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2013 Pensamento Pedagógico e a construção da escola Prof.ª Silvana Montibeller Burg Prof. Sílvio Luiz Fronza Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof.ª Silvana Montibeller Burg Prof. Sílvio Luiz Fronza Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 370 B954p Burg, Silvana Montibeller Pensamento Pedagógico e a Construção da Escola / Silvana Montibeller Burg, Sílvio Luiz Fronza. Indaial : Uniasselvi, 2013. 258 p. : il ISBN 978-85-7830-811-7 1. Pensamento pedagógico. 2. Educação. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. III aPresentação A história é um conhecimento em permanente transformação. Isso significa que a produção da história não resulta do desenvolvimento de um método que esgote o que há para saber sobre os objetos no passado. Porém, é movida pelas sucessivas perguntas que as diferentes gerações de historiadores fazem as suas fontes, a partir de novos métodos de pesquisa e concepções teóricas, tornando o saber passível de novas interpretações. Ao percorrer este fantástico labirinto da história, o ser humano depara-se com as modificações que criaram e impulsionaram os eventos nas sociedades. A história enquanto disciplina é o vetor da construção do conhecimento passado, presente e, quiçá, futuro; capaz de ressignificar o mundo que nos circunda. Permite, ainda, compreender como, através dos tempos, o homem formulou as concepções acerca do conhecimento e do funcionamento e estrutura do ensino. A História da Educação é uma ferramenta essencial para que o acadêmico possa entender as transformações que ocorreram no espaço- tempo humano, seja nas sociedades orientais ou ocidentais. Nesse contexto, o indivíduo é o agente da transformação da cultura, orientador dos saberes e organizador da sua própria história. Essa compreensão deve estar vinculada a outros contextos, como as orientações filosóficas, religiosas, sociais e políticas, que influenciam os indivíduos, pois, a educação não está presente na história como um fato isolado. O conhecimento deverá ser visto como uma síntese dos saberes históricos, científicos e cotidianos, oriundos da experiência pessoal, familiar, coletiva, social; que define e oferece os primeiros conjuntos organizados de informações sobre o grupo e o indivíduo, bem como de outros grupos nas múltiplas temporalidades. Este Caderno de Estudos apresenta as concepções de Educação a partir de um olhar crítico, e procura não apenas perceber a ordem social vigente em cada período, como também busca captar os interesses que permearam os contextos históricos ao longo do tempo; e que fizeram com que o Brasil se submetesse culturalmente a interferências de outras nações. Tem por objetivo um contexto dinâmico, que procura incorporar as abordagens mais recentes que a LDB preconiza. Trazendo, dessa forma, uma visão atualizada dos caminhos que permeiam a compreensão e a interpretação dos fatos históricos descritos. Seja bem-vindo(a), acadêmico(a), a esta emocionante História! Profª. Silvana Montibeller Burg Prof. Sílvio Luiz Fronza IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! UNI V VI VII sumário UNIDADE 1 – A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA ................. 1 TÓPICO 1 – OS PRIMEIROS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO ......................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 O CONHECIMENTO HISTÓRICO ................................................................................................. 4 3 O SISTEMA EDUCACIONAL NAS COMUNIDADES TRIBAIS ............................................ 6 3.1 EDUCAÇÃO DIFUSA .................................................................................................................... 6 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 7 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 9 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 10 TÓPICO 2 – EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL ........................................................ 11 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 11 2 EDUCAÇÃO NA MESOPOTÂMIA ................................................................................................ 11 3 EDUCAÇÃO NO EGITO ANTIGO ................................................................................................. 14 4 AS CONTRIBUIÇÕES HEBRAICAS ............................................................................................... 17 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 19 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 21 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 23 TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE OCIDENTAL .................................................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 25 2 CONTEXTO NA ANTIGA GRÉCIA ................................................................................................ 25 2.1 EDUCAÇÃO NA GRÉCIA ............................................................................................................ 29 2.1.1 A educação homérica ou cavalheiresca ............................................................................... 29 2.1.2 A educação em Esparta .......................................................................................................... 32 2.1.3 A educação em Atenas ........................................................................................................... 35 3 EDUCAÇÃO EM ROMA ....................................................................................................................37 3.1 PRIMEIRA FASE DA EDUCAÇÃO EM ROMA: EDUCAÇÃO LATINA .............................. 38 3.2 SEGUNDA FASE DA EDUCAÇÃO EM ROMA: INFLUÊNCIA HELENÍSTICA ................ 38 3.3 TERCEIRA FASE DA EDUCAÇÃO EM ROMA: EDUCAÇÃO GRECO-ROMANA ........... 39 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 40 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 42 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 44 TÓPICO 4 – O RENASCIMENTO HUMANISTA E OS SISTEMAS EDUCACIONAIS ......... 47 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 47 2 RENASCIMENTO E HUMANISMO: A JUNÇÃO DAS UNIVERSIDADES E DAS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO ........................................................................................................... 48 3 UTOPIAS EDUCACIONAIS RENASCENTISTAS: PERSONAGENS DO RENASCIMENTO E SUAS PREOCUPAÇÕES EDUCACIONAIS ........................................... 48 4 AS GRAMÁTICAS E O DECLÍNIO DO LATIM .......................................................................... 50 5 REFORMA EDUCACIONAL: O MODELO PROTESTANTE DE EDUCAÇÃO .................... 50 6 CONTRARREFORMA: O MODELO CATÓLICO DE EDUCAÇÃO ........................................ 53 VIII 7 O FIM DO PERÍODO DE INTOLERÂNCIA ENTRE CATÓLICOS E PROTESTANTES ... 55 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ........................................................................................................... 56 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ........................................................................................................... 59 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 62 TÓPICO 5 – A FORMAÇÃO DE UM SISTEMA LAICO DE ENSINO NO MUNDO OCIDENTAL ..................................................................................................................... 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 63 2 A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS: O SÍMBOLO DO FIM DO ANTIGO SISTEMA COLONIAL E SUAS IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO ......................................... 64 3 A REVOLUÇÃO FRANCESA: O FIM DO ANTIGO REGIME E O COMITÊ DA EDUCAÇÃO PÚBLICA ...................................................................................................................... 65 4 O ILUMINISMO: O INÍCIO DO PROCESSO DE LAICIDADE NA EDUCAÇÃO OCIDENTAL ......................................................................................................................................... 66 4.1 O ENSINO LAICO: MODELOS NACIONAIS DOS ESTADOS LIBERAIS ........................... 67 4.2 O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA LAICIDADE: O SURGIMENTO DE INTELECTUAIS EDUCACIONAIS LEIGOS .............................................................................. 68 4.3 OS CONFLITOS DA LAICIZAÇÃO ............................................................................................ 71 5 O DESENVOLVIMENTO DE CIÊNCIAS AUXILIARES: A PSICOLOGIA E A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ...................................................................................................... 71 5.1 A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO .............................................................................................. 72 5.2 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ............................................................................................... 73 6 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A EDUCAÇÃO TÉCNICA ................................................... 74 6.1 A EDUCAÇÃO TÉCNICA ............................................................................................................. 75 6.2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E AS TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO UNIVERSITÁRIO ............................................................................................................................ 76 7 O ENSINO NA PÓS-MODERNIDADE: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS ........................ 76 7.1 A GLOBALIZAÇÃO DO ENSINO UNIVERSITÁRIO: UM DOS INDÍCIOS DE PÓS- MODERNIDADE EDUCACIONAL ............................................................................................ 78 7.2 REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA: A INTERNET E SEUS IMPACTOS EDUCACIONAIS A PARTIR DE 1990 ......................................................................................... 79 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 83 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 87 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 88 UNIDADE 2 – PENSAMENTO PEDAGÓGICO .............................................................................. 89 TÓPICO 1 – A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS NO BRASIL .................... 91 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 91 2 OS JESUÍTAS E A EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL .................................................... 93 2.1 O MÉTODO JESUÍTICO DE ENSINO E SEU LEGADO ........................................................... 94 2.2 PADRE MANUEL DA NÓBREGA .............................................................................................. 97 2.3 PADRE JOSÉ DE ANCHIETA ....................................................................................................... 98 3 O MARQUÊS DE POMBAL (PERÍODO POMBALINO) E A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS .............................................................................................................................................. 100 4 A VINDA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA PARA O BRASIL (OU PERÍODO JOANINO) E AS MUDANÇAS EDUCACIONAIS ...................................................................... 102 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 103 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 105 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 107 IX TÓPICO 2 – A EDUCAÇÃO NO PRIMEIRO E NO SEGUNDO REINADO ............................. 109 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 109 2 O SISTEMA EDUCACIONAL NOS REINADOS ......................................................................... 111 2.1 ENSINO ELEMENTAR OU PRIMÁRIO ..................................................................................... 111 2.2 ENSINO SECUNDÁRIO ................................................................................................................ 112 2.3 ENSINO SUPERIOR ....................................................................................................................... 115 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 116 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................................119 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 121 TÓPICO 3 – A EDUCAÇÃO NO PERÍODO REPUBLICANO E A REDEMOCRATIZAÇÃO DA NOVA REPÚBLICA .................................................. 125 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 125 2 A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930) E OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ........................... 133 3 A REVOLUÇÃO DE 1930 NO CAMPO EDUCACIONAL E A ERA VARGAS ....................... 135 4 CONTEXTO DA REDEMOCRATIZAÇÃO (1945-1964) ............................................................... 137 5 A DITADURA MILITAR (1964-1985) E A EDUCAÇÃO .............................................................. 142 5.1 REDEMOCRATIZAÇÃO – NOVA REPÚBLICA (1985 À ATUALIDADE) ........................... 145 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 147 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 149 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 151 TÓPICO 4 – A LEGISLAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA ATUALIDADE .......................................................................................................... 153 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 153 2 A EDUCACÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E NO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO ........................................................................................................... 154 3 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO (1996) ......................................................... 158 3.1 AS NOVAS DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO (DIREITOS HUMANOS, CULTURA AFRO-BRASILEIRA, INDÍGENA E MEIO AMBIENTE) .......................................................... 161 3.1.1 Direitos humanos na LDB .................................................................................................... 161 3.1.2 História e cultura afro-brasileira e indígena na LDB ........................................................ 162 3.1.3 Educação ambiental na LDB ................................................................................................ 164 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 165 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 168 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 169 TÓPICO 5 – POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS (PDE, FUNDEB / FUNDEF, AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ESCOLAR) ......................................... 171 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 171 2 FUNDEB / FUNDEF ............................................................................................................................. 171 3 PDE ......................................................................................................................................................... 172 4 PDDE ...................................................................................................................................................... 174 5 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ESCOLAR ................................................................................. 176 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 179 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 182 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 183 UNIDADE 3 – GESTÃO E ORGANIZAÇÃO ESCOLAR ............................................................... 185 TÓPICO 1 – GESTÃO E ORGANIZAÇÃO ESCOLAR .................................................................. 187 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 187 X 2 DOCUMENTOS EDUCACIONAIS DE REFERÊNCIA ............................................................... 188 2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL (CF/1988) ....................................................................................... 188 2.2 CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (CNE) .................................................................. 189 2.3 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS (DCNs) ............................................................. 189 2.4 LEI DE DIRETRIZES E BASES (LDB) .......................................................................................... 190 2.5 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ...................................................... 190 3 ORGANIZAÇÃO ESCOLAR ............................................................................................................ 192 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 195 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 197 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 198 TÓPICO 2 – CONSELHOS ESCOLARES, PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E AVALIAÇÃO ..................................................................................................................... 199 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 199 2 O PPP DA ESCOLA ............................................................................................................................. 199 3 O CONSELHO ESCOLAR ................................................................................................................. 202 4 AVALIAÇÃO DISCENTE E INSTITUCIONAL ............................................................................ 204 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 210 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 213 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 214 TÓPICO 3 – PAPEL DO GESTOR E DOS ESPECIALISTAS DE APOIO (COORDENADORES PEDAGÓGICOS) ................................................................... 215 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 215 2 O PAPEL DO GESTOR ....................................................................................................................... 216 3 O PAPEL DOS COORDENADORES PEDAGÓGICOS ESCOLARES ..................................... 218 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 220 RESUMODO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 222 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 223 TÓPICO 4 – CONSELHO DE CLASSE E FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PROFESSOR ..................................................................................................................... 225 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 225 2 O CONSELHO DE CLASSE .............................................................................................................. 226 3 FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PROFESSOR .............................................................................. 228 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 235 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 237 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 238 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 239 1 UNIDADE 1 A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de: • conhecer a formação histórica da organização do sistema público de ensi- no e seus projetos educativos. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – OS PRIMEIROS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO TÓPICO 2 – EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE OCIDENTAL TÓPICO 4 – O RENASCIMENTO HUMANISTA E OS SISTEMAS EDUCACIONAIS TÓPICO 5 – A FORMAÇÃO DE UM SISTEMA LAICO DE ENSINO NO MUNDO OCIDENTAL 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 OS PRIMEIROS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO 1 INTRODUÇÃO As lutas do ser humano pela sobrevivência o levaram a enfrentar as hostilidades da natureza, a criação das primeiras ferramentas. Depois, gradativamente, outros desafios surgiram culminando nas primeiras formas de comunidade. Por meio de pinturas, no princípio rudimentares e outros vestígios de desenvolvimento, foi possível traçar uma História para a raça humana e dialogar com seus valores, crenças, hábitos e evolução. Pode-se afirmar, então, que a memória dos acontecimentos e das ações dos seres humanos ao longo do tempo compõe a História. História é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento dos seres humanos no tempo. Ou seja, a História analisa os processos históricos, personagens e fatos para poder compreender um determinado período histórico, cultura ou civilização. O grego Heródoto, que viveu no século V a.C., é considerado o “pai da História” e primeiro historiador, pois foi o pioneiro na investigação do passado para obter conhecimento histórico. FONTE: Adaptado de: <http://www.suapesquisa.com/historia/conceito_historia.htm>. Acesso em: 4 mar. 2013. Nesse sentido, esta unidade vai dialogar sobre a História da Educação, que está diretamente ligada aos primeiros conceitos educacionais provindos das diferentes culturas e períodos ao longo da História. Dessa forma, para melhor definir as concepções usadas pelo homem para a transmissão de conhecimento aos seus descendentes utilizam-se as palavras de Iturra (1994, p. 40): Todo o grupo social precisa de transmitir a sua experiência acumulada no tempo à geração seguinte, como condição da sua continuidade histórica. O fato de os membros individuais do grupo estarem sempre a renovar-se, seja pela morte, seja pelo nascimento, dinamiza a necessidade de que essa experiência acumulada, que se denomina saber e existe fora do tempo individual, fique organizada numa memória que permaneça no tempo histórico. UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA 4 Arqueólogos e historiadores já reuniram muitas explicações acerca do desenvolvimento das sociedades, mais ou menos complexas, a partir da Pré- História. Não há informações precisas de muitos desses períodos, mas, mesmo nas comunidades primitivas com predominância da memória oral, havia uma organização social e hierárquica do saber, do conhecimento, e meios diferentes de passar esse conhecimento aos descendentes. Um pouco dessas estruturas, a partir das comunidades tribais, será abordada a seguir, que inicia com o conceito de historicidade na aquisição do conhecimento. 2 O CONHECIMENTO HISTÓRICO A História da Educação está diretamente ligada aos primeiros registros do homem e às primeiras produções escritas na Terra. Por isso, embora não seja o foco desse estudo e a abordagem seja superficial, é importante conhecer um pouco mais sobre essas concepções. A partir do momento em que a humanidade passou a estudar e tentar compreender sua própria trajetória no mundo e a reconstituir a história dos antepassados, procurou organizar suas descobertas e dividi-las em períodos. No século XIX, acreditava-se que as sociedades só poderiam documentar sua História por meio da escrita (o que demonstra um sentido ideológico carregado de estigma), desconsiderando as imagens (pinturas), fósseis, vestígios materiais, relatos orais e quaisquer outros indícios de evolução do homem. Dessa forma, ao período que conceitua todas as atividades humanas desde sua origem (há aproximadamente cinco milhões de anos) até o surgimento da escrita (por volta do ano 4.000 a.C.) foi chamado de culturas ágrafas (alguns autores denominam o período de Pré- História). Ao período que corresponde à descoberta da escrita até os dias atuais denominou-se História (POMIAN, 1993). No período Pré-Histórico, a humanidade registrou nas paredes rochosas das cavernas ou dos penhascos, pinturas e desenhos de seres humanos e animais, utilizando-se de muitos suportes para registrar seus conhecimentos, tais como pedras, argila, madeira, vegetais e compostos animais. Esses primeiros registros lineares introduziram no mundo o primeiro passo para a escrita. Mais tarde, as pictogravuras (descrição de imagens que servem de símbolos), associaram símbolos a objetos ou ideias. Assim, esses desenhos tornaram-se, aos poucos, ideogramas, e estes, por sua vez, escrita fonética (CARDOSO, 1981). A escrita mais antiga de que se tem conhecimento é a cuneiforme, composta por sinais complexos, derivada da palavra latina “cuneus” que significa cunha, e proveniente da Mesopotâmia. Para escrever, utilizavam-se placas de argila ainda moles, e, com um estilete, faziam-se marcas em forma de cunha. Após concluir a escrita, a placa era cozida até ficar tão duro quanto um tijolo. Mais tarde, passaram a escrever sobre peças de marfim e pequenas tábuas de madeira e rapidamente a escrita exprimiu o pensamento do homem, surgindo os primeiros escribas (funcionários públicos, exercendo funções burocráticas) (GUARINELLO, 2003). TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO 5 O desenvolvimento do comércio facilitou a divulgação dos sistemas de escrita, que foram adaptados a outras línguas. Os fenícios simplificaram esses códigos, diminuindo o número de sinais utilizados e criando o primeiro alfabeto, com vinte e duas consoantes, que, mais tarde, foi adotado pelos gregos (século XI a.C., que introduziram as vogais entre os sinais utilizados), dando origem ao alfabeto grego clássico e orientando a escrita da esquerda para a direita (POMIAN, 1993). A evolução da escrita, que passou a representar os sons da língua falada, baseado na significação, possui papel tão importante no desenvolvimento das sociedades queserve de parâmetro para dividir os aspectos relacionados ao desenvolvimento do ser humano: antes da escrita, pré-história e depois da escrita história. Salienta-se, porém, que o aparecimento e a evolução da escrita não foi, e não é, uma característica de todas as sociedades humanas, considerando-se que há diversas línguas não escritas no mundo (aproximadamente 7.000). Questões históricas, como a estrutura da sociedade, podem explicar a ausência da escrita nesses idiomas (CARDOSO, 1981). Entretanto, falar e escrever não são a mesma coisa. Viver em sociedade requer o domínio da fala, e a criança em seus primeiros meses de vida já tem como instrutores as pessoas próximas. Por outro lado, a escrita precisa ser ensinada, geralmente em escolas, por pessoas que também a aprenderam. Ou seja, exige uma formalidade e uma intencionalidade, uma vez que não se aprende a escrever convivendo com quem escreve. “Essa intencionalidade também existiu na criação das línguas escritas e em sua evolução, para acompanhar o ritmo das sociedades e as várias modificações que a própria língua falada foi sofrendo”. (VALLE; PANCETTI, 2009, p. 2). Assim, as concepções acerca do mundo foram gravadas na História. O ser humano alcançou sistemas complexos de sociedade e criou diferentes formas de transmitir conhecimentos a seus descendentes, estabelecendo assim o sistema educacional. A educação está presente em todos os momentos da História. Por mais primitiva que seja uma sociedade, há um momento em que ela se educa (MEKSENAS, 2002). Embora não seja possível desvincular a História do desenvolvimento do homem e da mulher de outras concepções, como suas orientações filosóficas, religiosas, sociais e políticas, sempre que se considera a existência de uma sociedade, por mais primitiva que seja, considera-se também sua concepção de educação. Ela está presente em todos os momentos da História da humanidade (MEKSENAS, 2002). A seguir, veremos os primeiros sistemas educacionais conhecidos no mundo, oriundos das comunidades tribais. UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA 6 3 O SISTEMA EDUCACIONAL NAS COMUNIDADES TRIBAIS Nas culturas ágrafas, a educação dos jovens ocorria por meio da imitação das atitudes dos adultos, tanto nas atividades diárias, quanto nas cerimônias e rituais. “Apesar de não existir nessas sociedades elementos como Estado, classes sociais, escrita, comércio e escola”. (ITURRA, 1994, p. 36), as diferenças não permitem generalizações, tampouco que essas sociedades sejam avaliadas de forma etnocêntrica, ou seja, por padrões da nossa cultura. Deve-se avaliá-las, por conseguinte, como sociedades diferentes e não inferiores. Perceba, caro(a) acadêmico(a), que a família era, nesse período, o centro da educação das crianças, o único meio de transmissão de conhecimentos aos descendentes. A família, em qualquer sociedade, é o primeiro lugar de socialização do indivíduo, onde ele aprende a reconhecer a si e aos outros, a comunicar e a falar, onde depois aprende comportamentos, regras, sistemas de valores, concepções do mundo. A família é o primeiro regulador da identidade física, psicológica e cultural do indivíduo e age sobre ele por meio de uma fortíssima ação ideológica. Esse era também o papel da família na Antiguidade, [...] mas sempre seguindo um modelo autoritário que vê o pai quase como um deus ex machina da vida familiar [...]. (CAMBI, 1999, p. 80). Para Brandão (2007) a educação dos povos primitivos se caracteriza pelo caráter eminentemente oral (não há registros escritos); integral (abrange todo o saber da tribo); universal (todos têm acesso ao saber e ao fazer apropriados pela comunidade); religioso/mítico (presença de deuses e do sobrenatural em todos os aspectos da realidade vivida); e de imitação servil (a reprodução do saber ocorre por imitação). Na vida primitiva, a terra era de todos e as gerações que iam nascendo aprendiam os máximos e mínimos da organização da vida natural, que com a sua própria teoria, transformaram em cultura. Cada ser humano passa a ser construtor de uma parte dela com as ideias que lhe foram transmitidas (ITURRA, 1994). 3.1 EDUCAÇÃO DIFUSA Segundo Ponce (2003), o fato de todos os componentes da sociedade primitiva terem acesso ao saber, caracteriza a educação difusa, ou seja, não há um dominador do conhecimento, todos aprendem por igual. O objetivo da educação difusa era ajustar a criança ao seu ambiente físico e social, por meio da aquisição de experiências. Todos os agentes desta educação de aldeia criam de parte a parte as situações que, direta ou indiretamente, forçam iniciativas de aprendizagem e treinamento. Elas existem misturadas com a vida em momentos de trabalho, de lazer, de camaradagem ou de amor. (BRANDÃO, 2007, p. 18). TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO 7 Nas comunidades tribais, a educação difusa alcança os ensinamentos junto às crianças de modo que elas aprendam em tempo integral: • Imitando os gestos dos adultos nas atividades diárias e nas cerimônias dos rituais, as crianças tomam conhecimento dos mitos dos ancestrais; pois estes também imitavam a ação dos deuses, como nas danças antes da guerra (representando a antecipação mágica do sucesso); e nos desenhos feitos nas pedras (como forma antecipada de apropriação da caça e forma de restituir os animais à natureza). • Imitando as atividades produtivas: caça, pesca, pastoreio e agricultura, as crianças aprendiam para a vida e por meio da vida, sem que alguém estivesse especialmente destinado à tarefa de ensinar; assim desenvolvia aguda percepção do mundo e aperfeiçoava suas habilidades, sem frequentar uma escola. • Também os males que assolavam as tribos eram relacionados à vontade dos deuses, e essas tradições e crenças eram transmitidas oralmente às crianças, por meio da repetição, permitindo a coesão grupal e perpetuando os comportamentos considerados desejáveis (o que configurava essas comunidades como estáveis). • Não eram usados castigos para trabalhar a adaptação aos usos e valores da tribo; havia, por parte dos adultos, tolerância em relação aos enganos dos aprendizes e respeito ao ritmo de aprendizagem. Dessa forma, a identidade étnica e cultural do grupo/tribo primitiva vai sendo perpetuada e passando às gerações os aprendizados adquiridos quanto às artes, ritos, cultos e ofícios (ocupações laborais), estabelecendo um elo entre a prática e a história. Para aprimorar seu aprendizado sobre as primeiras concepções da educação, leia também o texto complementar sugerido sobre os ritos de iniciação e responda às autoatividades. LEITURA COMPLEMENTAR RITOS DE INICIAÇÃO Júlio Cezar Melatti Várias sociedades indígenas marcam a passagem do jovem para a vida adulta, onde vai gozar da plenitude dos seus direitos, com certos ritos, chamados de iniciação, os quais constituem, também, ritos de passagem. ATENCAO UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA 8 Entre os índios Apinayé, a transformação dos meninos em guerreiros se dá em duas etapas, que juntas cobrem o espaço de um ano. E cada uma dessas etapas constitui ritos de passagem. A primeira etapa é como que uma preparação para a segunda, a qual constitui realmente a passagem para a classe dos guerreiros. Não vamos descrever aqui esses ritos em seus detalhes por serem demasiado complexos. De qualquer modo, vamos fazer notar que as duas etapas citadas constituem ritos de passagem, porque podem ser divididos nas três fases que caracterizam esses ritos: a) separação; b) transição; e c) incorporação. Na primeira etapa, os meninos que têm por volta de quinze anos de idade são separados dos demais por uma cerimônia que pode ser considerada como um rito de separação. Passam então a serem chamados de pebkaág, isto é, “semelhantes a guerreiros”. Daí por diante, durante alguns meses, embora durmam em suas casas maternas, os jovens em iniciação passam praticamente os dias separados daaldeia: têm um acampamento próprio, um local de banho só para eles, um pátio deles a leste da aldeia, um caminho circular em torno da aldeia pelo qual vêm buscar alimento em suas casa maternas. Recebem instrução todos os dias de dois índios maduros. Levam uma vida à parte da dos demais moradores, vindo à aldeia quase que somente para dançar à noite e dormir. Tal fase é marcada pelos ritos de transição. É durante esse período que os jovens têm suas orelhas e seu lábio inferior perfurado para uso de batoques. Finalmente, depois de algum tempo são de novo trazidos à vida da aldeia por uma cerimônia constituída de ritos de incorporação. A segunda etapa começa também por um rito de separação. Os jovens a partir de então são chamados de pemb, isto é, “guerreiros”. Nessa segunda etapa, os jovens ficam numa reclusão rigorosa, sendo feito para cada um deles um pequeno quarto totalmente fechado dentro de sua casa materna. Os jovens não devem ser vistos: ou estão em seus quartos ou, então, longe da aldeia. Nesta fase, seus instrutores lhes aconselham sobre como escolher e como tratar a esposa, como tratar seus colegas, como confeccionar seus enfeites, exortam-nos a obedecer a seus chefes etc. Marcam essa fase os rituais de transição. Finalmente eles voltam outra vez à vida da aldeia através dos ritos de incorporação. Ao serem novamente incorporados à vida da aldeia, os jovens já não são mais os mesmos. Já não são considerados meninos, são tratados como adultos e podem casar-se. As mulheres não passam por esses ritos, a não ser algumas por privilégio especial. FONTE: MELATTI, Júlio César. Índios do Brasil. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1980, p. 123-124. 9 Neste tópico, você viu que: • A História é resultado do passado, dos acontecimentos e das ações dos indivíduos ao longo do tempo. • De maneira geral, as sociedades tribais são predominantemente míticas e de tradição oral. Ou seja, para esses povos a natureza está repleta de deuses, e o sobrenatural penetra em todas as dependências da realidade vivida. • As sociedades ágrafas ou tribais não possuíam um sistema ordenado de educação. • O método de ensino, nas sociedades tribais era feito por meio da educação de imitação, em que as crianças aprendiam as diversas atividades dos adultos observando-os. • A educação difusa é caracterizada pelo acesso de todos os componentes da sociedade ao saber, ou seja, não há um dominador do conhecimento, todos aprendem por igual, por meio da aquisição de experiências. • O fato educativo está vinculado às diversas orientações filosóficas, religiosas, sociais e políticas. RESUMO DO TÓPICO 1 10 A partir da leitura deste tópico, responda às seguintes questões. 1 Use V se a afirmativa for verdadeira e F se for falsa. a) ( ) Nomadismo é o estilo de vida que consiste em não ter moradia fixa, estando o ser humano em permanente deslocamento. b) ( ) Sedentarismo é o estilo de vida que consiste em ter moradia fixa, sendo que o ser humano vive em um só lugar. c) ( ) As pinturas feitas nas paredes de rochas e cavernas, com reprodução de cenas de caça são chamadas de pinturas rupestres. 2 Em sua opinião, qual é o objetivo da educação de hoje? Você concorda com esse objetivo? Justifique sua resposta. 3 Seria possível, hoje, utilizar o método da imitação para ensinar as crianças? Por quê? 4 Em sua opinião, qual é a importância de ser exemplo para as crianças? 5 Qual é o papel da família na educação atual? Comente suas expectativas a partir da participação familiar na construção do conhecimento. AUTOATIVIDADE 11 TÓPICO 2 EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A Idade Antiga, ou Antiguidade, compreende o período que vai desde a invenção da escrita (por volta de 4000 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). A Idade Antiga é dividida em Antiguidade Oriental, que é constituída dos povos mesopotâmicos, egípcios, hebreus, fenícios e persas, e Antiguidade Ocidental (Grécia e Roma). As primeiras civilizações orientais surgiram próximas a grandes rios como: Nilo (Egito), Tigre e Eufrates (Mesopotâmia). Outras civilizações também se desenvolveram às margens de grandes rios, como: Amarelo (China), Indo e Ganges (Índia e Paquistão), que embora não são abordados neste Caderno de Estudos foram citadas devido a sua importância histórica. O Extremo Oriente é uma sub-região da Ásia. Localiza-se a Leste do continente, é composta por muitos países incluindo China e Índia. Oriente Médio é um termo utilizado para definir uma porção territorial encontrada a leste e ao sul do Mar Mediterrâneo, do ponto de vista histórico representa o berço das primeiras civilizações, como Mesopotâmia e Antigo Egito. Atualmente nesta região, encontramos países como o Iraque e Israel. Oriente Próximo é um termo utilizado por arqueólogos, historiadores, cientistas políticos e outros pesquisadores, engloba os países do Sudoeste Asiático. FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/geografia/extremo-oriente.htm>. Acesso em: 9 set. 2013. 2 EDUCAÇÃO NA MESOPOTÂMIA A palavra Mesopotâmia significa “terra entre rios”. A região está situada nas planícies dos rios Tigre e Eufrates. Também é chamada de Baixa Mesopotâmia. Desenvolveu-se por volta do terceiro milênio a.C. Abrigou diferentes povos como os sumérios, acádios, babilônicos, assírios e caldeus, entre outros (PINSKY, 2001). DICAS UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA 12 Foram nesses vales “entre rios” que o homem deixou de ser nômade, aprendeu a controlar o excesso e a falta de água, a drenar os pântanos e a construir sistemas de irrigação, inventou a roda, o calendário, o comércio, a escrita cuneiforme e diversas ferramentas de trabalho. Ali surgiram também as primeiras civilizações que tinham como característica principal a formação do Estado, e a instituição político-administrativa, determinando as normas e o modo de organização de cada grupo (CAMBI, 1999). As regiões em que surgiram as primeiras civilizações ficaram conhecidas como Crescente Fértil, atualmente, se situa parcial ou totalmente no Egito, Israel, Líbano, Jordânia, Síria, Turquia e Iraque. Muitas das áreas, após séculos de exploração, desapareceram e deram lugar a vastos desertos (PINSKY; PINSKY, 2003). O Crescente Fértil foi assim denominado por seu formato que lembra uma lua em quarto crescente, conforme demonstra a figura a seguir. FIGURA 1 – CRESCENTE FÉRTIL FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/crescente-fertil/>. Acesso em: 10 jul. 2013. TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL 13 Os povos que habitaram o Crescente Fértil dominaram técnicas como: a domesticação dos animais, a agricultura, a metalurgia, a escultura e a escrita (cuneiforme). As relações sociais comunitárias foram aos poucos substituídas pelo escravismo ou pela combinação deste com diferentes formas de servidão. Na Europa, esse período acaba com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476. Nos outros continentes, várias civilizações preservam os traços da Antiguidade até o contato com os europeus, a partir do século XVI. FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/arte-na-antiguidade/ antiguidade.php>. Acesso em: 4 mar. 2013. A escrita cuneiforme (talhada em argila por um estilete e depois cozida para endurecer) foi desenvolvida inicialmente pelos sumérios e usada pelos assírios, hebreus e persas, surgiu ligada às necessidades de contabilização dos templos. Eles elaboraram leis e criaram bibliotecas. Sua escrita era ideográfica, ou seja, expressava uma ideia. FIGURA 2 – ESCRITA CUNEIFORME FONTE: Disponível em: <http://icommercepage.wordpress. com/2010/09/26/a-escrita-cuneiforme/>. Acesso em: 16 jul. 2013. Mais tarde, os sacerdotes e escribas (encarregados da linguagem culta e da transcrição de hinos e livros sagrados) começaram a utilizar uma escrita convencional, que não tinha nenhuma relação com o objeto representado e cada sinalrepresentava um som. Surgia assim a escrita fonética, que pelo menos no segundo milênio a.C., já era utilizada nos registros de contabilidade, rituais mágicos e textos religiosos (PINSKY, 2001). UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA 14 Das poucas informações relacionadas ao processo educacional desse período, sabe-se que predominava a educação doméstica, com a transmissão dos saberes e culturas passadas de pai para filho. Após a conquista da Babilônia pelos assírios (por volta de 1.240 a.C.) foram criadas escolas públicas para impor ao povo os valores e crenças dos conquistadores. Além da educação escolar, a educação familiar (primeiro da mãe, depois do pai) ensinava os ofícios (profissões) em pequenas oficinas artesanais, cujo método não era institucionalizado. Baseava-se apenas em observar como os adultos faziam e repetir o processo. Com o passar do tempo surgiu a necessidade de dividir os saberes de forma a relacioná-los com o trabalho, cada vez mais especializado e técnico e, surge assim, a instrução superior, chamada de Casa da Vida, ou Universidade Palatina da Babilônia, em que se ensinavam, além da escrita, principalmente para estudantes vindos de famílias abastadas e que pretendiam se tornar escribas ou atender às demandas administrativas e econômicas, sobretudo as dos templos e palácios; e noções de aritmética, que permeavam as negociações econômicas (CAMBI, 1999). Os mesopotâmicos não tinham uma unidade política. As terras pertenciam aos deuses e eram administradas por uma corporação de sacerdotes. Cada cidade controlava seu próprio território rural e pastoril e sua rede de irrigação. Tinham governo e burocracia próprios e eram independentes, chamadas de cidade- estado. Havia um poder monárquico, que por ocasião de guerras ou alianças entre as cidades, representava a todos, sendo o poder real caracterizado como de origem divina. Porém, essas alianças eram temporárias. Embora independentes politicamente, esses pequenos Estados mesopotâmicos eram interdependentes na economia o que gerava um dinâmico processo de trocas (PINSKY, 2001). O desenvolvimento da antiga civilização egípcia também trouxe contribuições ao sistema educacional, conforme demonstra o tópico a seguir. 3 EDUCAÇÃO NO EGITO ANTIGO Localizada às margens do Rio Nilo, na porção nordeste do continente africano, a civilização egípcia foi sustentada por um sistema de servidão coletiva, sob o domínio do faraó, de caráter divino, considerado a encarnação de Deus, o que consolidava seu poder. Na escrita, foram responsáveis pela evolução dos pictogramas (sinais que representavam coisas e objetos), e ideogramas (sugeriam ideias), e pela criação de sinais (letras) que representavam sons (fonemas). Organizavam-se por meio de um conjunto de comunidades patriarcais chamadas nomos, que eram controladas por um chefe do Monarca. As terras não possuíam proprietário e as riquezas produzidas eram divididas coletivamente. Durante o governo do imperador Menés, entre 3.200 a.C. e 3.100 a.C., o Egito foi unificado (PINSKY; PINSKY, 2003). Com essa mudança, os monarcas foram transformados em funcionários imperiais encarregados de garantir o recolhimento dos impostos e a administração das aldeias e das cidades. Mas, a dissolução do Estado, a partir de invasões externas TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL 15 e disputas internas, dividiram a política do Egito em períodos distintos (conforme detalham a obra de Cambi, 1999; e Nunes, 1979a): • Antigo Império ou Período Arcaico, composto por três dinastias, ocorreu por volta de 2300 a.C.: O faraó e os nomos formam a unidade de organização sócio- política e as conveniências sociais eram muito valorizadas, com regras morais e comportamentais rigorosas. Os ensinamentos eram passados de pai para filho e do mestre escriba para o discípulo, sendo que havia sempre uma continuidade da transmissão do ensino de geração em geração. A autoridade dos adultos era inquestionável. FONTE: Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/educacao-antiga-educacao-no- egito-grecia-e-roma/22610/>. Acesso em: 5 mar. 2013. A educação ocorria de forma mnemônica, repetitiva, sempre baseada na escrita. O ensinamento voltava-se à formação do homem político, para o bem falar (retórica), depois para a valorização da educação, levando ainda ao saber comandar, e se subordinar para não sofrer castigos. Contando com um intenso artesanato, o comércio também foi uma importante atividade econômica no Egito Antigo. • Idade Feudal, composta por quatro dinastias, vai de 2190 a.C. a 2040 a.C.: neste período a preocupação dos faraós se volta à decadência da disciplina social. A educação deixa de ser de pai para filho e os jovens são confiados a um profissional que se dedique a educá-los. Surge a Educação Física, que acontece no palácio ou sedes da corte, cujo principal esporte é a natação, e é praticada pelos filhos do rei ou jovens escolhidos por ele. A retórica ainda é importante. Surge a figura do escriba, perito na escrita, que além de funcionário da administração, se torna o mestre dos filhos do rei. • Médio Império ou Período Tebano, com duas dinastias, ocorre entre os anos de 2133 a 1786 a.C.: o uso do livro de texto ganha importância em um modelo de educação privada, de pai para filho ou de escriba para discípulo. A profissão de escriba ganha importância e chega a propiciar a ascensão social, tornando as letras mais importantes que a palavra. O Estado centralizado foi restabelecido pelos esforços do faraó Mentuhotep II. A servidão coletiva foi mais uma vez adotada, permitindo a construção de vários canais de irrigação e a transferência da capital para a cidade de Tebas. FONTE: Disponível em: <http://www.slideshare.net/historiando/o-egito-antigo-prof-nlia>. Acesso em: 5 mar. 2013. Mesmo sendo um período de diversas conquistas e desenvolvimento da cultura egípcia, o Médio Império chegou ao fim com a dominação exercida pelos hicsos. FONTE: Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/ef2/egito/p2.php>. Acesso em: 8 mar. 2013. UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA 16 • O Segundo Período Intermediário ou Época dos Hicsos (que invadiram o Egito), com cinco dinastias, ocorre entre 1785 a.C. e 1580 a.C.: nesse período o livro adquire vital importância na educação. Exalta-se a técnica da instrução, dando importância à habilidade manual na escrita e durante a primeira infância, quando a criança passa a frequentar a escola. A educação física se torna preparação para a guerra e é privilégio somente das classes dominantes. FONTE: Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/educacao-antiga-educacao-no- egito-grecia-e-roma/22610/>. Acesso em: 5 mar. 2013. • O Novo Império, marcado pela décima oitava dinastia, ocorreu entre 1550 a.C. e 1070 a.C.: A presença dos invasores serviu para que os egípcios se unissem contra os hicsos. Neste período, o ensinamento ainda era valorizado. A profissão de escriba perdeu status e passou a ser relacionada a pessoas de compleição frágil. A punição corporal era frequente, e muitas vezes acompanhada pela reclusão e pelos grilhões. Com a expulsão definitiva dos invasores ocorre a dominação egípcia de povos como os hebreus, fenícios e assírios. A expansão das fronteiras possibilitou a ampliação das atividades comercias e estabilizou o Estado, até a invasão dos assírios, persas, macedônios, romanos, árabes, turcos e britânicos, que controlaram o Egito por mais de 2.500 anos. • Período Demótico, que dura de 1069 a.C. a 333 a.C.: A retórica perde importância para a subordinação, valorizando-se a assimilação dos costumes, obediência e submissão. O objetivo educacional passa a ser o preparo das crianças para a guerra, não somente para obedecer a ordens, mas também para comandar. A organização da sociedade egípcia era visivelmente rígida. O faraó ocupava o topo da pirâmide social, seguido pelos funcionários públicos e chefesmilitares, depois pelos escribas e comerciantes e pela população camponesa (DREGUER; TOLEDO, 2006). As crenças egípcias estavam relacionadas à adoração de vários deuses, geralmente associados às forças da natureza. O politeísmo influenciou todos os demais aspectos da vida daquele povo, que considerava a existência de vida após a morte, o que explica a complexidade dos rituais funerários e a preparação dos cadáveres por meio do processo de mumificação, característicos da cultura egípcia. A medicina obteve grandes avanços em tratamentos para diversos males e delicadas intervenções cirúrgicas. As artes tinham conotação religiosa. As representações pictóricas retratavam deuses e a vida de alguns faraós. Na arquitetura e na engenharia destacaram-se na construção de pirâmides, templos e canais de irrigação. Os egípcios deixaram vasta cultura material e muitos registros sobre seus hábitos e costumes (BESOZZI, 2005). TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL 17 Durante o século XIX, em meio às invasões de Napoleão ao Egito, uma equipe de cientistas franceses juntou várias peças arqueológicas de escrita hieroglífica. Em 1821, Jean Champollion iniciou estudos da escrita egípcia desenvolvida a partir de uma lápide de basalto negra conhecida como “Pedra Roseta”. A escrita egípcia também possibilitou a elaboração de uma literatura própria daquela civilização. Observou-se o desenvolvimento de textos variados, desde questões religiosas, até a produção de sátiras do cotidiano. Entre as principais produções literárias egípcias, destacam-se o “Livro dos Mortos” e a “Sátira das Profissões” (CAMBI, 1999). Cabe destacar ainda, a contribuição do povo hebreu à formação da herança educacional ocidental, como destaca o próximo item. 4 AS CONTRIBUIÇÕES HEBRAICAS Os hebreus, também chamados de judeus ou israelitas, habitavam a antiga Palestina (no Crescente Fértil, Antiguidade Oriental, território atual de Israel) e contribuíram deixando como herança para o mundo ocidental sua conduta moral e ética, que influenciou o surgimento de duas das principais religiões da atualidade: o judaísmo e o cristianismo. FONTE: Adaptado de: <http://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/judeus-na-historia. htm>. Acesso em: 5 mar. 2013. A família hebraica era patriarcal, ou seja, o homem tinha autoridade sobre a esposa e os filhos. A educação das crianças começava por volta dos três anos, quando já sabiam falar, e orações e cânticos eram aprendidos por repetição. Em casa, os símbolos e práticas religiosas proporcionavam oportunidade de ensino, também baseados na repetição e memorização. O pai ensinava ao filho homem a religião, a história do povo hebreu, uma profissão, bem como a nadar e encontrava-lhe uma esposa. À mãe cabia ensinar suas filhas a serem esposas obedientes e capazes, a cozinhar, fiar, tecer, tingir, cuidar de crianças, dirigir escravos, triturar grãos e às vezes a trabalhar na colheita. Deviam ter boas maneiras e alto padrão moral. Segundo o costume da comunidade judaica, as meninas tinham oportunidades educacionais formais restritas e não lhes era permitido estudar a Lei. As famílias mais abastadas ensinavam às meninas a música, dança, leitura, escrita e a manejar pesos e medidas. Para o povo hebreu não havia separação entre religião e educação. FONTE: Adaptado de: <http://historiadaeducacao.pbworks.com/w/page/18415089/ Educa%C3%A7%C3%A3o%20Hebraica,>. Acesso em: 5 mar. 2013. ATENCAO UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA 18 Para manter a identidade da cultura hebraica aprendiam a ler, escrever e tinham noções de aritmética. Os religiosos instruíam o povo nas sinagogas, papel assumido mais tarde pelos profetas, criticando a injustiça e a conduta social imprópria; e depois pelos escribas (doutores da lei) criando o complexo sistema de educação conhecido como "a tradição dos anciãos" (CAMBI, 1999). Da herança hebraica para a religião ocidental estão os mandamentos bíblicos, as histórias da criação e do dilúvio, o conceito de Deus como legislador e juiz, e cerca de dois terços do conteúdo bíblico, além da concepção de que o mal era proveniente de Satanás. Apesar de terem sofrido influência das culturas que os cercavam, alguns historiadores reconhecem traços da cultura e das crenças babilônicas nos legados hebraicos. Embora desprovidos de concepções artísticas, os hebreus destacaram-se no direito, na literatura e na filosofia. O Código Deuteronômio era à base do Direito judaico, e pregava uma sociedade mais democrática e igualitária. A democracia das leis judaicas só perdia para os egípcios. Até o rei devia submeter-se ao Código. Já na literatura, considerada a melhor produzida em todo o Oriente, os hebreus deixaram à posteridade a maior parte dos livros apócrifos (de autoria religiosa duvidosa), contidos no Velho Testamento, e que só foram divulgados quando a civilização hebraica já estava quase extinta. A supremacia da literatura hebraica é o Livro de Jó, que descreve a luta do homem contra o destino, o debate do bem e do mal, e questiona o limiar entre a vida e a morte. Muitas crônicas também datam desse período, tanto em forma de canto militar, profecia, poema lírico ou dramático, são repletos de ritmo, imagens concretas e vigor emocional. Na filosofia os hebreus destacaram-se na criação de provérbios, muitos dos quais reconhecidamente identificados como provindos de outras culturas que formaram o povo hebreu, e de obras como o livro do Antigo Testamento “Eclesiastes”, de autor desconhecido. As ideias desse livro determinam que o universo é uma máquina sem finalidade que marcha continuamente; o homem é vítima do capricho do destino; não há nada depois da morte; os prazeres da vida levam à desilusão quando a morte chega; os seres humanos devem ser moderados em seu viver. Os fundamentos religiosos advindo dos hebraicos serviram de base para muitas teorias tanto políticas e éticas, quanto religiosas ao longo dos séculos, sobretudo para o cristianismo, que herdou desse povo muitas das concepções difundidas até os dias de hoje. Agora, faça a leitura do texto complementar e esclareça suas dúvidas revisando o conteúdo do capítulo, se necessário. DICAS TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL 19 LEITURA COMPLEMENTAR PARA QUE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO? António Nóvoa Toda a acusação suscita uma defesa. Assim sendo, não espanta a proliferação de textos que procuram defender a história da educação. Não voltarei, agora, a essa literatura excessivamente autojustificativa. Mas vale a pena ensaiar quatro respostas à pergunta “Para que a história da Educação?”. Para cultivar um saudável ceticismo – Vivemos um mundo do espetáculo e da moda, particularmente no campo da educação. A “novidade” tende a ser vista como um elemento intrinsecamente positivo. Há uma inflação de métodos, técnicas, reformas, tecnologias. Mais do que nunca, é preciso estar avisado em relação a esta “novidade”, evitando o frenesi da mudança que serve, regra geral, para que tudo continue na mesma. A história da educação é dos meios mais eficazes para cultivar um saudável ceticismo, que evita a “agitação” e promove a “consciência crítica”. Não estou a falar de uma história cronológica, fechada no passado. Estou a falar de uma história que nasce nos problemas do presente e que sugere pontos de vista ancorados num estudo rigoroso do passado. Para compreender a lógica das identidades múltiplas – Vivemos uma época marcada por fenômenos de globalização e por uma desenraizada circulação de ideias e conceitos, e ao mesmo tempo, por um exacerbar de identidades locais, étnicas, culturais ou religiosas. Uma das funções principais do historiador da educação é compreender essa lógica de “múltiplas identidades”, por meio da qual se definem memórias e tradições, pertenças e filiações, crenças e solidariedades. Pouco importa se as comunidades são “reais” ou “imaginadas”. Não há memória sem imaginação (e vice-versa). À históriacumpre elucidar esse processo e, por esta via, ajudar as pessoas (e as comunidades) a darem um sentido ao seu trabalho educativo. Para pensar os indivíduos como produtores de história – as palavras do cineasta Manuel de Oliveira na apresentação do seu último filme merecem ser recordadas: “O presente não existe sem o passado, e estamos a fabricar o passado todos os dias. Ele é um elemento de nossa memória, é graças a ele que sabemos quem fomos e como somos”. Nunca, como hoje, tivemos uma consciência tão nítida de que somos criadores, e não apenas criaturas, da história. A reflexão histórica, mormente no campo educativo, não serve para “descrever o passado”, mas sim para colocar-nos perante um patrimônio de ideias, de projetos e de experiências. A inscrição do nosso percurso pessoal e profissional neste retrato histórico permite uma compreensão crítica de “quem fomos” e de “como fomos”. UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA 20 Para explicar que não há mudança sem história – o trabalho histórico é muito semelhante ao trabalho pedagógico. Estamos sempre a lidar com a experiência e a fabricar a memória. Hoje, as políticas conservadoras revestem-se de vernizes “tradicionais” ou “inovadoras”. O seu sucesso depende de um aniquilamento da história, por excesso ou por defeito. Por excesso, isto é, pela referência nostálgica ao passado, à mistificação dos valores de outrora. Por defeito, isto é, pelo anúncio repetido até à exaustão, de um futuro transformado em perspectiva e em tecnologia. Por isso, é tão importante denunciar a vã ilusão da mudança, imaginada a partir de um não lugar sem raízes e sem história. Aqui ficam quatro apontamentos, entre tantos outros, que permitem esboçar uma resposta à pergunta “Para que a história da Educação?” FONTE: NÓVOA, António. Evidentemente: história da educação. Lisboa: Edições Asa, 2005. 21 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você estudou que: • A Idade Antiga, ou Antiguidade, compreende o período que vai desde a invenção da escrita (por volta de 4000 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). • O nome Mesopotâmia significa “entre rios”, a região situava-se nas planícies dos rios Tigre e Eufrates. • O Crescente Fértil foi assim denominado por seu formato que lembra uma lua em quarto crescente às margens dos rios Nilo (Egito), Tigre e Eufrates (Mesopotâmia), Amarelo (China), Jordão (Palestina), Indo e Ganges (Índia e Paquistão); atualmente situam-se parcial ou totalmente Egito, Israel, Líbano, Jordânia, Síria, Turquia e Iraque. Essas regiões ficaram conhecidas como o “berço da civilização”. • No Crescente Fértil o homem deixou de ser nômade, aprendeu a controlar o excesso e a falta de água, a drenar os pântanos e a construir sistemas de irrigação, inventou a roda, o calendário, o comércio, a escrita e diversas ferramentas de trabalho. Ali surgiram também as primeiras civilizações que tinham como característica principal a formação do Estado, e a instituição político-administrativa determinando as normas e modo de organização de cada grupo. • A escrita cuneiforme (talhada em argila por um estilete e depois cozida para endurecer), desenvolvida inicialmente pelos sumérios; evoluiu com os egípcios para pictogramas (sinais que representavam coisas e objetos); ideogramas (sugeriam ideias), e mais tarde para a criação de sinais (letras) que representavam sons (fonemas). • A política do Egito foi dividida em períodos: Antigo Império ou Período Arcaico; Idade Feudal; Médio Império ou Período Tebano; Segundo Período Intermediário ou Época dos Hicsos; Novo Império; e Período Demótico. • O faraó do Egito ocupava o topo da pirâmide social, seguido pelos funcionários públicos e chefes militares, depois pelos escribas e comerciantes e pela população camponesa. • As crenças politeístas influenciaram os demais aspectos da vida do povo egípcio, que considerava a existência de vida após a morte, e possuíam complexos rituais funerários com a mumificação de cadáveres. 22 • Na medicina criaram tratamentos para diversos males e fizeram intervenções cirúrgicas delicadas. Na arquitetura e na engenharia destacaram-se na construção de pirâmides, templos e canais de irrigação. • O povo hebraico contribuiu com sua conduta moral e ética ao surgimento do cristianismo e do judaísmo, religiões que influenciam o Ocidente até os dias atuais. • As principais razões para se estudar História da Educação citadas por Nóvoa são: para explicar que não há mudança sem história; para pensar os indivíduos como produtores da história; para compreender a lógica das identidades múltiplas; para cultivar um saudável ceticismo. 23 A partir da leitura desse tópico, responda às questões. 1 (UECE) O Crescente Fértil, expressão que identifica uma área da civilização antiga, refere-se às seguintes civilizações: a) ( ) China, Índia e Japão. b) ( ) Grécia, Roma e Egito. c) ( ) Irã, Palestina e Mesopotâmia. d) ( ) Fenícia, Cartago e Roma. 2 (UECE) Politicamente, o Egito Antigo era caracterizado como: a) ( ) Império Teocrático. b) ( ) Monarquia Constitucional. c) ( ) República Teocrática. d) ( ) Império Escravista. e) ( ) Cidades-Estado. 3 (UFPE) Nas questões a seguir escreva V para as afirmativas verdadeiras ou F para as falsas, no que se refere à ESCRITA: a) ( ) Na sua fase inicial, 3.500 a.C., era um desenho estilizado de um objeto, hoje denominado de pictograma. b) ( ) O ser humano, para exprimir graficamente suas ações, criou símbolos representativos a que chamamos de ideogramas, cuja invenção data mais ou menos de 3.200 a.C. c) ( ) As sociedades ágrafas encontravam-se na fase da História Antiga; o conceito de civilização não está relacionado com as sociedades que apresentam um sistema de escrita. d) ( ) Antes da invenção da escrita, a humanidade já conhecia o conceito de propriedade privada de Estado e de classes sociais. e) ( ) Uma das primitivas formas de representação gráfica – a escrita cuneiforme – surgiu entre os sumérios, povos que habitavam a Mesopotâmia. 4 Apresente as principais características sobre a Mesopotâmia e o Egito Antigo. AUTOATIVIDADE 24 25 TÓPICO 3 EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE OCIDENTAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A Antiguidade Ocidental abrange as civilizações gregas e romanas e foi marcada pela abundância cultural, sobretudo dos gregos, que foram os primeiros povos a se estabelecerem a leste do Mar Mediterrâneo. Localizada na Península Balcânica, banhada pelo mar Egeu e pelo mar Jônio, o golfo de Corinto divide a Grécia em duas regiões: a região ao norte do golfo é chamada de Grécia continental; e ao sul, de Grécia peninsular. Com um relevo acidentado e montanhoso dificultava a agricultura, e por isso os gregos desenvolveram o comércio como principal atividade de subsistência. Esse povo dominou os persas, que já haviam conquistado o Oriente (MANACORDA, 2000). 2 CONTEXTO NA ANTIGA GRÉCIA Os gregos foram os primeiros povos a se estabelecerem a leste do Mar Mediterrâneo. A aquisição desse poder econômico desenvolveu e influenciou a Grécia, formando impérios marítimos, castelos, desenvolvendo a produção de vinho, cereais e oliveiras, inclusive para exportação; principalmente pela civilização creto-micênica (provinda da Ilha de Creta e da cidade de Micenas), que recebeu contribuições de outras culturas como aqueus, jônios, eólios e dórios, originando o povo grego e desenvolvendo a partir dessa mistura racial e cultural, outras habilidades como o artesanato, sobretudo com o uso de metais e cerâmica (MARROU, 1990; CASTORIADIS, 1986). Dessa forma, a História da Grécia Antiga, cujas principais cidades eram Atenas, Tebas e Esparta, pode ser dividida em períodos, como resume Manacorda (2000), a considerar: • Período Pré-Homérico (2500-1100 a.C. ou século XII ao VIII a.C.): ocorreu a formação do povo grego. • Período Homérico (1100-800 a.C. ou século VIII ao VI a.C.): fase retratadapelos poemas de Homero, Ilíada e Odisseia. UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA 26 • Período Arcaico (800-500 a.C. ou século VI ao IV a.C.): fase da formação das cidades-estados: a escrita, a moeda, a lei e a polis. • Período Clássico (500-400 a.C): apogeu da civilização grega. • Período Helenístico (336-146 ou IV ao I a.C.): decadência da Grécia. A intensificação do comércio fez surgir a moeda, o que revolucionou a economia grega. Atenas e Esparta disputavam o controle político por meio de constantes lutas. Entre 463 e 529 a.C. o rei Péricles garantiu a soberania de Atenas, trabalhando para melhorar a condição de vida das pessoas e interferindo nas características da política externa e cultural, o que oportunizou o surgimento de grandes nomes como Fídias, arquiteto e escultor; Sófocles, Ésquilo e Eurípedes, autores de tragédias; Heródoto, o grande historiador; Sócrates, o pai da filosofia; e Aristófanes, comediógrafo (MOSSÉ, 1989). No fim do governo de Péricles, ocorreu uma luta entre Esparta e Atenas, conhecida como uma das mais longas e violentas guerras do mundo antigo, e que foi chamada de guerra do Peloponeso (KULIKOWSKI, 2008). Podemos observar os territórios aliados a Esparta e Atenas por meio da figura a seguir. FIGURA 3 – GUERRA DO PELOPONESO FONTE: Disponível em: <http://dinter-usp-ufac.blogspot.com.br/2011/09/guerra-do- peloponeso.html>. Acesso em: 31 jul. 2013. Com o assassinato do rei Péricles, sobe ao poder seu filho Alexandre (discípulo de Aristóteles), que conquistou em batalhas muitas outras terras como Tebas, Granico e a Ásia Menor. Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., lutas TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE OCIDENTAL 27 políticas internas dividiram a Grécia em três grandes reinos: o do Egito, o da Síria e o da Macedônia. Tempos depois, reinos menores originaram-se desses três grandes reinos: Epiro, Ponto, Bitínia, Galátia, Pérgamo, Capadócia, Partia e Bactriana. Esses pequenos reinos constituíam os estados helenísticos (LOBATO, 2001). Os gregos adoravam vários deuses (ou seja, eram politeístas), e cultuavam heróis protetores mitológicos como Teseu, Épido, Perseu, Belerofonte e Hércules, e os representavam sob a forma humana (antropomórficos). Edificaram muitos templos a seus deuses, considerados meios de comunicação entre homem e divindades (que habitavam o monte Olimpo) (GIBBON, 1989). Um dos mais famosos templos, e que retratam o ápice da arte grega, foi dedicado à deusa Atena, e está retratado na figura a seguir. FIGURA 4 – RUÍNAS DO PARTHENON, TEMPLO CONSTRUÍDO PELOS GREGOS EM HOMENAGEM À DEUSA ATENA FONTE: Disponível em: <http://www.romildo.com/blog/turismo/2009/09/turismo- atenas-acropolis-e-o-partenon/>. Acesso em: 30 jul. 2013. Diversos jogos (como os Jogos Olímpicos, dedicados a Zeus, na cidade de Olímpia) homenageavam esses deuses, e durante sua realização (a cada quatro anos) todas as guerras eram suspensas e seus participantes tratados como pessoas sagradas (CAMBI, 1999). As principais divindades gregas, bem como os principais seres mitológicos por eles cultuados, estão relacionadas no quadro a seguir. 28 UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA QUADRO 1 – PRINCIPAIS DEUSES E SERES MITOLÓGICOS DA CULTURA GREGA Principais Divindades Gregas Principais Seres Mitológicos da Grécia Zeus Deus de todos os deuses, senhor [do Céu. Heróis Seres mortais, filhos de deuses com seres humanos, como Hércules e Aquiles. Afrodite Deusa do amor, sexo e beleza. Ninfas Seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando alegria e felicidade. Poseidon Deus dos mares. Sátiros Figura com corpo de homem, chifres e patas de bode. Hades Deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo. Centauros Corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo. Hera Deusa dos casamentos e da maternidade. Sereias Mulheres com metade do corpo de peixe que atraíam os marinheiros com seus cantos. Apolo Deus da luz e das obras de artes. Górgonas Mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes, como a Medusa. Artemis Deusa da caça. Quimeras Mistura de leão e cabra, soltavam fogo pelas ventas. Ares Divindade da guerra. Minotauro Corpo de homem, cabeça de touro, esse monstro habitava o labirinto da Ilha de Creta. Atena Deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cidade de Atenas. Cronos Deus da agricultura que também simbolizava o tempo. Hermes Divindade que representava o comércio e as comunicações. Hefesto Divindade do fogo e do trabalho. FONTE: Adaptado de: http: <//www.suapesquisa.com/musicacultura/deuses_gregos.htm>. Acesso em: 31 jul. 2013. Na Grécia, as classes da sociedade variavam de uma cidade-estado para outra. Atenas garantia a democracia da minoria à custa da escravidão da maioria e contava com três classes, que Jaeger (1995) classifica como: • Cidadãos ou eupátridas: Somente eles possuíam direitos políticos para participar da democracia. As mulheres e as crianças não faziam parte do grupo dos cidadãos. TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE OCIDENTAL 29 • Metecos: Eram os estrangeiros que habitavam Atenas. Não tinham direitos políticos e estavam proibidos de adquirir terras, mas podiam dedicar-se ao comércio e ao artesanato. Em geral, pagavam impostos para viver em Atenas e estavam obrigados à prestação do serviço militar. • Escravos: Formavam a maioria da população ateniense. Para cada cidadão adulto chegaram a existir dezoito escravos, considerados propriedades do seu senhor, embora houvesse leis que os protegia contra excessos de maus tratos. FONTE: Disponível em: <http://www.historiadomundo.com.br/grega/sociedade-grega.htm>. Acesso em: 5 mar. 2013. Muitas culturas influenciaram de forma significativa o mundo contemporâneo, mas, a maior influência da Antiguidade para o mundo atual vem da Grécia, considerada o berço da cultura ocidental e também o berço da filosofia. Vamos compreender melhor a herança grega a partir dos próximos itens desse caderno, destacando, principalmente, as informações acerca das concepções de educação entre aquele povo. 2.1 EDUCAÇÃO NA GRÉCIA O povo grego influenciou em muitos aspectos a construção da cultura ocidental: criou as primeiras ciências (Medicina, Física, Astronomia, Matemática, História, Filosofia etc.); e artes (teatro, arquitetura, esculturas etc.). Politeístas, os gregos construíram, em homenagem a seus deuses, imponentes templos, hoje considerados maravilhas do mundo. Na filosofia destacaram-se Protágoras, Górgias, Sócrates, Platão e Aristóteles. Os gregos também desenvolveram a Arquitetura (templos sustentados por colunas), a pintura, a Literatura (Heródoto, Tucídides e Xenofonte) e o teatro (Ésquilo, Sófocles e Aristófanes) (NUNES, 1979a). Como no Egito, a Grécia era formada por cidades-estados. Autônomas entre si, as cidades-estados possuíam características culturais e educacionais semelhantes, embora peculiares, o que dificultaria um estudo aprofundado por região. No entanto, segundo Marrou (1990), alguns elementos comuns a todas as regiões gregas permitem explorar a cultura e a educação desse povo, reunindo-as em três aspectos predominantes: a educação homérica, a educação em Esparta e a educação em Atenas. Esses aspectos serão aprofundados a seguir. 2.1.1 A educação homérica ou cavalheiresca Inicialmente, na Grécia, a palavra educação foi chamada de Paideia (com o primeiro sentido de “educação dos meninos”); que nas palavras de Jaeger (2003, p. 64), é o "processo de educação em sua forma verdadeira, a forma natural e 30 UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA genuinamente humana". A palavra evoluiu para Arete e descrevia o ideal educativo grego, que previa um conjunto de qualidades físicas, espirituais e morais, ou seja, a heroicidade (GIBBON, 1989). Essas características foram descritas, sobretudo, pelos poemas épicos de Homero (século VIII a.C.), a Odisseia (HOMERO,
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