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Métodos Matemáticos - UnB Lista 2 2023/1 Parte II. 1. Dado um conjuntoX definimos uma métrica sobreX como sendo uma função d W X�X ! RC satisfazendo três condições: A1 d.x; y/ D d.y; x/. A2 d.x; y/ � d.x; z/C d.z; y/. A3 d.x; y/ D 0, x D y. Suponha que zd W X �X ! R satisfaz as propriedades seguintes: B1 zd.x; y/ � zd.x; z/C zd.y; z/. B2 zd.x; y/ D 0, x D y. Verifique se a função zd é também uma métrica. (Ou seja, prove que zd é uma métrica ou produza um contra-exemplo.) 2. Suponha que d seja uma métrica sobre X . Mostre que cada uma da funções abaixo também definem uma métrica sobre X . � �1.x; y/ D d.x;y/ 1Cd.x;y/ . � �2.x; y/ D p d.x; y/. � �3.x; y/ D minfd.x; y/; 1g. 3. Considere X D R, e as seguintes funções de X �X em R. � �1.x; y/ D jxj 1 � �2.x; y/ D .x � y/ 2. � �3.x; y/ D ˇ̌ x2 � y2 ˇ̌ . � �4.x; y/ D jx � 2yj. Verifique que nenhuma das funções acima define uma métrica, identificando quais propriedades são violadas. Quais delas definem uma pseudo-métrica? Explique. 4. Um subconjunto A de um espaço métrico X é limitado quando diamA < 1, ou quando, de forma equivalente, existir x 2 X tal que A � B.x; r/ para algum r > 0. Mostre que a união finita de conjuntos limitados é um conjunto limitado. 5. Considere o conjunto, conhecido como cubo de Hilbert, H D Œ0; 1�N: H é o conjunto de todas as sequências em R cujos termos estão entre 0 e 1. Defina a função d W H �H! R por d.x; y/ D 1X iD1 1 2i jxi � yi j : Mostre que d está bem definida e é uma métrica sobre H. 6. Seja X um conjunto. a) Suponha que .X; d/ seja um espaço métrico com mais de dois elementos, e ˛; ˇ 2 R. Para que valores de ˛ a função .x; y/ 7! ˛d.x; y/ é uma métrica, e para que valores de ˇ a função .x; y/ 7! d.x; y/C ˇ define uma métrica. b) Suponha que .Y; k�k/ seja um espaço normado, sendo Y um espaço vetorial não trivial, e ˛; ˇ 2 R. Para que valores de ˛ a função x 7! ˛ kxk é uma norma, para que valores de ˇ a função x 7! kxk C ˇ define uma norma. 7. Denote por M.M;N / o conjunto de todas as matrizesM �N . Isto é, A D Œaij � é um elemento típico desse conjunto. a) Verifique que M.M;N / é um espaço vetorial real quando as operações de adição entre veto- res e multiplicação por escalar são feitas componente a componente da matriz. b) Notando por ai� a i-ésima linha da matriz A e sendo k�k W RN ! R uma norma em RN , verifique que qualquer uma das funções abaixo define uma norma em M.M;N /. 2 Cláudia Realce Cláudia Realce � p1.A/ D maxfkai�k W 1 � i �M g � p2.A/ D PM iD1 kai�k. � p3.A/ D p MX iD1 kai�k 2. 8. Uma função L W RN ! RM é dita linear quando L.xCy/ D L.x/CL.y/, e L.˛x/ D ˛L.x/ se ˛ 2 R. Defina por L.RN ;RM / o espaço vetorial real de todas as funções lineares L W RN ! RM . a) Seja k�kN uma norma em RN e k�kM uma norma em RM . Mostre que kLk D supfkL.x/kM W kxkN � 1g define uma norma em L.RN ;RM /. b) Prove que, para todo x 2 RN , temos kL.x/kM � kLk kxkN . c) Verifique os fatos provados nas duas letras anteriores para a situação em que M D N D 2, a norma de R2 é a euclidiana, e L.x/ D Ax, onde A D Œaij � é uma matriz real 2 � 2 em cada um dos casos abaixo. � A D � 1 0 0 1 � : � A D � 0 0 0 2 � : 9. Seja X um espaço normado. Definimos a bola aberta com centro c 2 X e raio r > 0 pela expressão B.c; r/ D fx 2 X W kx � ck < rg. a) Prove que B.c; r/ D cCB.0; r/, onde o lado direito da expressão é entendido como a soma dos conjuntos fcg e B.0; r/ i.e., fc C h W h 2 B.0; r/g. b) Prove que B.0; r/ D rB.0; 1/ para r > 0, onde o conjunto do lado direito é a multiplicação de r pelos elementos de B.0; 1/, ou seja, frx 2 X W x 2 B.0; 1/g. 10. Considere o espaço vetorial normado RN com norma euclidiana vinda do produto interno canô- nico h�; �i. Um hiperplano afim, ou simplesmente hiperplano, em RN é um conjunto do tipo H.c; ˛/ D fx 2 RN W hc; xi D ˛g, onde c 2 RN e ˛ 2 R são parâmetros. Uma esfera em RN é um conjunto do tipo S.c; r/ D fx 2 RN W kx � ck D rg, onde c 2 RN e r > 0 são parâmetros. 3 a) Tome dois vetores distintos y; z 2 RN como dados. Mostre que o conjunto fx 2 RN W kx � yk D kx � zkg é um hiperplano. (Ou seja, o conjunto de todo os vetores equidistantes a dois vetores fixos forma um hiperplano.) O que ocorre se y D z? Explique. b) Tome dois vetores distintos y; z 2 RN como dados, e seja ˇ 2 .0; 1/. Mostre que o conjunto fx 2 RN W kx � yk D ˇ kx � zkg é uma esfera. 11. Considere o espaço RN dotado com a norma euclidiana kxk D p hx; xi, onde hx; yi D NX iD1 xiyi é o produto interno canônico. Mostre que kx C yk kx � yk � kxk2Ckyk2, com igualdade se, e somente se, hx; yi D 0. 12. Seja X um espaço métrico, .xn/ uma sequência em X , e x 2 X . Suponha que .xn/ possui a seguinte propriedade: toda subsequência .xnk / de .xn/ tem uma subsequência .xnkl / tal que lim xnkl D x. Mostre que lim xn D x, e dê um exemplo mostrando que a hipótese de x 2 X ser fixo na propriedade não pode ser omitida (i.e., não basta simplesmente toda subsequência ter uma subsequência convergente). 13. Seja X um conjunto e defina por D o conjunto de todas as métricas sobre X . a) Mostre que D ¤ ;. b) Defina a seguinte relação binária � sobre D. Se d1; d2 2 D, então d1 � d2 se, e somente se, para todo sequência .xn/ em X e x 2 X : d1.xn; x/ ! 0 , d2.xn; x/ ! 0. Nesse caso dizemos que as métricas d1 e d2 são equivalentes. Isto é, duas métricas são equivalentes se elas geram as mesmas sequências convergentes no espaço métrico. Mostre que � é uma relação de equivalência sobre D, ou seja, a relação binária � é reflexiva (i.e., d � d ), simétrica (i.e., d1 � d2) d2 � d1) e transitiva (i.e., d1 � d2 e d2 � d3 implicam d1 � d3). c) Prove que qualquer métrica d sobre X é equivalente a uma métrica que torna X um conjunto limitado. d) Prove que se X é um conjunto finito então qualquer métrica em X é equivalente à métrica discreta. e) Mostre que quando X D RN as métricas da soma, euclidiana, e do máximo/supremo são equivalentes, e que nenhuma delas é equivalente à métrica discreta. 4 Cláudia Realce Cláudia Realce Cláudia Realce 14. Sejam .X; dX/ e .Y; dY / espaços métricos. DefinaZ D X �Y . Considere as seguintes funções � de Z �Z em R. � �1..x; y/; .x 0; y 0// D dX.x; x 0/C dY .y; y 0/. � �2..x; y/; .x 0; y 0// D q dX.x; x 0/2 C dY .y; y 0/2. � �1..x; y/; .x 0; y 0// D maxfdX.x; x0/; dY .y; y 0/g. Mostre que cada uma das métricas acima faz de Z um espaço métrico, nesse caso chamado de espaço métrico produto. Prove, ainda, que as três métricas acima são equivalentes de tal forma que uma sequência .zn/ D ..xn; yn// em Z converge para z D .x; y/ 2 Z em qualquer uma delas se, e somente se, lim xn D x e limyn D y. 15. Seja X um espaço métrico e .xn/ e .yn/ duas sequências em X com lim xn D x e limyn D y. Mostre que a sequência .d.xn; yn// em R converge para d.x; y/. 16. Considere o espaço RN dotado com a norma euclidiana k�k. Dada uma sequência .x1; x2; : : : xi ; : : : / de vetores em RN , a série P1 iD1 xi é dita convergir absolutamente quando P1 iD1 kxik < 1, ou seja, existe o limite limI!1 PI iD1 kxik. Mostre que, se P1 iD1 xi converge absolutamente, então P1 iD1 xi 2 RN , ou seja, a série converge: limI!1 PI iD1 xi existe em RN . 17. (2017) Seja X um conjunto não-vazio. a) Sem nenhuma informação adicional sobre X , mostre como tornar X um espaço métrico e argumente que isto pode ser feito ao mesmo tempo de forma que qualquer função f W X ! R seja contínua. b) Dê exemplo, explicando, de uma métrica sobre X D RN que é equivalente à euclidiana e que pode ser expressa como o máximo de finitas pseudo-métricas que não são métricas. 18. (2017) Dadas duas funções f; g W R ! R defina d1.f; g/ D supx2X jf .x/ � g.x/j. Se os valores jf .x/ � g.x/j forem ilimitados o supremo é1. a) Dadas fn W R! R, n 2 N, e f W R! R, mostre que lim d1.fn; f / D 0, se, e somente se, dado qualquer � > 0 existe n0 2 N tal que jfn.x/ � f .x/j < � para todo n � n0 e x 2 X . b) Considere as funções fn.x/ D x2 C 1 n , gn.x/ D .fn.x// 2, f .x/ D x2, e g.x/ D .f .x//2. Verifique que d1.fn;f / converge para zero, mas que d1.gn; g/ não converge para zero embora gn convirja para g pontualmente. 5 19. (2018) Seja X um espaço métrico discreto (ou seja, X é um conjunto dotado com uma métrica tal que toda distância entre pontos distintos é igual a 1). a) Mostre que uma sequência .xn/ de pontos em X converge se, e somente se, ela for eventual- mente constante. b) Mostre que toda função f W X ! R é contínua. 20. (2018) Faça o que se pede, supondo sempre que RN é dotado com a norma euclidiana ou qualquer outra norma equivalente. a) Seja K � RN compacto, e f W K ! R contínua. Mostre que cada curva de nível de f é um conjunto compacto, ou seja, que fx 2 K W f .x/ D ˛g é compacto para todo ˛ 2 R. b) Seja K � RN um conjunto compacto. Mostre que X � K é compacto se, e somente se, X é fechado. 21. Seja Q uma matriz N � N simétrica (ou seja, a transposta é igual à matriz: QT D Q), e c 2 RN . Defina uma função f W RN ! R de sorte que f .x/ D �hx;Qxi C hc; xi. Mostre que f é uma função contínua. (Dica: utilizando a desigualdade de Cauchy-Schwarz, “estime” jf .y/ � f .x/j e use, por exemplo, o critério sequencial.) 22. Seja X um espaço métrico. a) Suponha que D é uma família de métricas sobre X , e que para todo x; y 2 X temos supd2D d.x; y/ < 1. Mostre que �.x; y/ D supd2D d.x; y/ define uma métrica sobre X . b) Mostre que diamB.x; �/ � 2�, e dê um exemplo em que a desigualdade estrita é verificada. c) Seja d a métrica deX , e considere o espaço métricoX�X dotado com a métrica �..x; y/; .x0; y 0// D d.x; x0/Cd.y; y 0/. Verifique que a diagonal deX�X , i.e., o conjunto f.x; y/ 2 X�X W x D yg, é um conjunto fechado. Demonstre também que A;B � X são subconjuntos fechados de X se, e somente se, A � B é um subconjunto fechado de X �X . 23. (2019) Suponha que X D RN , que d é a métrica Euclidiana, e que � é a métrica discreta. Caracterize as sequências .xn/ D .x1n; : : : ; xNn/ que convergem para a origem 0 em termos do comportamento das sequências .xin/ induzidas pelas coordenadas i D 1; : : : ; N de acordo com d e �. Explique. 6 24. (2019) Suponha que X é um conjunto, e d é uma métrica sobre X . a) Mostre que, quando X é finito, todos os subconjuntos de X são abertos e fechados. Conclua que nesse caso os abertos gerados por d são os mesmos gerados pela métrica discreta. b) Agora assuma que X não é mais necessariamente finito, mas que a imagem de X �X por d é um conjunto finito. Mostre que nesse caso também todo os subconjuntos de X são abertos e fechados. 25. (2019) Considere a função f W R2 ! R definida por f .x1; x2/ D ( x1x2 x2 1Cx 2 2 ; se x ¤ 0 0; se x D 0: Mostre que as funçõesGx2 ; Gx1 W R! R definidas por Gx2 .t/ D f .t; x2/ e Gx1 .t/ D f .x1; t / são contínuas para todo x1; x2 2 R, mas que a função f não é contínua em x D 0. 26. (2019) Seja X o conjunto de todas as funções f W N! R tais que o conjunto fi 2 N W f .i/ ¤ 0g é finito. Defina a função k�k sobre X de modo que kf k D P i2N jf .i/j. a) Prove que X é espaço vetorial e k�k é uma norma sobre X . b) Dê um exemplo de sequência mostrando que X não é um espaço métrico completo quando a métrica é induzida por aquela norma k�k. Explique. 27. Faça o que se pede, supondo sempre que RN é dotado com a norma euclidiana ou qualquer outra norma equivalente. a) Seja K � RN compacto, e f W K ! R contínua. Mostre que cada curva de nível de f é um conjunto compacto, ou seja, que fx 2 K W f .x/ D ˛g é compacto para todo ˛ 2 R. b) Suponha que K é uma família de conjuntos compactos em RN tais que, para toda coleção finita de conjuntos K1; : : : ; Kn 2 K temos K1 \ � � � \Kn ¤ ;. Mostre que T K2KK ¤ ;. c) Seja K � RN um conjunto compacto. Mostre que X � K é compacto se, e somente se, X é fechado. d) Dizemos que X � RN é um conjunto orçamentário quando ele tem a forma X D fx 2 RNC WPN iD1 pixi � wg, para algum p 2 RN e w 2 R. Determine as condições sobre p e w que tornam X um conjunto compacto. 7 28. Sabemos que todo conjunto fechado e limitado de R é sequencialmente compacto, e que o R é um espaço métrico completo. Essas propriedades importantes do R são também satisfeitas por RN , sempre considerando a distância euclidiana entre dois pontos. a) Utilizando o fato de conjuntos fechados e limitados de R serem sequencialmente compactos, mostre que conjuntos fechados e limitados de RN são sequencialmente compactos. b) Utilizando o fato de R ser um espaço métrico completo, mostre que RN também é completo. c) Agora suponha que dotamos o conjunto RN com a métrica discreta. Verifique quais das propriedades mencionadas nas letras anteriores são satisfeitas. 29. Dê exemplo de conjunto X em que existam uma sequência .xn/ de pontos, e duas métricas distintas d e zd tais que d.xn; x/! 0 e zd.xn; zx/! 0, mas que x ¤ zx. 30. Sejam .X; dX/ e .Y; dY / espaços métricos, e f W X ! Y uma função. Dizemos que f é uma função de Lipschitz com constante K > 0 se dY .f .x/; f .y// � KdX.x; y/. a) Mostre que toda função de Lipschitz é uniformemente contínua. b) Dado um conjunto A � X , defina a função distância de um ponto x ao conjunto A por dA.x/ D inffd.x; y/ W y 2 Ag. Mostre que dA W X ! R é uma função de Lipschitz. 31. Seja X um espaço métrico e f W X ! R uma função. Mostre que as seguintes afirmações são equivalentes. (i) A função f é contínua. (ii) Para todo ˛ 2 R os conjuntos fx 2 X W f .x/ > ˛g e fx 2 X W f .x/ < ˛g são abertos. (iii) Para todo ˛ 2 R os conjuntos fx 2 X W f .x/ � ˛g e fx 2 X W f .x/ � ˛g são fechados. 32. (Topologia) Seja X um conjunto. Chamamos � � 2X de uma topologia de X quando: � X;; 2 � . � O � � ) S O2OO 2 � . � O1; O2 2 � ) O1 \O2 2 � . 8 Cláudia Realce Os elementos de � são chamados de abertos do conjuntoX , e o par .X; �/ é chamado de espaço topológico. Quando X é um espaço métrico definimos a topologia de X induzida pela métrica como a família de todos os conjuntos abertos de X de acordo com a métrica. a) Suponha que d é uma métrica em X . Verifique que a topologia induzida pela métrica d é realmente uma topologia de X . b) Seja d uma métrica sobre X , e relembre a definição de uma bola aberta: B.x; �/ D fy 2 X W d.y; x/ < �g. Verifique que a família fB.x; �/ W x 2 X; � > 0g de bolas abertas em X não necessariamente definem uma topologia em X . c) Suponha que X é uma espaço métrico discreto, e seja � a topologia induzida pela métrica de X . Mostre que � D 2X . d) Suponha que X é um conjunto com pelo menos dois elementos. Existe alguma métrica sobre X tal que a topologia induzida pela métrica seja fX;;g? Explique. 33. Suponha que X é um espaço métrico e A � X . Note que por definição A é um subconjunto compacto se toda cobertura aberta de A admitir uma subcobertura finita. a) Mostre que a união de um número finito de subconjuntos compactos de X é compacto. b) Verifique que interseção de uma família arbitrária de subconjuntos compactos de X é com- pacta. 34. Quando X é um espaço métrico e x 2 X dizemos que V � X é uma vizinhança de x se existir um conjunto aberto U � X tal que x 2 U � V . a) Mostre que lim xn D x se, e somente se, para toda vizinhança V de x existir n0 tal que n � n0 implica xn 2 V . b) Seja f W X ! Y uma função entre espaços métricos. Mostre que f é contínua em x 2 X se, e somente se, para todo vizinhança Vf .x/ de f .x/ 2 Y existir uma vizinhança Vx de x tal que f .Vx/ � Vf .x/. 35. Seja X um espaço vetorial, k�k1 e k�k2 duas normas sobre X . Mostre que se existem constantes ˛; ˇ > 0 tais que ˛ kxk2 � kxk1 � ˇ kxk2 para todo x 2 X , então kxn � xk1 ! 0 , kxn � xk2 ! 0. Prove também que a recíproca é verdadeira. 36. Sejam X e Y espaços normados. Dizemos que uma função L W X ! Y é linear quando L.x C y/ D L.x/C L.y/ para todo x; y 2 X , e L.˛x/ D ˛L.x/ para todo ˛ 2 R e x 2 X . Sejam L1; L2 W X ! Y funções lineares. Mostre que, se L1.x/ D L2.x/ para todo x 2 X com kxk D 1 então as funções L1 e L2 são iguais. 9 Cláudia Realce 37. Suponha que f W RN ! R é uma função linear, e seja D � RN . Considere o problema de maximização max x f .x/ s.a. x 2 D:Suponha que x� é uma solução para o problema de maximização acima. Para o caso em que a função linear f não é identicamente nula, prove que x� … intD. 38. Sejam .X; k�kX/ e .Y; k�kY / espaços vetoriais (com escalares reais) normados, e f W X ! Y uma função linear. Prove que os enunciados abaixo são equivalentes. (i) A função f é contínua. (ii) A função f é contínua em 0 (origem de X ). (iii) O conjunto fkf .x/kY W kxkX � 1g é limitado. (iv) Existe uma constante K � 0 tal que kf .x/kY � K kxkX para todo x 2 X . 39. Seja X um espaço métrico e A;B � X . a) Mostre que bdryA é um conjunto fechado. b) Mostre que intA � int.clA/, e dê um exemplo em que a igualdade não vale. c) Mostre que int.A\B/ D intA\ intB e intA[ intB � int.A[B/, e dê um exemplo onde a igualdade não se verifica na última inclusão. d) Mostre que cl.A [ B/ D clA [ clB e cl.A \ B/ � clA \ clB , e dê um exemplo onde a igualdade não se verifica na última inclusão. 40. Sejam c 2 RN e ˛ 2 R. Recorde as definições: H.c; ˛/ D fx 2 RN W hc; xi D ˛g H�.c; ˛/ D fx 2 RN W hc; xi � ˛g H>.c; ˛/ D fx 2 RN W hc; xi > ˛g: Mostre que H.c; ˛/ e H�.c; ˛/ são conjuntos fechados, e que H>.c; ˛/ é aberto. 10 41. Seja A � RN e f W A! RM uma função. a) Mostre que existem funções f1; : : : ; fM W A! R tais que f .x/ D .f1.x/; : : : ; fM .x// para todo x 2 A. b) Suponha que c é um ponto de acumulação de A. Mostre que limx!c f .x/ D y se, e somente se, limx!c fi.x/ D yi para todo i D 1; : : : ;M , onde yi é a i-ésima coordenada de y. c) Suponha que A é aberto, c 2 A, e y D limx!c f .x/. Mostre que lim˛!0 f .c C ˛h/ D y para todo h 2 RN n f0g.1 d) Sejam as funções f; g W RN n f0g ! R definidas por: f .x1; x2/ D x1x2 x21 C x 2 2 g.x1; x2/ D x21 � x 2 2 x41 C x 2 2 : Mostre que não existe o limite de f .x/ nem de g.x/ quando x ! 0. e) Verifique que a função f W RN n f0g ! R, definida por f .x1; x2/ D x1x 2 2 x21 C x 2 2 ; tem limite quando x ! 0. 42. Seja X um espaço métrico compacto e ı > 0. Mostre que existe um conjunto finito A � X tal que se x 2 X então d.x; a/ < ı para algum a 2 A. 43. Defina �N D f� 2 RN W �i � 0; PN iD1 �i D 1g. Mostre que �N é compacto. 44. (2020) Seja .X; d/ um espaço métrico. Uma métrica d1 é dita sequencialmente equivalente a outra métrica d2, ambas sobre X , quando para qualquer sequência .xn/ em X , e x 2 X , valer: limn!1 d1.xn; x/ D 0 , limn!1 d2.xn; x/ D 0. Prove que existe uma métrica zd sobre X sequencialmente equivalente a d e verificando a desigualdade zd.x; y/ � �minf1; d.x; y/g para todo x; y 2 X . 45. (2020) SejaX um espaço vetorial normado com produto interno onde a norma kxk D p hx; xi. Seja A D fx1; : : : ; xng � X um conjunto finito de vetores onde kxk D 1 para todo x 2 A. 1A hipótese de que A é aberto é desnecessária. Se definirmos gh.˛/ D f .xC ˛h/ e supusermos que 0 é um ponto de acumulação do domínio de gh já seria o bastante para definir o limite. 11 (a) Utilizando a desigualdade de Cauchy-Schwarz e as ideias contidas na sua demonstração, mostre que, se ˝ xi ; xj ˛ � �1 para todo i; j 2 f1; : : : ; ng com i ¤ j , então n � 2. (b) Para o caso em que ˝ xi ; xj ˛ � �� para todo i; j 2 f1; : : : ; ng com i ¤ j , prove que n � 1C1 � . 46. (2020) Seja X um espaço vetorial, e k�k W X ! R uma função. Suponha que k�k satisfaz as seguintes condições. � kx C yk � kxk C kyk C � para todo x; y 2 X . � �� � k˛xk � j˛j kxk � � para todo ˛ 2 R e x 2 X . � kxk D 0 somente se x D 0. (a) Prove que kxk D limn!1 knxk n . (b) Prove que k�k é uma norma. 47. (2020) Seja X um espaço vetorial normado com norma k�k vinda de um produto interno. Supo- nha que X é completo quando visto como espaço métrico com métrica vinda da norma. É dada uma função contínua f W X ! R. Sabe-se que jf .x C ˛y/ � f .x/ � f̨ .y/j � � para todo x; y 2 X e ˛ 2 R. O objetivo é mostrar que f pode ser decomposta como f .x/ D l.x/Ce.x/, onde l W X ! R é um funcional linear expresso por l.x/ D hz; xi para algum z 2 X , e e W X ! R é uma função limitada. Pelo teorema da representação de Riesz, os passos abaixo são o bastante. – Passo 1. Utilizando o fato de R ser um espaço métrico completo, prove que, dado qualquer x 2 X , a sequência f .2nx/ 2n converge. – Passo 2. Prove que a função g W X ! R definida por g.x/ D limn!1 f .2nx/ 2n satisfaz g.x C y/ D g.x/C g.y/ para todo x; y 2 X , e jg.x/ � f .x/j � � para todo x 2 X . – Passo 3. Prove que para demonstrar que g é contínua, basta mostrar que g é contínua em 0. E de posse dessa informação demonstre que g é de fato contínua em 0. – Passo 4. Prove que a função g definida acima é homogênea, ou seja, g.˛x/ D ˛g.x/ para todo x 2 X e ˛ 2 R. ) 48. (2020) Uma função f W R ! R é chamada de positivamente homogênea quando f .�x/ D �f .x/ para todo � 2 R com � � 0 e x 2 R. (a) Dê exemplo de uma função f W R ! R tal que f não é positivamente homogênea mas que jf .�x/ � �f .x/j � .1C �/� para todo x 2 R e � � 0. (b) Chame f W R ! R de �-positivamente homogênea quando jf .�x/ � �f .x/j � � para todo x 2 R e � � 0. Prove que toda função �-positivamente homogênea é positivamente homogênea. 12 Cláudia Realce 49. (2021) Tome X D Œ0; 1�N , e seja P um conjunto de relações binárias < sobre o conjunto X . Sabe-se que para cada relação binária <2 P existe uma função contínua u<WX ! R tal que x < y , u<.x/ � u<.y/. Ou seja, u< é uma representação de utilidade contínua de <. Para cada relação binária fixamos essa função u<. Defina U D fu< W<2 Pg, e note que U é um subconjunto do espaço vetorial Cb.X/ de funções contínuas e limitadas sobre X . Faça o que se pede. (a) Defina a função d W P � P ! R por d.<1;<2/ D supx2X ju<1 .x/ � u<2 .x/j. Verifique que .P; d / é um espaço métrico. (b) Defina a função F W P ! U tal que F.</ D u<. Prove que F é contínua, e admite uma inversa F �1, também contínua. (c) Suponha agora que X D RNC . Seja <2 P e u< uma representação contínua de <, qual seja, u<WRN ! R é contínua e x < y , u<.x/ � u<.y/. Encontre uma função vWRN ! Œ�1; 1� que seja contínua e tal que x < y , v.x/ � v.y/ . 50. (2021) Seja X um espaço métrico com métrica d: Seja A � X um conjunto não vazio de pontos de X . Dado x 2 X , considere o problema de encontrar um ponto a� 2 A que minimize a distância dos pontos em A para x, ou seja, tal que d.a�; x/ D inf a2A d.a; x/: (�) Defina rA.x/ D infa2A d.a; x/ e PA.x/ D fa 2 A W d.a; x/ D rA.x/g. Faça que se pede. (a) Verifique que o ínfimo em (�) está bem definido, ou seja, que o conjunto de números reais fd.a; x/ W a 2 Ag admite um ínfimo. (b) Prove que para todo ı > 0, existe aı 2 A tal que d.aı ; x/ � infa2A d.a; x/C ı. (c) Prove que PA.x/ D BX Œx; rA.x/�\A, e dê um exemplo ondeX D R e d.x; y/ D jx � yj, com PA.x/ D ; para algum x 2 X .2 (d) Prove que PA.x/, quando não-vazio, é um conjunto limitado, e que se A for fechado então PA.x/ também será fechado. (e) Suponha que A tem a seguinte propriedade: para toda sequência .an/ em A com lim n!1 d.an; x/ D rA.x/ existe uma subsequência .ank / com limite a� 2 A. Prove que nesse caso PA.x/ ¤ ;. 51. (2021) Faça o que se pede. 2Em um espaço métrico .X; d/, representamos, da forma usual, a bola fechada com centro x e raio r por BŒx; r� D fy 2 X W d.y; x/ � rg. 13 (a) Seja .X; k�k/ um espaço vetorial normado. Dada uma sequência de vetores .xn/ em X , dizemos que a série P n xn converge para um elemento de X quando existir o limite limL!1 PL nD1 xn em X . Prove que as afirmações a seguir são equivalentes. � O espaço normado .X; k�k/ é completo na métrica induzida pela norma, d.x; y/ D kx � yk. � Para toda sequência .xn/ em X tal que o conjunto ¸PL nD1 kxnk W L 2 N ¹ é limitado, a série P n xn converge para um elemento de X . (b) Suponha que V é um espaço vetorial normado, e sejaX um subespaço vetorial de V . Prove que clX é também um subespaço de V . 52. (2021) Seja k�k� uma norma qualquer em RN . Dizemos que k�k� é a norma dual de k�k� quando kxk� D sup ¶ hx; zi W kzk � � 1 · . Por exemplo, quando x é identificado com um funcional linear sobre o RN , a normadual de x nada mais é do que a norma do operador linear l W RN ! R definido por l.z/ D hx; zi. (a) Verifique que na definição de k�k� poderíamos ter usado equivalentemente a expressão kxk� D sup ¶ jhx; zij W kzk � � 1 · . (b) Usando diretamente as propriedades que caracterizam uma norma, verifique que k�k�, de- finida como acima, é de fato uma norma sobre o RN , e que vale a desigualdade hx; yi � kxk� kyk � para quaisquer x; y 2 RN . (c) Considere o caso em que k�k� D k�k1, a norma do máximo ou supremo. Mostre que a norma dual de norma do supremo é a norma do soma, ou seja, que k�k� D k�k1. Para tanto, verifique os seguintes passos. � Passo 1. Se kzk1 � 1, então ˇ̌̌PN iD1 zixi ˇ̌̌ � kxk1. Conclua que kxk� � kxk1. � Passo 2. Dado qualquer x 2 RN , prove que existe z 2 RN com kzk1 � 1 e tal que hz; xi D kxk1. Conclua que kxk1 � kxk�. (d) Adapte a demonstração feita na letra anterior para mostrar que, quando partimos da norma k�k � D k�k1, a norma dual associada é k�k� D k�k1. 53. (2022) Seja X um espaço vetorial normado. Dado um conjunto A � X dizemos que um ponto x 2 A é um ponto interno a A se para todo h 2 X existir N̨ > 0 tal que x C ˛h 2 A para todo ˛ 2 Œ0; N̨ /. (a) Prove que todo x 2 intA é um ponto interno a A. (b) Considere, para X D R2, o conjunto A D f.x1; x2/ 2 R2 W x2 � x21g [ f.x1; x2/ 2 R2 W x2 � 0g. Prove que x D .0; 0/ é um ponto interno a A mas que x … intA. 14 54. (2022) SejaX um espaço vetorial normado, e sejam dois vetores x1; x2 2 X . Defina o conjunto A D f˛1x1 C ˛2x2 W .˛1 � 1/.˛2 � 1/ D 0g. Suponha que 0 2 clA. Prove que fx1; x2g é um conjunto linearmente dependente. 55. (2022) Sejam .X; k�kX/ e .Y; k�kY / espaços vetoriais normados, e sejaD um subespaço vetorial de X . Suponha que Y é completo na métrica induzida pela norma k�kY . É dada uma função linear f WD ! Y . (I.e., f .˛xCˇx0/ D f̨ .x/C f̌ .x0/ para quaisquer ˛; ˇ 2 R e x; x0 2 D.) O gráfico de f é o conjunto grf ´ f.x; y/ 2 D � Y W f .x/ D yg. (a) Suponha que a função k�kX�Y sobre X � Y é definida por k.x; y/kX�Y D kxkX C kykY . Prove que .grf; k�kX�Y / é um espaço vetorial normado. (b) Suponha que f é contínua. Prove que grf é um conjunto fechado se, e somente se, D é um subespaço fechado de X . (c) Seja `0 o espaço vetorial de todas as sequências .xn/ de números reais tais que xn D 0 exceto talvez para um número finito de termos. A norma em `0 é definida por: para x D .xn/, kxk D pP1 nD1 x 2 n. O conjunto `0 é visto como um subespaço vetorial do espaço `2 de todas as sequências .xn/ de números reais tais que a série P1 nD1 x 2 n converge. Verifique que `0, visto como um espaço métrico com a métrica induzida pela norma, não é completo. (d) Considere a função f W `0 ! `0 definida por, para x D .xn/ 2 `0, f .x/ D 1X nD1 xn n ; 0; 0; : : : ; 0; : : : ! : Prove que f é uma função linear contínua. (e) Verifique por meio de um exemplo que, para a função f na letra anterior, grf não é fechado. 56. (2022) Seja A � RN um conjunto de vetores com coordenadas não negativas. Suponha que, para todo x 2 RN , o conjunto fha; xi 2 R W a 2 Ag admite uma cota superior. Para fins de norma estamos considerando a norma euclidiana k�k2 no RN . (a) Prove que A é um conjunto limitado. (b) Prove que, para todo x 2 RN , f .x/ ´ infa2A ha; xi é um número real bem definido, e que de fato f .x/ D mina2clA ha; xi. (c) Prove que f WRN ! R, tal como definida como na letra anterior, tem a seguinte propri- edade: se x; x0 2 RN são vetores tais que xi � x0i para cada coordenada i D 1; : : : ; N , então f .x/ � f .x0/. (d) Encontre uma constante > 0 tal que para todo x; x0 2 RN tenhamos f .x/ � f .x0/ � maxfxi � x0i W i D 1; : : : ; N g. 15 57. Garling (11.2, p. 312) Exercício: 3. 58. Garling (11.3, pp. 316-317) Exercícios: 1, 3. 59. Garling (12.1, pp. 336-337) Exercícios: 1, 3, 4, 5, 6, 7. 60. Garling (12.2, pp. 342-337) Exercícios: 1, 3. 61. Garling (12.3, pp. 347-349) Exercícios: 1, 2, 3, 4, 7, 8, 22–24. 62. Garling (12.4, pp. 351-352) Exercícios: 2, 3, 4. 63. Garling (14.1, p. 394) Exercícios: 4, 5. 64. Garling (14.6, p. 420) Exercício: 2. 65. Garling (15.4, p. 445) Exercício: 1. 66. Garling (15.5, p. 448) Exercício: 5. 16