realização dessas potencialidades intrínsecas. 
 
 
 
36 A EDUCAÇÃO DIFUSA 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
 
Nas sociedades tribais, a educação das crianças se dava de forma difusa. Elas 
aprendiam imitando os ofícios dos adultos, tendo assim já a certeza do papel que 
 
Assim sendo a educação tem características ESSENCIALISTA 
quando é concebida como processo de atualização da potência 
da essência humana, mediante o desenvolvimento das 
características específicas contidas em sua substância, visando 
sempre um estágio de plena perfeição e atualização total. 
 
71 
 
deviam desempenhar quando fossem adultos. Ainda hoje, na sociedade 
contemporânea a educação difusa permanece, embora sob um diferente aspecto. 
O conhecimento técnico, científico, não é passível de ser transmitido por 
imitação, requer metodologia e um processo sistematizado de transmissão e 
avaliação. Este conhecimento tecnicista visa formar profissionais para o mercado de 
trabalho e as exigências do mundo capitalista. 
Porém, não é só nos bancos escolares que se dá a educação. Visto que 
educação não é só um saber técnico, é uma maneira de ver o mundo, de entender a 
sociedade, de exercer o papel de cidadão dentro dela, com direitos e deveres 
conscientes. Não basta se inserir no mercado de trabalho é preciso aprender para a 
vida também. 
A criança se auto educa em todos os ambientes que ela frequenta. Os 
comportamentos de todos os adultos com que ela convive, formam a base da sua 
educação. Constituem os seus valores e complementam a formação da pessoa como 
um todo. 
O educando imita o adulto, principalmente quando tem com ele laços afetivos bem 
estabelecidos e seguros. Por isso a melhor maneira de se ter uma criança bem-
educada e compreendê-la enquanto criança. Se ela se sentir amada, valorizada e 
respeitada, a educação difusa que se dá em casa, soma-se, para complementar seu 
desempenho escolar. 
 
 
 
 
A criança precisa construir sua identidade e acreditar no seu 
potencial para se encaixar neste meio. Isso requer 
autoconfiança, segurança, é a base que se constrói no lar. 
A educação formal pode até reafirmar valores e princípios, mas 
desde que essa semente tenha sido plantada na educação 
difusa. 
E essepapel é dos pais, não há como delegá-lo a outros, 
nem o deixar unicamente ao encargo da escola. 
Na tribo, no gineceu, na casa ou no apartamento, o papel da 
família continua sendo fundamental. 
 
72 
 
37 QUATRO IMPORTANTES FILÓSOFOS DA EDUCAÇÃO 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) 
 
Fonte: www.ebah.com.br 
 
No texto do livro Emile, de Rousseau, é bastante clara a passagem da Filosofia 
da Educação para uma Teoria Educacional, e um Método pedagógico. O pressuposto 
básico de Rousseau, quando sua filosofia aborda o tema da educação, era a crença 
na bondade natural do homem, e a atribuição à civilização da culpa de corrompê-lo. 
O modo adequado de educar seria proteger o indivíduo da influência corruptora 
da sociedade, estimulando adequadamente o desenvolvimento de sua bondade 
natural no processo educativo. Para isto o aluno deveria ser educado com base na 
sua curiosidade e nas suas motivações naturais. Enquanto ao mesmo tempo 
mantendo-se em mente o contexto social no qual o aluno futuramente se integrará. 
Isto somente pode ser conseguido através de um método muito bem controlado. 
 
 
Método Pedagógico 
Seu método de educação era o de retardar o crescimento intelectual, 
permitindo à criança demonstrar seus próprios interesses em um assunto e fazer suas 
próprias perguntas. No estágio da puberdade a sensibilidade do jovem deveria ser 
 
Não há nada que esteja menos sob o nosso domínio que o coração, e, longe 
de podermos comandá-lo, somos forçados a obedecer-lhe. 
 
73 
 
educada sem que houvesse qualquer restrição moral em seu ambiente, até os 15 
anos. O objetivo é que o aluno desenvolva plenamente seu Eu natural. Obviamente, 
uma tal educação só seria possível se o aluno fosse totalmente isolado da sociedade 
e não tivesse contato social, senão com seu mestre. O aluno somente entraria na 
sociedade quando a tendência para a socialização surgisse como uma de suas 
necessidades naturais. 
 
Herbart: (1776-1841) 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
 
O Ocidente havia quase um século seguia as diretrizes fundamentalista 
Educação propostas pelo filósofo alemão Johann Friedrich Herbart, que teve várias 
gerações de seguidores, a partir da Alemanha. Segundo ele, a ação pedagógica se 
orienta por três procedimentos: o governo, a instrução e a disciplina. 
 
a) O governo: é a forma de controle da agitação da criança, inicialmente exercido 
pelos pais e depois pelos mestres, com a finalidade de submeter a criança às 
regras do mundo adulto e viabilizar o início da instrução. 
b) A instrução é o principal procedimento da educação e pressupõe o 
desenvolvimento dos interesses. O interesse determina quais as ideias e 
experiências que receberão atenção por parte do indivíduo. Herbart não separa 
a instrução intelectual da instrução moral, pois para ele, uma é condição da 
outra. 
 
74 
 
c) Para que a educação seja bem-sucedida é conveniente que sejam estimulados 
o surgimento de múltiplos interesses. 
d) A disciplina é a responsável por manter firme a vontade educada, no caminho 
e propósito da virtude, supondo autodeterminação, que é uma característica do 
amadurecimento moral levando para a formação do caráter que está sendo 
proposta, ao contrário do governo, que é heterônomo e exterior, mais adequado 
ao trato com as crianças pequenas. 
 
O Método de Instrução Herbartiano. 
Herbart propõe 5 passos formais que favorecem o desenvolvimento da aprendizagem 
do aluno: 
 Preparação: o mestre recorda o que a criança já sabe para que o aluno traga 
ao nível da consciência a massa de ideias necessárias para criar interesse 
pelos novos conteúdos; 
 Apresentação: a partir do concreto, o conhecimento novo é apresentado; 
 Assimilação: o aluno é capaz de comparar o novo com o velho, distinguindo 
semelhanças e diferenças; 
 Generalização: além das experiências concretas, o aluno é capaz de abstrair, 
chegando a conceitos gerais, sendo que esse passo deve predominar na 
adolescência; 
 Aplicação: através de exercícios, o aluno evidencia que sabe usar e aplicar 
aquilo que aprendeu em novos exemplos e exercícios. É deste modo, e 
somente deste modo, que a massa de ideias passa a ter um sentido vital, 
perdendo o aspecto de acumulação de informações inúteis para o indivíduo. 
 
Os fatores determinantes de sua influência no pensamento pedagógico foram: 
a) O caráter de objetividade de análise, 
b) A tentativa de psicometria, 
c) O rigor dos passos a serem seguidos para a instrução e a sistematização que 
imprimiu ao seu método. 
 
 
75 
 
Para ele, o conhecimento é dado pelo mestre ao aluno, de modo que só mais 
tarde este o aplica a experiências vividas. Sua educação é pela instrução, e neste 
caso, possui um caráter mais intelectualista. 
Uma das contribuições mais duradouras de Herbart para a educação é o 
princípio de que a doutrina pedagógica, para ser realmente científica, precisa 
comprovar-se experimentalmente – uma idéia do filósofo Immanuel Kant que Herbart 
desenvolveu. 
Surgiram daí as escolas de aplicação, que conhecemos até hoje. Elas 
respondem à necessidade de alimentar a teoria com a prática e vice-versa, num 
processo de atualização e aperfeiçoamento constantes. Muitas das contribuições de 
Herbart para a psicologia e a pedagogia continuam valiosas, mas seu pensamento e 
a prática que dele se originou no século 19 se tornaram ultrapassados, sobretudo com 
o aparecimento do movimento da escola ativa. O norte-americano John Dewey, por 
exemplo, fez duras críticas à doutrina Herbartiana. 
 
 
John Dewey (1859-1952) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.educarparacrescer.abril.com.br 
 
 
76 
 
38 A CONDUTA HUMANA E A EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
 
A análise da relação da conduta humana e a da educação tem três premissas 
basilares e apresenta algumas consequências. 
 
I) A natureza humana é corrompida ou bárbara. Concepção religiosa da 
natureza humana. Concepção da filosofia do século XVIII. Determinismo 
spenceriano do século XIX. A função do conhecimento, segundo Dewey. 
Concepção atual da natureza humana. Indeterminismo do progresso social 
ou moral. 
II) A atividade humana é um simples meio para se atingir o bem, que é um fim 
estranho ou superior a atividade. Vida é preparação. Diferentes aspectos 
dessa concepção. Erro de fato e erro de compreensão. Erro de fato: o 
homem é, por sua natureza, passivo; a atividade é um dever. Origem geral 
desse erro: a imperfeita organização social. 
 
III) Erro de compreensão: concepção inadequada do funcionamento de meios 
e fins na vida humana. Desenvolvimento da teoria de John Dewey a respeito 
do seu verdadeiro funcionamento. Ilustração demonstrativa da inversão que 
se opera, com a explicação da moral tradicional, na ordem real dos fatos. 
Espiritualismo e materialismo, vítimas do mesmo equívoco. 
 
77 
 
IV) A organização atual da vida justifica esse erro. Exceções: vida infantil, vida 
de alguns homens. Identidade da atividade com o próprio fim da vida. 
V) As regras da conduta humana fluem de princípios eternos e estranhos à 
experiência positiva dos homens. Princípios extra-humanos ou, puramente, 
ideais. Necessidade de fundamentos experimentais para os "princípios" ou 
"hipóteses" diretores da moral. Assim, o bem ou a felicidade está na 
atividade presente, dirigida inteligentemente. 
 
 
39 MORAL CIENTÍFICA E MORAL TRADICIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.mundodasmensagens.com 
 
Há uma ciência da moral e da conduta humana. E também ela está a passar 
por uma transformação sensível, baseada no estudo objetivo da natureza humana. 
Essa transformação deve impregnar toda a vida da escola, se é que lhe cabe, 
conforme vimos, o papel predominante na formação do homem. Até os dias de hoje a 
conduta humana não se pôde guiar por conceitos positivos e experimentais similares 
aos que caracterizam asdemais ciências. E isso por quê? Porque, como em relação 
às ciências naturais quando eram tratadas pelo método da magia, o problema tem 
sido fundado em pressupostos falsos. 
Que era a magia? A sua concepção básica era a mesma da ciência - 
causalidade dos fenômenos. Reputavam-se, porém, misteriosas as causas que 
http://www.mundodasmensagens.com/
 
78 
 
governavam esses fenômenos e misteriosos os meios de controlá-las. Ainda 
encontramos, nas religiões, vestígios dessa concepção. Para o indiano, a malária que 
lhe mina o organismo, não é causada pelos germes com que o infetam os mosquitos, 
mas pela necessidade, em que se acha, de purgar nesta vida os pecados de vidas 
pregressas. Não há, pois, outro meio de tratar-se, senão pela oração e penitência. 
A essência da magia está aí: o tratamento dos fenômenos naturais como efeitos 
originários de causas misteriosas. Está claro que, enquanto assim pensar, não 
poderão progredir, com aquele indiano, a biologia ou a patologia. Para todo o sempre, 
ele continuará a rezar, a fazer penitência e a ter malária. 
 
Tem sucedido com a Moral uma coisa semelhante. 
Os moralistas - ao traçarem a ciência do Bem - têm partido do pressuposto de 
que a natureza humana é essencialmente má e que o ideal seria se a pudéssemos 
substituir por qualquer outra coisa. Daí decorre que o reinado da moral ou do bem, 
como os moralistas o concebem, é estranho à natureza humana. Qualquer coisa 
acima ou fora dela, a que temos de conformá-la ou que temos de conquistar com o 
sacrifício dessa pobre natureza. E como uma e outra coisa são mais ou menos 
impossíveis, estamos como estávamos em relação à ciência, no tempo da magia - 
absolutamente incapazes de progresso. Hoje, como ontem, como há vinte e há trinta 
séculos, nós continuamos a pregar, em moral, uma coisa e a fazer outra. E a moral 
que nos devia fazer felizes, apenas nos faz mais infelizes. O estudo recente da 
natureza biológica e social do homem, em bases positivas e científicas, que nos 
deverá dar, afinal, uma ciência da saúde, da eficiência e da felicidade do homem. 
Longe de nós a suposição ingênua de que se irão suprimir da vida as suas 
perplexidades, as suas incertezas e os seus fracassos. Não se irão suprimir, mas 
chegaremos a explicá-los. E tornando-os, desse modo, compreensíveis, torná-los-
emos aproveitáveis para uma crescente reorganização do futuro. A grande 
transformação estará em fazer da conduta moral do homem uma consequência dos 
conhecimentos positivos a que o homem vai chegando em fisiologia e em psicologia. 
Quando chegarmos a conceber o mal como um simples funcionamento anormal 
dos órgãos biossociais do homem - digamos assim -, e tivermos para com ele a 
mesma atitude experimental que temos para com os males físicos, teremos dado o 
primeiro passo para uma ciência moral. 
 
79 
 
Em vez da moral "espiritual", isto é, presa a preconceitos imutáveis e eternos, 
uma moral experimental baseada nas conclusões de uma ciência do homem. Na sua 
glorificação da "natureza", o que realmente glorificam são os impulsos, os apetites e 
os desejos - tudo que é mais vulgar e menos pessoal na natureza humana. Submeter-
se às paixões, tornando-se delas miseráveis ou elegantes escravos, a fórmula 
suprema da liberdade. 
Escandalizar os burgueses é o dístico romântico que insculpem em seus 
escudos de Dom Quixotes do prazer. Nunca uma concepção de individualidade foi tão 
limitada e, sobretudo, tão ininteligente. Os grandes burgueses são, pelos menos, 
inteligentes. Na vida eles querem alguma coisa e o querem com força e lucidez, e 
manipulam devidamente os meios, inclusive a moral, para consegui-la. 
 
40 MORALIDADE ÉTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.blog.maxieduca.com.br 
 
Aqueles românticos, vencidos no que desejam, o que, bem possivelmente, 
seria o mesmo que os burgueses, refugiam-se num amor tolo e indiscriminado à 
natureza e aos seus impulsos. Há, porém, um terceiro grupo. É o dos que tomam a 
sério a moral como qualquer coisa estranha às atualidades da vida e à natureza do 
organismo humano. Esses se preocupam com o progresso espiritual de suas almas. 
 
80 
 
Com a perfeição interior. Com a análise inquieta dos seus motivos de ação. Vivem a 
perscrutar a natureza íntima de suas ações. 
‘A "vida quotidiana" é para esses homens uma coisa atroz. A vida de ação, de 
negócios, de política - a inconsciência organizada. A vida daqueles apaixonados da 
"natureza", uma degradação sem limites. Vivem fora do mundo. Mas, pelo menos, dir-
se-ia, esses são perfeitos e felizes, esses vingam a maldade e a corrupção dos outros. 
Não é verdade. 
Primeiro, esse grupo confirma os outros dois. É uma razão, às avessas, em 
favor dos outros. Se a vida moral exige que desprezemos a própria vida, 
exige que a renunciemos - de que mais se precisa para provar que ela está errada, 
está afastada de seu objetivo? Segundo, estão longe da pureza imaginada os 
componentes desse terceiro grupo. 
O isolamento mental em que se comprazem, o desprezo que alimentam pela 
vida material, a convicção em que se mantêm de que são os últimos homens de 
espírito em um mundo sórdido de materialistas, fazem brotar em seus corações uma 
qualidade de orgulho de que não têm sequer conhecimento os homens comuns, os 
que viajam na planície. Esse orgulho gera uma inumanidade característica. As 
fórmulas doces do amor dos homens não são percebidas por esses cavalheiros do 
espírito. Foi tal inumanidade que, em outros tempos, permitiu todos os suplícios e que 
hoje continua a permiti-los sob formas mais sutis e mais encobertas. 
 Analisemos as premissas em que se funda essa moral que faz da vida de cada 
um a tragédia ou a comédia que todos conhecemos e, do mesmo passo, indiquemos 
o que nos pareceria a correção dos seus erros. São três as premissas fundamentais 
da moral tradicional, como foi entendida até os começos deste século. 
 
1. Considerar a natureza humana como qualquer coisa impura e corrompida ou 
bárbara, incapaz de chegar naturalmente a um desenvolvimento feliz. 
2. Considerar a atividade humana em si, não como o bem, mas como simples 
meio de atingir o bem, que era estranho ou superior a essa atividade. 
3. Considerar que as regras da conduta humana fluem de princípios morais 
preconcebidos e estranhos à experiência racional ou positiva. Esses princípios 
se prendem a uma ordem espiritual sagrada, que se não pode modificar sem 
graves prejuízos para os homens. 
 
81 
 
Essas três premissas fizeram da vida humana a trama obscura e contraditória 
onde não há lugar para a felicidade, entendida como resultado de um desenvolvimento 
normal e progressivo da individualidade. A confusão que acontece entre as palavras 
Moral e Ética existem há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera 
confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral 
tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes. 
Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo 
que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em 
sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo 
cotidiano. Durkheim explicava moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo 
anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório. Já a palavra Ética, Motta 
(1984) defini como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem 
em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o 
bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu 
meio social. 
A Moral sempre existiu, pois, todo ser humano possui a consciência Moral que 
o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando 
o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades 
primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, poisse exigi maior 
grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir 
não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e 
inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral 
é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento 
entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis. 
Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? 
Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar 
o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de 
ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias, e desta forma, as pessoas 
compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela maneira. Porém o 
comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, não sendo, então, uma 
decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença 
prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética é uma espécie 
 
82 
 
de legislação do comportamento Moral das pessoas. Mas a função fundamental é a 
mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade. 
 
41 UMA NOVA FORMA DE CONHECIMENTO SEGUNDO A FILOSOFIA E SEUS 
PENSADORES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
 
A nova forma de pensar da Filosofia Moderna culminou no Racionalismo (René 
Descartes) e no Empirismo (Francis Bacon, John Locke, David Hume) e preparou, de 
certa forma, o caminho para o Criticismo Kantiano. Veja um pouco de cada uma 
dessas correntes. Em Descartes, a ideia de sujeito é o mesmo que: substância 
pensante, descobrindo com isso a posição do cogito (do pensamento), definindo-o 
como substância do sujeito, (metafísica da subjetividade). Para ele, a verdade está no 
interior do próprio sujeito: a certeza da consciência de si. O conhecimento está na 
consciência do sujeito pensante enquanto representação e/ou adequação entre a 
“coisa” (o mundo) e o pensamento (o cogito). 
A substancialização do sujeito, em Descartes, reduz o corpo a uma extensão 
física e que não contribui positivamente na busca da verdade. A garantia da existência 
 
83 
 
das coisas, do mundo, nos é dada pela substância pensante que se reconhece através 
dos seus modos e de suas ações como sendo a afirmação do próprio pensar, ou seja, 
os modos de vida do indivíduo ou a sua ética. A subjetividade é constituída justamente 
em sua autonomia para com o mundo pelo processo de afirmação da consciência, do 
pensamento. 
A modernidade se consolida a partir de Descartes, acentuando suas bases no 
poder da razão caracterizando o sujeito moderno cartesiano, fundador do 
conhecimento, já que a verdade se encontra no interior de si mesmo enquanto certeza 
da consciência de si. O sujeito pensante é, então, um sujeito individual. O importante 
em Descartes é mostrar como se dá o distanciamento na constituição da subjetividade 
(do pensamento, da consciência) entre o pensar e a realidade corpórea. Sendo assim, 
ele surge na modernidade como o filósofo criador do sujeito individual, totalmente 
separado do mundo das coisas. 
Jhon Locke, David Hume e Francis Bacon foram os primeiros empiristas e 
fundadores da ciência moderna, viam a mente como uma tábula rasa, e que o 
conhecimento vem de nossos sentidos e experiências. Francis Bacon, influenciado 
pelo contexto histórico político da Inglaterra - cuja ciência do momento era focada na 
experiência, observações e julgamentos do senso comum - começou a questionar a 
mente humana e as suas falhas, afirmando que o entendimento humano, de sua 
natureza peculiar facilmente supõe um maior grau de ordem e igualdade nas coisas 
do que realmente encontra. 
Locke compara as mentes a uma lousa em branco, ou tabula rasa. Em vez de ser o 
conhecimento inato, Locke escreve todo o conhecimento baseia-se e, finalmente, 
deriva-se de sentido, ou algo análogo a ele, que pode ser chamado de sensação. 
Hume considera que de um lado há o conhecimento obtido pela aplicação do 
raciocínio, pela construção de relações lógicas e de outro, há o conhecimento das 
questões de fato, que busca expressar conexões e relações descrevendo ou 
explicando fenômenos concretos. Ele acredita que o conhecimento tem por 
fundamento princípios da mente: impressões, ideias, imaginação, hábito e crença. A 
experiência seria assim, uma apreensão da realidade externa através dos sentidos 
que forma a base necessária de todo conhecimento. 
Para Kant e o Iluminismo Criticista, o sujeito seria constituído de uma estrutura 
racional dotada de formas a priori da sensibilidade, do entendimento e da razão que 
 
84 
 
indicaria aquilo que o homem poderia ou não conhecer, existindo duas formas da 
sensibilidade responsáveis por ordenar as sensações ou impressões no sujeito: 
espaço e tempo. Ele critica na tradição da filosofia é a iniciativa dos filósofos em 
colocar a realidade objetiva como prioridade sem se perguntarem pela natureza da 
própria razão. 
 
42 O EMPIRISMO DE JOHN LOCKE 
 
Fonte: www.znfilosofica.blogspot.com.br 
 
Sobre a linha do desenvolvimento do empirismo, Locke representa um 
progresso em confronto com os precedentes: no sentido de que a sua gnosiologia 
fenomeniza-empirista não é dogmaticamente acompanhada de uma metafísica mais 
ou menos materialista. Limita-se a nos oferecer, filosoficamente, uma teoria do 
conhecimento, mesmo aceitando a metafísica tradicional, e do senso comum pelo que 
concerne a Deus, à alma, à moral e à religião. Com relação à religião natural, não 
muito diferente do deísmo abstrato da época; o poder político tem o direito de impor 
essa religião, porquanto é baseada na razão. Locke professa a tolerância e o respeito 
às religiões particulares, históricas, positivas. 
Locke viajou fora da Inglaterra, especialmente em França, onde ampliou o seu 
horizonte cultural, entrou em contato com movimentos filosóficos diversos, em 
especial com o racionalismo. Tornou-se mais consciente do seu empirismo, que 
http://www.znfilosofica.blogspot.com.br/
 
85 
 
procurou completar com elementos racionalistas (o que, entretanto, representa um 
desvio na linha do desenvolvimento do empirismo, procedente de Bacon até Hume). 
John Locke nasceu em Wrington, em 1632. Estudou na Universidade de Oxford 
filosofia, ciências naturais e medicina. Em 1665 foi enviado para Brandenburgo como 
secretário de legação. Passou, em seguida, ao serviço de Loed Ashley, futuro conde 
de Shaftesbury, a quem ficou fiel também nas desgraças políticas. Foi, portanto, para 
a França, onde conheceu as personalidades mais destacadas da cultura francesa do 
"grand siècle". Em 1683 refugiou-se na Holanda, aí participando no movimento político 
que levou ao trono da Inglaterra Guilherme de Orange. De volta à pátria, recusou o 
cargo de embaixador e dedicou-se inteiramente aos estudos filosóficos, morais, 
políticos. Passou seus últimos anos de vida no castelo de Oates (Essex), junto de Sir 
Francisco Masham. Faleceu em 1704. 
As suas obras filosóficas mais notáveis são: o Tratado do Governo Civil (1689); 
o Ensaio sobre o Intelecto Humano (1690); os Pensamentos sobre a Educação (1693). 
As dotes principais do pensamento de Locke são: o nominalismo escolástico, cujo 
centro famoso era Oxford; o empirismo inglês da época; o racionalismo cartesiano e 
a filosofia de Malebranche. 
 
43 O PENSAMENTO: A GNOSIOLOGIA 
Locke julga, como Bacon, que o fim da filosofia é prático. Entretanto - 
diversamente de Bacon, que julgava fim da filosofia o conhecimento da natureza para 
dominá-la (fim econômico) - Locke pensa que o fim da filosofia é essencialmente 
moral; quer dizer: a filosofia deve proporcionar uma norma racional para a vida do 
homem. E, como os seus predecessores empiristas, ele sente, antes de mais nada, a 
necessidade de instituir uma investigação sobreo conhecimento humano, elaborar 
uma gnosiologia, para achar um critério de verdade. Podemos dizer que a sua filosofia 
se limita a este problema gnosiológico, para logo passar a uma filosofia moral (e 
política, pedagógica, religiosa), sem uma adequada e intermédia metafísica. 
Locke não parte, realisticamente, do ser, e sim, fenomenisticamente, do 
pensamento. No nosso pensamento acham-se apenas ideias (no sentido genérico das 
representações): qual é a sua origem e o seu valor? Locke exclui absolutamente as 
http://www.mundodosfilosofos.com.br/bacon.htm
http://www.mundodosfilosofos.com.br/hume.htm
http://www.mundodosfilosofos.com.br/descartes.htm
http://www.mundodosfilosofos.com.br/cartesianismo.htm
 
86 
 
ideias e os princípios que deles se formam, derivam da experiência; antes da 
experiência o espírito é como uma folha em branco, uma tabula rasa. 
No entanto, a experiência é dúplice: externa e interna. A primeira realiza-se 
através da sensação, e nos proporciona a representação dos objetos (chamados) 
externos: cores, sons, odores, sabores, extensão, forma, movimento, etc. A segunda 
realiza-se através da reflexão, que nos proporciona a representação das próprias 
operações exercidas pelo espírito sobre os objetos da sensação, como: conhecer, 
crer, lembrar, duvidar, querer, etc. Nas ideias proporcionadas pela sensibilidade 
externa, Locke distingue as qualidades primárias, absolutamente objetivas, e as 
qualidades secundárias, subjetivas (objetivas apenas em sua causa). 
O nominalismo de Locke, compreende-se como, para ele, é impossível a 
ciência verdadeira da natureza, considerada como conhecimento das leis universais 
e necessárias. Locke julga também inaplicável à natureza a matemática - 
reconhecendo-lhe embora o caráter de verdadeira ciência - isto é, não acredita 
na físico-matemática, à maneira de Galileu. Entretanto, mesmo que a ciência da 
natureza não nos desse senão a probabilidade, a opinião, seria útil enquanto prática. 
Até aqui foram analisados e descritos os conteúdos de consciência. É mister agora 
propor a questão do seu valor lógico. Costuma-se dizer que as ideias são "verdadeiras 
ou falsas"; melhor seria chamá-las "justas ou erradas", porque, propriamente, "a 
verdade e a falsidade pertencem às proposições", em que se afirma ou se nega uma 
relação entre duas ideias. E esta relação, afirmada ou negada, pode ser precisamente 
falsa ou verdadeira. O conhecimento da relação positiva ou negativa entre as ideias 
é, segundo Locke, de dois tipos: intuitivo e demonstrativo. No primeiro caso a relação 
é colhida intuitiva, imediata e evidentemente. Por exemplo: 3 = 2 + 1. No segundo 
caso a relação é colhida mediatamente, recorrendo às ideias intermediárias, ao 
raciocínio. Por exemplo: a existência de Deus demonstrada pela nossa existência e 
pelo princípio de causalidade. Naturalmente, a demonstração é inferior à intuição. 
 
44 IDEIAS METAFÍSICAS 
Estamos, porém, ainda fechados no mundo subjetivo, fenomênico; de fato, 
tratou-se, até agora, de relações positivas ou negativas, concordes ou desacordes 
 
87 
 
com as ideias. Podemos nós sair desse mundo subjetivo e atingir o mundo objetivo, 
isto é, podemos conhecê-lo imediatamente ou mediatamente na sua existência e na 
sua natureza? Locke afirma-o, sem mostrar, entretanto, como este conhecimento do 
mundo externo possa concordar com a sua geral (fenomenista) concepção e definição 
do conhecimento. É a sólita posição de um fenomenismo ainda não plenamente 
consciente de si mesmo. Corta as relações com o ser e vai para o fenomenismo 
absoluto, mas tem ainda saudade desse ser do qual se isolou. 
Em todo caso, Locke acredita poder atingir, antes de tudo, o nosso ser, depois 
o de Deus, e, finalmente, o das coisas. O nosso ser seria intuitivamente percebido 
através da reflexão. A existência de Deus seria racionalmente demonstrada mediante 
o princípio de causa, partindo do conhecimento imediato de uma outra existência (a 
nossa). A existência das coisas seria sentida invencivelmente, porque nos sentimos 
passivos em nossas sensações, que deveriam ser causadas por seres externos a nós. 
Entretanto, pelo que diz respeito ao nosso ser, é mister ter presente que nós 
não conhecemos intuitivamente a substância da alma, e sim as suas atividades. Pelo 
que diz respeito a Deus, a prova da sua existência vale, se vale absolutamente o 
princípio de causa - o que Locke não demonstrou. Enfim, pelo que diz respeito às 
coisas externas, mesmo admitida a prova aduzida por Locke - segundo a confissão 
do próprio filósofo - tal prova vale apenas pelo que concerne à existência das coisas, 
e não pelo que concerne à natureza delas. De fato, segundo a filosofia de Locke, não 
sabemos se as ideias da natureza das coisas correspondem à realidade das coisas. 
 
45 MORAL E POLÍTICA 
Locke não admite, naturalmente, ideias e princípios inatos nem sequer no 
campo da moral. A sua moral, todavia, é muito mais intelectualista do que empirista, 
pois ele lhe reconhece o caráter de verdadeira ciência, universal e necessária. 
Entretanto, não basta ter construído uma moral em abstrato, embora racional. É 
preciso torná-la praticamente eficaz, isto é, faz-se mister uma obrigação moral, que 
se imponha à nossa vontade. Ora, visto que é natural, no homem, a tendência para o 
próprio bem-estar, é natural que ele seja atingido pelas penas, pelas sanções, que 
precisamente lhe impedem tal realização. Que parte tem a liberdade da vontade em 
 
88 
 
tudo isto? Locke nega, propriamente, o livre arbítrio, porquanto nós nos inclinamos 
necessariamente para um bem determinado e devemos desejar o bem maior. 
Quanto à política, Locke deriva a lei civil da lei natural, racional, moral, em 
virtude da qual todos os homens - como seres racionais - são livre iguais, têm direito 
vida e à propriedade; e, entretanto na vida política, não podem renunciar a estes 
direitos, sem renunciar à própria dignidade, à natureza humana. Locke admite um 
originário estado de natureza antes do estado civilizado. Não, porém, 
no sentido brutal e egoísta de inimizade universal; mas em um sentido moral, em 
virtude do qual cada um sente o dever racional de respeitar nos outros a mesma 
personalidade que nele se encontra. 
Também Locke admite a passagem do estado de natureza ao estado civilizado, 
porquanto, no primeiro, falta a certeza e a regularidade da defesa e da punição, que 
existe no segundo, graças à autoridade do superior. Entretanto, estipulando este 
contrato social, os indivíduos não renunciam a todos os direitos, porquanto os direitos 
que constituem a natureza humana (vida, liberdade, bens), são inalienáveis; mas 
renunciam unicamente ao direito de defesa e de fazer justiça, para conseguir que os 
direitos inalienáveis sejam melhor garantidos. Antes, se o estado violasse esses 
direitos inalienáveis, os indivíduos teriam o direito e o dever de a ele resistir e de se 
revoltar contra o poder usurpador. A doutrina política de Locke, contida no seu Tratado 
sobre o Governo Civil, é a expressão teórica do constitucionalismo liberal inglês, em 
contraste com a doutrina do absolutismo naturalista de Hobbes. 
 
46 IDEIAS PEDAGÓGICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www. pt.slideshare.net 
 
89 
 
Com respeito à religião, Locke toma uma atitude racionalista moderada. Admite 
uma religião natural, exigível também politicamente, porquanto fundamentada na 
razão. E professa a tolerância a respeito das religiões particulares, históricas, 
positivas. Locke interessou-se especialmente pelos problemas pedagógicos, 
escrevendo os Pensamentos sobre a Educação. Aí afirma a nossa passividade, pois 
nascemos todos ignorantes e recebemos tudo da experiência; mas, ao mesmo tempo, 
afirma a nossa parte ativa, enquanto o intelecto constrói a experiência, elaborando as 
ideias simples. 
Afirma-se que todos nascemos iguais, dotados de razão; mas, ao mesmo 
tempo, todos temos temperamentosdiferentes, que devem ser desenvolvidos de 
conformidade com o temperamento de cada um. Esta educação individual não exclui, 
mas implica a educação, a formação social, para ampliar, enriquecer a própria 
personalidade. Tem muita importância a obra do educador, mas é fundamental a 
colaboração do discípulo, pois trata-se da formação do intelecto, da razão, que é, 
necessariamente, autônoma. A formação educacional consiste, portanto, 
fundamentalmente, no desenvolvimento do intelecto mediante a moral, precisamente 
pelo fato de que se trata de formar seres conscientes, livres, senhores de si mesmos. 
Por conseguinte, a educação deve ser formativa, desenvolvendo o intelecto, e não 
informativa, erudita, mnemônica. Igualmente Locke é fautor de educação física, mas 
como o meio para o domínio de si mesmo. 
 
 
Questão 01 
A chamada Escola de Frankfurt marcou a Filosofia da primeira metade do século XX, 
tendo como temática chave a(o) desestruturação das ideias herdadas do materialismo 
histórico. 
 
a) Crítica da indústria cultural e do capitalismo. 
b) Reestruturação do socialismo francês do século xix. 
c) Dilema entre a ética e as políticas públicas liberais. 
d) Crítica da razão em moldes pós-estruturalistas. 
 
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 
 
90 
 
Questão 02 
Nos estudos sobre Fenomenologia, a obra de Martin Heidegger se destaca como 
referência indiscutível. Sobre este grande pensador do século XX, é CORRETO 
afirmar que: 
 
a) Se opôs ao Nazismo alemão, sendo uma das figuras emblemáticas da 
resistência ao totalitarismo e ao antissemitismo. 
b) Desenvolveu uma filosofia da existência totalmente pautada nas contribuições 
de seu mestre Husserl. 
c) Defendeu a reestruturação do conceito de subjetividade, apresentando-o como 
substituto do conceito de racionalidade. 
d) Dentre suas obras, destaca-se a publicação de Ser e Tempo. 
e) Não se interessou pelo estudo das relações entre ciência e tecnologia. 
 
Questão 03 
"O homem é condenado a ser livre". Esta frase de Jean Paul Sartre sintetiza o 
movimento filosófico, que marcou a Europa no pós-Segunda Guerra Mundial, a saber 
o (a): 
 
a) Estruturalismo. 
b) Pós-modernidade. 
c) Pós-estruturalismo. 
d) Dodecafonismo. 
e) Existencialismo. 
 
Questão 04 
O estruturalismo, surgido na França da primeira metade do século XX, exerceu uma 
forte influência em relação ao modo de pensar de vários intelectuais, nas mais 
distintas áreas com abrangências na Antropologia, na Filosofia, na História. Essa 
forma de pensar as estruturas sociais encontra respaldo, principalmente, na obra de: 
 
a) Jürgen Habermas. 
b) Marti Heidegger. 
c) Antonio Gramsci. 
 
91 
 
d) Gilles Deleuze. 
e) Claude Levi-Strauss. 
 
Questão 05 
A perspectiva neopositivista da filosofia do século XX encontra repercussão na obra 
dos autores citados abaixo, com EXCEÇÃO de: 
 
a) Ludwig Wittgenstein. 
b) Jacques Lacan. 
c) Karl Popper. 
d) Bertrand Russell. 
e) Rudolf Carnap. 
 
Questão 06 
Nascido em Viena, Áustria, em 1859, este filósofo, lógico e matemático, que faleceu 
em 1951, concentrou suas investigações filosóficas na análise da lógica da linguagem 
e nos seus diversos usos, tendo suas idéias influenciado diversas áreas do 
pensamento contemporâneo. Dentre seus trabalhos, podemos destacar o Tractatus 
Logico - Hilosophicus e a Investigação Filosáfica. Estamos nos referindo a: 
 
a) Cornelius Castoriadis. 
b) Sören Kierkegaard. 
c) Matthew Lipman. 
d) Karl Jaspers. 
e) Ludwig Wittgenstein. 
 
Questão 07 
O pensamento de Michel Foucault exerce influência atualmente em várias áreas do 
conhecimento humano e da produção científica. Foucault produziu sua obra na 
segunda metade do século XX, e sobre ela é CORRETO afirmar que: 
 
a) Sofreu forte influência do positivismo. 
b) Abordou, de forma praticamente pioneira, temas, como a loucura e a 
sexualidade. 
 
92 
 
c) Refutou ideias defendidas por Nietzsche no século XIX. 
d) Desenvolveu propostas levantadas anteriormente por Habermas. 
e) Encontrou no pragmatismo sua melhor classificação. 
 
Questão 08 
As obras de Gilles Deleuze e de Michel Foucault estão ligadas à chamada: 
 
a) Arqueogenealogia. 
b) Psicanálise. 
c) Fenomenologia. 
d) Hermenêutica. 
e) Linguística. 
 
Questão 09 - Considere as proposições abaixo acerca das caraterísticas de alguns 
filósofos contemporâneos. 
I- Simone de Beauvoir, além de ser uma das grandes teóricas do feminismo 
moderno, se destacou no existencialismo. 
II- Hannah Arendt, em sua obra, procurou articular a reflexão sobre política, 
técnica, ética, trabalho e a própria atividade intelectual da reflexão. 
III- Cornelius Castoriadis busca dar sua contribuição ao pensamento filosófico 
contemporâneo, recuperando a tradição grega em confronto com as 
principais correntes de pensamentos da atualidade, como o marxismo e a 
fenomenologia. 
Considerando-se as afirmativas acima, é CORRETO afirmar que: 
 
a) Todas as proposições são falsas. 
b) Apenas II está correta. 
c) Todas as afirmações estão corretas. 
d) Apenas III está incorreta. 
e) Só I está correta. 
 
Questão 10 
A Educação e a Sociedade andam sempre em constante compasso. O professor de 
Filosofia tem de estar atento a esta realidade. A sociedade vem mudando nos últimos 
 
93 
 
anos e desejando outro tipo de pessoa, tanto no nível de relações com o conhecimento 
quanto no de relações afetivas, éticas e político-sociais. Neste contexto, a Filosofia: 
 
a) Pode ajudar nesse sentido, pois atua no aprimoramento do pensar e oferece 
oportunidades de aprender a aprender. 
b) É completamente dispensável, já que a sociedade contemporânea prioriza o 
conhecimento tecnicista. 
c) Se torna incapaz de responder às inquietações da sociedade, por trabalhar com 
utilidades imediatas. 
d) Não encontra espaço no currículo escolar, por ser um conhecimento 
dispensável no atual projeto pedagógico. 
e) Não dialoga com as necessidades exigidas do pensar, comunicar-se, agir e 
sentir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
94 
 
47 DESCARTES E AS CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO VERDADEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.recreiobrasil.com 
 
René Descartes (1596-1650), filósofo francês, e reconhecidamente o “pai da 
filosofia moderna” é o principal representante do racionalismo, cujos fundamentos se 
encontram em suas obras Discurso sobre o método e Meditações metafísicas. Movido 
pelo espírito científico da época e apoiado na matemática, uma de suas paixões, 
Descartes encaminha suas reflexões filosóficas em direção à verdade. A percepção 
de que o homem se engana com facilidade e de que os conhecimentos provenientes 
dos sentidos são muitas vezes duvidosos, impulsiona Descartes na busca de certezas 
inabaláveis. 
Dessa maneira, ele encontra na dúvida um caminho seguro para encontrar a 
verdade: Converte a dúvida em método. Começa duvidando de tudo, das afirmações 
do senso comum, dos argumentos da autoridade, dos testemunhos dos sentidos, das 
informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do 
mundo exterior e da realidade do seu próprio corpo. 
A dúvida metódica conduz Descartes a um primeiro conjunto de verdades: “Eu 
duvido, isso é certo. Se duvido, é porque eu penso, isso também é certo. Se eu penso, 
 
95 
 
eu existo: é certo que eu existo porque eu penso”. Cogito, ergo sum, isto é, “Penso, 
logo existo”: eis a primeira certeza cartesiana, da qual é possível ter-se uma ideia clara 
e distinta. O Cogito cartesiano (“eu penso”) fundamenta a possibilidade da ciência: 
admitem-se como verdade apenas ideias claras e distintas. A evidência racional é o 
critério que deve guiar todo o ser humano na construção do conhecimento. 
 
48 LOCKE: A CONSCIÊNCIA – O EU, A PESSOA, O CIDADÃO E O SUJEITO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
 
 
John Locke (1632-1704), tambémfilósofo inglês, expõe em sua obra Ensaio 
acerca do entendimento humano, os fundamentos do empirismo. Tem como finalidade 
principal “investigar a origem, certeza e extensão do conhecimento humano”. Para 
Locke, a mente humana é uma folha de papel em branco (tabula rasa) e todas as 
ideias têm origem em duas fontes, a sensação e a reflexão. 
 
96 
 
Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em branco, 
desprovido de todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela será suprida? De 
onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem 
pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais 
da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. 
Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva 
fundamentalmente o próprio conhecimento. Empregada tanto nos objetos sensíveis 
externos como nas operações internas de nossas mentes, que são por nós mesmos 
percebidas e refletidas, nossa observação supre nossos entendimentos com todos os 
materiais do pensamento. Dessas duas fontes jorram todas as nossas ideias, ou as 
que possivelmente teremos. 
Em primeiro lugar, os sentidos percebem os objetos sensíveis e imprimem na 
mente as imagens desses objetos. Nisso consiste a sensação, uma experiência 
externa, primeira fonte das ideias para efetivar o conhecimento humano. Em segundo 
lugar, as operações da própria mente sobre as ideias que já possui constituem a 
segunda fonte de ideias, denominada reflexão, uma experiência interna, que consiste 
na percepção das operações que a própria mente realiza – a percepção, o 
pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar, o conhecer, o querer e todos os diferentes 
atos de nossas próprias mentes. 
Quanto à política, Locke deriva a lei civil da lei natural, racional, moral, em 
virtude da qual todos os homens – como seres racionais – são livres iguais, têm direito 
vida e à propriedade; e, entretanto, na vida política, não podem renunciar a estes 
direitos, sem renunciar à própria dignidade, à natureza humana. Locke admite um 
originário estado de natureza antes do estado civilizado. Não, porém, no sentido brutal 
e egoísta de inimizade universal; mas em um sentido moral, em virtude do qual cada 
um sente o dever racional de respeitar nos outros a mesma personalidade que nele 
se encontra. 
 
 
 
 
 
 
 
97 
 
49 NA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
A relação da filosofia com a educação existe desde o mundo grego. Os filósofos 
gregos, em busca da Arete humana, foram os que deram início às discussões sobre 
a filosofia da educação e seu sentido no mundo. Viam na educação um meio 
necessário para o alcance de uma cultura ideal e de uma alma purificada, capaz de 
elevar o homem ao conhecimento inteligível, apostando na busca de um ideal artístico 
de cultura. A busca pela educação ideal é representada por Platão na metáfora da 
“alegoria da caverna”, no momento em que um dos homens presos no fundo de uma 
caverna consegue se libertar do conhecimento da roxa, enxergando a luz da 
verdadeira realidade. “O caminho da Filosofia, para Platão, era o de conhecer a 
realidade por conceitos, até perceber que a própria realidade é ela mesma, o mundo 
das ideias, dos conceitos puros, ou mais exatamente, das formas puras” (Ghiraldelli, 
2001, p.32-33). 
 
 
 
98 
 
Na visão platônica, a filosofia deveria transcender a contingência histórica, 
contribuindo para o processo de esclarecimento da verdadeira sabedoria, na 
superação das falsas crenças, lançando a ideia de uma educação para a virtude, uma 
educação perfeita, com a qual o homem se torna culto e erudito. A epistemologia, 
enquanto teoria do conhecimento, é o campo da filosofia que se debruça sobre uma 
série de questões representadas pelo seguinte esquema: 
 Assim, a nossa “missão” nesta aula é acompanhar as diferentes respostas 
dadas pelos filósofos a esses questionamentos e, se possível, criamos, nós mesmos, 
novas e intrigantes perguntas. Mas, antes, precisamos refletir sobre algumas questões 
preliminares. Objetivos de aprendizagem: 
 
 Relacionar os diversos tipos de conhecimento; 
 Identificar e compreender as condições de possibilidade do conhecimento; 
 Diferenciar e articular os principais argumentos das epistemologias abordadas. 
 
E, nessa expectativa, a educação acabou tornando-se objeto de estudos e 
reflexão da filosofia desde os tempos gregos. Pode-se dizer que a filosofia da 
educação surgiu do forte vínculo entre a filosofia e a pedagogia estabelecido no 
decorrer dos anos, pois a filosofia, preocupada com as formas do conhecimento 
perfeito, orientou o homem segundo a razão, inferindo um pensamento pedagógico 
que busca a perfeição. Assim, percebe-se a disciplina sendo marcada pela história do 
pensamento filosófico, com fundamentos e objetivos voltados aos entendimentos da 
tradição. 
Na questão da educação, Locke afirma-se que todos nascemos iguais, dotados 
de razão; mas, ao mesmo tempo, todos temos temperamentos diferentes, que devem 
ser desenvolvidos de conformidade com o temperamento de cada um. Esta educação 
individual não exclui, mas implica a educação, a formação social, para ampliar, 
enriquecer a própria personalidade. Tem muita importância à obra do educador, mas 
fundamental a colaboração do discípulo, pois se trata da formação do intelecto, da 
razão, que é, necessariamente, autônoma. A formação educacional consiste, 
portanto, fundamentalmente, no desenvolvimento do intelecto mediante a moral, 
precisamente pelo fato de que se trata de formar seres conscientes, livres, senhores 
 
99 
 
de si mesmos. Por conseguinte, a educação deve ser formativa, desenvolvendo o 
intelecto, e não informativa. 
 
50 O MÉTODO CIENTÍFICO E AS CIÊNCIAS HUMANAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
 
O filósofo Francis Bacon, no início do século XVII, criou uma expressão ao 
referir-se ao objeto do conhecimento científico: “A Natureza atormentada”, ou seja, 
fazer a natureza reagir a condições artificiais criadas pelo homem, que poderia 
controlar e dominar a natureza. Dessa forma, o homem não se contenta 
somente em conhecer as coisas, mas transformá-las, de modo artificial, a construção 
do mundo físico, biológico e humano (psíquico, social, político e histórico). Assim, por 
exemplo, a organização do processo de trabalho nas indústrias é considerada 
científica, pois se baseia nos conceitos de psicologia, sociologia, economia etc., que 
permite dominar e controlar o trabalho humano (controle mente e corpo, segundo 
Foucault). 
 
100 
 
A lógica, a serviço da razão e a medida em que esta se torna instrumental, a 
ciência torna-se um instrumento de dominação, mas que não seja percebida como tal, 
cria suas ideologias através da escola e dos meios de comunicação de massa. A 
ciência humana considera o próprio homem como seu objeto. Esta ideia do homem 
como objeto de estudo científico surgiu no século XIX, bastante recente, e procura 
empregar meios racionais para definir os acontecimentos históricos, a razão do 
homem nesse aspecto e suas relações com o meio, as transformações das 
sociedades e das estruturas sociais. 
 
51 O PENSAMENTO GREGO: PLATÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
 
O pensamento político de Platão é decorrente da sua forma de explicar a 
realidade através da Teoria das Ideias. Vamos, então, explicar a Teoria das Ideias. 
Platão afirma que existem dois mundos: um mundo sensível e um mundo inteligível. 
O mundo sensível é marcado pelas aparências porque é apenas cópia e sombra do 
mundo das Ideias. O mundo das Ideias é o lugar das essências imutáveis de todas as 
 
101 
 
coisas, dos verdadeiros modelos e arquétipos. O mundo das Ideias é o único mundo 
verdadeiro. 
As ideias, tambémchamadas de protótipos ou formas, são modelos únicos e 
perfeitos de todas as coisas existentes. As ideias não têm matéria e são inacessíveis 
aos sentidos. Somente a alma tem acesso ao conhecimento das ideias. As Ideias são 
eternas, perfeitas e imutáveis. Há uma Ideia para cada série de homens, mulheres, 
animais e demais seres existentes. Estas ideias obedecem uma hierarquia e em seu 
ponto mais alto está a Ideia do BEM, a mais perfeita e mais geral de todas. Todos os 
seres existem à medida em que participam do BEM, considerado a Beleza Suprema, 
isto é, o Deus de Platão. Todos os seres são criados pelo Demiurgo (um ser divino 
artesão), que contempla as Ideias e, usando uma matéria-prima, vai moldando tudo o 
que existe. A matéria resiste a essa fabricação e surge a diversidade dos seres da 
mesma espécie. Platão tem uma concepção dualista do ser humano. Nós somos 
formados pelo corpo e pela alma. 
O corpo está ligado ao mundo sensível e a alma está ligada ao mundo das 
Ideias. Os dois estão juntos, mas a convivência é marcada pela violência. A alma vivia 
no mundo das Ideias de forma livre e independente. Ao se encarnar, a alma imortal 
deve viver aprisionada num corpo corruptível e mortal, que resiste à sua orientação. 
O corpo é fonte dos baixos instintos e das paixões e precisa ser conduzido pela alma. 
A alma precisa se libertar dos desejos e paixões físicas para voltar purificada ao 
mundo das Ideias, onde ficará de acordo com a sua evolução, aguardando o momento 
de voltar ao mundo sensível ou ficar definitivamente no Mundo das Ideias (Platão 
acreditava na reencarnação). A alma racional ou intelectiva, que corresponde à razão, 
reside na cabeça. A alma irascível reside no peito e corresponde às emoções e à 
agressividade. 
A alma concupiscível está localizada no ventre e fica voltada para os prazeres 
do mundo sensível. A alma racional tem a tarefa de manter a harmonia entre elas. O 
conhecimento verdadeiro ocorre através da alma racional. A alma teve uma vida 
anterior no mundo das Ideias e contemplou os objetos únicos e perfeitos. Vivendo no 
mundo sensível, a alma vai se recordando das Ideias que havia contemplado na vida 
anterior no mundo das Ideias. As almas precisam recordar o conhecimento porque ao 
voltarem para o mundo material, elas bebem a água do rio do esquecimento, ainda no 
mundo das Ideias. 
 
102 
 
Vocês notaram, assim, que para Platão, a alma é superior ao corpo, que é 
considerado a prisão da alma. É necessário que a alma se liberte do corpo para que 
possa retornar ao Mundo das Ideias, onde tudo é perfeito. A partir desse pensamento, 
Platão considera que as atividades intelectuais são mais importantes do que as 
atividades manuais. Em função dessa teoria e devido a sua frustração em relação à 
democracia ateniense (é importante lembrar que foram os políticos atenienses que 
condenaram Sócrates à morte), Platão propôs a constituição de um governo e de uma 
sociedade totalmente diferentes - a República - para superar a democracia decadente 
e autoritária de Atenas. 
A República, idealizada por Platão, seria governada por pessoas inspiradas 
pelo bem comum. A República de Platão deveria ser dividida em três grupos sociais, 
semelhança das almas dos indivíduos: os filósofos, grupo dirigente que corresponde 
alma racional, os guardiães ou soldados, encarregados da defesa da cidade, 
equivalem à alma irascível, os produtores (agricultores e artesãos) são comparados à 
alma concupiscível. Os dirigentes receberiam uma longa, complexa e exigente 
educação, que teria por base a ginástica, a música, a poesia e a história, passando 
pela matemática e culminando na filosofia, a ciência do Bem. Só tendo contemplado 
o Bem, alguém seria capaz de participar do governo da cidade, voltando-se para o 
interesse geral. A classe dos produtores receberia uma educação elementar até os 
vinte anos e depois as pessoas assumiriam as suas funções de trabalho manual. A 
classe dos guardiões receberia uma educação até os trinta anos para o melhor 
desempenho da defesa da cidade. A classe dirigente continuaria seus estudos. Aos 
cinquenta anos, os membros da classe dirigente que passassem por todos os testes 
e provações seriam admitidos no corpo supremo dos magistrados. 
Vejam, de forma esquemática, como seria a estrutura social da República defendida 
por Platão. 
 
República 
o Classe Dirigente - Filósofos - Alma Racional - Governo da Cidade 
o Classe dos Guardiães - Soldados - Alma Irascível - Defesa da Cidade 
o Classe dos Produtores - Agricultores e Artesãos - Alma Concupiscível - 
Manutenção da Cidade 
 
 
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52 ARISTÓTELES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.netmundi.org 
 
 
Aristóteles afirmava que o ser humano é, por natureza, um animal social e 
político. Portanto, o fato do homem viver em sociedade é uma consequência natural 
da sua própria essência. O ser humano, por ser social e político, deve viver na pólis, 
ou seja na cidade. Aristóteles defendia que o dever do Estado era garantir o bem-estar 
do cidadão. No entanto, Aristóteles tem uma visão elitista da política. Para ele, só 
poderia exercer um cargo político quem tivesse tempo livre para atuar nas 
assembleias. Ora, trabalhadores e escravos estariam eliminados de participar dos 
destinos da pólis, ou seja, de serem cidadãos participativos da política, porque 
deveriam estar continuamente trabalhando. Somente os proprietários (elite) teriam 
condições efetivas de trabalharem como políticos. 
 
 
 
 
 
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53 O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
 
Maquiavel (1469-1527) realiza uma revolução no modo de pensar a política. O 
seu pensamento difere dos gregos que tratavam a política numa linha normativa, isto 
é, a idealização de um governante para administrar os assuntos da polis, e do 
pensamento medieval que abordava a política em uma perspectiva religiosa. 
Maquiavel trabalha a política com uma postura autônoma, isto é, não busca mais 
idealizar um governante ou explicar os acontecimentos políticos sob a ótica da religião. 
Pelo contrário, Maquiavel desenvolve um pensamento realista, por isso é considerado 
o fundador da ciência política. 
Por isso, sua preocupação é analisar como os homens agem de fato para 
conquistarem e se manterem no poder, a fim de proporcionar a melhor prática da ação 
política. Maquiavel garante a autonomia da ciência política, afastando-a do controle 
da religião, fazendo da reflexão política uma atividade secularizada, ou seja, centrada 
nas questões concretas do cotidiano independente da autoridade religiosa. Para 
Maquiavel, o governante virtuoso é aquele que age certo na hora certa, ou seja, sabe 
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105 
 
aproveitar os momentos certos para agir, a fim de conquistar e manter o poder. Todos 
os valores éticos são vistos sob a ótica das consequências do ato político. Em 
determinados momentos, por exemplo, o governante precisará agir com força, caso 
seja necessária para conter uma revolta que esteja ameaçando o controle da situação 
de quem está no poder. Podemos ver em Maquiavel um pensador que tem uma visão 
pragmática da ação política, ou seja, sua preocupação é mostrar como e porque 
pessoas conseguiram se manter ou não no poder. Sua contribuição está exatamente 
no fato de estabelecer a autonomia da ciência política. 
 
54 OS SOFISTAS 
Os mitos gregos eram recolhidos pela tradição e transmitidos oralmente pelos 
medos e lapsodos, cantores ambulantes que davam forma poética a esses relatos e 
os recitavam de cor em praça pública. A grande aventura intelectual não começa 
propriamente na Grécia Continental, mas nas colônias gregas: na Jônia e na Magna, 
foi lá que se originou o pensar filosófico. Neste trabalho mostraremos quem eram os 
sofistas, o pensamento político de Platão (suas obras e legadopara a Filosofia), 
mostraremos também que foi Aristóteles e suas formas de governo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
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Um tanto difícil discorrer sobre tudo, mas tentaremos expor através de 
pesquisas (em livros didáticos e também livros de autoria de Platão e Aristóteles) o 
pensamento político grego e sua política normativa. Os sofistas sempre foram mal 
interpretados devido às críticas que deles faziam Sócrates e Platão. A história da 
filosofia nos dá nem faz referência a eles. 
A palavra sofista, etimologicamente, vem de sophos, que significa “sábio”, ou 
melhor, “professor de sabedoria”. Mas no sentido pejorativo, significa “homem que 
emprega sofismas”, ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, de má fé, com 
intenção de enganar. 
Bem verdade que este momento não se dirige ao povo em geral, mas a uma 
elite, àqueles bons oradores que poderiam, nas assembleias públicas, fazer uso da 
palavra livre e pronunciar discursos convincentes e oportunos. A retórica será o 
instrumento desse processo e os sofistas, os mestres, da nova arte política. 
 
55 TEORIA DOS DOIS MUNDOS DEFENDIDA POR PLATÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
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O centro de suas teorias era a de ideias e formas. Platão defendia que nós 
seres humanos participamos de dois mundos diferentes. O primeiro é o mundo físico 
no qual experimentamos através de nossos sentidos corporais e através desses 
sentidos temos contato com o mundo inferior. 
O outro mundo no qual Platão chama de mundo superior ou mundo das formas 
composto de essência imaterial e eterna que para ele é o mundo ideal no qual 
aprendemos com nossas mentes. Ele defendia que o que encontramos no mundo 
físico são cópias ou exemplos imperfeitos de absolutos imutáveis como bondade, 
justiça, beleza e verdade. E também acreditava que essas formas do mundo ideal 
existiriam independente de alguém pensar nelas e que são universais, ou seja, podem 
estar em várias coisas ao mesmo tempo. 
Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida 
reprodução do mundo das Ideias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com 
todos os outros objetos de sua categoria de uma Ideia perfeita. 
Uma determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, 
formato, tamanho etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma 
caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para 
Platão, a Ideia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. 
A ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Ideia desse 
objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser 
humano, o bem ou a justiça, por exemplo. 
Os mais famosos sofistas foram: Protágoras, Górgias, Híppias, Trasímaco, 
Pródico, Hipódamos, etc. vindos de todas as partes do mundo grego desenvolvem um 
ensino itinerante pelos locais em que passam, mas não se fixam em lugar nenhum. 
Para escândalo dos seus contemporâneos costumam cobrar pelas aulas. Por esse 
motivo, Sócrates os acusava de prostituição. 
 Outra obra importante foi a sistematização do ensino. Formam um currículo de 
estudos: gramática - da qual foram os iniciadores - retórica e dialética. Com o 
brilhantismo da participação no debate público, deslumbram os jovens do seu tempo. 
Desenvolvem um espírito crítico e a facilidade de expressão, mas são com frequência 
acusados de superficialidade e logo maquia, ou seja, de pronunciar um discurso vazio, 
um palavreado oco. Não deixaram obra escrita, apenas citações de outros filósofos, e 
como já vimos sempre tendenciosas. 
 
108 
 
56 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR: UMA CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA 
DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.pt.slideshare.net 
 
 
Vive-se um momento de profundas transformações. Não se sabe ao certo para 
onde se caminha e nem qual o caminho a trilhar. A sociedade atual encontra-se em 
profunda crise, na qual somos remetidos a repensar nossos valores e atitudes. Nesse 
contexto incerto, o papel do profissional da educação precisa ser repensado. É 
necessário que o professor se posicione não mais neutro, ele pode ascender à 
sociedade usando a educação como instrumento de luta, levando a população a uma 
consciência crítica que supere o senso comum. 
Nessa perspectiva, entende-se que o povo de posse desse saber mais 
elaborado poderá vir a ter condições de se proteger contra a exploração das classes 
dominantes se organizando para a construção de uma sociedade melhor, menos 
excludente, e realmente democrática. Não se pode esperar que tal organização brote 
espontaneamente, mas sim por meio da educação que pode caminhar lado a lado 
com a prática política do povo. 
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Educadores e educadoras precisam engajar-se social e politicamente, 
percebendo as possibilidades da ação social e cultural na luta pela transformação das 
estruturas opressivas da sociedade classista. Para isso, antes de tudo necessitam 
conhecer a sociedade em que atuam, e o nível social, econômico e cultural de seus 
alunos e alunas. Educadores e educadoras não podem se colocar na posição de ser 
superiores, que ensinam um grupo de ignorantes, mas sim na posição humilde 
daqueles que comunicam um saber relativo a outros que possuem outro saber relativo. 
Como educadores engajados em um processo de transformação social, 
necessita-se que esses profissionais acreditem na educação, e, mesmo não tendo 
uma visão ingênua, acreditando que essa sozinha possa transformar a sociedade em 
que está inserida, e acreditem que sem ela nenhuma transformação profunda se 
realizará. É preciso confiar nessas mudanças e esperar o inesperado. 
Observamos nesse curso que toda teoria pedagógica tem seus fundamentos 
baseados num sistema filosófico. É a filosofia que, expressando uma concepção de 
homem e de mundo, dá sentido à Pedagogia, definindo seus objetivos e determinando 
os métodos da ação educativa. Nesse sentido, não existe educação neutra. Ao 
trabalhar na área de educação, é sempre necessário tomar partido, assumir posições. 
E toda escolha de uma concepção de educação é, fundamentalmente, o reflexo da 
escolha de uma filosofia de vida. Ao pensar filosoficamente, o educador foge da 
simplicidade, da ingenuidade e das explicações mágicas ao interpretar os problemas 
do cotidiano, buscando aprofundar sua análise, não se satisfazendo com as 
aparências, buscando a causalidade dos fatos de forma inquieta e intensa. 
A educação é considerada o único instrumento apropriado para a construção 
de uma sociedade laica e justa, gerenciada por um aparelho estatal que se inaugura 
a partir de um projeto político iluministicamente concebido e juridicamente 
implementado. Nessa perspectiva, cabe à filosofia da educação empenhar-se na 
construção de uma imagem de homem como sujeito da educação, 
buscando uma visão integradora que leve em consideração a historicidade desse ser. 
 
 
 
 
 
 
 
110 
 
57 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 3.ed. São Paulo: Moderna, 
2006. 
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2002. 
GHIRALDELLI Jr., Paulo (Org.). Estilos em filosofia da educação. Rio de Janeiro: 
DP&A, 2000. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
COELHO, Wilson Ferreira. Psicologia da Educação. 1ª Ed. Pearson. São Paulo, 
2015. 
GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2004. 
GALLO, Silvio. Ética e cidadania: caminhos da filosofia. 6. ed. São Paulo: Papirus, 
2000. 
GHIRALDELLI Jr., Paulo (Org.). O que é filosofia da educação. 2. ed. Rio de Janeiro: 
DP&A, 2000. 
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2.ed. São 
Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2000.