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Dengue: Transmissão, Sintomas e Tratamento


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Dengue 
➢ É uma doença infecciosa febril aguda de etiologia viral (vírus RNA do gênero Flavivírus) 
e endêmica de regiões tropicais, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. É causada 
pelos sorotipos virais DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4 e DENV-5. Todos os sorotipos 
estão relacionados a manifestações leves e graves da doença. 
TRANSMISSÃO E INFECÇÃO 
➢ Sua transmissão é feita pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado. 
Esse vetor é criado em reservatórios de água nos centros urbanos. 
➢ É uma doença de caráter sazonal (ocorre em períodos de chuvas), com alternância 
de sorotipos anualmente e incidência variada. 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
➢ 90% dos casos de infecção pelo vírus DEN evoluem de forma assintomática. Os 10% 
sintomáticos se dividem em variações clínicas. 
① DENGUE SEM GRAVIDADE 
➢ A forma branda da doença é investigada quando há suspeita clínica de infecção. 
Essa suspeita clínica é levantada devido a presença de alguns sinais e sintomas 
(listados abaixo). Ademais, é de extrema importância a avaliação da procedência do 
paciente, pois pode indicar contato com regiões endêmicas do agente transmissor. 
Sinais e Sintomas de Suspeita Clínica 
✓ Febre entre o 2º e 7º dias + 2 sintomas abaixo. 
✓ Náuseas e vômitos; 
✓ Leucopenia; 
✓ Prova do laço positiva (20+ petéquias no quadrado de 2,5/2,5cm na fossa 
cubital após insuflar o manguito pela PAM por 5 minutos); 
✓ Dor retrocular e cefaléia. 
✓ Exantema; 
✓ Mialgia e altralgia. 
Crianças com febre (entre 2º e 7º dias) + evidência epidemiológica e sem foco infeccioso = suspeita clínica. 
② DENGUE COM SINAIS DE ALERTA 
➢ O agravamento da infecção é avaliado pela presença dos sinais de alarme. 
Sinais de Alerta 
✓ Dor abdominal intensa e contínua (espontânea ou à palpação); 
✓ Ascite e derrames; 
✓ Sangramento espontâneo de mucosas; 
✓ Letargia; 
✓ Hipotensão postural (redução de 20 mmHg da PAS e de 10 mmHg da PAD); 
✓ Hepatomegalia > 2 cm; 
✓ Queda abrupta das plaquetas e aumento progressivo do hematócrito. 
③ DENGUE GRAVE 
➢ Tipo da doença caracterizada por choque, sangramento graves e comprometimento 
grave de órgãos (hepatite grave, miocardite, alteração do nível de consciência). 
➢ É uma fase que apresenta, também, intensa desidratação e redução de hematócrito. 
Sinais de Choque 
✓ Taquicardia; 
✓ Extremidades frias; 
✓ Pulso fraco; 
✓ Enchimento capilar lento (> 2 seg); 
✓ Taquipneia; 
✓ Cianose. 
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO E MANEJO DA DENGUE 
❖ A partir da suspeita clínica, deve-se buscar sinais de alarme e de gravidade. Se 
descoberto sinal de gravidade, iniciar hidratação endovenosa e internar. Se 
descoberto sinais de alarme, iniciar hidratação via oral e acompanhar o paciente. Se 
não encontrado nenhum sinal, acompanhar o paciente. 
GRUPO A 
✓ Neste grupo englobam-se os casos suspeitos, com prova do laço negativa e 
que não apresentem sinais de alerta ou manifestações hemorrágicas. 
✓ Conduta: hidratação oral, tratamento sintomatológico (antitérmico e 
analgésicos) e orientação de repouso. A realização de exames 
complementares é à critério médico. Reavaliação após 6 dias (pe´riodo de 
desfervesencia da febre). 
GRUPO B 
✓ Neste grupo, englobam-se os casos suspeitos que possuem prova do laço 
positiva ou manifestações hemorrágicas sem repercussão hemodinâmica, e 
sem sinais de alarme. Também se encontram nesse grupo gestantes, 
lactentes, idosos > 65 anos e pacientes com comorbidades. 
✓ Conduta: Neste momento, é obrigatória a realização de HMG, com o 
paciente devendo aguardar na unidade até o resultado do exame. 
Hidratação oral, reavaliação diária com controle do hemograma, tratamento 
sintomatológico e, se necessário, internação ambulatorial para 
monitorização. 
✓ Caso o paciente apresente aumento do Ht (> 44% em mulheres ou > 50% em 
homens), deve-se seguir com o paciente internado sob hidratação vigiada 
até melhora deste parâmetro. Se a alteração persistir, o paciente segue a 
conduta do grupo C. Caso contrário, o paciente segue em reavaliação 
ambulatorial a cada 48h. 
GRUPO C 
✓ Englobam-se os casos suspeitos que apresentem sinais de alerta. 
✓ Conduta: o paciente deve ser internado por 48h no mínimo para 
monitorização, realizando todos os exames complementares e recebendo 
hidratação parenteral (SF ou RL 20ml/kg/h), controle pressórico, da diurese e 
do hemograma, dosar albuminas, TGO e TGP. Reavaliar a cada 2h. Quando 
o paciente estabilizar (clínica e laboratorial), segue-se com a hidratação de 
manutenção (25ml/kg em 6h). Alta hospitalar apenas com a validação dos 
critérios de alta. 
GRUPO D 
✓ Paciente que apresenta sinais de gravidade da doença. 
✓ Conduta: internação em UTI, hidratação parenteral (20ml/kg), controle do 
hematócrito, plaquetas e diurese e reavaliação a cada 30min. Transfusão 
plaquetária e sanguínea recomendada. Oferecer oxigênio ao paciente. 
MÉTODO PARA PRESCRIÇÃO DE HIDRATAÇÃO PARA OS PACIENTES 
❖ A hidratação oral para os pacientes com suspeita de dengue deve ser iniciada ainda 
na sala de espera. O volume diário de hidratação oral segue esta ordem: 
❖ Adultos: 80 ml/kg/dia, sendo 1/3 com solução salina e 2/3 com líquidos caseiros. 
❖ Crianças (< 13 anos): 1/3 em forma de soro de reidratação oral (SRO) e o restante por 
água. Para crianças de até 10 kg, 130 ml/kg/dia. Crianças de 10 a 20 kg, 100 ml/kg/dia. 
Para crianças acima de 20 kg, 80 ml/kg/dia. 
❖ Para hidratação endovenosa, adultos devem receber 20 ml/kg/hora (com 
reavaliação a cada 2/4h) com SF0,9% ou Ringer Lactato, seguindo com a hidratação 
oral quando estabilizado. 
TRATAMENTO DE SUPORTE 
❖ Em caso de dor ou febre, pode-se prescrever dipirona 500mg 1cp VO de 6/6h ou 
paracetamol 500mg VO de 6/6h. Em caso de prurido intenso, pode-se prescrever 
loratadina 10mg VO 1x/dia, E em caso de vômito, pode-se prescrever bromoprida 
10mg VO de 8/8h. 
DIRETRIZES E DETERMINAÇÕES PARA OS CASOS DE DENGUE 
✓ Acompanhamento de 2/2 dias; 
✓ Realizar prova do laço e aferição de PA em todas as consultas; 
✓ Prescrever paracetamol ou dipirona para dor (evitar AAS); 
✓ Aumentar hidratação; 
✓ Monitorar exame de sangue com frequência; 
✓ Internar em enfermaria ou UTI conforme a gravidade (sinais de alarme ou choque). 
CRITÉRIOS PARA ALTA HOSPITALAR 
❖ Estabilização hemodinâmica durante 48 horas; 
❖ Ausência de febre por 48 horas; 
❖ Melhora visível do quadro clínico; 
❖ Hematócrito normal e estável por 24 horas; 
❖ Plaquetas em elevação (> 50.000/mm3). 
A não melhora desses parâmetros automaticamente coloca o paciente do grupo C para o D. 
PREVENÇÃO 
❖ Não há vacinas eficazes para imunização da população. A melhor prevenção 
engloba o controle do vetor, eliminação de criadouros, boa higiene dos quintais, uso 
de repelentes (DEET, icaridina e IR3535 – todos indicados para gestante, enquanto 
crianças não podem usar DEET) e conscientização da população.