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Ferri Oncologia e Hematologia Recomendações Atualizadas de Diagnóstico e Tratamento Fred F. Ferri, M.D., F.A.C.P. Clinical Professor The Warren Alpert Medical School Brown University Providence, Rhode Island Sumário Capa Folha de rosto Copyright Editores de Seção Colaboradores Revisão Científica e Tradução Dedicatória Prefácio Seção I: Doenças e Distúrbios A: Adenocarcinoma de Células Renais Informações básicas Diagnóstico Tratamento A: Adenoma da Hipófise Informações básicas Diagnóstico Tratamento A: Anemia Falciforme Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações A: Anemia, Aplásica Informações básicas Diagnóstico Tratamento A: Anemia, Deficiência de Ferro Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações A: Anemia, Hemolítica Autoimune Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações A: Anemia, Inflamatória Informações básicas Diagnóstico Tratamento A: Anemia, Perniciosa Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações A: Astrocitoma Informações básicas Diagnóstico Tratamento C: Câncer Colorretal Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Câncer da Bexiga Urinária Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Câncer de Colo do Útero Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Câncer de Estômago Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Câncer de Mama Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Câncer de Pâncreas (Exócrino) Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Câncer de Próstata Informações básicas Diagnóstico Tratamento C: Câncer de Sítio Primário Desconhecido Informações básicas Diagnóstico Tratamento C: Câncer de Testículo Informações básicas Diagnóstico Tratamento C: Câncer do Endométrio Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Câncer do Ovário Informações básicas Diagnóstico Tratamento C: Carcinoma Basocelular Informações básicas Diagnóstico Tratamento C: Carcinoma da Tireoide Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Carcinoma de Células Escamosas Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Carcinoma de Células Escamosas de Cabeça e Pescoço Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Carcinoma Hepatocelular Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Coagulação Intravascular Disseminada Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações C: Colangiocarcinoma Informações básicas Diagnóstico Tratamento C: Crioglobulinemia Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações D: Doença de Paget da Mama Informações básicas Diagnóstico Tratamento D: Doença de Von Willebrand Informações básicas Diagnóstico Tratamento E: Estado de Hipercoagulabilidade Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações F: Feocromocitoma Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações G: Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações H: Hemofilia Informações básicas Diagnóstico Tratamento H: Hemoptise Informações básicas Diagnóstico Tratamento H: Hiperesplenismo Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações I: Incompatibilidade de Rh Informações básicas Diagnóstico Tratamento I: Intoxicação por Chumbo Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações L: Leucemia Linfoblástica Aguda Informações básicas Diagnóstico Tratamento L: Leucemia Linfocítica Crônica Informações básicas Diagnóstico Tratamento L: Leucemia Mieloide Aguda Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações L: Leucemia Mieloide Crônica Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações L: Linfoma de Hodgkin Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações L: Linfoma não Hodgkin Informações básicas Diagnóstico Tratamento M: Macroglobulinemia de Waldenström Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações M: Melanoma Informações básicas Diagnóstico Tratamento M: Meningioma Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações M: Menorragia Informações básicas Diagnóstico Tratamento M: Mesotelioma, Maligno Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações M: Metástases cerebrais Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações M: Mieloma Múltiplo Informações básicas Diagnóstico Tratamento N: Náusea e Vômito Induzidos por Quimioterapia Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações N: Neoplasia Cerebral Benigna Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações N: Neoplasia Cerebral, Glioblastoma Informações básicas Diagnóstico Tratamento N: Neoplasia do Ovário, Benigna Informações básicas Diagnóstico Tratamento N: Neoplasias das Glândulas Salivares Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações N: Neoplasias Pulmonares Primárias Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações P: Policitemia vera Informações básicas Diagnóstico Tratamento P: Prolactinoma Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações P: Púrpura de Henoch‑Schönlein Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações P: Púrpura Trombocitopênica Imune Informações básicas Diagnóstico Tratamento P: Púrpura Trombocitopênica Trombótica Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações R: Reação Transfusional, Hemolítica Informações básicas Etiologia Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações S: Sarcoma de Kaposi Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações S: Síndrome da Lise Tumoral Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações S: Síndrome da Veia Cava Superior Informações básicas Diagnóstico Tratamento S: Síndrome de Meigs Informações básicas Diagnóstico Tratamento S: Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídico Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações S: Síndrome Hemolítico‑Urêmica Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações S: Síndrome Hereditária de Câncer da Mama e do Ovário Informações básicas Diagnóstico Tratamento/redução de risco S: Síndrome Mielodisplásica Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações S: Síndrome Pós‑Trombótica Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações T: Talassemias Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações T: Trombocitopenia Induzida por Heparina Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações T: Trombocitose Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações T: Trombose Venosa Profunda Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações T: Trombose Venosa Profunda da Extremidade Superior Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações T: Tumor Ósseo, Maligno, Primário Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações T: Tumores Esofágicos Informações básicas Diagnóstico Tratamento Dicas e considerações T: Tumores Malignos da Vagina Informações básicas Diagnóstico Tratamento T: Tumores Malignos do Útero Informações básicas Diagnóstico Tratamento Seção II: Diagnóstico Diferencial Anemia, aplásica Anemia aplásica adquirida Anemia aplásica hereditária Anemia, aplásica devido a fármacos e substâncias químicas Anemia, hipocrômica Estoques de ferro corporal diminuídos Estoques de ferro corporal normais ou aumentados Câncer de pulmão, causas ocupacionais Causas ocupacionais de câncer de pulmão Deficiência de cobalamina Classificação etiofisiopatológicada deficiência de cobalamina Deficiência de folato Classificação etiofisiopatológica da deficiência de folato Derrames pleurais, associados a condições malignas Exsudativo Transudativo Elevação dos marcadores tumorais Causas de níveis elevados dos marcadores tumorais Eritrocitose Causas da eritrocitose Esplenomegalia e hepatomegalia Causas de esplenomegalia e hepatosplenomegalia Esplenomegalia, infantil Distúrbios sanguíneos Infecções: agudas e crônicas Distúrbios do sistema hepático/porta Doença autoimune Neoplasias/cistos Doenças de armazenamento/erros inatos do metabolismo Distúrbios diversos Estado de hipercoagulabildade, desordens associadas Doenças malignas Febre, causas não infecciosas Diagnóstico diferencial – causas não infecciosas de febre Hemólise mecânica Hipercalcemia Hipercalcemia induzida por doença maligna Hiperesplenismo, distúrbios associados Infiltrados pulmonares, hospedeiro imunocomprometido Causas de infiltrados pulmonares em hospedeiro imunocomprometido Lesões hepáticas, benignas, frequentemente confundidas com doença maligna Linfocitose atípica Linfocitose atípica, heterofílica negativa, causas infecciosas Causas infecciosas mais comuns da linfocitose atípica heterofílica negativa Macrotrombocitopenia, hereditária Massas inguinais Monocitose Mononucleose, monospot negativo Diagnóstico diferencial de mononucleose monospot negativo Neoplasia conjuntival Maligna Benigna Neoplasia da pálpebra Maligna Benigna Neoplasia intraocular Maligna Benigna Neutrofilia Classificação da neutrofilia Neutropenia com diminuição da reserva medular Primária Secundária Neutropenia induzida por fármacos Fármacos comumente associados à neutropenia Pancitopenia Pancitopenia com medula óssea hipocelular Panciotopenia com medula óssea celular Medula óssea hipocelular ± citopenia Pigmentúria Hemoglobinúria Hematúria Porfiria aguda intermitente Policitemia Policitemia, relativa versus absoluta Policitemia relativa ou espúria Policitemia absoluta Púrpura não palpável Aumento do gradiente de pressão transmural Integridade mecânica diminuída da microcirculação e dos tecidos de suporte Trauma dos vasos sanguíneos Causa desconhecida – púrpura psicogênica Púrpura, distúrbios não purpúricos simulando púrpura Púrpura, palpável Quilotórax Síndromes de insuficiência da medula óssea, herdadas Citopenias de duas ou três linhagens Citopenias de uma linhagem Síndromes neurológicas paraneoplásicas Sobrecarga de ferro Sobrecarga de ferro hereditária Sobrecarga de ferro adquirida Sobrecarga de ferro perinatal Sequestro focal de ferro Trombocitopenia Destruição aumentada Produção diminuída Sequestro esplênico, hiperesplenismo de diluição, como resultado de transfusão massiva Trombocitopenia, distúrbios hereditários Trombocitopenia na gravidez Trombose ou diátese trombótica Diagnóstico diferencial da manifestação do paciente com trombose ou diátese trombótica Tumores da região hipofisária Tumores primários nas regiões selar e parasselar Seção III: Algorítmos Clínicos Anemia com reticulocitose Anemia em neonatos Anemia Anemia, macrocítica Anemia, microcítica Avaliação nutricional e intervenção em paciente com câncer Derrame pericárdico, maligno Derrame pleural, maligno Eritrociose, adquirida Esplenomegalia Febre e neutropenia, paciente pediátrico Linfadenopatia, generalizada Policitemia Sangramento neonatal Sangramento, distúrbio congênito Tumor da coluna vertebral Tumores de células das ilhotas pancreáticas Seção IV: Testes Laboratoriais e Interpretação de Resultados Contagem de reticulócitos Linfócitos Tempo de sangramento (método de Ivy modificado) Copyright © 2019 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. ISBN: 978‑85‑352‑9188‑9 ISBN versão eletrônica: 978‑85‑352‑9189‑6 FERRI’S CLINICAL ADVISOR, 2018 Copyright © 2018 by Elsevier, Inc. All rights reserved. This adapted translation of selections from Ferri’s Clinical Advisor, 2018, by Fred F. Ferri was undertaken by Elsevier Editora Ltda. and is published by arrangement with Elsevier Inc. Esta tradução adaptada de partes de Ferri’s Clinical Advisor, 2018, de Fred F. Ferri foi produzida por Elsevier Editora Ltda. e publicada em conjunto com Elsevier Inc. ISBN: 978‑0‑323‑28049‑5 Capa Luciana Mello e Monika Mayer Editoração Eletrônica Thomson Digital Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua da Assembleia, n° 100 – 6° andar – Sala 601 20011‑904 – Centro – Rio de Janeiro – RJ Av. Dr. Chucri Zaidan, n° 296 – 23° andar 04583‑110 – Brooklin – São Paulo ‑ SP Serviço de Atendimento ao Cliente 0800 026 53 40 atendimento1@elsevier.com Consulte nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www.elsevier.com.br Nota Esta tradução adaptada foi produzida por Elsevier Brasil Ltda. sob sua exclusiva responsabilidade. Médicos e pesquisadores devem sempre fundamentar‑se em sua experiência e no próprio conhecimento para avaliar e empregar quaisquer informações, métodos, substâncias ou experimentos descritos nesta publicação. Devido ao rápido avanço nas ciências médicas, particularmente, os diagnósticos e a posologia de medicamentos precisam ser verificados de maneira independente. Para todos os efeitos legais, a Editora, os autores, os editores ou colaboradores relacionados a esta tradução adaptada não assumem responsabilidade por qualquer dano/ou prejuízo causado a pessoas ou propriedades envolvendo responsabilidade pelo produto, negligência ou outros, ou advindos de qualquer uso ou aplicação de quaisquer métodos, produtos, instruções ou ideias contidos no conteúdo aqui publicado. CIP‑BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F448f Ferri, Fred F. Ferri oncologia e hematologia : recomendações atualizadas de diagnóstico e tratamento / Fred F. Ferri ; revisão científica Carlos Alberto Morales Paris ; tradução Tatiana Ferreira Robaina. ‑ 1. ed. ‑ Rio de Janeiro : Elsevier, 2019. 496 p. ; 21 cm. Tradução de: Ferri’s clinical advisor, 2018 ISBN 978‑85‑352‑9188‑9 1. Oncologia. 2. Hematologia. I. Paris, Carlos Alberto Morales. II. Robaina, Tatiana Ferreira. III. Título. 19‑54911 CDD: 616.15 CDU: 616.15 Meri Gleice Rodrigues de Souza ‑ Bibliotecária CRB‑7/6439 28/01/2019 31/01/2019 Editores de Seção FRED F. FERRI, M.D., F.A.C.P. Clinical Professor, The Warren Alpert Medical School, Brown University, Providence, Rhode Island GLENN G. FORT, M.D., M.P.H., F.A.C.P., F.I.D.S.A. Clinical Associate Professor of Medicine, The Warren Alpert Medical School, Brown University; Chief, Infectious Diseases, Our Lady of Fatima Hospital, Providence, Rhode Island RICHARD J. GOLDBERG, M.D., M.S. PsychiatristinChief, Rhode Island Hospital; The Miriam Hospital; Professor, Department of Psychiatry and Human Behavior, The Warren Alpert Medical School, Brown University, Providence, Rhode Island JOSEPH S. KASS, M.D., J.D., F.A.A.N. Director, Alzheimer’s Disease and Memory Disorders Center, Associate Professor, Department of Neurology, Menninger Department of Psychiatry & Behavioral Sciences, Center for Medical Ethics & Health Policy, Baylor College of Medicine; Chief of Neurology, Director, Comprehensive Stroke Center, Ben Taub General Hospital, Houston, Texas SAMAAN RAFEQ, M.D. Assistant Professor of Medicine, Tufts Medical School; Director, Interventional Pulmonary Services, Division of Pulmonary, Critical Care, and Sleep Medicine, Associate Program Director, Internal Medicine Residency Training Program, Department of Internal Medicine, St.Elizabeth’s Medical Center, Boston, Massachusetts BHARTI RATHORE, M.D. Program Director, Hematology/Oncology Fellowship, Roger Williams Medical Center, Providence, Rhode Island; Assistant Professor of Medicine, Boston University School of Medicine, Boston, Massachusetts ANTHONY SCISCIONE, D.O. Professor, Department of Obstetrics and Gynecology, Jefferson Medical College, Philadelphia, Pennsylvania; Residency Program Director, Director, MaternalFetal Medicine, Department of Obstetrics and Gynecology, Christiana Care Health System, Newark, Delaware IRIS L. TONG, M.D. Assistant Professor, Department of Medicine, The Warren Alpert Medical School, Brown University; Director, Women’s Primary Care, Women’s Medicine Collaborative, Providence, Rhode Island JOHN WYLIE, M.D., F.A.C.C. Director, Cardiac Electrophysiology, Steward Health Care System; Assistant Professor of Medicine, Tufts University School of Medicine, Boston, Massachusetts JERRY YEE, M.D. Clinical Professor of Medicine, Department of Internal Medicine, Wayne State University School of Medicine; Senior Staff Physician, Henry Ford Hospital, Division of Nephrology and Hypertension, Detroit, Michigan BERNARD ZIMMERMANN, M.D. Associate Professor Emeritus, Department of Medicine, Boston University, Boston, Massachusetts; Rheumatologist, Department of Medicine, Division of Rheumatology, Roger Williams Medical Center, Providence, Rhode Island Colaboradores Nicholas J. Abbo�, M.D., Fellow, Cardiovascular Disease Division of Cardiology University of California Irvine Medical Center Irvine, California Sonya S. Abdel‑Razeq, M.D. Assistant Professor Department of Obstetrics, Gynecology, and Reproductive Sciences Yale University Yale–New Haven Hospital New Haven, Connecticut Tony Abdo, M.D., Internal Medicine Resident Roger Williams Medical Center Boston University School of Medicine Providence, Rhode Island Maxwell Eyram Afari, M.D., Cardiovascular Medicine Fellow Cardiovascular Medicine St. Elizabeth’s Medical Center Brighton, Massachuse�s Sandeep Agarwal, M.D. Assistant Professor of Medicine Department of Medicine Division of Nephrology Departments of Medicine and Nephrology Hahnemann University Hospital Drexel University College of Medicine Senior Design Advisor Biomedical Engineering Drexel University School of Biomedical Engineering, Science and Health Systems Philadelphia, Pennsylvania Baha Al‑Abid, M.D., Fellow Department of Internal Medicine Division of Nephrology and Hypertension Henry Ford Hospital Detroit, Michigan Tanya Ali, M.D., Clinical Assistant Professor of Medicine Department of Medicine The Warren Alpert Medical School Brown University Providence, Rhode Island Philip J. Alio�a, M.D. Clinical Instructor Department of Urology State University of New York at Buffalo School of Medicine and Biomedical Sciences Buffalo, New York Medical Director Center for Urologic Research of Western New York Williamsville, New York Stephanie Michelle Allen, M.SC., Baylor College of Medicine Houston, Texas Monzr M. Al Malki, M.D., Instructor Department of Hematology and Hematopoietic Cell Transplantation City of Hope National Medical Center Duarte, California Rowena Almeida, M.D., F.R.C.P.C., PGY 5, Gastroenterology Division of Gastroenterology University of Toronto Toronto, Ontario, Canada Rasha B. Alqadi, M.D. Rheumatology Fellow Department of Medicine Boston University School of Medicine Boston, Massachuse�s Rheumatology Fellow Department of Medicine Division of Rheumatology Roger Williams Medical Center Providence, Rhode Island Ruben Alvero, M.D., Professor Obstetrics and Gynecology Director Assisted Reproductive Technologies Section Head Reproductive Endocrinology and Infertility Vice Chair for Education University of Colorado Denver Aurora, Colorado Mel L. Anderson, M.D., Assistant Professor of Medicine University of Colorado School of Medicine Denver Veterans Affairs Medical Center Denver, Colorado Thomas J.T. Anderson, M.D. Clinical Fellow Harvard Medical School Diagnostic Radiology Beth Israel Deaconess Medical Center Boston, Massachuse�s Laura M. Andolina, M.S., Clinical Instructor of Pediatrics State University of New York at Buffalo School of Medicine and Biomedical Sciences Buffalo, New York George F. Andoscia, B.S., Clinical Research Assistant Rhode Island Hospital Providence, Rhode Island Kathryn Taylor Anilowski, M.S., P.T., C.L.T.‑L.A.N.A., Physical Therapist Kinder Touch Lymphedema Center Saratoga Springs, New York Anngene Anthony, M.D., M.P.H., F.A.A.F.P. Clinical Assistant Professor Family Medicine Rutgers New Jersey Medical School Newark, New Jersey Active Staff Family Medicine Morristown Memorial Hospital Morristown, New Jersey Etsuko Aoki, M.D., PH.D., Assistant Professor Departments of Leukemia and General Internal Medicine University of Texas M.D. Anderson Cancer Center Houston, Texas Naim Aoun, M.D., Departments of Pulmonary, Critical Care, and Sleep Medicine St. Joseph Hospital Nashua, New Hampshire Grayson W. Armstrong, M.D., M.P.H. The Warren Alpert Medical School Brown University Providence, Rhode Island Masters of Public Health Candidate Health Policy and Management Harvard School of Public Health Boston, Massachuse�s Zuhal Arzomand, M.D. Department of Medicine Boston University School of Medicine Boston, Massachuse�s Resident in Medicine Roger Williams Medical Center Providence, Rhode Island Daniel K. Asiedu, M.D., PH.D. Clinical Instructor of Medicine The Warren Alpert Medical School Brown University Providence, Rhode Island A�ending Physician Department of Medicine Coastal Medical, Inc. Lincoln, Rhode Island Arif Asif, M.D. Professor of Medicine Department of Medicine Hackensack‑Meridian Seton Hall School of Medicine Chairman Department of Medicine Hackensack‑Meridian Health System Neptune, New Jersey Sudeep K. Aulakh, M.D. Assistant Professor of Medicine Department of Medicine Tufts University School of Medicine Boston, Massachuse�s Director, Ambulatory Education, Baystate Internal Medicine Residency Co‑Director, Baystate Primary Care Program Department of Medicine Baystate Health Springfield, Massachuse�s Medical Director, Physician Assistant Program Bay Path University Longmeadow, Massachuse�s Rupali Avasare, M.D., Assistant Professor of Medicine Department of Medicine Division of Nephrology Oregon Health and Science University Portland, Oregon Tania B. Babar, M.D., Assistant Professor Department of Electrophysiology West Virginia University Charleston, West Virginia Emelia Argyropoulos Bachman, M.D., F.A.C.O.G. Director of Fertility Preservation Reproductive Associates of Delaware Department of Obstetrics and Gynecology Christiana Hospital Newark, Delaware Crisostomo R. Baliog, JR, M.D., Assistant Professor Department of Internal Medicine University of South Alabama College of Medicine Mobile, Alabama Priya Bansal, M.D., M.P.H., Physician Department of Internal Medicine Miriam Hospital Rhode Island Hospital Providence, Rhode Island Revisão Científica e Tradução Revisão cientÍfica Carlos Alberto Morales Paris Graduado em Medicina pela EPM‑UNIFESP (Escola Paulista de Medicina ‑ Universidade Federal de São Paulo) Especialista em Clínica Médica e Medicina Farmacêutica pela EPM‑UNIFESP Tradução Tatiana Ferreira Robaina Doutorado em Ciências (Microbiologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mestrado em Patologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Especialista em Estomatologia pela UFRJ Cirurgiã‑dentista pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Dedicatória A meus filhos, Dr. Vito F. Ferri e Dr. Christopher A. Ferri, à minha nora, Dra. Heather A. Ferri, por seu auxílio e constante apoio, e à minha esposa, Christina, por sua paciência durante o preparo da obra. Um agradecimento especial a todos os leitores que comentaram pessoalmente sobre o valor deste livro e que por meio de sugestões ajudaram a tornar este produto um best‑seller na área médica. Fred F. Ferri,M.D., F.A.C.P. Clinical Professor The Warren Alpert Medical School Brown University Providence, Rhode Island Prefácio Este livro destina‑se a ser uma referência clara e concisa para profissionais da área de Oncologia e Hematologia. Seu formato prático foi desenvolvido para fornecer um método rápido e eficiente de identificar importantes informações clínicas e oferecer orientação prática no manejo do paciente. O livro é dividido em quatro seções, cada qual com ênfase em informações clínicas. O imenso sucesso das edições anteriores e os comentários entusiasmados de diversos colegas trouxeram à tona muitas mudanças positivas. Cada seção foi expandida significativamente em relação a suas edições prévias. Códigos CID‑10 encontram‑se inclusos em todos os tópicos. A Seção I descreve com detalhes os distúrbios clínicos. Cada tópico clínico dessa seção se encontra organizado em ordem alfabética e o material de cada tópico está apresentado em subtópicos para facilitar a busca. Tópicos com algoritmo associado são identificados com um símbolo de algoritmo (ALG). Ao longo do texto, informações‑chave de acesso rápido são constantemente destacadas, fotografias clínicas são utilizadas para ilustrar melhor condições clínicas específicas e códigos CID‑10 relevantes são listados. A maioria das referências está focada em artigos de revisão atuais. Dados de medicina baseada em evidência foram adicionados a tópicos relevantes. Os tópicos da Seção I utilizam a seguinte estrutura de abordagem: 1. Informações Básicas (Definição, Sinônimos, Códigos CID‑10, Epidemiologia e Fatores Demográficos, Sinais e Sintomas Clínicos, Etiologia) 2. Diagnóstico (Diagnóstico Diferencial, Exame Clínico Completo, Exames Laboratoriais, Exames por Imagem) 3. Tratamento (Terapia Não Farmacológica, Prescrição Geral de Condição Aguda, Prescrição de 4. Condição Crônica, Disposição, Encaminhamento) 5. Dicas e Considerações (Comentários, Sugestão de Leitura) 6. Dados de Medicina Baseada em Evidência e Referências A Seção II inclui o diagnóstico diferencial, etiologia e classificação de sinais e sintomas clínicos. Essa seção foi significativamente expandida para esta edição. É uma seção prática que permite ao usuário investigar uma queixa física ou valor laboratorial anormal para seguir uma “bateria de exames” que leve ao diagnóstico. O clínico pode então procurar facilmente por um diagnóstico presumido na Seção I para informações específicas daquela doença. A Seção III inclui algorítmos clínicos para guiar e agilizar os exames e terapia do paciente. Muitos clínicos descrevem a seção como particularmente valiosa no ambiente de cuidados gerenciados da atualidade. A Seção IV inclui valores laboratoriais normais e interpretação dos resultados de testes laboratoriais comumente solicitados. Ao fornecer interpretação de resultados anormais, esta seção facilita o diagnóstico de distúrbios médicos e contribui ainda mais para a natureza abrangente e particular de nosso texto. Acredito que nós produzimos um sistema de informação moderno com diferenças significativas de textos existentes. Espero que a abordagem amigável, suas diversas características únicas e suas atualizações anuais tornem este livro uma referência médica valiosa, não somente para profissionais da área de Oncologia, Hematologia e clínicos de pronto atendimento, como também a clínicos de outras especialidades, estudantes de medicina e demais profissionais da saúde. Fred F. Ferri, M.D., F.A.C.P. AVALIAÇÃO DA EVIDÊNCIA FERRI ONCOLOGIA E HEMATOLOGIA ‑ Recomendações atualizadas de diagnóstico e tratamento avalia toda a evidência com base em um sistema de classificação publicado pela American Academy of Family Physicians. A fim de indicar a força da evidência, a cada afirmação resumida é indicado um dos três níveis: NÍVEL A • Revisões sistemáticas de estudos controlados randomizados, incluindo meta‑análises • Estudos controlados randomizados de boa qualidade NÍVEL B • Estudos clínicos não‑randomizados de boa qualidade • Revisões sistemáticas que não se adequem ao Nível A • Estudos controlados randomizados de baixa qualidade que não se adequem ao Nível A • Outros tipos de estudo: estudos de caso‑controle, estudos de coorte clínicos, estudos transversais, estudos retrospectivos e estudos não‑controlados NÍVEL C • Afirmações consensuais baseadas em evidências e diretrizes de especialistas FONTES DE EVIDÊNCIA A evidência foi sintetizada principalmente a partir de três fontes avaliadas criticamente e altamente respeitadas: • As Revisões Sistemáticas Cochrane são respeitadas em todo o mundo como uma das buscas mais rigorosas de periódicos médicos para estudos controlados randomizados. Fornecem revisões sistemáticas altamente estruturadas, com evidência incluída ou excluída com base em critérios de qualidade explícitos e utilizam frequentemente meta‑análises para aumentar o poder dos achados de diversos estudos. • A Clinical Evidence é produzida pelo BMJ Publishing Group. Fornece sinopses da melhor evidência disponível na atualidade sobre tratamento e prevenção de diversas condições clínicas, com base em pesquisas e avaliações da literatura disponível. • A National Guideline ClearinghouseTM é uma base de dados simples de diretrizes clínicas baseadas em evidência e documentos relacionados, produzida pela Agency for Healthcare Research and Quality em parceria com a Associação Médica Americana e a Associação Americana de Planos de Saúde. Ademais, onde há evidência que não foi ainda revisada criticamente por uma das fontes previamente mencionadas, tal evidência foi resumida brevemente, categorizada e completamente referenciada. As diretrizes também foram obtidas a partir do governo e órgãos profissionais. SEÇÃO I Doenças e Distúrbios A: Adenocarcinoma de Células Renais A: Adenoma da Hipófise A: Anemia Falciforme A: Anemia, Aplásica A: Anemia, Deficiência de Ferro A: Anemia, Hemolítica Autoimune A: Anemia, Inflamatória A: Anemia, Perniciosa A: Astrocitoma C: Câncer Colorretal C: Câncer da Bexiga Urinária C: Câncer de Colo do Útero C: Câncer de Estômago C: Câncer de Mama C: Câncer de Pâncreas (Exócrino) C: Câncer de Próstata C: Câncer de Sítio Primário Desconhecido C: Câncer de Testículo C: Câncer do Endométrio C: Câncer do Ovário C: Carcinoma Basocelular C: Carcinoma da Tireoide C: Carcinoma de Células Escamosas C: Carcinoma de Células Escamosas de Cabeça e Pescoço C: Carcinoma Hepatocelular C: Coagulação Intravascular Disseminada C: Colangiocarcinoma C: Crioglobulinemia D: Doença de Paget da Mama D: Doença de Von Willebrand E: Estado de Hipercoagulabilidade F: Feocromocitoma G: Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado H: Hemofilia H: Hemoptise H: Hiperesplenismo I: Incompatibilidade de Rh I: Intoxicação por Chumbo L: Leucemia Linfoblástica Aguda L: Leucemia Linfocítica Crônica L: Leucemia Mieloide Aguda L: Leucemia Mieloide Crônica L: Linfoma de Hodgkin L: Linfoma não Hodgkin M: Macroglobulinemia de Waldenström M: Melanoma M: Meningioma M: Menorragia M: Mesotelioma, Maligno M: Metástases cerebrais M: Mieloma Múltiplo N: Náusea e Vômito Induzidos por Quimioterapia N: Neoplasia Cerebral Benigna N: Neoplasia Cerebral, Glioblastoma N: Neoplasia do Ovário, Benigna N: Neoplasias das Glândulas Salivares N: Neoplasias Pulmonares Primárias P: Policitemia vera P: Prolactinoma P: Púrpura de HenochSchönlein P: Púrpura Trombocitopênica Imune P: Púrpura Trombocitopênica Trombótica R: Reação Transfusional, Hemolítica S: Sarcoma de Kaposi S: Síndrome da Lise Tumoral S: Síndrome da Veia Cava Superior S: Síndrome de Meigs S: Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídico S: Síndrome HemolíticoUrêmica S: Síndrome Hereditária de Câncer da Mama e do Ovário S: Síndrome Mielodisplásica S: Síndrome PósTrombóticaT: Talassemias T: Trombocitopenia Induzida por Heparina T: Trombocitose T: Trombose Venosa Profunda T: Trombose Venosa Profunda da Extremidade Superior T: Tumor Ósseo, Maligno, Primário T: Tumores Esofágicos T: Tumores Malignos da Vagina T: Tumores Malignos do Útero A Adenocarcinoma de Células Renais Informações básicas Definição O adenocarcinoma de células renais (ACR) é um carcinoma primário originado no parênquima renal a partir da transformação maligna das células epiteliais tubulares renais proximais. A maioria dos cânceres de células renais é do tipo de células claras; os tumores papilares compreendem 15% dos cânceres renais, e os cânceres cromofóbicos 10%. Sinônimos Hipernefroma ACR Adenocarcinoma de células renais Códigos CID‑10 C64. 9 Neoplasia maligna do rim, exceto pelve renal C64. 1 Neoplasia maligna do rim direito, exceto pelve renal C64. 2 Neoplasia maligna do rim esquerdo, exceto pelve renal C64. 9 Neoplasia maligna de rim não especificada, exceto pelve renal C65. 9 Neoplasia maligna da pelve renal Epidemiologia e fatores demográficos Incidência Em 2016, estimou‑se que 62.700 novos casos e 14.240 mortes ocorreram nos EUA. Dois por cento dos casos de câncer renal estão associados a síndromes hereditárias. Sexo predominante A relação masculino:feminino é de aproximadamente 2:1. Idade predominante A incidência máxima ocorre entre 50 e 70 anos de idade. Sinais e sintomas clínicos Os pacientes geralmente permanecem assintomáticos até apresentarem doença avançada. A apresentação clássica do adenocarcinoma renal inclui a tríade dor no flanco, hematúria e massa abdominal palpável, mas, atualmente, isso representa uma manifestação incomum. As manifestações atuais mais comuns no adenocarcinoma renal incluem: Hematúria 50%‑60% Velocidade de hemossedimentação elevada 50%‑60% Massa abdominal 25%‑45% Anemia 20%‑40% Dor no flanco 35%‑40% Hipertensão 20%‑40% Perda de peso 30%‑35% Febre 5%‑15% Disfunção hepática 10%‑15% Tríade clássica (hematúria, massa abdominal, dor no flanco) 5%‑10% Hipercalcemia 3%‑6% Eritrocitose 3%‑4% Varicocele 2%‑3% Etiologia Formas hereditárias: • Carcinoma renal familiar. • Carcinoma renal associado à doença de Von Hippel‑Lindau. • Carcinoma hereditário de células renais papilares. Fatores de risco • Tabagismo. • Obesidade. • Analgésicos contendo fenacetina. • Exposição a amianto, chumbo, torotrast e cromo. • Gasolina e outros produtos petrolíferos. • Papel do gene VHL no cromossomo 3. Diagnóstico Diagnóstico diferencial • Carcinomas de células transicionais da pelve renal (8% de todos os cânceres renais). • Tumor de Wilms. • Outros carcinomas renais primários e sarcomas. • Cistos renais. • Tumores retroperitoneais. Exame clínico completo Exames laboratoriais • Exame de urina: hematúria. • Hemograma completo: anemia ou eritrocitose. • Disfunção hepática não metastática com fosfatase alcalina elevada, tempo prolongado de protrombina e hipoalbuminemia. • Hipercalcemia (causada por proteína relacionada com a paratireoide). Exames por imagem Atualmente, quase 50% dos cânceres renais são detectados porque uma massa renal é incidentalmente encontrada na avaliação radiográfica. • Ultrassonografia (US) renal. • Tomografia computadorizada (TC) abdominal com contraste (Figs. 1 e 2); a biópsia guiada por TC geralmente não é necessária para o diagnóstico de massas sólidas > 4 cm (alta probabilidade de câncer). • Ressonância magnética (RM). • Arteriograma renal. • Pielografia Intravenosa. FIG. 1 Carcinoma de Células Renais. A ultrassonografia demonstra uma massa hiperreflexiva de 17 mm no rim esquerdo com sombreamento posterior. (De Grainger RG et al [eds]: Grainger & Allison’s diagnostic radiology, ed 4, London, 2001, Harcourt.) FIG. 2 Carcinoma de Células Renais. Neste paciente, a tomografia computadorizada na porção média dos rins (A) evidencia uma grande massa renal esquerda (M) que se estende para a veia renal e para a veia cava inferior (setas). B, Imagem no nível da base do coração mostra que o trombo tumoral (seta) se estende para o átrio direito. (De Mettler FA Jr:Essentials of radiology, 3 ed, 2014, Saunders.) Estadiamento Veja a Tabela 1. Tabela 1 Estadiamento TNM dos carcinomas de células renais Estágio T Descrição Tx O tumor não pode ser avaliado T1: tumor ≤ 7 cm, limitado ao rim 1a: tumor < 4 cm 1b: tumor ≥ 4 cm, mas ≤ 7 cm T2: tumor > 7 cm, limitado ao rim 2a: tumor > 7 cm, mas ≤ 10 cm 2b: tumor > 10 cm T3: tumor estendendo‑se até as veias principais ou o tecido perinéfrico, mas não para a glândula adrenal ou para além da fáscia de Gerota 3a: tumor se estende até a veia/ramos renais ou invade a gordura sinusal perirrenal e/ou renal 3b: tumor se estende para a VCI abaixo do diafragma 3c: tumor se estende para a VCI acima do diafragma ou parede da VCI T4 Tumor invade além da fáscia de Gerota (incluindo a extensão contígua na glândula adrenal ipsilateral) Estágio N Nx Linfonodos regionais não podem ser avaliados N1 Nenhum linfonodo regional envolvido N2 Metástase em linfonodo(s) regional(ais) Estágio M M0 Nenhuma metástase a distância M1 Metástase a distância presente Etapa Agrupamento TNM I T1N0M0 II T2N0M0 III T1‑2N1M0 ou T3N0‑ 1M0 Estágio T Descrição IV T4N0‑3M0‑1 ou Tx‑4N0‑ 2M1 Locais Comuns de Metástases Pulmão 50%‑60% Osso 30%‑40% Nódulos regionais 15%‑30% Veia renal principal 15%‑20% Gordura perirrenal 10%‑20% Suprarrenal (ipsilateral) 10%‑15% Veia cava 10%‑15% Cérebro 10%‑15% Órgãos adjacentes (colo do intestino, pâncreas) 10% Rim (contralateral) 2% Tratamento • Cirurgia 1. A nefrectomia cirúrgica (procedimento aberto ou abordagem laparoscópica) é o único tratamento eficaz para os estágios I, II e alguns tumores de estágio III. Embora a nefrectomia radical tenha sido por muito tempo o tratamento padrão, estudos retrospectivos mostraram que a nefrectomia parcial, em vez da radical, está associada à melhora da sobrevida e é adequada para pacientes com neoplasias de células renais < 4 cm que não estão adjacentes à pelve renal ou invadindo a veia cava. 2. A nefrectomia laparoscópica assistida por robô foi adotada em vários centros, principalmente para cirurgia poupadora de néfrons no caso de tumores < 4 cm. As vantagens incluem menor perda de sangue, efeitos mínimos sobre a função renal e resultados oncológicos semelhantes. As desvantagens incluem aumento de custos e limitações associadas ao tamanho do tumor e locais elegíveis para cirurgia robótica. 3. Várias formas de nefrectomia parcial podem estar disponíveis para pacientes com câncer bilateral ou com rim solitário. 4. O papel da nefrectomia em pacientes com carcinoma de células renais metastático é um tanto controverso e o procedimento provavelmente deve ser reservado para aqueles que apresentam um bom desempenho e baixa pontuação de risco e que são candidatos à terapia direcionada sistêmica. Dados de dois estudos randomizados mostraram que a nefrectomia antes da imunoterapia melhora a sobrevida dos pacientes em comparação com a imunoterapia apenas. Uma análise retrospectiva recente dos dados nacionais dos EUA sugeriu que 30% dos pacientes são submetidos à nefrectomia na era das terapias‑alvo e que isso pode estar associado a um benefício relacionado com a sobrevida. • Angioinfarto, crioablação ou radioterapia (para cuidados paliativos). • Quimioterapia: em pacientes com doença irressecável, os inibidores de anticorpos monoclonais do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), como bevacizumabe, inibidores de mTOR cinases, como everolimo e tensirolimo, e os inibidores de tirosina quiinase, axitinibe, sunitinibe, pazopanibe e sorafenibe, podem ser usados como terapia de primeira linha ou sequencial. Normalmente, os pacientes recebem terapia sequencial com qualquer um desses agentes até a duração máxima da resposta ou o início da maior toxicidade de cada agente. A maioria das respostas a esses agentes é tipicamente uma doença parcialou estável e a recidiva é a regra. • Imunoterapia: a terapia com altas doses de interleucina‑2 pode atingir uma taxa de resposta de 15%, que é frequentemente durável e está associada à sobrevida em longo prazo em pacientes altamente selecionados com excelente desempenho. As toxicidades graves associadas a esta terapia e a necessidade de centros de tratamento especializados limitaram o uso desta abordagem. • Inibidores do checkpoint: O nivolumabe, inibidor da PD‑1, demonstrou um benefício relacionado com a sobrevida global em pacientes previamente tratados com terapias direcionadas. • Cabozantinibe, um inibidor do oncogene c‑met, também demonstrou melhora na sobrevida em pacientes com carcinoma renal metastático recidivado. Prognóstico A taxa de sobrevida em 5 anos entre os pacientes com câncer renal aumentou de 57%, em 1987‑1989, para 74% em 2006‑ 2012. O prognóstico de pacientes tratados cirurgicamente é descrito a seguir. Estadiamento TNM Sobrevida em 5 anos (%) I 95 II 88 III(veia renal ou veia cava) 50‑60 III(envolvimento linfonodal) 15‑25 IV 5‑20 Encaminhamento • Médico urologista para estadiamento e cirurgia. • Médico oncologista se a doença metastática estiver presente. Dicas e considerações • Os pacientes devem ser considerados para cirurgia poupadora de néfrons no caso de tumores menores (< 4 cm). • A cirurgia laparoscópica assistida por robô é utilizada rotineiramente para cirurgia padrão poupadora de néfrons; é utilizada em tumores centrais e > 4 cm em alguns centros experientes. • A terapia adjuvante utilizando inibidores da tirosina quinase tem apresentado resultados mistos quando usada no contexto pós‑ ‑exposição e não é aprovada para uso neste quadro. Um estudo intergrupo não evidenciou benefício na sobrevida, enquanto um estudo menor limitado a pacientes de alto risco evidenciou benefício de sobrevida livre de progressão. • A dose elevada de interleucina‑2 pode levar a remissões em longo prazo em 10% a 15% dos pacientes cuidadosamente selecionados. Conteúdo correlato Câncer Renal (Informação ao Paciente) AUTOR: BHARTI RATHORE, MD A Adenoma da Hipófise Informações básicas Definição O adenoma da hipófise é uma neoplasia benigna do lobo anterior da hipófise que causa sintomas, seja por secreção excessiva de hormônios ou por um efeito de massa local, pois o tumor colide com outras estruturas próximas (p. ex., quiasma óptico, hipotálamo e pedúnculo hipofisário). Os adenomas da hipófise são classificados de acordo com seu tamanho, função e características da aparência. Microadenomas apresentam tamanho < 10 mm; macroadenoma ≥ 10 mm; e adenomas gigantes têm ≥ 40 mm de tamanho. • Acromegalia é o estado de doença caracterizado por um adenoma da hipófise que secreta hormônio do crescimento (GH). • O prolactinoma secreta prolactina (PRL). • Doença de Cushing é um estado de doença por hipersecreção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). • Os adenomas da hipófise, secretores de tireotrofina, secretam principalmente hormônio estimulante da tireoide (TSH). • Os adenomas da hipófise, não secretores são aqueles nos quais a neoplasia é uma lesão que ocupa espaço cujos produtos de secreção não desencadeiam um estado de doença específico. Código CID‑10 D35.2 Neoplasia benigna da glândula hipófise Epidemiologia e fatores demográficos Classificação (por hormônio secretado) • PRL isolado: 35%. • Nenhum hormônio: 30%. • GH isolado: 20%. • PRL e GH: 7%. • ACTH: 7%. • Hormônio luteinizante (LH), hormônio foliculoestimulante (FSH) e TSH: 1%. Prevalência/incidência • Adenomas hipofisários: de 10% a 15% de todas as neoplasias intracranianas; 3% a 27% em estudo de autópsias. • Prolactinomas: até 20% em mulheres com amenorreia primária ou secundária inexplicável. Os prolactinomas representam 32% a 62% dos adenomas hipofisários. • Adenoma hipofisário secretor de GH: 50 a 60 casos por 1 milhão de pessoas. Representam 8% a 16% dos tumores da hipófise. • Adenoma hipofisário secretor de tireotrofina: 1% de adenomas hipofisários com leve predomínio feminino/masculino de 1,7:1. • Adenomas hipofisários secretores de corticotrofina: relação feminino/masculino de 8:1, mas diagnóstico geral incomum, representando 2% a 6% dos adenomas. Sinais e sintomas clínicos Prolactinomas • Sexo feminino: 1. Galactorreia. 2. Amenorreia. 3. Oligomenorreia com anovulação. 4. Infertilidade. 5. Deficiência de estrogênio e osteopenia associada. 6. Diminuição da lubrificação vaginal. • Sexo masculino: 1. Tumores grandes mais comuns como resultado do diagnóstico tardio. 2. Possibilidade de impotência, diminuição da libido ou hipogonadismo. 3. Galactorreia rara porque os homens não têm o crescimento e a diferenciação mamária dependente de estrogênio. Adenoma hipofisário secretor de gh: acromegalia • Características faciais grosseiras. • Pele oleosa. • Prognatismo. • Síndrome do túnel do carpo. • Osteoartrite. • História de aumento do tamanho de chapéu, luva ou sapato. • Diminuição da capacidade de se exercitar. • Deficits de campo visual. • Diabetes melito. Adenoma hipofisário secretor de corticotrofina: doença de cushing • Geralmente presente quando o tumor é pequeno (1 a 2 mm). • 50% dos tumores < 5 mm. • Outros sintomas: 1. Obesidade troncular. 2. Fácies redonda (face de lua cheia). 3. Acúmulo de gordura dorsocervical (giba de búfalo). 4. Hirsutismo. 5. Acne. 6. Distúrbios menstruais. 7. Hipertensão. 8. Estrias. 9. Contusão (hematomas). 10. Pele fina. 11. Hiperglicemia. Adenoma hipofisário secretor de tireotrofina • Nos homens, tumores maiores, mais invasivos e de crescimento mais rápido que aparecem mais tardiamente na vida. • Outros sintomas: tireotoxicose, bócio, deficiência visual. Adenomas hipofisários não secretores (adenoma endócrino inativo da hipófise) • Geralmente grande no momento do diagnóstico. • Sintomas: 1. Hemianopsia bitemporal como resultado da compressão do quiasma óptico. 2. Hipopituitarismo devido à compressão da glândula hipófise. 3. Hipogonadismo em homens e em mulheres na pré‑menopausa. 4. Deficits de nervo craniano causados por extensão tumoral para o seio cavernoso. 5. Hidrocefalia por extensão tumoral para o terceiro ventrículo, comprimindo o forame de Monro. 6. Diabetes insípido resultante da compressão do hipotálamo ou do pedúnculo hipofisário (uma complicação rara). Etiologia Neoplasias benignas de origem epitelial. Diagnóstico Diagnóstico diferencial Prolactinoma • Gestação. • Puerpério pós‑parto. • Hipotireoidismo primário. • Doença da mama. • Estimulação da mama. • Ingestão de drogas (especialmente fenotiazinas, antidepressivos, haloperidol, metildopa, reserpina, opiáceos, anfetaminas e cimetidina). • Insuficiência renal crônica. • Doença hepática. • Síndrome do ovário policístico. • Distúrbios da parede torácica. • Lesões da medula espinal. • Irradiação craniana anterior. Acromegalia Produção ectópica de hormônio liberador de GH a partir de um tumor carcinoide ou outro tumor neuroendócrino. Doença de cushing • Doenças que causam fontes ectópicas de superprodução de ACTH (incluindo carcinoma de células pequenas do pulmão, carcinoide brônquico, carcinoide intestinal, tumor de células das ilhotas pancreáticas, carcinoma medular de tireoide ou feocromocitoma). • Adenomas suprarrenais, carcinoma suprarrenal. • Síndrome de Nelson. Adenomas hipofisários secretores de tireotrofina Hipotireoidismo primário. Adenoma hipofisário não secretor Lesões de massa não neoplásicas de várias etiologias (p. ex., infecciosas, granulomatosas). Exame clínico completo Os adenomas da hipófise devem ser identificados em um estágio inicial para que o tratamento eficaz possa ser implementado. Testes de triagem para adenomas hipofisários funcionais estão descritos na Tabela 1. Tabela 1 Testes de rastreamento para adenomas da hipófise funcionais Desordem Teste Comentários Acromegalia IGF1 TOTG com GH obtido a 0, 30 e 60 min Interpretar IGF1 em relação aos controles. pareados por idade e sexo. Sujeitosnormais devem suprimir GH para < 1 μg/L Prolactinoma Nível de PRL do soro Um nível > 500 μg/L é patognomônico para o macroprolactinoma. Se > 200 μg/L, o prolactinoma é provável.* Doença de Cushing UFC 24 h cortisol salivar noturno, dexametasona (1 mg) às 23 horas e cortisol plasmático em jejum medido às 8 h da manhã por ensaio ACTH Certifique‑se de que a coleta de urina é total e precisa, medindo a creatinina urinária. O cortisol salivar livre reflete o ritmo circadiano, e níveis elevados podem indicar doença de Cushing. Indivíduos normais suprimem para < 1,8 μg/dL. Distingue adenoma suprarrenal de ACTH etópico ou doença de Cushing. Tumor secretor de TSH Medição do TSH Livre T4 por diálise T3 total. Se T4 ou T3 estiverem elevadas e o TSH for mensurável ou elevado, um tumor secretor de TSH pode estar presente. ACTH, hormônio adrenocorticotrófico; GH, hormônio do crescimento; IGF1, fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1; PRL, prolactina; TOTG, teste oral de tolerância à glicose; T3, triiodotironina; T4, tiroxina; TSH, hormônio estimulante da tireoide; UFC, cortisol livre da urina. * A risperidona pode desencadear níveis de prolactina > 200 μg/L. De Melmed S et al: Williams textbook of endocrinology, ed 12, Philadelphia, 2011, WB Saunders. Prolactinoma Primeiro passo: medição dos níveis basais de PRL (os profissionais devem estar cientes dos valores discriminatórios em suas próprias instituições). • Níveis elevados de PRL estão correlacionados com o tamanho do tumor. • Nível > 200 ng/mL indica provável prolactinoma, com níveis de 100 a 200 ng/mL, sendo duvidosos e possivelmente associados a medicamentos ou outras fontes. • Níveis basais de PRL entre 20 e 100 sugerem um microadenoma, bem como outras condições, como a ingestão de drogas psicotrópicas, um exame recente das mamas e até mesmo uma refeição recente. • Nível basal < 20 ng/mL geralmente é considerado normal. Cada laboratório deve desenvolver seus próprios valores normativos e o profissional deve se reportar a esses valores. • O nível limite para obtenção de imagens, como a ressonância magnética (RM), deve ser desenvolvido por provedores individuais, dependendo do nível de especificidade e sensibilidade desejado. Acromegalia • Os primeiros testes de rastreio são a medição do nível sérico de fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF‑ 1) e do GH sérico pós‑ ‑prandial e o teste de estimulação com TRH. • Realizar um teste oral de tolerância à glicose. • A falha em suprimir o GH sérico para < 2 ng/mL com uma carga oral de 100 g de glicose é considerada conclusiva. • Um nível de hormônio liberador de GH > 300 ng/mL é indicativo de uma fonte ectópica de GH. Doença de cushing • A medição do nível de cortisol salivar no final da noite é o melhor teste de triagem. • Níveis normais ou ligeiramente elevados de corticotrofina entre 20 e 200 pg/mL; normal é de 10 a 50 pg/mL (dados normativos devem ser desenvolvidos por cada instituição para sua população). • Nível < 10 pg/mL geralmente indica um tumor suprarrenal de secreção autônoma. • Nível > 200 pg/mL sugere uma neoplasia secretora de corticotrofina ectópica. • Doença de Cushing pode ser avaliada pela ausência de supressão do cortisol pelo teste de dexametasona em baixa dose, mas com a presença de supressão do cortisol após o teste de alta dose. Como um método para distinguir a doença de Cushing de uma fonte ectópica de ACTH, este teste é relevante. • A coleta de urina de 24 horas deve demonstrar um aumento no nível de excreção de cortisol. Adenoma hipofisário secretor de tireotrofina • Os testes de tireotrofina altamente sensíveis, que avaliam a presença de tireotoxicose, são uma forma de detectar um tumor secretor de tireotrofina. • A subunidade alfa livre é secretada por > 80% dos tumores, com relação entre a subunidade alfa e a tireotrofina <1. • Com resistência central ao hormônio tireoidiano, a relação é < 1 e a sela está normal. • Testes laboratoriais mostram níveis séricos de T3 e T4elevados. Adenoma hipofisário não secretor • Teste de campo visual. • Avaliação da função da hipófise e do órgão para determinar se há hipopituitarismo ou hipersecreção de hormônios (mesmo que os efeitos da hipersecreção sejam subclínicos). • TRH para provocar a secreção de FSH, LH e subunidade beta de LH; não provocará resposta em pessoas normais. • Exclusão de síndrome de Klinefelter em paciente com hipogonadismo de longa data primário, níveis elevados de gonadotrofinas e o alargamento da sela. Exames por imagem Exame de escolha: RM da hipófise e do hipotálamo. Se uma RM mostrar o tumor colidindo com o quiasma óptico, então o teste formal de campo visual é indicado. • Ao avaliar a doença de Cushing, tamanho pequeno no início dos sintomas observados. • A RM é, neste caso, apenas 60% sensível na melhor das hipóteses e pode causar resultados falso positivos. • Tomografia computadorizada (TC) somente quando a RM não estiver disponível ou for contraindicada. Tratamento Terapia não farmacológica Cirurgia • A ressecção transeptoesfenoidal seletiva do adenoma (Tabela 2) é o tratamento de escolha para acromegalia, doença de Cushing e adenomas da hipófise secretores de tireotrofina, todos os quais tendem a ser microadenomas no momento que se iniciam os sintomas. • Macroadenomas, como o adenoma da hipófise não secretor, também podem ser removidos cirurgicamente, mas o risco de recorrência desses tumores é maior e a terapia adjuvante, como a irradiação, também pode ser necessária. • Adrenalectomia bilateral foi realizada em pacientes com doença de Cushing, após falha de outras terapias; complicações que requerem a reposição hormonal ao longo da vida ou a síndrome de Nelson (rápido aumento do tumor hipofisário devido à ressecção suprarrenal) podem ocorrer. Tabela 2 Cirurgia transesfenoidal da hipófise Indicações Primárias Geral Compressão do trato visual ou do sistema nervoso central originada de dentro da sela Alívio do hipopituitarismo compressivo pela apresentação de tecido tumoral residual ou recorrente Recorrência tumoral após cirurgia ou irradiação Hemorragia hipofisária Vazamento de líquido cerebroespinal Resistência ao tratamento médico Intolerância ao tratamento médico Escolha pessoal Desejo de gravidez imediata com macroadenoma Necessidade de tecidos para exame histopatológico Específico Acromegalia Doença de Cushing Macroadenoma não funcional clinicamente Prolactinoma Síndrome de Nelson Adenoma secretor de TSH Efeitos colaterais Transitórios Diabetes insípido Vazamento de líquido cerebroespinal e rinorreia Secreção inapropriada de ADH Aracnoidite Meningite Psicose pós‑operatória Hematoma local Lesão da parede arterial Epistaxe Abcesso local Embolia pulmonar Narcolepsia Permanente (até 10%) Diabetes insípido Hipopituitarismo total ou parcial Perda visual Secreção inapropriada de ADH Oclusão vascular Lesão do SNC: paralisia oculomotora, hemiparesia, encefalopatia Perfuração do septo nasal Mortalidade relacionada à cirurgia (até 1%) Cerebral, hipotalâmico Lesão vascular Meningite pós‑operatória Vazamento de líquido cefalorraquidiano Pneumoencéfalo Doença cardiopulmonar aguda Relacionada com a anestesia Convulsão ADH, hormônio antidiurético; SNC, sistema nervoso central; TSH, hormônio estimulante da tireoide. De Melmed S et al: Williams textbook of endocrinology, ed 12, Philadelphia, 2011, WB Saunders. Radioterapia • A radioterapia é usada principalmente como tratamento adjuvante, sendo reservada para pacientes que não responderam ao tratamento cirúrgico e que ainda apresentam sintomas do adenoma. • Usada com vários graus de sucesso em todos os diferentes adenomas da hipófise. • As complicações da radioterapia incluem hipopituitarismo em longo prazo (40% dos pacientes) e neoplasias secundárias (1,5% dos pacientes). Prescrição geral de condição aguda Prolactinoma • Para os prolactinomas, a terapia inicial geralmente é com agonistas da dopamina. A bromocriptina, um análogo da dopamina, geralmente é administrada por via oral em dosesdivididas de 1,5 a 10 mg. A cabergolina é administrada uma ou duas vezes por semana. É mais bem tolerada e mais eficaz que a bromocriptina para encolher o tumor, porém é mais cara. • Os efeitos colaterais incluem hipotensão ortostática, náusea e tontura; inicia‑se com terapia de baixa dose. • Outros compostos incluem mesilato de pergolida, um derivado do ergot de longa ação com propriedades dopaminérgicas, bem como outros derivados não ferrosos. Acromegalia • Análogos da somatostatina: octreotida, lanreotida administrada como injeções mensais. • Cabergolina ou bromocriptina também podem ser usadas. Apresentam atividade modesta, mas podem ser administradas via oral e são menos caras que os análogos da somatostatina. • O pegvisomante também pode ser usado para normalizar os níveis de IGF‑1. Doença de cushing • O cetoconazol, que inibe as enzimas do citocromo P‑450 envolvidas na biossíntese de esteroides, é eficaz para manejo da doença leve a moderada em doses orais diárias de 600 a 1.200 mg. • A metirapona e a aminoglutetimida podem ser usadas para controlar a hipersecreção de cortisol, mas geralmente o são no preparo de um paciente para cirurgia ou enquanto se aguarda uma resposta à radioterapia. Adenoma hipofisário secretor de tireotrofina • A terapia ablativa com iodeto radioativo ou cirurgia é indicada. • O tratamento direcionado apenas para a tireoide pode acelerar o crescimento do adenoma da hipófise. • A octreotida demonstrou ser eficaz em doses semelhantes às utilizadas na acromegalia. Adenoma hipofisário não secretor • Não há função para a terapia médica neste momento. • Cirurgia e radioterapia podem ser indicadas. Um algoritmo para o manejo de adenomas da hipófise não funcionais está descrito na Figura 1. FIG. 1 Manejo de adenomas da hipófise não funcionais. A interpretação especializada das imagens de ressonância magnética é crucial para diagnosticar uma massa não adenomatosa, como um meningioma, aneurisma ou outra lesão selar. (De Melmed S et al: Williams textbook of endocrinology, ed 12, Philadelphia, 2011, WB Saunders.) Prescrição de condição crônica Para todos os adenomas da hipófise: • O acompanhamento cuidadoso é importante. Pacientes submetidos à ressecção microcirúrgica transesfenoidal devem ser acompanhados a cada 4 a 6 semanas para garantir que o adenoma tenha sido completamente removido e que a hipersecreção endócrina esteja resolvida. • Se houver boa resposta clínica, o paciente deve ser monitorado anualmente para recidiva e para acompanhar o nível do hormônio hipersecretado. • Pacientes que foram submetidos a irradiação devem ter um acompanhamento rigoroso, com terapia médica de suporte, porque a resposta à radioterapia pode ser tardia. A incidência de hipopituitarismo também aumenta com o tempo. • A ressecção cirúrgica não é indicada para os incidentalomas da hipófise, que são microadenomas, uma vez que apenas 10% apresentarão crescimento tumoral. Conteúdo correlato Avaliação do Tumor Hipofisário Suspeito (Algoritmo, Seção III) Adenoma da Hipófise (Informação ao Paciente) Acromegalia (Tópico Correlato) Amenorreia (Tópico Correlato) Doença e síndrome de Cushing (Tópico Correlato) Galactorreia (Tópico Correlato) Prolactinoma (Tópico Correlato) AUTOR: RUBEN ALVERO, MD A Anemia Falciforme Informações básicas Definição • A anemia falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia caracterizada pela produção de hemoglobina S causada pela substituição do aminoácido valina por ácido glutâmico na sexta posição da cadeia gama‑globina. Quando expostos a menor tensão de oxigênio, os glóbulos vermelhos (hemácias) assumem uma forma falciforme, resultando em estase das hemácias nos capilares. As crises dolorosas são causadas por lesão isquêmica do tecido resultante da obstrução do fluxo sanguíneo produzido pelos eritrócitos falciformes. As crises vaso‑oclusivas são o principal motivo de internação hospitalar de crianças com anemia falciforme. • Pacientes com anemia falciforme incluem aqueles que são homozigotos para hemoglobina falciforme (HbSS), também chamada de anemia falciforme (AF), e aqueles que portam um gene da hemoglobina falciforme mais um gene de outro tipo anormal de hemoglobina (p. ex., HbS β‑talassemia, HbSC). Sinônimos Anemia falciforme SCA SCD Doença da hemoglobina S CÓDIGOS CID‑10 D57. 1 Anemia falciforme sem crise D57. 20 Anemia falciforme/Hb‑C sem crise D57. 21 1 Anemia falciforme/Hb‑C com síndrome torácica aguda D57. 21 2 Anemia falciforme/Hb‑C com sequestro esplênico D57. 21 9 Anemia falciforme/Hb‑C com crise, não especificada D57. 3 Traço de célula falciforme D57. 40 Talassemia falciforme sem crise D57. 41 1 Talassemia falciforme com síndrome torácica aguda D57. 41 2 Talassemia falciforme com sequestro esplênico D57. 41 9 Talassemia falciforme com crise, não especificada D57. 80 Outras desordens de células falciformes sem crise D57. 81 1 Outros distúrbios falciformes com síndrome torácica aguda D57. 81 2 Outros distúrbios falciformes com sequestro esplênico D57. 81 9 Outras anomalias da célula falciforme com crise, não especificadas Epidemiologia e fatores demográficos • A hemoglobina falciforme S é transmitida por um gene autossômico recessivo. Nos afroamericanos, a incidência de anemia falciforme no nascimento é de 1 em 600 e a incidência de todos os genótipos da anemia falciforme é de 1 em 300. Aproximadamente 90.000 pessoas nos Estados Unidos têm anemia falciforme. • O traço falciforme ocorre em aproximadamente 300 milhões de pessoas em todo o mundo, havendo maior prevalência, de aproximadamente 30% a 40%, na África subsaariana. Nos Estados Unidos, é encontrado em quase 10% dos afroamericanos. • Anualmente, estima‑se que 2.000 bebês nasçam com anemia falciforme nos Estados Unidos e 275.000 no mundo. • Não há sexo predominante. Sinais e sintomas clínicos • O exame físico apresenta achados variáveis dependendo do grau de anemia e da presença de síndromes vaso‑ oclusivas agudas ou de complicações neurológicas, cardiovasculares, genitourinárias e musculoesqueléticas. A Tabela 1 resume os danos nos órgãos observados na anemia falciforme. • A dor em adultos com anemia falciforme é a regra e não a exceção, sendo muito mais prevalente e grave do que o relatado em pesquisas mais antigas em larga escala. • Não há achado clínico laboratorial que seja patognomônico de crise dolorosa da anemia falciforme. O diagnóstico de um episódio doloroso é realizado apenas com base na terapia médica e no exame físico. • Os ossos são o local mais comum de dor. A dactilite, ou síndrome mão‑pé (tumefação aguda e dolorosa das mãos e dos pés), é a primeira manifestação da anemia falciforme em muitas crianças. Irritabilidade e recusa de andar são outros sintomas comuns. Após a infância, a dor musculoesquelética pode ser simétrica, assimétrica ou migratória, podendo ou não estar associada a tumefação, febre baixa, rubor ou calor. • Em crianças e adultos, os episódios vaso‑oclusivos falciformes são difíceis de distinguir de osteomielite, artrite séptica, sinovite, febre reumática ou gota. • Quando houver dor abdominal ou visceral, deve‑se ter o cuidado de excluir síndromes de sequestro (baço, fígado) ou a possibilidade de uma condição aguda, como apendicite, pancreatite, colecistite, infecção do trato urinário, doença inflamatória pélvica ou tumor maligno. • A pneumonia se desenvolve durante a evolução do quadro em 20% dos eventos dolorosos e pode se apresentar como dor torácica e abdominal. Nos adultos, a dor torácica pode ser resultado de vaso‑oclusão nas costelas e, muitas vezes, precede um evento pulmonar. A região lombar também é um local frequente de crise dolorosa em adultos. • A síndrome torácica aguda manifesta‑se com dor no tórax, febre, chiado, taquipneia e tosse. A radiografia de tórax pode revelar infiltrados pulmonares. Causas comuns incluem infecção (Mycoplasma, Chlamydia, vírus), infarto e embolia gordurosa. • As anomalias musculoesqueléticas e cutâneas observadas na anemia falciforme incluem úlceras nas pernas(particularmente nos maléolos) e deformidades da cintura escapular causadas por necrose avascular da cabeça do fêmur e do úmero. A osteonecrose da cabeça do fêmur e do úmero é encontrada em quase 50% dos adultos com anemia falciforme. • Anormalidades endócrinas incluem maturação sexual tardia e maturação física tardia, especialmente mais evidente em meninos. • Anormalidades neurológicas no exame podem incluir convulsões e estado mental alterado. Os derrames ocorrem em cerca de 10% das crianças e adultos com anemia falciforme, e aproximadamente 35% das crianças com anemia falciforme apresentam doença cerebrovascular. • Infecções, particularmente envolvendo Salmonella, Mycoplasma e Streptococcus, são relativamente comuns. • Esplenomegalia grave, como resultado de sequestro, geralmente ocorre em crianças antes da atrofia esplênica. Tabela 1 Danos observados nos órgãos devido à anemia falciforme Órgão ou Sistema Dano Pele Úlcera de estase Sistema nervoso central Acidente vascular cerebral Olho Hemorragia retinal, retinopatia Cardíaco Insuficiência cardíaca congestiva Pulmonar Shunt intrapulmonar, embolia, infarto, infecção Vascular Fenômeno oclusivo em qualquer local Fígado Infarto hepático, hepatite resultante de transfusão, sequestro hepático, colestase intra‑hepática Vesícula biliar Aumento da incidência de cálculos biliares de bilirrubina causados por hemólise Baço Sequestro agudo Urinário Hipostenúria, hematúria Genital Diminuição da fertilidade, impotência, priapismo Esquelético Infartos ósseos, osteomielite, necrose asséptica Placenta Insuficiência com perda fetal Leucócitos Imunodeficiência relativa Eritrócitos Hemólise crônica De Marx J et al: Rosen’s emergency medicine: concepts and clinical practice, ed 7, Philadelphia, 2010, Mosby. Diagnóstico Diagnóstico diferencial • Talassemia. • Anemia ferropriva, leucemia. • O diagnóstico diferencial de pacientes que apresentam crise dolorosa é discutido em “Sinais e Sintomas Clínicos”. Exame clínico completo • A triagem de todos os neonatos, independentemente do histórico racial, é realizada nos Estados Unidos. O rastreio pode ser realizado por meio do teste de redução de metabissulfito de sódio (teste de Sickledex). • A eletroforese de hemoglobina também confirmará o diagnóstico e é útil para identificar variantes da hemoglobina, como hemoglobina fetal e hemoglobina A2. • A anemia falciforme engloba genótipos associados à hemólise e crise vaso‑oclusiva. Os resultados de eletroforese da hemoglobina, volume corpuscular médio, morfologia eritrocitária e grau de anemia podem ser usados para diferenciar as síndromes das células falciformes. • Para o diagnóstico pré‑natal, o passo inicial é a identificação da mutação do gene da globina parenteral por testes baseados em DNA. Se positivo, então testes baseados em DNA de amostras das vilosidades coriônicas ou células do líquido amniótico são realizados. Exames laboratoriais • Anemia (resultante de hemólise crônica), reticulocitose, leucocitose e trombocitose são comuns. • Elevações nos níveis de bilirrubina e desidrogenase lática também são comuns. • O esfregaço do sangue periférico pode revelar células falciformes, células‑alvo, poiquilocitose e hipocromia (Fig. 1). • Elevação dos níveis de nitrogênio ureico e creatinina no sangue pode estar presente nos pacientes com insuficiência renal progressiva. • A urinálise pode revelar hematúria e proteinúria. Pacientes com anemia falciforme devem ser rastreados para microalbuminúria e proteinúria com teste de urina aos 10 anos de idade. FIG. 1 Fotomicrografia de esfregaço de sangue periférico com células falciformes, típico da anemia falciforme.(De Andreoli TE [ed]: Cecil essentials of medicine,ed 4, Philadelphia, 1997, Saunders.) Exames por imagem • A radiografia de tórax é útil para pacientes com síndrome torácica. A cardiomegalia pode estar presente na radiografia de tórax. • A ressonância magnética (RM) ou a cintilografia óssea são úteis para descartar suspeita de osteomielite (geralmente o resultado de infecção por Salmonella). • A tomografia computadorizada (TC) ou RM do cérebro não são indicadas para adultos assintomáticos e crianças com anemia falciforme, mas frequentemente são necessárias em pacientes com complicações neurológicas, como crise isquêmica transitória, acidente vascular cerebral (AVC), convulsões ou estado mental alterado. • A ultrassonografia transcraniana com Doppler (USTCD) é útil para identificar crianças com anemia falciforme que estão em risco de AVC. Deve haver uma triagem anual a partir dos 2 anos de idade até os 16 anos. Os pacientes que estiverem em risco (velocidade de Doppler transcraniano ≥ 200 cm/s) devem ser incluídos em programas de transfusão de longo prazo, os quais são eficazes na redução do risco de AVC em > 90%. Nos adultos, a angiografia por ressonância magnética (angiorressonância magnética) pode ser usada em vez da USTCD para identificar aqueles com risco de AVC. • A ecocardiografia com Doppler pode ser útil para diagnóstico de hipertensão pulmonar, mas apresenta baixo valor preditivo positivo. O rastreamento da vasculopatia é realizado estimando‑se a velocidade do jato regurgitante tricúspide (TRV). Valores elevados são preditivos de mortalidade precoce. A prevalência da hipertensão pulmonar quando o cateterismo cardíaco direito é realizado é de aproximadamente 6% nos adultos com anemia falciforme. Tratamento Terapia não farmacológica • Os pacientes devem ser instruídos a evitar condições que possam precipitar uma crise de falcização, como hipóxia, infecções, acidose e desidratação. • Manter hidratação adequada (via oral [VO] ou intravenosa [IV]). • Corrigir a hipóxia. Prescrição geral de condição aguda • Diagnosticar agressivamente e tratar infecções suspeitas (osteomielite por Salmonella e infecções pneumocócicas ocorrem mais frequentemente em pacientes com anemia falciforme devida a infartos esplênicos e atrofia). A terapia combinada com uma cefalosporina e eritromicina mais espirometria de incentivo e broncodilatadores é útil para os pacientes com síndrome torácica aguda. • Proporcionar alívio da dor durante a crise vaso‑oclusiva. O medo de criar ou perpetuar o vício ou de serem enganados pelos pacientes muitas vezes faz com que os médicos prescrevam doses subterapêuticas de opioides. As evidências disponíveis sugerem, no entanto, que a prevalência de dependência de drogas entre pacientes com anemia falciforme não é maior do que na população geral dos EUA. Os medicamentos devem ser administrados em horário fixo, com um intervalo de dosagem que não se estenda além da duração do efeito farmacológico desejado. 1. A meperidina é contraindicada para pacientes com disfunção renal ou doença do sistema nervoso central porque seu metabólito, a normeperidina (que é excretado pelos rins), pode causar convulsões. 2. Narcóticos (p. ex., morfina 0,1 mg/kg IV a cada 3‑4 h ou 0,3 mg/kg VO a cada 4 h) devem ser administrados em um esquema fixo (sempre para dor), com dose de resgate para dor irruptiva, conforme necessário. 3. Exceto quando houver contraindicações, o uso concomitante de anti‑inflamatórios não esteroidais (AINEs) deve ser o tratamento padrão. 4. Os enfermeiros devem ser instruídos a não administrar narcóticos se o paciente estiver fortemente sedado ou se a respiração estiver deprimida. 5. Quando o paciente apresenta sinais de melhora, os narcóticos devem ser gradualmente reduzidos para evitar a síndrome de abstinência. É aconselhável observar o paciente sob medicação oral para alívio da dor por 12 a 24 horas antes da alta hospitalar. 6. Medicamentos analgésicos devem ser usados de forma combinada com modalidades psicológicas, comportamentais e físicas no manejo da anemia falciforme. ▪ A espirometria de incentivo é recomendada a pacientes hospitalizados por crise vaso‑ oclusiva. • Diagnosticar e tratar agressivamente qualquer possível complicação (p. ex., necrose séptica da cabeça do fêmur, priapismo, infartos ósseos e síndrome torácica aguda). • Asestratégias gerais para o manejo da síndrome torácica aguda estão descritas na Tabela 2. • A hidroxiureia (15 mg/kg de peso corporal por dia em pacientes com eliminação normal da creatinina) aumenta os níveis de hemoglobina F e reduz a incidência de complicações vaso‑oclusivas, geralmente sendo bem tolerada. Os efeitos colaterais consistem principalmente em neutropenia leve e reversível. Há fortes evidências que apoiam o uso do tratamento de pacientes a partir de 9 meses ou mais com hidroxiureia para diminuir a frequência de crises vaso‑oclusivas e síndrome torácica aguda. A terapia com hidroxiureia também é fortemente recomendada para adultos com três ou mais crises vaso‑oclusivas durante qualquer período de 12 meses, com dor SCD ou anemia crônica que interfere nas atividades diárias ou com episódios graves ou recorrentes de síndrome torácica aguda. Deve ser evitada em pacientes com leucopenia, trombocitopenia ou anemia hipoplásica grave. É indicada para adultos com anemia falciforme com doença moderada a grave, tipicamente aqueles com três ou mais crises dolorosas agudas ou episódios de síndrome torácica aguda no ano anterior. • Reposição de ácido fólico (1 mg VO ao dia) devido à perda por aumento da utilização dos depósitos de ácido fólico em função da hemólise crônica. Pacientes com anemia falciforme também apresentam deficiências minerais e vitamínicas (cálcio, zinco e vitaminas A, C, D e E) e podem necessitar de suplementação vitamínica e nutricional. Tabela 2 Estratégias gerais para manejo da síndrome torácica aguda. Prevenção Espirometria de incentivo e deambulação periódica em pacientes internados por crises vaso‑oclusivas, cirurgia ou episódios febris. Espera vigilante em qualquer criança hospitalizada ou adulta com anemia falciforme (monitoramento da oximetria de pulso e avaliações respiratórias frequentes) Evitar a hiper‑hidratação Educação intensa e cuidados otimizados de pacientes com anemia falciforme e asma Teste de Diagnóstico e Monitoramento Laboratorial Hemoculturas Amostras nasofaríngeas para cultura viral (vírus sincicial respiratório, influenza) Contagem sanguínea todos os dias e a química apropriada Oximetria de pulso contínua Radiografias torácicas Tratamento Transfusão de sangue (simples ou troca) O2 suplementar para queda na oximetria de pulso de 4% em relação à linha de base, ou valores < 90% Antibióticos empíricos (cefalosporina e macrolídeo) Terapia respiratória contínua (espirometria de incentivo e fisioterapia torácica, se necessário) Broncodilatadores e esteroides para pacientes com asma Controle ótimo da dor e controle de fluidos De Kliegman RM et al: Nelson textbook of pediatrics, ed 19, Philadelphia, 2011, Saunders. Prescrição de condição crônica • As diretrizes relacionadas com o tratamento imediato de febre, infecções, dor e complicações específicas devem ser revisadas. • Recomenda‑se aconselhamento genético para todos os casos. • Infartos cerebrais silenciosos constituem a lesão neurológica mais comum em crianças com anemia falciforme e estão associados a recorrência de infarto (AVC ou infarto cerebral silencioso) e comprometimento da cognição. Um estudo recente revelou que a terapia de transfusão sanguínea regular reduziu significativamente a incidência de infarto cerebral em crianças com anemia falciforme. Pesquisas adicionais são necessárias antes que esses resultados possam ser traduzidos na prática médica para prevenir o AVC e evitar transfusões desnecessárias. Transfusões de troca podem ser necessárias para pacientes com sinais neurológicos agudos, em crise aplásica ou submetidos a cirurgia. O nível alvo de hemoglobina é de 10 a 11 g/dL (hematócrito 30%). A transfusão para Hb/H笎� mais elevada deve ser evitada devido à hiperviscosidade associada, se houver uma porção substancial de HbS no sangue. As indicações para transfusão na anemia falciforme estão descritas na Tabela 3. O nível sérico de ferritina deve ser monitorado trimestralmente. A sobrecarga de ferro em virtude das transfusões de sangue (hemossiderose transfusional) pode ser tratada com agentes quelantes (deferoxamina [infusão subcutânea [SC]], deferasirox [VO] e deferiprona [VO]). • A terapia genética para pacientes com anemia falciforme representa uma nova abordagem. Recentemente, um paciente foi tratado com sucesso por meio da adição mediada por vetor lentiviral de um gene da β‑globina antifalcização (antisickling) em células‑tronco hematopoiéticas autólogas. Quinze meses após o tratamento, o nível de β‑globina antifalcização (antisickling) terapêutica permaneceu alto (aproximadamente 50% das cadeias de β‑ globina) sem recorrência de crises falciformes e com correção dos sinais biológicos da doença.1 • A terapia com inibidor da enzima conversora da angiotensina (IECA) é recomendada paramicroalbuminúria em adultos com anemia falciforme. • Crianças e adultos com retinopatia falciforme proliferativa devem ser encaminhados para especialistas para fotocoagulação a laser. • O transplante alogênico de células‑tronco pode ser curativo em pacientes jovens com anemia falciforme sintomática, no entanto a taxa de mortalidade do procedimento é de quase 10%, os receptores de medula provavelmente são inférteis e há um risco indefinido de desenvolvimento de doença maligna induzida pela quimioterapia. O transplante de células‑tronco mieloablativo geralmente é limitado a crianças menores de 16 anos com doença grave. • A penicilina V 125 mg VO deve ser administrada por volta dos 2 meses e aumentada para 250 mg por 3 anos. A profilaxia com penicilina pode ser descontinuada após os 5 anos de idade, exceto em crianças que fizeram a esplenectomia. • A Tabela 4 resume os tratamentos modificadores da doença a serem considerados. Tabela 3 Indicações para transfusão na anemia falciforme Duração Consenso Método Objetivo* Acidente vascular cerebral agudo Único + Ex Hgb < 30% Acidente vascular cerebral, cuidados contínuos Crônico + Qualquer Hgb < 30% Doppler transcraniano de alta velocidade Crônico + Qualquer Hgb < 30% SCA, episódio inicial Único + Dir > Ex Hb 10 SCA, recorrente 6 a 12 meses + Qualquer Hipertensão pulmonar Crônico + Qualquer Falha de múltiplos órgãos Único + Ex Grande cirurgia Único + Dir Hb 10 Anemia aguda Único + Dir Sequestro recorrente do baço Crônica + Sepse/meningite Único + Dir Dor crônica grave 6 a 12 meses + Insuficiência cardíaca congestiva Crônica + Infarto silencioso com neuropsicologia anormal Crônica ‑ Gravidez ‑ Anemia/insuficiência renal Crônica ‑ Úlceras da perna 6 a 12 meses ‑ Atraso de crescimento grave ‑ Doença ocular grave ‑ Priapismo ‑ SCA, síndrome do tórax agudo; Dir, direto; Ex, troca; Hb, tipo de hemoglobina; Hgb, concentração de hemoglobina; +, consenso alcançado; , consenso não alcançado. * Objetivo da transfusão se um consenso foi alcançado. De Fuhrman BP et al: Pediatric critical care, ed 4, Philadelphia, 2011, Saunders. Tabela 4 Tratamentos modificadores de doenças a considerar* Dados Clínicos Relevantes Profilaxia com Penicilina Vacinação contra Streptococcus pneumoniae Hidroxiureia Transfusão de troca crônica Quelação de ferro para sobrecarga crônica de ferro† Dados clínicos limitados Suplementação de folato‡ Vacinação contra Haemophilus influenzae Vacinação contra Influenza Eritropoietina Flebotomia Experimental Reativação da Hb F com decitabina, inibidores da histona desacetilase ou imidos Eritropoietina para reticulocitopenia relativa crônica Suplementos nutricionais e antioxidantes (p. ex., glutamina, zinco, multivitaminas) N‑acetilcisteína Hb F, hemoglobina fetal. * Ver o texto para indicações e limitações específicas. † Melhores dados a partir da experiência do paciente com talassemia. ‡ Riscos mínimos (no entanto, pode mascarar a deficiência de vitamina B12). Portanto, geralmente é feito. De Hoffman R: Hematology, basic principles and practice, ed 6, Philadelphia, 2013, Saunders. Encaminhamento • A hospitalização geralmente é recomendada para a maioria das crises e complicações.
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