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FISIOLOGIA CAMILA SANTIAGO FISIOLOGIA | MEDICINA FISIOLOGIA 02: FILTRAÇÃO GLOMERULAR - A formação da urina pelos rins envolve: filtração, reabsorção e secreção. Durante a filtração, grande quantidade de água e solutos passam pela membrana de filtração do sangue para a cápsula glomerular. - Ultra filtração glomerular: o filtrado glomerular tem uma composição idêntica ao plasma, exceto no conteúdo de proteínas, que virtualmente não existem no filtrado e nos elementos celulares, que estão ausentes. - No ser humano adulto a filtração é de cerca de 125ml por minuto ou 180L ao dia. A fração do fluxo plasmático filtrado, é em média de 20% do plasma que fluem pelos rins. - Membrana capilar glomerular: semelhante a encontrada em outros capilares. Exceto por possuir 3 camadas principais, que formam a barreira de filtração: ✓ Endotélio fenestrado dos capilares ✓ Membrana basal (matriz contendo colágeno e glicoproteínas – primeiro local de restrição às proteínas plasmáticas) ✓ Lâmina interna da cápsula de Bowman (podócitos com diafragmas de filtração entre os pedicelos) - Alta intensidade de filtração pela membrana capilar glomerular, não filtram proteínas plasmáticas. Embora as fenestras do endotélio sejam grandes, as proteínas das células são ricas em cargas negativas que impedem a passagem das proteínas plasmáticas. - A membrana basal reveste o endotélio e filtra grande quantidade de água e pequenos solutos. Ela evita efetivamente a filtração das proteínas plasmáticas devido as cargas negativas dos proteoglicanos. - As células epiteliais que recobrem a superfície externa do glomérulo não são contínuas e possuem os podócitos que revestem a superfície dos capilares. Os podócitos são separados por lacunas (fendas de filtração) pelas quais o filtrado se desloca. Elas também possuem cargas negativas que criam mais restrições para a filtração das proteínas plasmáticas. - Tamanho e carga elétrica dos solutos: ✓ À medida que o peso molecular dos solutos aumenta, sua filtração diminui. ✓ As moléculas carregadas negativamente são filtradas com mais facilidade do que as positivamente devido a presença das cargas negativas na barreira. - Proteinúria: quando proteínas com baixo peso molecular são filtradas e permanecem na urina, principalmente a albumina. Pode ocorrer por perda da seletividade pela carga (aumento da excreção das globulinas) ou pelo tamanho (aumento da excreção da albumina e globulinas) - Determinantes da taxa de filtração glomerular: a GRF é um índice da função renal. Uma queda em geral indica a progressão de uma doença e o retorno normal indica a recuperação. - Ela é determinada por: 1. Equilíbrio das forças hidrostáticas e osmótica através da membrana capilar (pressão efetiva de filtração) 2. Coeficiente de filtração (Kf) que é o produto da área de superfície com a permeabilidade dos capilares (Kf = 12,5 ml por minuto x mmHg) Ela pode ser expressa por: GRF = Kf x Pressão filtração - Características da membrana de filtração: o diâmetro das fenestrações da membrana basal limita o peso molecular das substâncias filtradas. Logo, a retenção de proteínas de alto peso molecular possibilita o aumento da pressão coloidosmótica intravascular pós filtração glomerular. - Possuem permeabilidade seletiva para proteínas - Determinantes da filtração glomerular – fatores hemodinâmicos (forças de Starling): o fluxo sanguíneo plasmático glomerular é influenciado pelo tônus das resistências das arteríolas aferente e eferente. ✓ Pressão hidrostática transglomerular: favorece a filtração glomerular ✓ Pressão oncótica transglomerular: pressão exercida pelas proteínas FISIOLOGIA CAMILA SANTIAGO FISIOLOGIA | MEDICINA - Pressão de filtração: é a soma das forças hidrostáticas e osmóticas (diferença entre as pressões no glomérulo e no espaço da capsula de Bowman) que atuam ao nível dos capilares glomerulares. 1. Pressão hidrostática glomerular (PG): normalmente de 60 mmHg, promove a filtração 2. Pressão hidrostática na capsula de Bowman (PB): normalmente de 18 mmHg, opõe-se a filtração 3. Pressão coloide osmótica glomerular (PCOG): a média é de 32 mmHg, opõe-se a filtração 4. Pressão coloide osmótica capsular (PCOC): é aproximadamente zero, pouco efeito em condições normais PF = PG – PB – PCOG = 10 mmHg PF = 60 – 18 – 32 = 10 mmHg - Logo, a taxa de filtração glomerular (TFG) é igual ao valor da constante (12,5) x o da pressão efetiva de filtração (10), o que leva a um resultado de 125ml por minuto. A TFG = 125 - Quanto maior a fração de filtração, maior a concentração das proteínas plasmáticas e maior a pressão coloidosmótica glomerular. - Pressão de filtração: ✓ A diminuição do Kf diminui a GFR. Pode ocorrer na hipertensão e na diabetes mellitus, ela é reduzida pela maior espessura da membrana glomerular ou por perda de superfície de filtração (lesão nos capilares). ✓ Aumento da pressão na cápsula de Bowman diminui a GRF. Pode ocorrer na obstrução do ureter por um cálculo. ✓ Aumento da pressão coloide osmótica glomerular diminui a GRF. Ela é influenciada pela pressão coloide osmótica arterial, desse modo o aumento desta conduz a um aumento glomerular. ✓ Aumento da pressão hidrostática glomerular aumenta a GRF. A PG é determinada pela: 1. Pressão arterial: seu aumento tende a aumentar a PG, no entanto, é normalmente controlado pelo mecanismo de autorregulação 2. Resistência arteriolar eferente: seu aumento conduz à elevação da PG e tende a aumentar a GFR durante o intervalo em que o fluxo renal não é comprometido - Fatores que influenciam a filtração glomerular: ✓ Aumento da permeabilidade da superfície filtrante aumenta a FG ✓ Aumento da pressão hidrostática na cápsula de Bowman diminui a FG ✓ Aumento da pressão oncótica nos capilares glomerulares diminui a FG ✓ Aumento da pressão hidrostática nos capilares aumenta a filtração glomerular - Regulação da FG (filtração glomerular): a pressão hidrostática glomerular e a pressão oncótica glomerular são os determinantes da GFR mais susceptíveis de controle fisiológico, nomeadamente por intermédio do sistema nervoso simpático, hormônios e autacóides (substâncias vasoativas liberadas pelo rim) e outros mecanismos de feedback intrarrenal. 1. A ativação do sistema nervoso simpático diminui a GFR (taxa de filtração glomerular), uma ativação forte do SNC leva à constituição das arteríolas renais, diminuindo o fluxo sanguíneo renal e a GFR. Pode ocorrer na isquemia cerebral ou hemorragia grave. 2. Os hormônios e autacóides controlam a GFR e o fluxo sanguíneo renal. - Norepinefrina, epinefrina e endotelina: provocam a constrição dos vasos sanguíneos rena is e diminuem a FG - Angiotensina II: provoca a constrição das arteríolas eferentes, mas aumenta a FG - Oxido nítrico: diminui a resistência vascular e aumenta a FG - Prostaglandinas e bradicininas: reduzem a resistência vascular renal - Auto regulação do fluxo sanguíneo renal e da FG: permite uma constância relativa da GFR (taxa) e do fluxo sanguíneo renal (RBF) dentro de um intervalo de pressões (75 a 160 mmHg), prevenindo que alterações sistêmicas de pressão sanguínea repercutam sobre a GFR - Feedback túbulo glomerular: é o componente fundamental da autorregulação, depende do complexo justaglomerular, formado pelas células da mácula densa e células justaglomerulares - Quando a pressão sanguínea diminui, a concentração de NaCl ao nível da mácula densa diminui, o que conduz a dois efeitos: 1. diminuição da resistência das arteríolas aferentes, com aumento da PG e da GFR em direção a valores normais 2. aumento da liberação de renina pelas células justaglomerulares, que leva ao aumento de angiotensina II, contrição da arteríola eferente e elevação da PG e da GFR em direção e valoresnormais FISIOLOGIA CAMILA SANTIAGO FISIOLOGIA | MEDICINA - Mecanismos renais extrínsecos: ✓ Influência do SNC ✓ Inervação das arteríolas aferente e eferente ✓ Influência proporcional à queda da PA - Mecanismos renais intrínsecos: ✓ Mecanismo miogênico: intrínseco da arteríola aferente que a contrai quando aumenta a pressão hidrostática (eficiente) ou relaxa quando diminui (ineficiente) ✓ Mecanismo túbulo glomerular: no aumento da pressão hidrostática a macula estimula a secreção de vasoconstritores e na diminuição não tem efeito eficiente local - O mecanismo miogênico refere-se à capacidade intrínseca dos vasos sanguíneos de se contraírem quando a pressão sanguínea aumenta, o que previne o estiramento excessivo dos vasos e o aumento excessivo da GFR e do RBF (fluxo sanguíneo renal) ✓ Autorregulação miogênica da GFR – exercício: se a GFR não fosse automaticamente regulada pelo corpo, poderia haver aumento quando ocorresse a realização de exercício, levando a um aumento da pressão sistêmica e da pressão hidrostática glomerular. A autorregulação ocorre pela vasoconstrição da arteríola aferente, retornando a pressão hidrostática normal e a GFR também ✓ Autorregulação miogênica da GFR – relaxamento: quando estamos relaxados, nossa pressão sistêmica diminui. Se não houvesse a autorregulação, as arteríolas aferentes manteriam o mesmo diâmetro, reduzindo a pressão hidrostática glomerular e também a GFR. A autorregulação dilata a arteríola aferente, aumentando a pressão hidrostática e retornando a GFR normal - Outros fatores que influenciam a GFR e o RBF ✓ Dieta rica em proteínas: causa aumento do GFR e do RBF (por estimulação do crescimento dos rins e por redução de resistência vascular renal) ✓ Hiperglicemia: a glicose é co-transportada com o sódio no túbulo proximal ✓ Glicocorticoides: diminuem a resistência vascular renal, aumentando a GFB e o RBF ✓ Idade: diminui GFB e RBF por redução do número de néfrons funcionantes - Hipertensão arterial: causa doença renal e a doença renal causa a hipertensão - O controle da PA é realizado pela ativação do SRAA - A HÁ sistêmica: consiste na sistólica acima de 140 mmHg e a diastólica acima de 90 mmHg. A primária ocorre em 95% dos casos sem causa definida, estando relacionada com genética, obesidade, cigarro e alcoolismo. A secundária está relacionada com doenças renais, drogas, excesso de secreção de aldosterona, gravidez e doenças endócrinas - O tratamento indicado é a mudança no estilo de vida e uso de drogas anti-hipertensivas
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