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1. PODER No livro “Política: quem manda, por que manda, como manda” de João Ubaldo Ribeiro, são exploradas diversas perspectivas e definições do poder, destacando sua complexidade e sua influência em todas as esferas da vida social.O uso do conceito de poder, conforme delineado no primeiro capítulo, proporciona uma base sólida para compreendermos o que é política. Inicialmente, o texto ressalta que o poder é fundamental para entendermos a política, porque a política é sobretudo como o poder é exercido e quais são as consequências desse exercício. Em outras palavras, a política envolve quem tem o poder, como esse poder é utilizado e quais são os resultados desse uso de poder na sociedade. Isso significa que, para compreendermos a política, precisamos entender como o poder opera, quem o detém e como ele afeta as pessoas e as instituições. Além disso, o texto destaca as dificuldades em definir o conceito de poder, destacando que ele não se resume apenas aos ocupantes de cargos formais. Muitas vezes, indivíduos sem cargos formais exercem grande influência sobre aqueles que ocupam posições de autoridade. Isso é exemplificado pela presença das chamadas "eminências pardas", que exercem poder mesmo sem ocupar cargos formais. Além disso, o texto critica a simplificação do poder através de expressões como "carisma" ou "poder do dinheiro", argumentando que tais termos não são suficientes para uma compreensão completa do fenômeno do poder. Assim, o poder só pode ser verdadeiramente compreendido quando está em ação, em vez de ser apenas uma ideia abstrata. Usando a metáfora de um jogo de futebol, o autor compara o poder a um time grande enfrentando um clube menor. Embora o time grande geralmente tenha mais poder, às vezes ele perde, mostrando que o poder não é garantido e pode ser desafiado. Da mesma forma, na vida social, o poder se manifesta nas interações e relações em curso. Portanto, entender o poder requer observar como ele é exercido e como influencia as situações reais, não apenas teoricamente. O poder, conforme delineado no texto, é uma força presente em diversas esferas da vida, muitas vezes difícil de ser percebida de forma direta. Ao destacar exemplos que vão desde o alistamento militar até questões familiares e sociais, ele evidencia como o poder pode ser sutil e, por vezes, imperceptível, mas ainda assim influencia nossas ações e decisões. Além disso, ressalta a importância de reconhecermos que a política não se restringe apenas às instituições formais, mas está presente em todas as interações humanas, desde as mais simples até as mais complexas. Conduto, pode-se dizer que o livro fala sobre política e poder nas sociedades humanas de uma forma abrangente e inteligente. Ele destaca a importância da política em todos os aspectos da vida coletiva, desde as interações sociais mais íntimas até as estruturas institucionais mais amplas. Além disso, ressalta como a política molda nossas crenças, comportamentos e oportunidades, evidenciando a sua presença constante em nosso cotidiano. Uma das contribuições mais significativas do texto é a forma como ele destaca a relação entre poder, influência e tomada de decisões, enfatizando que a política vai além dos cargos formais de autoridade. Isso ajuda a esclarecer a visão restrita da política apenas como eleições e governo, mostrando que ela permeia todos os aspectos da vida social. No entanto, seria interessante se o livro explorasse de maneira mais detalhada as formas de resistência ao poder, as dinâmicas políticas desiguais e as implicações éticas e morais do exercício do poder político. Embora o autor reconheça as desigualdades e injustiças perpetuadas pela política, uma exploração mais aprofundada sobre como os grupos marginalizados resistem e contestam essas estruturas de poder poderia enriquecer ainda mais o debate. Além disso, uma reflexão mais detalhada sobre os desafios éticos enfrentados pelos políticos, mesmo que tenha sido mencionado que a política não é inerentemente corrupta, seria pertinente para uma compreensão mais completa do tema. 2. POLÍTICA A política pode ser entendida como a forma de aplicação de poder em seu âmbito de atuação de forma a estabelecer atos de controle e imposição de uma obrigação à população. Salienta-se que toda e qualquer forma de política que utiliza a força como instrumento legítimo de imposição de algo é passível de diversas consequências do uso desse poder. Dito isso, questiona-se o que é poder e como é visualizado? Sabe-se que o poder é algo amplo e não suficiente para definir o exercício da política, uma vez que não exprime, em sua totalidade, o que é política. O poder pode ser compreendido como algo somente notável a partir de ações, em outras palavras, destaca-se que o poder somente pode ser avaliado ao ser exercido. Ribeiro (1998, p.9) relata que a política é observada "[..] no processo, na inter-relação, não na elaboração intelectual abstrata". Posto isso, nota-se que o uso do poder como instrumento da política pode ser utilizado como meio para influenciar e/ou mudar o destino das pessoas, assim, observa-se que o poder está diretamente ligado a questões de cunho de interesse de quem exerce o poder em desejar alterar o percurso da vida de alguém, seja esse interesse em razão do ordenamento jurídico ou não. A política por tudo exposto pode ser entendida de forma mais específica como a capacidade de mandar, porque mandar e como mandar. Logo, observa-se que há vários instrumentos norteadores para estudar e avaliar a política enquanto um instrumento do uso da forma para imposição de interesses para conseguir aplicar decisões de cunho político, coletivo, e público dentro da sociedade. "Nenhum homem pode assumir sua humanidade fora de uma estrutura social, ainda que mínima. E nenhuma estrutura social pode existir sem alguma forma de processo político" (Ribeiro, 1998, p.11). Nesse sentido, destaca-se que todo e qualquer homem está diretamente imposto ao exercício do poder da política, como por exemplo, a legislação que regulamenta a obrigatoriedade de toda criança estudar. Nota-se que isso é um exercício de poder. Por fim, constrói-se esse último parágrafo, de forma reflexiva sobre a política. Como posto ela é utilizada para a imposição do poder por meio da força que legitima a aplicação de decisões de cunho político, coletivo, e público dentro da sociedade. Assim, pensa-se o quão impactante esse poder pode ser, caso não haja uma mecanismo de controle dessa força. Ao se pensar sobre o exercício dos três poderes que aplicam a política pensa que deve haver a Constituição para regulamentar a conduta da política, de forma que não haja abuso desses poderes. Todavia, questiona-se se esses poderes realmente estão sendo controlados em todos os seus âmbitos, principalmente quando se analisa ao poder executivo que está mais próximo a população pelo exercício da proteção à população que muitas das vezes matam pessoas pretas e periféricas sem nenhum motivo. 3. ESTADO O Estado pode ser entendido como a situação concreta da organização política. Ele é fundamentado na unidade político-social, que se realiza por meio de um ordenamento jurídico. Ou seja, o Estado é revestido de um poder que lhe é concedido juridicamente. “O Estado é composto por um conjunto de instituições que organizam o poder da sociedade em uma estrutura superior à base do parentesco’’, o que se traduz em uma corporação territorial que representa um povo. Dito isso, nota-se a ideia de soberania e independência do Estado, onde o mesmo detém prerrogativas e está acima de qualquer impessoalidade. Então, o Estado reivindica para si a supremacia da aplicação da forma bruta aos problemas sociais e políticos, assim ponderando uma de suas funções, de manutenção da ordem e bem-estar social. O desenvolvimento histórico do Estado é discutido desde a Antiguidade, enfatizando sua função de organização do poder na sociedade, e ainda destacando a multiplicidade de Estados no cenáriointernacional contemporâneo, sendo a soberania um traço comum entre eles. Os avanços dessa ideia de Estado desde formas absolutistas até as mais democráticas, é ressaltada trazendo suas características em diferentes contextos históricos como: Polis Grega, Civitas Romana, Época Medieval e Renascimento, e por fim A Origem do Estado Moderno. Tal linha do tempo desses contextos, mostram o avanço das formas políticas e sociais, desde as estruturas mais simples das cidades antigas até o surgimento do Estado Moderno, com suas características de centralização de poder e soberania, usando da instrumentalização de todo o aparato estatal da época. A formação de um exército permanente, a arrecadação por um sistema de tributos, a hierarquia, a burocracia, a organização política mais aperfeiçoada (aplicações de sanções), mudanças nas funções essenciais do Estado, eram características usadas como ferramentas para manter e fortalecer esse Estado moderno. Logo, o autor ainda discorre sobre as movimentações para implementação do Estado moderno. Destacam-se a adoção do Direito Romano, a Reforma Protestante, o papel da burguesia emergente e a transferência de lealdade dos indivíduos. O Direito Romano proporcionou princípios e instituições que se harmonizam às necessidades da burguesia e do monarca. A Reforma Protestante deu início a lei civil (deixa-se de pertencer a uma ordem religiosa) o poder político fortaleceu o Estado, o que consequentemente enfraqueceu o poder papal. Assim sendo, o contínuo desenvolvimento do capitalismo e a ascensão da burguesia, fomentou o apoio estatal. A transferência de lealdade dos indivíduos fortaleceu o Estado, o que nutriu o sentimento de nacionalidade e centralização do poder político. Como forma de explicação das mudanças nas relações do Estado e o social, o autor ainda traz a o pensamento do Cristianismo Medieval as ideias de Santo Agostinho e Santo Tomaz de Aquino, e ainda Karl Marx. Sobretudo o pensamento Marxista, que se esforça em traduzir as relações de produção como um fator determinante da estrutura social e política. Tal pensamento se embute justamente nessas mudanças estruturais relacionadas com a implementação do Estado Moderno. Para Marx, o Estado é um instrumento das classes dominantes, que mantém seu poder sobre outras classes, enquanto se faz uma manipulação da religião e do nacionalismo para esse fim. Finalmente, é discutida a relação complexa entre o Estado, o poder político e a lei, frisando a importância da forma como se institucionalizou o poder, a estrutura política do Estado e a subordinação do próprio Estado à lei, para a legitimação do sistema político. O poder estatal se manifesta no poder político juridicamente organizado, descende da constituição positiva. Isso é ilustrado pela Constituição brasileira de 1988, que estabelece que "todo o poder emana do povo". O poder do Estado não pode satisfazer apenas a legalidade jurídica, deve também buscar a legitimidade moral de suas normas. A legitimidade gera poder, e a autoridade do Estado baseia-se na legalidade, que por sua vez se fundamenta na legitimidade. Assim transpõe as características do poder estatal, como a institucionalização, a dominação, a coibição e a autonomia. A institucionalização do poder estatal implica na sua emancipação da vontade individual, tornando-o natural e funcional, assim visando promover o bem público. Com isso se dá a discussão da sustentação política do Estado, onde se interage pela hierarquização em torno do supremo poder. Essa por sua vez, caracteriza a despersonalização do poder centrado em um indivíduo como pessoa, e a transfere para a entidade (Estado). Traduzindo, os governantes atuam em nome do Estado, consequentemente enraizando sua soberania. O Estado, concebido como uma criação cultural humana, se subordina à lei, cuja expressão reflete a vontade coletiva da sociedade. No entanto, ao longo da história da construção do Estado e na busca pelo bem-estar social e pela ordem pública, destaca-se o desafio representado pelo uso da coerção, especialmente sobre as classes minoritárias. Diante do exposto, o que me chama atenção em todo o histórico da construção do Estado, e de como se dá a busca pelo bem-estar social e a ordem pública, está justamente no problema maior que se faz na ferramenta de coerção. O uso dessa “força bruta” sobre as classes minoritárias. E aqui, não saliento apenas as questões econômicas, mas trago as questões de falta dos direitos fundamentais sobre essa classe, no que diz respeito principalmente à educação como um todo. Ainda nos tempos atuais, podemos notar resquícios desse desmantelamento aos direitos fundamentais, que ao meu ver é a base para aprofundar o livre desenvolvimento dos indivíduos e participarem minimamente das decisões políticas na sociedade. REFERÊNCIA RIBEIRO, João Ubaldo. Política: quem manda, por que manda, como manda. Objetiva, 1998.
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