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05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 1/58 Métodos adequados de solução de con�itos Prof. Adriano Moura da Fonseca Pinto, Prof. Felipe Varela Mello Descrição A teorização e identificação dos chamados métodos adequados de solução de conflitos no âmbito do acesso à Justiça multiportas e a política pública de tratamento de conflitos no Brasil. Propósito Compreender a realidade contemporânea do tratamento aos conflitos significa desconstruir o paradigma clássico da atuação do Poder Judiciário que substitui a vontade das partes por outros métodos, técnicas e espaços que têm proporcionado soluções tidas como mais adequadas aos conflitos e personagens envolvidos, sendo essencial ao estudante e profissional do campo de trabalho contemporâneo. Preparação Antes de iniciar o estudo do presente conteúdo, tenha em mãos a Constituição da República, o Código de Processo Civil, a Lei nº. 9.307 e a Lei nº. 13.140. Objetivos 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 2/58 Módulo 1 Aspectos históricos e sociológicos dos métodos adequados de solução de con�itos Reconhecer aspectos históricos e repercussões sociológicas dos métodos adequados de solução de conflitos. Módulo 2 Política judiciária nacional de tratamento dos con�itos Relacionar a Política Nacional de Tratamento de Conflitos no Brasil com os métodos adequados de solução de conflitos no Brasil. Módulo 3 As diferentes formas de solução dos con�itos Distinguir as características gerais e específicas dos métodos adequados de solução de conflitos e suas respectivas práticas. O tratamento dado à solução dos conflitos pelo ser humano é um conjunto bem amplo de aplicações de forma e conteúdo variados, proporcional à diversidade das possíveis relações sociais aos quais estão submetidas as pessoas naturais e suas mais variadas representações na vida cotidiana. A ideia artificial da pacificação social é muitas das vezes substituída pela realidade de contenção Introdução 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 3/58 1 - Aspectos históricos e sociológicos dos métodos adequados de solução de con�itos normativa estatal do comportamento humano face a limites previamente acordados por instituições. No entanto, para além da Igreja e sua representação estatal, bem como o surgimento e fortalecimento dos Estados laicos e suas divisões organizadas de funções públicas, a possibilidade do consenso partindo ou sendo construído com o envolvimento dos interessados tem proporcionado significativos câmbios na forma de se buscar Justiça, Direitos e a ideia de legitimação do que é certo ou errado. Seja no próprio espaço dos processos judiciais, seja em outras áreas públicas e instituições privadas, métodos entendidos como mais adequados a solucionar os conflitos são colocados à prova, inclusive em modo digital, demandando uma nova leitura e prática daqueles que atuarão profissionalmente com conflitos, em especial com o respectivo tratamento jurídico dos conflitos e suas consequências. Por isso, neste conteúdo entenderemos a importância dos métodos adequados de solução de conflitos na contemporaneidade e apresentaremos as suas dimensões históricas, socioculturais e normativas. Veremos, também, a política pública brasileira de tratamento adequado dos conflitos e suas implicações aos profissionais em formação e atuação nos mais variados métodos. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 4/58 Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer aspectos históricos e repercussões sociológicas dos métodos adequados de solução de con�itos. Ligando os pontos Os métodos adequados de solução de conflitos representam uma gama de metodologias e formas de solução de conflitos à disposição das partes. Não necessariamente o Poder Judiciário, portanto, deve ser sempre a primeira e melhor opção para que controvérsias sejam resolvidas. Desde a época do Brasil Império, tais métodos são mencionados de forma expressa na legislação brasileira, sendo certo que, em alguns momentos, o legislador os imprimiu maior importância e, em outros momentos, menor. Imagine a seguinte situação: Roberta é advogada e desejava passar suas férias de 2021 com o namorado nos Estados Unidos. Às vésperas da viagem, contudo, sua passagem de avião foi cancelada pela companhia aérea sem justificativa e ela não conseguiu viajar. Não bastasse isso, Roberta não foi reembolsada do que havia pagado pela passagem. Ciente de que um processo judicial poderia demorar mais tempo do que estava disposta a dispender, Roberta tentou inicialmente resolver o impasse de forma consensual. Sem sucesso por telefone, decidiu utilizar o site “consumidor.gov.br” – serviço público e gratuito que permite a interlocução direta entre consumidores e empresas para solução alternativa de conflitos de consumo pela internet. Embora receosa do uso da ferramenta, ela se surpreendeu com seus resultados. Em menos de dez dias, a companhia aérea – que era devidamente cadastrada no consumidor.gov.br – Ressarciu Roberta dos prejuízos que havia sofrido. Considerando o case narrado, é hora de aplicar seus conhecimentos. Vamos ligar esses pontos? Questão 1 Diante da hipótese narrada e baseado em sua experiência, assinale a alternativa que você considera mais adequada: Roberta não deveria ter se utilizado do “consumidor.gov.br”, pois para casos de prejuízos 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 5/58 Parabéns! A alternativa D está correta. Ajuizar ação judicial poderia ter sido a primeira opção para Roberta, mas a solução consensual foi a que entendeu mais adequada para resolver a controvérsia, sendo certo que a celebração de acordo com a companhia aérea não ofende, por si só, a Constituição Federal ou normas infraconstitucionais. Questão 2 Indique a alternativa correta, considerando o cenário de ajuizamento de ação judicial por Roberta contra a companhia aérea: A decorrentes de cancelamento de voo, o Poder Judiciário é sempre a melhor opção. B Roberta não deveria ter se utilizado do “consumidor.gov.br”, pois tal ferramenta afronta ao princípio do acesso à justiça, sendo considerada meio inconstitucional. C Roberta agiu certo ao utilizar o “consumidor.gov.br”, pois desde a Constituição de 1824, a tentativa de acordo antes do ajuizamento da ação é medida de caráter obrigatório. D Roberta poderia ter acionado o Poder Judiciário, mas, ciente das opções que possuía para solucionar a controvérsia, optou pela via consensual, tendo, ao final, resolvido seu problema sem ofender normas de direito constitucional ou infraconstitucional. E Apenas a arbitragem poderia ter sido utilizada por Roberta para resolver o impasse do caso concreto. A Roberta não mais pode celebrar acordo com a companhia aérea, após o ajuizamento da ação. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 6/58 Parabéns! A alternativa C está correta. o ajuizamento de ação por Roberta não impede a tentativa de resolver a controvérsia com a companhia aérea via conciliação ou mediação. Tais métodos devem ser estimulados por juízes, advogados e demais operadores do Direito, inclusive, durante o curso do processo judicial, nos termos do art. 3º, §3º, do CPC. Questão 3 Indique ao menos dois métodos adequados de solução de conflitos existentes no ordenamento jurídico brasileiro e duas possíveis vantagens em sua utilização em detrimento do Poder Judiciário.Digite sua resposta Chave de resposta B Além do processo judicial, a única forma de Roberta resolver sua controvérsia é por meio da mediação extrajudicial. C Roberta e a companhia aérea ainda podem se utilizar de métodos adequados de resolução de conflitos, como a mediação e conciliação, para resolver a controvérsia. D Roberta pode se valer de procedimento arbitral concomitantemente ao trâmite do processo judicial. E Roberta somente pode ter sua ação julgada no mérito, caso comprove má-fé da companhia aérea durante a tentativa prévia de acordo. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 7/58 Existem diversos métodos de solução de conflitos, a exemplo da conciliação e mediação. Duas vantagens desses métodos são a celeridade na resolução do conflito e a redução de gastos por ambas as partes. A conciliação e a mediação são procedimentos normalmente rápidos, que podem ser finalizados em poucos meses, ao passo que ações judiciais podem se estender durante anos. A redução de gastos, por sua vez, é também uma vantagem a ser considerada, tendo em vista que as partes não terão despesas com honorários de sucumbência e custas judiciais na mediação e conciliação. Conceitos iniciais O que são métodos adequados de solução de con�itos? Neste vídeo, o professor discorre sobre os métodos adequados de solução de conflitos, trazendo suas noções fundamentais. Antes de mais nada: Você sabe o que signi�cam os chamados “métodos adequados de solução de con�itos”? 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 8/58 Pois é, antes de olhar para a linha do tempo e do espaço, vamos deixar esse ponto conceitual bem claro? Em tese e do ponto de vista meramente formal, por métodos adequados de solução de conflitos, é possível compreender a diversidade de metodologias e formas de proceder próprias para a solução de um conflito, normalmente em face de mais de uma pessoa. Sim, é isso mesmo, vejamos um exemplo: Exemplo A vida cotidiana de um casal que tenha dois filhos e precisa, quase todo dia, resolver os conflitos domésticos. O casal não deve ter como primeira e rotineira opção acionar o 190, buscando o serviço da Polícia Militar em seu Estado. Tampouco irá propor, de cara, o exercício de ação judicial perante o Excelentíssimo Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca. Não! O casal pode até chegar a tais espaços, mas usa, na forma da natureza humana e das previsões legais, os direitos e deveres do Poder Familiar para, na melhor forma que entender, buscar contornar seus conflitos com os filhos. Por outro lado, se o veículo do casal é furtado, em via pública ou privada, deverá haver um registro de ocorrência junto à autoridade policial correspondente e, quem sabe, até mesmo ação judicial futura. Em um terceiro exemplo, se o Ministério Público toma ciência da ocorrência de um homicídio doloso, demandará, junto ao Tribunal do Juri, na forma da lei processual penal brasileira, inclusive com membros do “povo” julgando o acusado. Então, acho que você já entendeu que existem métodos mais ou menos adequados para a solução de conflitos nas mais variadas realidades que o ser humano pode se envolver, desde educação, religião, relações de consumo, relações de trabalho, tributos, acidentes e crimes de trânsito, enfim. No entanto, não é esse o sentido mais comum dos métodos adequados de solução de conflitos na atualidade e, em especial, no campo do saber 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 9/58 e da prática jurídica. Aqui, por métodos adequados de solução de conflitos devemos entender os métodos para tratamento dos conflitos que, embora possam ser recebidos e decididos pelo Poder Judiciário nos termos do art. 5º, XXXV da CRFB 88, são também passíveis de serem tratados pelos particulares, por terceiros em prol da consensualidade ou até mesmo por outros meios decisórios, como no caso da Arbitragem. Aspectos históricos Brasil imperial Quando se fala em Brasil, conflitos, solução e Justiça, é possível voltarmos ao chamado Brasil Colônia, ao estágio de Reino Unido de Portugal e, finalmente, após o famoso Sete de Setembro de 1822, os Estados Unidos do Império do Brasil. Pois bem, para os objetivos do presente conteúdo, partiremos do último referencial e, mais precisamente, da produção normativa que se inicia com a Constituição do Império do Brasil de 1824. Assim, nos interessa, em especial, reconhecer, na história recente do Brasil como país, momentos normativos de previsão e prática de métodos adequados de solução de conflitos até a chegada ao entorno contemporâneo do final do século XX e as primeiras décadas do século XXI. Agora sim, uma vez já cientes e conscientes da ideia conceitual dos métodos adequados de solução de conflitos, podemos olhar no nosso passado remoto e tentar compreender as oportunidades e atuações dos métodos adequados até a nossa realidade. Voltando ao Império do Brazil e, especialmente à Constituição Imperial de 1824, destacamos, em primeiro lugar, o art. 160 de seu texto: Nas civeis, e nas penaes civilmente intentadas, poderão as partes nomear juizes arbitros. suas sentenças serão executadas sem 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 10/58 recurso, se assim o convencionarem as mesmas partes. (Constituição Imperial de 1824, art. 160) O referido texto legal permitia que em determinadas causas (ações), as partes, isto é, os interessados na solução do conflito poderiam indiciar “Juízes Árbitros” e ainda fazia menção à possibilidade de haver execução da parte vencedora sem direito de recursos da parte devedora. Tal dispositivo já dava indícios de que, mesmo em sede do então “Poder Judicial”, já era possível prever um método diferente do previsto para os julgamentos de um modo geral. Ainda que não estejam diretamente relacionados ao que hoje denominamos de métodos adequados de solução de conflitos, a técnica é utilizada em alguns momentos do CPC de 2015. Mas é nos artigos 161 e 162 da Constituição Imperial que encontramos a referência, digamos, primária, à solução de conflitos por métodos (hoje chamados de mais adequados) diferenciados de solução de conflitos, inclusive com a indicação de quem, por previsão constitucional, estaria à disposição para buscar a solução do conflito. Com ressalvas à grafia e termos da época: Sem se fazer constar, que se tem intentado o meio da reconciliação, não se começará Processo algum. Para este fim haverá juizes de Paz, os quaes serão electivos pelo mesmo tempo, e maneira, porque se elegem os Vereadores das Camaras. Suas attribuições, e Districtos serão regulados por Lei. A então denominada “Reconciliação” era, na verdade, uma ideia simples de se buscar a realização do consenso entre as pessoas que fossem se enfrentar em um processo judicial. Era, nos dias de hoje, como exigir que o advogado que representasse a parte autora de uma ação tivesse que demonstrar que tentou, de alguma forma, buscar um consenso, mas Art. 161 Art. 162 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 11/58 que ele não foi possível por ausência explícita ou implícita da outra parte. Isso até hoje existe, em grau menor, em alguns casos de obrigações e contratos, principalmente, mas de fato, não impede que se procure o Poder Judiciário, considerando a inafastabilidade prevista no art. 5º, XXXV da CRFB 88. Importante também considerarmos a ideia de que, apesar de tal atividade ser possível aos advogados das partes, havia a previsão legal da atuação formal dos “Juízesde Paz”, talvez os mais próximos da sociedade, da vida cotidiana das pessoas, considerando as suas outras atribuições. Na prática, funcionavam como conselheiros, consultores e, sempre que possível, formadores do consenso, evitando assim a sequência do processo ou mesmo o seu início formal. Saiba mais Você sabia que nos “dias de hoje” há a previsão legal dos CEJUSC em cada fórum e que eles são responsáveis por tentar realizar a conciliação e mediação para inibir ou mesmo encerrar processos já iniciados? Seriam tais espaços, destinados aos atuais conciliadores e mediadores, uma representação contemporânea do que ocorria no passado, com os Juízes de Paz? Continuando a reflexão proposta, vejam que o art. 161 da CI de 1824 é o equivalente ao art. 5º, XXXV da CRFB 1988 que hoje trata, de forma diametralmente oposta, do Princípio da Inafastabilidade do Judiciário e do Acesso à Justiça no sentido mais macro, até mesmo fora do Poder Judiciário. Então, veja se você entendeu: No século XIX, no Império do Brazil, para se poder buscar uma solução sentenciada por um Juiz ou Tribunal, a pessoa tinha que demonstrar que tentou reconciliar e não obteve êxito. E mais, havia um Juiz eleito para tal, o Juiz de Paz, que também tinha outras atribuições. No século XXI, na República Federativa do Brasil, contamos com um acesso formal irrestrito ao P d J di iá i é di ã f l 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 12/58 Guarde essa informação! Ela está associada ao art. 5º, XXXV da CRFB 88! Regulamento 737, de 1850 Além da Constituição Imperial de 1824, outro importante documento jurídico que regulamentava o acesso à Justiça no Império também valorizava a Conciliação. Você conhece o Regulamento 737, de 25 de novembro de 1850, que previa a essencialidade do ato no artigo 23 e o caráter de ESSENCIALIDADE E NULIDADE, respectivamente nos artigos 673 e 674: Nenhuma causa commercial será proposta em Juizo contencioso, sem que previamente se tenha tentado o meio da conciliação, ou por acto judicial, ou por comparecimento voluntario das partes. São formulas, e termos essenciaes do processo commercial: § 1º A conciliação. (Art. 23 Tit. unico). As referidas nullidades podem ser allegadas em qualquer tempo e instancia; annullão o processo desde o termo em que se ellas derão quanto aos actos relativos, dependentes e consequentes; não podem ser suppridas pelo Juiz, mas somente ratificadas pelas partes. Poder Judiciário, sem pré-condição formal como no Império do Brazil. Art. 23 Art. 673 Art. 674 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 13/58 É importante frisar que como não tínhamos um Código de Processo Civil, o Regulamento 737 era o principal instrumento para os advogados, promotores e juízes atuarem na esfera da Justiça Comum, tratando dos principais casos levados pelas pessoas de um modo geral ao Poder Judicial e a conciliação continuava a ser valorizada como uma etapa ou momento do processo para uma melhor solução de conflitos. Já com o advento da Proclamação da República, a ideia da Conciliação como prévia aos processos, na prática como condição ou pressuposto para o acesso ao Poder Judiciário foi abolido pelo Decreto 359, de 26 de abril de 1890, restando sempre disponível ao exercício dos advogados, das partes e dos próprios juízes, mas não de forma organizada e prevista em ritualística. Repercussões sociológicas O século XX foi inicialmente marcado pelas movimentações sociais, políticas e jurídicas em prol da consolidação de um ou mais modelos de uma desejada República do Brasil. A legislação, acompanhada das limitações e vocações da política produziu leis, consolidações e códigos de atuação para o acesso à Justiça, buscando, em momento inicial, uma ideia de unificação do processo como um todo. Ainda que a Conciliação não estivesse tão valorizada nos termos da lei, outro importante método foi previsto no Código de Processo Civil de 1939, qual seja o Juízo Arbitral ou Arbitragem, que mais tarde voltaria a ter uma regulamentação própria, no ano de 1996 e respectiva atualização em 2015. No entanto, foi a partir da segunda metade do século XX que o Brasil e outros países se depararam no seus respectivos juízos e tribunais com um acúmulo de casos generalizados, geralmente com caráter repetitivo em teses e resultados pretendidos, como em relações de direito privado de crédito e débito particulares e empresariais, de relações de consumo, questões previdenciárias e tributárias e de direito administrativo de um modo geral. Chegávamos em 1950 a uma transição dos primeiros 100 anos da Revolução ou Era Industrial para alcançar uma sociedade mais pautada em bens e serviços de consumo ordinário, mais repetitivo e previsível. Nada mais do que o mercado do excedente de produção e prestação de serviços, aliado e impulsionado pelos adventos tecnológicos da indústria, comércio e comunicação e transmissão de dados. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 14/58 No Brasil, tivemos ainda uma nova realidade quantitativa do acesso à Justiça pela sociedade com a implementação da CLT para a Justiça do Trabalho e a chegada do Código de Processo Civil de 1973 com seus importantes e tidas como científicas modificações, voltando a etapa ou método da Conciliação a preencher um importante papel. O tema do acesso à Justiça passava por importantes reflexões e estudos nas décadas de 1970 e seguintes, culminando com importantes modificações oriundas das chamadas “Ondas ou Dimensões” do Acesso à Justiça, em referência à obra de Mauro Cappelletti e Bryant Garth, Acesso à Justiça. Já era perceptível, aquela época, a necessidade de outros métodos para tratar os conflitos mais repetitivos, insurgentes que não fossem aguardar a sentença dos juízes. Em especial, no Brasil, a experiência da Conciliação em diversos ritos e espaços, com especial destaque aos Juizados de Pequenas Causas da Justiça Estadual, às Comissões Prévias de Conciliação da Justiça do Trabalho, por exemplo, trilham o caminho para a chegada ao entorno constitucional de 1988 e uma nova realidade de acesso à Justiça, no sentido de uma acesso à uma ordem jurídica justa, multifacetária e que pudesse proporcionar o tratamento de conflitos mais adequado à realidade das partes e dissenso entre elas. A partir dos anos de 1990 e, visando atender ao comando constitucional mais amplo, a legislação de acesso à justiça no Brasil passa por constantes movimentos reformadores e sempre com a ideia de proporcionar métodos mais adequados à solução de conflitos, seja pelo campo da consensualidade, seja pelo campo do avanço em órgãos, ritos e novas técnicas processuais. Assim, para efeitos práticos da operação dos métodos adequados de solução de conflitos no âmbito brasileiro, somos fruto do remoto 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 15/58 passado normativo e prático da conciliação desde o Brasil Imperial, de sua valorização em tempos republicamos, em especial na segunda metade do século XX e as primeiras décadas do século XXI, quando a implementação de uma política pública própria e respectiva legislação mais específica, aliado a um movimento de formação de conciliadores, mediadores e árbitros. Aliado a isso, uma crescente conscientização dos profissionais que orbitam órgãos e funções essenciais à Justiça no Brasil, bem como o incremento dos conteúdos de Métodos Adequados à Solução de Conflitos (MASC) no âmbito do ensino, pesquisa e extensão das escolas de Direito e Gestão, tem auxiliado muito na difusão do tema, facilitando as práticas e incentivo douso cada vez mais constante no tratamento de conflito. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 16/58 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A Independência do Brasil, em 1822, e a Constituição Imperial outorgada em 1824 formalizaram um novo Estado, com poderes, funções, direitos e deveres diversos à Família Real, à Administração Pública, à Igreja, à classe política e à sociedade civil de um modo geral. O tema da Justiça não foi esquecido no texto constitucional. A respeito da atuação dos juízes e tribunais no Brasil Império, marque a opção correta. A O acesso à Justiça era irrestrito, inclusive às pessoas escravizadas, que necessitavam apenas de um advogado, em caso de possível acordo em juízo. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 17/58 Parabéns! A alternativa C está correta. A Constituição Imperial tem previsão expressa de restrição de acesso à justiça para aqueles que ao provocar o Poder Judicial, não demonstrassem que tentaram previamente a reconciliação. Art. 161 da Constituição Política do Brasil de 1824. Questão 2 O período de transição entre os séculos XX e XI no Brasil é marcado por importantes consolidações estruturais e operacionais no acesso à Justiça no Brasil em grande parte como reflexo das mudanças constitucionais com a carta de 1988. A respeito do tema e da possiblidade de meios adequados de solução de conflitos, marque a opção correta. B O acesso à justiça era irrestrito, não havendo termos ou condições prévias, mesmo para as pessoas escravizadas, demonstrando o caráter liberal da Constituição. C O acesso à justiça era restrito, pois havia condição expressa na Constituição sobre a necessidade de se provar a tentativa de reconciliação antes. D O acesso à justiça não compreendia o direito conciliação, pois uma vez instaurado o processo, não era mais possível celebrar acordos. E O acesso à justiça não contava com a ideia de consensualidade e não havia qualquer previsão na Constituição a respeito de tentativa de reconciliação. A O princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário impede, após iniciado um processo, que haja consensualidade por meio de métodos adequados de solução de conflitos. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 18/58 Parabéns! A alternativa B está correta. Numa virada do constitucionalismo aplicado ao Processo Civil, a partir da década de 1990 houve uma virada axiológica no modo de resolução de conflitos, significa dizer, a legislação incorpora métodos mais adequados de resolução de conflitos. B A partir dos anos 1990, houve a implementação de uma política pública própria e respectiva legislação mais específica, aliada a um movimento de formação de conciliadores, mediadores e árbitros. C O acesso aos meios adequados de solução de conflitos implica automaticamente em renúncia ao princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário. D O acesso à conciliação, como método adequado de solução de conflitos, não era regulamentado à época da Constituição da República Federativa do Brasil. E O princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário previa a necessidade de o interessado provar que tentou a conciliação antes de provocar o Juiz. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 19/58 2 - Política judiciária nacional de tratamento dos con�itos Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar a Política Nacional de Tratamento de Con�itos no Brasil aos métodos adequados de solução de con�itos no Brasil. Ligando os pontos Os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) são unidades judiciárias de primeira instância, preferencialmente, responsáveis pela realização e gestão das sessões de conciliação e mediação pré-processuais e judiciais, bem como pelo atendimento ao cidadão que busque orientação sobre suas causas, nos termos da Resolução CNJ nº 125/2010. No Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, as atribuições e estruturação dos CEJUSCs estão regulamentadas na Resolução TJ/OE/RJ n. 02/2020. A sua criação ocorre via Resolução do Órgão Especial do Tribunal de Justiça e sua instalação por Ato Conjunto da Presidência do Tribunal de Justiça e da Corregedoria-Geral de Justiça, nos fóruns em que existam, ao menos, dois juízos, juizados ou varas com competência para realizar audiência. O CEJUSC, em regra, tem um juiz coordenador e, quando necessário, um juiz adjunto, além de um servidor com o cargo de chefe do CEJUSC, funcionalmente subordinado ao juiz coordenador. Imagine a seguinte situação: Carla reside em um imóvel alugado na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Carla e a locadora Cristina têm tido conflitos nos últimos meses em relação ao contrato de aluguel que celebraram, tendo em vista que Carla compreende que tem direito ao reembolso de certas despesas que arcou para a manutenção do imóvel nos últimos meses. Com interesse de permanecer alugando o imóvel e buscando solução consensual, Carla procura o CEJUSC da Comarca da Capital – Regional da Barra da Tijuca. Considerando o case narrado, é hora de aplicar seus conhecimentos. Vamos ligar esses pontos? Questão 1 Caso sejam oferecidas, no âmbito do CEJUSC localizado na Barra da Tijuca, sessões de mediação à Carla e Cristina, qual será o papel do mediador? 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 20/58 Parabéns! A alternativa A está correta. Conforme prevê o art. 165, §3º, do CPC, o mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará os interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Questão 2 Situações como a de Carla e Cristina, que se utilizaram do CEJUSC para resolver disputas, demonstram que uma das pautas da Política Pública Judiciária de tratamento de conflitos instituída pela Resolução CNJ n. 125/2010 é: A O mediador auxiliará ambas a compreender os interesses em conflito, de modo que elas possam identificar por si próprias, soluções consensuais. B O mediador será responsável por auxiliar ambas a compreender os interesses em conflito e, ao final, proferirá decisão não vinculante. C O mediador não tem obrigação de atuar em atenção aos princípios da independência e imparcialidade. D O mediador pode depor acerca de fatos ou elementos oriundos da mediação. E O mediador atua preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, podendo sugerir soluções para o litígio. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 21/58 Parabéns! A alternativa B está correta. Um dos objetivos da Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Judiciário é “consolidar uma política pública permanente de incentivo e aperfeiçoamento dos mecanismos consensuais de solução de litígios”, tal como previsto nos “Considerandos” da Resolução n. 125, de 29 de novembro de 2010. Questão 3 Consultado por Carla na condição de advogado, aponte exemplos de normas federais infraconstitucionais que asseguram e estimulam o uso da mediação por Carla para solução do conflito contratual que possui com Cristina. A priorizar a solução de conflitos por meio dos processos judiciais, tendo em vistaque tão somente o juiz togado é capaz de garantir pleno acesso à justiça. B consolidar uma política pública permanente de incentivo e aperfeiçoamento dos mecanismos consensuais de solução de litígios. C diminuir o número de processos judiciais no Brasil, para que, no futuro, exista tão somente a conciliação e mediação para resolução de conflitos entre as partes. D estimular o uso da arbitragem entre as partes conflitantes, considerando que o Código de Processo Civil vigente autoriza sua utilização, nos termos do art. 3º, §1º e §3º. E extinguir processos judiciais que tramitam há mais de dez anos no Poder Judiciário e que não possuem previsão de término. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 22/58 Digite sua resposta Chave de resposta No Código de Processo Civil de 2015, nota-se uma preocupação do legislador em valorizar os meios adequados de solução de controvérsias, a exemplo da criação de uma seção específica para tratar do tema (art. 165 a 175 do CPC). No §2º do art. 3º do CPC, é estabelecido que o Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos, assim como o seu §3º estabelece que a conciliação, mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. O art. 139, V, do CPC, por sua vez, também é um bom exemplo de norma que estimula o uso da mediação, tendo em vista que prevê que o juiz dirigirá o processo, incumbindo-lhe “promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais”. Não bastasse o CPC, existe também a previsão da Lei de Mediação (Lei n. 13.140/2015), que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. A Política Pública Judiciária contida na Resolução CNJ Nº 125/2010 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 23/58 Política pública judiciária de tratamento dos con�itos Neste vídeo, o professor explica as raízes e as diretrizes da importante política pública judiciária de tratamento dos conflitos. Você pode estar se perguntando sobre estudo e tratamento de conflitos e, em especial, das razões que levam à existência de métodos adequados para a sua solução, se já temos o Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e a Advocacia Pública e Privada. Mas, ainda, como surge uma Resolução do Conselho Nacional de Justiça e passa a regulamentar determinadas possibilidades e iniciativas mandatórias no âmbito do Poder Judiciário e atividades afins à prestação do serviço público do acesso à Justiça? Para tanto, é preciso olharmos para as competências do próprio Conselho Nacional de Justiça e entender que, após a sua criação pela Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004, uma série de normatizações e atividades ligadas à atuação administrativa do Poder Judiciário e seus órgãos passou a ser exercida por um colegiado mais amplo do que as Corregedorias dos próprios tribunais, para além de algum outro controle jurisdicional mais pontual. A bem da verdade, o que sentimos com a criação do Conselho Nacional de Justiça é a busca e zeladoria do Princípio da Eficiência da Administração Pública aplicada ao Poder Executivo, para além da autonomia e independência dos poderes, fato é que todos prestam um serviço público que deve ser eficiente. O que é e�ciência no âmbito do Poder Público? Essa é uma boa pergunta, e que pode ser respondida por parâmetros de economia de recursos humanos, materiais, índices de produtividade e 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 24/58 outros tantos marcos importantes para o resultado final da prestação do serviço público ao cidadão e, aqui no âmbito do Poder Judiciário, ao jurisdicionado, que busca a solução de seus conflitos pelo exercício por meio da ação e dentro de um processo judicial. A proposta aqui não é avaliar quais são parâmetros que compõem a atuação do Conselho Nacional de Justiça para tocar as suas competências constitucionais em face do Poder Judiciário, mas percebermos que, ao criar uma Política Judiciária de tratamento de conflitos baseada no acesso de outros meios tidos como mais adequados para resolver os problemas das pessoas, o Conselho Nacional de Justiça fixa importantes parâmetros normativos que afetam a atividade dos juízes, serventuários, conciliadores, mediadores, advogados públicos e privados, defensores e promotores. Resumindo Em outras palavras, o acesso à Justiça por meio do exercício da ação, gerando processos que terão, ao final, um universo de decisões judiciais individuais ou mesmo coletivas não atende materialmente ao conceito de um acesso à uma ordem jurídica, a um sistema considerado justo. E podemos pensar em “causas diversas”: Grande movimento de busca ao judiciário que gera processos em demasia, muitos repetitivos, inclusive. Grande número de recursos e instrumentos processuais que dilatam os prazos. Grande tempo de espera por respostas que não resolvem o conflito imediato das pessoas que buscam o cumprimento da lei junto ao Poder Judiciário. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 25/58 Além das causas acima, é possível uma constatação muito objetiva a respeito das pessoas e seus conflitos, qual seja, a de que, salvo situações proibidas por lei, as pessoas são capazes de, por si só ou com auxílio de terceiros, construírem ou buscarem soluções que não seja simplesmente aguardar que alguém (Estado Juiz) diga quem está certo ou errado. A ideia, por si só, não é nova, pois, desde quando o ser humano é capaz de se comunicar, é possível a busca pelo consenso, que pode ser mais ou menos validada e valorizada por razões diversas, tais como cultura, educação, instrução, percepção de maior rapidez e autonomia, por exemplo. Agora pensemos um pouco: Re�exão Se, no âmbito da gestão, em mais de 80 de milhões de processos que anualmente orbitam em torno do Poder Judiciário for possível eliminar um percentual em curto espaço de tempo, pois as partes puderam receber um tratamento mais adequado, via de regra incentivando a busca pela consensualidade, o impacto geral no coletivo é significativo, para além de uma qualidade e tempestividade real para as partes envolvidas nos casos concretos. Ou seja, ao instituir uma Política Pública Judiciária, incentivando novos meios, em tese mais adequados para resolver os conflitos, o Poder Judiciário contribui com o Princípio da Eficiência do seu serviço público e, de quebra, proporciona também aos envolvidos uma maior autonomia e exercício de cidadania em suas vidas. É por isso que o tema dos métodos adequados de solução de conflitos, em especial, a valorização da Conciliação e da Mediação, é a pauta da Falta de recursos humanos e materiais para as funções da magistratura, de serventuários. Falta de recursos humanos e materiais para as Funções Essenciais à Justiça no Brasil (Ministério Público, Defensoria Pública, Advocacia Privada e Pública). 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 26/58 Política Pública Judiciária de tratamento dos conflitos instituída pela Resolução CNJ Nº 125/2010. Busca-se com tal política pública: Como se percebe, a instituição de uma Política Pública Judiciária de Solução de Conflitos em muito contribui para que todos possamos ter acessoa uma Justiça formal e material eficiente em não só responder quem está certo ou errado, mas, em muitos casos, proporcionar Ofertar às pessoas naturais e de direito público e privado, orientações sobre as possibilidades de solução de seus conflitos no âmbito do Poder Judiciário e fora dele. Garantir, por meio da criação dos Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, políticas, ações, cursos, capacitações e atualizações, treinamento adequado aos recursos humanos do corpo de serventuários, juízes, mediadores, conciliadores, inclusive com outros tribunais, escolas e instituições da sociedade civil. Permitir, por meio dos Centros de Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, condições administrativas para a oferta, antes e durante os processos judiciais, de serviços de conciliação e mediação eficazes a quem deles necessitar ou demandar. Manter, de modo oficial, o acompanhamento estatístico específico da aplicação da conciliação e mediação no âmbito dos respectivos tribunais. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 27/58 condições racionais e materiais para os próprios envolvidos buscarem seus consensos, no todo ou em parte. A Resolução CNJ Nº 125/2010 e seus impactos na solução dos con�itos Agora que você já conhece as motivações da Resolução CNJ Nº 125/2010, é hora de conhecer os seus impactos na solução dos conflitos das pessoas, em especial aos conflitos levados ao Poder Judiciário em todo o Brasil, nas diferentes áreas do Direito. Sim, a Resolução CNJ Nº 125/2010 vale para todos os órgãos do Poder Judiciário, isto é, a Justiça Comum Estadual, Federal, as Justiças Especiais (Trabalhista, Eleitoral e Militar) e seus respectivos tribunais, inclusive os tribunais superiores. Em outras palavras, se existe órgão julgador do Poder Judiciário, a Resolução CNJ Nº 125/2010 tem incidência e deve ser correspondida, em especial, na oferta formal e material aos jurisdicionados de terem a opção de resolverem os seus conflitos de forma pacífica. Mas como se opera isso? Vamos ver etapa por etapa. A Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 7º prevê a criação dos Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos. Tais Núcleos, uma vez instalados, devem, entre outras atribuições, “instalar os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania que vão concentrar, em regra, as sessões de conciliação e mediação dos respectivos órgãos abrangidos! Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos Centros Judiciários de Solução de Conflitos 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 28/58 A Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 8º prevê a criação dos CEJUSC em cada unidade do Poder Judiciário, de acordo com as suas normas próprias inerentes à Justiça Comum Estadual, à Justiça Comum Federal e às respectivas Justiças Especializadas. Cada qual terá em suas unidades um CEJUSC para atender casos de conciliação e mediação pré-processual e processual, isto é, antes e durante a tramitação dos processos judiciais. A Resolução CNJ Nº 125/2010, em seu artigo 12, faz menção expressa aos conciliadores e aos mediadores, isto é, as pessoas que, independentemente de outras iniciativas de juízes, desembargadores e ministros, estarão funcionalmente enquadradas para proporcionar as sessões de mediação e conciliação nos CEJUSC, ou mesmo em atividades em parceria com instituições públicas e privadas em convênios, mutirões e outros eventos similares. Viu só como as respostas estão ao seu alcance com a Resolução CNJ Nº 125/2010? Não é por menos que tal normativa é considerada a grande alavanca responsável pelo incremento dos métodos adequados de solução de conflitos no Brasil, em especial para os casos e litígios que chegam ao Poder Judiciário. Mas você deve ficar muito atento também a outras normas, como o CPC de 2015 e a própria Lei de Mediação, também de 2015. Em ambos os casos, importantes contribuições e mesmo inovações, como no caso da permissão legal de consenso com a Administração Pública, formam um novo paradigma em prol da consensualidade no sistema de acesso à Justiça no Brasil. É importante destacar: Atenção! Dos Conciliadores e Mediadores 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 29/58 A Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 12, parágrafos 2º e 3º, apresenta regras específicas a respeito da capacitação e treinamento dos candidatos a conciliadores e mediadores. Ainda que tais regras possam se especializar no âmbito normativo interno de cada tribunal, as bases estão formalmente previstas, inclusive com previsão de conteúdo programático para cursos e capacitações. Para além da capacitação de conteúdo didático, há menção expressa também ao comportamento ético esperado dos conciliadores e mediadores, com, mais uma vez, menção expressa a um código de ética para os referidos profissionais. É um ponto de extrema importância e atenção, uma vez que a atuação desses profissionais se dá em meio à exposição de direitos, interesses, informações de natureza pessoal e patrimonial dos envolvidos e em sede, na maioria das vezes, de um processo judicial. O tema da ética de qualquer profissional que possa contribuir, direta e indiretamente para a solução de conflitos em sede judicial tangencia a boa-fé objetiva esperada daqueles que, de alguma forma, participam do processo judicial. Nada mais justo e equilibrado do que prever, também, padrões de comportamento para os conciliadores e mediadores. E mais, para além da atuação do Poder Judiciário, a Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 12-C a 12-F, regulamenta inicialmente a atuação e contribuição dos espaços privados, as chamadas Câmaras Privadas de Solução de Conflitos abriram inúmeras frentes em prol da expansão de métodos mais adequados de solução de conflitos no Brasil, inclusive em ambiência digital, via chamadas, chats online e outras inúmeras plataformas via internet em redes públicas e privadas. Ainda que mais recente, mas sem dúvida a reboque da base proporcionada pela Resolução CNJ Nº 125/2010, um bom exemplo é a plataforma Consumidor.gov que envolve o Ministério da Justiça, CNJ e importantes empresas da iniciativa privada que juntos, tentam ajustar um protocolo de consensualidade em milhões de casos consumeristas 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 30/58 que, por via de regra, gerariam outros tantos milhões de processos judiciais, muito provavelmente em sede de Juizados Especiais Cíveis. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 31/58 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O acesso à justiça no Brasil e em muitos outros países sempre esteve associado à ideia de acesso ao Estado, que, por meio de juízes e tribunais, ditam a solução de conflitos diversos. No entanto, há crescente movimento e normatização em prol de métodos mais adequados à solução de conflitos (MASnas últimas décadas no Brasil e no mundo. A respeito dessa movimentação e normatização, é correto afirmar que: A O Brasil ainda carece de uma Política Pública Judiciária de tratamento adequado de conflitos e, enquanto isso não ocorrer, os MASC restam prejudicados no acesso à justiça. B O Brasil possui uma Política Pública Judiciária de tratamento adequado de conflitos instituída pelo Código de Processo Civil de 2015. C A Resolução CNJ Nº125/2010 instituiu uma Política Pública Judiciária de tratamento adequado de conflitos no Brasile muito contribui para a movimentação em prol dos MASC. D A Resolução CNJ Nº125/2010 apenas afetou os MASC no âmbito do Poder Judiciário. E Os MASC foram apenas normatizados com o Código de Processo Civil de 2015, quando puderam ser utilizados por advogados e juízes nos casos concretos. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 32/58 Parabéns! A alternativa C está correta. A Resolução CNJ Nº125/2010 não só instituiu uma Política Pública Judiciária de tratamento adequado de conflitos no Brasil, como alavancou, do ponto de vista estrutural nos tribunais, um incremento de atuação do Poder Judiciário em prol dos MASC. A partir da referida resolução, os demais operadores do direito, escolas e a sociedade civil como um todo se movimentaram muito mais em prol dos MASC. Pode ser destacar o art. 1º da referida resolução, sem prejuízo de outras dispositivos. Questão 2 A respeito da Resolução CNJ Nº125/2010 e sua importância para a constituição de espaços públicos e privados de conciliação e mediação, bem para a capacitação dos conciliadores e mediadores, marque a opção correta abaixo. A A Resolução CNJ Nº125/2010 fez apenas previsão de criação do CEJUSC, mas não regulamentou espaços privados ou critérios para capacitação de conciliadores e mediadores. B A Resolução CNJ Nº125/2010 fez previsão de criação do CEJUSC e regulamentou também os espaços privados, mas sem alusão a critérios para capacitação de conciliadores e mediadores. C A Resolução CNJ Nº125/2010 regulamentou a criação de CEJUSC, dos espaços privados e ditou parâmetros para a capacitação de conciliadores e mediadores. D A Resolução CNJ Nº125/2010 apenas institui a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos, mas não regulamentou a criação de CEJUSC e a capacitação dos conciliadores e mediadores, o que fica a cargo dos tribunais. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 33/58 Parabéns! A alternativa C está correta. De acordo com os artigos 8º, 12 e 12-C a 12-F da Resolução CNJ Nº125/2010, os CEJUSC, a capacitação dos conciliadores e mediadores e os espaços privados foram regulamentados, proporcionando, assim, condições formais e materiais para as respectivas implementações e atuações. 3 - As diferentes formas de solução dos con�itos Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir as características gerais e especí�cas dos métodos adequados de solução de con�itos e suas respectivas práticas. Ligando os pontos Disposta na Lei 9.307/96, a arbitragem é uma forma de resolução de conflitos paralela à jurisdição estatal, por meio do qual um terceiro E A Resolução CNJ Nº125/2010 delegou aos juízes e tribunais locais, a livre regulamentação da criação dos espaços públicos e privados de conciliação e mediação, bem como a definição dos critérios de capacitação dos conciliadores e mediadores. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 34/58 imparcial, escolhido pelas partes, decide sobre controvérsia existente entre elas. Esse método de resolução adequada de controvérsia e o Poder Judiciário não se confundem; são vias distintas, autônomas e independentes, mas que se interconectam em algumas situações. Imagine, no caso concreto, que a empresa X e a empresa Y celebram contrato de compra e venda e convencionam, por meio de cláusula compromissória, que eventuais litígios decorrentes do referido instrumento contratual serão resolvidos via arbitragem. Tendo surgido controvérsia contratual entre ambas, a empresa X decide instaurar procedimento arbitral. Apresentado o requerimento arbitral e respectiva resposta, passa-se ao procedimento de indicação dos árbitros, no qual a empresa X indica um e empresa Y outro. Em seguida, ambos os árbitros indicam conjuntamente o árbitro presidente. Ato contínuo, formado o Tribunal Arbitral, o termo de arbitragem é celebrado. Trata-se de documento no qual as partes e árbitros definem o objeto do processo, idioma, cronograma com as etapas do procedimento, entre outros pontos. No entanto, embora a existência do procedimento arbitral já esteja em trâmite, a empresa Y resolve ignorar tal procedimento e ajuíza ação judicial para discutir o mesmo tema objeto da arbitragem. Por essa razão, em sede de preliminar de contestação, a empresa X aponta a existência de convenção de arbitragem. Em réplica, contudo, a empresa Y não tece qualquer comentário sobre a convenção de arbitragem. Considerando o case narrado, é hora de aplicar seus conhecimentos. Vamos ligar esses pontos? Questão 1 Diante da hipótese narrada e do seu conhecimento da legislação, qual alternativa você diria que apresenta a próxima ação do juiz? A O painel de árbitros e o juiz serão responsáveis por julgar o processo conjuntamente, visto que ambos exercem jurisdição. B O juiz terá competência para proferir sentença e, caso entendam de igual modo, poderão os árbitros homologar a sentença proferida pelo juiz. C O juiz deverá acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem e julgar extinto o processo 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 35/58 Parabéns! A alternativa C está correta. Havendo convenção de arbitragem prevista no contrato objeto da disputa e tendo a empresa X alegado sua existência em sede de contestação, deverá o juiz julgar extinto o feito sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VII, do CPC. Questão 2 Na condição de advogado da empresa X, qual o recurso que a empresa deveria interpor contra decisão interlocutória que não acolhe a alegação de convenção de arbitragem? sem resolução do mérito. D O juiz deverá acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem e julgar extinto o processo com resolução do mérito a favor da empresa X. E O juiz não deverá acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem, caso entenda que possui melhores condições de julgar o processo. A Apelação B Agravo interno C Agravo de instrumento D Recurso ordinário E Recurso especial 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 36/58 Parabéns! A alternativa C está correta. Nos termos do art. 1.015, III, do CPC, contra decisão interlocutória que versa sobre rejeição da alegação de convenção de arbitragem, cabe agravo de instrumento. Questão 3 Diante do caso narrado, explique (i) se é possível que o magistrado conheça de ofício a existência de convenção de arbitragem no contrato objeto da disputa; (ii) a principal consequência jurídica para a empresa X, caso não tivesse alegado a existência de convenção de arbitragem em contestação; (iii) o que, na condição de advogado da empresa X poderia ser feito, ao longo do procedimento arbitral, caso se descobrisse que o árbitro indicado pela empresa Y é amigo íntimo do presidente desta empresa. Digite sua resposta Chave de resposta Quanto ao item “i”, não cabe ao magistrado conhecer de ofício a existência de convenção de arbitragem relativa ao contrato objeto da lide, nos termos do art. 337, §5º, do CPC. Quanto ao item “ii”, a principal consequência jurídica decorrente da não alegação de convenção de arbitragem pela empresa X em contestação é a sua renúncia à jurisdição arbitral e a continuação do feito no Poder Judiciário. Quanto ao item “iii”, descobrindo-se que um dos árbitros é amigo íntimo do presidente da empresa Y, caberá aos patronos da empresa X, nos termos do art. 14, §2º, art. 15 e art. 20 da Lei 9.307/96, apresentar arguição de suspeição do árbitro para que seja substituído. 05/02/2024, 20:13Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 37/58 As soluções ou métodos consensuais e não consensuais Métodos consensuais e não consensuais Neste vídeo, o professor discorre sobre a existência de métodos consensuais e não consensuais para a solução dos conflitos. A regra, costume, tradição e quantitativamente falando, os números da busca por Justiça pela sociedade civil e pelo próprio Estado levam à ideia de uma solução judiciária, aquela que, substituindo a vontade das partes, diz que está certo ou errado, assegura diretos e interesses, inclusive em casos de urgência. Essa solução é a proporcionada pela Jurisdição, isto é, por uma decisão estatal de caráter substitutivo e com base no ordenamento jurídico vigente no país, no caso, o Brasil. Em meio à regra geral disponível e acima descrita, a fala da existência de métodos adequados de solução de conflitos traz uma ideia firme no sentido de que existem outras possibilidades para a sociedade civil e o próprio Estado resolverem os seus conflitos que não a decisão estatal e substitutiva da Jurisdição. Assim, quando falamos em métodos adequados de solução de conflitos (MASC), estamos, em sentido macro, abrindo portas para diferentes formas de solução de conflitos de modo consensual e também de modo não consensual, mas com decisões proferidas em outros espaços e critérios que não a Jurisdição Estatal, como é o caso da Arbitragem, da Justiça Desportiva, por exemplo. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 38/58 É muito importante, portanto, que a ideia dos MASC seja inicialmente dividida em dois grandes grupos: Soluções ou métodos adequados consensuais Soluções ou métodos adequados não consensuais Agora, daremos foco às soluções consesuais. As soluções ou métodos consensuais são todas aquelas que independem de uma decisão impositiva, seja pelo Estado, espaços ou instituições privadas ou mesmo por uma das partes interessadas. Trata- se, na verdade, de possibilidades formais e informais de consensualidade as quais os interessados podem se sujeitar para resolver um conflito social. Por exemplo, imagine uma família em desarmonia no lar, em razão de brigas constantes dos dois cônjuges. Esse é um conflito social que pode, em tese, ser resolvido por: Conversas apenas entre os cônjuges e uma transação Conversas entre os cônjuges e advogados colaborativos e uma transação Conversas entre os cônjuges e advogados consultivos e uma transação 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 39/58 Ora, em tese, com exceção da ação, processo e sentença judicial, todas as demais formas, aqui no caso consensuais, podem ser resolvidas da forma que for mais adequada ao casal e objeto do conflito, respectivamente. Não há uma lista de mandamentos, de ordem de preferência, de melhor ou pior. Com exceção da própria conversa entre os cônjuges e da hipótese da ação, processo e sentença judicial, nos demais casos, o que existe são formas com técnicas e profissionais devidamente capacitados para a solução do conflito. Mas qual é a grande novidade nisso tudo? Qual é a razão dos MASC terem alcançado um espaço e resultado maiores no acesso à Justiça? Ah, não é apenas uma razão! São diversas as razões para as pessoas perceberem que elas, por si só, se quiserem, têm capacidade intelectual e jurídica, ainda que com o auxílio de terceiros, podem participar mais ativamente das decisões de seus conflitos. E, aliado a isso, podemos indicar: Ação, processo e sentença judicial Conciliação ou mediação judicial ou extrajudicial com acordo �rmado Menor custo Menor tempo 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 40/58 É importante ressaltar que a lista apresentada não é taxativa e pode variar, mas, sem dúvida, trata-se de uma lista positiva para os envolvidos! Ultrapassada a importante explicação e percepção conceitual a respeito dos MASC, é preciso conhecer as principais soluções adequadas de consensualidade e não consensualidade de tratamento dos conflitos. No Brasil, as duas principais soluções de consensualidade tidas como adequada na solução de conflitos são, respectivamente: a Conciliação e Mediação. São, quantitativa e qualitativamente falando, os métodos mais utilizados e que podem ser mensurados. Vamos agora validar cada um deles. Conciliação Historicamente, o Brasil, enquanto Estado independente, sempre teve períodos de namoro e casamento com a Conciliação, a começar pela Constituição Política do Império, que previa, em seu art. 161, que ninguém poderia intentar resolver problemas no Poder Judicial sem que se demonstrasse que tentou a “reconciliação”. Na verdade, se Maior participação no resultado Maior comprometimento em cumprir o acordado Menos dependência do Estado Maior cidadania 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 41/58 pensarmos no Brasil antes da Independência, também há registros e flertes com a Conciliação nas Ordenações Filipinas. Durante o século XX, a ideia de conciliar conflitos em juízo, esteve formalmente presente, ainda que nem sempre incentivada, e certamente longe de termos uma política pública institucionalizada como temos hoje. A Conciliação, como forma ou método mais adequado de solucionar um conflito, esteve presente na Justiça Comum Estadual e Federal e na Justiça Federal do Trabalho, considerando o perfil dos conflitos as grandes oportunidades de se resolverem as pendências e violações de direitos na relação laboral. É certo que no Código de Processo Civil, na legislação dos juizados especiais e mesmo na ritualística prevista na CLT, a Conciliação já foi confundida (ou meramente reduzida) com a ideia de um momento, ato ou etapa processual, como se naturalmente fosse ou não acontecer por razões transcendentais, ou estritamente, iniciativa de responsabilidade das partes envolvidas. Mas é a partir do momento e iniciativas mais localizadas nos anos 1980 e seguintes que a Conciliação, ainda que vista como uma etapa ou momento ritualístico, passa a ocupar uma maior visibilidade, uma vez que vai conseguindo “desafogar” grandes quantidades de processos em áreas mais específicas, como direito do consumidor e outras causas pequenas e que seriam rebatizadas na década seguinte de não complexas e colocadas a cargo dos novos Juizados Especiais Cíveis e Criminais instituídos pela Lei nº. 9.099/95. Comentário Aliás, é sem dúvida, por meio da Lei nº. 9.099/95, que a Conciliação aumentou consideravelmente a sua popularidade, demandando do poder público (antes mesmo da Resolução CNJ 125/2010), providências estruturais, capacitação de quadros e outras providências logísticas de interesse. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 42/58 Atualmente, o CPC prevê logo em seu artigo 3º, § 3º, no âmbito das Normas Fundamentais do Processo Civil, a previsão do incentivo e possibilidade da Conciliação (e outros métodos) em qualquer fase ou momento do processo judicial. É, sem dúvida, uma disposição normativa da Lei de 2015, que validou toda movimentação após a CF 88, em prol de um acesso à Justiça que não fosse apenas atrás da sentença do juiz, mas que proporcionasse o direito fundamental a outras possibilidades de solução dos conflitos das pessoas. Já em seu artigo 139, V, em meio às diretrizes sobre os poderes, deveres e responsabilidades do Juiz, é explicitamente prevista a promoção da autocomposição entreas partes, com menção expressa à Conciliação, de modo a demonstrar que o legislador conta com os juízes na aplicação, quando possível, da Conciliação para solução de conflitos. Veja que, para além da previsão contida no art. 334 do CPC, que se afigura como sendo um grande e importante momento previsto para a consensualidade no CPC, o importante mesmo é o julgador em qualquer instância ou grau de jurisdição estar apto, de prontidão para atender solicitação das partes envolvidas ou mesmo uma percepção oriunda de sua cognição, de fato novo etc. Atenção! Outra importante questão envolvendo a Conciliação diz respeito à sua convivência e, ao mesmo tempo, à distinção da Mediação, conforme a previsão dos artigos 165 a 175 do CPC, que demonstram de forma clara, a ideia legislativa da aplicação de um ou outro método, considerando os aspectos objetivos e subjetivos do conflito. Assim, partindo da referência normativa do CPC, encontramos a atuação do Conciliador: É aquele capacitado para atuar em casos, em tese mais simples, quando, preferencialmente, não houver vínculo anterior entre as partes. Ele pode, inclusive, sugerir soluções (propostas) para o conflito, mas sem qualquer tipo de intimidação ou constrangimento. Conciliador 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 43/58 Como se pode ver, o Conciliador foi idealizado pelo legislador como alguém que pode colaborar no tratamento de conflitos mais simples, assim entendidos com relações jurídicas mais objetivas, predominantemente de direito e, preferencialmente, sem que haja envolvimento pretérito dos envolvidos. Assim, se você olhar agora para os movimentos de conciliação nas relações de consumo, nos juizados especiais, nas relações de trabalho, perceberá as razões do maior direcionamento da Conciliação nestes casos. Viu, tudo tem uma razão de ser! Mas fique ciente que nada impede que um conciliador obtenha êxito no tratamento de conflitos mais complexos, com partes e vínculos já conhecidos! Mediação Após consolidar a Conciliação no seu tradicional e importante papel de tratar conflitos de modo mais adequado do que a simples procura e espera da sentença judicial, o sistema normativo brasileiro, a reboque de movimentos doutrinários e em especial, ligados à atuação do Conselho Nacional de Justiça na chegada à Resolução CNJ Nº 125/2010, tratou de buscar meios para uma melhor execução de outro importante método adequado de solução de conflitos, qual seja a Mediação. Comentário É claro que a Mediação não surgiu simplesmente após a Resolução CNJ Nº 125/2010, sendo certo que, em boa parte do mundo (e em experiências no Brasil), a Mediação já vinha sendo estudada, regulamentada e praticada por grandes espaços de tratamento de conflitos. Aliás, é normalmente assim que muitos institutos são “introduzidos” ou “validados” dentro de um sistema jurídico e, no caso da Mediação, não 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 44/58 foi diferente. A prática vem antes, ainda que de modo menos formal e vai proporcionando ajustes na legislação e na execução, em especial por parte do Poder Judiciário, que acabou sendo um grande celeiro da Mediação, complementando as ações já historicamente existentes para a Conciliação. Portanto, podemos entender a Mediação como um método adequado de solução de conflitos de caráter consensual de relações mais complexas e com vínculos anteriores entre os envolvidos (mediandos) e que, com o auxílio de um profissional capacitado, o Mediador, para compreensão do conflito, seus interesses, perspectivas e, principalmente para que se restabeleça ou se fortaleça a comunicação direta entre os mediandos, de modo que eles próprios possam passar a construir alternativas e saídas para o conflito. Assim, partindo da referência normativa do CPC, encontramos a atuação do Mediador: É aquele capacitado para atuar em casos, simples ou complexos, quando, preferencialmente, houver vínculo anterior entre as partes. Ele deve auxiliar aos interessados a compreender as questões, interesses e controvérsias envolvidas. Com isso, ao invés de formular propostas diretas, permite que a comunicação entre as partes seja responsável por, por livre vontade, encontrar saídas em consensualidade com benefícios para ambos. Agora é importante destacar uma diferença entre a Conciliação e a Mediação. Enquanto a primeira vem regulada nos diplomas jurídico processuais, a segunda, além de também constar nas codificações do processo, ganhou em 2015, uma Lei própria, a Lei nº. 13.140, que formalmente dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública; além de alterar e revogar uma série de dispositivos legais a respeito do tema. Mediador 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 45/58 Ainda que de fato já se praticava a Mediação no tratamento de conflitos no Brasil, sem dúvida que a Lei nº. 13.140/2015 trouxe importantes balizas para a operação da Mediação no âmbito judicial e extrajudicial. A começar pelo artigo 1º da Lei nº. 13.140/2015, já se tem, ratificando as disposições do CPC 2015 uma abordagem conceitual da Mediação: Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia. Principais características da mediação É, na verdade, um importante passo jurídico, pois traz parâmetros mais seguros para a diferenciação e aplicação dos diferentes métodos e ao mesmo tempo, regulamenta a atividade, apontando, em dispositivos sequenciais, os princípios inerentes à Mediação, aos Mediadores em âmbito judicial e extrajudicial, sua formação e vários pontos importantes, que destacamos a seguir: Imparcialidade do mediador Isonomia entre as partes Oralidade - Informalidade Autonomia da vontade das partes Busca do consenso Confidencialidade Boa-fé Artigo 1º da Lei nº. 13.140/2015 Princípios da Mediação Mediadores 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 46/58 Mediadores judiciais e extrajudiciais têm características de formação, nomeação e atuação diferenciada. No âmbito judicial, existem normativas mais rígidas e restritivas à formação e atuação dos mediadores. No âmbito extrajudicial, há mais liberdade na eleição, formação e atuação dos mediadores. Há também variáveis entre a mediação judicial e extrajudicial. No caso da mediação judicial, normas internas dos Tribunais, pautadas na Resolução CNJ Nº 125/2010 ditam o fluxo de trabalho dos Núcleos e principalmente dos CEJUSC. No caso da mediação extrajudicial, a Lei nº. 13.140/2015 é mais objetiva ao apontar os itens mínimos do procedimento, sem prejuízo de acréscimos que as câmaras privadas ou mediadores autônomos podem proporcionar aos seus clientes. Itens como, prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de mediação, local da primeira reunião de mediação, critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação e penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação são importantes pontos de atenção. Apesar de figurar já no rol dos princípios orientadores da Mediação, o tema mereceu destaque diante das graves implicações que podem surgir no procedimento da mediação. Na prática,se aponta a abrangência objetiva da confidencialidade e os pontos de exceção, como ciência de crimes de ação penal pública incondicionada e obrigações administrativas e tributárias em consoante com o artigo 198 da Lei nº. 5.172/1976. Marco importante da Lei nº. 13.140/2015 e também presente no CPC 2015 diz respeito à possibilidade da consensualidade estendida aos casos previstos com a Administração Pública. Disposições gerais, condições mais rígidas e limitações formais Procedimento da Mediação Confidencialidade Mediação com a Administração Pública 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 47/58 e materiais aparecem nesta parte final e muito importante da Lei. Sem prejuízo de possibilidades já existentes, é, sem dúvida, um marco, um novo paradigma para a Administração Pública e seus credores. Negociação Ainda que seja uma abordagem um pouco mais restritiva e polêmica, uma vez que se situa em um campo de possibilidades mais amplo possível, ocorrendo, na maioria das vezes em espaços alienígenas ao Poder Judiciários e aos mais regulamentos métodos consensuais, a Negociação é um importante e tradicional ferramenta no tratamento adequado de conflitos, com técnicas que podem, em certas ocasiões, apoiar etapas ou momentos importantes da Conciliação. A Negociação é uma versão mais originária da consensualidade dos envolvidos em um conflito e, muitas das vezes, utilizada em várias áreas do conhecimento, normalmente associada a processos de construção do convencimento de negociações gratuitas ou onerosas. Trata-se, portanto, de um método com técnicas próprias da liberdade de manifestação e contratação das partes, muito praticado em escolas de negócios e espaços afins e que ganha maior visibilidade junto às operações judiciárias e de espaços privados de solução de conflitos após a aproximação da prática e resultados positivos com a conciliação e mediação. Para fins de uma melhor percepção, vamos relacionar aqui alguns pontos diferenciados da Negociação se comparada à Conciliação e à Negociação. Maior liberdade temporal A Negociação tem uma janela no tempo mais ampla e favorável às relações continuadas, em especial aos envolvidos que já mantinham (e mantém) entre si, outras relações jurídicas. Ela não está presa a momentos ou desfechos processuais, ligados ao curso de um rito processual, horários e modelos de funcionamento de centros de conciliação e mediação, por exemplo. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 48/58 Maior liberdade de objeto A Negociação, pela sua própria natureza e prática, possui uma maior elasticidade no objeto a ser negociado de um litígio, podendo, inclusive, ampliar o campo de deliberação e resolução por acordo. Não é que isso não possa ser feito em sede de conciliação e mediação, mas o ethos desses dois últimos métodos é menos propenso a tais realizações. Maior autonomia de execução A Negociação tem, em sua origem, uma formação mais simplificada, proporcionando aos ditos negociadores uma apropriação mais simples, menos sofisticada e, em grande parte dos casos, acessível ao público mais aberto, longe o suficiente da linguagem e comportamento das soluções eminentemente jurídicas na solução de conflitos. É um aspecto de repercussão social importante e não pode ser desconsiderado. Soluções ou métodos adequados não consensuais Sem prejuízo da importância da busca e prática da consensualidade no âmbito da Política Pública de tratamento de conflitos no Brasil, existe também espaço e normatização para métodos que buscam apresentar uma alternativa à judicialização de conflitos frente ao Poder Judiciário, seja por vontade das partes, seja por previsão legal ou contratual. Arbitragem A Arbitragem ocupa um papel de destaque no campo dos métodos adequados de solução de conflitos não consensuais, como uma verdadeira e dedicada opção aos trâmites jurídicos, econômicos e políticos de ações e processos judiciais que podem restar não decididos em tempo e qualidade desejadas pelos envolvidos no conflito. 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 49/58 A Lei nº. 9.307/1996 e as importantes alterações previstas pela Lei nº. 13.129/2015 trazem, no âmbito brasileiro, as opções disponíveis ao tratamento de conflitos fora do Poder Judiciário e sem necessariamente depender da consensualidade entre os envolvidos. Trata-se da possibilidade da utilização da Arbitragem, como um meio adequado de resolver conflitos e que tem, conforme previsão legal, as seguintes características: Meio adequado não consensual de resolução de conflitos que os interessados, maiores capazes e pessoas jurídicas de direito privado e público podem ter à disposição para tratamento de relações jurídicas diversas. É normalmente organizada em espaços públicos e privados denominados de “Câmaras” com regras e regulamentos pormenorizados da ritualística adotada, sempre com referência à previsão legal. Os interessados por optar pela Arbitragem como meio mais adequado e não oneroso de solução de conflitos por uma Cláusula Compromissória, quando, entre eles, existem relações jurídicas contratuais ou pelo Compromisso Arbitral, que é uma celebração que pode ser nos autos ou mesmo extrajudicial, normalmente pelo convite formulado por um dos interessados (ou partes do processo judicial) e acatado pela outro (a). Pode ser árbitro qualquer pessoa maior e capaz e deverão ser indicados e nomeados pelas partes. Ao contrário do que ocorre no Poder Judiciário, aqui as partes podem escolher seus árbitros e ou Centros de Arbitragem. Em outras palavras, inexiste o princípio do árbitro natural, como se tem na ideia do juiz natural (Poder Judiciário). Arbitragem Como chegar à arbitragem Árbitros Procedimento arbitral 05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 50/58 De acordo com a Lei nº. 9.307/1996, o procedimento arbitral e a arbitragem consideram-se instituídos no momento da aceitação do árbitro indicado. Logo de início, há possibilidade de alegações preliminares diversas, tal como competência, suspeição, dentre outras e que serão devidamente analisadas e resolvidas. O procedimento em si atenderá à predisposição da convenção da arbitragem ou na sua ausência, às disposições do Centro de Arbitragem. O procedimento arbitral compreende também a instrução, com oitiva de depoimento das partes, testemunhas, análise de documentos e outros meios de prova. Antes de instituída a arbitragem, eventuais medidas de urgência devem ser requeridas ao Poder Judiciário. Com a instituição da arbitragem, os árbitros passam a responder por novas análises e possíveis ajustes. Em tramitação da arbitragem, medidas especiais poderão ser solicitadas ao Poder Judiciário, que as praticará, for o caso, em cumprimento às Cartas Arbitrais. Trate- se de mais uma caracterização do hibridismo do procedimento arbitral que poderá contar o apoio e atuação do Poder Judiciário em cada caso concreto, se necessário for. Trata-se do documento decisório da Justiça Arbitral, proferida na sequência do referido procedimento e que conterá, na forma da lei, relatório, fundamentação e o dispositivo, podendo ser parcial ou total. Após a comunicação formal às partes, há um prazo para possíveis correções materiais e em seguida, a sentença passará a ter a mesma validade jurídica das sentenças proferidas pelo Poder Judiciário, sendo consideradas como títulos executivos judiciais, nos termos do artigo 515, XXX do CPC. Sim, você não leu errado! Título executivo judicial! Mas, a Arbitragem não é fora do Poder Judiciário? Pois é, o legislador poderia
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