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CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA – CCT LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS QUÍMICAS – LCQUI LICENCIATURA EM QUÍMICA MARCOS VINICIUS OLIVEIRA DA SILVA EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA A PARTIR DO CHÁ VERDE LABORATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA I PROFESSOR: RODRIGO RODRIGUES OLIVEIRA Campos dos Goytacazes – Rio de Janeiro 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2 2. OBJETIVOS 3 3. PARTE EXPERIMENTAL 3 3.1. MATERIAIS E REAGENTES 3 3.2. PROCEDIMENTO 4 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5 5. CONCLUSÕES 7 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7 TÍTULO: Extração da cafeína à partir do chá verde. AUTOR: Marcos Vinicius Oliveira da Silva 1. INTRODUÇÃO A cafeína é um alcalóide, um composto contendo nitrogênio com característica básica, pertencente à uma classe de compostos naturais chamada xantina. Denominada 1,3,7 - trimetilxantina, no organismo possui efeito estimulante, diurético e pode causar dependência. Seu ponto de fusão é de 236°C e sublima à 178° C1. Figura 1: Molécula de cafeína. Sublimação é uma técnica de purificação de substâncias sólidas que têm pressão de vapor relativamente alta abaixo de seu ponto de fusão, assim a substância é vaporizada por aquecimento diretamente da fase sólida1. A seguir, o vapor é condensado em contato com uma superfície fria, sem passar pela fase líquida. Observando um diagrama de fases relacionado com a temperatura e pressão como mostrado abaixo, verifica-se que a temperatura e pressão inferiores ao ponto triplo não existe o estado líquido2. Figura 2: diagrama de fases de pressão por temperatura. A pressão de vapor de um sólido a qualquer temperatura abaixo do ponto de fusão é dada pela curva de sublimação, que representa o equilíbrio entre as fases sólido e vapor. Poucas substâncias possuem a pressão de vapor elevada para ser possível a sublimação à pressão atmosférica. Assim, essa é uma técnica pouco usada em laboratório. Geralmente essas substâncias possuem características apolares, aproximadamente simétricas. Por isso, as forças intermoleculares são mais fracas, e a pressão de vapor mais elevada. A redução da pressão do sistema acelera a evaporação do sólido, deixando impurezas no recipiente, enquanto a substância de interesse solidifica em um anteparo, como um papel de filtro em contato com uma superfície fria. A cromatografia é hoje o método mais importante de separação de substâncias. Seu princípio de funcionamento baseia-se na diferença de afinidade por polaridade e nas diferenças de solubilidade2. A mistura é depositada sobre uma camada de papel, ou uma placa de sílica sobre alumínio por exemplo, chamada fase estacionária. Os componentes da mistura são adsorvidos pela fase estacionária em diferentes graus, dependendo da natureza da substância, do adsorvente e temperatura. Um solvente é então passado pela fase estacionária, sendo chamado fase móvel, por efeito da gravidade, capilaridade ou pressão. Assim, os componentes da mistura são solubilizados e arrastados (carreados) pela fase móvel através da fase estacionária, sendo adsorvidos nessa de forma variada, sofrendo separação. Algumas substâncias necessitam de algum método de revelação para serem vistos na placa de cromatografia, como revelação por luz ultravioleta (UV). Moléculas com duplas ligações conjugadas como a cafeína, absorvem a radiação UV e alguns elétrons saltam para camadas mais energéticas ao se excitarem. Posteriormente, ao retornarem para a camada de origem, liberam essa mesma quantidade de energia recebida na forma de onda eletromagnética, com um comprimento de onda podendo estar dentro do espectro visível. 2. OBJETIVOS Realizar a extração da cafeína em amostra de chá verde comercial, seguida da recristalização e sublimação. Avaliar o rendimento da sublimação. Realizar a separação por cromatografia em camada delgada. 3. PARTE EXPERIMENTAL 3.1. MATERIAIS E REAGENTES ● 1 béquer de 250 mL; ● 1 proveta de 10 mL; ● 1 erlenmeyer de 250 mL; ● papel de filtro; ● 1 bastão de vidro; ● 1 espátula metálica; ● 1 vidro de relógio; ● 1 placa de petri; ● 1 placa de cromatografia de sílica e alumínio; ● capilar; ● 1 funil analítico de haste curta; ● 1 suporte universal; ● 1 argola com mufa; ● capela de exaustão de 220 V ; ● 1 placa de aquecimento de 127 V; ● 1 balança analítica de 127 V; ● 1 pissete de 500 mL; ● Água deionizada (H2O); ● Amostra comercial de chá verde; ● Cloreto de sódio P.A. (NaCl); ● Cafeína P.A. (C8H10N4O2); ● Sulfato de magnésio P.A. (MgSO4); ● Carbonato de cálcio P.A. (CaCO3); ● Clorofórmio P.A. (CHCl3); ● Metanol P.A. (CH3OH); 3.2. PROCEDIMENTO 3.2.1. Extração da cafeína Foi pesado aproximadamente 10 g de chá verde em um erlenmeyer de 500 mL. Foi adicionado 5 g de CaCO3 e 180 mL de água destilada. A mistura foi aquecida sob agitação por aproximadamente 20 minutos. O conteúdo foi filtrado ainda à quente. A seguir, o filtrado foi deixado esfriar. Após resfriar, adicionou-se cerca de 5 g de NaCl e foi feita a extração da solução com três porções de 25 mL de CHCl3. As frações aquosa e orgânica foram separadas. À fração orgânica foi adicionado cerca de 4 g de MgSO4, o frasco foi coberto por 10 minutos, sendo agitado ocasionalmente. A fase aquosa remanescente foi extraída novamente com 25 mL de CHCl3, adicionada à fração anterior com mais 4 g de MgSO4, tampada e agitada ocasionalmente. O conteúdo foi filtrado em algodão. O CHCl3 foi deixado evaporar ao ambiente, tendo o produto sido pesado e calculado o rendimento. A cafeína obtida foi reservada para a sublimação. 3.2.2. Sublimação A cafeína obtida anteriormente foi colocada em uma placa de petri e coberta com três papéis de filtro e colocada para aquecer sobre uma placa de aquecimento. Os papéis foram cobertos com um béquer contendo água fria. Foi deixado sublimando por 5 minutos e então desligado o aquecimento. Após esfriar, a massa de cafeína sublimada foi pesada e determinado o rendimento. 3.2.3. Cromatografia em camada delgada Uma ponta de espátula da cafeína obtida foi colocada em um béquer e dissolvida em diclorometano. O mesmo procedimento foi feito para a cafeína padrão. Em uma placa de cromatografia de sílica e alumínio de 5x3 cm foi aplicado com um capilar pequena quantidade de cafeína padrão e purificada. A placa de cromatografia foi posta em cubeta cromatográfica contendo 5 mL de diclorometano e 2 gotas de de metanol. Após a eluição, foi visualizado em luz ultravioleta. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Massa chá verde (g) Massa fundo de placa (g) Massa placa + cafeína (g) Massa papel de filtro (g) Massa cafeína extraída (g) Massacafeína sublimada + papel de filtro (g) Massa cafeína sublimada (g) 10,113 81,841 81,882 3,423 0,041 3,426 0,003 Assim, o percentual de cafeína no chá é (0,041/10,113).100% = 0,41% em massa. O rendimento da sublimação é (0,003/0,041).100% = 7,3%. Na cromatografia em camada delgada, não foi possível visualizar as marcações das amostras nem a separação das substâncias na placa cromatográfica após revelação na luz ultravioleta, possivelmente porque houve certa demora entre as etapas, podendo ter havido evaporação das amostras. QUESTÕES a) Diga porque se utilizou CaCO3 na extração da cafeína. Explique por que CaCO3 é uma base. Pois outros compostos solúveis em água, como os taninos, estão na solução, sendo indesejáveis na extração. Eles possuem uma polaridade média, sendo necessário convertê-los em compostos mais polares para que não se dissolvam em solvente apolar, como o diclorometano, e sejam separados da cafeína. O carbonato fornece um meio básico que favorece a hidrólise básica do grupo éster destes compostos, gerando compostos insolúveis no diclorometano, que serão separados da cafeína. Carbonato de cálcio é uma base pois em solução aquosa ocorre a seguinte hidrólise salina: CaCO3 + H2O → CO2 + Ca(OH)2, que gera uma base forte. b) Poderíamos utilizar metanol no lugar de CH2Cl2 na extração líquido/líquido? Não, o metanol é muito polar, solubilizaria compostos indesejados como taninos descritos no item a. c) Faça uma tabela com as propriedades físicas (massa molecular, ponto de ebulição, ponto de fusão, densidade, solubilidade, flamabilidade (para solventes somente) e toxicidade/perigo) da cafeína, CH2Cl2, CaCO3, acetona e éter de petróleo. Massa molecular (g/mol) Ponto de ebulição (ºC) Ponto de fusão (ºC) Densidade (g/cm3) Solubilidade em água (g/L à 20ºC) Flamabilidade CH2Cl2 84,9 39,6 -96,7 1,33 13 19%(superior) 12% (inferior) CaCO3 100,1 Se decompõe 825 2,73 14.10-3 Acetona 58,1 56 -95 0,79 miscível 12,8% superior 2,6% inferior Éter de petróleo composição variada 60 -70 0,63 insolúvel inflamável d) Clorofórmio e benzeno foram utilizados no passado como solventes para extração líquido/líquido. Atualmente esses solventes estão sendo trocados por diclorometano e tolueno. Explique porque. Pois clorofórmio e benzeno são carcinogênicos. 5. CONCLUSÕES A sublimação constitui um bom método de purificação de amostras sólidas, sendo limitada por alguns fatores, como o fato de poucas substâncias possuírem a pressão de vapor elevada para ser possível a sublimação à pressão atmosférica. Assim, não é uma técnica tão utilizada quanto a recristalização. Apresentou baixo rendimento na prática, 7,3%. A cromatografia em camada delgada pode ser utilizada entre outras coisas, para avaliar a purificação se uma substância por comparação com um padrão. Porém, não foi possível observar as marcações nem o carreamento das substâncias nessa prática, devido possivelmente à demora entre a marcação e a revelação no UV, tendo ocorrido a evaporação das amostras. 6. FERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SOARES, B. G. Química Orgânica: teoria e técnicas de preparação, purificação e identificação de compostos orgânicos. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988. 2. SKOOG, Douglas. et al. Fundamentos de química analitica. São Paulo: Cengage Learning, 2a edição, 2014. 3. BARBOSA, L. C. A. Introdução à química orgânica. São Paulo: Prentice Hall, 2004.