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Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas

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Fls.: 1 
 
Poder Judiciário 
Justiça do Trabalho 
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região
 
Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas 
0000003-17.2019.5.09.0000
 
Relator: ARNOR LIMA NETO
 
Processo Judicial Eletrônico
 
Data da Autuação: 07/01/2019 
Valor da causa: R$ 6,54 
 
Partes:
REQUERENTE: 7ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO 
REQUERIDO: TRIBUNAL PLENO DO TRT DA 9ª REGIÃO 
TERCEIRO INTERESSADO: SINDICATO DOS ARRUMADORES PORTUARIOS EM
CAPATAZIA AVULSOS E NA MOVIMENTACAO DE MERCADORIAS EM GERAL E NO
CONEXO DE ANTONINA 
ADVOGADO: ELISANGELA SOARES 
TERCEIRO INTERESSADO: OGMO/A - ORGAO DE M. OBRA DO TRAB. PORTUARIO
AVULSO DO PORTO ORGAN. DE ANTONINA 
ADVOGADO: ADRIANO DUTRA EMERICK 
TERCEIRO INTERESSADO: TERMINAIS PORTUARIOS DA PONTA DO FELIX S/A 
ADVOGADO: ADRIANO DUTRA EMERICK 
CUSTOS LEGIS: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 
TERCEIRO INTERESSADO: SINDICATO DOS OPERADORES PORTUARIOS DO ESTADO
DO PARANA 
ADVOGADO: ENRICO MIGUEL NICHETTI PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO
Conciliar também é realizar justiça
PROCESSO nº 0000003-17.2019.5.09.0000 (IRDR)
REQUERENTE: 7ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO
REQUERIDO: TRIBUNAL PLENO DO TRT DA 9ª REGIÃO
TERCEIROS INTERESSADOS: SINDICATO DOS ARRUMADORES PORTUÁRIOS EM
CAPATAZIA AVULSOS E NA MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS EM GERAL E NO
CONEXO DE ANTONINA, OGMO/A - ÓRGAO DE M. OBRA DO TRAB. PORTUÁRIO
AVULSO DO PORTO ORGAN. DE ANTONIN, TERMINAIS PORTUARIOS DA PONTA DO
FELIX S/A E SINDICATO DOS OPERADORES PORTUÁRIOS DO ESTADO DO PARANÁ
RELATOR: ARNOR LIMA NETO
Tribunal Pleno
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de INCIDENTE DE
, provenientes deste RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS TRIBUNAL REGIONAL DO
, sendo Suscitante a TRABALHO DA 9ª REGIÃO 7ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO
.TRABALHO DA 9ª REGIÃO
QUESTÃO DE ORDEM - NUMERAÇÃO DAS FOLHAS
Informo, primeiramente, que as indicações das folhas dizem respeito à
numeração obtida através da conversão do processo para "PDF", em ordem crescente.
RELATÓRIO
Conforme acórdão às fls. 46-53, o Eg. Tribunal Pleno deste Regional
admitiu o presente Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, determinando-se o prosseguimento
do feito nos termos dos artigos 101-O e seguintes do Regimento Interno deste Tribunal.
Cientificadas (fls. 54-56), as partes deixaram transcorrer o prazo sem
manifestação (certidão à fl. 82).
O Sindicato dos Operadores Portuários do Estado do Paraná à fl. 61
informou possuir interesse no presente incidente, razão pela qual requereu sua habilitação, prazo para
manifestação e juntada de documentos.
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Determinei as providências estabelecidas nos incisos I, II, III, IV e VII do
art. 101-O do RI deste Regional (fl. 83), bem como deferi o pleito formulado pelo Sindicato dos
Operadores Portuários do Estado do Paraná, determinando sua inclusão como Terceiro Interessado (fl.
89).
O Sindicato dos Operadores Portuários do Estado do Paraná manifestou-
se às fls. 95-99 e juntou documentos às fls. 100-136.
O Sindicato dos Arrumadores Portuários em Capatazia Avulsos Na
Movimentação de Mercadorias em Geral e No Conexo de Antonina (parte autora nos autos originários do
presente incidente) peticionou às fls. 137-162 e juntou documentos às fls. 163-195.
Os Réus Terminais Portuários da Ponta do Felix S.A. (TPPF) e Órgão
Gestor de Mão de Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto Organizado de Antonina (OGMO/A)
manifestaram-se às fls. 196-213 e apresentaram documentos às fls. 214-321.
O Ministério Público do Trabalho pelo então Procurador Chefe Gláucio
Araújo de Oliveira apresentou parecer no sentido de que "a partir da vigência da Lei 12.815/2013, o
(fls. 43-45acordo firmado nos autos ACP 878-2008-322-09-00-3, não perdeu sua eficácia e efetividade."
e 325).
O processo foi pautado na sessão do Tribunal Pleno deste Regional
pela Relatora Exma. Des. Rosalie Michaele Bacila Batista em 17 de fevereiro de 2020. Em referida
sessão, foi deferida vista regimental à Exma. Desembargadora Marlene T. Fuverki Suguimatsu,
conforme noticia a certidão de ID e49f0fe.
Em 02 de março de 2020, sobreveio a publicação do Decreto de
aposentadoria da Exma. Desembargadora Relatora Rosalie M. Bacila Batista. Em razão disso, foi
realizada a redistribuição dos autos, tudo conforme declarado na certidão de ID 4c9f8ee.
Distribuídos os autos a este Relator, são neste momento
reencaminhados para a pauta contendo voto no mesmo sentido apresentado pela Exma. Relatora
anterior, inclusive porque condizente com o entendimento deste Relator designado.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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MÉRITO
DELIMITAÇÃO DO TEMA
Em consulta aos autos que originaram o presente incidente, Ação
Declaratória de Nulidade nº 01896-2015-411-09-00-6 (CNJ nº 0000629-06.2015.5.09.0411), movida
pelo Sindicato dos Arrumadores Portuários em Capatazia Avulsos na Movimentação de Mercadorias em
Geral e no Conexo de Antonina em face do Órgão Gestor de Mão de Obra do Trabalho Portuário Avulso
do Porto Organizado de Antonina (OGMO/A) e dos Terminais Portuários da Ponta do Felix S.A. (TPPF),
extrai-se que as partes questionam em sede de recurso ordinário a validade dos editais datados de março
/2015 e abril/2015 que convocam TPA's da função de capatazia para se habilitarem a vagas nas funções
de Auxiliar de Serviço Gerais e de Operador de Máquinas, em contratos por prazo indeterminado sob os
seguintes aspectos:
a) valor dos salários ofertados; e
b) pré-requisitos exigidos.
Portanto, convém observar que não se discute a legalidade desses
documentos pelo viés da exclusividade x prioridade da contratação de trabalhadores do sistema, matéria
discutida nos autos de ACP nº 04066-2015-411-09-00-00 (CNJ nº 0001389-52.2015.5.09.0411),
conforme inclusive ressaltado pelo Sindicato dos Arrumadores Portuários em Capatazia Avulsos Na
Movimentação de Mercadorias em Geral e No Conexo de Antonina à fl. 155 ("Não se discute, nesta
demanda, a possibilidade ou não de contratação fora do sistema, sendo este ponto já julgado na ação
).civil pública, acima exposta."
Assim, o tema debatido neste IRDR limita-se à validade dos editais de
convocação de TPA´s para contratação com vínculo empregatício de trabalhadores da função de
capatazia pelos Terminais Portuários da Ponta do Félix S.A., datados de 30/03/2015 e 09/04/2015,
.quanto ao valor dos salários ofertados e pré-requisitos exigidos
FIXAÇÃO DO PRECEDENTE
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Consta da sentença proferida pelo Juiz do Trabalho Daniel Rodney
Weidman nos autos de Ação Declaratória de Nulidade nº 01896-2015-411-09-00-6 (CNJ nº 0000629-
06.2015.5.09.0411):
"1) Irregularidades dos Editais
Alega o sindicato autor que os editais expedidos pelo OGMO em 30/03/2015 e 09/04
/2015, para a contratação pelo TPPF de trabalhadores com vínculo empregatício por
prazo indeterminado, continham diversas irregularidades, a saber: (1.1) salário ofertado
inferior ao valor da média da hora trabalhada na forma avulsa, o que caracterizaria
redução salarial; (1.2) exigênciasde escolaridade e qualificação da CNH superiores às
exigidas pelo PREPOM; (1.3) prazos exíguos para a inscrição dos trabalhadores
interessados, dificultando a participação. Alega, ainda, que protocolou junto ao OGMO
/Antonina impugnação administrativa aos editais em questão, sem obter resposta.
Requereu, pelas razões expostas, a declaração da nulidade dos editais e dos atos
praticados pelas rés até o momento da propositura da ação (22/04/2015).
Em sua defesa as rés afirmam que não há qualquer nulidade nos editais publicados, haja
vista que preencheram todos os requisitos necessários para a correta contratação.
O MPT manifestou-se favoravelmente à pretensão do Sindicato autor.
Analisa-se.
1.1) Acerca da Remuneração oferecida
Informaram os réus que a remuneração total oferecida pelo TPPF nos editais teve como
parâmetro a média dos últimos dois anos de engajamento da remuneração recebida pelo
trabalhador na função de arrumador (Capatazia) pelo OGMO de Antonina, em
decorrência do estipulado no acordo da Ação Civil Pública n. 0087800-
21.2008.5.09.0322, celebrado em 2012 entre o TPPF e o Ministério Público do Trabalho.
Compulsando os autos citados, bem como o acordo celebrado, verifico que não foi
estabelecido compromisso específico de se adotar o "salário hora" para o cálculo da
média remuneratória, como requer o autor, mas, tão somente, a obrigação de"garantir no
mínimo o valor médio percebido pelos trabalhadores de capatazias, adotando-se como
, (fl. 20 daquelesbase para cálculo desta média, o período dos últimos 2 (dois) anos"
autos).
O tema já foi, inclusive, analisado pelo E. TRT/9 na decisão que julgou o Agravo de
Petição do MPT naqueles mesmos autos, como se vê:
"O acordo não definiu a utilização do valor da hora trabalhada para apuração da
média remuneratória mensal. A divergência decorrente da diferente interpretação
conferida pelos litigantes aos termos do ajuste implica significativa diferença do valor a
ser considerado como remuneração. Não se vislumbra, portanto, violação ao princípio
da proteção ou da irredutibilidade salarial. Também não se verifica qualquer prejuízo
ou irregularidade que represente ofensa aos princípios do contraditório e da ampla
defesa. Nego provimento.(Autos n. 0087800- 21.2008.5.09.0322, fl. 203 - grifo nosso).
O valor da remuneração oferecida pelo 2º réu está embasado e em conformidade
com o acordo firmado com o MPT em 2012. Não entendo haver, portanto, qualquer
irregularidade nos editais quanto a este tema.
Rejeita-se quanto a este ponto.
1.2) Acerca dos pré-requisitos exigidos
Da análise dos editais datados de 30/03/2015 e 09/04/2015 verifica-se que para o cargo
de "Auxiliar de Serviços Gerais" foi exigido ensino fundamental completo (fls. 61 e 67),
e para o cargo de "Operador de Máquinas", foi exigido ensino médio completo,
certificado nos cursos de empilhadeira e pá carregadeira e CNH do tipo "D" (fls. 64 e 66).
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Constata-se, ainda, que dos 34 candidatos à vaga de "Auxiliar de Serviços Gerais",
somente 4 foram aprovados, e dos 16 candidatos à vaga de "Operador de
Máquinas", somente 1 foi aprovado. A maior parte das reprovações ocorreu pelo
não preenchimento dos requisitos de escolaridade (fls. 72 e 74).
Restou ainda comprovado nos autos que os requisitos "ensino fundamental ou
médio completo, e CNH categoria D", não são exigidos pelos réus para o exercício
das mesmas funções, quando ofertadas na modalidade avulsa.
Não podem as reclamadas exigir requisitos diferentes para o exercício da mesma
atividade, simplesmente porque em um momento ela é ofertada na modalidade
avulsa e em outro, na modalidade com vínculo empregatício por prazo
indeterminado.
Ademais, os requisitos adotados nos editais em comento são, de fato, mais rígidos do
que os exigidos pelo PREPOM para a participação dos trabalhadores nos cursos
ofertados por ele, fato que inviabiliza grande parte dos registrados a concorrerem
às vagas oferecidas.
Nota-se, ainda, que a defesa dos réus sequer apresentou motivos capazes de tornar
justificável a exigência das formações e da categoria de habilitação mencionadas.
A lei 12.815/2013 é clara ao determinar em seu art. 40,§2º que "a contratação de
trabalhadores portuários de capatazia, bloco, estiva, conferência de carga, conserto de
carga e vigilância de embarcações com vínculo empregatício por prazo indeterminado
 - (grifoserá feita exclusivamente dentre trabalhadores portuários avulsos registrados."
nosso).
Ou seja, não pode haver a contratação com vínculo empregatício de trabalhadores não
registrados no OGMO (assunto que é melhor abordado na decisão proferida nos autos da
Ação Civil Pública TRT 04066-2015-411-09-00-00; CNJ 0001389-52.2015.5.09.0411).
Ora, se o 2º réu está obrigado a contratar somente os trabalhadores registrados no
OGMO e exige para esta contratação pré-requisitos que a maioria deles não possui,
acabará por engessar totalmente sua atuação, e a ter uma demanda impossível de ser
suprida.
Não são razoáveis, portanto, os requisitos "ensino fundamental completo, ensino
, exigidos pelos editais analisados, pelo quemédio completo, e CNH categoria D"
merecem anulação neste ponto.
Acolhe-se.
[...]
1.4) :Conclusão
Por todo o exposto, não há falar em anulação total dos editais de 30/03/2015 e 09/04
/2015, pelo prisma dos salários ofertados e dos prazos concedidos, mas, tão somente,
em relação aos requisitos "ensino fundamental completo, ensino médio completo e
CNH categoria D", exigidos ao exercício das atividades na contratação por prazo
indeterminado, visto que superiores aos já praticados quando ofertadas na
modalidade avulsa.
A nulidade dos editais é, portanto, parcial, somente em relação ao item referente
aos conhecimentos e habilidades mínimos.
Deverão as rés, portanto, submeter os candidatos que se inscreveram dentro do prazo
previsto à época a uma nova seleção, retirando, contudo, a exigência de ensino
fundamental completo para a função de Auxiliar de Serviços Gerais e a exigência de
ensino médio completo e CNH na modalidade D para a função de Operador de
Máquinas, sendo permitida para esta última a exigência dos certificados nos cursos de
Empilhadeira e Pá Carregadeira, visto que adequados à atividade, e da CNH na categoria
"C", quando exigida pelo PREPOM para a realização dos cursos mencionados (fls. 159-
268).
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Refeita a seleção, as rés deverão, no prazo de 3 (três) meses contados da publicação desta
sentença, convocar os classificados a fim de, se tiverem interesse, ocuparem as vagas
previstas nos editais.
Aos trabalhadores registrados no OGMO que à época foram aprovados pelos crivos dos
editais, e ainda permanecem trabalhando, será garantida a manutenção no emprego, se
assim desejarem.
O descumprimento pelas rés do ora determinado será punido com multa diária de R$
50.000,00, enquanto perdurar a condição, e revertendo-se ao FAT (Fundo de Amparo ao
Trabalhador).
Nestes termos, acolhe-se parcialmente." - fls. 697-707 dos autos citados - destaques
acrescidos.
Examinando os autos originários (fls. 2-14 e 717-731) e as manifestações
de fls. 137-162 dos presentes, nota-se que o Sindicato dos Arrumadores Portuários em Capatazia Avulsos
na Movimentação de Mercadorias em Geral e no Conexo de Antonina postula a declaração de nulidade
dos editais quanto aos valores ofertados a título de salário base, com base nos seguintes fundamentos: a)
o montante "está muito inferior ao valor damédia da hora trabalhada na forma avulsa, o que
; e, b) o acordodesrespeita o artigo 7º, VI, da Constituição Federal, caracterizando redução salarial"
firmado com o MPT nos autos de ACP nº 0087800-21.2008.5.09.0322 foi realizado com base na Lei nº
8.630/1993, a qual foi revogada pela nova Lei dos Portos, Lei nº 12.815/2013 e, portanto, referido ajuste
mostra-se inaplicável.
Em relação aos pré-requisitos, alega que "as exigências de escolaridade e
a qualificação da CNH estão superiores às exigidas pelo PREPOM, órgão responsável por regulamentar
, o que se mostra ilegal.os cursos e os requisitos para cada função o Trabalhador Portuário"
O Órgão Gestor de Mão de Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto
Organizado de Antonina (OGMO/A) e os Terminais Portuários da Ponta do Felix S.A. (TPPF), por sua
vez, sustentam a validade dos editais. Quanto ao valor da remuneração, defendem:
"[...] o salário base ofertado pelo TPPF - R$ 788,00 para auxiliar de serviços gerais e R$
1.141,16/1.214,00 para operador de máquinas, além de benefícios legais e
convencionais, sendo que a remuneração total oferecida pelo TPPF tem como parâmetro
a media dos últimos dois anos de engajamento da remuneração recebida pelo trabalhador
na função de arrumador (Capatazia) pelo OGMO Antonina, em decorrência do
estipulado no acordo da Ação Civil Pública 0087800-21.2008.5.09.0322, celebrado em
2012 entre o TPPF e o Ministério Público do Trabalho.
Insta salientar que a referida média da remuneração recebida pelos TPA's na função de
arrumador pelo OGMO/A nos últimos dois anos de engajamento é de R$ 767,45,
conforme consta na manifestação juntada anteriormente nestes autos. Dessa forma,
irrefutavelmente, os
salários oferecidos pelo TPPF nos editais em comento, por si só, são superiores à média.
Ademais, ressalta-se que alem dos salários, as remunerações serão compostas de seguro
de vida e acidentes (em caso de morte natural ou invalidez - R$ 16.950,83/em caso de
morte acidental - R$ 33.901,66); plano de saúde e assistência médico hospitalar - R$
105,17(sendo que 15% são arcados pelo trabalhador); e vale Alimentação - R$ 330,00
(sendo que 10% são descontados do trabalhador).
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
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Esclarece a reclamada que valor do salário base acrescido dos benefícios que compõe a
remuneração do empregado alcança um complexo de aproximadamente R$ 1.200,00
para auxiliar de serviços gerais e R$ 1.500,00 para operador de máquinas.".
No tocante aos pré-requisitos, afirmam que observaram "rigorosamente os
ditames estabelecidos no Marco Regulatório Portuário, Lei Federal n.12.815/2013 e a Convenção137 da
, oOIT, sendo inicialmente ofertadas, com prioridade, vagas para os trabalhadores portuários avulsos."
que também ficou estipulado no acordo firmado com o MPT nos autos de ACP nº 0087800-
21.2008.5.09.0322 e que não está em desacordo com a Lei nº 12.815/2013. Aduzem, também, que as
exigências de ensino fundamental completo e CNH categoria D "estão em perfeita conformidade com o
. Pordescrito no PREPOM, devendo a sentença ser reformada para afastar a declaração de nulidade."
fim, pedem sejam afastadas as condenações na obrigação de fazer (submissão dos candidatos a nova
seleção) e de multa, porque não foram requeridas na inicial (fls. 432-444 e 732-748 dos autos originários
e fls. 196-213).
Por oportuno, convém observar que a manifestação do Sindicato dos
Operadores Portuários do Estado do Paraná às fls. 95-99 não guarda relação com o tema debatido no
presente incidente, pois trata apenas da questão da contratação de trabalhadores fora do sistema. O
mesmo ocorre com a petição dos Terminais Portuários da Ponta do Felix S.A. (TPPF) e do Órgão Gestor
de Mão de Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto Organizado de Antonina (OGMO/A) às fls. 196-
213, que além de sustentarem a legalidade da contratação de trabalhadores fora do sistema, observada a
prioridade, também aduziram a ausência de prejuízos aos TPA's e, ainda, que "realizou a demissão de
todos os trabalhadores contratados fora do sistema por meio dos editais de contratação discutido neste
processo em novembro de 2017. Dessa forma, não há mais trabalhadores contratados por meio dos
.editais de 2015."
Em relação ao parecer do MPT de fls. 43-45 e 325, também restringe-se
ao tema da contratação de trabalhadores fora do sistema. Contudo, compulsando os autos originários,
verifica-se que o , por meio dos Procuradores Regionais do Trabalho Cristiane Maria SbalqueiroParquet
Lopes e Jaime José Bilek Iantas, opinaram pela declaração de nulidade dos editais em questão, tanto sob
o enfoque do valor da remuneração, como em relação aos pré-requisitos exigidos, conforme segue:
"[...] razão o autor quando impugna o valor do salário ofertado em edital, já que a
planilha não considerou a efetiva remuneração recebida pelos avulsos. Note-se que a
planilha apresentada às fls. 280, por exemplo, considera apenas a média simples do que
se denominou "mão de obra bruta", sem qualquer critério de correção monetária. Só por
esse critério, o somatório geral já deveria vir acrescido de pelo menos 15%
(considerando os índices de inflação anuais e a incidência da correção do ano posterior
sobre o ano anterior corrigido).
[...]
Por fim, as exigências de formação somente podem ser formuladas como critério de
desempate dentre os trabalhadores devidamente registrados. [...]" - fls. 591-598 dos autos
originários.
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Fls.: 8
"REMUNERAÇÃO
OFERTADA
NOS EDITAIS
[...]
A cizânia a respeito do critério de cálculo da remuneração está assim delineada: por um
lado, o sindicato argumenta que deve ser ofertado o valor pago por hora trabalhada na
forma avulsa, porque assim se respeitaria a irredutibilidade salarial; e, por outro lado, os
reclamados defendem que deve ser pago a média simples do valor pago por trabalhador,
com fundamento no acordo judicial.
A avença pactuada nos autos de Ação Civil Pública n.º 0087800-21.2008.5.09.0322,
entre o Ministério Público do Trabalho e os Terminais Portuários da Ponta do Félix,
previu, em sua cláusula 5ª, o seguinte critério de remuneração a ser ofertada:
"05) Remuneração: No momento da oferta de vagas, se disponibilizado o valor da
remuneração paga pelo TPPF para aquela função específica, sendo considerado o
salário-base mais os benefícios concedidos pela empresa. De forma a evitar distorções a
empresa se compromete a utilizar como parâmetro a média da remuneração recebida
pelo trabalhador na função de arrumador (Capatazia) nos dois últimos anos de
engajamento, no OGMO Antonina. Devido à divergência na forma de remuneração
praticada entre o OGMO Antonina e o TPPF, na base de cálculo da remuneração dos
trabalhadores, deverão ser considerados todos os valores efetivamente percebidos pelos
trabalhadores, em reais, de forma a garantir no mínimo o valor médio percebido pelos
trabalhadores de capatazias, adotando-se com base para cálculo desta média, o período
dos últimos 2 (dois) anos."(destaques acrescidos).
Dos termos do acordo, depreende-se que o critério salarial estipulado almejou "evitar
distorções" e "garantir o no mínimo o valor médio percebido pelos trabalhadores de
capatazias".
Ora, se a ideia da avença era justamente manter o padrão remuneratório, não cumpre
com esse objetivo o parâmetro utilizado pela empresa reclamada. Ele considera apenas a
média simples dos valores salariais dividido pelo número de trabalhadores (folha 280).
Não leva em contao desiquilíbrio remuneratório entre os trabalhadores que exercem a
mesma função, tão típico do trabalho portuário.
Ao se estabelecer a média salarial a partir do cálculo da hora laborada, como proposto
pelo Sindicato, tem-se um critério razoável e atento às diferenciações entre funções.
Veja-se que o acordo não estabelece que a média deveria ser calculada a partir do valor
hora, mas também não há previsão de que deveria ocorrer pela média simples. Em outras
palavras, não restou avençado um critério específico, mas apenas, de forma
principiológica, a intenção das partes em se preservar o padrão remuneratório.
Assim sendo, o critério que atende ao estipulado no acordo judicial é aquele apresentado
pelo sindicato. Nele se considera a média do valor hora laborado na forma avulsa. Pelo
que merece acolhimento o pedido do autor para ver declarado nulo o edital relativamente
às remunerações ofertadas, que devem obedecer a média do valor hora laborado na
forma avulsa.
[...]
EXIGÊNCIAS DE
PRÉ-REQUISITOS
[...]
O Magistrado de primeira instância corretamente reputou como irrazoáveis os requisitos
editalícios sob o fundamento de que "se o 2º réu está obrigado a contratar somente os
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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trabalhadores registrados no OGMO e exige para esta contratação pré-requisitos que a
maioria deles não possui, acabará por engessar totalmente sua atuação, e a ter uma
demanda impossível de ser suprida".
Além disso, os réus não apresentaram os motivos que justificariam a escolaridade dos
trabalhadores para o desempenho do labor, o que revela uma atitude seletiva e
discriminatória incompatível com os preceitos fundamentais do ordenamento jurídico.
[...]" - fls. 826-837 do autos originários.
Consta dos em questão:editais
"Ref.: Contratação de Trabalhadores Portuarios Avulsos com Vínculo
O Órgão Gestor de Mão de Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto Organizado de
Antonina - OGMO/A
Comunica ao Sindicado dos Arrumadores de Antonina e aos trabalhadores Avulso
Portuários registrados na Categoria dos Arrumadores que o Terminais Portuários da
Ponta do Felix S/A esta disponibilizando vagas para contratação com vínculo
empregatício com prazo indeterminado conforme preceitua a Lei.
O presente edital visa à contratação de auxiliaresde serviços gerais da categoria de
trabalhadores portuários avulsos registrados que terão preferência para a contratação
de acordo com os termos estabelecidos a seguir.
Será dada a preferência aos avulsos registrados junto ao OGMO/Antonina, podendo a
EMPRESA, em caso de não atendimento do edital pelos trabalhadores registrados,
proceder à contratação de trabalhadores no mercado comum de trabalho.
CARGO: AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS NUMERO DE VAGAS: 26
PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES E ATIVIDADES (ATIVIDADES
DELEGADAS)
Orientar os caminhões nos Armazéns/Cais, retirar mercadoria, montar a carga nos
pallets e eslingues de forma manual, Posicionar a carga para embarque;
Levar os equipamentos de estiva utilizados no cais na operação de embarque ou
desembarque e providenciar seu retorno ao almoxarifado;
Acertar o peso nos caminhões, instalar serra pilheira no navio e apoiar na amarração
do navio;
Amarrar e desamarrar navios junto ao cais; Efetuar peação e despeação de cargas nos
navios; Colocar e retirar (travar/destravar) castanhas nos contêineres;
Manusear materiais (ova e desova) na área de inspeção quando necessário;
Orientar os operadores de Terminal quanto ao posicionamento do equipamento no pátio
/cais; Auxiliar durante operação de carga/descarga dos navios; ler e interpretar plano
de carga/descarga;
Guardar e controlar materiais de apoio para operação (carga/descarga);
Auxiliar na remoção da tampa de porão/convés dos navios; Repassar ao próximo turno
informações sobre a operação em andamento;
Orientar, com informações dos contêineres a bordo, os operadores de Portêiner (PT);
Mapear pátio (inventário) quando necessário e ajustar posição de contêineres através
de coletor;
Localizar cargas no pátio/cais e atualizar posição via coletor conforme solicitação;
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Solicitar e devolver material a ser utilizado a bordo dos navios durante operação de
carga/descarga;
Identificar avarias e comunicar o superior imediato;
Cumprir os procedimentos relacionados à saúde, segurança, meio ambiente e qualidade
relacionados a sua atividade;
Realizar atividades de serviços gerais e apoio a outras áreas.
ATENDIMENTO DE INDICADORES DE PERFORMANCE
Atendimento de carga e descarga;
Qualidade e execução dos serviços (avarias)
Ações práticas que contribuam para a formação de resultados operacionais
CONHECIMENTOS E HABILIDADES MÍNIMAS
Escolaridade: Ensino Fundamental Completo Aptidão física para a execução das
tarefas;
ATITUDES E CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE
Organização
Vontade e predisposição para o trabalho.
Postura profissional
Ética
Pro atividade
Espírito de Equipe
Comprometimento com missão, visão e valores.
Entusiasmo
Compromisso com qualidade
LOCAL DE TRABALHO:
ANTONINA - PR
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
Idade entre: Sem restrição;
Sexo: Sem restrição
Estado civil: Sem restrição
REMUNERAÇÃO/ BENEFÍCIOS
A título de contraprestação pelo serviço realizado no regime de jornada de 6 horas, o
trabalhador portuário avulso que vier a ser contratado para o preenchimento das
vagas ofertadas receberá, além do salário base no importe de R$ 788,00, os seguintes
benefícios:
Seguro de vida e de acidentes;
Em casos de morte natural e Invalidez - Premio: R$ 16.950,83 Morte acidental - Premio:
R$ 33.901,66
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Plano de Saúde e assistência médica hospitalar -
Custo R$ 105,17 o empregado participa com 15% do Valor
Vale Alimentação:
R$ 330,00 com desconto de 10% sobre o valor do beneficio
CRITERIOS DO PROCESSO DE SELEÇÃO
Os trabalhadores portuários avulsos interessados em exercer esta função deverão
obrigatoriamente passar pelas seguintes etapas:
Seleção dos trabalhadores que possuam conhecimento e habilidades mínimas
necessárias à assunção da função;
Comprovação documental no ato da inscrição;
Teste escrito;
Teste psicológico para avaliação das atitudes e características de personalidade
Teste de aptidão.
Serão selecionados os trabalhadores interessados que demonstre melhor capacidade
técnica, conhecimentos, habilidades, que melhor pontuarem nos testes psicológicos e de
aptidão." - fls. 214-216 dos presentes autos e fls. 60-62 dos autos originários - destaques
acrescidos.
"[...]
CARGO: OPERADOR DE MÁQUINAS
NUMERO DE VAGAS: 06
PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES E ATIVIDADES (ATIVIDADES
DELEGADAS
Inspecionar equipamentos antes da operação;
Operar os Equipamentos
Repassar para próximo turno informações/pendências inerentes ao plano de
movimentação;
Observar possíveis falhas na operação do equipamento e comunicar o superior imediato
e/ou a Manutenção, para averiguação da falha e comunicação da inoperância do
equipamento;
Conduzir os equipamentos utilizados para lavagem e manutenção;
Realizar movimentação, posicionamento, carregamento e descarregamento dos produtos
nas dependências da EMPRESA ou nos locais definidos por esta;
Monitorar a carga de bateria/gáse providencia a devida troca, quando necessário;
efetua a higienização dos equipamentos;
Comunica o superior imediato toda a anomalia ocorrida com a carga, com o
equipamento e com a estrutura predial dos armazéns, durante a execução dos serviços;
Cumprir os procedimentos relacionados à saúde, segurança, meio ambiente e qualidade.
ATENDIMENTO DE INDICADORES DE PERFORMANCE
Atendimento de carga e descarga;
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Qualidade e execução dos serviços (avarias)
Ações práticas que contribuam para a formação de resultados operacionais
CONHECIMENTOS E HABILIDADES MÍNIMAS
Escolaridade: Ensino Médio Completo
Certificado do Curso empilhadeira, Pá Carregadeira
 
CNH (D)
Aptidão física para a execução das tarefas;
ATITUDES E CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE
Organização
Vontade e predisposição para o trabalho.
Postura profissional
Ética
Pro atividade
Espírito de Equipe
Comprometimento com missão, visão e valores.
Entusiasmo
Compromisso com qualidade
LOCAL DE TRABALHO:
ANTONINA - PR
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
Idade entre: Sem restrição;
Sexo: Sem restrição
Estado civil: Sem restrição
REMUNERAÇÃO/ BENEFÍCIOS
A título de contraprestação pelo serviço realizado no regime de jornada de 6 horas
pelo serviço realizado o trabalhador portuário avulso que vier a ser contratado para o
preenchimento das vagas ofertadas receberá, além do salário base no importe de R$
1.141,16 nos primeiros 90 dias a título de experiência, após receberá a quantia de R$
1.214,00, os seguintes benefícios:
Seguro de vida e de acidentes;
Em casos de morte natural e Invalidez - Premio: R$ 16.950,83 Morte acidental -
Premio: R$ 33.901,66
Plano de Saúde e assistência médica hospitalar -
 
Custo R$ 105,17 o empregado participa com 15% do Valor
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Vale Alimentação: R$ 330,00 com desconto de 10% sobre o valor do beneficio
CRITERIOS DO PROCESSO DE SELEÇÃO
Os trabalhadores portuários avulsos interessados em exercer esta função deverão
obrigatoriamente passar pelas seguintes etapas:
1) Seleção dos trabalhadores que possuam conhecimento e habilidades mínimas
necessárias à assunção da função;
2) Comprovação documental no ato da inscrição;
3) Teste escrito;
4) Teste psicológico para avaliação das atitudes e características de personalidade
5) Teste de aptidão.
Serão selecionados os trabalhadores interessados que demonstre melhor capacidade
técnica, conhecimentos, habilidades, que melhor pontuarem nos testes psicológicos e de
aptidão.
[...]" - fls. 218-220 dos presentes autos e fls. 63-65 dos originários - destaques
acrescidos.
 
A) VALOR DO SALÁRIO
Extrai-se, dos editais supra transcritos, que foi ofertado para o cargo de
Auxiliar de Serviços Gerais o valor de R$ 788,00 para 6 horas de trabalho e, para o cargo de Operador de
Máquinas o montante de R$ 1.141,16, também para jornada de 6 horas, além de seguro de vida e de
acidentes, plano de saúde e assistência médica hospitalar e vale alimentação.
O art. 444 da CLT estabelece: "As relações contratuais de trabalho
podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das
. O inciso IV do art. 7º da CF assegura a fixaçãoautoridades competentes." de "salário mínimo, fixado em
lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer
.fim;"
O acordo firmado entre o Ministério Público do Trabalho, o OGMO/A e
os Terminais Portuários da Ponta do Felix S.A., nos autos de Ação Civil Pública nº 00878-2008-322-09-
00-3 (CNJ nº 0087800-21.2008.5.09.0322), homologado em 18/05/2012 pela Juíza do Trabalho Marli
Gonçalves Valeiko, assim dispõe sobre a remuneração dos trabalhadores portuários avulsos da capatazia
/arrumadores com vínculo empregatício:
05) Remuneração: No momento da oferta de vagas, será disponibilizado o valor da
remuneração paga pelo TPPF para aquela função específica. sendo considerado o salário
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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base mais os benefícios concedidos pela empresa. De forma a evitar distorções a empresa
se compromete a utilizar como parâmetro a média da remuneração recebida pelo
trabalhador na função de arrumador (Capatazia) nos dois últimos anos de engajamento,
no OGMO Antonina. Devido a divergência na forma de remuneração praticada entre o
OGMO Antonina e o TPPF, na base de cálculo da remuneração de trabalhadores,
deverão ser considerados todos os valores efetivamente percebidos pelos trabalhadores,
em reais, de forma a garantir no mínimo o valor médio percebido pelos trabalhadores de
capatazias, adotando-se com base para cálculo desta média, o período dos últimos 2
(dois) anos." - fl. 223 dos presentes autos.
De plano, afastam-se as alegações do Sindicato dos Arrumadores no
sentido de que referido ajuste seria inaplicável, pois pactuado durante a vigência da Lei nº 8.630/1993,
revogada pela Lei nº 12.815/2013, visto que, em relação ao tema, este último instrumento legal manteve
a mesma redação da norma anterior, no sentido de que a remuneração e demais condições do trabalho
avulso "[...] serão objeto de negociação entre as entidades representativas dos trabalhadores portuários
(art. 29 da Lei dos Portos revogada e art. 43 da atual).avulsos e dos operadores portuários."
Nessa linha, inclusive, é a manifestação do MPT à fl. 45: "a partir da
vigência da Lei 12.815/2013, o acordo firmado nos autos ACP 878-2008-322-09-00-3, não perdeu sua
.eficácia e efetividade."
Diante do cenário, tem-se que os valores ofertados nos editais em tela
observaram os ditames supra, visto que, além de superarem o salário mínimo federal vigente à época,
previsto no Decreto nº 8.381/2014 (nota-se que a jornada exigida nos certames é de 6 horas), atentaram
ao acordo homologado nos autos de ACP nº 0087800-21.2008.5.09.0322, pois incontroverso que o TPPF
observou a média da remuneração dos TPA's da função de arrumador (capatazia) dos dois últimos anos
de engajamento no OGMO/A.
Convém registrar, ainda, que o Juízo de origem dos autos de ACP nº
0087800-21.2008.5.09.0322, instado pelo MPT especificamente quanto a possível descumprimento do
acordo em razão dos valores constantes dos editais em exame, manifestou-se no sentido de que não
houve violação, conforme fundamentos que seguem:
"Vistos, etc...
Requer o MPT seja liminarmente determinada a imediata suspensão dos efeitos jurídicos
dos editais datados de 30 de março de 2015, expedidos pela empresa Terminais
Portuários da Ponta do Felix S.A., que tratam da disponibilização de vagas para
contratação de trabalhadores com vínculo empregatício, por prazo indeterminado, nas
funções de Auxiliar de Serviços Gerais e de Operador de Máquinas, sob a alegação, em
síntese, de que tais editais afrontam o acordo entabulado entre as partes na presente
demanda.
Dado vista à parte contrária, manifestou-se às fls. 42/44(autos digitais), impugnando as
alegações formuladas pelo MPT.
Decido.
[...]
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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Por outro lado, quanto ao alegado descumprimento do item "05" do termo de acordo, o
réu TPPF se comprometeu, quando fosse ofertar vagas de emprego por prazo
indeterminado aos TPA's, "a utilizar como parâmetro recebidaa média da remuneração
pelo trabalhador na função de arrumador (Capatazia) nos dois últimos anos de
" (fl. 20, autos digitais - grifamos).engajamento, no OGMO Antonina
Como se percebe, ao contrário do que pretende fazer crer o requerente, não houve
qualquer compromisso específico em adoção do percebido pelo TPA na" salário hora "
função de arrumador (capatazia) , razão pela qual não há como se adotar a planilha de
cálculo de fl. 35 (autos digitais). Por outro lado, houve, sim, apenas o compromisso de "g
arantir no mínimo percebido pelos trabalhadores de capatazias, adotando-o valor médio
" (fl. 20, autosse com base para cálculo desta média, o período dos últimos 2 (dois) anos
digitais - grifamos).
Entendo que tal cláusula ("05") foi entabulada para assegurar que o TPA que optasse em
vincular-se ao réu por meio de contrato de emprego por prazo indeterminado não tivesse
redução da remuneração média que costumava receber pelo seu trabalho junto ao OGMO
/Antonina. Contudo, ante a manifesta/evidente impossibilidade de se ofertar remuneração
diferenciada para cada TPA que pleiteasse uma vaga, conforme média da sua produção
individual (o que certamente acarretaria violação ao princípio da isonomia e ao disposto
no art. 461 da CLT), a fórmula convencionada pelas partes no acordo para se garantir tal
direito a toda categoria dos TPA's, como transcrito acima, foi exatamente a adoção do " v
 alor médio percebido , adotando-se com base parapelos trabalhadores de capatazias
" (fl. 20, autos digitais -cálculo desta média, o período dos últimos 2 (dois) anos
grifamos).
Partindo-se desses pressupostos, e observando-se a tabela apresentada pelo Réu à fl. 43
(autos digitais - presumindo-se a boa-fé da parte nas informações prestadas), entendo que
a remuneração oferecida nos editais de fls. 27/29 e 30/32 (autos digitais) está superior,
inclusive, à média que os TPA's da função de arrumador (capatazia) receberam nos
, (isso sem considerar aindadois últimos anos de engajamento, no OGMO Antonina
os demais benefícios ofertados no edital), de modo que não constato violação ao
pactuado no acordo de fls. 18/22 (autos digitais).
Ante o exposto, rejeito os requerimentos formulados pelo MPT às fls. 11/17 (autos
digitais)." - fls. 227/228 dos presentes autos.
Decisão mantida pela Eg. Seção Especializada deste Regional, em
acórdão de lavra do Exmo. Des. Ney Fernando Olivé Malhadas, publicado em 20/10/2015 e transitado
em julgado, cujos fundamentos peço licença para transcrever:
"DESCUMPRIMENTO DE ACORDO - TUTELA ANTECIPADA
O Ministério Público do Trabalho noticiou perante o juízo "a quo" o descumprimento do
acordo de fls. 402/404, pela empresa Terminais Portuários da Ponta do Félix, pois esta
lançou editais para a contratação de trabalhadores com vínculo empregatício por prazo
indeterminado, estabelecendo remuneração abaixo da média percebida pelos
trabalhadores portuários avulsos em funções similares e/ou na função de arrumador
(capatazia) nos últimos 24 meses, em violação à cláusula 5ª do acordo.
Requereu, liminarmente, a suspensão dos editais de contratação expedidos e, ao final,
sua anulação, dentre outros pedidos.
A empresa Terminais Portuários da Ponta do Felix S.A. (TPPF) aduziu que não houve
descumprimento do acordo, ao estabelecer o salário base de R$ 788,00 para auxiliar de
serviços gerais e de R$ 1.141,16/ R$ 1.214,00 para operador de máquinas. "Isso porque,
conforme expressamente estabelecido no acordo, especificamente no item 5 acima
indigitado, a REMUNERAÇÂO total oferecida pelo TPPF deve ter como parâmetro a
média da remuneração recebida pejo trabalhador na função de arrumador (Capatazia) nos
dois últimos anos de engajamento, no OGMO Antonina", o que consiste em R$ 767,45.
A remuneração é composta ainda de seguro de vida, plano de saúde e vale alimentação, e
sobre o salário base são devidos gratificação natalina (13º), FGTS, férias e terço
constitucional, a totalizar R$ 1.200,00 para auxiliar de serviços gerais e R$ 1.500,00 para
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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operador de máquinas. "A título exemplificativo, menciona-se que o OGMO Imbituba
lançou o Edital 017/2014 oferecendo R$ 1.750,00 para operador de máquina com
jornada de 7h20min (contra a jornada de 6h proposta pelo TPPF). Proporcionalmente,
portanto, a remuneração oferecida pelo TPPF é equivalente à oferecida no OGMO
Imbituba."
O juízo de origem rejeitou a pretensão do Ministério Público do Trabalho, nos seguintes
termos:
[...]
O agravante alega que "se a Cláusula 5 do acordo homologado não previu como haveria
de ser calculada a média remuneratória, este cálculo então não pode vir a prejudicar os
direitos dos trabalhadores atingidos pelo acordo, sob pena inclusive de também se
afrontar o princípio da irredutibilidade salarial, este como aquele, de índole
constitucional." A finalidade da referida cláusula, e da ação civil pública originária, era a
manutenção do padrão remuneratório, o que deve levar em conta a média percebida
pelos trabalhadores em razão das horas efetivamente laboradas. Os dados "que foram
levados em consideração pelo magistrado de piso, sequer foram submetidos ao crivo do
contraditório". Conforme documentos juntados com o agravo de petição, fornecidos pelo
sindicato da categoria, a média do salário mensal dos arrumadores considerando a
jornada de 6 horas é de R$ 2.950,00, bem superior à remuneração prevista no edital, de
R$ 788,00.
Postula a concessão de antecipação parcial da tutela nos termos dos art. 273 e 461, do
CPC, com a imediata suspensão dos editais de 30.03.2015 expedidos pela TPPF, sob
pena de multa diária. Requer, sejam julgados "procedentes todos os pedidos contidos na
ação de execução ajuizada, ou, alternativamente, assim entendendo esta magnânima
Turma, que seja anulada tão-somente a decisão que não observou, além de outros
princípios acima destacados, o princípio do contraditório, determinando-se a
continuidade da execução".
Analiso.
O art. 273 do CPC dispõe que o juiz poderá antecipar, total ou parcialmente, os efeitos
da tutela pretendida no pedido inicial, desde que exista prova inequívoca e convença-se
da verossimilhança das alegações, nas seguintes hipóteses: de que haja fundado receio de
dano irreparável ou de difícil reparação, ou de que fique caracterizado o abuso de direito
de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.
Não vejo a presença desses requisitos no caso em exame. A pretensão de suspender os
efeitos do referido edital demanda o exame detalhado dos termos em que o acordo foi
firmado entre as partes, bem como o cálculo da média remuneratória mensal efetuado
pela TPPF e pelo sindicato da categoria, a inviabilizar a concessão da tutela antecipada.
O cálculo apresentado pelo Ministério Público do Trabalho, confeccionado pelo
sindicato da categoria, contém a seguinte informação: "Conforme Planilha
fornecida pelo OGMO/Antonina, pegou-se o total do Salário Bruto do TPA e
dividiu-se pelo total de Horas trabalhadas chegou-se a média de uma hora
trabalhada em cada mês multiplicado por 180 horas (mês) chegou-se em cada mês a
média mensal salarial". No ano de 2013, a média salarial mensalfoi de R$ 3.026,80;
em 2014, de R$ 3.470,40; em 2015, de R$ 2.950,80. Nos últimos 3 anos, apurou-se
que o arrumador recebeu salário médio no valor de R$ 3.149,33 (fl. 86 dos autos
digitais).
A TPPF, por seu turno, considerou o valor bruto pago pela mão de obra no mês,
dividido pelo número de trabalhadores, obtendo a média salarial de cada um
naquele mês. A média salarial encontrada para o período entre março/2013 a março
/2015 totalizou R$ 767,45 (fl. 43 dos autos digitais), o que viabilizaria a previsão de
salário base de R$ 788,00 prevista no edital de convocação.
O critério a ser utilizado para obtenção "da média da remuneração" deveria
constar do acordo de forma expressa. Lá não constou, contudo, a previsão de que
seria utilizado o valor do salário hora para obtenção da média remuneratória.Eis o
teor da cláusula 5ª do acordo:
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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"05) Remuneração: No momento da oferta de vagas, será disponibilizado o valor da
remuneração paga pelo TPPF para aquela função específica, sendo considerado o salário
base mais os benefícios concedidos pela empresa. De forma a evitar distorções a empresa
se compromete a utilizar como parâmetro a média da remuneração recebida pelo
trabalhador na função de arrumador (Capatazia) nos dois últimos anos de engajamento,
no OGMO Antonina. Devido a divergência na forma de remuneração praticada entre o
OGMO Antonina e o TPPF, na base de cálculo da remuneração dos trabalhadores,
deverão ser considerados todos os valores efetivamente percebidos pelos trabalhadores,
em reais, de forma a garantir no mínimo o valor médio percebido pelos trabalhadores de
capatazias, adotando-se com base para cálculo desta média, o período dos últimos 2
(dois) anos." (fl. 20 dos autos digitais).
O acordo não definiu a utilização do valor da hora trabalhada para apuração da
média remuneratória mensal. A divergência decorrente da diferente interpretação
conferida pelos litigantes aos termos do ajuste implica significativa diferença do
valor a ser considerado como remuneração. Não se vislumbra, portanto, violação ao
princípio da proteção ou da irredutibilidade salarial. Também não se verifica
qualquer prejuízo ou irregularidade que represente ofensa aos princípios do
contraditório e da ampla defesa.
Nego provimento." - cópia às fls. 229-236.
Ante o exposto, ausente amparo legal, contratual ou convencional para
adoção do critério de cálculo proposto pelo Sindicato dos Arrumadores, não há que se falar em nulidade
dos editais em razão dos valores ofertados.
B) PRÉ-REQUISITOS
Os editais estabeleceram as seguintes exigências para ossub judice
trabalhadores concorrerem às vagas ofertadas ao cargo de (a) Auxiliar de Serviços Gerais: "Ensino
; e (b) Operador de Máquinas: Fundamental Completo Aptidão física para a execução das tarefas" "Ensin
o Médio Completo, Certificado do Curso empilhadeira, Pá Carregadeira, CNH (D), Aptidão física para
.a execução das tarefas"
O Programa do Ensino Profissional Marítimo para Portuários 2015
(PREPOM Portuários 2015), confeccionado pela Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil,
anexado às fls. 159-268 e 316-425 dos autos originários nº 01896-2015-411-09-00-6 (CNJ nº 0000629-
06.2015.5.09.0411), observando a legislação e normatização do ensino profissional marítimo, oferta em
parceria com os OGMO's, diversos cursos aos trabalhadores portuários na forma dos artigos 32, II e 33,
II, "a", da Lei nº 12.815/2013. Para tanto exige e/ou recomenda que os trabalhadores possuam alguns pré-
requisitos para participação nesses cursos. Por exemplo, para participarem do Curso Básico do
Trabalhador Portuário (CBTP), (letra "a" do item 5 à fl. 180 e" "É recomendável Nível Fundamental
337 dos autos originários).
Somado a isso, nota-se que o tempo de experiência no exercício da
função, se superior a 10 anos, pode dispensar a frequência aos cursos básicos, conforme se extrai do item
1 às fls. 175 e 332 dos autos principais: "1 - Para os TPA registrados ou cadastrados no sistema OGMO,
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que comprovem o efetivo exercício de suas funções nos últimos dez anos, a certificação nesse curso é
recomendável e obrigatória para os TPA que ingressaram no sistema após 2000 e que não possuam
 mínima de 10 (dez) anos. Serão aceitos os certificados equivalentes aoexperiência profissional
respectivo curso, conforme Tabela de Equivalência de Cursos do EPM - Anexo T, da NORMAM-30
/DPC Volume II.".
E mais, examinando os cursos ofertados para operação de máquinas, não
se vislumbra a exigência de ensino médio completo (vide fls. 184-205 e 341-362 dos autos originários),
nem de habilitação na CNH categoria "D", conforme tabela às fls. 174 e 331 dos autos originários.
Portanto, e porque não há justificativa plausível à exigência de requisitos
mais rígidos para o exercício das mesmas atividades dos TPA's, apenas pelo fato de que seriam exercidas
por trabalhadores com vínculo empregatício, ilegal o edital sob esse enfoque.
Por oportuno, registra-se que, em momento algum, o TPPF e o OGMO/A
fundamentam a necessidade de os Auxiliares de Serviços Gerais possuírem ensino fundamental
completo, ou de os Operadores de Máquinas apresentarem ensino médio completo e CNH categoria "D"
para a realização de suas atividades, nem explicam o motivo pelo qual a ausência desses requisitos
obstaria a execução das funções.
Vale destacar, também, que dos documentos carreados nos autos
originários, infere-se que a grande maioria dos TPA's que concorreram às vagas ofertadas pelos editais
em exame não eram detentores de tais requisitos (vide fls. 71-74 dos autos principais). E mais, o TPPF
lançou em 19/09/2016 novo edital para o cargo de Operador de Máquinas limitando as exigências aos pré-
requisitos do PREPOM, conforme se extrai da manifestação à fl. 610 dos autos principais e 202 deste
incidente ("[...] Cabe também informar que em 19 de setembro de 2016, o 2º Réu lançou 2 novos editais
 contratação de trabalhador portuário avulso no serviço de capatazia, limitando a exigir os requisitospara
do PREPOM [...]") e do edital às fls. 631-634 e 635-638 dos autos principais:
"Antonina, 19 de setembro de 2016,
[...]
Ref,: Contratação de Trabalhadores Portuários Avulsos com Vínculo
Prezado Senhor,
Em conformidade com dispositivos legais vigentes e estabelecidos em tei informamos
que a Terminais Portuários da Ponta do Félix S/A pretende contratar Trabalhadores
Portuários Avulsos para Operador de Máquinas, conforme condições abaixo.
O presente edital visa à contratação de Operador de Máquinas da categoria de
trabalhadores portuários avulsos registrados que terão preferência para a contratação.
O edital destina-se ao preenchimento do número de vagas abaixo descritas e, ainda, das
que surgirem no decorrer do prazo de validade deste certame.
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VALIDADE: 1 ano a partir do resultado final do processo de seleção
CARGO: OPERADOR DE MÁQUINAS
[...]
PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES E ATIVIDADES (ATIVIDADES
DELEGADAS)
Inspecionar equipamentos antes da operação;
Operar os equipamentos;
Repassar para o próximo turno/pendências inerentes ao plano de movimentação;Observar possíveis falhas na operação do equipamento e comunicar o superior imediato
e/ou a Manutenção, para averiguação da falha e comunicação de inoperência do
equipamento;
Conduzir os equipamentos utilizados para lavagem e manutenção;
Realizar movimentação, posicionamento, carregamento e descarregamento dos produtos
nas dependências da empresa ou nos locais definidos por esta;
Monitorar a carga de bateria/gás e providenciar a devida troca, quando necessário;
efetuar a higienização dos equipamentos;
Comunicar ao Superior imediato toda a anomalia ocorrida com a carga, com o
equipamento e com a estrutura predial dos armazéns, durante a execução dos serviços,
cumprir os procedimentos relacionados a saúde, segurança, meio ambiente e qualidade.
CONHECIMENTOS E HABILIDADES MÍNIMAS
Para os TPA registrados ou cadastrados no sistema OGMO, que comprovem o efetivo
exercício de suas funções nos últimos dez anos, a certificação nos cursos exigidos pelo
PREPOM é recomendável, e obrigatória para os TPA que ingressaram no sistema
após 2005. (Anexos E e F-Normam32/DPC COEPP /COTPC) CNH "C";
Aptidão física para a execução das tarefas;
[...]"
 
Nota-se que tanto no edital de março/2015 como nesse novo, de setembro
/2016, a descrição das atividades do Operador de Máquinas é a mesma, o que reforça a conclusão no
sentido de que as exigências de ensino médio completo e CNH na categoria "D" feitas no certame sub
judicenão eram necessárias para a execução dessas atribuições e, portanto, ilegais.
Dessa forma, consideram-se nulos os pré-requisitos exigidos nos editais
de março e abril/2015.
Por oportuno, convém consignar que nos autos originários, o Sindicado
dos Arrumadores Portuários em Capatazia Avulsos Na Movimentação de Mercadorias em Geral e No
Conexo de Antonina limitou-se a formular pleito declaratório de nulidade, conforme se infere da petição
inicial de fls. 2-14 do processo principal, especificamente o pedido de letra "d": "seja, ao final , julgado
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PROCEDENTE a presente demanda para, declarar nulo todos atos praticados até o presente momento,
por consequência, a nulidade dos editais, sob pena de assim não fazendo aplicação de multa diária no
. Não há pedido devalor de R$ 2.000,00 ou outro valor a ser arbitrado por Vossa Excelência."
condenação em obrigação de fazer (como, por exemplo, reabrir prazo para nova inscrição), nem pedido
de condenação ao pagamento de danos materiais e/ou morais dos TPA's eventualmente prejudicados.
O que limita, também, a atuação deste Juízo quanto aos efeitos de
eventual declaração de nulidade dos editais, os quais deverão ser objeto de exame em cada demanda,
observados os limites de cada lide.
Conclusão
Diante do exposto, este Eg. Tribunal Pleno, nos termos do art. 101-Q, §
2º, do RI deste Regional, adota a interpretação da questão jurídica submetida, com a seguinte redação:
ÓRGÃO GESTOR DE MÃO DE OBRA DO TRABALHO
PORTUÁRIO AVULSO DO PORTO DE ANTONINA (OGMO/A) -
TERMINAIS PORTUÁRIOS DA PONTA DO FÉLIX S.A. (TPPF) -
EDITAIS DE MARÇO/2015 E ABRIL/2015 PARA
CONTRATAÇÃO DE TRABALHADORES PORTUÁRIOS COM
VÍNCULO EMPREGATÍCIO - CARGOS DE AUXILIAR DE
SERVIÇOS GERAIS E OPERADOR DE MÁQUINAS - VALIDADE
DA REMUNERAÇÃO OFERTADA - ILEGALIDADE DOS PRÉ-
REQUISITOS EXIGIDOS - NULIDADE PARCIAL
RECONHECIDA.
I. A remuneração ofertada nos editais de março/2015 para contratação de
trabalhadores portuários com vínculo empregatício nos cargos de Auxiliar
de Serviços Gerais e Operador de Máquinas observa o disposto nos
artigos 444 da CLT, 7º, IV, da CF e 43 da Lei nº 12.815/2013, bem como
atende ao item 5 do acordo homologado nos autos de ACP nº 00878-2008-
322-09-00-3 (CNJ nº 0087800-21.2008.5.09.0322).
Portanto, válidos os editais sob esse enfoque.
II. Os pré-requisitos exigidos nos editais de março/2015 e abril/2015 para
os cargos de Auxiliar de Serviços Gerais (ensino fundamental completo) e
Operador de Máquinas (ensino médio completo e CNH categoria "D") são
mais rígidos do que aqueles indicados pela Diretoria de Portos e Costas da
Marinha do Brasil, no Programa do Ensino Profissional Marítimo para
Portuários 2015 (PREPOM Portuários 2015) e, ainda, não demonstrada a
necessidade desses requisitos para a execução das atribuições dos
respectivos cargos, razão pela qual não poderiam ser exigidos dos
trabalhadores portuários. Assim, consideram-se nulos os pré-requisitos
exigidos nos editais de março e abril/2015.
 
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CONCLUSÃO
Em sessão virtual realizada entre os dias 29 de julho e 04 de agosto de
2020, sob a presidência do excelentíssimo Desembargador Sérgio Murilo Rodrigues Lemos, com a
participação da excelentíssima Procuradora-Chefe Margaret Matos de Carvalho, representante do
Ministério Público do Trabalho; retornando os autos a julgamento e computados os votos dos
excelentíssimos Desembargadores Rosalie M. Bacila Batista (vinculada), Rosemarie Diedrichs Pimpão
(em férias), Arnor Lima Neto, Ana Carolina Zaina, Marlene T. Fuverki Suguimatsu (em férias), Sueli Gil
El Rafihi, Sérgio Murilo Rodrigues Lemos, Nair Maria Lunardelli Ramos, Célio Horst Waldraff, Marco
Antônio Vianna Mansur, Benedito Xavier da Silva, Archimedes Castro Campos Júnior, Edmilson
Antonio de Lima, Neide Alves dos Santos (em férias), Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, Francisco
Roberto Ermel, Paulo Ricardo Pozzolo, Thereza Cristina Gosdal, Cláudia Cristina Pereira (em férias),
Aramis de Souza Silveira, Ney Fernando Olivé Malhadas, Adilson Luiz Funez, Sergio Guimarães
Sampaio, Eliázer Antonio Medeiros, Ilse Marcelina Bernardi Lora, Morgana de Almeida Richa, Carlos
Henrique de Oliveira Mendonça e Ricardo Bruel da Silveira; ausentes, justificadamente, os
excelentíssimos Desembargadores Luiz Eduardo Gunther (em férias), Arion Mazurkevic (em férias) e
Cássio Colombo Filho (em licença para tratamento de saúde); aposentada a excelentíssima
Desembargadora Rosalie M. Bacila Batista (conforme Decreto do excelentíssimo Presidente da
República, publicado em 02 de março de 2020 - DOU, seção 2, p. 1); franqueada a visibilidade da sessão
aos excelentíssimos juízes Fabrício Nicolau dos Santos Nogueira, Auxiliar da Presidência, Edilaine
Stinglin Caetano, Auxiliar da Corregedoria e Roberto Dalla Barba, Presidente da AMATRA-PR.
ACORDAM os Desembargadores do Tribunal Pleno do Tribunal
Regional do Trabalho da 9ª Região,  após o registro de que o excelentíssimo Desembargador Sergio
Guimarães Sampaio votou apenas na tese, , vencidos os excelentíssimosPOR MAIORIA DE VOTOS
Desembargadores  Marlene T. Fuverki Suguimatsu,  Ricardo Tadeu Marques da Fonseca,  Sergio
Guimarães Sampaio e Ricardo Bruel da Silveira, nos termos do art. 101-Q, § 2º, do Regimento Interno
deste Tribunal, adotar a interpretação da questão jurídica submetida, com a seguinte redação:
ÓRGÃO GESTOR DE MÃO DE OBRA DO TRABALHO
PORTUÁRIO AVULSO DO PORTO DE ANTONINA (OGMO/A) -
TERMINAIS PORTUÁRIOS DA PONTA DO FÉLIX S.A. (TPPF) -
EDITAIS DE MARÇO/2015 E ABRIL/2015 PARA
CONTRATAÇÃO DE TRABALHADORES PORTUÁRIOS COM
VÍNCULO EMPREGATÍCIO - CARGOS DE AUXILIAR DE
SERVIÇOS GERAIS E OPERADOR DE MÁQUINAS - VALIDADE
DA REMUNERAÇÃO OFERTADA - ILEGALIDADE DOS PRÉ-
Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
Número do documento: 20031014184501500000026779783
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DA REMUNERAÇÃO OFERTADA - ILEGALIDADE DOS PRÉ-
REQUISITOS EXIGIDOS - NULIDADE PARCIAL
RECONHECIDA.
I. A remuneração ofertada nos editais de março/2015 para contratação de
trabalhadores portuários com vínculo empregatício nos cargos de Auxiliar
de Serviços Gerais e Operador de Máquinas observa o disposto nos
artigos 444 da CLT, 7º, IV, da CF e 43 da Lei nº 12.815/2013, bem como
atende o item 5 do acordo homologado nos autos de ACP nº 00878-2008-
322-09-00-3 (CNJ nº 0087800-21.2008.5.09.0322). Portanto, válidos os
editais sob esse enfoque.
II. Os pré-requisitos exigidos nos editais de março/2015 e abril/2015 para
os cargos de Auxiliar de Serviços Gerais (ensino fundamental completo) e
Operador de Máquinas (ensino médio completo e CNH categoria "D") são
mais rígidos do que aqueles indicados pela Diretoria de Portos e Costas da
Marinha do Brasil, no Programa do Ensino Profissional Marítimo para
Portuários 2015 (PREPOM Portuários 2015) e, ainda, não demonstrada a
necessidade desses requisitos para a execução das atribuições desses
cargos, razão pela qual não poderiam ser exigidos dos trabalhadores
portuários. Assim, tem-se que os pré-requisitos exigidos nos editais de
março e abril/2015 são nulos.
Após o trânsito em julgado do presente acórdão, determina-se a
observância do disposto no art. 101-R do RI deste Tribunal, devendo, os processos sobrestados em razão
deste incidente, seguirem os devidos fluxos.
Intimem-se.
Curitiba, 04 de agosto de 2020.
ARNOR LIMA NETO
Relator
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Número do processo: 0000003-17.2019.5.09.0000
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Fls.: 23
	07/01/2019 - Capa
	1. 10/08/2020 - Acórdão - 8793155

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