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Geopolítica Aeroespacial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO 
DISCIPLINA: TÓPICOS DE OPERAÇÕES EM CENTROS ESPACIAIS (2024.1 - T01) 
DISCENTE: ANA LUIZA OLIVEIRA GUIMARÃES O’FARRELL (MAT. 2023098261) 
ATIVIDADE 1 
 
Resumo da palestra com a temática “Geopolítica Aeroespacial e Política Espacial Brasileira”. 
A apresentação foi feita pelo Dr. Ronaldo Carmona, professor de Geopolítica da Escola Superior de 
Guerra e do mestrado em Engenharia Aeroespacial da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), também 
assessor de Políticas de Inovação na Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). De início, foi feita uma 
conceituação do termo “geopolítica”: trata-se de uma política de potência definida pela geografia (espaço e 
posição). Portanto, um projeto nacional baseado nesta teoria terá o objetivo de ampliar o poder da nação, 
permitindo maior autonomia, assim como maior capacidade de enfrentar desafios globais e defender os 
interesses do país. Quanto à “geopolítica do poder espacial”, seu desenvolvimento está relacionado à 
utilização geoestratégica do espaço exterior pelas potências mundiais. 
No contexto de conflito entre nações, o palestrante comentou o recente reconhecimento do espaço e 
do ciberespaço como domínios emergentes que mudaram o caráter dos conflitos, podendo ser decisivos para 
o sucesso futuro do combate; faz-se necessário ações sincronizadas, operações em múltiplos domínios. A 
seguir, foi destacada a crescente importância dos sistemas espaciais (especialmente satélites) na atividade 
humana contemporânea. Ainda, o professor comentou sobre “New Space” e “Old Space”: o primeiro é 
simbolizado pela competição no setor privado de midiáticos bilionários americanos (cujas empresas 
dependem de contratos e subvenções do Estado, inclusive), enquanto o segundo envolve – quase que 
exclusivamente – o interesse de órgãos governamentais e uma preocupação com a segurança nacional. 
Foram citadas diversas medidas existentes ou em desenvolvimento para danificar sistemas espaciais (em caso 
de conflito), entre elas: uso de instrumentos cibernéticos, armas de energia dirigida (capazes de danificar ou 
destruir sensores), satélites de ataque e armas/mísseis antissatélite (ASATs). Foram expostos os emblemas 
das forças aéreas da Rússia, França, China, Irã, Reino Unido, Estados Unidos, Japão, entre outros países. 
Quanto ao setor espacial brasileiro, foi citada a implantação do Comando de Operações Aeroespaciais 
(COMAE) em 2017, órgão integrante da estrutura da Força Aérea Brasileira (FAB) encarregado do 
planejamento, coordenação e condução do emprego dos meios aeroespaciais do país. Em se tratando do 
Programa Espacial, seu desenvolvimento ocorre em meio a uma descoordenação sistêmica no âmbito do 
Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), o que decorre de uma severa 
restrição orçamentária e ocasiona um grau inadequado de dependência de sistemas espaciais estrangeiros 
(incompatível com o porte do Brasil). Ainda, foi destacado que mesmo países sem tradição na área passaram 
a investir em programas espaciais de maneira consistente, pois reconheceram como a infraestrutura espacial 
impulsiona o desenvolvimento socioeconômico e fortalece a soberania nacional. 
O palestrante destacou o amplo apoio da FINEP/FNDCT/MCTI ao Setor Aeroespacial e de Defesa no 
quadriênio 2023-2026, com o recorde histórico de 1.087 bilhão em Subvenção Econômica em 2023. 
Comentou também sobre as diversas edições do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), assim 
como o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1) e o VS-50, ambos foguetes brasileiros. Refletiu-se sobre 
desafios ao Programa Espacial Brasileiro, entre eles: promover soluções espaciais para problemas brasileiros, 
buscar a implementação efetiva do Centro Espacial de Alcântara (CEA), fortalecer a autonomia tecnológica 
nacional em sistemas espaciais (diminuição da dependência externa e das vulnerabilidades estratégicas) e 
estabelecer volume orçamentário compatível com o porte estratégico do país. 
 
Resumo da palestra com a temática “O Centro de Lançamento de Alcântara”. 
A apresentação foi feita pelo Major Gustavo Jeanser, chefe da subdivisão de Execução Operacional do 
Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Inicialmente, foi feito um breve histórico do CLA, sintetizado no 
esquema a seguir: 
 
 
A missão do centro foi apresentada como “realizar lançamentos e rastreio de engenhos aeroespaciais, 
a fim de contribuir para o desenvolvimento de soluções científico-tecnológicas no campo do poder 
aeroespacial”; em contrapartida, a visão seria “ser reconhecido, em nível nacional e internacional, como um 
centro de excelência nas atividades relacionadas com lançamento e rastreio de engenhos aeroespaciais”. 
Embora incialmente tenha sido alocada uma área de 52.000 ha para o centro, a área atualmente ocupada 
corresponde a 9256 ha; existem quatro sítios operacionais: o de Alcântara, o da Raposa, o de Ilha de Santana 
e o Escritório em São Luís. O primeiro possui cinco setores principais: Comando e Controle (instalação de 
captação fotovoltaica – Projeto Microgrid –, Centro de Controle, sala de Segurança de Voo, radar Adour, 
instalação de Telemedidas, rancho), Preparação e Lançamento (Lançadores Universais, Casamata, Torre 
Móvel de Integração, Sistema de Proteção de Descargas Atmosféricas), Controle de Satélites, Apoio (posto 
médico, Escola Caminho das Estrelas), Residencial e Hoteleiro (Vila Tapireí). Entre as instalações presentes no 
sítio da Raposa, o palestrante destacou o radar Atlas e a estação de Telemedidas. 
A seguir, foram citadas as vantagens de realizar lançamentos do município de Alcântara, sendo elas: 
aspecto geográfico (economia média de 30% de combustível em lançamentos de órbitas geoestacionárias, 
ausência de vulcanismo), aspecto climático (pouca variação de temperatura, ventos em índices aceitáveis, 
período de chuva bem definido), aspecto aeronáutico (baixo fluxo de tráfego aéreo) e aspecto demográfico 
(baixa densidade demográfica). 
No contexto de principais operações realizadas no Centro de Lançamento de Alcântara, foram 
mencionadas: Falcão (foguetes de treinamento básico lançados de casulo reutilizável, altitude máxima 
superior de 30 km), Águia (foguetes de treinamento intermediário lançados de trilho, altitude nominal de 60 
km), Guará (lançamento de 83 foguetes de diferentes modelos em conjunto com a NASA, primeira campanha 
envolvendo foguetes de sondagem no CLA), campanhas do VLS (modelo de satélite brasileiro desenvolvido 
com a finalidade de colocar satélites na órbita da Terra, três foram produzidos, o último provocou o acidente 
de 2003), MUTITI (foguete VS-30 V14, apogeu do voo superior a 120 km), Cruzeiro (foguete VSB-30 adaptado, 
primeiro ensaio em voo do motor aeronáutico hipersônico desenvolvido no Brasil, apogeu do voo superior a 
160 km), Santa Maria (desenvolvimento do projeto do VLM-1, veículo lançador de microssatélites), Santa 
Branca (lançamento do veículo suborbital VSB-30 a partir da Plataforma Suborbital de Microgravidade 
desenvolvida pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço) e Astrolábio (foguete sul-coreano HANBIT-TLV com 
carga útil inteiramente brasileira). Quantos às perspectivas para o futuro, foi reforçado a relevância da 
implementação do CEA e foram citadas empresas parceiras (Innospace, C6 Launch) ou em negociação 
contratual (Virgin Space, ORION). Por fim, foram destacadas as principais formas de ingresso na Força Aérea 
Brasileira, informação detalhada no site da instituição. 
 
01) Quais os principais requisitos técnicos e desafios para a implantação de um centro espacial para 
lançamentos? 
Cada projeto pode ter requisitos e desafios específicos, dependendo do modelo do veículo de 
lançamento, das cargas úteis a serem transportadas, dos objetivos da missão, entre outros fatores. Ainda 
assim, de modo geral, por se tratar de instalações de alta complexidade, a implantação de um centro espacial 
para lançamentos envolve uma série de requisitos técnicos e desafios únicos,sendo eles: 
i) Localização adequada: estrategicamente, é interessante que seja próximo à linha do Equador, de modo a 
proporcionar melhor aproveitamento de combustível e evitar o tráfego aéreo; além disso, é importante 
que o centro esteja situado afastado de áreas densamente povoadas – a limitada infraestrutura local 
pode, por sua vez, ocasionar desafios logísticos – e tenha acesso a rotas de transporte eficientes para 
equipamentos (pesados e sensíveis) e pessoal. 
 
ii) Infraestrutura de lançamento: inclui plataformas de lançamento, torres de serviço, sistemas de 
abastecimento de combustível e de controle de lançamento, além de qualquer outro equipamento 
necessário para preparar e realizar as operações com segurança. 
iii) Instalações de processamento de carga útil: responsáveis pelo processamento e integração das cargas 
úteis aos veículos de lançamento, tal estrutura pode incluir “salas limpas”, instalações para testes e 
equipamentos de manuseio de manuseio de carga sensível. 
iv) Suporte logístico: referente à infraestrutura de suporte para fornecer alojamento, serviços médicos, 
instalações de manutenção e armazenamento, entre outros serviços essenciais. 
v) Segurança e controle de acesso: neste contexto, inclui-se medidas de segurança robustas para proteger as 
instalações, os trabalhadores, os povoados e cidades vizinhas contra ameaças externas e internas. 
vi) Tecnologia de comunicação e monitoramento: faz-se necessário a utilização de sistemas avançados de 
comunicação para monitorar a atividade de veículos de lançamento durante todas as fases da missão, 
assim como rastrear detritos espaciais. 
vii) Regulamentações e colaborações internacionais: operar em colaboração com organizações internacionais 
e agências espaciais estrangeiras é um elemento comum no funcionamento de um centro de lançamento, 
entretanto, pode trazer desafios adicionais em termos de coordenação e conformidade com acordos 
internacionais. 
 
02) Em sua percepção, qual a importância de um centro espacial para uma nação em desenvolvimento? 
Um centro espacial pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento socioeconômico de uma 
nação em desenvolvimento, capaz de impulsionar o progresso tecnológico (estímulo a inovação e 
crescimento econômico em setores de alta tecnologia, incluindo engenharia, ciência da computação, 
telecomunicações, materiais avançados), capacitação de recursos humanos (investimento em programas de 
treinamento para desenvolver habilidades técnicas e científicas, capacitando uma força de trabalho 
altamente qualificada), desenvolvimento de infraestrutura (estradas, portos, instalações de pesquisa e 
desenvolvimento, redes de comunicação, entre outros) e aplicações práticas de tecnologia em outras áreas 
(monitoramento ambiental, comunicações, navegação, promovendo melhor qualidade de vida). Ademais, 
destaca-se que o setor espacial pode estimular o crescimento da economia local através da criação de 
empregos, atração de investimentos estrangeiro e incentivo ao desenvolvimento de indústrias de suporte, 
além de aumentar o prestígio e a influência de uma nação no cenário internacional. Este último benefício 
pode favorecer parcerias internacionais e colaborações científicas de grande escala.

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