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Infecção do trato urinário (ITU)

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Infecção do trato urinário (ITU) 
Infecção do trato urinário 
Condição na qual o trato urinário é 
infectado por um microorganismo 
Apresentação variável: Bacteriúria 
ass in tomát ica, c is t i te (bex iga) , 
pielonefrite (alta), prostatite e abscesso 
renal 
Pode se apresentar como episódios 
isolados ou repetitivos, com quadro 
clínico simples ou graves 
Manifestações clínicas 
➜ Sintomática → Disúria, polaciúria, dor 
supra-púbica, urgência miccional... 
➜ Assintomática → Crescimento > 100.000 
UFC/ml (em duas amostras) na ausência de 
qualquer sintoma. 
➜ Anatomia 
↳ Baixa (cistite, uretrite, prostatite) 
↪ No homem, deve sempre lembrar da 
próstata, pois normalmente o tratamento é 
mais longo do que seria para tratar uma 
cistite, uma vez que precisa de pelo menos 
30 dias 
↳ Alta (pielonefrite, abscessos renais) 
Não complicada → Episódios de cistite 
e pielonefrite em mulheres sem fatores 
de risco 
Complicada → Associada a alterações 
estruturais (anatômica) ou funcionais 
➜ Estrutural → Por exemplo, paciente com 
refluxo vesico-ureteral, o que propicia 
infecções 
➜ Uso de imunossupressão, litíase, ITU em 
gestante, idosos, diabéticos. 
Repetição → ≥ 3 episódios em 12 
meses ou 2 em 6 meses 
Recidiva → Recrudescência de um 
processo infeccioso prévio, com o 
c r e s c i m e n t o d a m e s m a c e p a 
bacteriana. Geralmente em até 2 - 3 
semanas 
Reinfecção → Infecção por nova cepa 
diferente após tratamento com sucesso 
terapêutico 
Epidemiologia 
➜ É a infecção mais comum na prática 
médica 
➜ Ocorre em ambos os sexos e em todas as 
idades 
➜ Nos jovens é 20 a 30 vezes mais frequente 
na mulher que no homem 
➜ Nos extremos de idade → Predomínio sexo 
masculino 
➜ Bacteriúria assintomática → 5% mulheres 
jovens 
Patogênese 
➜ A interação entre bactéria e o epitélio 
urinário são a base da patogênese da doença 
➜ Uropatógenos presentes na flora intestinal 
migram para bexiga através da uretra, após 
colonização prévia da região peri-uretral ou 
uretra distal 
➜ Relacionada a características que permitem 
a aderência, crescimento e resistência a 
defesa do hospedeiro, resultando em 
colonização e infecção do trato urinário 
➜ Tem como origem a colonização com 
infecção ascendente e disseminação 
hematogênica 
Prioridades da bactérias 
➜ Adesão bacteriana é um fenômeno 
importante que determina a virulência 
bacteriana 
↳ Prender urina aumenta a adesão 
bacteriana e consequentemente aumenta a 
virulência 
➜ Capacidade da bactéria se aderir à mucosa 
do epitélio urinário 
➜ Relacionada a capacidade das bactérias 
em aderir e colonizar o intestino, o períneo, a 
uretra, bexiga, sistema pielocalicial renal 
Fatores do hospedeiro 
➜ O epitélio transicional da bexiga produz 
uma fina camada de um mucopolissacarídeo 
hidrofílico 
↳ Impede a bactéria de aderir 
↳ Deficiência na barreira → Aumenta a 
chance da bactéria aderir 
➜ As bactérias necessitam atravessar esta 
barreira líquida para aderir a receptores 
específicos do epitélio urinário 
➜ Deficiência desta barreira natural, que 
funciona como um mecanismo prevenção a 
aderência de bactérias uropatógenas, estaria 
implicada na maior propensão a infecção 
urinária de repetição 
➜ Uso prévio de antibióticos → Altera a 
microflora vaginal 
➜ Genéticos 
➜ Proteção masculina: 
↳ Uretra de maior comprimento 
↳ Ambiente uretral mais seco. 
↳ Fluido prostático com propriedades 
bactericidas 
Agentes etiológicos 
➜ Escherichia coli: 80 a 85 % 
➜ Staphylococcus: 5% 
➜ Klebisiela: 4,3% 
➜ Proteus: 3,7% 
➜ Ocasionalmente enterococos e citrobacter 
Quadro clínico 
➜ D isúr ia , urgênc ia , po lac iúr ia , dor 
suprapúbica ou no baixo abdome 
➜ Urina turva ou com macro-hematúria 
➜ Diagnóstico diferencial em mulheres: 
↳ Vaginite por cândida; Trichomonas 
↳ Uretrite (DST): Clamídia, Neisseria, herpes 
vírus 
➜ Diagnóstico diferencial em homens 
↳ Prostatite: Incidência 2 a 10% 
Diagnóstico 
➜ Confirmação pelo exame de urina 
↳ Piúria (> 10/campo) 
↳ Bacteriúria 
↳ Hematúria 
↳ Urease positiva: apenas em Proteus e 
algumas cepas enterocócicas 
↳ Urocultura: Geralmente não necessária 
Tratamento 
➜ Avalia-se a sensibilidade da bactéria ao 
antibiótico 
➜ Duração do tratamento → Variável - dose 
única, três, cinco e sete dias 
↳ Comparável eficácia; menor custo, menos 
efeitos colaterais 
ITU Recorrente 
Maioria ocorre em mulheres saudáveis 
com o trato urinário normal 
E p i s ó d i o s s ã o g e r a l m e n t e d e 
reinfecção e não recidivas 
➜ Se houver colonização do retossigmóide, 
pode ser a mesma cepa bacteriana. 
As infecções recidivantes requerem 
propedêutica mais extensa e maior 
período de tratamento 
➜ Mais comum com E. coli 
Fatores de risco para recorrência de 
ITU 
➜ Frequência de intercurso sexual 
➜ Uso de espermicida 
➜ Anatomia pélvica → Distância perineal mais 
curta 
➜ Na mulher pós-menopausa: 
↳ Incontinência urinária 
↳ Cistocele 
↳ Resíduo pós-miccional 
Tratamento 
➜ B e n e f í c i o d a m o d i f i c a ç ã o d e 
comportamentos: 
↳ Não usar espermicidas como contraceptivo 
↳ Aumento da ingestão hídrica 
↳ Micção pós-coito 
↳ Consumo de suco/extrato de cranberry 
↪ Intimamente ligado a esse suco/extrato, 
impedir a adesão da bactéria 
➜ Oferecer terapia profilática quando: 
↳ Não houve aceitação das mudanças 
comportamentais 
↳ Não houve melhora 
➜ Tratamento profilático 
↳ Após tratamento da ITU – demonstrada 
através de EAS e urocultura, iniciar profilaxia 
com antibióticos 
↪ Profilaxia contínua pelo menos 6 meses 
↪ Profilaxia pós-coito ou intermitente 
↳ Uro-Vaxom 
➜ Estrogênio tópico para mulheres na pós-
menopausa 
↳ Normaliza a flora vaginal e reduz o risco de 
infecção do trato urinário em mulheres na pós-
menopausa 
↳ Em um estudo randomizado de 93 
mulheres pós-menopáusicas com história de 
ITU de repetição, reduziu significativamente a 
incidência de ITU em comparação com 
placebo 
ITU complicada 
Importância da diferenciação entre ITU 
não complicada e complicada: 
➜ Necessidade de avaliação pré e pós-
tratamento 
➜ T i p o e d u r a ç ã o d o t r a t a m e n t o 
antimicrobiano 
➜ Extensão da avaliação do trato urinário 
Tendem a ocorrer nos extremos da vida 
40% das infecções em hospitais são 
devido a cateterização urinária 
O uso de SVD é a causa mais comum 
de bacteremia por Gram-negativo em 
pacientes hospitalizados 
O espectro das bactérias é mais 
abrangente 
E. coli: mais comum 
Mais prováve l a ex is tênc ia de 
resistência bacteriana 
Pacientes com condições crônicas 
como: lesão medular e bexiga 
neurogênica, são mais prováveis de ter 
i n f e c ç õ e s p o l i m i c r o b i a n a s e 
multidrogas resistentes 
Quadro clínico extremamente variável 
➜ Varia desde bacteriuria assintomática até 
sepse por Gram-negativo 
De uma maneira geral: 
➜ Em pacientes muito idosos ou jovens → 
Sintomas sutis 
➜ Pacientes lesados por TRM: assintomáticos 
A maioria das ITU associada ao uso 
cateter vesical não produzem sintomas 
Sepse em ambiente hospitalar: 
➜ Sempre pensar no trato urinário como fonte 
de contaminação, principalmente se tiver sido 
manipulado 
Piúria quase sempre presente 
 
Urina rotina e urocultura são necessá- 
rios 
Métodos de imagem tornam-se 
necessários identificar anormalidade 
urológica 
Tratamento 
➜ Levar em conta o amplo espectro de 
patógenos envolvidos, antes dele ser 
identificado pela cultura 
➜ Nas terapias empíricas, usar antibióticos de 
largo espectro 
➜ O esquema deve abranger atividade contra 
Stafilococos 
➜ Modificar o esquema de acordo com a 
cultura e antibiograma 
➜ Terapia parenteral: 
↳ Nos casos de incapacidade de ingestão 
oral 
↳ Pode ser trocado por tratamento oral após 
melhora clínica 
➜ Duração: 10 a 14 dias 
↳ Tratamento mais longo pode ser necessário 
em pacientes com condições subjacentes que 
dificultam resposta clínica 
➜ Tende a recorrer se o defeito funcional ou 
anatômico não forcorrigido 
Bacteriuria assintomática 
Presença de 2 uroculturas com > 105 
UFC/ml do mesmo microrganismo na 
ausência de sintomas. 
Pode ser persistente, transitória e 
recorrente 
São bactérias de baixa virulência, que 
efetivamente colonizam a bexiga 
Tratar: pacientes grávidas 
➜ Screening: 12 a 16a semana de gestação 
➜ Relaxamento da musculatura lisa e 
consequente dilatação ureteral facilita a 
ascensão da bactéria da bexiga para o rim 
➜ Aumenta risco de nascimento pré termo, 
baixo peso e aumento da mortalidade 
Quando tratar: 
➜ Pós operatório de transplante renal 
➜ Grávidas 
➜ Procedimento cirúrgico urológico 
Prostatite 
Pode ser aguda ou crônica. 
Febre, polaciúria, disúria, dor perineal 
ou testicular, dificuldade para urinar, 
próstata aumentada e dolorosa 
Infecções recorrentes são causadas 
por bactérias que persistem na 
próstata e colonizam a uretra vesical 
S ã o d i f í c e i s d e e r r a d i c a r 
principalmente quando associada a 
cálculos prostáticos – nidificação de 
bactérias – dando proteção contra a 
ação dos antibióticos . 
E c o l i , P r o t e u s , K l e b i s i e l a , 
Pseudomonas. 
Tratamento : 30 dias 
Pielonefrite 
O quadro clínico pode variar de doença 
discreta a evolução para sepse 
Febre, calafrios, prostração, dor lombar 
uni ou bilateral (Giordano +), queda do 
estado geral 
Sempre solicitar urocultura 
Tra tamento empí r i co deve ser 
começado de imediato 
A condição do paciente vai determinar 
necessidade de internação 
Tratamento durante 7 a 14 dias 
Avaliação urológica 
➜ Pacientes com sintomas e sinais de 
obstrução, nefrolitíase, massa em flanco, 
sepse 
➜ TC com contraste: eficiente para detecção 
de anormal idades renais e co leções 
perirrenais 
➜ TC sem contraste: suspeita de litíase renal

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