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CITOPATOLOGIA GINECOLÓGICA 1-INTRODUÇÃO Prof. Dra Elaine Campana Sanches Bornia Citopatologia Ginecológica Introdução Avaliação microscópica de esfregaços cérvico-vaginais é realizada com o objetivo de: detectar lesões pré-cancerosas e câncer inicial do colo uterino; detectar carcinomas do endométrio; avaliação da ação de hormônios ovarianos e de processos inflamatórios do TGF. O rastreamento e a interpretação dos esfregaços cérvico-vaginais são tarefas das mais difíceis realizadas pela medicina laboratorial. Patologistas e citotécnicos são obrigados a respeitar os mais altos padrões já impostos a um grupo profissional. Qualquer desrespeito a essas normas pode ter grandes e infelizes conseqüências médicas e legais. Princípio simples: comparar células desconhecidas da preparação citológica com as imagens de células normais, registradas na memória visual. Se as células desconhecidas são muito semelhantes às normais Esfregaço dentro dos limites da normalidade Se as células desconhecidas são diferentes das normais Esfregaço anormal, exige análise mais detalhada Citopatologia Ginecológica Introdução A citologia cérvico-vaginal exige amplo conhecimento de morfologia e endocrinologia do trato genital feminino. Correlação com a histologia – dá o diagnóstico. Segurança depende de boas técnicas associadas à: - coleta (áreas celulares presentes na amostra), fixação e coloração do material para posterior análise. - interpretação da leitura do material, - confecção do relatório (laudo), - controle de qualidade. Citopatologia Ginecológica Introdução HISTÓRICO – períodos de descobertas. Invenção do microscópio – Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723). Microscópio composto – ocular +objetiva (início do século XIX). Publicações – 1ª metade do séc. XIX Atlas de Donné – 1845 Atlas de Pouchet – 1847 - Anos seguintes muitos estudos sobre a citologia e histologia do TGF Citopatologia Ginecológica Introdução Citopatologia Ginecológica Introdução Últimos anos do Séc. XIX – muitos estudos da morfologia microscópica de alterações patológicas – câncer. Começo do Séc. XX – descrições morfológicas dos tecidos humanos normais praticamente completas. Schauenstein (1908) e Rubin (1910) foram os primeiros a descrever as lesões pré-cancerosas de colo uterino e a demonstrar que a detecção e a erradicação precoce das lesões são capazes de prevenir o carcinoma invasivo. Schottlaender & Kermauner (1912) – utilização do termo “carcinoma in situ” para a descrição de lesões pré-cancerosas do colo uterino. Schiller (1928) - utilizou amplamente o termo “carcinoma in situ” , estudou centenas de casos colaborando para esclarecer estágios iniciais do carcinoma da cérvice. - elaborou uma coloração específica que demonstra áreas com possível alteração celular de onde o material deve ser coletado para biópsia. Citopatologia Ginecológica Introdução Carcinoma “in situ” X Carcinoma invasor Hinselmann (1925) – desenvolvimento do colposcópio para visualização e identificação das lesões pré-cancerosas no colo do útero. Citopatologia Ginecológica Introdução Colposcopia A colposcopia é um exame visual especializado do trato genital inferior (colo uterino, vagina e vulva), em que se utiliza o colposcópio – aparelho semelhante a um binóculo que possibilita a visualização dessas áreas com aumento que varia de 6 a 40 vezes. O exame é indolor e demora alguns minutos para ser realizado. Indicações para o exame de colposcopia: mulheres que apresentam alteração no exame de Papanicolaou (colpocitologia oncótica), mulheres com lesões no colo do útero, vagina ou vulva ou com antecedente de infecção por HPV. Citopatologia Ginecológica Introdução Para a realização da colposcopia, é necessária a introdução do espéculo vaginal (também conhecido por “bico de pato”) para separar as paredes vaginais. O colo uterino é visualizado através do colposcópico, que permanece a uma distância de aproximadamente 30 centímetros (sem encostar na paciente). Após a colocação do espéculo, observam-se as estruturas e realiza-se a coleta de Papanicolaou, quando necessário. Em seguida, aplica-se uma pequena quantidade de ácido acético, o qual evidencia áreas com alterações celulares deixando-as esbranquiçadas (as células alteradas são desidratadas mais rapidamente), ou a solução de Schiller, em que se aplica uma solução com iodo (solução de Lugol forte) no colo uterino. Citopatologia Ginecológica Introdução Colo uterino normal Teste de Schiller negativo (lugol positivo) Colo uterino com alteração causada pelo vírus HPV Colo uterino com alteração causada pelo vírus HPV – Teste de Schiller positivo (lugol negativo) Colo uterino normal Caso os testes realizados evidenciem alguma alteração, realiza-se a biópsia da área alterada. A biópsia pode gerar um pouco de desconforto na paciente, semelhante a uma cólica menstrual, mas com efeito rápido e passageiro. As amostras obtidas com a biópsia são então encaminhadas a um laboratório para serem avaliadas por um patologista. É importante ressaltar que a colposcopia é um exame indolor, de fácil realização e um importante instrumento na prevenção do câncer de colo uterino. Citopatologia Ginecológica Introdução George N. Papanicolaou e Aurele Babés – foram os primeiros a reconhecer a importância do método citológico no diagnóstico do câncer do colo uterino. Associação entre Papanicolaou e Herbert Traut– publicação de artigo no Am J Obstet Gynecol (1941) e livro em 1943 (possibilidade de se fazer o diagnóstico de câncer de colo uterino mediante células atípicas presentes em esfregaço). Validade das informações confirmadas por diversos autores nos anos seguintes. Ayres (1947-1948) – amostragem direta de cérvice com espátula. Citopatologia Ginecológica Introdução ESPÁTULA DE AYRES HISTÓRICO – períodos de entusiasmo. Década de 60 – esforços em grande escala dos países industrializados (Europa, EUA e Canadá) em documentar o valor da técnicas citológicas no rastreamento em massa das lesões pré-cancerosas do colo uterino. Formação de vários centros importante de citologia nestes países. Década de 70 e 80 – publicações dos primeiros resultados. Anderson et al (1998) – mostra que no Canadá em 30 anos a prevalência de câncer cervical invasivo caiu em 78% e a mortalidade foi reduzida em 72%. Citopatologia Ginecológica Introdução HISTÓRICO – período de crítica Gunn & Gould (1973) e diversos autores entre as décadas de 70 e 80 relataram a incapacidade dos esfregaços cérvico-vaginais detectarem em tempo hábil as lesões pré-cancerosas. No início as críticas não alteraram a prática da citologia. 1987 – jornais e revistas leigas: Wall Street Journal e Newsweek – publicaram notícias de mortes de mulheres jovens por câncer cervical após um ou mais esfregaços falso-negativos. Grande repercussão. 1988 – Congresso nos EUA – Clinical Laboratory Improvement Act (CLIA): imposições de regras restritivas e pesadas sobre a prática da citopatologia ginecológica (Lei de melhoria dos Laboratórios Clínicos) ** Início do Sistema Bethesda Citopatologia Ginecológica Introdução Principais problemas apresentados pelo sistema de detecção citológica do câncer cervical: Alvos na população rastreada Mulheres de alto risco: dificuldade de acesso ao sistema Controvérsia quanto ao prazo ideal entre os exames. 2) Técnicas de preparo dos esfregaços são falhas, levando a uma amostra não representativa Esfregaço inadequado – resultados falsos-negativos devido à falta de células com valor diagnóstico. Citopatologia Ginecológica Introdução Citopatologia Ginecológica Introdução Principais problemas apresentados pelo sistema de detecção citológica do câncer cervical: 3) Técnicas de coloração, rastreamento e interpretaçãomicroscópica não são adequadas - Células anômalas estão presentes, mas não podem ser reconhecidas devido à fixação ou coloração incorreta (falsos-negativos). - Células anômalas passam despercebidas ou são vistas, porém não reconhecidas como tais (falsos-negativos). Alterações celulares benignas são interpretadas como malignas (falsos-positivos). 4) Os resultados fornecidos pelo laboratório não são adequadamente compreendidos e o seguimento clínico é inadequado Acontece por falta de comunicação adequada entre o laboratório e o clínico. Um sistema informatizado de relatórios e prontuários do paciente é útil para se obter dados de seguimentos e uma correlação clínico-citológica. REFERÊNCIAS KOSS, Leopold G.; GOMPEL, Claude; BERGERON, Christine.Introdução à citopatologia ginecológica com correlações histológicas e clínicas. São Paulo: Roca, 2006. SOLOMON, Diane; NAYAR, Ritu; KURMAN, Robert J.; DAVEY, Diane D.; WILBUR, David C.; PROLLA, João Carlos. Sistema bethesda para citopatologia cervicovaginal definições, critérios e notas explicativas. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. MARIA-ENGLER, Silvya Stuchi; CONSOLARO, Márcia Edilaine Lopes. Citologia clínica cérvico-vaginal: texto e atlas. São Paulo: Rocca, 2014. xviii, 270 p. ISBN 978-8-541-20-024-0. image1.jpeg image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.png image7.png image8.png image9.jpeg image10.jpeg image11.jpeg image12.jpeg image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.jpeg image18.jpeg image19.jpeg image20.jpeg
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