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Saúde da Criança Febre A febre consiste no aumento da temperatura corpórea acima de 37,8°C por problemas envolvendo o centro termorregulador (CTR), geralmente associada a infecções num geral, principalmente as IVAS. A temperatura humana normal é controlada pelo CTR da área hipotalâmica anterior, estando entre 37 e 37,2°C em situações normais (ela se altera de acordo com a situação em que o indivíduo está submetido). Fatores de variação: idade (maior na infância devido ao alto metabolismo de crescimento), ritmo circadiano (varia além do fisiológico se houver alterações de sono e vigília), sexo (maior nas mulheres), exercícios físicos, ambiente e alimentação. Deve-se sempre questionar sobre a evolução da febre (contínua, intermitente), sua aferição (se foi medida – se não, soicita-se que o responsável o faça), frequência por dia, se usou remédios (qual, em que dosagem e se houve melhora). AFERIÇÃO DA TEMPERATURA Usa-se o termômetro (de mercúrio tradicional, eletrônico ou à laser) para realizar a aferição, que pode ser feita em diferentes regiões do corpo. Sempre orientar que o paciente esteja em repouso por 30 minutos antes de realizar a aferição, pois grandes movimentações podem interferir na temperatura final. Retal: deve-se inserir o termômetro pelo ânus do paciente (5cm no lactente e 7cm no adolescente/adulto) por 2 minutos, podendo variar entre 36 e 37,8°C. ela avalia melhor a temperatura interna. Oral: deve-se colocar o termômetro abaixo da língua e permanecer lá por 5 minutos. A variação é a mesma mencionada acima, podendo sofrer variações de alimentos previamente ingeridos (café, suco). Axilar: é a forma mais utilizada hoje em dia, devido a facilidade e baixo incomodo do paciente, na qual o termômetro é colocado na dobra axilar por 3 minutos. O valor de referência deve estar entre 36,7 e 37,8°C. PATOGÊNESE DA FEBRE Os agentes pirógenos exógenos (causadores da febre) induzem as células inflamatórias (monócitos e macrófagos) a produzirem pirógenos endógenos, que atuam diretamente sobre o centro termorregulador (CTR). Ademais, eles também atuam sobre células vizinhas ao CTR, estimulando a produção de prostaglandinas E2, que estimulam a produção de AMPc que, por sua vez, inibem a atividade de neurônios sensíveis ao calor (causam a elevação do limiar térmico). Em condições normais, quando o limiar térmico é atingido, tem-se manifestações para dissipar o calor, como vasodilatação periférica e sudorese). FEBRE X HIPERTERMIA A febre consiste em uma modificação do ponto de regulação de temperatura para um limiar mais elevado, por envolvimento com o SNC. Esse processo induz vasoconstrição periférica, redução da sudorese, sensação de frio, calafrios e tremores. Dentre suas principais causas, pode-se citar infeções, traumas e neoplasias. Trata-se com antitérmicos (paracetamol, ibuprofeno). A hipertermia consiste na elevação da temperatura periférica sem influência do CTR, cursando com vasodilatação cutânea, sudorese excessiva e sensação de calor. Dentre suas principais causas, cita-se excesso de roupas, desidratação, intoxicações medicamentosas e hipertermia maligna. Trata-se com resfriamento externo. Sinais de Gravidade Sonolência; Dispneia; Vômitos; Perda do apetite; Disúria; Dermatopatias atópicas. DURAÇÃO DA FEBRE FEBRE DE CURTA DURAÇÃO Com duração menor que 14 dias em pacientes que não apresentam anormalidades no exame físico, é necessária investigação pois pode estar relacionada a etiologia infecciosa. FEBRE PROLONGADA Quando ela dura mais de 14 dias (deve-se perguntar se é contínua ou intermitente), devendo ser feita a internação. Caso os exames laboratoriais e a temperatura estejam normais na internação, segue- se com a alta. Se os exames vierem normais, porém apresentar febre, deve-se suspeitar de colagenoses ou neoplasias. MANEJO DE CRIANÇAS COM MENOS DE 28 DIAS É necessária internação obrigatória e ATB EV profilático. Deve-se solicitar: HMG completo, hemocultura, urina tipo I, urocultura, coleta de líquor, RX de tórax. MANEJO DE CRIANÇAS ENTRE 28 E 3 MESES É necessária internação imediata e diferenciação entre febre e hipertermia (descartar outras hipóteses). Deve-se tratar com observação domiciliar (se não houver gravidade) ou internação + ATB até os resultados chegarem (se sinais de gravidade). MANEJO DE CRIANÇAS DE 3 MESES A 3 ANOS Quando houver a presença de sinais de gravidade, deve-se solicitar RX de tórax, hemocultura, urocultura de cultura de LCR (exames de acordo com o quadro clínico). Outros exames podem ser solicitados também. Deve-se tratar com ATB. MANEJO PARA CRIANÇAS > 3 ANOS E ADULTOS Se o exame físico estiver normal, avalia-se o tempo e, se não houver sinais de gravidade, deve-se encaminhar com alta e orientações para atenção com sinais de alerta ou de piora. Se houver alterações no exame físico, deve-se colher exames laboratoriais de acordo com a clínica do paciente (HMG, urina I, punção de LCR). Quando confirmada a febre, deve-se solicitar HMG, urina I, RX de tórax e demais exames. Quando de longa duração, deve sempre haver internação e coleta de exames (HMG, urina I, hemocultura, urocultura, punção de LCR, RX de tórax, PCR) para confirmação do diagnóstico. Se houver normalidade de exames e de temperatura, segue-se com a alta. Se houver normalidade dos exames e febre presente, deve-se suspeitar de colagenoses e neoplasias. Crianças até 2 anos com T = 39°C internação e colher exames (nunca mandar para casa).
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