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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU AGRONOMIA ROBSON RAMOS MONTEIRO VITÓRIA FUKAMATSU MARIANO DA SILVA ANGIOSPERMAS: FAMÍLIA DAS GRAMÍNEAS (POACEAE) E DA LEGUMINOSAS (FABACEAE) CACOAL 2023 ROBSON RAMOS MONTEIRO VITÓRIA FUKAMATSU MARIANO DA SILVA ANGIOSPERMAS: FAMÍLIA DAS GRAMÍNEAS (POACEAE) E DA LEGUMINOSAS (FABACEAE) Trabalho apresentado ao Curso de Agronomia do Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU, como parte das exigências da disciplina de Botânica Geral. Orientador: Dr. Mateus Aparecido Clemente. CACOAL 2023 3 “Cultivar a terra com amor e bravura, nobre missão que alimenta o mundo através da agricultura.” (Rafael Nolêto) 4 RESUMO As famílias Fabaceae e Poaceae são extremamente importantes para a economia mundial e do país. O Brasil está dentre os maiores produtores dentre importantes representantes de cada uma das famílias. A família Fabaceae, também denominada como leguminosas, é um importante instrumento utilizado pelos produtores rurais em consórcio com outros cultivos, devido a todos benefícios que a mesma traz para o sistema de produção. Além disso, a família abriga a espécie mais importante para a economia brasileira quando o assunto é produção de grãos, a soja. Enquanto isso, espécies da família Poaceae são utilizadas comumente na alimentação humana e de animais, principalmente bovinos. O principal objetivo deste presente trabalho é apresentar todos os aspectos que norteiam essas importantes famílias, incluindo a sistemática, características morfológicas, importância econômica e aspectos agronômicos como formas de plantio e a fenologia. A pesquisa foi elaborada através de artigos na internet, trabalhos acadêmicos, revistas e outros. Palavras chave: Fabaceae; família; poaceae; plantas; taxonomia. 5 SUMÁRIO RESUMO........................................................................................................................................... 4 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................6 2. FAMÍLIA FABACEAE.................................................................................................................... 8 2.1 TAXONOMIA E SISTEMÁTICA..............................................................................................8 2.1.2 CONCEITO DE TAXONOMIA E SISTEMÁTICA...........................................................8 2.1.3 TAXONOMIA DA FAMÍLIA FABACEAE...................................................................... 10 2.1.4 CLASSIFICAÇÃO DA FAMÍLIA FABACEAE...............................................................13 2.2 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS............................................................................. 14 2.3 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE AGRONÔMICO................................................ 19 2.3.1 SOJA........................................................................................................................... 19 2.3.2 FEIJÃO........................................................................................................................20 2.4 DISTRIBUIÇÃO E BIOGEOGRAFIA....................................................................................21 2.5 USO E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA................................................................................. 22 2.6 FORMAS DE PLANTIO........................................................................................................23 2.6.1 SOJA........................................................................................................................... 23 2.7 FENOLOGIA........................................................................................................................ 24 2.7.1 SOJA........................................................................................................................... 24 3. FAMÍLIA POACEAE.................................................................................................................... 26 3.1 TAXONOMIA........................................................................................................................ 26 3.1.1 TAXONOMIA DA FAMÍLIA POACEAE........................................................................ 26 3.2 MORFOLOGIA DE GRAMÍNEAS........................................................................................ 27 3.3 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE AGRONÔMICO................................................ 28 3.4 DISTRIBUIÇÃO E BIOGEOGRAFIA....................................................................................28 3.5 USO E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA................................................................................. 29 3.6 FORMAS DE PLANTIO........................................................................................................30 3.7 FENOLOGIA........................................................................................................................ 30 4. CONCLUSÃO.............................................................................................................................. 31 REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 32 6 1. INTRODUÇÃO Desde os primórdios, as plantas são um produto imprescindível quando se fala em alimentação, vestimentas, papel, medicamentos e outros. Quando o homem passou a domesticar esses organismos, seus níveis de complexidade e variedade aumentaram de forma drástica, juntamente com o avanço das sociedades e a evolução intelectual do homem. Durante este longo período da história, diversos sistemas de classificação foram criados e alterados ou substituídos. Atualmente, a área de estudos que tem como objetivo o agrupamento das plantas dentro de um sistema chama-se Sistemática Vegetal. Esta parte da Botânica agrupa uma série de conhecimentos sobre as características morfológicas e anatômicas das plantas, bem como suas relações genéticas e suas afinidades (MENDES & CHAVES, 2015). O desejo pela flora brasileira tem seu início durante o século XVI e, durante os séculos XVII e XIX diversos botânicos europeus visitaram o país em busca do conhecimento sobre as paisagens e a flora do mesmo. Diversos foram os trabalhos elaborados por estrangeiros acerca da taxonomia de espécies brasileiras, como em Flora Brasiliensis. Em 1808 tem-se a criação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que deu início aos estudos voltados à taxonomia e flora do Brasil. Em 1890 tem-se o estabelecimento do Herbário e Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no entanto, até metade do século XX, poucos botânicos brasileiros eram coletores e taxonomistas ao mesmo tempo. Foi somente em 1970 que os estudos taxonômicos se estabeleceram de forma definitiva e, atualmente, cerca de 20 programas de pós-graduação em botânica são ofertados nas universidades brasileiras (GIULIETTI et.al, 2005). Cerca de 19% da flora mundial encontra-se no território brasileiro, possuindo pouco mais de 56.000 espécies de plantas (GIULIETTI et.al, 2005). Esta característica intrigante pode ser atribuída a uma extensa área territorial, cerca de 8.500.000 km, além da diversidade em clima, solo e geomorfologia que, consequentemente, produz uma vasta variação entre os tipos de vegetações (GIULIETTI & FORERO, 1990). Destas 56 mil espécies, cerca de 55.000 são Angiospermas, 3.100 são de Briófitas, 1.200 são de Pteridófitas, 525 são de Algas marinhas e pelo menos 5 a 10 espécies pertencem ao grupo das Gimnospermas (GIULIETTI et.al, 2005).Como o grupo que abriga praticamente todas as espécies de plantas utilizadas na Agricultura, estudar a sistemática das Angiospermas é de fato importante no ramo da Agronomia. Dentre as famílias mais importantes no Brasil, tem-se as famílias Fabaceae e Poaceae (MENDES & CHAVES, 2015). A família Fabaceae, comumente conhecida como leguminosas, realiza um importante papel dentro do contextoagrícola. Estas plantas desempenham um papel crucial na melhoria da estrutura e fertilidade do solo, além capacidade de fixação biológica do nitrogênio, através da relação simbiótica que estabelecem com bactérias fixadoras (PEREIRA, MENESES & BARCELOS, 2023). A importância destas espécies torna-se ainda maior quando se tem consciência da importância que o nitrogênio tem para o desenvolvimento das culturas, uma vez que é o elemento mais requerido por estas (ARRUDA & COSTA, 2003). Quanto à família 7 Poaceae, popularmente conhecida como a família das gramíneas, apresenta um importante papel na alimentação animal de bovinos, uma das atividades econômicas mais vantajosas e de grande valor para a economia do país (FERREIRA & ZANINE, 2007). Desta forma, o principal objetivo deste trabalho é apresentar um estudo completo sobre as famílias Poaceae e Fabaceae, englobando desde suas características morfológicas, até suas utilizações e formas de plantio. De forma detalhada, o presente trabalho contém: a taxonomia das espécies de cada família, onde será exposto a qual grupo estas famílias são classificadas de acordo com a Sistemática Vegetal; suas características morfológicas, onde será abordado cada uma das partes anatômicas da planta, desde folhas e raízes; as principais espécies de cada família que apresentam importância para o ramo da Agricultura; a distribuição e biogeografia, ou seja, os lugares onde tais famílias podem ser encontradas, principalmente dentro do Brasil e da região Norte; uso e importância econômica, neste tópico será apresentado quais atividades envolvem o uso de cada uma das famílias e como estas corroboram para a manutenção da economia do país; formas de plantio, onde será explicado o passo a passo de como algumas das principais espécies podem ser cultivadas, incluindo período ideal de plantio e outros pontos importante; e, por fim, a fenologia, que envolve todos os acontecimento em forma cronológica que cada uma destas plantas apresenta durante sua vida, tais como brotação, floração e maturação. 8 2. FAMÍLIA FABACEAE 2.1 TAXONOMIA E SISTEMÁTICA 2.1.2 CONCEITO DE TAXONOMIA E SISTEMÁTICA Dentre os atuais 5 reinos que dividem os organismos vivos - Plantae, Animalia, Fungi, Protista e Monera -, as plantas ocupam a segunda posição em número de espécies com cerca de 400.000. Portanto, um sistema de classificação para que se pudesse organizar e classificar estes organismos se fez necessário. Desde os tempos remotos, o homem sempre foi capaz de discernir quais as utilidades que os diferentes tipos de plantas representavam, sejam elas comestíveis, ervas medicinais, tóxicas e outras (PRATA, 2010). De acordo com Judd et.al (2009) a ciência que estuda a diversidade dos organismos é a Sistemática, responsável por uma descrição e interpretação dos diferentes tipos e classificá-los obedecendo alguns sistemas pré definidos. Outros autores, como Simpson (1971) afirma que: “A sistemática é o estudo científico da diversidade dos organismos e de qualquer e todas as relações entre eles”. Por outro lado, a taxonomia pode ser definida como o ramo - dentro da Sistemática - que tem por objetivo a classificação dos seres vivos e a sua nomenclatura (PRATA, 2010). Quatro pontos importantes para os sistemas estão na classificação, identificação, nomenclatura e descrição (KATAOKA et.al,). A classificação pode ser constatada como a localização de um determinado indivíduo dentro de um sistema de classificação. De uma forma geral, esses sistemas de classificação são hierárquicos, ou seja, começam desde o maior nível, até o menor. Por exemplo, o reino vegetal, onde as plantas verdes estão incluídas que, por sua vez, possui grupos menores que se abrangem de forma sucessiva, tais como ordens, família, gêneros e espécies. Atualmente, os maiores grupos de classificação se encontram com os três domínios da vida: Bacteria, Archaea e Eukarya. Os dois primeiros grupos são constituídos exclusivamente de organismos procariotos unicelulares, e o grupo Eukarya engloba todo organismo eucarionte, seja ele unicelular ou pluricelular. Dentro do grupo Eukarya é possível encontrar ainda três reinos monofiléticos de organismos pluricelulares: os animais, plantas e fungos (JUDD et.al, 2009). A unidade base para a classificação de um indivíduo é a espécie (PRATA, 2010) (Figura 1). É importante ressaltar ainda que cada indivíduo de uma determinada espécie é enquadrado em diversas categorias taxonômicas, sendo as principais delas: espécie, gênero, família, ordem, classe e divisão (AMARAL & FILHO, 2010). 9 Figura 1: Exemplo de classificação da soja Fonte: https://pt.slideshare.net/GeagraUFG/morfologia-e-fenologia-da-cultura-da-soja Quanto a identificação, pode ser descrita como o processo o qual se atribui um nome a uma determinada espécie. O principal método pelo qual se identifica as espécies é através da utilização de um mecanismo chamado chaves de identificação. As chaves dicotômicas são as mais utilizadas, um método pelo qual se possibilita a identificação de um determinado material através das características morfológicas objetivas e excludentes entre si. Outro meio em que se pode realizar a identificação de um espécime é através do método de comparação, podendo ser realizada entre as descrições das espécies candidatas ou por meio da comparação com espécies já identificadas. É importante se atentar ao material a ser utilizado como meio de comparação, o ideal é que o exemplar tenha sido realizado por especialistas (KATAOKA et.al,) Quanto a nomenclatura, esta está relacionada com o emprego do nome correto dos organismos, envolvendo uma variedade de regras, princípios e recomendações que são realizadas através de Congressos Internacionais de Botânica (MENDES & CHAVES, 2015). Estas regras são fundamentais para que se estabeleça um nome único e que seja universal. O Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB) para Algas, Fungos e Plantas dita como a nomenclatura dos organismos vegetais é realizada. Já a descrição, como o próprio nome já diz, trata-se da escrita de forma detalhada de todos os aspectos estruturais do organismo. No caso das plantas, a ordem de escrita deve ser realizada seguindo uma ordem topológica, primeiramente são os órgãos vegetativos: raiz, caule e folhas; em seguida os reprodutivos: flores, frutos e sementes (KATAOKA et.al,). No entanto, além da nomenclatura científica, tem-se a nomenclatura popular, que a depender das regiões do país, sofrem algumas alterações. Um caso muito comum é o da mandioca que, em algumas regiões, é denominada como macaxeira (SANTIAGO, 2018). 10 2.1.3 TAXONOMIA DA FAMÍLIA FABACEAE Para que se possa compreender de fato como funciona o sistema de classificação, primeiramente será apresentado uma classificação proposta por Carl Woese, em 1977, que se baseia em dados de filogenia molecular: os domínios. De acordo com Woese, existem três tipos de domínios: Domínio Archaea, Domínio Bactéria e o Domínio Eukarya (Figura 2). O domínio Archaea é caracterizado pelos organismos procariotos, unicelulares e sua nutrição pode ocorrer de forma autotrófica ou heterotrófica. Apesar destes organismos serem extremamente semelhantes às bactérias conhecidas, foram separados devido a uma maior proximidade com o Domínio Eukarya. O Domínio Bactéria, por sua vez, como o próprio nome já diz, é representado pelas bactérias. Por fim, o Domínio Eukarya engloba todos os organismos eucariontes, sejam eles uni ou pluricelulares, além de poderem se nutrir de forma autotrófica ou heterotrófica (SANTOS, 2023). O domínio Eukarya engloba os reinos Fungi, Protista, Animalia e Plantae. Enquanto que os domínios Bacteria e Archaea foram englobados no Reino Monera (LOPES et.al, 2014). Figura 2: Os três domínios Fonte: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/21/archaea-o-dominio-dos-extremos O Reino Plantae - único reino de interesse nesta pesquisa -, também denominado como Metaphyta, Vegetabilia ou Vegetal, é caracterizadopelos seres vivos eucariontes e autótrofos, ou seja, que produzem seus próprios alimentos. As plantas, organismos representativos deste reino, possuem diversos tamanhos, desde musgos até gigantes sequóias (CAIUSCA, 2018). O Reino Plantae é dividido em Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas. As Briófitas e as Pteridófitas estão incluídas nos grupos das plantas Criptógamas - as plantas sem sementes -, 11 enquanto que as Gimnospermas e Angiospermas (Figura 3) fazem parte do grupo das Fanerógamas - plantas com sementes (SOUZA, 2020). Figura 3: Organização dos Filos/Divisões das Fanerógamas Fonte: https://plantasdobrasil.com.br/downloads/APG-IV.pdf As Angiospermas, também denominadas como Magnoliophyta, formam um diversificado grupo monofilético que possui grande importância econômica. Este grupo conta com cerca de 257.000 espécies, que se estendem desde árvores com mais de 100m, até pequenas ervas aquáticas com apenas alguns milímetros. As principais diferenças entre as plantas desta divisão está nas seguintes características: a presença de flores; os estames possuem duas tecas laterais, tendo cada uma delas dois microsporângios; o gametófito masculino é reduzido e possui três núcleos; apresenta a formação de carpelos e do fruto; cada um de seus óvulos possuem dois tegumentos; o gametófito feminino é reduzido em oito núcleos; ocorre a formação do endosperma; e possui os elementos de tubo crivado (PRATA, 2010). Por sua vez, as Angiospermas podem ser divididas nas seguintes Classes: Monocotiledôneas, Eudicotiledôneas, Angiospermas Basais e as Magnolídeas (Figura 4). A classe Magnoliopsida, ou Eudicotiledôneas, está subdividida em 6 subclasses (Figura 5). 12 Figura 4: Divisão das Angiospermas Fonte: https://publica.ciar.ufg.br/ebooks/ensino-de-biologia/Mod4Cap2/conteudo/2-5.html Figura 5: Divisão das Monocotiledôneas e Eudicotiledôneas Fonte: https://antigo.uab.ufsc.br/biologia//files/2020/08/BIO_SistVegII_cap4-6ult.pdf 13 A subclasse ou clado das Rosídeas é a maior das Magnoliophyta, com cerca de 60.000 espécies. Dentre suas 18 ordens, há a Ordem Fabales. A ordem Fabales que, por sua vez, é constituída por 4 famílias: Polygalaceae, Solanaceae, Quillajaceae e Fabaceae. Resumidamente, pode-se dizer que a classificação taxonômica da Família Fabaceae se dá da seguinte maneira: Domínio Eukarya, Reino Plantae, Divisão Magnoliophyta, Classe Magnoliopsida, Subclasse Rosidae, Ordem Fabales e Família Fabaceae. 2.1.4 CLASSIFICAÇÃO DA FAMÍLIA FABACEAE A família Fabaceae é subdivida atualmente em seis subfamílias: Cercidoideae, Caesalpinioideae, Papilionoideae, Detarioideae, Dialioideae e Duparquetioideae. No entanto, esta última não é representada no Brasil, pois esta é monoespecífica africana. As subfamílias podem ser identificadas através das chaves de identificação abaixo: Figura 6: Chave para as subfamílias de Leguminosae representadas no Brasil Fonte: https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB115 14 2.2 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS A família Fabaceae é constituinte de uma das maiores famílias da Classe das Eudicotiledôneas, contando com uma rica diversidade de espécies úteis para o homem (FONTANELI et.al, 2009). O hábito de crescimento de suas espécies podem variar desde ervas anuais e arbustos perenes até árvores, cipós e plantas aquáticas. Com relação ao comprimento destes organismos, pode-se encontrar pequenas plantas em regiões desérticas e alpinas, até às mais altas árvores das florestas tropicais (MOURÃO, KARAM & SILVA, 2011). Além disso, essas plantas possuem um alto metabolismo de nitrogênio e alguns aminoácidos incomuns, graças aos nódulos radiculares que contém bactérias fixadoras de nitrogênio (PRATA, 2010). A raíz das Leguminosas (Figura 7) apresenta um sistema o qual a raiz primária se desenvolve a partir do embrião e depois dá origem às raízes laterais. Pode-se classificar então o sistema de raízes das Leguminosas como sendo pivotante/axial, uma vez que esta possui um eixo principal que se apresenta mais comprido e grosso do que qualquer uma de suas ramificações. Além disso, a raiz principal é responsável por sustentar a planta por quase toda a vida desta, isso se deve ao fato de seu desenvolvimento ser extraordinariamente grande. Por outro lado, as raízes laterais praticamente não se desenvolvem ou não se apresentam. No caso do trevo branco, ocorre uma exceção, já que o desenvolvimento das raízes desta herbácea rasteira ocorre de forma normal. O trevo vermelho, as raízes adventícias surgem a partir da base dos talos (FONTANELI et.al, 2009). 15 Figura 7: Raíz das Leguminosas (Feijão) Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-5-Sistema-radicular-do-feijoeiro_fig3_274959695 Em relação ao caule das Leguminosas (Figura 8), FONTANELI et.al (2009) aponta que pode apresentar formas variadas, podendo ser herbáceos e lenhosos, cilíndricos ou angulosos, mas nunca suculentos. O desenvolvimento do primeiro caule ocorre de forma ereta e com simetria variada. Alguns exemplos de caule das Leguminosas são: estoloníferos (trevo branco), escandentes (ervilhaca) e ereto (alfafa e trevo vermelho). 16 Figura 8: Caule das Leguminosas (Feijão) Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/8381/registrar-para-conhecer As folhas das Leguminosas (Figura 9) são compostas por: estípula, pecíolo, ráquis, pecólulo e lâmina composta por folíolos (FONTANELI et.al, 2009). De uma forma geral, as folhas podem se apresentar de forma alternada e composta, podendo ser bipinadas, trifoliadas e digitadas (MOURÃO, KARAM & SILVA, 2011). Quanto às estípulas, geralmente se aparecem soldadas e unidas ao pecíolo por um trecho mais ou menos longo, como no caso da alfafa e em trevos. No caso do cornichão, as estípulas nectaríferas são provenientes de glândulas (FONTANELI et.al, 2009). O tamanho das estípulas podem ocorrer de forma variada e, em muitos casos, elas são transformadas em espinhos (MOURÃO, KARAM & SILVA, 2011). O pecíolo, por sua vez, é bem desenvolvido, como na maioria das Eudicotiledôneas. Possui uma forma alongada e possui uma certa semelhança com o caule (FONTANELI et.al, 2009). Algumas articulações, chamadas de pulvinos e pulvinículos, se desenvolvem na base das folhas e dos folíolos. Em algumas espécies, como do gênero Mimosa que utilizam destas articulações para se 17 movimentarem de forma rápida, em resposta a agentes externos (MOURÃO, KARAM & SILVA, 2011). A ráquis, localizada no eixo mediano da folha, é responsável por sustentar os folíolos. Apresenta-se bem desenvolvida nas folhas penadas e bipenadas, mas não está em folhas simples ou digitadas (FONTANELI et.al,2009). Outros aspectos importantes a serem ressaltados é que, em algumas espécies, como na Vicia spp., os folhetos têm evoluído e se tornaram gavinhas. Diversas espécies têm a habilidade de atrair formigas, através de algumas estruturas e, consequentemente, protege a planta de insetos herbívoros. Em Mimosoideae e Caesalpinioideae podem ser encontrados nectários extraflorais e em algumas Alcacia, as estípulas se modificaram e atualmente pode ser habitadas por formigas (MOURÃO, KARAM & SILVA, 2011). Figura 9: As folhas das Leguminosas (Feijão) Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/folha-de-feijao-verde-e-vagens-de-feijao-em-fundo-branco-isolado_175 80960.htm Em relação às flores das leguminosas (Figura 10), Mourão, Karam & Silva (2011) apontam que estas possuem cinco pétalas livres e cinco sépalas geralmente fundidas. São hermafroditas (androceu e gineceu) e possuem o hipanto curto, com formato de um copo, e dez estames e um ovário superior com formato alongado e dispostos em inflorescências indeterminadas. As plantas da família Fabaceae são entomófilas, uma vez que são polinizadas por insetos e, portanto, possuem flores vistosas, para atraí-los. De uma forma geral, as flores apresentam um plano de simetria na corola, logo, são denominadas como zigomorfas. As flores zigomorfas, de acordo com a botânica, possuem uma estrutura especializada,possuindo uma grande pétala superior livre (estandarte ou vexilo), que recobre duas laterais iguais (asas). Enquanto que, as duas inferiores, são unidas pelas bordas e mais internamente envolvidas pelas asas (carena). Essas pétalas 18 inferiores são unidas no ápice, oque forma uma estrutura de barco chamado de quilha. De forma resumida, as flores da família Fabaceae são andróginas, zigomorfas, acrimomorfas ou heteroclamídeas. Quanto ao Androceu - parte masculina - das flores de leguminosas, de acordo com Mendes & Chaves (2015), se apresenta diplostêmone, sendo ocasionalmente iso, oligo ou polistêmone, os estames podem se apresentar tanto livres quanto unidos e, as anteras são rimosas. Enquanto que o Gineceu - parte feminina - possui um ovário súpero, unicarpelar, a placenta é marginal e os óvulos 1-numerosos. Disco nectarífero geralmente presente. Figura 10: Flores das Leguminosas (feijão) Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-4-Preparacao-da-flor-de-feijao-caupi-para-fornecimento-do-polen -a-remocao-do_fig2_273138714 O fruto das Leguminosas (Figura 11) geralmente é do tipo legume, monocarpelar, seco e deiscente, sendo também chamado de vagem. Exemplos de plantas conhecidas que possuem vagens, são: o grão-de-bico, as ervilhas, os feijões e a soja. No entanto, algumas espécies de leguminosas podem apresentar um fruto indeiscente, como o Amendoim, a sâmara e outros (MOURÃO, KARAM & SILVA, 2011). 19 Figura 11: Fruto das Leguminosas (Feijão) Fonte: http://www.matosdecomer.com.br/2015/08/feijao-guandu-verde-nao-compre-mais.html 2.3 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE AGRONÔMICO 2.3.1 SOJA A produção de soja (Figura 12) no Brasil revolucionou a economia brasileira e, pode ser comparada com alguns fenômenos que ocorreram entre os séculos VXII e XX: os ciclos da cana-de-açúcar, da borracha e do café. As exportações do complexo agroindustrial brasileiro obtém uma receita de mais de dez bilhões de dólares, oque representa 8% da exportação total do país. Em cerca de 47 anos, apoiada inicialmente pelo trigo, a soja cresceu em torno de 262 vezes (Figura 13), um crescimento espetacular. Através dela, grandes avanços no âmbito agrícola aconteceram, tais como: implementação da agricultura comercial, aceleramento na mecanização agrícola, modernização dos meios de transporte, expansão da fronteira agrícola, modificação e enriquecimento da dieta alimentar, entre outros (DALL’AGNOL et.al, 2021). De acordo com a Embrapa (2023) cerca de 154.566,3 milhões de toneladas foram produzidas no país na safra 2022/2023. Atualmente a área plantada se encontra em 44.062,6 milhões de hectares, com uma produtividade de 3.508 kg/ha. O Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, que nesta última safra produziu cerca de 116,377 milhões de toneladas. No país, o estado que mais produz é o Mato Grosso, que produziu 45.600,5 milhões de toneladas. 20 Figura 12: Soja Fonte: https://portal.syngenta.com.br/noticias/soja-por-que-a-seletividade-e-importante-no-pre-emergente 2.3.2 FEIJÃO Uma das culturas de maior expressão econômica no Brasil quando se fala em produção de grãos é o feijão (Figura 14). O cultivo do feijão pode ser encontrado tanto em grandes propriedades quanto em propriedades rurais familiares. Além disso, o mesmo é rico em proteína vegetal e outras substâncias com alto valor nutricional. Este alimento pode ser encontrado no dia a dia de milhões de pessoas no mundo e no Brasil. O país é um dos maiores produtores (Figura 15), estando o estado do Paraná em destaque quanto a área e volume de produção (SALVADOR & PEREIRA, 2021) Figura 14: Cultivo de Feijão Fonte: https://blog.aegro.com.br/preparo-solo-para-plantio-de-feijao/ 21 Figura 15: Produção e comércio internacional de Feijão 2020 Fonte: https://andreiatorres.com/blog/2020/4/18/propriedades-dos-feijoes 2.4 DISTRIBUIÇÃO E BIOGEOGRAFIA A família Fabaceae possui uma distribuição cosmopolita (Figura 16) - alcance que se estende por todo ou maior parte do mundo em habitats apropriados -, sendo uma das famílias de Angiospermas com maior número, cerca de 650 gêneros e 18.000 espécies. O maior centro de diversidade das Leguminosas ocorre na América Tropical, em especial no Brasil, sendo um país muito rico em espécies silvestres. Atualmente, no Brasil, há cerca de 212 gêneros e 2.716 espécies. Destes, cerca de 16 gêneros e 1.455 espécies são endêmicas, ou seja, nativas e restritas a uma determinada região geográfica. Estando presente em todas as regiões do Brasil (Figura 17), a família das leguminosas é a maior em número de espécies dentro do país. As regiões Amazônica e Caatinga são as mais representativas, estando a região da Mata Atlântica e do Cerrado em segundo lugar, e em terceiro no Pampas (MENDES & CHAVES, 2015). Dentro da Bacia Amazônica, as espécies da família das leguminosas são as mais abundantes, cerca de 1.241 espécies de 146 gêneros já foram identificados (ARRUDA & COSTA, 2003). Figura 16: Distribuição da família Fabaceae no mundo 22 Fonte: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5743265/mod_resource/content/0/Aula%208%20-%20Fabaceae%2 02020.pdf Figura 17 : Distribuição da família Fabaceae no Brasil Fonte: https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB115 2.5 USO E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA A Família Fabaceae é a segunda família mais importante na economia do país, sendo superada apenas pela Família Poaceae. Suas plantas são utilizadas em diversas áreas, tais como: alimentação, medicinal, ornamental, madeireiros, entre outros (MENDES & CHAVES, 2015). O cultivo de Leguminosas pode ser aproveitada pela Agricultura na produção de forragem, grãos, extração de óleos, sistemas de pousio, cobertura morta, adubação verde, sendo normalmente cultivadas com duas ou mais espécies (MOURÃO, KARAM & SILVA, 2011). No quadro abaixo está listado as principais espécies utilizadas e suas respectivas áreas de demanda: Quadro 1: Principais Espécies de Leguminosas importantes para a Economia Ornamentais Alimentação Madeira Forragem Fármacos Alecrin-de-camin as Feijão Cerejeira Alfafa Mororó Flamboyant Soja Timbó Ervilhaca Canafístula Pata-de-vaca Amendoim Jatobá Arachis spp. Copaíba Ervilha Pau-brasil Leucena Tamarindo Jacarandá-da-bahia Albizia Mimosa 23 Jequiriti Alfafa Fonte: Adaptado de (MENDES & CHAVES, 2015); (MOURÃO, KARAM & SILVA, 2011); (PRATA, 2010). 2.6 FORMAS DE PLANTIO 2.6.1 SOJA Para um ótimo crescimento da soja no Brasil, as regiões mais adequadas são aquelas que apresentam faixa de temperatura entre 20º e 30º graus. Isso inclui as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, consideradas áreas privilegiadas para a produção de soja em larga escala. Depois que o solo estiver devidamente preparado, o próximo passo é começar a semear os grãos no solo. Para garantir um plantio próspero de soja, são fundamentais as especificações dos requisitos adequados de espaçamento e profundidade para o plantio. A distância entre as linhas de plantio em uma fazenda deve estar idealmente entre 30 e 50 centímetros. É importante notar que esta medição pode diferir com base nas máquinas específicas e nas técnicas de cultivo utilizadas na fazenda. Para garantir a germinação ideal dos grãos de soja, recomendamos semeá-los a uma profundidade de 3 a 5 centímetros. Para garantir o crescimento e rendimento consistente das plantas, é altamente silencioso manter um espaçamento específico entre as plantas. Os especialistas sugerem um espaçamento de 7 a 10 cm. É crucial respeitar este espaçamento de forma consistente, pois desvios podem resultar em plantas de tamanhos e rendimentos variados (AGRO BAYER, 2022). O cultivo da soja necessita de controle diário e quantidade insuficiente de água pode resultar na mortalidade das plantas. Contudo, é imperativo considerar que um regime excessivo pode ser igualmente prejudicial para a sobrevivência da cultura. O nível de umidade recomendado para o solo é de 50% em dias médios, podendo esse percentual aumentarpara 75% nos dias mais quentes, dependendo da temperatura. Apesar de serem tomadas medidas preventivas, as previsões ainda podem representar uma ameaça para as culturas, pelo que é essencial acompanhar de perto o seu desenvolvimento para garantir o seu bem-estar. O período ideal para o plantio na região Norte é entre os meses de outubro e novembro, janeiro e abril, embora possa haver variações significativas dentro de uma mesma área. O período de tempo desde o plantio da soja até o momento da colheita pode variar dependendo da região geográfica. No entanto, como regra geral, a soja normalmente fica pronta para ser consumida entre 90 e 120 dias (AGRO BAYER, 2022). 24 2.7 FENOLOGIA 2.7.1 SOJA Os vários estágios de desenvolvimento da soja podem ser comparados a uma série de estádios. Cada estágio representa uma fase diferente de crescimento e desenvolvimento da planta de soja, desde a germinação inicial até a eventual maturação e colheita. Ao compreender e acompanhar estas fases, os agricultores e profissionais agrícolas podem gerir melhor as suas culturas de soja e maximizar o seu rendimento. As duas fases distintas do crescimento das plantas são as fases vegetativa (Figura 18) e reprodutiva (Figura 19), sendo a primeira referente à fase inicial de crescimento. No sistema de classificação, aqueles com função reprodutiva são rotulados com a letra R, enquanto aqueles sem função reprodutiva são marcados com a letra V. Excluindo o estágio de emergência (VE) e o estágio cotilédone (VC), as fases de desenvolvimento das plantas durante as fases vegetativa e reprodutiva são identificadas pelas letras V e R, respectivamente, seguidas de índices numéricos. A classificação dos estágios vegetativos posteriores ao estágio VC é determinada pelo nó superior da planta. O caule de uma planta só está completo quando tem uma folha presa a ele. Um nó é um componente crucial dessa relação caule-folha. A porção do caule onde ocorre o crescimento da folha e posteriormente se desenvolve é comumente chamada de primórdio foliar. Esta região do caule é utilizada especificamente para o início e formação da folha. A determinação dos estágios vegetativos é um processo permanente. Embora uma folha seja impermanente e tenha a capacidade de se separar da planta No caule, os nós do cotilédone estão posicionados frente a frente. No que diz respeito ao processo de identificação, é significativo notar que cada uma dessas entidades, atualmente ou no passado, possuía um cotilédone. Uma vez que a planta atinge o estágio V1 e além, os nós cotiledonares são excluídos da consideração devido à falta de folhas verdadeiras, tanto no presente como no passado (NEUMAIER et.al, 2000). Figura 18: Fase Vegetativa Fonte: Oliveira et.al (2016) 25 Figura 19: Fase Reprodutiva Fonte: Oliveira et.al (2016) 26 3. FAMÍLIA POACEAE 3.1 TAXONOMIA 3.1.1 TAXONOMIA DA FAMÍLIA POACEAE A família Poaceae, comumente denominada como a família das gramíneas é uma das principais famílias da divisão Angiospermae (Angiospermas/Magnoliophyta). No entanto, diferentemente da família Fabaceae que está incluída na Classe das Eudicotiledôneas, a família das gramíneas faz parte de outra classe, denominada Monocotiledônea (FONTANELI et.al, 2009). A plantas pertencentes a classe constituem cerca de ⅕ das Angiospermas e, de acordo com o Sistema de Classificação de Angiospermas (APG) a classe está dividida em 11 ordens e 102 famílias. Existem diversas diferenças entre as Classes Monocotiledôneas e Eudicotiledôneas (Figura 20) que vão desde a germinação do embrião, até o desenvolvimento das partes morfológicas com raiz, caule, folhas e flores. Figura 20: Principais diferenças entre Monocotiledôneas e Eudicotiledôneas Fonte: https://www.coladaweb.com/biologia/botanica/angiospermas Uma das ordens que constituem a classe das liliopsidas (Monocotiledôneas) é a Poales que, por sua vez, detêm cerca de 18 famílias, dentre as quais, a família Poaceae participa. Portanto, pode-se resumir a taxonomia da família Poaceae (Figura 21 ) da seguinte maneira: Domínio Eukarya, Reino Plantae, Divisão Angiospermae, Classe Liliopsida, Ordem Poales, Família Poaceae. 27 Figura 21: Taxonomia da Família Poaceae Fonte: Adaptado de Mendes & Chaves (2015) 3.2 MORFOLOGIA DE GRAMÍNEAS A maioria delas são plantas diminutas, semelhantes a ervas, e caracterizadas por um caule fino conhecido como palha. Este caule é composto por nós e entre nós uniformemente espaçados, criando um padrão distinto e bem definido. Essas plantas têm uma variedade de hábitos de crescimento, incluindo verticais, rastejantes e subterrâneos. Quanto à folhagem, são compostas por folhas. Além da lâmina foliar, esse arranjo alternativo inclui outra estrutura. A bainha que envolve o caule, envolvendo-o parcialmente, está localizada em sua base. Uma estrutura chamada ligula, que pode ser membranosa ou pilosa, está localizada entre a bainha e a lâmina (AMARAL & FILHO, 2010) A organização das flores é caracterizada por um arranjo estrutural distinto. A terminologia usada para distinguir entre cálice e corola foi modificada: agora eles são simplesmente chamados de duas entidades separadas. A estrutura reprodutiva da planta é composta por pequenos apêndices chamados lodículas. O androceu, que normalmente é composto por três estames, pode ocasionalmente ser composto por apenas um. O gineceu, que produz estruturas reprodutivas femininas em plantas com flores e é composto por um óvulo, é descrito como uniovulado. Além disso, o estilo do gineceu é bifurcado, ou seja, está dividido em dois ramos. Protegidos dentro de cada flor estão dois delicados estigmas constituídos por penas finas. Esses conjuntos de estigmas são protegidos por uma cobertura. Esta coleção completa compreende duas brácteas: o lema e a pálea. A estrutura reprodutiva das gramíneas é conhecida como antécio, comumente chamada de flor (AMARAL & FILHO, 2010). 28 Figura 22: Morfologia de Gramíneas Fonte: FONTANELI et.al (2009) 3.3 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE AGRONÔMICO As principais espécies de interesse agronômico da família Poaceae são: trigo (Triticumaestivum), centeio, cevada (Hordeum Vulgare), aveia (Avena sativa), arroz (Oryza sativa), sorgo (Sorghum bicolor), milheto (Pennisetum Americanum), milho (Zeamays), cana-de-açúcar (Saccharum Officinale), Bambu a Brachiaria entre outros. 3.4 DISTRIBUIÇÃO E BIOGEOGRAFIA A sua distribuição é cosmopolita (Figura 23), abrangendo uma vasta gama de localizações geográficas, estimadas em aproximadamente. Em todo o mundo, existem aproximadamente 700 gêneros e 10.000 espécies. A família das angiospermas que ocupa o quarto lugar em tamanho não é outra senão. Dentro do ecossistema brasileiro, a família contém 210 gêneros e 1.418 espécies. Dessas espécies, 21 gêneros podem ser identificados. São 468 espécies que só podem ser encontradas em uma determinada região, o que é conhecido como endemismo. Esse fenômeno pode ser observado em todas as áreas geográficas, mas é mais prevalente nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia (Figura 24). Maior quantidade de espécies. Olhando o assunto de uma perspectiva diferente, levando em consideração a totalidade das espécies dentro de cada bioma único. As regiões com maior concentração de propriedade fundiária familiar são Pampa, Pantanal e Caatinga; entretanto, apesar de tanto a Amazônia quanto a Caatinga serem 29 biomas no Brasil, é importante notar que esta última não foi minuciosamente pesquisada e catalogada em comparação com a primeira (MENDES & CHAVES, 2015). Com forte ênfase na família, a vida na região da Caatinga no Brasil é uma experiência única. O clima rigoroso e semiárido e os recursos limitados levaram a um estilo de vida centrado na unidade familiar. Nesta região, tradições e costumes antigos são transmitidos de geração em geração, reforçando a importância dos laços familiares. Apesar das condições de vida desafiadoras, as famílias da Caatinga desenvolveram relacionamentos estreitosque se baseiam no apoio mútuo, no respeito e num senso compartilhado de comunidade. Desde o trabalho conjunto no cultivo até a reunião em torno da mesa para as refeições, a família está no centro do dia a dia da Caatinga. A segunda maior família em termos de contagem de espécies é a que se refere (MENDES & CHAVES, 2015). Ocorrências confirmadas: ● Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins) ● Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe) ● Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) ● Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) ● Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) Figura 23: Distribuição da Família Poaceae no mundo Fonte: https://www.thecompositaehut.com/www_tch/webcurso_spv/familias_pv/poaceae.html 30 Figura 24: Distribuição da Família Poaceae no Brasil Fonte: https://www.blogs.unicamp.br/dnaexplica/2020/09/16/do-pasto-ao-prato/ 3.5 USO E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA A principal categoria de plantas com maior importância em termos de valor econômico é a família Poaceae. Devido ao fato de 70% das terras cultivadas serem cobertas por elas, as angiospermas desempenham um papel significativo na agricultura. Mais de 50% da ingestão calórica total da humanidade é derivada de gramíneas.Dos numerosos gêneros comumente citados como fontes de alimento, cerca de 50 estão especificamente relacionados a esse fim. Entre estes, existem 17 gêneros classificados como cereais (MENDES & CHAVES, 2015). Pode-se observar a presença de cerca de 20 áreas designadas como pastagens. A domesticação de várias espécies foi um fator crítico para possibilitar o surgimento da civilização. No Médio Oriente, são comumente cultivadas culturas como o trigo, a cevada e a aveia, enquanto em África o milho-miúdo e o sorgo são as culturas mais prevalentes. O arroz é a principal cultura cultivada no sudoeste da Ásia e, na América Central, o milho é a cultura básica. É interessante notar que as quatro culturas mais significativas a nível mundial são todas gramíneas, incluindo cana-de-açúcar, trigo, arroz e milho. O centeio e o sorgo também estão entre as doze principais culturas produzidas em todo o mundo (MENDES & CHAVES, 2015). Existem diversas plantas ornamentais que merecem destaque, entre elas o capim Batatais, o capim São Carlos, o capim azul, o capim inglês, o capim esmeralda e o capim-do-pampas. Além disso, certos tipos de bambu também são utilizados por suas qualidades ornamentais. Diversas espécies pertencentes aos gêneros Bambusa e Phyllostachys são utilizadas na construção civil, produção de móveis e trabalhos artesanais. Bambusa, Dendrocalamus e Guadua estão entre as 31 espécies comumente utilizadas. No entanto, várias espécies são consideradas invasoras agrícolas (MENDES & CHAVES, 2015). As gramíneas têm a dupla finalidade de servir como fonte de nutrição para o gado, ao mesmo tempo que desempenham um papel na gestão do seu consumo. A erosão tem um duplo propósito: atua como um processo natural de degradação do solo e fornece os açúcares necessários para a fermentação de bebidas alcoólicas como o whisky e a cerveja. Além disso, algumas espécies são utilizadas como forragem para animais. Entre as variedades de gramíneas disponíveis, algumas das mais notáveis incluem braquiária, capim-marmelada e capim-elefante (MENDES & CHAVES, 2015). 3.6 FORMAS DE PLANTIO O plantio deve ser feito em sulcos, com espaçamento de 50 cm entre sulcos. A quantidade de mudas necessária é de cerca de 2,5 toneladas por hectare. Pode ser realizado também o plantio em covas (3 t/ha de mudas) ou a lanço (4 a 5 t/ha de mudas). 3.7 FENOLOGIA CRESCIMENTO VEGETATIVO: A fase de crescimento vegetativo é caracterizada pelo desenvolvimento de caules e folhas, permitindo às plantas realizar a fotossíntese. FLORAÇÃO E FRUTIFICAÇÃO: Quando as plantas atingem a maturidade, ocorre a floração, seguida pela formação de frutos e dispersão das sementes para dar continuidade ao ciclo. 32 4. CONCLUSÃO Através da pesquisa realizada foi possível constatar importantes aspectos que envolvem as famílias Fabaceae e Poaceae, a começar pela importância que tais plantas representam não somente para a economia do país, mas para a saúde e para a geração de emprego e renda. Ainda assim, apesar destas duas grandes famílias apresentarem uma importância significativa para a Agricultura do Brasil, estas possuem suas diferenças. A primeira delas é de que cada uma pertence a uma classe da divisão das Angiospermas, sendo a família Poaceae pertencente à classe liliopsida, ou seja, das monocotiledôneas, enquanto que, a família Fabaceae pertence a classe das Magnoliopsidas, ou Eudicotiledôneas. Como apresentado, essas famílias apresentam características morfológicas bem distintas, cada uma delas representando de forma bem precisa o que cada classe pode apresentar. No entanto, apesar de diferentes aspectos morfológicos, fenológicos ou sistemáticos, estas duas famílias são igualmente imprescindíveis para o homem. Em alguns casos, trabalhando juntas em consórcio, são capazes de trazer diversas melhorias físico-químicas do solo da propriedade e melhorar o rendimento/produção desejada. 33 REFERÊNCIAS AMARAL, L. G.; FILHO, F. A. S. Sistemática Vegetal II: Estudo das Plantas Vasculares. Florianópolis: Biologia/EaD/UFSC, 2010. ARRUDA, M. R.; COSTA, J. R. C. Importância e Alguns Aspectos no Uso de Leguminosas na Amazônia. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2003. 44p. CAIUSCA, A. Reino Vegetal; EDUCA+BRASIL. Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/reino-vegetal. Acesso em 10 de Novembro de 2023. Fabaceae in Flora e Funga do Brasil. 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